Radar Litoral | Caraguatatuba 160 anos

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Abril/2017 - Edição Especial

Caraguatatuba

160

anos

Pedro Paes

O caiçara e o Rio Juqueriquerê Pág. 6

Entrevista

Aguilar Jr aponta os desafios de Caraguá Pág. 10

50 anos da catástrofe

Da tragédia ao renascimento Pág. 18

E mais

www.radarlitoral.com.br

História, praias e cultura



RadarRadar LitoralLitoral - Caraguá 160 anos | 03 - Especial 381 anos

Editorial <<

Radar Litoral, a notícia na hora em que acontece

O

Radar Litoral – O seu portal de notícias no Litoral Paulista completou três anos em novembro de 2016, consolidado como a principal fonte de informação em tempo real na região. Em média são mais de 250 mil acessos/mês e nossa fanpage chega à casa de 60 mil seguidores. E sabe como surgiu o Radar Litoral? De uma conversa entre os jornalistas Gustave Gama e Júlio Buzi - com mais de 20 anos de atuação no jornalismo regional - que perceberam a necessidade da população do Litoral Norte, bem como dos visitantes, em ter um veículo para trazer a notícia na hora em que ela acontece. Surgiu assim o portal www.radarlitoral.com.br A cada dia cresce a responsabilidade, mas nosso compromisso continua o mesmo, levar a você leitor informação de qualidade, com ética,

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Foto capa: Cláudio Gomes

profissionalismo e credibilidade. Foram diversas coberturas ao longo destes três anos. No ano passado, o desafio de promover dois debates transmitidos ao vivo com os candidatos a prefeito de Caraguatatuba e São Sebastião.

Agora, no mês em que Caraguá faz aniversário, prestamos esta homenagem à princesinha do Litoral Norte. A cidade de belas praias, de comércio forte e de um povo de fibra, que fez o município literalmente ressurgir após a catástrofe de 1967. A “Revista Radar Litoral - Especial Caraguatatuba 160 Anos” traz conteúdo histórico, guia de praias, entrevistas, reportagens e cultura de nossa gente. Parabéns Caraguá!

Pedro Paes, uma história de vida dedicada a proteger o Juqueriquerê XV de Caraguá, o “Leão do Litoral”, uma história de amor ao futebol Entrevista: Aguilar Júnior aponta saúde como prioridade de governo Caraguatatuba, uma história que se mistura com a do Brasil 50 anos da catástrofe: da tragédia ao renascimento Os encantos das praias de Caraguá “Bidico do Camaroeiro” e o reduto de pescadores de Caraguatatuba Albertinho, o senhor da velocidade e sua paixão pelo kart Retratos da cidade

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Direção geral

Júlio Buzi Gustave Gama Mtb 17221 Mtb 31421

Diagramação e Arte

Felipe Mattos Graffic Comunicação

Fotografia

Cláudio Gomes Gustavo Grunewald Luís Gava Venino Moreira Arquivo Histórico de Caraguatatuba

Jornalismo redacao@radarlitoral.com.br Publcidade arte@radarlitoral.com.br Contato (12) 99141-6025 / 98148-2225 Distribuição Gratuita Caraguatatuba Tiragem: 5 mil exemplares Esta é uma publicação de Imagem Assessoria de Comunicação e Eventos Ltda-ME. Portal de Notícias RADAR LITORAL *Todos os direitos reservados


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Desenvolvimento <<

Caraguatatuba

A maior cidade do Litoral Norte, de portas abertas ao desenvolvimento Gustave Gama

Ao completar 160 anos, Caraguatatuba, a maior cidade do Litoral Norte, tem no fortalecimento do turismo a sua fonte de desenvolvimento da economia e da geração de empregos. Com o comércio forte e a chegada de grandes empresas, a cidade trabalha pelo crescimento com qualidade de vida. As belas praias de Caraguá proporcionam ao visitante o chamado turismo de sol e mar. Contudo, a “Princesinha do Litoral”, como é conhecida, vai além, oferecendo as exuberantes paisagens da mata atlântica, trilhas e cachoeiras para muita aventura e esportes radicais.

São 40 km de praias que agradam crianças, jovens e adultos. A cidade dispõe de infraestrutura turística composta por hotéis, restaurantes, bares, supermercados e lojas. O maior shopping da região também está em Caraguá. O município é sede da Unidade de Tratamento de Gás Monteiro Lobato (UTGCA), da Petrobras, onde gera empregos e também eleva sua arrecadação. Com papel de destaque no aumento da oferta de gás natural para o mercado brasileiro, a UTGCA alcançou, em outubro de 2015, o recorde diário de produção com 17,41 milhões de metros cúbicos.


Cláudio Gomes

Radar Litoral - Caraguá 160 anos

Radar Litoral

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Cláudio Gomes

Cláudio Gomes

A maior obra rodoviária em andamento no Estado, a Nova Tamoios Contornos, tem seus principais canteiros no município. Dos 21,6 quilômetros de pistas do novo trecho de serra, 12,6 quilômetros são referentes a cinco túneis. Na chegada a Caraguá, a rodovia facilitará o escoamento da carga com a ligação ao Porto de São Sebastião pelo Contorno Sul e também o acesso ao Ubatuba com o Contorno Norte. Assim, com a força e a hospitalidade de sua gente, Caraguá segue o seu desafio diário de oferecer oportunidades a quem nela vive, e claro, de bem receber a quem lhe visita. Parabéns Caraguatatuba por seus 160 anos!


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O caiçara do rio <<

Pedro Paes, uma história de vida dedicada a proteger o Juqueriquerê Gustave Gama

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maior rio do Litoral Norte fica em Caraguatatuba. Já foi a divisa com o município de São Sebastião. Com 13,6 quilômetros, o Rio Juqueriquerê – aquele da ponte do arco no bairro do Porto Novo - é um dos poucos navegáveis da nossa região. Com sua nascente na Serra do Mar, onde é chamado de Rio Verde, tem como afluentes o Rio Claro e o Rio Camburú. E como quase em todos os municípios brasileiros, a falta de conscientização do homem provocou inúmeros problemas à qualidade de suas águas. Mas ao longo de sua história, um defensor incansável tomou em suas mãos a bandeira da sustentabilidade. Aos 81 anos, a maioria deles dedicado à preservação do rio, Pedro Paes Sobrinho, que nasceu na Praia das Cigarras, em São Sebastião, foi morar ainda criança com sua família bem ao lado do rio. Na juventude, a pesca do camarão rosa e sete barbas começava com a saída do barco a partir do Juqueriquerê. Em 1955, época em que a Fazenda dos Ingleses era uma das principais produtoras de banana do Brasil, sua vida continuou ligada ao rio. “Foi meu primeiro emprego, era estivador da fazenda, o trabalhador que colocava as bananas produzidas no ‘chatão’ (embarcação de carga que era rebocada por barcos) e que eram levadas ao Porto de Santos numa longa viagem”, relembra. Ele contou que os produtos da fazenda vinham numa linha interna de trem até o cais existente nas margens do Juqueriquerê, no Porto Novo, onde faziam o embarque nos “chatões”. Ao chegar em Santos, tudo era colocado nos navios para exportação.


