P&v junho

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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS

MARINHA GRANDE

POENTE

., ponto vírgula junho 2015

FÉRIAS!

ACABOU. E AGORA? UM DIA NA ESCOLA GÉMEOS NA ESCOLA MAUS TRATOS NÃO! SILÊNCIO DA COR XIII SEMANA DA EDUCAÇÃO UM DIA PELA VIDA

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agrupamento de escolas marinha grande poente


ESTÃO A CHEGAR AS FÉRIAS! Editorial

pela curiosidade da jornalista Alice Marques, nos falam da sua vivência dessa particularidade. Este é o 2º número em papel do Ponto & Vírgula do ano de 2014/15. Publicado neste mês de junho, não havia como escapar ao que nesta altura do ano marca todas as escolas: estão a chegar as férias! Passou mais um período escolar e, com ele, muitas atividades, muitos projetos, muito trabalho foi desenvolvido. Para muitos, a sensação é de dever cumprido e de satisfação pelos resultados obtidos; para alguns destes, o facto de tudo terem feito com a maior das aplicações acrescenta algum orgulho a essa consciência tranquila; para outros, fica o sabor um pouco amargo de quem sabe que podia ter feito melhor e o propósito de recomeçarem com mais afinco num próximo ano. São em menor número os que chegam ao fim deste ano mergulhados na tristeza de não terem conseguido o que pretendiam; mas mesmo para esses, haverá, no futuro, novas oportunidades e, certamente, a capacidade de as agarrar com melhores resultados. Como na Natureza, na Escola, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma, segundo a máxima atribuída a Lavoisier. E o que parece perdido num ano transformar-se-á numa vitória futura, assim haja vontade e trabalho. Neste final de ano, para além de a VOX POPULI abordar o tema férias, quisemos ouvir os alunos finalistas do Agrupamento, aqueles que. depois das férias, já não voltam cá e prosseguirão os seus estudos noutras instituições. Pedimos a alguns deles, encontrados em várias turmas do 12º ano dos cursos científico-humanísticos, que nos falassem brevemente do que encontraram na Escola onde concluíram o secundário e das suas expectativas para o futuro. São as suas vozes que ficam no texto “Acabou. E agora?”. Outras vozes se fazem ouvir neste número do P&V: são as dos vários (muitos!) irmãos gémeos que frequentam a Calazans que, questionados

Mas há assuntos que não têm férias: por isso, damos conta do trabalho realizado para a Prevenção de Maus Tratos a Crianças e Jovens; da iniciativa conjunta da Guilherme Stephens e da sua Associação de Pais, no âmbito da prevenção rodoviária; das atividades dos projetos Um Dia Pela Vida, da Liga Portuguesa Contra o Cancro, desenvolvido no Agrupamento em articulação com o Projeto de Educação para a Saúde; do Justiça para tod@s, que pretende contribuir para uma maior literacia dos jovens numa área tão importante; das Comemorações da Primeira Guerra, com a sua dimensão formativa no campo da consciência histórica. Referimo-nos ainda às iniciativas da comunidade, a Semana da Educação da Marinha Grande e o Fórum do Emprego e Formação de Leiria, nas quais se registou a participação do Agrupamento. Outras atividades desenvolvidas ultimamente, como a exposição dos jovens artistas plásticos da Calazans, o espetáculo do seu grupo de Teatro, o CalaBoca, a semana da leitura da Escola Básica da Amieirinha, o I Festival de Música Interescolar e o Sarau da Mediateca e o programa LÊ QUE VAIS GOSTAR, da Calazans TV são também objeto da nossa atenção. Mas este ano letivo acaba também para nós, equipa do GIC que fez o P&V: ao pensar no balanço do nosso trabalho, apercebemo-nos de que demos conta, ao longo do ano, (nas várias edições digitais disponíveis em http://agemgpoente.pt/gic/ ) de muitas atividades desenvolvidas pelas várias Escolas do Agrupamento. Tratou-se, quase sempre, do que podemos chamar a componente não-letiva do trabalho escolar, desde visitas a projetos e iniciativas várias ocorridas fora da sala de aula. Com a sensação de que assim deixávamos de lado parte do trabalho essencial feito diariamente nas

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., gic ponto vírgula

Edição: GIC - Ponto & Vírgula Director: Cesário Silva

aulas, procuramos neste número deixar registado o quotidiano de uma escola, neste caso da escolasede do Agrupamento. Mobilizámos, por isso, vários dos nossos repórteres, alunos e professores, para irem aos vários espaços escolares e escreverem sobre o que aí viram e ouviram. O resultado é a reportagem “Um dia na Escola”, que aqui fica. E boas férias!

