P&V - março

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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS

MARINHA GRANDE

POENTE

Esta revista faz parte da edição nº 2650 de 19 de março de 2015 do Jornal da Marinha Grande e não pode ser vendida separadamente

março2015

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A PRIMAVERA CHEGOU! HERÓIS DA FRUTA CARNAVAL ENTREVISTAS GERAÇÕES CALAZANS PRÉMIOS CALAZANS A LENDA DA GIRAFA VOX POPULI TRABALHAR NA SOMBRA UM LIVRO UM FILME ...

gic gabinete imagem e comunicação


CHEGOU A PRIMAVERA Editorial

Neste ano de 2015, em tempos de crise, neste mês de março chega finalmente a Primavera. É o tempo da renovação e da esperança: que seja bem-vindo. Uma publicação como o Ponto & Vírgula é talvez um dos meios ideais para dar voz a essa esperança. Voz de um agrupamento de escolas, procura traduzir todo o fervilhar de vida que significa a palavra escola. Mas, atualmente, este propósito não se pode concretizar apenas através de textos e imagens paradas: por isso, o P&V é tão só uma parte da atividade do Gabinete de Imagem e Comunicação, cujas outras componentes media –TV e Rádio – estão sempre acessíveis no sítio do Agrupamento, em http://age-mgpoente.pt/gic/ . Neste ano letivo, na primeira 4ª feira de cada mês, saíram já 6 P&V, em formato digital (disponíveis no endereço apontado). Chegou agora o momento da edição impressa e nela continuamos a dar conta da vida no Agrupamento. As nossa páginas procuram ser o reflexo da promessa de futuro que são os jovens que aqui escrevem ou sobre quem escrevemos. Eles estão nas reportagens, nas notícias, nos textos vários que publicamos – opiniões, retratos dedicados aos talentos, etc. – e nos desenhos e pinturas da nossa Galeria digital. Com efeito, esforçamo-nos por apresentar cada vez mais produtos feitos por alunos. Alguns são membros do Clube de Jornalismo da Calazans, e trabalhadores empenhados. Em forma de reconhecimento por todos os que têm colaborado no P&V, citamos, a título de exemplo, três dos nomes dos que mais vezes têm aparecido a assinar artigos: a Catarina Sousa, do 10º E, a Ana Aparício, do 12º D e a Sara Carvalho, do 10ºH. Os alunos são de facto a razão de ser das escolas, e é para e com eles que as várias unidades do Agrupamento desenvolvem atividades e projetos,

tão variados que nem sempre conseguimos divulgar todos. Neste número, referimo-nos, por exemplo, aos projetos Mind Up, da Stephens, EcoEscolas, no Jardim de Infância da Moita, Heróis da Fruta, da Escola da Fonte Santa, à palestra sobre Violência no Namoro, à Campanha para a doação de medula óssea e de sangue, na Calazans, ao Carnaval na Guilherme, às visitas dos meninos do 1º ciclo da Moita e da Stephens, entre outros. Também publicamos os testemunho das alunas estrangeiras que frequentam a Calazans, contribuindo para trazer com elas um pouco de mundos diferentes. Considera-se, evidentemente, que todos essas atividades são também uma forma de atingir o grande desígnio do Agrupamento que é a promoção de mais e melhores aprendizagens, integrando todos os alunos. Procuramos, nesta edição, divulgar algum do trabalho feito, noticiando a pesquisa dos meninos do 2º ano do Casal do Malta e a realização da Visita de Acompanhamento no âmbito do TEIP. Mas, se o Agrupamento quer que os alunos aprendam mais e melhor, sejam cidadãos responsáveis e livres e se promovam nas várias dimensões, também sabe reconhecer-lhes o mérito. Prova disso são as realizações anuais dos Prémios Stephens, que já referimos, e dos Prémios Calazans, de que falamos hoje. Publicamos ainda uma entrevista ao Presidente do Nerlei sobre o ensino profissional, pois é constante a preocupação do Agrupamento com a procura de melhor se articular com a comunidade. Esta inserção no meio é também testemunhada neste número com a reportagem intitulada Gerações Calazans. A abertura ao exterior, parte integrante de uma educação de hoje, faz-nos estar atentos ao que se passa fora da Escola, como por exemplo, à situação na Ucrânia, ao ambiente e reciclagem na cidade, aos filmes e livros que se apreciam, aos dias da mulher, da poesia e, claro, dos namorados, como em Vox Populi. Mas não há escolas sem professores: por isso, temos procurado valorizar o seu papel, ao mesmo tempo que os damos a conhecer melhor através

de, por exemplo, neste número, o artigo sobre os professores que asseguram o funcionamento de toda a tecnologia essencial ao funcionamento das escolas. Testemunha do cuidado que o Agrupamento dirige aos seus professores e funcionários é o Projeto de Saúde no Trabalho que divulgamos nestas páginas. Para terminar, fica a questão: teremos razão em falar de esperança, renovação e vida, a propósito deste P&V, neste início de Primavera de 2015? A resposta fica com cada um dos nossos leitores.

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Edição: Jornal da Marinha Grande Director: António José Ferreira Esta revista faz parte da edição nº 2650 do Jornal da Marinha Grande e não pode ser vendida separadamente

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Coordenação:

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Redação: Alice Marques, Afonso Costa, Ana Aparício, Bruna Matias, Carolina Barbosa, Catarina Sousa, Célia Soeima, Cristiana, Diana, Ekaterina, Francisco Fernandes, Giulia Pizzignacco, Indira Kühn, Joana, Lizzie Schmidt, Margarida Amado, Micael Santos e Tomás Saraiva Impressão: Gráfica Diário do Minho

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Tiragem: 2200 exemplares

Produção gráfica: gabineteimagem eseacd

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FOMOS PINTAR COM A LUZ Escola Básica da Moita Os alunos da Escola Básica da Moita visitaram, no dia 26 de fevereiro, o IPDJ (Instituto Português de Desporto e Juventude de Leiria). No âmbito do ano da luz, o grupo participou com muito entusiasmo no Workshop: “Light Painting”, orientado pelo Artista Plástico António Palmeira. Estes “pequenos aprendizes no mundo das Artes”, foram à procura de novas experiências, sensações, ferramentas de aprendizagem e de novos conhecimentos.

Aprenderam que o Light Painting é uma técnica de iluminação fotográfica, que em tradução livre significa “pintar com a luz”. A técnica consiste em movimentar uma fonte de luz, num ambiente totalmente escuro, na frente da objetiva, criando imagens formadas pelo rasto da luz.

HERÓIS DA FRUTA Escola Básica da Fonte Santa

Neste ano letivo, 2014/2015, a escola da Fonte Santa está envolvida no projeto dos Heróis da Fruta. As professoras explicaram-nos a importância da fruta na nossa alimentação e na saúde. Havia uma grelha onde, durante um tempo, pintámos uma estrela correspondente à fruta que comíamos diariamente. No início do projeto as professoras pesaram-nos e mediram-nos e em janeiro voltaram a fazer o mesmo; observámos que em alguns casos houve alterações positivas. Houve

meninos que começaram a trazer fruta com maior frequência. Com a ajuda dos professores de música, escrevemos uma letra, cantámos e as professoras filmaram-nos. O hino dos heróis da fruta foi posto no youtube, onde todos nos podem ver e votar! Votem: 760 457 362 https://www.youtube.com/watch?v=oBKPuZ7HyHA

PRESERVAÇÃO DO MAR

PROJETO ECO ESCOLAS

Jardim de Infância da Moita No âmbito do projeto Eco Escolas, os alunos do Jardim de Infância da Moita encontram-se a trabalhar a importância dos mares e a sua preservação. Integrada nesta temática, efetuou-se uma visita de estudo à Nazaré e ao Museu Dr. Joaquim Manso, no passado dia 25 de Fevereiro de 2015. Os alunos puderam tomar contato com a história da Nazaré e a sua ligação com as artes da pesca, os

costumes e as tradições. Ouviram atentamente a lenda de D. Fuas Roupinho e sua promessa de erigir uma capela em honra de Nossa Senhora da Nazaré, Santa Padroeira da Cidade. Por fim visitaram ainda o Porto de Abrigo e a Praia fazendo observação direta das condições ambientais, assunto que continuará a ser debatido e trabalhado durante este período letivo.

MOSTEIRO DA BATALHA Escola Básica da Fonte Santa Quarta-feira, dia 4 de fevereiro, fomos visitar o Mosteiro de Santa Maria da Vitória Mais conhecido por Mosteiro da Batalha Aprendemos que foi o Rei D. João I que mandou construir o Mosteiro como forma de agradecimento à Nossa Senhora por ter ganho a batalha de Aljubarrota contra os Espanhóis.

O Mosteiro, de arquitetura gótico tardio português ou estilo manuelino, é considerado património mundial da UNESCO. Em 2007 foi considerado uma das sete maravilhas de Portugal.

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PRESIDENTE DO NERLEI EM ENTREVISTA AO P&V “É preciso acabar com o estigma dos cursos profissionais” Entrevista de Alice Marques

Jorge Santos. 53 anos. Licenciado em Gestão de Empresas. Doutorado em Marketing e Comércio Internacional. Administrador e Diretor Geral da VIPEX (empresa de Plásticos, ou, como prefere dizer – de desenvolvimento de produto, arquitetura e produção de plásticos). Faz parte da direção do Núcleo Empresarial de Leiria (NERLEI) desde 2009. Assumiu a Presidência em 2012, sob proposta da direção. Apresentou um projeto NERLEI 2020- para sobreviver à sua liderança, visto que só pode exercer dois mandatos de 3 anos. NERLEI – associação regional reconhecida a nível nacional. Faz parte da AIP (Associação Industrial Portuguesa) da CIP (Confederação da Indústria Portuguesa) a cujo conselho de administração pertence, e do Conselho da Energia. Tem 900 empresas associadas, sendo 1/3 de serviços, 1/3 de empresas industriais e 1/3 de agro-indústria. Um crescimento notável nos últimos 5 anos, pois eram 540 em 2009. Como economista, o presidente do NERLEI quis deixar uma visão pessoal do rumo do país: “A única saída do país é o desenvolvimento económico. Contas equilibradas e empresas competitivas. Empresas que possam gerar riqueza, para pagar impostos, necessários para sustentar o estado social. Para uma economia competitiva são precisos bons trabalhadores em todos os níveis. Máquinas e matérias-primas, podemos ir buscar onde as há, mas os trabalhadores, temos de os formar. Ser um bom trabalhador significa, em primeiro lugar, ter atitude (que deve começar em casa, mas que a escola deve reforçar), competências (saber fazer) e capacidade de aplicar. Ter bons técnicos é a forma de reduzir a desigualdade salarial nas empresas. Em países como a Alemanha e França, com mão-de-obra técnica de grande qualidade, a desigualdade salarial entre engenheiros e técnicos de base é muito menor do que em Portugal. Mais competências na base significa menos dependência do topo. É possível pagar melhores salários aos técnicos, se as empresas não estiverem tão dependentes de engenheiros. Esta é a via para reduzir as desigualdades salariais e portanto, sociais.

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Alice Marques: É indiscutível que os dois últimos governos têm feito uma forte aposta no ensino profissional. Passamos de 30 mil alunos em 2001 para 113 mil em 2013. Considera adequada esta orientação da política educativa? Jorge Santos: Os dados demonstram que o governo tem estado focado no ensino profissional. É uma opção perfeitamente correta. As empresas têm enormes carências de técnicos especializados. O ensino regular não desenvolve competências no domínio do saber fazer e o país, as empresas, precisam de ter gente com boa formação técnica. Parece contraditório, num país com desemprego jovem tão elevado, as empresas terem tantas carências, mas não é. A.M. Acha que Portugal tem uma cultura empresarial que efectivamente valoriza esta modalidade de ensino/formação e empresas recetivas aos jovens estagiários? J.S. Há de tudo. Empresas que valorizam, outras que não. Há as que pensam estrategicamente e querem estes jovens, outras que só olham para o imediato e, se no imediato não precisam de mãode-obra especializada, não consideram relevante ter parcerias com as escolas e admitir estagiários. A.M. Reconhece que há empresas que acham que estão a fazer um favor às escolas quando recebem estagiários? J.S. Claro que há. Mas acho que é de desvalorizar essa atitude. Devem-se pegar os bons exemplos. Precisamos de trabalhadores com boa formação, temos de dar essa oportunidade aos jovens, que é também uma oportunidade para as empresas. A escola Calazans Duarte tem uma tradição e uma bandeira neste domínio, o curso de fresadores, como exemplo de uma excelente articulação escola/empresas. A.M. As empresas dispõem de tutores/monitores preparados para acompanhar jovens estagiários? J.S. Tem de haver mais ligação entre os professores/ formadores e os tutores das empresas. Os miúdos não podem chegar às empresas e serem deixados ao Deus dará! A.M. Conhece a proposta da parceria entre a escola Calazans Duarte, Cenfim e Cefamol para a constituição de uma Bolsa de Tutores?