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Divulgação

Contudo, em 1967, com a catástrofe em Caraguatatuba (leia matéria especial nesta edição), o trabalho da fazenda acabou. O caiçara Pedro Paes voltou à pesca, até que em 1969 entrou para a prefeitura da cidade, onde trabalhou até se aposentar. Casado há 54 anos com Dona Irene Félix Pimenta Paes, com quem teve três filhos (Ernesto, Silvia e Wilson), Seu Pedro já tem quatro netos e um bisneto. E é para eles que luta pela preservação do rio. Em 2000 fundou a Acaju – Associação Caiçara Juqueriquerê, cujo objetivo principal é promover ações de conscientização para a preservação do rio. “Cobramos das autoridades as melhorias necessárias, o povo se uniu, e conseguimos a rede de esgoto”, comemorou o presidente da associação. No alto de seus 81 anos, Pedro Paes é um apaixonado pela cidade onde vive. “Lembro de Caraguá como uma tapera e hoje esta cidade linda, com estrutura para receber o turista. Continuarei minha luta de preservação para que todos ajudem a proteger o meio ambiente, não despejem lixo e esgoto nos córregos e rios”, concluiu. A Acaju - Associação Caiçara Juqueriquerê não tem fins lucrativos e não cobra mensalidades. Desenvolve parcerias com escolas do bairro e uma vez por mês promove um mutirão de limpeza no leito e margens do rio.

Continuarei minha luta de preservação para que todos ajudem a proteger o meio ambiente, não despejem lixo e esgoto nos córregos e rios”

Radar Litoral


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A volta do Leão <<

XV de Caraguá, o “Leão do Litoral”, uma história de amor ao futebol

Radar Litoral

Na década de 90, o único time da região a disputar as divisões de acesso do Campeonato Paulista fez muito sucesso e agora sonha em retornar ao futebol profissional

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XV de Caraguá, o “Leão do Litoral”, já deu muitas alegrias aos caiçaras nas décadas de 80 e 90 com seu time profissional. Em 2017, 11 anos após a paralisação total das atividades, o clube retorna com suas categorias de base, disputando o Campeonato Paulista em quatro categorias, e almeja retomar o futebol profissional. Justamente quando a cidade completa 160 anos. Fundado em 18 de fevereiro de 1934, o XV teve seus tempos de glória nos anos de 1980 e 1990, quando o time profissional levava uma multidão ao estádio localizado na Avenida Frei Pacífico Wagner, a chamada “Toca do Leão”.

A região se mobilizava para apoiar os jogadores do clube nas divisões de acesso do paulista. Até 1992 disputou as divisões de acesso, mesmo abalado pela crise financeira, que paralisou os trabalhos por dois anos. Em 94 retomou a atividade na série B-2 do Campeonato Paulista, conquistando o acesso para a B1 numa vitória histórica por 4 a 0 sobre o Igarapava. Já no ano seguite, novo acesso para a B1-A. Em 1997, o XV de Caraguá subiu de novo, desta vez, a vaga inédita para a série A3, contudo, a dificuldade financeira impediu a ampliação do estádio - exigência da Federação Paulista para a disputa da nova série.


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Assim, o XV de Caraguá se viu novamente nas divisões inferiores, amargando dívidas, até encerrar o time profissional em 2006. Mas, em 2016, com nova diretoria e muito amor pelo clube, um trabalho com divisões de base foi iniciado, desde o sub-11 até o sub-20. O objetivo é retomar o profissional, possivelmente, a partir de 2018. Sonho de muitos moradores e também de ex-jogadores que fizeram história no clube. Caso de Rodrigo Tadeu dos Reis, o zagueiro Negreti, que hoje aos 39 anos é diretor de eventos e recreação da Secretaria Municipal de Esportes. “Lembro de ainda garoto assistir aos jogos do XV no alambrado e sonhava em ser jogador”, conta o ex-zagueiro.

Divulgação

Até hoje a emoção é grande ao falar do XV. Sonhamos em ver em 2018, com apoio de empresários e investidores, o time de Caraguá disputando o Paulista”, diz ex-zagueiro Negretti

Ele teve duas passagens pelo “Leão do Litoral”, entre 97 e 98 e novamente em 2001. Ainda menino, Negreti viu na base do XV o sonho de ser jogador profissional de futebol. E conseguiu. Também jogou no Nacional e Juventus, da capital. “Até hoje a emoção é grande ao falar do XV. Sonhamos em ver em 2018, com apoio de empresários e investidores, o time de Caraguá disputando o Paulista. Além de ter o time da cidade na competição profissional, o XV abrirá portas para os jovens da cidade que sonham em ser jogador de futebol”, concluiu.


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Entrevista <<

Aguilar Júnior quer administração humanizada e aponta saúde como prioridade de governo

Júlio Buzi

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m entrevista exclusiva à Revista RADAR LITORAL, o prefeito de Caraguatatuba, Aguilar Júnior, fez uma avaliação dos primeiros meses de sua gestão e os desafios futuros. Entre as suas prioridades estão a Saúde e a Regularização Fundiária, além da humanização da administração e o desenvolvimento do Turismo. O prefeito destacou o projeto do Morro da Prainha. Confira a íntegra da entrevista:

Administrar uma cidade é ter a sensibilidade e a responsabilidade de governar para todos”

Radar Litoral - Qual a avaliação que o sr. faz dos primeiros meses à frente da Prefeitura de Caraguatatuba? Aguilar Júnior - Positiva. Apesar dos diversos desafios, percebemos que os secretários estão engajados e as pessoas estão entendendo nossa proposta de humanização. Vamos fazer várias obras ainda neste ano. Estou muito contente com estes primeiros meses. A questão

do orçamento tem nos preocupado bastante, principalmente no que diz respeito à Lei de Diretrizes Orçamentárias. Rubricas com valores no ano inferiores ao que gastamos no mês. Vamos encaminhar um projeto de lei à Câmara para acertar o orça-

mento. Tivemos a questão das chuvas, que foram 15 dias de muito trabalho. Mas encontramos também várias outras oportunidades. Já iniciamos a valorização dos servidores públicos, a implantação de câmeras de monitoramento, o “smart city”.


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Fotos Radar Litoral

RL - Quais são os desafios dos quatro anos de sua gestão? AJ - Primeiro ponto é a saúde e depois a regularização fundiária. Temos uma medida provisória que esperamos que seja convertida em lei o mais breve possível, que facilita a questão da regularização. Na segurança pública, a instalação de mais câmeras de monitoramento. RL - Qual será a marca que o sr. pretende implementar no seu governo? AJ - A regularização fundiária, juntamente com a saúde. Está caminhando naturalmente também para a questão do turismo. Atuamos forte nos setor e fizemos com que Caraguatatuba se destacasse no cenário nacional. As feiras que estamos participando já têm trazido resultados palpáveis. Muitas pousadas estão com altos índices de ocupação ao longo da semana. O turismo é importante também para a geração de empregos na cidade. RL - Qual a importância do contorno da Tamoios para o município? Como o sr. avalia esta obra para o desenvolvimento de Caraguá e da região? AJ - A partir do momento que estiver pronto, Caraguá vai crescer muito, pois vai melhorar a via de acesso. Depois, o desafio será atrair o turista para a cidade. Felizmente, a obra foi retomada, uma luta incansável da nossa administração com o Governo do Estado e vários deputados. A obra é importante também para a geração de empregos. RL – A sua administração tem dado atenção especial ao Turismo. Quais as ações e projetos previstos? AJ - Caraguatatuba nunca teve um planejamento estratégico em relação ao Turismo. Nossa proposta foi chamar o Comtur (Conselho Municipal de Turismo), Associação Comercial, AHP (Associação de Hotéis e Pousadas) e outras en-

Como prefeito vindo do meio do povo, sei da importância do cidadão saudável, feliz e preparado para o futuro.