Coordenação:

agrupamento de escolas marinha grande poente

Redação:

Alice Marques, Ana Bárbara Bonifácio, Ana Carolina Pereira, Ana Rita Aparício, Catarina Sousa, Clara Fernandes, João Faria, Jorge Alves, Lizzie Schmidt, Margarida Amado, Sara Carvalho, Teresa Letra e Wilson Francisco Impressão: Gráfica Diário do Minho

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Tiragem: 2000 exemplares

Produção gráfica: gabineteimagem eseacd

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ACABOU. E AGORA? Margarida Amado

O ano letivo chega ao fim. Para os cerca de 200 alunos dos cursos científico-humanísticos do 12º, aproxima-se o dia de dizer adeus à Calazans e rumar a outras escolas. O futuro está à porta...

Entretanto, os cerca de 50 alunos dos cursos profissionais já estão nos seus estágios, nas várias empresas que colaboram com a escola. Voltarão mais tarde para as suas provas finais e deles falaremos noutra ocasião. Para os outros 200, já foi tempo de viverem, na escola, as últimas aulas, os últimos trabalhos, os últimos testes. Os exames finais aproximam-se a passos largos e já paira no ar a inquietação própria destes momentos. É hora de balanço e, sobretudo, hora de expectativa. Foi para os ouvir sobre o que aqui encontraram e sobre o que esperam para os próximos anos que fomos falar com alguns deles. A Nádia Morouço e a Inês Borges, 17 e 18 anos, frequentaram ambas a Calazans nos últimos 3 anos. Vindas de outras escolas da Marinha Grande, procuravam aqui a opção que mais lhes interessava, a de Artes, e estão de acordo em dizer que as suas expectativas para o secundário foram correspondidas. Para a Nádia, os progressos em relação aos anos anteriores são bem visíveis; já a Inês assinala que a escola, nomeadamente nas disciplinas específicas do seu curso, como Desenho ou Oficina de Artes, lhe deu as bases para o que pretende estudar nos anos que se seguem, além de lhe dar também o que designa como “mais experiência de vida”. Com uma boa média, já decidiu, talvez influenciada por uma tia, que quer ir para Design Industrial, na escola das Caldas da Rainha, que pertence ao Politécnico de Leiria. Será no de Coimbra que a Nádia vai frequentar Design, uma escolha mais abrangente, que lhe permitirá vir ainda a descobrir o que quer

realmente fazer como profissional. E a média? “Está lá quase”, diz ela, com os seus 14 valores vírgula qualquer coisa. Média é coisa que não falta ao Francisco Rodrigues, 17 anos, com 19, 5 até agora. Frequenta a Calazans desde o 7º ano e o que encontrou aqui permitiu-lhe crescer em termos dos conhecimentos científicos que foi adquirindo e em termos pessoais. Esteve em duas turmas e isso fê-lo conhecer muitos colegas, que contribuíram para esse seu crescimento. Diz até que já sabe que “vai sentir saudades, de certeza” de alguns desses colegas... A sua média, no curso de Ciências e Tecnologia, dá-lhe uma quase total liberdade de escolha em termos de opções de cursos: quer seguir medicina e, dentro desta, cirurgia, no Porto ou em Lisboa. O caso da Eva Santos é um pouco diferente: veio para esta escola há 3 anos, quando tinha 14, porque queria “mudar de ares”. O balanço é bom: encontrou ares diferentes, outro ambiente, outro convívio, outros professores. Se, por um lado, o convívio aqui é menor — na outra escola, mais pequena, conviviam mais, todos se conheciam —, os professores são mais exigentes e acabou por descobrir que afinal, tendo sido orientada para engenharia, o que realmente quer é marketing, que vai procurar seguir em Lisboa, ainda não sabe exatamente onde. E tem um problema: precisa de subir as notas, pois a média de 13,5 não é grande garantia... Pelo contrário, a Inês Guerreiro, 18 anos, tem já uma boa média: 17,5. Está satisfeita com a Calazans, onde encontrou as opções que