J.S. É uma excelente ideia. Esse é o caminho, para envolver as empresas, para dar sentido e consistência ao conceito formação em contexto de trabalho A.M. E como considera o acompanhamento que os formadores/professores fazem dos jovens quando estes se encontram em estágio nas empresas? J.S. Também neste caso haverá diferentes envolvimentos, mas sei que há situações em que os alunos estagiários se sentem perdidos na organização; a ligação com a escola é por vezes muito ténue, o acompanhamento dos professores torna-se rotina, obrigação. A.M: O ensino vocacional de inspiração alemã (ensino dual) é a menina dos olhos do Ministro Crato. Mas ao contrário da Alemanha, alunos com historial de insucesso é que estão a ser “empurrados” para estes cursos, mesmo antes de concluírem o 9º ano. Concorda com este encaminhamento precoce? J.S. É uma solução para muitos casos de miúdos que não têm apetência pela escola. Dou-lhe um bom exemplo: a ATEC tem este ensino e as empresas que têm recebido jovens estagiários estão encantadas com eles. Temos de valorizar estes exemplos junto das associações, dos pais e dos jovens, criar formas de divulgar os casos de sucesso desta formação, para combater o estigma que ainda marca os alunos que optam pelo ensino profissional ou vocacional. A.M: Segundo os dados de 2014, o ensino profissional representa atualmente 42,4% dos estudantes de secundário, mas o Ministro Crato projeta atingir os 50% até 2020, i.é. cerca de 200 mil jovens. Acha que o tecido empresarial português tem capacidade para absorver tantos jovens? J.S. Globalmente acho que tem, mas claro que oferta formativa profissional das escolas pode estar desarticulada com o tecido empresarial. A escola não deve pensar os seus alunos como clientes, os seus clientes são as empresas, os alunos são o produto que a escola tem para oferecer às empresas. A escola tem de pensar se as ofertas formativas que faz aos jovens estão de acordo com as necessidades do tecido

empresarial. Escolas e empresas têm de estar mais próximas, conhecerem-se melhor mutuamente. A.M. Acha que para esse conhecimento mútuo, as organizações empresariais deviam ser também parceiros na elaboração dos planos dos cursos? J.S. Sim, as organizações empresariais devem ter uma palavra a dizer sobre isso. E é preciso também uma melhor articulação entre os níveis de ensino. Tem havido, ao longo dos anos, algum desleixo que se reflete em desarticulação, sobretudo entre o secundário e o superior. Os alunos chegam às universidades sem as competências que supostamente deveriam ter. A.M. Mas responsabilidade não será do ensino superior que, desesperado por alunos, baixa o nível de exigência? J.S. A situação decorre da desarticulação de que falei. Se não há articulação entre os dois níveis, isso leva a que o ensino superior tenha de aceitar tudo. A tutela deve ser mais exigente nos critérios, nos dois níveis de ensino. A.M. Que conselho gostaria de deixar aos jovens que escolhem o ensino profissional ou vocacional? J.S. Um curso profissional ou vocacional é uma boa opção. É uma oportunidade para vós e uma necessidade das empresas e do país, a única via para uma economia competitiva. E quando vão estagiar pensem sobretudo no que querem e podem aprender na empresa. Encarem o estágio como local de aprendizagem. A.M. E que conselho deixaria à escola? J.S. Invistam na formação de atitudes. Desenvolvam nos jovens capacidade criativa, empreendedora e autonomia.

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GERAÇÕES CALAZANS Amigos e professores que não se esquecem Alice Marques

Sara Felisberto

Diferentes gerações, pessoas singulares, diferentes visões da escola. Mas o essencial é comum a todas: a Calazans Duarte é e sempre foi uma escola de referência no concelho e … sim, há professores que não se esquecem!

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Matilde e Vanda Felisberto

A escola secundária Engº Acácio Calazans Duarte, que já foi a escola industrial e comercial, a secundária, e até, num breve período, a secundária polivalente da Marinha Grande, vai a caminho dos 100 anos, que fará em 2025, quando as gerações que aqui dão voz à memória já tiverem seguido outros rumos. Por esta escola, que funcionou em diferentes espaços, o último dos quais ampliado e requalificado, passaram muitas gerações. O P&V entrevistou várias, de duas famílias marinhenses, cujas vidas foram marcadas pela passagem pela Calazans. À pergunta “o que recorda da Calazans?”, por breves segundos, todos respondem com o silêncio. Remexem no baú das recordações, à procura dos melhores momentos vividos na escola, dos melhores amigos que aí fizeram, dos professores que os marcaram. Depois, o passado, mais distante ou de ainda ontem, senta-se à mesa com a repórter do P&V e a conversa começa. Diferentes gerações, pessoas singulares, diferentes visões da escola. Mas o essencial é comum a todas: a Calazans Duarte é e sempre foi uma escola de referência no concelho e … sim, há professores que não se esquecem! Antonieta Magalhães, Vanda Felisberto e os seus descendentes Sara, Filipe e Matilde, passaram pela Calazans, quase todos em tempos simultâneos, todos como alunos, exceto a Vanda, que vê a escola e o ensino em geral com olhos de professora e claro, de encarregada de educação.

Cada uma fala da escola com o afeto da memória e, através dela, reflete sobre a evolução do ensino em Portugal. “Bons professores”, segundo Antonieta, que foi aluna num curso pós laboral e depois aqui andou 24 anos a ensinar a língua de Camões, foram o mais importante para “dar bom nome” à Calazans. Mas não só. Também algumas direções contribuíram para isso. Do seu tempo, recorda a de Leonília Rijo, Alberto Cascalho e Manuela Miranda. “Democratização, abertura, menos rigidez, mais partilha entre alunos e professores e melhor apetrechamento em valores” são as ideias que resumem a sua visão da grande mudança da escola. Vanda Felisberto, que não fez aqui o secundário mas que aqui ensina biologia há 25 anos, destaca diferentes aspetos: “alguma degradação” nas relações professor/alunos, “indisciplina dos alunos, sobretudo do nível básico” e mais recentemente “uns programas exigentes, mas exames finais que não refletem essa exigência e “um cuidado” extremo na conceção dos manuais. Matilde, o mais novo elemento desta família e ainda aluna desta escola, não podia estar mais de acordo: “Encontro tudo o que preciso de saber nos manuais e só recorro às novas tecnologias para pesquisar informação se estiver aflita”. Mas as novas tecnologias também têm um lado negro: “causam muita, muita perturbação nas aulas, sempre com gente a enviar sms, apesar do Regulamento Interno o proibir”. Sara Felisberto saiu da Calazans há uma dezena de


Há 50 anos, Fernando Vicente veio para uma escola “quase a estrear”, enorme e “impressionante”.

anos, mas tem a memória ainda fresca. Considera que apanhou uma fase de “menos exigência intelectual na escola” e lhe faltou “desenvolver o espírito crítico, embora todos os programas o pregoassem”. Orgulha-se de ter frequentado a Calazans, recorda essencialmente as amizades e os professores, “todos diferentes” mas todos igualmente bons professores: de matemática, Silvéria, “competente e exigente” e Aparecida,

“com um método muito centrado nos alunos”; Rui Rei, de Economia, duma exigência intelectual e de comportamento a toda a prova, Anabela Saraiva, de Biologia, “sempre muito preocupada, para que os alunos aprendessem”. Filipe, irmão de Sara e da Matilde, a fazer um doutoramento, diz que “não é muito bom para nomes”, mas há uma professora que não esquece: “Manuela Pires, cujo exemplo a ensinar matemática tentou seguir numa breve passagem pelo Instituto Politécnico de Leiria (IPL) ”. Da sua visão do ensino evidencia também “a falta de espírito crítico e falta de exigência no conhecimento da Matemática e da Língua Portuguesa”, de que se deu conta na sua experiência como professor. Também a família Vicente tem histórias diferentes, mas com muitos pontos de convergência, para contar. A relação com a Calazans começa uma geração antes do Engº Fernando Vicente, a do seu pai (já falecido), que foi aluno do professor que viria a dar o nome à escola: Acácio Calazans Duarte. Há 50 anos, Fernando Vicente veio para uma e s c o l a “q u a s e a e s t r e a r ”, e n o r m e e “impressionante”. Um edifício típico do Estado Novo, sólido e austero, num tempo em que rapazes e raparigas estavam separados na entrada para a escola, no recreio e nas turmas. A representação que evoca cruza as memórias como aluno com as de pai de duas gerações. Como aluno, recorda “a relação distante com os professores, a sua autoridade, nalguns casos excessiva”. “Um professor tinha tanta ou mais autoridade sobre os alunos do que os pais”- diz. Foi essa autoridade que se perdeu, por muitas e complexas razões, das quais destaca uma: “os maus pais”. E contudo, reconhece que hoje “os pais se interessam e se envolvem muito mais na

Mariana Vicente

educação dos filhos”. Excetuando esta falha de autoridade, tudo na escola é melhor hoje: “melhores programas, mais e melhores cursos, mais recursos, muito melhores instalações”. Mariana Vicente e Gonçalo Vicente, hoje com 31 e 37 anos respetivamente, evocam da escola as amizades que ainda mantêm e não consideram que, nesse tempo, o respeito pelos professores estivesse degradado. Mariana viveu a escola numa geração privilegiada “com as novas instalações do bloco B e professores muito competentes”. E do que aprendeu, para além da Química e da Biologia, tão úteis na sua formação como enfermeira, evidencia a lição para a vida: “respeitar os outros para sermos respeitados”. Gonçalo nunca sentiu “saudades da escola” porque tudo o que de bom aí viveu continua presente na sua vida: os amigos que mantém e a capacidade de questionar e pensar, aprendida nas aulas de filosofia da professora Isilda Silva. Reconhece que há hoje “uma crise de autoridade” dos professores que, pelo que vê em colegas já pais de filhos adolescentes, é também, em grande medida, “a falta de autoridade dos pais”. E arrisca uma explicação: “a escola tem muitas professoras e, num país com mentalidade machista, as mulheres têm mais dificuldade em exercer a autoridade, porque têm uma relação mais protetora com os alunos”. Duarte Vicente, o mais novo desta família, também passou pela Calazans, embora hoje frequente um colégio privado em Lisboa. Novo demais para guardar más memórias, Duarte responde com a espontaneidade dos seus 17 anos: “eu gostava das instalações dessa escola, de alguns eventos no auditório e das miúdas giras”. À pergunta porquê a falta de respeito pelos professores, Duarte responde sem hesitar: “porque eles deixam”.

Gonçalo Vicente ponto & vírgula agrupamento de escolas marinha grande poente

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PROGRAMA MIND –UP – O QUE É ISSO? Clara Fernandes atenção plena ou mindfulness, como é conhecido em inglês, aos alunos do 1.º ciclo do Agrupamento. Já participou também em palestras sobre o tema da aplicação da atenção plena com crianças, como palestrante. Fora do âmbito profissional, é cofundador e membro do Círculo do Entre-Ser, associação filosófica e ética, que visa promover atividades que contribuam para o desenvolvimento humano.

Pare, descontraia, respire e concentre-se apenas na sua respiração. Esvazie a sua mente e limite-se a sentir o momento presente. Difícil? Simples? Parece mais fácil do que o que é, mas os nossos alunos do 1º CEB já conhecem esta prática e falam dela com desenvoltura e convicção. São alunos do “Projeto Min Up” e aprenderam com o professor Fernando Emídio algumas técnicas para “relaxar” e concentrar-se mais. Em breve será deles a palavra, mas hoje a entrevista é com o professor Fernando José Rodrigues de Oliveira Emídio. Nascido em Mirandela, em 1974, formou-se na área de educação/ensino básico e tem exercido sempre funções de professor do 1.º ciclo do ensino básico, tendo passado também pela educação de adultos. Além das funções docentes, atualmente exerce funções de Coordenador Pedagógico do 1.º Ciclo no Agrupamento de Escolas Marinha Grande Poente. Tem sido responsável por aplicar o MindUp, programa de desenvolvimento de competências socio-emocionais, baseado na

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P&V - O que é o MindUP e que vantagens pode trazer aos alunos? Prof. Fernando Emídio- O MindUP é um programa compreensivo que pode ser aplicado desde o préescolar até ao 8.º ano. É baseado em evidência científica e foi estudado em sala de aula. O programa promove a consciência socio emocional, aumenta o bem-estar psicológico e promove o sucesso escolar. É composto por 15 sessões de fácil implementação. Cada sessão do MindUp começa com informação científica sobre o cérebro, seguida de uma atividade na qual os alunos podem ver exemplos concretos sobre como o cérebro funciona. À medida que o professor e a turma integram a aprendizagem acerca da forma como o cérebro processa informação, os alunos começam progressivamente a ficar mais observadores dos seus próprios processos de aprendizagem. P&V - Porque resolveu trazer o MindUP para o Agrupamento? F.E.-Já há uns anos que me interesso por esta área da atenção plena, a nível pessoal; então pensei que se estas práticas poderiam ser úteis para qualquer pessoa, também poderiam ser muito úteis para as nossas crianças. Mais tarde, inscrevime numa rede internacional de profissionais ligados à educação, desde professores, a psicólogos, assistentes sociais, terapeutas, autores de programas, etc, denominada Association for Mindfulness in Education e um dia resolvi lançar uma pergunta para saber se havia alguém em Portugal interessado no tema. Muito pouco tempo depois, a Dra. Joana Carvalho respondeu-me que estava a fazer um doutoramento nessa área, que era psicóloga e que estava interessada em trocar informações comigo. Começámos a trocar emails sobre o tema e como ela estava à procura de turmas do 3.º ano para fazer o seu estudo, eu lancei-lhe o desafio de poder fazer isso em algumas turmas na Marinha Grande. O programa que estava a utilizar era precisamente o MindUP, ela aceitou o desafio e a partir daí deu formação a vários professores do Agrupamento, onde eu estava incluído, tendo nós depois aplicado o programa às turmas.