tidades para participarem das decisões. Toda a programação de shows, participação de feiras e outros temas passam pelo Comtur. É exigência do DADE (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias) que a destinação das verbas seja aprovada pelo Conselho. Apresentamos no DADE o projeto do Morro da Prainha, que contempla, além da subida, um bolsão de estacionamento no morro, áreas para eventos, inclusive para casamentos, lanchonete e restaurante. Esta é a primeira fase. A segunda contempla um bondinho ligando a parte alta ao píer, que queremos ampliar. A última fase, a mais arrojada, é um teleférico

até o morro da Martin de Sá. É um projeto possível de ser realizado, com um custo de R$ 12 milhões, dos quais já temos R$ 4,2 milhões para começar a primeira fase ainda este ano. RL - Que mensagem o sr. deixa para a população nestes 160 anos de Caraguatatuba? AJ - Nossa querida Caraguatatuba completa neste 20 de abril apenas 160 anos de Emancipação Político-Administrativa. Quero em primeiro lugar parabenizar o caraguatatubense, povo que, com seu trabalho diário, construiu este município. Estamos trabalhando diariamente na Prefeitura. Como prefeito vindo do meio do povo, sei da importância do cidadão saudável, feliz e preparado para o futuro. Diariamente vejo que de nada adiantam as obras se o cidadão não puder se beneficiar delas. Administrar uma cidade é ter a sensibilidade e a responsabilidade de governar para todos, principalmente para os que mais precisam. Vamos ao trabalho e parabéns Caraguatatuba!


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Radar Litoral - Caraguá 160 anos

Cláudio Gomes

Aventura <<

Descubra o Parque Estadual da Serra do Mar e conheça a rica biodiversidade do litoral

A

vegetação chamada Mata Atlântica antes da chegada dos descobridores europeus cobria todo o litoral, mas já teve 93% de sua cobertura original devastada. Mesmo assim, os números dos exemplares de animais e plantas existentes ali é ainda mais expressivo. São cerca de 260 espécies diferentes de mamíferos, 1.020 de pássaros, 197 tipos de répteis, 340 de anfíbios, 350 de peixes, além de cerca de 20 mil qualidades diferentes de vegetais. O bioma mais rico em biodiversidade do planeta, a Mata Atlântica se estende por boa parte da faixa litorânea do país, vai do Rio Grande do Sul ao Piauí. O ecossistema engloba 17 estados brasileiros e cobre 1.300.000 km², ou aproximadamente 15% do território nacional. A Mata Atlântica também foi o primeiro – e até agora o único – bioma que ganhou uma legislação própria: a Lei nº 285 de 1999, aprovada em 2006. Diferentes formas de relevo, paisagens, características climáticas diversas e a multiplicidade cultural da população configuram essa imensa faixa territorial do Brasil. Grande parte dessa importante e rica vegetação pertence ao Núcleo Caraguatatuba do Parque Estadual da Serra do Mar.

Gustavo Grunewald

O Núcleo faz parte da rede de Unidades de Conservação, administrada pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente, por meio do Instituto Florestal. Com o nome inicial de Reserva Florestal de Caraguatatuba, a área de preservação passou a se chamar Núcleo Caraguatatuba em agosto de 1977, quando o Litoral Norte do Estado de São Paulo ganhou sua primeira reserva protegida. Sua extensão abrange cerca de 88 mil hectares, incluindo os limites dos municípios de São Sebastião, Paraibuna, Salesópolis e Natividade da Serra. www.parqueestadualserradomar.sp.gov.br/pesm/ nucleos/caraguatatuba

Para chegar ao Núcleo de Caraguá: Entrada pela Rodovia dos Tamoios, no km 80. As placas de sinalização indicam a entrada para o Núcleo. Mais 700 metros em estrada de terra e chega-se na sede do Núcleo.



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História <<

Caraguatatuba, uma história que se mistura com a do Brasil Aquivo Municipal Arino Sant’Ana de Barros

Júlio Buzi

O

s primeiros sinais de povoamento surgiram após 1534, quando o rei Dom João III de Portugal dividiu o Brasil em 15 Capitanias Hereditárias e as entregou a nobres, militares e navegadores ligados à da Corte. O objetivo do reino português era facilitar a administração e acelerar a colonização das recém ocupadas terras brasileiras. Foi criada então a Capitania de Santo Amaro, que se estendia da foz do Rio Juqueriquerê, em Caraguatatuba, até Bertioga. Esta porção de terra foi entregue ao navegador Pero Lopes de Sousa, um nobre português de destaque na época. Mas Caraguatatuba surgiu apenas no século 17, por meio da concessão de Sesmarias — um instituto jurídico criado pelo Império de Portugal para distribuição de terras a particulares para a produção de alimentos. Nos primeiros anos de 1600, o capitão-mor Gaspar Conqueiro doou a Miguel Gonçalves Borba e Domingos Jorge a porção de terra localizada na bacia do Rio Juqueriquerê.

Foi exatamente naquele ponto que a cidade começou a nascer entre 1664 e 1665, quando surgiram sinais de povoamento, com a construção dos primeiros prédios, como a pequena igreja de Santo Antônio, padroeiro da cidade de Caraguatatuba. Mas o pequeno povoado foi assolado por diversos surtos, entre eles o mais mortífero ocorreu em 1693. A varíola, conhecida na época por “Bexigas”, dizimou boa parte da população. Os sobreviventes fugiram para as vilas próximas, Ubatuba e São Sebastião. A doença fez o crescimento retornar à estaca zero, o que atrasou o desenvolvimento do povoado em alguns anos. Após a grande mortandade, o local passou a ser chamado de “Vila que desertou”. O novo povoado foi elevado à condição de Vila de Santo Antônio de Caraguatatuba em 27 de setembro de 1770, a pedido de Dom Luiz Antônio de Souza Botelho Morgado de Mateus, o então capitão geral da Capitania de São Paulo. No século 19, mais precisamente em 16 de março de 1847, o presidente da Província de São Paulo, Manuel da Fonseca Lima e Silva, ordenou que a vila passasse a ser denominada Freguesia. Caraguatatuba recebeu sua emancipação política e administrativa em 20 de abril de 1857. A população caraguatatubense ainda teve de superar um surto de malária, em 1884, e outro de gripe espanhola, em 1918. As duas epidemias causaram um grande número de mortos. O ressurgimento e, posteriormente, o crescimento do povoado só veio com a chegada de famílias de estrangeiros, que se instalaram na Fazenda dos Ingleses. A propriedade se estabeleceu em 1927 e trouxe benefícios como o aumento da população, a formação de trabalhadores agrícolas e artesãos, o surgimento do comércio e o crescimento substancial da arrecadação municipal. O progresso da Freguesia de Santo Antônio de Caraguatatuba forçou o Governo do Estado de São Paulo a reconhecê-la como Estância Balneária em 30 de novembro de 1947. Sua comarca foi instalada poucos anos depois, em 26 de setembro de 1965. Os moradores da cidade superaram a catástrofe de 1967, reconstruíram o município até transformá-lo em um polo de desenvolvimento. Caraguá tem boa infraestrutura composta por shoppings, supermercados e lojas. Hoje, a cidade é o polo comercial mais importante do Litoral Norte.