pretendia, na área de Ciências e Tecnologia, bons professores e boas condições. “Não foi tempo perdido” o triénio que cá passou. Mas vive ainda um pouco indecisa: sabe que quer ir para a Universidade, mas não sabe ao certo onde, “talvez Lisboa”; sabe que quer qualquer coisa na “área da saúde, das ciências”, mas depende das notas dos exames, das médias finais. Como a Inês, a Cristiana Alves, 17 anos, é dona de uma média entre os 17 e os 18 valores, mas na opção de Humanidades. Na Calazans, fez bons amigos e encontrou professores que “ajudaram e ensinaram bem”. Destaca a professora de História destes 3 anos, que contribuiu muito para que essa seja a sua disciplina preferida. Está decidida a ser jornalista: vai fazer a licenciatura em Comunicação Social, no Politécnico de Leiria, mas quer continuar além disso, talvez depois em Lisboa. É que já analisou o percurso de vários jornalistas e viu que “eles têm sempre mais do que a licenciatura, têm outros cursos, e isso é importante e pode ser vantajoso para arranjar trabalho”. A média da Sara Lourenço, 17 anos, também lhe permite pensar que vai poder estudar enfermagem, como pretende, embora não saiba ainda exatamente onde. Leva desta Escola “boas recordações, tanto de colegas, como de professores”. Acha que foi principalmente no secundário, que frequentou aqui, que adquiriu boas bases para o futuro, quer do ponto de vista dos conhecimentos, quer do ponto de vista pessoal: é hoje mais responsável, sem dúvida nenhuma.

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Também o Marin Grabovschi, 18 anos, fala da responsabilidade e da maturidade que d e s e nv o l v e u n a C a l a za n s . C o m d u p l a nacionalidade, moldava e portuguesa, frequentou todo o ensino em Portugal e não sente dificuldades por a sua língua materna ser o romeno. Acha que a escola não lhe ensinou “tudo o que queria, mas muita coisa” e encontra-se agora aberto a opções distintas, como a engenharia informática ... ou as relações internacionais, a estudar no Politécnico de Leiria ou de Coimbra. Não sabe ainda como vai decidir e fica “entregue às contingências da vida”, entre as quais a nota do exame de português. O André Fonseca, 17 anos, veio há 3 para a Calazans, para a área de Humanidades “não porque gostasse, mas para fugir à matemática” com que, definitivamente, não se entende. Talvez por isso, a sua visão é menos positiva do que a dos outros entrevistados e, embora reconheça que aprendeu, não sabe “muito bem dizer o que a escola lhe deu, não foram grandes experiências, foram 3 anos de escola, normais”. Interessa-lhe mais o futuro e espera ir para Peniche, tirar qualquer coisa na área de Turismo, no IPL, pois uma tia disse-lhe que isso seria o mais indicado para ele. A sua média “deve ser perto de 11”, e acha que “agora já é tarde” para melhorar, vai “tentar fazer os exames, ver se entra no superior, mais tarde arranjar trabalho, uma coisa de cada vez...” A Jéssica Pais, 18 anos, é diferente: as Humanidades foram mesmo uma escolha pela positiva e por isso veio para a Calazans há 3 anos. Aqui, acha que aprendeu “muitas coisas” e superou as suas expetativas, sobretudo em relação a si própria, pois descobriu que “era capaz de fazer mais do que pensava”. A sua média de

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cerca de 15 permite-lhe encarar a hipótese de seguir Psicologia Clínica, talvez em Coimbra. Espera vir a arranjar trabalho nessa área, embora saiba que é difícil. Mas, como diz, “é preciso pensamento positivo”. A Cristiana Gomes, 17 anos, gosta de questionar: dividida entre a “vontade de se ver livre da escola e as boas recordações”, não sabe ainda o que vai fazer. Não é muito consistente nas médias, acabou o 10º com mais de 15, o 11º com 13, está à espera do que vai ser este ano. Tem vontade de acabar bem o 12º ano, mas às vezes é difícil “passar da vontade ao querer e ao concretizar”. Acha que não encontrou nada de diferente nesta escola: “é sempre tudo igual, as pessoas, apesar das novas gerações, não mudam, na Marinha e na escola, as interações são sempre as mesmas, tudo muito superficial.” Pessimista? Acha que não, acha apenas que “está à espera do que aí vem...”. O Francisco Rodrigues também exprime esta atitude expectante, embora de forma mais confiante: sente que está “mesmo a viver uma mudança, a passagem de adolescente a adulto, a preparar a vida para muitos anos”. E se nos tempos que correm nada disto é fácil, e as expectativas de empregos não são as mais favoráveis, a determinação com que a Cristiana Alves olha o futuro, neste momento de dizer adeus à Calazans, de onde leva “boas recordações e boas aprendizagens”, não se deixa afetar: para ela, “se não baixarmos os braços e lutarmos, conseguimos sempre”. E ir trabalhar para fora de Portugal? A maior parte destes alunos afirma preferir não ter que optar por isso. Mas para a Nádia Morouço as coisas são diferentes e manifesta a maior disponibilidade para ir para fora, “é mesmo o que gostava”. E onde? Isso que interessa? Canadá, Inglaterra, o mundo...


