Grande Consumo N.º 50-2018

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O que diz o especialista? O queijo é uma categoria muito procurada pelos consumidores portugueses. Em 2017, 97% dos lares portugueses compraram este produto e, em média, fizeram-no a cada 15 dias. 2017 foi mesmo o ano no qual o mercado de queijos foi o maior em termos de faturação no universo de bens de grande consumo no retalho em Portugal. Consolida-se, assim, um crescimento que vem a acontecer há já alguns anos consecutivos, com os volumes a crescerem 1% e a faturação uns significativos 4% versus 2016, mesmo apesar da estagnação do suporte promocional em 2017. Este crescimento é essencialmente sustentado pelas marcas de fabricante, o que acaba por ter impacto no aumento do preço médio do mercado e no consequente crescimento da faturação acima dos volumes. Esse impacto acaba por se refletir ainda mais pelo facto dos segmentos com um preço médio mais elevado serem aqueles que mais crescem, como é o caso dos queijos curados e dos queijos de especialidades (Mozzarela, Edam, Brie, etc.), e também pelo crescimento do queijo flamengo que, apesar de ter uma oferta de preço mais baixa, é o segmento que representa a maior fatia do mercado e vê a sua faturação crescer impulsionada pelas marcas de fabricante. A grande diversidade de oferta e um mix promocional diferenciado acabou por ajudar ao dinamismo verificado no mercado, principalmente nas marcas de fabricante. Este mercado acaba por refletir de forma próxima o comportamento dos portugueses, uma vez que a quase totalidade dos lares portugueses compraram queijo em 2017. Verifica-se um aumento de confiança e a maior disponibilidade para gastar, que se percebe quando olhamos para os bens de grande consumo, que crescem em faturação ao mesmo ritmo (+4%). Cláudio Batista, Client Development Senior

tos de snack por dia e o lanche da tarde é o momento preferido para o fazer. Este movimento afeta a categoria de queijos, sendo o ‘snacking’ um segmento em crescimento. O desenvolvimento de soluções saudáveis, saborosas e com um alto valor nutritivo cria diferenciação e ajuda a captar e a atrair novos consumidores que valorizem a saúde, sem abdicar do sabor associado ao prazer de comer e da qualidade”, acrescenta Patrícia Caeiro. Existem algumas tendências que estão a marcar o universo alimentar em Portugal e a nível internacional. Por um lado, a procura por soluções de elevada conveniência ajustadas à rotina de hábitos alimentares dos consumidores de hoje, como os prontos a cozinhar ou a consumir em diferentes ocasiões. Por outro lado, a questão da sustentabilidade aliada à naturalidade e em linha com a crescente preocupação dos consumidores face a aspetos como o bem-estar animal, o packaging amigo do ambiente, o comércio justo, a origem local e as preocupações com a saúde ou sensibilidade a certos ingredientes. “Não basta, contudo, apostar nestas tendências”, defende a Shopper Marketing Manager da Bel Portugal. “É necessário saber comunicar eficazmente junto do consumidor, quer através de novos conceitos criativos, que gerem envolvimento emocional e notoriedade, quer através de meios de comunicação e pontos de contacto que promovam a visibilidade: os portugueses adotam um comportamento cada vez mais digital, onde assistimos a um crescimento exponencial do ‘mobile’”.

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Desafios Até porque, nos dias de hoje, já não são as promoções que fidelizam os consumidores, mas sim os produtos e os valores de naturalidade e sustentabilidade que lhes estão associados. Em

2017, a quantidade de queijo comprada em promoção baixou, em comparação com o ano anterior, embora ainda seja significativa. Aproximadamente 39% do total de queijo comprado foi em regime de desconto de preço. Com a categoria presente na quase totalidade dos lares, a chave para o seu crescimento está na frequência do consumo. Mais momentos para consumir queijo permitem às marcas apostar em gamas mais alargadas, não só em variedade como em formato. Fidelizar o consumidor e conquistar um lugar no seu cabaz de compras passa muito por oferecer-lhe o que necessita, o que, neste momento, no caso da categoria de queijo, já não se resume apenas a preço e promoção. “A inovação será cada vez mais determinante, sendo o veículo gerador de diferenciação por excelência e fonte de obtenção de valor acrescentado para o negócio. Além da inovação ao nível de receitas, embalagem, promoção e presença no ponto de venda, é uma imposição do negócio inovar na abordagem aos consumidores, nas suas várias e complexas dimensões. É cada vez mais difícil os fabricantes caracterizarem os consumidores, tendo em conta que a sua identidade é multidimensional, com o próprio consumidor a ter uma palavra a dizer sobre as suas necessidades. O consumidor exige segurança num mundo cada vez mais volátil e procura autenticidade e personalização, mesmo em produtos de consumo massificado. O desafio para as marcas passa por responder a este novo paradigma de consumo, reforçando pontos de contacto com os consumidores, para além dos mais tradicionais, focando-se em soluções sustentáveis a todos os níveis, respondendo pela comunidade e não só pelo próprio negócio”, defende Joana Sousa. Num futuro próximo, as tendências estão identificadas: sabor, prazer, versatilidade, bem-estar, conveniência. Dirigir e apostar na inovação para nichos de consumidores e momentos de consumo pode contrapor a atual aposta em queijos “main stream”.

Queijo casa com cerveja São cada vez mais as propostas de “maridagem” com queijos. Depois das já muito apregoadas harmonizações com vinhos, eis que o universo “foodie” aposta cada vez mais no “pairing” com as cervejas. Tal como os queijos, o universo cervejeiro está cada vez mais atento às novas opções de regime alimentar e necessidades especiais dos distintos consumidores. Afinal, ninguém deverá ser privado de comer um bom queijo ou beber uma boa cerveja só porque segue determinada dieta ou tem alguma intolerância alimentar. No queijo, são cada vez mais as propostas sem lactose, na cerveja, chegam as propostas sem glúten. Daura Damm, a cerveja sem glúten mais premiada do mundo, já está disponível em Portugal. Lançada em abril de 2016, Daura Damm é apta para celíacos e para todos os adeptos de um estilo de vida saudável, mantendo o mesmo sabor que uma cerveja lager normal. Com um teor alcoólico de 5,4% e ingredientes 100% naturais, possui uma cor dourada e um aroma frutado, completado pelo sabor a cereais e a lúpulo. De acordo com a Associação Portuguesa de Celíacos, existem em Portugal 10 mil casos de celíacos diagnosticados, mas estima-se que este número possa atingir os 70 mil a 100 mil. A crescente preocupação com uma dieta mais equilibrada leva ainda muitas pessoas a procurarem alternativas à sua alimentação habitual e a optar por produtos isentos de glúten. Daura Damm tem sido alvo de várias distinções internacionais, sendo, neste momento, a cerveja sem glúten mais premiada do mundo.


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