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Fotos Radar Litoral

A cidade e seu patrimônio histórico Monumento 1º Centenário – Relógio do Sol

Além de suas belezas naturais, Caraguatatuba possui um patrimônio histórico que é visitado por turistas e também locais de convívio social dos moradores. Estes patrimônios, situados na Praça Dr. Cândido Mota - a Palmeira Imperial, a Torneira ou Obelisco, o Relógio do Sol e a Fonte Luminosa - são protegidos por uma Lei Municipal de 13 de dezembro de 2006. Conheça estes patrimônios:

O monumento fez parte das comemorações do primeiro centenário da cidade. Foi encomendado ao engenheiro Accacio Villalva um monumento que impusesse a evocação visual imediata de como o caraguatatubense sentia-se importante naquele ano de 1957. Foi construído outro Obelisco, cuja base apresenta forma de agulha, medindo três metros e meio de altura. Nele, o sol determina a serenidade das horas em Caraguá.

Palmeira Imperial

Em 1941, juntamente com o término da construção do Grupo Escolar, foram plantadas duas Palmeiras Imperiais, no terreno do antigo Grupo Escolar, hoje Polo Cultural Professora Adaly Coelho Passos, pelo Sr. Francisco D’Onófrio, a pedido do então prefeito, Bráulio Pereira Barreto. Atualmente, há somente uma palmeira, que mede mais de 20 metros de altura e é apreciada por quem passa pelo local. A outra, localizada na esquina com a Rua Paul Harris, caiu às 9h30 do dia 15 de março de 2010, devido às fortes ventanias em dois dias seguidos, o conhecido Vento Noroeste, que segundo o CPTEC Inpe (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) chegou a 120km/h.

Igreja Matriz de Santo Antônio

Dentre os patrimônios localizados na Praça Dr. Cândido Mota, o mais significativo e representativo de sua perenidade é a Igreja Matriz de Santo Antônio, iniciada como capela, no século 17. As festas e todas as atividades de caráter religioso eram realizadas no largo da Matriz. Desde o final do século 17, a igreja Matriz vem passando por transformações, como reformas e embelezamentos, para melhor atender seus fiéis. Da mesma maneira, para não destoar, a praça recebe periodicamente, benfeitorias como ajardinamento com passeios, pinturas, calçamentos e iluminação.

Coreto da Praça

Obelisco ou Torneira

Na mesma Praça, encontra-se um dos mais característicos monumentos da cidade, primeiro da fase republicana e um dos mais significativos para os que aqui residem. Um obelisco, marco inicial de uma nova fase de saneamento básico em Caraguatatuba, com distribuição de água encanada, ainda que não tratada, cuja inauguração deu-se pelo Presidente do Estado de São Paulo, Altino Arantes, em 1919, em visita ao Litoral Norte Paulista. A partir de então, os costumes da cidade passaram por uma revolução: “as latas de banha” usadas no transporte de água para as residências foram sendo substituídas pelas torneiras domésticas.

O primeiro coreto foi construído na década de 1930 por Dona Belmira Nepomuceno. A pracinha necessitava de um espaço para as apresentações dos festejos populares. Em 1971, na gestão do então Prefeito Silvio Luiz dos Santos, o antigo coreto foi demolido e substituído por um novo. Em 2005, foi reformado ganhando um novo visual. Toda a reforma teve como objetivo preservar um dos mais importantes patrimônios históricos da cidade, que durante décadas tem sido o local de encontro da comunidade, onde ocorrem muitos eventos culturais, como a apresentação da Banda Municipal Carlos Gomes.

Fonte Luminosa

Com o objetivo de dar continuidade à vocação turística da cidade, cogitou-se a construção de uma fonte luminosa, a exemplo de tantas cidades do interior do Estado de São Paulo. A fonte luminosa foi inaugurada na década de 60, pelo então prefeito Geraldo Nogueira da Silva, o “Boneca”, que a idealizou com suas águas lançadas a muitos metros de altura, dançando ao compasso das notas musicais, colorindo-se de acordo com as emoções proporcionadas pela sinfonia dos clássicos.




| Radar Litoral - Caraguá anos 03 18 | Radar Litoral - Especial 381160 anos

50 anos da catástrofe << Fotos: Arquivo Histórico de Caraguatatuba

Da tragédia ao renascimento

de Caraguá

No dia 18 de março de 1967,

Caraguatatuba foi assolada por um fenômeno da natureza.

Júlio Buzi

O

s morros, cuja terra estava encharcada devido às chuvas que caiam incessantemente desde novembro de 1966, desabaram trazendo uma corrente de lama, pedras e árvores. A ponte de concreto sobre o Rio Santo Antônio, nas proximidades da Casa de Saúde Stella Maris, única passagem, formou um dique devido à quantidade de madeiras e detritos que se acumulavam em suas pilastras. Enquanto isso, represada pela ponte, a água ia destruindo e alcançando os Bairros Rio do Ouro, Ponte Seca, Caputera, Vila Anchieta e Marrequinhas. No seu trajeto furioso a lama destruía tudo que estava pela frente. Casas inteiras desmoronavam, veículos foram soterrados, animais e pessoas desapareceram naquele mar de lama. Enquanto a ponte resistiu, a cidade ficou a mercê daquela fúria indomável, chegando quase ao centro da cidade, tendo atingido até a casa e construção do Dr. José Bourabeby na Rua São Benedito, pouco faltando para atingir a Praça Cândido Mota, centro comercial da Cidade. Muitos outros locais sofriam perdas materiais e vidas humanas, pois aconteciam desabamentos no Morro do Benfica, Cantagalo e na Fazenda dos Ingleses, hoje Fazenda Serramar. Nessa época, o então prefeito Geraldo Nogueira da Silva, o Boneca, por muito pouco não perdeu todos os seus pertences, já que morava na esquina da Rua São Benedito com a Rua Vital Brasil. Ele foi ajudado por amigos, sem sua presença, já que comandava uma equipe de voluntários no Morro Benfica, quase sendo atingido por uma avalanche que soterrou várias casas à sua frente.


Radar Litoral - Caraguá 160 381 anosanos| 19| 03 Radar Litoral - Especial

Fotos: Arquivo Histórico de Caraguatatuba

Defesa Civil Este ato de iniciativa, bravura e liderança que fez o prefeito Boneca em comandar uma equipe de voluntários para salvar vidas no meio do lamaçal, onde quase pereceu, originou o movimento que hoje conhecemos como Defesa Civil cujo registro encontra-se no Livro Defesa Civil - Orientação Legal - Ações nas Emergências, de autoria do Tenente Coronel Clodomir Ramos Marcondes. Retornando ao centro da cidade, se viu na obrigação de pedir auxílio a todas as autoridades civis e militares, sendo que os primeiros S.O.S (s) já haviam começado via rádio amador por Thomaz Camanis Filho, que se debruçou sobre seu aparelho, auxiliado heroicamente pelo Delegado de Polícia Celestino Joaquim e David Salamene que conseguiram trazer baterias, e de maneira incansável depois de

várias repetições, fizeram chegar até o Palácio dos Bandeirantes, Sede do Governo Paulista, o Grito : “S.O.S CARAGUATATUBA ESTÁ MORRENDO”. Como primeiro ato decretou estado de calamidade pública, solicitou ao Governo do Estado a criação de um órgão que auxiliasse na recuperação da cidade, onde surgiu o E.R.C – Escritório de Recuperação de Caraguatatuba, sob a chefia do então Secretário Estadual do Interior, Dr. Hely Lopes Meirelles. As escolas, igrejas e postos de saúde não atingidos foram transformados em abrigos emergenciais. Os turistas que estavam na cidade foram retirados por navio via Santos e os feridos mais graves foram transportados para São José dos Campos de avião. A Praça Cândido Mota e a atual Praça Diógenes Ribeiro

Fonte: Justificativa da Lei Nº 672, de 13 de abril de 1998. Contribuição Atual de Pesquisa Histórica: Alexander Comnéne Palaiologos

de Lima foram tomadas por uma guarnição militar, com a instalação de um acampamento para atendimento de toda espécie. A primeira providência foi a construção de uma ponte de emergência sobre o Rio Santo Antônio, trabalho efetivado pelo Grupo de Engenharia do Exército que prontamente atendeu ao pedido de emergência. Todos os profissionais de saúde se movimentaram. Na Santa Casa, o Dr. Jurandir de Castro Coimbra e Dr. Keiiti Nakamura, auxiliados pelas freiras, se desdobraram para atender aos primeiros feridos, mesmo isolados, pois todo o térreo estava completamente tomado pela lama que chegava a altura de um metro. No Centro da Cidade e adjacências, o médico José Bourabeby formava forças tarefas para cuidar dos feridos.