RECORDAR A GUERRA, CELEBRAR A PAZ P&V

O primeiro centenário da Grande Guerra de 191418 foi evocado com toda a dignidade na Calazans Duarte, escola sede do AEMGPoente. Uma exposição cedida pelo Museu Militar, que incluía mapas, fotografias, maquetes e equipamentos militares, esteve patente ao público entre 9 e 29 de maio, no átrio do grande auditório, e a manhã do dia 15 foi preenchida com uma evocação da guerra. Um auditório cheio de jovens do 9º ano, alunos do quadro de mérito do 6º ano e alguns convidados, entre eles dois representantes da Liga dos Combatentes, ficaram presos às cadeiras quando começaram a ouvir Catarina Brito, aluna do 9ª A, declamar versos do livro Fui chamado para a Guerra, escrito pelo seu trisavô, António Gomes do Céu, combatente do Corpo Expedicionário Português (CEP), enquanto alunos do Clube de Teatro dramatizavam no palco a expetativa de um ataque. A atenção manteve-se durante a palestra apresentada pelo professor de História, Emídio Inês, que, em tom informal e cativante, fez um percurso pelas causas da guerra, pela participação

do CEP, pela vida nas trincheiras, pelo armamento, uniformes e técnicas militares, trazendo também informações geralmente pouco conhecidas, porque não vêm nos livros escolares de história. Apoiado em imagens sugestivas, mostrou um pouco da “galeria dos horrores da guerra”, explicou como a “inadequação das fardas no início da guerra, vermelho e azul forte, como no tempo de Napoleão, tornava os soldados alvos fáceis”, e as armas então utilizadas tornaram esta guerra “mais mortífera do que os estrategas alguma vez haviam imaginado”. Saber que esta guerra se saldou em 17 milhões de mortos e 20 milhões de estropiados não terá surpreendido o auditório, mas saber que morreram também 8 milhões de cavalos foi certamente um choque. Tal como saber que, dos milhões de mortos, uma boa percentagem morreu de doenças contraídas nas miseráveis condições das trincheiras, onde coabitavam homens, piolhos e ratazanas. O auditório soube também que o último português do CEP, José Ladeira, morreu em 2004 e com ele as “últimas memórias vivas da guerra”. Uma guerra que na

frente de combate, terminou no dia 11 de Novembro de 1918, às 11 da manhã, conforme documento que ali foi lido por um aluno. Depois desta evocação dos mortos, foi tempo de celebrar a paz. Dois professores de música do Agrupamento, Carlos Vieira e Nuno Brito (bisneto do combatente António Gomes do Céu) interpretaram o fado “Os gangas nas trinchas” e, a terminar, os alunos do 8ºD, ensaiados pela professora de Expressão Dramática, Dulce Calado, dramatizaram O Amor e a Guerra, um texto carregado de simbolismo sobre o que vale a pena comemorar: a Paz.

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AS FÉRIAS ESTÃO AÍ… Sara Carvalho

As férias estão aí… As férias de verão estão a chegar. Dormir até tarde, ir à praia, passear, descansar… parece ser o que todos desejam, depois de um ano de trabalho. Será mesmo? A repórter do P&V, Sara Carvalho, andou por aí a fazer perguntas sobre férias, a alunos, professores e funcionários da Calazans Duarte. E recolheu estas respostas.

S

a Franqui nh drin n o a

Rodrigo Castr o

Catarina Sou sa

1. Para ti/si o que são as férias? 2. O que vais/vai fazer nas férias deste verão? 3. O que achas/acha de os jovens arranjarem trabalho em férias para ganharem algum dinheiro? Costumas/Costumava fazer isso? 4. Durante as férias desligas-te/desliga-se completamente da escola ou continuas/continua ligado?