P&V - Qual a recetividade da Direção a este Programa? F.E . - Inicialmente, quando fizemos a formação, ainda éramos Agrupamento Guilherme Stephens, com o Prof. Mário Marques como Diretor e o apoio da Direção foi total. Mais tarde, quando passámos a Agrupamento Marinha Grande Poente, com a nova Direção, o acolhimento foi igual. No ano de transição para o novo Agrupamento, fiz umas sessões com as turmas de 6.º e 9.º anos da Guilherme Stephens e uma turma de 12.º ano da Calazans Duarte, em que abordei alguns conceitos do MindUP e dei algumas “ferramentas” aos alunos para poderem utilizar na altura dos exames. O atual Diretor, Prof. Cesário Silva, mostrou desde logo interesse pelo programa, pelo potencial que o mesmo poderia representar para os nossos alunos. P&V - Como funciona em termos práticos? F.E -Uma vez que o meu horário não permitia aplicar o programa a todas as turmas durante uma semana, o que decidimos fazer foi dividir o ano letivo em dois semestres e trabalhar de setembro a janeiro com os alunos do 3.º e 4.º anos e de fevereiro a junho com os alunos do 1.º e 2.º anos. Estou uma hora por semana com cada uma das turmas das nossas sete escolas do 1.º Ciclo (Amieirinha, Casal de Malta, Fonte Santa, Guilherme Stephens, Moita, Prof. Francisco Veríssimo e Várzea), que em números este ano são 27 turmas e mais de 500 alunos. O programa em si divide-se em 15 sessões, repartindo os temas pelos quatro pilares em que a s s e nta : n e u ro c i ê n c i a , ate n çã o p l e n a , aprendizagem socio-emocional e psicologia positiva. A Unidade 1 - Acalmar a mente, trabalha as bases da neurociência, a Unidade 2 - Dar atenção aos nossos sentidos, trabalha a autoconsciência mediante a utilização dos sentidos, a Unidade 3 - É tudo uma questão de atitude, trabalha o controlo emocional e a Unidade 4 - Agir com atenção plena, trabalha a ação social. A prática central ou principal do programa consiste na atenção plena na respiração, em três momentos ao longo do dia: de manhã, à chegada à escola, após o almoço e antes de os alunos irem embora. No dia a dia, é solicitado aos professores titulares de turma que façam essa prática com os seus alunos. P&V - Qual a recetividade dos alunos, dos encarregados de educação e dos colegas? FE - A receptividade por parte de todos foi excelente... Os alunos adoram as atividades do MindUP e estão sempre com curiosidade para saber qual o tema que vamos abordar e quais as atividades que vamos fazer. Da parte dos


encarregados de educação, também houve uma boa aceitação. Penso que isso tem a ver com o facto de antes de iniciar o MindUP com os alunos, eu fazer sessões de informação onde exponho aos encarregados de educação os pressupostos teóricos do projeto e as atividades a realizar, havendo uma sessão prática para que percebam claramente o que se vai passar. Quanto aos professores, num questionário que tive a oportunidade de fazer o ano passado, a totalidade considera o MindUP útil e importante, notam o entusiasmo dos seus alunos pelas atividades, mencionam que as atividades de atenção plena foram úteis para os seus alunos, que a prática central foi útil e importante para si próprios dentro e fora da escola e defendem a continuação da implementação do programa.

P&V – E já consegue encontrar resultados em dois anos de aplicação do programa? F.E - São vários os benefícios que podemos colher destas práticas na sala de aula, mas como costumo deixar claro aos encarregados de educação nas sessões de informação, isto não é nenhuma varinha de condão que vai resolver todos os “problemas”. É uma ferramenta que pode ajudar as crianças a gerir melhor as suas emoções, a terem comportamentos positivos e socialmente responsáveis, a estarem mais atentos e concentrados, a terem menos stress e ansiedade, a serem mais otimistas, o que poderá promover uma melhoria no desempenho académico. P&V - Gostaria de ver o MindUP alargado a outros níveis de ensino? F.E - Se houvesse recursos, seria muito

interessante começar a aplicar logo no préescolar, com as crianças de 5 anos e levá-lo até ao 8.º ano. Alguns estudos feitos apontam que a aplicação deste tipo de programas em toda a escola tem o potencial de criar um ambiente completamente diferente entre todos. Além disso, também considero que seria importante se se conseguissem realizar sessões regulares de prática de atenção plena para encarregados de educação e para pessoal docente e não docente. Aí, de certeza que o impacto seria muito diferente! Fazemos votos para que tal aconteça, agradecemos a colaboração do Professor Fernando Emídio , e, caro leitor, fica prometido para breve um apontamento de reportagem com os testemunhos de alguns alunos envolvidos no programa.

A LENDA DA GIRAFA E.B. Casal de Malta-Turma 4, 2º ano

Olá a todos! A turma 4, do 2º ano da Escola Básica de Casal de Malta, esteve a estudar a diferença entre textos narrativos e informativos. Como exemplo dum texto narrativo, fomos pesquisar a lenda africana que conta por que tem a girafa o pescoço tão comprido. Vamos partilhar convosco o que descobrimos: “Há muito, muito tempo, a Girafa era um animal igual aos outros, com um pescoço e umas pernas de tamanho normal. Houve então uma terrível seca. Os animais comeram toda a erva que havia e andavam quilómetros para encontrar água para beber. Certo dia, estava a Girafa a falar com o seu amigo Rinoceronte sobre a fome que estavam a passar:

- Ah, meu amigo, tantos animais a passarem fome, a escavarem o chão à procura de comida, tudo tão seco e as acácias continuam verdinhas! - Seria tão bom poder chegar aos ramos altos! Foi então que o Rinoceronte se lembrou do Feiticeiro. Correram para sua casa e explicaramlhe o motivo da visita. O Feiticeiro disse-lhes que o problema era fácil de resolver. Ele tinha uma erva mágica que iria fazer com que as suas pernas e pescoços crescessem e assim poderiam comer as folhas tenrinhas das acácias. - Voltem amanhã ao meio-dia! – disse o Feiticeiro. No dia seguinte, à hora marcada só lá estava a Girafa e assim só ela recebeu a erva mágica. Ela comeu sozinha uma dose que dava para dois animais e logo sentiu uma sensação estranha nas

pernas e no pescoço. Começou a crescer, a crescer… Ficou muito alta e assim já podia comer as folhas verdinhas das acácias! Quando o Rinoceronte se lembrou do compromisso correu para casa do Feiticeiro, mas já não havia mais nenhuma erva mágica. Furioso, perseguiu o Feiticeiro pela savana fora. Diz-se que foi a partir desse dia, que o Rinoceronte, zangado com as pessoas, as persegue sempre que vê uma perto de si.”


PELOS CAMINHOS DO LIXO… A CAMINHO DE UMA CIDADE MELHOR! Diana, 8ºH; Joana e Cristiana, 8ºG.

Numa tarde de Fevereiro, fomos conhecer a Valorlis e partilhamos convosco algumas informações que obtivemos, esperando que olhem para o lixo de uma outra forma. Nós explicamos. A Valorlis é uma estação de valorização e tratamento de resíduos sólidos que se encontra em Leiria. É responsável por tratar e encaminhar para a reciclagem o lixo proveniente de uma área de cerca 297km2: Marinha Grande, Leiria, Porto de Mós, Pombal, Batalha e Ourém. A Valorlis é a melhor recicladora do país e trabalha em várias vertentes : uma que engloba o tratamento dos produtos provenientes dos “ecopontos” – os resíduos recicláveis; outra que tem a ver com o tratamento e destino final dado aos resíduos sólidos indiferenciados, que são colocados pelos habitantes nos contentores que existem nas várias localidades - os resíduos não recicláveis; estes resíduos destinam-se depois ao “aterro sanitário” e dão origem ao biogás, usado na produção de eletricidade. A Valorlis possui ainda uma central de valorização orgânica, ou seja, uma central em que os resíduos sólidos urbanos que vêm das regiões acima descritas são transformados em fertilizante agrícola. Como é que isto tudo funciona? Os produtos que são provenientes dos ecopontos passam por um processo chamado “Triagem”, que consiste na separação dos produtos por tipo de material, sendo formados “fardos” , para depois

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seguirem para a fábrica respetiva que fará a reciclagem, transformando plásticos, embalagens e papel em múltiplos materiais e objetos renovados. As instalações da Valorlis são na maioria automatizadas, possuem tecnologias treinadas para a identificação dos materiais como os sensores óticos, ímans para separar os materiais com características magnéticas, entre outros. O Aterro é um enorme terreno para onde são direcionados todos os resíduos sólidos indiferenciados. Os resíduos são colocados por camadas e separados por camadas de terra, para melhor decomposição. Todos os cuidados são aplicados no Aterro. O terreno é muito bem impermeabilizado para que o lixo não se infiltre no solo, para não contaminar os lençóis da água que poderíamos vir a ingerir. A decomposição dos resíduos resulta no biogás que, através de um processo complexo, gera energia elétrica, e resulta também no corretivo orgânico, um fertilizante natural que não pode ser utilizado em hortas normais que produzam alimentos que serão ingeridos ao natural (como as alfaces, por exemplo), mas sim em terrenos com alimentos que, por exemplo, crescem em árvores. O Aterro possui ainda um sistema de controlo de odores. Assim, quando se deteta que o cheiro da decomposição é intenso e o vento o empurra para a população, o sistema neutraliza as moléculas do odor, tentando não incomodar a comunidade.

O que tem isto tudo a ver consigo, comigo e com todos nós? Os resíduos que não são orgânicos, ou seja, os resíduos que deveriam ser postos nos ecopontos, são produtos fabricados pelo homem e, como tal, são feitos de materiais não orgânicos que levam dezenas, e alguns até centenas de anos a decompor-se! Quando colocados nos contentores de lixo habituais, chegam ao Aterro - e aí não há triagem possível - atrasam significativamente a decomposição dos resíduos orgânicos e ocupam espaço desnecessário. Esse espaço que não deveria estar a ser ocupado interfere com o planeamento e pode criar problemas. Não nos podemos esquecer que reciclar é o equivalente a poluir menos. Primeiro, deveremos reduzir os consumos, depois deveremos reutilizar o mais possível, por exemplo, as embalagens, os sacos, e finalmente reciclar. Ao reciclar não estaremos a produzir mais lixo, mas sim a transformar o velho em novo. Reciclar é um processo que começa em cada um de nós, pois se não separarmos o lixo, nunca haverá reciclagem alguma – sem o teu gesto, sem o seu contributo, todos estes caminhos não vão dar a lado algum. Separação dos lixos? Sim, todos a deveriam fazer, para ajudarmos o ambiente, o Planeta Terra, a nossa casa. Mas infelizmente as percentagens neste domínio são baixas e estamos longe das metas que temos de atingir nos próximos anos: o tempo escasseia! É preciso agir, agir já! Agora que já “passou” pelos caminhos do lixo, siga connosco a caminho de uma Marinha Grande, de nome, e grande amiga do ambiente . Para o ambiente melhorar, o melhor é reciclar.


TARTE DE MAMUTE NA BIBLIOTECA DA ESCOLA BÁSICA GUILHERME STEPHENS Afonso Costa (3.º ano), Micael Santos e Tomás Saraiva (4.º ano) Três turmas do primeiro ciclo da Escola Básica Guilherme Stephens têm o hábito de visitar a Biblioteca Municipal da Marinha Grande. Como a escola é perto da biblioteca, vamos sempre a pé. Nós, alunos, vamos contar-vos como tem sido. No primeiro período, uma turma fez a visita guiada e ouviu “A vaca de estimação”, de Luísa Ducla Soares. As outras duas, como já a conheciam,

VIVA O CARNAVAL!...

Jardim de Infância da Amieirinha

O jardim de Infância da Amieirinha festejou o carnaval com muita imaginação e folia. Nós somos uma Eco Escolas e para ajudar os meninos a conhecer como

ouviram “Tarte de Mamute” de Jeanne Willis. Para resumir a história, podemos contar-vos: era um homem das cavernas, que tinha como nome Og, e que não tinha nada para se alimentar. Pensou, pensou chegando à conclusão que podia fazer uma tarte de mamute. Para isso, foi pedindo ajuda aos amigos. Quando iam para caçar o mamute, a família desse mamute reuniu-se e não deixou que

os homens o comessem. Neste segundo período, ouvimos outras histórias: “Os amigos não são para comer”, de Elsa Lé; “A verdadeira história da Alice” de Rita Taborda Duarte; “Esdrúxulas, graves e agudas, magrinhas e barrigudas” de José Fanha. Espero que gostem desta notícia!

proteger o meio ambiente criámos a mascote ZECO que irá colaborar nas tarefas e aprendizagens. Pensámos e resolvemos ser todos Zecos. Com a preciosa colaboração da associação de pais nasceram 50 mascotes que pularam de alegria ao som da boa música que a câmara colocou nos pavilhões da FAE. Os familiares foram ver e aplaudir este evento onde as crianças foram o reflexo de que vale a pena festejar o carnaval em grande grupo, porque a boa disposição

também é contagiosa.