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50 anos da catástrofe <<

Inocente, o caminhoneiro que deu a volta por

cima e ajudou na reconstrução da cidade O caminhoneiro Inocente Antônio da Silva, de 81 anos, foi uma das muitas pessoas que viveram a tragédia de 1967. Ele residia na Rua Benedita Alves Cruz, no Bairro do Caputera. Naquela tarde de 18 de março, ele percebeu a água, ainda limpa, subindo rapidamente. Chamou sua esposa e seu sogro e pegou os três filhos – com idade entre quatro e sete anos – e os levou para o caminhão, que estava no quintal da casa. Mas o veículo “afogou” e pegou as três crianças e foi para um ponto alto da rua. Inocente lembra que a forte correnteza trazia troncos de árvores e alguns corpos por cima das madeiras.

“Em frente à minha casa, encontramos o corpo de um menino de aproximadamente 13 anos”. O caminhoneiro contou que sua casa ficou com um 1,40 metro de água e lama. “Levei 17 dias para limpar e recuperar a casa. Neste período, ficamos na casa do meu compadre Hamada. Tive de derrubar uma parede do banheiro para escoar a água e a lama”. O seu meio de vida, o caminhão, também ficou “enterrado” na lama. Ele teve de desmontá-lo e comprar um novo motor e adaptá-lo ao veículo. “Precisava trabalhar para ganhar dinheiro e alimentar a família”. Ainda trabalhou como braçal para o Exército na construção de pontes. O caminhoneiro disse que levou de três a quatro meses para voltar à vida normal e ressalta que a partir da tragédia, houve uma mudança radical, com diversas ruas abertas na cidade.Sobre o trauma da catástrofe, ele disse que são ce-

nas inesquecíveis, mas acredita que tem muita ajuda divina. “Antes da catástrofe, eu fazia uma ou duas viagens por semana de areia, terra ou pedra britada. Na reconstrução da cidade, foram de cinco a seis viagens semanais”. Além dele, afirmou que havia à época mais quatro caminhoneiros na cidade. Sobre Caraguatatuba, onde chegou em 1955 para trabalhar na Sociedade Imobiliária Vera Cruz, afirmou que não tem como não gostar. “A cidade representa tudo na minha vida”. Aposentado desde o início dos anos 2000, Inocente vive desde 1983 no sossego de duas chácaras no Bairro do Jaraguazinho, que somam mais de 35 mil m², onde se orgulha de ter plantado boa parte das árvores que têm no local.

Antes da catástrofe, eu fazia uma ou duas viagens por semana de areia, terra ou pedra britada. Na reconstrução da cidade, foram de cinco a seis viagens semanais”


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50 anos da catástrofe <<

Médico Keiiti Nakamura não se considera um herói: “apenas cumpri com minhas obrigações” “Eu estava no lugar certo, na hora certa. Fiz o que pude dentro das minhas limitações e cumpri com minhas obrigações”, esta é a avaliação do médico Keiiti Nakamura sobre sua atuação no atendimento às vítimas da Catástrofe de 1967 na Casa de Saúde Stella Maris. Ele conta que estava trabalhando na Santa Casa na tarde de sábado, 18 de março, quando o então prefeito Geraldo Nogueira da Silva, o Boneca, trouxe vítimas do deslizamento do Morro do Cruzeiro. “Chovia muito desde sexta-feira”, lembra o médico. “Enquanto fazia os atendimentos, ouvia estrondos, mas não tinha a real noção do que estava ocorrendo. Sabia que eram deslizamentos de terra”, afirmou Nakamura. “A água ficou represada na ponte sobre o Rio Santo Antônio, que foi levada. Depois ficaram a terra e árvores inteiras”. O médico disse que ficou “ilhado” no hospital e acredita ter ficado uma semana direto prestando atendimento às vítimas. Além dele, estavam os colegas Marcos Antônio Amaral e Jurandir Castro Coimbra. Já os médicos Ivone e José Bourabeby atendiam no Colégio Adaly Coelho Passos, onde atualmente funciona o Polo Cultural.

Casos Graves Depois de alguns dias, com o restabelecimento da comunicação, houve o reforço com médicos da USP e enfermeiras da Irmandade. “Trabalhávamos com água pelos joelhos. Fazíamos suturas e hidratação. Não houve perda de materiais que estavam em armários acima do nível da água. Os pacientes em estado mais grave

eram levados para São Paulo”. Os casos eram de pessoas feridas e com infecção típicas de enchentes. Ele destacou o apoio do engenheiro Adauto Coutinho, da Petrobras, para retirar o entulho do entorno do hospital, bem como do Ersa, Exército e Marinha. “Muita coisa ouvi falar, não vi, pois estava no hospital”.

Sorte

Trabalhávamos com água pelos joelhos. Fazíamos suturas e hidratação. Não houve perda de materiais que estavam em armários acima do nível da água.

Keiiti Nakamura disse que teve sorte, pois a casa de seus pais no Indaiá não foi atingida pelas águas e não perdeu familiares. O médico hoje aposentado, natural de Mirandópolis e que reside em Caraguatatuba desde 1964, disse que só teve a real extensão da situação alguns dias depois da tragédia, já que permanecia no hospital. Uma situação inusitada foi o caso de um senhor, que faleceu em 2016, arrastado pelas águas em cima de um tronco desde o Rio do Ouro e chegou até o Hospital. “Ele dizia que eu salvei sua vida, na verdade, só o retirei do tronco e prestei os atendimentos necessários”.

O médico, ao longo de seus anos de atividade no Município, era conhecido por atender as pessoas sem saber se poderiam pagar pela consulta. “Após o atendimento, se a pessoa podia, pagava. Caso contrário, sem problemas”. Ele cita que em um determinado dia atendeu 30 pessoas e apenas quatro pagaram. Nakamura se considera nascido e criado na cidade. “Aqui conheci minha esposa e casei há mais de 50 anos Tenho duas filhas e dois netos. Me considero um caraguatatubense”, afirmou o médico que, apesar de não se considerar, certamente foi um herói para muitas famílias assoladas pela tragédia de 67.


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Praias <<

Praia da cocanha

Entre a serra e o mar Os encantos das praias de Caraguá

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e águas calmas e areias brancas, com ondas e areia grossa ou ainda delineada por rios e lagos, praias ideais para curtir com a família e à prática de esportes Da divisa com Ubatuba à divisa com São Sebastião, Caraguatatuba oferece praias para todos os gostos. Algumas delas, com o arquipélago de Ilhabela em sua frente. Aos 160 anos, Caraguá é conhecida por seu comércio forte, sua grande extensão territorial, mas especialmente por suas belezas naturais. Suas praias coladas à mata atlântica têm um toque todo especial. De águas calmas ou com ondas, de areia dura, de areia grossa, propícias para a pesca ou ainda para a prática de esportes náuticos, tem sempre uma praia ideal para você. Escolha uma delas e aproveite dias de tranquilidade e contemplação da natureza.

PRAIA DA TABATINGA

Localizada a 18 quilômetros do centro da cidade, esta praia com extensa faixa de areia está no extremo norte do município e faz divisa com o município de Ubatuba. Ao sul, tem como vizinha a praia da Mococa. O local é ideal para crianças e idosos, pois tem águas rasas e normalmente calmas. O nome Tabatinga se deve à areia branca e muito fina. Esta praia fica bem em frente à Ilha do Tamanduá, e por esta razão fica movimentada com muitas lanchas e barcos. Ao norte, na foz do Rio Tabatinga, praticantes de esportes náuticos aproveitam as águas calmas para a prática de jet-ski, caiaque, esqui-aquático, windsurfe e kitesurf. A antiga vila de pescadores ainda conserva a vocação principal da localidade, onde se podem ver os ranchos de canoas.

PRAIA DA COCANHA

O turista que segue pela rodovia Rio-Santos em direção a Ubatuba pode acessar a praia da Cocanha logo após a foz do Rio Gracuí, que a separa da praia de Massaguaçu. São 11 quilômetros do centro da cidade. A localidade tem boa infraestrutura que oferece a turistas e banhistas restaurantes, quiosques e lanchonetes, além de vagas para estacionar veículos. As opções de hospedagem são boas, há casas de veraneio, pousadas e hotéis. A praia tem águas tranquilas e límpidas, perfeita para crianças e idosos. A falta de ondas é em razão do Ilhote da Cocanha, que fica bem em frente à faixa de areia e impede que as ondulações cheguem à margem. Mesmo assim há possibilidade de mar bravio. Em dias assim, as correntezas podem ficar fortes e o banhista deve ficar atento.


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Fotos: Cláudio Gomes

PRAIA DA MOCOCA A praia da Mococa é conhecida por suas águas tranquilas e quase sem ondas, ideal para a prática de caiaque, que pode ser alugado no local. Crianças e idosos encontram ali um ambiente perfeito para aproveitarem o dia. A faixa de areia é larga, extensa e de areia branca. Quiosques garantem a comodidade de banhistas e visitantes. O local fica entre as praias da Cocanha e Tabatinga. São 14 quilômetros entre a Mococa e o centro de Caraguá. A Mococa também é a localidade mais próxima da Ilha do Tamanduá. De lá, o turista pode tomar uma embarcação e visitar a área de preservação ambiental que fica logo em frente à praia. A costeira que fica próxima à foz do Rio Mococa é o local ideal para a prática do mergulho livre, ou seja, sem o auxílio de equipamentos de respiração subaquática. Outra peculiaridade do local é a existência de areia monazítica, utilizada no tratamento das artrites e das articulações, inflamações e dores reumáticas. Quando espalhada pelo corpo, a areia ativa radiação que estimula os tecidos e favorece o fluxo sanguíneo. Essas propriedades terapêuticas são possíveis graças à existência de

minerais como o tório e o urânio, responsáveis por sua radioatividade.

PRAIA DE MASSAGUAÇU Faixa estreita de areia grossa e amarelada, ondas grandes e poderosas são algumas das características desta que é uma das praias mais bonitas do Litoral Norte de São Paulo. Águas limpas, vista privilegiada para Ilhabela e um mar verde esmeralda de pura beleza são os principais atrativos de Massaguaçu, que fica a 8 quilômetros do centro. Mas a praia de Massaguaçu também é uma das mais perigosas do litoral de Caraguatatuba. Por ser de tombo, o local oferece risco aos banhistas desavisados. Em tupi-guarani, o nome da praia significa grande massa de água, ou seja, praia de ondas fortes. Por outro lado, os pescadores encontram ali um local de condições únicas para a prática do esporte. Massaguaçu está entre os melhores locais do litoral paulista para a prática da pesca de arremesso. E é por isso que a praia é sede dos principais torneios de pesca na região. O melhor horário para pescar é pela manhã e no final da tarde. Há muitos quiosques na orla. O local também é recomendado para a prática de surfe.


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Praias <<

Cláudio Gomes

PRAIA DO CAMAROEIRO A Praia do Camaroeiro é o principal ponto de encontro dos pescadores da região central de Caraguatatuba. Está bem no começo da orla do Centro. Por constantemente apresentar maré baixa, é ideal para a pesca de crustáceos. Neste local também há um entreposto de pesca, onde moradores e turistas podem encontrar sempre o pescado fresquinho.

PRAINHA A apenas 4 quilômetros do centro de Caraguatatuba, a Prainha tem águas limpas, calmas e rasas. São essas as características que a torna ideal para crianças e idosos. Quiosques, bares e restaurantes garantem o conforto de visitantes e banhistas. O local é urbanizado e tem como um de seus principais atrativos a Pedra do Jacaré, que oferece um ótimo local para observação do mar e da orla de Caraguá. O costão de pedras onde está localizada é indicado para a pescaria. Há um acesso para a Praia do Garcez no canto sul da Prainha.

PRAIA PAN BRASIL PRAIA DO CAPRICÓRNIO A praia do Capricórnio é uma das mais longas orlas de Caraguatatuba, tem aproximadamente 4 km de extensão e é caracterizada pela areia grossa, água limpa e ondas fortes. Como se trata de uma praia de tombo, o local é muito apreciado pelos praticantes de pesca com linha por suas características. Visitantes e banhistas encontram na parte sul da praia a foz do Rio Jetuba. Separada do mar por um banco de areia, a Lagoa Azul de água doce é formada no local. Ao norte, Capricórnio é a continuidade da praia de Massaguaçu. São 6 quilômetros entre a localidade e o centro da cidade de Caraguatatuba.

A praia Pan Brasil é repleta de quiosques, restaurantes e lanchonetes e é continuação da praia do Indaiá. Muito procurada pelos turistas, o local tem extensa faixa de areia e árvores que proporcionam proteção do sol forte. A proximidade com o Centro da cidade de Caraguatatuba também contribui para sua popularidade. Pan Brasil é indicada para visitantes com crianças e idosos, pois suas águas são rasa, têm ondas pequenas e correntes não muito fortes. Os visitantes têm ainda a oportunidade de jogar futebol de areia em alguma das quadras mantidas pela Prefeitura ou caminhar no calçadão e andar de bicicleta na ciclovia.

PRAIA BRAVA A Brava fica entre as praias do Capricórnio e a de Martin de Sá. Ela fica a 4 quilômetros do centro da cidade. O local não tem casa nem quiosques ou restaurantes. Cercada de vegetação característica da Mata Atlântica, a praia tem mar limpo e verde esmeralda. Conhecida por poucos, a Brava é uma das preferida pelos surfistas, que encontram ali as condições ideais para a prática do esporte. Pescaria e mergulho também são praticados ali. Banhistas devem ficar atentos porque a Brava é uma praia de tombo e tem ondas e correntes bem fortes, comuns em qualquer época do ano. O acesso para a praia Brava é feito pela Martin de Sá. São quase 2 quilômetros de estrada e mais 200 metros de caminhada. Gustavo Grunewald


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PRAIA DO CENTRO A praia do Centro ocupa toda a orla da região central de Caraguatatuba e se estende até o Rio Santo Antônio, ao sul. O local é frequentado por visitantes de todas as idades e é ideal para as práticas de caminhada, futebol de areia, voleibol de praia, futevôlei, entre outros. Há ainda na praia do Centro um parque de diversões, a praça de eventos, pista de skate e quadras esportivas. Quiosques, lanchonetes e sorveterias completam a infraestrutura do local. A faixa de areia é larga, mas o visitante pode usar o calçadão para a prática de caminhada ou para andar de bicicleta. O local também é sede de grandes eventos como shows, o Festival de Verão e exposições.