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PRÉMIOS CALAZANS A festa do mérito Margarida Amado

Quando o Francisco Rodrigues recebeu o seu 4º prémio da noite, já a festa estava a acabar. No final, levaria para casa um prémio de mérito académico, pela média de 19,3 com que terminou o 11º ano, um de mérito científico, outro de mérito cívico/de cidadania e este último, pelo empenho demonstrado ao longo do ano de 2013/14. Recebeu-o das mãos do Diretor do Agrupamento, professor Cesário Silva, que fez questão de ser ele a reconhecer publicamente o valor dessa atitude empenhada, que, em última análise, é a que permite todos os outros méritos. E foram muitos os méritos recompensados, tal como foram muitos os premiados por mérito académico: 40 alunos do 3º ciclo do ensino básico, do vocacional e do PIEF; e mais 56, incluindo o Francisco, do ensino secundário, quer dos cursos científico-humanísticos, quer dos cursos profissionais. Esta quase centena de jovens conseguiu médias, em 2014, acima dos 4,5 no básico e dos 14 no secundário. Mas neste último caso, 40 deles atingiram e ultrapassaram os 17,5 valores, o que merece destaque. Os aplausos foram igualmente para os que se distinguiram no plano artístico, em que foram entregues 2 prémios, um individual, e outro a

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uma turma; no plano literário, 1 prémio a uma aluna; no plano científico, 4 prémios, sendo o do Francisco individual e mais 3, conjuntos; no plano cívico/de cidadania, 5 prémios, todos conjuntos; no plano desportivo, 17 prémios, sendo 14 individuais, pelos sucessos em modalidades diversas, no âmbito do Desporto Escolar ou outros; finalmente, no plano do empenho, foram premiados, além do Francisco, o André Vital e o Rafael Vital – com médias de 19,8 e 19,5 – que, em breves palavras, explicaram perante todo o auditório que o sucesso e os ótimos resultados se obtêm com trabalho, trabalho, trabalho que até nos leva muitas vezes a ultrapassar os objetivos fixados, pois, quando entramos nesta Escola, há três anos, nunca pensamos estar hoje aqui, com estas médias e já alunos da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Os prémios foram sendo entregues por diversos professores, num clima de afeto, que em muito carateriza o trabalho feito na Escola e contribui grandemente para os resultados obtidos. Também o Presidente da Associação de Pais, o Secretário da Junta de Freguesia e a Vereadora da Educação da Câmara Municipal da Marinha Grande foram chamados a participar da festa,

entregando prémios de mérito cívico e desportivo. A Presidente do Conselho Geral do Agrupamento entregou ainda um prémio de reconhecimento pelos anos de serviço a duas funcionárias recentemente aposentadas, Maria Fernanda Ferreira e Conceição Alberto. Ao longo da noite, foram-se ouvindo as palavras dos representantes dos alunos premiados, que agradeceram o reconhecimento e os apoios que lhes permitiram conseguir os seus feitos. Uma deles, a Adriana Nobre, que falou em nome dos que já concluíram o 12º ano, fez uma alocução notável, bem demonstrativa do mérito reconhecido. Também as palavras com que o Diretor do Agrupamento abriu a sessão explicam parte do sucesso festejado: a Calazans, com as outras 9 escolas que constituem o Agrupamento de Escolas Marinha Grande Poente, assume-se e projeta continuar como uma instituição de referência a nível local, regional e nacional, não se poupando a esforços para servir a comunidade em que está profundamente inserida, integrando todos os alunos que a procuram e frequentam, melhorando as suas aprendizagens, para formar cidadãos responsáveis, livres, informados e cultos. Mas não há festa sem música e esta esteve presente logo à entrada da Escola, no átrio, onde a banda do Rafael, da Irina e do Tiago, alunos do 10º ano, dava as boas-vindas aos que vinham chegando. No auditório, tudo começou com uma ária clássica pela magnífica voz da Ema Gonçalves, do 9º ano, que imediatamente a seguir interpretou Eye of the Tiger, com um ritmo que ficou para marcar o desenrolar da noite. Seguiu-se depois o talento da Marisa Duarte, do 11º ano, primeiro num solo de piano, e no fim acompanhada de uma dança improvisada pelo Fábio Casaleiro, do 10º. Este interveio, também com grande sucesso, noutro dos momentos de


pausa, dançando Sonho de uma manhã de inverno, com o piano da Bruna Norte, da mesma turma do Fábio. Noutro momento, ouviu-se, igualmente muito aplaudida, a voz da Beatriz Pereira, do 10º, acompanhada pela guitarra da Maria Beatriz. Mais tarde, foi a vez de os Rushed Up, uma banda formada por André Martins, Miguel Esperança, Fábio Vieira, Ana Martins e Daniel Oliveira, animarem a sala com agrado de todos. Houve ainda tempo dedicado à palavra com os poemas Liberdade de Fernando Pessoa e A flor de Almada Negreiros, interpretados por Andreia Rainho e Catarina Brito, do 9º ano. Outro dos pontos altos foi o pequeno filme de animação feito pelo João Sousa, do 12º, um dos premiados no mérito artístico. E o que fez o Francisco Rodrigues ao longo de toda a noite? Pois bem, ele conduziu toda a festa, apresentando-a acompanhado pela Ana Aparício, do 12º ano — também premiada pelos méritos académico (19,2 de média) e científico. Fizeramno com à vontade e empenho, e, como não podia deixar de ser, saíram-se bem. Para eles, a festa começara antes, com os

preparativos e o ensaio da tarde, quando a Ana declarou que não estava nervosa, antes confiante na boa preparação feita e na compreensão das pessoas que sabem que não somos profissionais. O Francisco confessava-se então um pouco nervoso, mas crente que o que tinha a fazer valia a pena, pois isto dos prémios é importante, motiva para ser sempre melhor e é uma maneira de os alunos verem o seu esforço reconhecido. A Ema Gonçalves, que iria canta a abrir a noite, tiritava no grande auditório ainda vazio durante o ensaio; mas sempre nos disse que adoro isto, o ambiente, participar numa coisa de conjunto, cantar; só fico particularmente nervosa por saber que vão estar muitas pessoas a olhar para mim... Já o João Sousa, o Diogo Oliveira e a Bianca Rebelo se mostraram de poucas palavras, atarefados que estiveram, desde as 15 horas, com toda a parte técnica. Pelos vistos, trabalharam com mérito, que a noite decorreu tão bem que não se deu pela sua presença. Dirigindo tudo, dos preparativos aos ensaio e à festa propriamente dita, esteve sempre o professor José Nobre, coordenador do GIC, que não tinha mãos a medir e parecia estar em todo o

lado ao mesmo tempo. E quando, pelas 21h., o auditório se começou a encher, estava tudo a postos, com os 129 prémios perfilados na parede fronteira ao público e uma sala acolhedora. Mas tudo tinha começado muito antes, no esforço diário de alunos, professores famílias, diretores, funcionários e restantes membros da comunidade educativa...Como disse a Ana, no final, a festa foi de todos, pois na verdade todos recebemos um prémio, a oportunidade de viver a escola. NOTA: podem-se ver todos os nomes dos premiados no sítio da Escola, http://agemgpoente.pt/ , onde estão também disponíveis muitas fotos do acontecimento.

PROGRAMA TEIP Visita de acompanhamento

P&V

Realizou-se no passado dia 11 de fevereiro a 1ª visita de acompanhamento do programa TEIP, relativa ao ano 2014/15. Assim, esteve na sede do Agrupamento um representante da Equipa de Projetos de Inclusão e Promoção do Sucesso Educativo (EPIPSE), da Direção Geral de Educação. Esta visita teve como objetivo a monitorização do Plano de Melhoria em curso no Agrupamento.

Para isso, foram constituídos 4 painéis, segundo as indicações daquela equipa, tendo participado nas sessões a Coordenadora TEIP, o Diretor e professores das várias escolas agrupadas, tal como o representante da EPIPSE. No 1º painel foram abordados temas como a indisciplina, o absentismo e abandono, a relação com a família, a comunidade e as entidades parceiras, a divulgação da informação e as dinâmicas de participação; no 2º, tratou-se da avaliação (diagnóstica, formativa e sumativa), da forma de implementação das medidas constantes do protocolo, da articulação horizontal e vertical, da supervisão pedagógica, das estratégias de diferenciação pedagógica e das soluções inovadoras experimentadas no Agrupamento; alguns destes assuntos foram retomados, com diferentes intervenientes, no 3º painel; finalmente, no 4º, os assuntos debatidos foram a planificação estratégica, a monitorização, a avaliação, os resultados e as dinâmicas de participação. Segundo a Coordenadora TEIP, professora Isilda Silva, a visita decorreu de forma muito positiva, quer pela oportunidade de trabalho conjunto entre os vários implicados, quer pelo ponto da situação relativamente aos 4 eixos definidos para o Plano de Melhoria do Agrupamento. Estes são, primeiro, o do apoio à melhoria das

aprendizagens (Atuar dentro da sala de aula); segundo, o da prevenção do abandono, do absentismo e da indisciplina; terceiro, eixo da gestão e organização; quarto, o da relação EscolaFamília-Comunidade e as parcerias. Dentro destes quatro eixos, o Agrupamento definiu objetivos e metas a atingir, através de ações muito concretas, que têm vindo a ser desenvolvidos e avaliados internamente. O balanço feito é, portanto, um bom ponto de partida para a elaboração do Plano Plurianual de Melhoria, a apresentar em abril de 2015, sobretudo pelo alento que a visita deu a todos os participantes. Para a professora Isilda Silva, que coordena este Programa desde setembro de 2014, o protocolo TEIP supõe um compromisso para iniciar um processo de melhoria, e significa, da parte da tutela, o reconhecimento da capacidade do Agrupamento para iniciar esse processo. Considera ainda que este reconhecimento deriva do desígnio de mobilização interna para a supervisão do seu próprio desenvolvimento, desígnio já manifesto na escola antes de 2012, ano em que a sede do Agrupamento foi convidada a integrar o Programa TEIP. É por isso que, tal como o Diretor do Agrupamento, se mostra confiante nos resultados já obtidos e a obter.

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POESIA E MULHERES, SENTIDOS E CORAÇÃO Margarida Amado

Presumível retrato da poeta grega Safo. Pintura proveniente de Pompeia

Quase toda a poesia que a humanidade conserva como património precioso foi escrita por homens. Mas, apesar de tudo, há poemas de mulheres, alguns bem antigos – que vale a pena lembrar neste mês de março em que se comemora o dia da mulher e o dia da poesia. Safo viveu na Grécia, no século VII a. C., na ilha de Lesbos, e foi muito apreciada pelos gregos, que a consideravam a Décima Musa (as outras nove, filhas de Zeus, tinham a capacidade de inspirar artes e ciência). Ela cantou na sua poesia a embriaguês dos sentidos e as coisas belas da vida, mas também o seu lado mais sombrio. Do que escreveu ficaram alguns fragmentos e pequenas obras-primas que não parecem ter sido escritas há cerca de 2 600 anos: Quando arrefece o coração das pombas, desfalecem, na sombra, as suas asas... Por entre os perfume das macieiras, a água fresca murmura em torno... E das suas folhas, mal o vento as beija, o sono desce... E vem ao nosso encontro. A que devo, ó noivo, comparar teu vulto? De preferência ao tronco de um jovem arbusto. E já se aproxima, pra minha alegria, Com sandálias de ouro, a luz do dia... Tradução de David Mourão-Ferreira

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Também em Portugal, no século XVII, houve uma poetisa a que chamaram a Décima Musa, tal como os gregos chamaram a Safo. Ficou conhecida como Soror Violante do Céu, pois professou a partir dos 30 anos. Não escapando ao gosto característico seiscentista, o barroco, deixou-nos alguns dos mais belos poemas do seu século. Fica a primeira décima de um deles:

Coração, basta o sofrido, ponhamos termo ao cuidado, que um desprezo averiguado não é para repetido. Basta o que havemos sentido, não demos mais ao tormento, que passa de sofrimento dar (por um desdém tirano) toda a alma ao desengano, toda a vida ao sentimento. John Millais, Ophelia 1851/2


SER ESTUDANTE DO PROGRAMA INTERCULTURA Uma experiência única na vida

Lizzie Schmidt

Olá! Eu sou a Lizzie e sou uma estudante do programa intercultura. Sou dos Estados Unidos, Michigan, cidade de Ann Arbor e agora estou a viver na Marinha Grande, Portugal. Estou a estudar na escola Calazans Duarte, no 10º ano. A razão pela qual eu queria fazer um programa de intercâmbio é ganhar uma nova perspetiva, aprender uma nova cultura e língua e ter experiências que só vão acontecer uma vez na minha vida. Eu escolhi Portugal porque é um país muito diferente do meu. A ideia de intercâmbio é tentar novas coisas e ir para um sítio que seja completamente diferente da nossa terra, e para mim, Portugal é esse sítio. Uma outra razão por que queria vir para Portugal é a língua. Português não é uma língua que nós podemos aprender facilmente nos Estados Unidos, então para mim esta oportunidade de vir a Portugal e aprender português é uma que não vou voltar a ter. A chegada a Portugal foi uma coisa de surpresa. Tenho de dizer que eu não sabia quase nada sobre Portugal antes de chegar aqui e nunca imaginei que podia viver numa cidade onde há palmeiras na rua. Marinha Grande é muito mais pequena do que a minha cidade na América, mas eu gosto assim, porque é muito mais fácil conhecer a cidade. Claro, há outras diferenças entre Ann Arbor e Marinha Grande para além das árvores. Primeira: comida. Os portugueses comem muito, muito, muito peixe e acho que eu já comi mais peixe aqui em cinco meses do que no resto da minha vida. No meu estado, Michigan, normalmente comemos carne ou massa ao jantar (que é a refeição mais importante para nós) e eu quase nunca como sopa, mas aqui em Portugal como todos os dias. A sopa é uma comida de que gosto muito e a minha favorita é de feijão-verde. Em Portugal também comem muita fruta, mesmo no inverno, o que faz sentido por causa do clima e é um aspeto de que gosto muito de Portugal porque no meu estado nós não comemos tanta fruta no inverno, porque está frio demais para apetecer fruta. Uma curiosidade é que os portugueses tiram a casca a

toda a fruta! A minha família de acolhimento mora na cidade. São um casal jovem com dois filhos mais novos do que eu e temos uma boa relação. Penso que estou a integrar-me muito bem na escola. Os meus colegas foram muito simpáticos quando eu cheguei e ajudaram-me imenso. No início foi difícil, porque eu não percebia nada de português mas agora que estou a aprender é mais fácil e gosto muito da minha escola. Tenho duas professoras de apoio a português e já aprendi muito. Tive notas no primeiro período e posso dizer que foram boas. Uma coisa que me surpreendeu foi na escola haver pouco estrangeiros, pouca diversidade étnica. Há muitas outras diferenças na escola, mas sobre isso eu já escrevi num outro texto para o

P&V. Neste, quero realçar a relação entre os professores e os alunos: aqui os professores são mais distantes dos alunos e acho que isso acontece porque nas aulas os professores falam para os alunos, criando alguma distância com eles. Em geral está a ser uma experiência muito boa e espero que, até junho, eu continue a aprender novas coisas e a ter algumas surpresas.