PRAIA DO INDAIÁ Bonita e concorrida. Tem faixa de areia larga e é ideal para crianças por suas águas tranquilas. Nela encontram-se a pista oficial de bicicross e a pista de pouso para ultraleves. O local oferece também uma linda vista para o norte de Ilhabela e para as Ilhas Búzios e Vitória. A praia do Indaiá é uma das mais concorridas da cidade de Caraguatatuba. Ela fica a cerca de 1,5 quilômetro do centro da cidade e suas águas são tranquilas, sem correntezas. O local é indicado para crianças e idosos. Lanchonetes e quiosques garantem a comodidade de visitantes e banhistas. A faixa de areia é larga, mas mesmo assim é comum ficar lotada de banhistas em dias quentes de verão. Árvores espalhadas pela orla garantem sombra.

PRAIA MARTIN DE SÁ A praia Martin de Sá é uma das mais urbanizadas do município de Caraguatatuba e uma das preferidas dos jovens, que fazem de lá ponto de encontro durante os finais de semana, carnaval e férias. Com 1,5 quilômetro de extensão e de areia fina e tom amarelado, a praia é bastante concorrida nos dias ensolarados de verão. O calçadão, que conta com ciclovia, é ótima opção para caminhadas e contemplação do mar. Bares, restaurantes e quiosques oferecem a visitantes e turistas a infraestrutura necessária para um dia de lazer na praia. Martin de Sá tem várias opções de lazer, como passeios de ski-banana e de escuna, além de outras atividades esportivas, como aeróbica, futvôlei, voleibol, frescobol e surf. No lado norte, a praia é de tombo e em seu lado sul, as águas são rasas e calmas. E é também pelo canto que o visitante encontra o acesso à praia Brava. Gustavo Grunewald

PRAIA DO GARCEZ OU DA FREIRA A praia do Garcez – ou praia da Freira – fica ao lado da praia do Camaroeiro. Seu acesso é feito apenas a pé, por uma trilha localizada no Morro da Pedreira. O local é perfeito para pescaria e tem um dos pontos turísticos de Caraguá: a Pedra da Freira. A praia tem cerca de 50 metros de extensão e tem muitas pedras, mas oferece uma vista privilegiada de Ilhabela e de parte da cidade de Caraguá. A Pedra da Freira, que dá nome à praia, é uma formação rochosa que lembra uma religiosa de joelhos olhando em direção ao mar. Há várias lendas sobre a pedra.


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Praias << PRAIA DAS PALMEIRAS A praia das Palmeiras tem águas calmas e límpidas, faixa de areia extensa e muitos quiosques, bares e restaurantes espalhados para atender o turista. O local ainda é ponto de encontro de jovens. Palmeiras é uma das praias preferidas pelos praticantes de pesca em Caraguá. São realizados ali campeonatos oficiais de pesca que são apoiados pela Prefeitura da cidade. Ao norte, a Palmeiras faz divisa com a Praia Pan Brasil e com a praia do Romance, ao sul.

PRAIA DO ROMANCE A praia do Romance fica ao sul do centro de Caraguatatuba e é de fácil acesso pela Avenida Miramar, que contorna a orla local. Conhecida por sua tranquilidade, tanto na quantidade de banhistas quanto de suas águas calmas, o local tem águas rasas e quase sem ondas. Romance tem águas turvas, porém é ideal para o banho. A faixa de areia branca e fina é ótima para a prática de esportes como futebol, vôlei de praia, frescobol. Os turistas podem, ainda, praticar caminhadas ou andar de bicicleta ao longo da orla.

PRAIA DAS FLEIXEIRAS A praia das Flexeiras é onde há o Terminal Turístico, local onde seguem os ônibus de excursão. Quiosques ao longo da orla, alguns com música

ao vivo, garantem a diversão e a comodidade dos turistas e frequentadores, que podem se sentar em alguma mesa e desfrutar de um ambiente familiar. As águas de Flexeiras são tranquilas e rasas, o que a torna um local ideal para banho de mar. É indicada para idosos e crianças. A faixa de areia larga e compacta é garantia de diversão para aqueles que desejam praticar futebol, frescobol, vôlei, entre outros esportes.

PRAIA DO PORTO NOVO A praia do Porto Novo é uma das mais distantes do centro de Caraguatatuba e é conhecida por suas águas calmas e rasas, ideal para o banho. Areia acinzentada e compacta são as principais características do local, que conta com alguns quiosques e poucos restaurantes que atendam turistas e banhistas. Além do banho de mar, a praia do Porto Novo é indicada para a prática de caminhada e outros esportes, como futebol, frescobol, vôlei, entre outros. Os visitantes ainda podem apreciar a fauna. É comum a observação de aves marinhas, como garças e atobás que se alimentam na região onde desemboca o rio. Cláudio Gomes



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Ilhas <<

Cláudio Gomes

Sombra e água fresca Que tal relaxar em uma ilha? ILHA DO TAMANDUÁ

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Ilha do Tamanduá é a maior do município de Caraguatatuba e seu acesso é feito por barco desde as praias de Tabatinga, Cocanha, Mococa e Massaguaçu. O local é repleto de belezas naturais e é ideal para a prática de pesca esportiva. Parcéis e rochas submersas reúnem grande variedade de fauna marinha que completam o ambiente, perfeito para o mergulho livre. Mas o visitante deve se preparar. Não há nenhuma infraestrutura no local. É importante levar sacos plásticos para carregar de volta todo lixo produzido durante o passeio. Afinal, proteger este paraíso

natural é obrigação de todos os visitantes. Durante a temporada são realizados passeios de escuna, barco ou moto aquática e o aluguel desses aparelhos pode ser feito nas praias de Tabatinga, Mococa, Massaguaçu e Martin de Sá.

ILHA DA COCANHA A Ilha da Cocanha é uma pequena porção de terra que fica bem em frente à praia da Cocanha e tem entre seus atrativos a exuberância da Mata Atlântica e a rica fauna marinha que a circunda, ótimo local para prática do mergulho livre. No ilhote o visitante pode optar por fazer uma

caminhada leve e visitar o antigo casarão que existe ali ou, ainda, dar um mergulho na praia. Como mantém sua cobertura de floresta nativa, a pequena ilha recebe a visita de pássaros típicos da região, como bem-te-vi, gaviões, tié sangue, entre outros animais. Barcos que ficam na Cocanha fazem a travessia para o local, é só procurar o rancho dos pescadores que fica na praia. Mais informações podem ser obtidas ali. O local também é conhecido pela tradicional travessia de nadadores da chamada de Prova Natatória Ilha da Cocanha, que tem 1.200 metros de extensão e reúne nadadores de várias partes do país.