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RESPEITAR AS DIFERENÇAS Giulia Pizzignacco

«APAIXONEI-ME POR ESTE PAÍS» Ekaterina

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PORTUGAL MELHOR QUE A ALEMANHA Indira Kühn

Já estou há 5 meses em Portugal e já sei que muitas pequenas coisas são muito diferentes da Alemanha. Por exemplo, a escola. Em Portugal é mais longa e os alunos passam muito tempo por dia nela. Aqui todas as salas têm um computador, na Alemanha, na minha escola, nós não fazemos nada na aula com computadores. Só precisamos de livros. Na Alemanha, os alunos não podem escolher as disciplinas. Até ao 12º têm de fazer todos e eu não gosto disso, porque por exemplo eu estou mal na matemática mas tenho que a fazer. Aqui, os alunos podem escolhem as disciplinas a partir do 10º ano e eu acho muito bem. Em Portugal as alunos podem falar com os professores como com um amigo. Primeiro achei muito estranho, mas agora eu gosto muito. Muitos alunos são muito disciplinados no trabalho da casa, estudam bastante, o que é novo para mim. Penso que, geralmente, escola é um tema importante na vida dos portugueses. Família: A vida na família é completamente diferente para mim. As famílias são mais

alargadas, com avôs, avós, tios, primos e no fim de semana os portugueses passam mais tempo com a família. Isto é também novo para mim e eu tenho a impressão que a família é para os portugueses o melhor amigo. Isto é fixe ! Comida: Os portugueses gostam mais de comida portuguesa, por isso eles comem só comida portuguesa. Comem cinco vezes ao dia e ao jantar eles comem também comida quente como ao almoço. E a hora de comer é diferente. Na Alemanha nós comemos o jantar às seis e meia ou sete e em Portugal, às oito ou muitas vezes mais tarde. O comportamento de comer é muito diferente: na Alemanha nós comemos só três vezes ao dia e não muito mais comida alemã e ao jantar comemos mais pão. Porquê Portugal ?Eu escolhi Portugal, porque sou meio portuguesa do lado paterno, mas eu não sabia nada sobre o país. Desde criança, eu queria falar português. Por isso pensei que AFS me oferecia uma boa possibilidade para ficar a conhecer o país e as pessoas. Como disse, já estou há 5 meses em Portugal e

HOJE HÁ INTERVALO Catarina Sousa

Ekaterina, aluna na Calazans Duarte, foi ao Hoje há intervalo, na quinta-feira, 5 de fevereiro, dizer um

poema na língua da sua terra natal, o russo. Ninguém entendeu as palavras mas a emoção passou para quem ouviu. Beatriz, uma presença habitual neste evento, cantou e tocou uma versão

agora eu sei e vi muitas coisas. Portugal é um país bonito, isto é claro. Tem muitas praias e uma natureza maravilhosa. Eu gosto muito da comida aqui. É saudável e natural, mas para mim muito deliciosa. Gosto muito das sopas, que eu como todas dias, e o arroz é também muito melhor do que na Alemanha. Os portugueses são muitos simpáticos e prestáveis para mim. No geral, penso que os portugueses são um povo agradável. Em Portugal, tive 2 famílias de acolhimento e com ambas aprendi muitas coisas que também farei na Alemanha.

acústica de “Radioactive” dos Imagine Dragons. O projeto Hoje há intervalo tem 5 anos. É uma ideia da equipa da mediateca da Calazans Duarte e já deu a conhecer muitas facetas de alunos e professores. Ocorre às quintas-feiras, no intervalo das 10:00h às 10:15h, na Mediateca da Escola. Esta projeto tem forte adesão dos alunos, devido ao tipo de atividades que aí acontecem. Ao longo destes cinco anos, passaram por ali muitos jovens que partilharam com os utilizadores da mediateca, música, declamação de poemas ou impressões sobre livros.

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TRABALHAR NA SOMBRA

Equipa TECI – área TEC Margarida Amado

Nos tempos de hoje, a imagem, a comunicação e as tecnologias são fatores determinantes do sucesso de qualquer empreendimento ou instituição. Consciente disso, o Agrupamento de Escolas Marinha Grande Poente promoveu a criação da Equipa Tecnologias Educativas, Comunicação e Imagem (TECI). Constituída para responder ao conjunto dessas necessidades, integra duas áreas: a das Tecnologias (TEC), que apoia os serviços administrativos e de gestão e garante a instalação e manutenção do software e hardware do parque escolar; e o Gabinete de Imagem e Comunicação (GIC), que desenvolve projetos como a Calazans TV, a Rádio, o Ponto & Vírgula, o Espaço Memória, etc.. Se esta última área é, por natureza, mais visível, a TEC fica muitas vezes na sombra. Pertence àquele género de trabalhos que só se tornam notados quando qualquer coisa falha e passam despercebidos quando tudo funciona. Mas são essenciais: por isso, hoje queremos dar a conhecer melhor o que fazem os membros da TEC. Segundo o professor Carlos Carvalho, com a junção das duas áreas procurou-se fazer mais e melhor, pois a experiência ensinou-nos que a existência de um jornal digital, ou outros produtos de comunicação, depende do suporte técnico que permite a divulgação dos conteúdos. No entanto, como coordenador, acrescenta, sinto que há ainda muito a fazer para melhorar a colaboração entre as duas áreas. A coordenação geral da equipa TECI foi-lhe entregue visto que era coordenador do extinto PTE da Calazans, mas considera que esse é um cargo partilhado com o professor José Nobre, que já era responsável pela imagem e comunicação da escola e coordena atualmente o GIC. Também o processo de agregação impôs a articulação com a equipa PTE do Agrupamento Guilherme Stephens. Assim, hoje, a equipa TECI do atual Agrupamento tem 15 membros, das várias escolas, e dois subcoordenadores: o professor Nelson Gomes, na Calazans, e o professor Carlos Baltazar, na Stephens. Este descreve as suas funções como sendo de natureza técnico-pedagógica, bastante abrangentes, que passam por: coordenar a equipa TECI deste estabelecimento, em estreita

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articulação com o coordenador TECI do Agrupamento; garantir a operacionalidade e o f u n c i o n a m e nto d e e q u i p a m e nto s ( 1 6 0 computadores, 3 servidores, 31 projetores multimédia, 7 quadros interativos), sistemas de gestão e impressão; apoiar e assessorar os mais de 800 utilizadores. Na Calazans, os professores Nelson Gomes e João Cruz, que se ocupam sobretudo do hardware, garantem o funcionamento de cerca de 60 projetores/quadros interativos e de cerca de 300 computadores, distribuídos por salas de aula, 3 laboratórios de informática, sala de trabalho dos professores, serviços administrativos... E cada uma destas instalações tem características próprias e programas próprios, salienta Carlos Carvalho, que trata sobretudo do software, dos programas administrativos aos dos alunos, sumários, etc., e de tudo o que respeita ao site do Agrupamento e ao GIC. Relativamente ao moodle, conta com a colaboração da professora Aparecida Santos, ao nível das disciplinas. É também seu objetivo conseguir a ligação com as escolas do 1º ciclo, fazendo a ponte com a Autarquia, responsável pelo hardware desses estabelecimentos e pelo acesso à Internet, que tem sido problemático. Na Stephens, o professor Carlos Baltazar tem o apoio do professor Agostinho Oliveira. Considera que o conjunto das suas tarefas exigem empenho e sentido de responsabilidade. Existe a consciência de que foi alcançado um nível de apetrechamento e de “dependência” funcional tecnológica nos últimos anos, que arrastam consigo enormes responsabilidades, não só a nível operacional como inclusivamente em contexto do trabalho pedagógico em sala de aula. Não é possível esquecer que, direta ou indirectamente, o nosso trabalho pode interferir com as dinâmicas de muitos professores, muitas turmas, muitos alunos… Na Calazans, há semanas em que os professores Nelson Gomes e João Cruz têm de resolver mais de 30 situações problemáticas. Para o professor Nelson, o seu é um trabalho útil e muito necessário, tendo em conta a dimensão do nosso parque informático. Quanto aos constrangimentos, são muitos e de natureza muito variada. Mas o principal mesmo é a falta de tempo. É por isso que desabafa: Este tipo de trabalho é muito ingrato, muitas vezes desvalorizado, menosprezado e não reconhecido. E dá exemplos de situações que justificam o d a s a b afo : H á ta m b é m a q u e stã o d a s desvalorização das nossas aulas. Se existe um

problema com um computador ou um projetor numa aula, chamam um professor de informática... que também está a dar aula. Eu pergunto: é correto eu interromper a minha aula e deixar os meus alunos para ir resolver um problema de outra aula? Na minha opinião, sinceramente, não acho correto. E mais haveria para dizer… Mas são coisas com as quais tenho de saber conviver. Faz parte do ofício. Como diz Carlos Baltazar, estas são tarefas que se fazem em paralelo à actividade letiva, o que só é possível se se gostar minimamente daquilo que se faz, apesar dos constrangimentos temporais, logísticos e financeiros com que nos deparamos diariamente. O coordenador Carlos Carvalho valoriza o desempenho da sua equipa, pois acha que, apesar dos constrangimentos, têm vindo a responder às necessidades. Muitas vezes são precisas soluções novas para resolver novos problemas, é preciso criatividade e persistência para investigar, mas encaramos isso como novos desafios que acabam por se tornar interessantes e, por isso, muito deste trabalho é feito em casa, pelas noites, em muitas mais horas do que as previstas. Por isso, às vezes, há demora na resolução de certos problemas. Mas felizmente todos os colegas compreendem...


A TRADIÇÃO CUMPRIU-SE… Célia Soeima

No dia 2 de fevereiro, os alunos de Francês das escolas Calazans Duarte e Guilherme Stephens, em conjunto com as respetivas professoras, comemoraram “La Chandeleur”, também designada por “Festa das Candeias”. A referida atividade teve como principais objetivos divulgar e valorizar uma tradição cultural francesa, assim como saborear os deliciosos crepes confecionados por alunos e professoras. Esta tradição, que remonta ao tempo dos romanos, era inicialmente uma festa em honra do deus Pan, durante a qual as pessoas percorriam as ruas agitando archotes. Mais tarde, no ano 472, o papa Gelásio I decide cristianizar esta festa, dando lugar a procissões com candeias, que ocorrem sempre quarenta dias após o Natal.

Atualmente, as procissões já não acontecem, mas os franceses conservaram a tradição de confecionar crepes no dia 2 de fevereiro, tornando este momento num alegre convívio familiar à volta da famosa iguaria. Sabe-se que em torno dos crepes, que resistiram inalterados na sua forma e composição ao longo dos tempos, existem imensas histórias, superstições e provérbios, como estes: Quand pour la Chandeleur le soleil est brillant Il fait plus froid après qu'avant.

CANJA DE AMÊIJOAS Receita do Chef António Manalvo, Formador do Curso Técnico de Cozinha e Pastelaria, confecionada pelos alunos

Ingredientes (4 Pax): Azeite…0,5dl. Alho…4 dentes. Cebola…1. Amêijoa fresca…1Kg. Coentros…6 pés. Sal, Louro, piripiri…Q.B. Fumet de peixe…1L. Arroz Carolino…100gr. Ovos…2Uni.

Método de Execução 1. Prepare mise-en-place. 2. Leve a lume brando um tacho com azeite, alho laminado, cebola picada, louro, pimenta e deixe puxar um pouco. Junte as amêijoas, tape o tacho e deixe cozinhar apenas até estas abrirem; retire-as e liberte-as da casca. Reserve. 3. Refresque com o fumet de peixe e deixe levantar fervura; adicione o arroz e deixe ferver durante 8 minutos. 4. Junte o miolo da amêijoa, os ovos previamente batidos e em fio, mexendo sempre, para espessar a sopa. Retifique de temperos e desligue. 5. Sirva a sopa em chávena, bem quente, polvilhada com coentros picados.

À la Chandeleur verdure À Pâques neige forte et dure. Soleil de la Chandeleur Annonce hiver et malheur.


UM LIVRO UM FILME O Lobo de Wall Street Francisco Fernandes

O Lobo de Wall Street é um livro autobiográfico escrito por Jordan Belfort, publicado em Portugal pela Editorial Presença. Em 2013 foi adaptado para o cinema, pelo galardoado Martin Scorsese, realizador de Taxi Driver e A Invenção de Hugo. A trama segue a história verídica de Jordan Belfort (interpretado no filme por Leonardo DiCaprio), um jovem corretor da bolsa de valores de Nova Iorque. Embora seja, como disse, uma autobiografia, a forma como a narrativa se desenrola, através dos loucos anos de extravagância de Belfort, assemelha-se muito à de um romance. Foi o que indicou, com total razão, o Publishers Weekly.

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Belfort começou a sua carreira profissional em Wall Street mas, graças a uma quebra trágica, foi despedido. Logo no seu primeiro dia como corretor (indivíduo associado a uma bolsa que compra e vende acções no mercado), Belfort viu um dos seus maiores sonhos ser destruído. Mas é quando conhece Danny Porush (no filme, Donnie Azoff, interpretado por Jonah Hill) que a sua ambição cresce ainda mais, porque com ele funda a Stratton Oakmont, uma empresa de venda de ações no mercado. A diferença entre esta e as outras empresas em que Belfort trabalhou é que lá, num terreno comandado por um lobo, não existem limites, e tanto o livro como o filme transmitem essa loucura megalómana, repleta de excentricidade e desvarios. E o nome que a imprensa norte-americana deu a Belfort, “o lobo de Wall Street”, é perfeitamente cabível — a partir do momento em que ele se insere num meio tão estranhamente hostil não consegue voltar atrás. Aquela ganância que o move e sempre moveu não é nada mais do que o reflexo da procura insistente dos homens por dinheiro. Porque ele entendia que num mundo de moedas e notas virtuais, transações flutuantes e placares negros de letras fluorescentes, a única coisa que realmente interessava era o que ele tirava dos negócios que fazia. A firma de Belfort, uma corporação arrojada, que trabalhava como campo de recrutas para empreendores ambiciosos, tinha uma lei principal: tirar o dinheiro do bolso dos investidores e colocá-lo no dos corretores. Um lugar sem qualquer ética, moral ou princípios laborais (tampouco humanos) que, graças às ilegalidades cometidas diariamente, tinha um valor de milhões de dólares. Utilizava o método

que Belfort aprendera enquanto corretor de Wall Street e, alterando a lógica da economia americana, manipulava o mercado a seu favor. Este é o cenário principal do livro mas, a verdadeira mensagem, permanece na vida radical de Belfort. O dinheiro que fazia numa idade tão jovem era gasto em iates, helicópteros, mansões gigantescas, carros luxuosos, drogas, mulheres. Era um senhor do Universo, tal como sonhara ser. Contudo, a partir de investigações do FBI e de alguns erros na deposição de dinheiro ilegal em contas na Suíça, Belfort foi apanhado, julgado e condenado por fraude. A ascensão duvidosa e a queda vertiginosa são muito bem descritas no livro. Belfort tem uma escrita moderna, atrativa e com uma linguagem coloquial, cheia de referências ao universo das ações e ao mercado financeiro. É fluente e conduz o leitor na sua vida excêntrica. Adjetivos também corretamente utilizados para o filme de Martin Scorsese, duma execução fenomenal, digna das indicações aos Óscares que levou. Não há uma profundidade filosófica, nem Belfort quer passar uma lição de moral no livro. Ele até se diverte bastante com as suas exuberâncias imorais. Não há lugar para melodrama Shakespeariano. Tudo é tragicamente real; parece até absurdo, por vezes, acreditarmos que aconteceu. Até porque, trágico ou não, é a realidade. E a de O Lobo de Wall Street, mesmo obscena, é divertidíssima.


DIA INTERNACIONAL DA MULHER Vale sempre a pena lembrar

P&V O dia internacional da mulher, comemorado a 8 de março, suscita atualmente posições ambíguas. Comemoração desnecessária - dizem alguns e algumas; ridículo- dizem outros e outras. Além disso, como tantas outras comemorações, o evento foi completamente mercantilizado. E contudo, para todas e todos que sabem que ser feminista é simplesmente defender que os homens e as mulheres têm os mesmos direitos, o 8 de março continua a ser uma data cuja história importa lembrar. A celebração de um dia da mulher tem origem nas manifestações das mulheres russas por melhores condições de vida e trabalho e contra a entrada da Rússia czarista na Primeira Guerra Mundial. Mas a ideia já tinha surgido nos primeiros anos do século XX, nos Estados Unidos e na Europa, no contexto das lutas de mulheres por melhores condições de vida e trabalho, bem como pelo direito de voto. A data de comemoração, 8 de março, está associada a dois factos históricos. O primeiro foi uma manifestação das operárias do setor têxtil em Nova Iorque, em 8 de março de 1857. O outro acontecimento é o incêndio de uma fábrica têxtil ocorrido na mesma data e na mesma cidade. Não há consenso entre os historiadores, o que gerou mitos sobre esses acontecimentos. Nos países ocidentais, a data foi esquecida durante muito tempo e só foi recuperada pelo movimento feminista, já na década de 1960. A

ONU assinalou 1975 como o Ano Internacional da Mulher e, em dezembro de 1977, o Dia Internacional da Mulher foi adotado pelas Nações Unidas, para lembrar as conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres.

VESTIDOS A RIGOR NO CARNAVAL DA GUILHERME STEPHENS Catarina Sousa Na sexta-feira, dia 13 de Fevereiro, ocorreu na Escola Guilherme Stephens um desfile e um concurso de máscaras de Carnaval. Organizado pelas professoras coordenadoras do projeto Eco-Escolas do Agrupamento e com o trabalho empenhado do Wilson e da Joana, dois alunos do 11º J da Calazans Duarte, o evento teve uma grande adesão. No desfile participaram 31 alunos. Mas eram muitos mais os que por ali andavam disfarçados. Bruxas, princesas, enfermeiras, palhaços, góticos, bandidos e mágicos, piratas, cowboys, fadas, ninjas, anjos e joaninhas preenchiam os

corredores e o recinto da atividade, aplaudiam e gritavam à medida que os participantes apresentavam os seus disfarces, acompanhados pela música carnavalesca. Embora fosse difícil a escolha, o júri votou e a Sara Martins e a Beatriz Lopes, do 6º F, com disfarces feitos com materiais recicláveis, foram as vencedoras da Categoria A. Na categoria B, foram vencedores o grupo do João Martinho, Sara Martins, Carolina Branco, do 6ºF e respetiva Diretora de Turma, Célia Guerra e ainda, com igual número de votos (25), o grupo da Carlota do 8º B e Francisco Leguinha do 9º D, ela com a sua imitação de modelo da Victoria's Secrets e ele vestido de mulher. Os vencedores

levaram consigo a oferta de uma viagem a Setúbal. A festa continuou a presença dos professores de música, João Miguel e Nuno Brito, que abrilhantaram a matinée de Carnaval.

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AMOR, AMIZADE, NAMORO E SEXO NA ERA DAS TECNOLOGIAS Ana Aparício

Amor, namoro e sexualidade são temas transversais, porém encarados de formas distintas. O aparecimento das tecnologias da comunicação veio alterar a forma de as pessoas se relacionarem. Mas será que para melhor? Os fenómenos de violência no namoro e violência doméstica têm aumentado. Como será que as diferentes gerações lidam com estas situações? É comum dizer-se que sexo já não é tabu e que os jovens lidam com ele com naturalidade. Será que é verdade? Conciliar amor e amizade nem sempre é fácil. Qual será o mais importante? Depois do mês do amor, embalados pelo dia dos namorados, quisemos dar resposta a estas questões.

1. Sem amor, porque as amizades têm mais influência no rumo da nossa vida. Além disso, costumamos procurar muitas vezes ajuda e conforto nos nossos amigos quando temos problemas amorosos. 2. São favoráveis, porque são um estímulo à sociabilidade. Os jovens têm mais facilidade em comunicar eficientemente através das redes sociais, o que é importantíssimo para manter uma relação saudável. 3. Nunca senti. Acredito que dentro de uma relação não deve haver este tipo de abuso. O amor é pleno e agressão não é amor. 4. A certo ponto. Os jovens encaram o sexo de uma forma natural. As relações sexuais são ligações muito fortes entre seres humanos e quando há consentimento mútuo o sexo é uma forma de fortalecer a relação.

joaquim

Joana Vieira. 16 anos. 2º voc A 1. Viveria mais facilmente sem amor porque os amigos são mais importantes para mim. 2. São prejudiciais porque podem destruir uma relação por causa dos ciúmes. 3. Não 4. Implica, porque é uma maneira de mostrar que se gosta do parceiro.

Joaquim. Assistente operacional. 1. Vivia mais facilmente sem amor, porque mesmo uma relação amorosa pressupõe a existência de amizade. Não há amor sem amizade. 2. São prejudiciais. 3. Não. 4. Não

Beatriz Couto. 14 anos. 9ºA

Beatriz

Francisco Fernandes. 15 anos. 10º H

Joana

Francisco

1.Viveria mais facilmente sem amor ou sem amizade? 2. Acha que as tecnologias de comunicação (Internet, redes sociais) são favoráveis ou prejudiciais às relações amorosas. Porquê ou em que medida? 3. Já sentiu algum tipo de violência (verbal, psicológica, física…) nas suas relações amorosas? Se sim, como lidou com isso? 4. Acha que namorar implica ter sexo com o parceiro/a parceira?

1. Sem amor, porque ter amigos é mais importante. 2. São favoráveis. No caso de estarmos longe, podemos ver e falar com quem gostamos através do Skype. São as tecnologias que permitem que as relações à distância funcionem. 3. Não. 4. Não implica, porque namorar não depende de ter sexo. Trata-se de ter amizade e cumplicidade verdadeiras com o parceiro.


Sérgio

Francisco Fernandes. 15 anos. 10º H 1. Sem amor, porque as amizades têm mais influência no rumo da nossa vida. Além disso, costumamos procurar muitas vezes ajuda e conforto nos nossos amigos quando temos problemas amorosos. 2. São favoráveis, porque são um estímulo à sociabilidade. Os jovens têm mais facilidade em comunicar eficientemente através das redes sociais, o que é importantíssimo para manter uma relação saudável. 3. Nunca senti. Acredito que dentro de uma relação não deve haver este tipo de abuso. O amor é pleno e agressão não é amor. 4. A certo ponto. Os jovens encaram o sexo de uma forma natural. As relações sexuais são ligações muito fortes entre seres humanos e quando há consentimento mútuo o sexo é uma forma de fortalecer a relação.

ia José Mar

Nuno

Patrícia

Patrícia Silva. 17 anos. 12º D 1. São os dois essenciais. É a compilação entre amizade e amor que deixa a nossa vida estabilizada. 2. São favoráveis, principalmente na nossa idade em que, caso tenhamos uma relação à distância, acabam por ser a única forma de contatarmos diariamente. 3. Felizmente não. 4. Não. Namorar implica um compromisso, saber ceder coisas de ambos os lados, confiar no parceiro e acima de tudo amor. Relações sexuais são uma opção e uma etapa do relacionamento que o casal deve ponderar em conjunto e esperar pela altura certa.

Maria José. 52 anos. Assistente operacional. 1. Nem sem amor nem sem amizade. Ambos fazem parte da nossa vivência e são indispensáveis. 2. Depende da importância que lhe atribuem. Podem ser favoráveis porque se realizam grandes paixões e até casamentos e prejudiciais porque a atenção à internet é tanta que se esquecem as pessoas em seu redor. 3. Não. 4. Não implica, mas que faz parte do namoro, lá isso faz.

“PARA QUE SERVE UM PAI” Jardim de Infância da Fonte Santa

Sérgio Ramalho. 44 anos. Professor. 1. Tenho muita dificuldade em imaginar-me a viver sem um ou sem o outro, porque um implica o outro. Vivendo em sociedade é inevitável que criemos amizades e a energia que o amor gera é também muito interessante. 2. As tecnologias em si não são prejudiciais, a forma como as usamos e gerimos é que pode ser. 3. Já senti e já fiz sentir. São situações reais na vida humana e quando se excede o razoável a outra pessoa tem o direito de se afastar. 4. Não, mas um namoro equilibrado e pleno deve disfrutar dessa componente, que acaba por ser uma consequência natural. Desde que ambos estejam preparados a relação sexual é muito benéfica.

Em Portugal, o dia do pai é comemorado a 19 de março, bem como noutros países tais como a Espanha, a Itália, a Andorra, Bolívia, Honduras e o Liechstentein. Pretende-se com este dia homenagear o pai, uma pessoa tão importante na vida dos filhos. Aqui fica a opinião dos meninos do Jardim da Fonte Santa sobre esta simples pergunta “Para que serve um Pai” Para cuidar das filhas e dos filhos e estar com a mãe. (Maria Miguel) Para cozinhar. ( Leonor) Para brincar connosco e cuidar de nós.(Maria João) Para brincar comigo. (Núria) Para Trabalhar. (Tiago Nicolau) Para brincar, não se portar mal e ser amigo dos filhos. (João Miguel) Para cuidar dos filhos, tomar conta deles e darlhes comida.(Laura)

Para ir para o trabalho. (Francisco P.) Para comer, trabalhar e dormir. (Filipa) Para ir ao trabalho, para ir ver os manos e oferecer coisas. (Pedro A.) Para ajudar os filhos a arrumar as coisas e a cuidar deles. (PedroB.) Para levar os filhos à escola e brincar. (Francisco D.) Para brincar comigo e com a avó. (Ruben) Para cuidar dos filhos e dar miminhos. (Mariana) Para tomar conta dos filhos e passear. (Lara) Para fazer o jantar, tomar banho e ver televisão. (Beatriz ) Para trabalhar e dar miminhos aos filhos. (Inês) Para comprar gelados. ( Leonardo) Não sei. (Gabriel) Para fazer cócegas. ( Madalena) Para arranjar coisas. (Lúcia) ponto & vírgula agrupamento de escolas marinha grande poente

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MEDICINA CHINESA NA CALAZANS DUARTE P&V

Até 29 de abril, todas as quartas feiras, o espaço do ex-CNO (Centro Novas Oportunidades) vai estar transformado em consultório para tratamentos de Medicina Chinesa. Dado que as condições do espaço não permitem muitas abordagens, as especialidades que aqui decorrem são apenas a acupunctura e o receituário de fitoterapia. Trata-se de um projeto de Sérgio Alves, que, para além de professor de Educação Física, a sua formação académica básica, fez também cinco anos de formação em Medicina Chinesa, na Associação Portuguesa de Acupunctura e Disciplinas Associadas (APA-DA), sob a supervisão do Dr. Pedro Choy, com um estágio de 1 mês na China, concluiu recentemente os Estudos Pós Graduados em Acupunctura, no Instituto Van Nghi e é membro da Associação Portuguesa dos Profissionais de Acupunctura (APPA). A direção da Calazans Duarte acolheu este projeto de Sérgio Alves, ex-aluno desta escola e atualmente professor do AEMGPoente, em ano de

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licença sem vencimento. Como contrapartida, Sérgio Alves desenvolve, Pro bono (gratuitamente) trabalho terapêutico com alunos do Agrupamento que apresentam graves dificuldades de concentração. Sérgio Alves, em declarações ao P&V explicou por que decidiu trazer a Medicina Chinesa à escola: “das muitas pesquisas sobre os problemas que originam mais baixas médicas e reformas antecipadas, a nível do concelho, confirmadas a nível global pelos dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) sei que as escolas estão carregadas de doenças profissionais. Para além das dores físicas, depressão e ansiedade são problemas de saúde que afetam muitos professores e outros funcionários. Tive este projeto de levar a medicina chinesa aos locais de trabalho no Pátio da Inês e este ano decidi propôlo a esta escola. Conheço o meio, porque sou professor do Agrupamento, na Guilherme Stephens, e a ideia foi bem acolhida pelo diretor.”