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Vida caiçara <<

“Bidico do Camaroeiro”

e o reduto de pescadores de Caraguatatuba

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Praia do Camaroeiro, continuação da Praia do Centro, proporciona um belo visual pela grande quantidade de barcos atracados, possui um Entreposto de Pesca Artesanal. É reduto de pescadores de Caraguatatuba. Um destes “homens do mar” é Benedito Joaquim do Nascimento, o “Bidico do Camaroeiro”. O pescador de 84 anos, veio da Praia de Tabatinga e reside há 60 anos na mesma casa, no Bairro do Ipiranga. É o pescador mais antigo do Camaroeiro, onde tem muitos amigos. Tem três filhos,

Catástrofe

O pescador lembra com tristeza da Catástrofe de 67 e destaca que fez o transporte de muitas pessoas. “Eu e outros pescadores levávamos as pessoas de onde hoje tem a praça com o meu nome, que era um mangue, para as proximidades do Fórum. Ajudamos uns aos outros. Como diz o ditado, fazer o bem e não olhar a quem”. Com sua simplicidade, “Bidico do Camaroeiro” define Caraguatatuba como “uma beleza”. E destaca que antigamente a vida era mais sacrificada, “Trazíamos as caixas de pescado nas costas, hoje tem bicicleta, carro e ônibus. É tudo mais fácil”, afirmou, sempre com um sorriso no rosto e simpatia peculiares.

sete netos e duas bisnetas. Em sua opinião, a praia foi e é o principal ponto de pesca em Caraguatatuba, mas faz ressalvas. “Já foi melhor. A produção era muito grande. Hoje caiu muito”. Bidico, que dá nome à Praça do Camaroeiro, afirmou que antes era possível pegar todo tipo de peixe. “Ficávamos dois ou três dias no mar, no Montão de Trigo, Búzios, Vitória ou Mar Virado e trazíamos muito pescado, que era vendido na Praça Cândido Mota”. Mesmo com a diminuição do pescado e a idade,

ele não parou de pescar. Sai sozinho em sua canoa a remo e “larga a rede” e vai buscar no dia seguinte em locais como Prainha e Martin de Sá. “Antes eu não tinha medo, agora tenho do mar ruim e do vento”. O pescador ainda confecciona redes de pesca para comercializar e ajudar no seu sustento. De uma família de pescadores – pai, irmão e sobrinhos – Benedito Joaquim aconselha os jovens a irem para a escola em vez de se dedicar à pesca, “pois está muito difícil”.



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Kartódromo <<

Albertinho,

o senhor da velocidade e sua paixão pelo kart Kartódromo de Caraguatatuba, que já foi considerado um dos cinco melhores do Estado, nasceu do sonho deste apaixonado por automobilismo

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os 74 anos, Alberto Irias Júnior parece um menino quando o assunto é automobilismo. Em Caraguatatuba desde 1967 – ano em que seu pai decidiu morar cidade para cuidar da saúde – Albertinho, como é conhecido, não esconde o seu amor pela velocidade. Paixão que começou na adolescência, aos 16 anos, quando trabalhou numa oficina de preparação de automóveis para corrida. Era a escuderia “Lobo”, que ficava no Canindé, na capital paulista. Em Caraguá, Albertinho trabalhou por 15 anos na Sudelpa e por 20 anos na “Big Box” com assistência técnica de máquinas elétricas. Nos dias livres, a velocidade ‘falava alto’ e o kart trazido da capital era colocado na areia dura da praia para alguns testes. Mas ele queria mais. Aos 43 anos, após ganhar um kart do compositor Vitor Martins, Albertinho ajudou a promover duas corridas de rua, uma em Caraguá e outra em São Sebastião, na Avenida Guarda Mor. As provas despertaram o interesse de muitas pessoas da região, que se engajaram na causa de ter um kartódromo no Litoral Norte.

E por ela passaram pilotos como Tony Kannaan e Hélio Castro Neves (ambos na Fórmula Indy), Bruno Junqueira, Felipe Giaffone, Felipe Massa (Fórmula 1), Nelsinho Piquet (Fórmula E) e Rubinho Barrichello (Ex-F1 e atualmente na Stock Car). Albertinho com o bicampeão da F-1 Emerson Fittipaldi e com o piloto Felipe Massa


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Assim, entre 1987 e 1990, com a união de empresários de Caraguatatuba, o sonho começou a ganhar forma. “Organizamos rifas de cinco veículos Fiat Uno 0km e com o dinheiro arrecadado compramos o piche (massa asfáltica) e as pedras, e desta maneira foi feito o traçado do kartódromo”, relembrou. Nascia assim o Kartódromo de Caraguatatuba que, além da pista de quase 1km, com duas grandes retas e curvas que exigem muita perícia dos pilotos, conta ainda com conjunto de boxes, arquibancada, banheiros e torre de controle. Nos anos 90 chegou a ser considerado um dos cinco melhores do Estado de São Paulo. Na entrevista à Revista Radar Litoral - Especial Caraguatatuba 160 anos, Albertinho contou a história de pilotos renomados que passaram pela cidade. “Nesta época, devido à realização da Fórmula 1, o Kartódromo de Interlagos acabou servindo de canteiro de obras para as melhorias que estavam fazendo no autódromo. Com isso, a Federação Paulista pediu para utilizar o Kartódromo de Caraguatatuba em três etapas”, conta. E por ela passaram pilotos como Tony Kannaan e Hélio Castro Neves (ambos na Fórmula Indy), Bruno Junqueira, Felipe Giaffone, Felipe Massa (Fórmula 1), Nelsinho Piquet (Fórmula E) e Rubinho Barrichello (Ex-F1 e atualmente na Stock Car). O terreno, de propriedade de Dr. Carlos Eduardo Correa da Costa, foi cedido por 10 anos por comodato. Hoje, o Kartódromo de Caraguatatuba tem um administrador, Marcelo Comella, que organiza corridas e dispõe de karts para aluguel. Só a etapa do Campeonato Mega Pró chega a reunir 50 competidores de categorias variadas num único domingo. E Albertinho está sempre lá, seja ajudando aqueles que estão começando no kart com toda a sua experiência, seja correndo. Isso mesmo, aos

74 anos, é difícil quem consiga segurá-lo em sua categoria. Na última corrida da categoria RD-135 (com kart de cinco marchas), realizada em março, Albertinho chegou em segundo lugar. Em sua casa, no Jardim Aruan, são mais de 300 troféus, todos especialmente posicionados em estantes e com cada história guardada no coração.

O tricampeão Ayrton Senna

Albertinho fez muitos amigos no mundo da velocidade. E um deles foi o tricampeão Ayrton Senna. “Quando ele corria pela Lotus fui convidado para a inauguração do kartódromo que construiu em sua fazenda em Tatuí. Ficamos amigos”, lembra. A convite do tricampeão da Fórmula-1, ele foi vêlo correr no então Autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. “Uma pena que não deu tempo dele conhecer o nosso Kartódromo de Caraguá”.

Quando ele corria pela Lotus fui convidado para a inauguração do kartódromo que construiu em sua fazenda em Tatuí. Ficamos amigos”

Como chegar no Kartódromo de Caraguá? Siga pela Avenida Floriano Peixoto (avenida da Padaria Estrela – Poiares) até o final, passando pela Avenida Garça e por um pequeno trecho de serra em estrada de terra. Mantenha-se sempre à esquerda. Pronto chegou! O Kartódromo de Caraguatatuba fica no bairro do Tinga.


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Retratos da cidade << As belezas de Caraguatatuba podem ser retratadas das mais variadas formas. Uma praia, um amanhecer, a cultura caiçara e muito mais. Viaje nesta galeria repleta de cores e emoções.

Morro do Santo Antônio

Amanhecer no Massaguaçu

Camaroeiro

Vista aérea de Caraguatatuba




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