A consulta/tratamento custa 50% do preço cobrado no consultório e apesar de a atual legislação portuguesa ainda não reconhecer qualquer especialidade da Medicina Chinesa integrada no Sistema Nacional de Saúde (exceto a acupunctura quando praticada por médicos, integrada nos tratamentos ditos da “consulta da dor ”), não havendo, portanto, lugar a comparticipação no pagamento da consulta, isso não impediu professores e funcionários que realmente precisam, de acorrerem a este consultório temporário. Em 11 de fevereiro, primeiro dia do projeto, mais de uma dúzia de pessoas “puseram as agulhas” que são pessoais e intransmissíveis, pois são descartáveis.


SE ME BATES… É PORQUE NÃO GOSTAS DE MIM! Violência nas relações amorosas foi tema de palestra na Calazans Duarte P&V Na quinta-feira, 12 de fevereiro, dia em que foi lançada uma nova campanha do governo contra a violência no namoro, com o lema Quem te ama, não te agride, a escola Calazans Duarte juntou-se à iniciativa, recebendo a palestra de Ana Cristina Pimental, agente da Escola Segura. No grande auditório, jovens de três turmas do ensino secundário assistiram à palestra e puseram muitas questões sobre tipos de violência, quem mais a pratica, como são feitas as queixas e como atua a polícia nos casos de queixas ou denúncias. Sem surpresa, ficaram a saber que a violência é sobretudo exercida por homens contra as mulheres. Mas ficaram a saber também que a violência das mulheres contra os homens existe, embora em muito menor escala, e que “a vergonha e a cultura machista” impedem os homens de se queixarem. O silêncio de muitas vítimas, “por vergonha, por medo ou pela romantização do namoro”, como explicou a agente Ana Cristina, deixa perceber que os dados estatísticos estão certamente muito aquém da realidade. Do auditório não se ouviram histórias de violência, mas a agente Ana Cristina deixou frases fortes para os jovens refletirem. Numa sociedade que se quer livre e de iguais, são de banir mitos antigos do tipo “quanto mais me bates, mais gosto de ti”, “é ciumento porque me ama” e perceber que “Se alguém te agride, se alguém te humilha, se alguém te controla, se alguém te isola dos amigos, isso não é amor, é violência”.

NOVE ANOS A RECOLHER DÁDIVAS DE SANGUE P&V

Mais uma vez, a equipa do PES (Projeto Educação para a Saúde) levou a cabo uma campanha de recolha para o Registo Português de Dadores de Medula Óssea e dádiva de sangue. Foi no dia 12 de fevereiro, na escola sede do Agrupamento, a Calazans Duarte. Esta iniciativa de recolha de sangue partiu da professora Clara Oliveira, há 9 anos, e foi entretanto integrada no PES. A equipa de professores do PES, alguns alunos, uma equipa técnica do Instituto Português do Sangue, de Coimbra, e o Presidente da Associação de Dadores Benévolos de Sangue da Marinha Grande trabalharam sem descanso das 15 às

20:00. Dos 73 inscritos nesta tarde, 37 pessoas foram registados como potenciais dadores de medula e 58 como dadores de sangue. Destes, 42 procederam à dádiva efetiva. Os 16 que, após consulta médica se verificou não estarem em condições de doar sangue, irão certamente fazêlo na sede da Associação logo que estejam em condições de saúde que o permita. Era esta a convicção do presidente da ADBS da Marinha Grande, Aníbal Curto Ribeiro, quando às 20:30, disponibilizou os dados ao P&V, enquanto uma equipa cansada mas visivelmente satisfeita “arrumava a casa”. Satisfação, em particular, no

que respeita ao número de registos de dadores de medula, já que no ano passado, a escassez dos kits de recolha não tinha permitido ir além da dezena. Como sempre, o serviço primou pelo rigor e cuidado, não apenas de higiene e segurança na recolha do sangue, mas também no apoio aos dadores, servindo-lhes um lanche que a equipa do PES preparou.


RÚSSIA VS. UCRÂNIA QUE SOLUÇÃO? Carolina Barbosa

As relações entre a Rússia e a Ucrânia foram imediatamente estabelecidas após a dissolução da União Soviética, em 1991. Desde então, na Ucrânia tem-se vindo a agravar a situação económica, tendo como alternativas de melhoramento a assinatura de um acordo com a União Europeia ou o reforço das relações económicas com a Rússia. O governo ucraniano, de início, preparou a assinatura de um “Acordo de Associação” e um “Acordo de Livre Comércio” com a UE. No dia 21 de Novembro de 2013, o governo ucraniano anunciou a suspensão destes acordos com a UE e a adesão à União Aduaneira da Bielorrússia, Cazaquistão e Rússia. Uma grande parte da população não ficou contente com a decisão do governo e, nessa noite, iniciaram-se as primeiras manifestações, apelando a uma maior integração na UE. Ao longo de vários dias os protestos aumentaram. A população ucraniana pedia que o governo de Viktor Yanukovytch (presidente ucraniano na altura) fosse substituído. Depois de tantos anos, a população apercebeu-se da corrupção, do abuso de poder e da violação dos direitos humanos que tinham vindo a aumentar. Toda esta instabilidade ucraniana teve consequências, entre as quais: mortes, fomes, feridos… Mas uma consequência que, provavelmente, os manifestantes ucranianos nunca imaginariam foi a anexão da Crimeia – território ucraniano – à Rússia.

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Este pequeno território é disputado pela Rússia e pela Ucrânia desde que o líder soviético da altura, Nikita Khrushchev, ofereceu a Crimeia à Ucrânia (tendo em conta que a Crimeia estava sob o controlo da Rússia). A Rússia não reagiu bem porque a Crimeia, junto ao Mar Negro, é sede de um porto naval russo de extrema importância para Moscovo. E a maioria da população deste território é de etnia russa. O facto de a maioria da população ser de etnia russa e da abolição da lei sobre as línguas minoritárias (esta lei estabelecia que para que um idioma fosse considerado oficial pelo menos 10% da população teria de falar esse idioma, o que acabaria por prejudicar os falante da língua russa) pelos opositores, levou a que a população da Crimeia votasse, em referendo, a favor da integração na Rússia, a 16 de Março de 2014. A Ucrânia contesta a legalidade deste referendo e tem pedido ajuda aos seus aliados internacionais. No entanto esta luta ainda não chegou ao fim. O povo da Crimeia está dividido entre a integração na Federação Russa ou continuar a fazer parte da Ucrânia. Os indivíduos a favor da integração usam os seguintes argumentos: O facto de a Rússia ter na Crimeia a sua frota do Mar Negro, a língua falada pela maioria da população da Crimeia ser o russo; a Crimeia ter sido oferecida à Ucrânia, violando algumas normas constitucionais e a situação económica da Ucrânia ter vido a piorar nos últimos 20 anos; Os indivíduos que apoiam a continuação da Crimeia na Ucrânia, afirmam que a Crimeia produz vinhos, cereais e apresenta uma grande indústria alimentícia, que ajuda a sustentar a população ucraniana e com a qual se consegue obter algum dinheiro com exportações; a Ucrânia é muito dependente do gás natural existente na Crimeia; os portos da Crimeia escoam muita da produção ucraniana. Alguma população conhece ambas as realidades: a ocidental e o regime russo. Como conhecem ambos os regimes, chegam a preferir a continuação na Ucrânia e por sua vez a integração na UE. Tendo em conta a situação económica, política e social que a Ucrânia tem atravessado nos últimos tempos, julgo que a única alternativa que o país em questão tem para melhorar a sua terrível situação é reforçar as suas relações com a Rússia. É óbvio que o regime russo não é o melhor, nem perto disso, para se viver. Mas dispõe de alguns

benefícios para a sua população tais como a educação e a saúde totalmente gratuitas. Serão estes benefícios uma forma para esconder a maldade que há naquele país? Será a Rússia “um lobo com pele de cordeiro”? Se calhar sim, mas também é uma enorme potência. Uma potência difícil de vencer. Uma potência que dificilmente vai deixar a Ucrânia integrar-se na União Europeia. E para minimizar mortes, fomes e tantas outras instabilidades na Ucrânia como se têm visto ultimamente, é preferível reforçar as relações com a Rússia. Apresento de seguida o testemunho que recolhi de um cidadão ucraniano: Vladimir Maskoyeyeva, 28 anos. Vive em Portugal desde 2004. - A Ucrânia devia tornar-se independente e integrar-se na UE ou reforçar as relações com a Rússia? Porquê? Acho que nenhuma das opções é perfeita. Economicamente falando, a UE considera a Ucrânia um país pobre, porque tem uma moeda fraca, tem uma economia igualmente fraca e não tem suficiente produção para exportar. Socialmente falando, os ucranianos residentes em Portugal iriam circular mais facilmente para o seu país de origem, se estivesse integrada na UE. As pessoas que apoiam a integração na UE têm dois objetivos: conhecer a tão falada realidade ocidental e depois de arranjar trabalho cá, conseguir alguma autonomia. No entanto a minha opinião é que deve agregar-se à Rússia. Este país é rico e praticamente autossuficiente. - Se a Ucrânia se integrar na UE acha que conseguirá auto-governar-se? Acha que a Rússia iria facilitar esta agregação? A Ucrânia não tem capacidades de se autogovernar, não tem nada para comercializar. É um país pobre. Mesmo que a Rússia facilitasse a integração, a Ucrânia é muito dependente do gás da Rússia. - Voltaria para a Ucrânia? Se a Ucrânia fortalecesse as relações com a Rússia, pensaria 2 vezes no assunto. Mas se continuar na mesma situação, ou se se juntar à UE, só irei à Ucrânia de férias.


RAFAEL E A HARMONIA DA MÚSICA Filho de músico sabe tocar

Catarina Sousa Rafael Tarrafa Pereira é guitarrista e vocalista. Foi fortemente influenciado pela família do lado paterno que está bastante ligada à música. O seu pai é fadista amador e a sua avó, Arminda Simões, é uma fadista de renome. Por isso mesmo, a sua paixão pela música cresceu consigo e desde pequeno tem acompanhado o pai nos espetáculos em que este atua. A primeira vez que tocou em público foi na escola Calazans Duarte, no grande auditório, para cerca de cento e cinquenta pessoas, na aula aberta da sua turma no Dia Mundial da Filosofia, 20 de Novembro de 2014. Sentiu-se nervoso no início da sua atuação mas no final do espetáculo obteve críticas bastante positivas que o fizeram sentir-se bem acolhido pelo público. Desde esse evento tem vindo a ser escolhido para participar noutras atividades da escola, tendo atuado, no dia 20 de Fevereiro na cerimónia de entrega dos Prémios Calazans. Nunca teve aulas com nenhum professor de música “oficial”, mas teve a ajuda de algumas, por exemplo o guitarrista de guitarra portuguesa, Tó Silva, que acompanhava o seu pai. Rafael diz que sempre foi um apaixonado pela guitarra portuguesa, e ouvir o Tó a tocar era, segundo ele, “como se entrasse num mundo diferente”. Desde pequeno, devido ao seu talento na parte vocal, nutriu uma certa preferência pela guitarra

acústica não só devido à sua semelhança com a guitarra portuguesa, mas também pelo seu som mais agudo permitindo-lhe, assim, interpretar uma maior variedade de estilos musicais. Tem um leque de estilos musicais preferidos bastante variado, mas, tal como nos instrumentos, também aqui tem um estilo de música que lhe agrada mais, sendo esse estilo o fado. Rui Veloso também faz parte das suas preferências. Não tem a música como primeira opção no futuro, mas se pudesse escolher, era a música que o ia acompanhar ao longo da vida, porque “imaginar a minha vida a fazer a música que me compõe, de maneira a compô-la a ela, seria fantástico”. Teve sempre o apoio dos pais porque é algo que já faz parte do “património genético” da família e por isso é algo em que procura investir. Acha a música “uma droga natural, não a que ouvimos mas a que criamos, pois mesmo que não saibamos fazer mais nada, é ela que nos vai disponibilizar a atenção sempre que queremos”. Na sua opinião “qualquer tipo de música é acolhida pelo público que a ouve, conforme os seus gostos, desde que a sinta, pois só quem a sente é que percebe o artista.” Rafael quer transmitir e proporcionar ao público a calma e a harmonia que, segundo ele, “queremos sentir num belo dia de chuva com uma guitarra e uma lareira”.

CARNAVAL NA CALAZANS Professoras na primeira liga P&V Muitos alunos e alguns professores assinalaram, na sexta-feira 13, o Carnaval 2015 na Calazans Duarte, com “disfarces” a gosto. Se é Carnaval, ninguém leva a mal e cada um usa a máscara que deseja. Assim, entre travestis, havaianas, médicas a preceito e outros disfarces mais prosaicos, o destaque foi para um grupo de professoras, que, não sendo lá grandes desportistas na vida real, invadiram o bar em grande estilo, equipadas de jogadores travestidos, defendendo as cores do Calazans Futebol Clube. À tarde, na festa da Guilherme Stephens, recebeu o maior aplauso no desfile o grupo convidado de 4 simpáticas “velhinhas do lar” que eram nem mais nem menos que a Inês, a Nádia, a Ana Cristina e Ana Teresa, da turma do 12º E.


II EDIÇÃO DE CAFÉ COM LIVROS Cinco palcos para um espetáculo intimista Alice Marques

Os livros foram o cenário de todos os palcos na II edição de Café com Livros, uma iniciativa da Mediateca da Calazans Duarte que ocorreu na noite de 27 de fevereiro. Mas foram os sons a matéria-prima com que se construiu o espetáculo. Os sons das palavras ditas e cantadas por alunos, por encarregadas de educação e professores, os sons teatrais dos poemas declamados por Norberto Barroca, os sons das guitarras e do piano, os sons das palmas e até os sons dos risos que a Companhia de Teatro CalaBoca (da Calazans Duarte) arrancou à plateia. Numa conceção cénica vanguardista, os protagonistas do dizer e do tocar atuaram em diferentes “palcos”, isto é, em espaços diferenciados da mediateca, que durante uma hora e meia provocaram a movimentação do público na direção das vozes ou dos acordes musicais. Sofia Lisboa, vocalista dos ex-Silence 4, uma das convidadas para o evento, não pode estar presente. Mas isso não impediu que Natália Pereira, co-autora de Nunca desistas de Viver, fosse a sua voz e que o livro fosse um dos protagonistas deste espetáculo e de algum modo desse o tom ao serão cultural, tocante e intimista. Norberto Barroca declamou o primeiro poema que disse em público, quando era aluno do colégio Afonso Lopes Vieira, A Asa, do poeta do mesmo

nome, e o Aniversário de Álvaro de Campos (heterónimo de Fernando Pessoa) com a força dramática de grande “diseur” que é, e Mãezinha, de António Gedeão, com a ternura e a graça que o poema pedia. Noutro momento do serão, contou uma história verídica sobre como, nos anos 70, em Moçambique, construiu, com um autor moçambicano uma peça de teatro, que chegou a milhares de espetadores negros e brancos. Com esta história fez o elogio do texto escrito, da leitura e do texto cénico, o texto “escrito no placo” que “não sendo o mundo real”, tem, como disse, “uma função crítica, social e cultural e abre perspetivas para um mundo real melhor”. Os sons da guitarra desprenderam-se pelas mãos dos alunos Miguel Esperança, Diana Calaxa e Jorge Castanho, e Jorge Alves (professor), Afonso Ruivo e Gonçalo Paulo trouxeram as sonoridades do piano. As vozes de Maria Beatriz Ferreira, Shivani Atul Mansuklal, Diana Calaxa e Beatriz Pereira ecoaram por entre os livros e emocionaram quem as ouviu. E porque a música pode curar, Ana Aparício e Rafael Oliveira leram trechos do Memorial do Convento, obra-prima de José Saramago, onde, a páginas tantas, Blimunda, que caíra doente, recupera a saúde com a “suave música que mal ousava desprender-se das cordas feridas de leve” do cravo de Domenico Scarlatti. Andreia Rainho trouxe ao serão a Liberdade de Fernando Pessoa, Catarina Brito “desenhou”, com voz doce, A Flor de Almada Negreiros, e André Poças disse, de José Jorge Letria, Um pouco mais de nós. Mas ler não é tudo. Que o digam Calareira Suzi Alberta (Elisabete Ruivo) e Jaquim Castelo da Preta (Daniel Barbosa) dois jovens da companhia CalaBoca que tomaram como pretexto os Lusíadas para uma conversa na manicure, sobre Ler e Tal…! Isabel Simões, encarregada de educação e professora, trouxe uma forma original de ensinar os alunos com dislexia a ler e a gostar de poesia. Para os braços da minha mãe, de Pedro Abrunhosa, foi o texto para uma espécie de karaoke. É impossível não amar as palavras quando elas são ditas assim. Elas evocam o amor e o sofrimento, mas também a alegria, a vida e o mundo. Nothing else matters, (nada mais importa) como terminou, com técnica e sentimento, na linguagem dos sons da música, o jovem Jorge Castanho.


ENSINO PROFISSIONAL NÃO PODE SER “O CAIXOTE DO LIXO DAS ESCOLAS” Alice Marques

Várias centenas de professores participaram, no dia 28 de Setembro, na I Conferência sobre o ensino profissional, sob o lema “A importância do Ensino Profissional numa Escola para todos”, que decorreu na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria Na sessão de abertura, os oradores (António Carvalho Rodrigues, Diretor do Centro de Competências “Entre Mar e Serra”, Rita Alexandra Cadima, Vice-Presidente do IPL, Anabela Graça, Vereadora da Câmara Municipal de Leiria e Gonçalo Xufre, Presidente da Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional) deixaram a mensagem fundamental desta conferência – melhorar a qualidade do ensino profissional e valorizar a sua imagem social. Seguiram-se três painéis, que prolongaram a Conferência até às 19 horas. No I painel, moderado por Cesário Silva, diretor do Agrupamento de Escolas Marinha Grande Poente, Gonçalo Xufre, presidente na ANQEP, apresentou os objetivos e as estratégias da Agência para os próximos anos, com vista à concretização da Política Educativa sobre Ensino Profissional a nível nacional, e também as linhas gerais definidas para os países da União Europeia. Construção de um referencial de formação dos professores do ensino

profissional, reforço da qualificação profissional dos jovens para a empregabilidade e valorização e reconhecimento do mérito do ensino profissional são objetivos que o governo português pretende ver concretizados até 2020, e para os quais já estão em curso diversas estratégias. A nível europeu, as estratégias Europa 2020 visam tornar o ensino profissional competitivo e através da formação de qualidade “recolocar a Europa no seu caminho de liderança mundial”. O Presidente da ANQEP apresentou também alguns paradoxos bem conhecidos sobre a formação das jovens gerações: numa Europa com 26,5 milhões de desempregados há contudo um “número significativo de vagas de emprego, 1,7 milhões, que não encontram recursos humanos para as ocupar “, a geração atual é considerada “ a mais bem qualificada de todos os tempos” mas 25% desses jovens do espaço comunitário não têm emprego, o que traduz um “desajustamento entre as qualificações proporcionadas aos jovens e as competências requeridas pelo mercado de trabalho”. Para solucionar estes paradoxos já estão em marcha várias ações: o ajustamento das ofertas formativas às necessidades do tecido económico-social, a partir do diagnóstico, para o que está a ser criado um Sistema Nacional de

Antecipação das Necessidades de Qualificação, o redesenho do Catálogo Nacional das Qualificações em termos de resultados de aprendizagem, bem como a criação do Selo de Garantia de Qualidade do ensino profissional. No sentido da valorização social desta formação/qualificação, de forma a torná-lo uma verdadeira opção e não “uma segunda escolha”, a ANQEP promove uma gigantesca operação de marketing que inclui a criação do Dia do Ensino Profissional, a 20 de março, pretendendo encher o estádio do Jamor com jovens que frequentam este ensino. Cesário Silva, mais do que um moderador, foi um “provocador”, e deixou clara a sua posição quando

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afirmou ser “um defensor do ensino profissional como resposta à diversidade de públicos nas escolas e como forma de integração social”. O segundo painel, moderado pelo presidente da Comissão Administrativa Provisória do Agrupamento de Escolas de Pombal, teve a presença de seis alunos que terminaram cursos profissionais em diversas escolas públicas do distrito de Leiria. Os jovens falaram das suas indecisões à saída do 9º ano, de como decidiram optar por cursos profissionais e da sua satisfação por terem escolhido essa modalidade, da qual enunciaram as vantagens. De salientar que à exceção de um, todos os restantes prosseguiram estudos no Ensino Superior Politécnico. O orador mais aguardado da tarde era Joaquim Azevedo, cujas credenciais académicas e políticas dispensam apresentações e que é geralmente considerado “o pai do ensino profissional em Portugal”. Este painel, moderado por Luís Novais, Diretor do Agrupamento de Escolas da Batalha, foi totalmente dominado pelas intervenções fortes e provocatórias do atual investigador do Centro de Estudos do Desenvolvimento Humano e professor Catedrático na Universidade Católica. Joaquim Azevedo fez uma breve resenha histórica do ensino profissional em Portugal, nascido há cerca de um quarto de século, das virtualidades das

Escolas Profissionais criadas então especificamente para esta modalidade de ensino/qualificação, e do “erro” político do governo ao “impor” massivamente, em 2006, estes cursos nas escolas públicas, “onde não havia uma cultura capaz de os receber, sem préconceitos”. Desmontou, com veemência, a “superioridade do ensino geral” na formação humana e na construção de um projeto de vida, perante um auditório de professores entre os quais se encontravam muitos eivados desse préconceito de superioridade dos cursos científicohumanísticos, como podia perceber-se pela agitação na sala e a partir da intervenção de uma professora duma escola profissional. Defendendo que “não há pessoas não educáveis, não perfectíveis”, colocou também o dedo na ferida quando usou a expressão “cursos de currículo pobre para alunos pobres” para classificar os cursos vocacionais. Mas foi ainda mais longe, quando preconizou, como já o fez junto dos responsáveis políticos, que “é preciso acabar com o ensino profissional nas escolas que não o querem e naquelas que o querem para fazer dele o caixote do lixo e deixá-lo apenas naquelas que o querem e o valorizam como um ensino de qualidade”.

12º E - Artes Visuais

Branca de Neve - Iven Carvalho - 2015 Pastel d’óleo s/ papel cavalinho

Frottage - Ana Lopes - 2015 Lápis de cor s/ papel cavalinho

GALERIA

Frag/ - Giulia Pizzignacco - 2015 Lápis de cor s/ papel cavalinho

Fragmentação - Giulia Pizzignacco - 2015 Lápis de cor s/ papel cavalinho

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Olho - Sofia Costa - 2014 Lápis de cor s/ papel cavalinho ponto & vírgula agrupamento de escolas marinha grande poente


CHARLIE HEBDO ALGUMAS RAZÕES PELAS QUAIS “JE NE SUIS PAS CHARLIE” Bruna Matias

Eu vou abordar um tema que gerou recentemente grande polémica. Toda a gente, como é óbvio, já ouviu falar do que aconteceu em Paris. Vou falar do porquê deste atentado ter acontecido e vou dar meu ponto de vista sobre este assunto. Charlie Hebdo é um jornal semanal satírico francês. É um jornal ricamente ilustrado que publica crónicas e relatórios sobre a política, a economia e a sociedade francesa. O editorial satiriza o partido comunista francês, o catolicismo conservador, a hierarquia judaica, e até mesmo o [ terrorismo islâmico . Em 1960 foi criado um jornal intitulado de “Harakiri”, que foi banido um ano depois e que voltou em 1968 com o nome de “Charlie Hebdo”. As controvérsias entre os fundamentalistas islâmicos e o jornal começaram em 2006, depois de um jornal dinamarquês ter publicado caricaturas que provocaram atos de violência por parte dos extremistas islâmicos. Várias organizações muçulmanas, entre elas o Conselho Francês do Culto Muçulmano, pediram a proibição da venda do jornal porque para além de reproduzir as caricaturas do jornal dinamarquês, também apresentava caricaturas dos jornalistas de Charlie Hebdo. A primeira página mostra Maomé a chorar, onde se lê “É duro ser amado por estúpidos”. Em Novembro de 2011, o jornal foi vítima de um atentado: uma bomba incendiária foi lançada contra o escritório sem no entanto deixar vítimas. Como resposta, o semanário publicou em manchete um muçulmano beijando um cartoonista do Hebdo com uma mensagem junto do desenho dizendo "O amor é mais forte do que o ódio". Em 2015, no dia 7 de Janeiro, em Paris, o semanário foi de novo alvo de ataque: terroristas fundamentalistas atacaram a sede como forma de protesto contra a edição. Este massacre resultou em 12 mortos, em que 2 das vítimas eram polícias. O presidente francês descreveu o ocorrido como " ataque terrorista de grande covardia"; já o Papa referiu que "não se deve brincar com a religião de cada um". “Je suis Charlie” é um dos slogans que ficou

marcado por este massacre em memória do jornal. Mas nem todos são da mesma opinião, alguns apoiam a frase “Je ne suis pas Charlie", ou seja, “Eu não sou Charlie". França tem cerca de 6,2 milhões de muçulmanos. São, na maioria, imigrantes das ex-colónias francesas. Esses muçulmanos não estão inseridos igualmente na sociedade francesa. A grande maioria é pobre, relegada à condição de “cidadão de segunda classe”, vítimas de preconceitos e exclusões. Na religião muçulmana, há um princípio que diz que o Profeta Maomé não pode ser retratado, de forma alguma. Esse é um preceito central da crença Islâmica e desrespeitar isso desrespeita todos os muçulmanos. Existe uma foto da manifestação em Paris, em que estão todos os presidentes de todos os países de braços cruzados a mostrar solidariedade, mas todos nós sabemos que andam todos em guerra uns com os outros e esta foi mais uma polémica que surgiu. Agora ponho em causa o facto de este massacre ter tido tanta importância. É por ter acontecido num país onde tudo é sossegado? Talvez, mas se pensarmos bem, e as guerras nos outros países? E

as pessoas que morrem, assim como crianças? Destruíram uma escola no Paquistão e mataram 132 crianças. É verdade que se ouviu falar deste crime, mas não se deu muita importância. E porquê? Porque o sucedido foi num país em que já é habitual acontecerem coisas destas. Não há muita informação de pessoas contra e a favor sobre este assunto mas o que eu sei é que eu censuro o jornal por ter ido contra a religião islâmica, apesar de lamentar e recusar o ato bárbaro do atentado. Por isso apoio a frase “Eu não sou Charlie. ”Je ne suis pas Charlie”.

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