Catarina Sousa, 10º E

Rodrigo Castro, 1º Voc. Sec. Multimédia

Sandrina Franquinho, assistente operacional

1. São um tempo em que podemos descansar e aproveitar ao máximo o nosso tempo livre. 2. Não costumo ter muitas atividades durante o verão, vou ao Algarve e costumo tentar melhorar a forma como desenho. 3. Acho que ajuda a ganhar alguma autonomia, ainda não tenho a idade legal para começar a trabalhar, mas penso ir daqui a algum tempo para me habituar um pouco e, enfim, saber como é ter o meu próprio dinheiro. 4. Para ser honesta, desligo-me fisicamente da escola, mas ando sempre nervosa com o ano seguinte!

1. Férias, para mim, é quando tiro tempo para fazer coisas de que gosto e tempo para a família e amigos. 2. Jogar, cinema, ir ao shopping e estar com amigos 3. Acho que é ótimo. Nunca trabalhei no verão mas tenciono fazê-lo. 4. Desligo-me totalmente. Nas férias não me preocupo com a escola.

1. As férias, para mim, são sair de uma rotina e fazer o que mais gosto. 2. Nas férias deste verão tenciono aproveitar ao máximo a companhia da minha filha. Vamos à praia, passear, brincar e muito mais atividades divertidas. 3. Embora na minha adolescência eu nunca tenha trabalhado nas férias, penso que é positivo os jovens fazerem-no. Assim ganham responsabilidade e autonomia, que será bom para o seu futuro. Mas também precisam de tempo para se divertirem e descansarem, para se prepararem para mais um ano escolar. 4. Não, não me desligo completamente, pois gosto de saber se está tudo bem com as colegas de trabalho. Também me preocupo por saber se está tudo organizado e preparado na escola para mais um ano letivo.


lfo Gomes Ado

los Carvalho Car

da nuela Vare Ma

Adolfo Gomes, assistente operacional

Carlos Carvalho, professor

1. Férias para mim são momentos especiais para relaxar em família. 2. Vou à praia, passear, desfrutar da paisagem natural e divertir-me com a família. 3. Não acho mal nenhum, se for da vontade deles. Não, nunca fiz! 4. Sim, tento desligar-me e preparar-me para iniciar o próximo ano com força e alegria para dar o meu melhor.

1. As férias são, para mim, um período de descanso. Aproveito as minhas férias para estar mais em contacto com a natureza, os amigos, a minha filha e com os animais de estimação que tenho. 2. Neste verão, tal como nos outros verões, penso descansar, passear e estar com quem gosto. 3. Penso que todos os jovens deveriam trabalhar durante as férias para aprenderem que na vida nem tudo cai do céu de mão beijada. 4.Durante as férias, desligo-me completamente do meu trabalho da escola. E tento não pensar nos problemas do trabalho.

1. Momentos de descontração e especialmente de maior aproximação e partilha em família. 2. Desde há 3 ou 4 anos que tenho que acampar 2 ou 3 dias, uma semana no Algarve é também obrigatório, e depois é o que me for dado para fazer, sempre com muita praia. 3. Sempre fiz isso desde os 14 anos e tenho a certeza que muito contribuiu para o meu crescimento e conhecimento de outras realidades, até porque muito desse trabalho foi feito na livraria Diálogo, no meio de livros! 4. Eu tento estar desligado, mas a escola não me deixa…

la Bernardes Pau

Manuela Vareda, assistente operacional

“O SIGNIFICADO DA PALAVRA MÃE” E.B. de Amieirinha (turma 2)

Paula Bernardes, professora 1. Para mim, as férias são um período de descanso após uma atividade constante, que nos permite disfrutar de tempo livre, que é algo que não temos durante o ano letivo. 2. Vou procurar descansar e desacelerar o ritmo para recuperar a energia, vou aproveitar para me dedicar a duas atividades de que gosto muito: ir à praia e ler. 3. Numa altura em que a principal atividade dos nossos jovens é estar ao telemóvel ou na internet, concordo totalmente com os jovens arranjarem trabalho nas férias. Não só ganham algum dinheiro como também adquirem experiência profissional e pode ser uma oportunidade para contactarem com o mercado de trabalho. 4. Nos primeiros dias é-me difícil desligar totalmente do trabalho, mas depois tenho mesmo de me desligar da vida profissional para conseguir descansar um pouco.

O significado da palavra MÃE, segundo os alunos da turma 2, da E.B. de Amieirinha A minha MÃE… …é a melhor do mundo! (Inês) …é amiga e gosta de me dar prendas. (Sara) …é a melhor do mundo e é muito amiga. (Tiago Silva) …é o meu coração. (Bianca) …é a melhor mãe do mundo! (Edgar)

…é amorosa e querida. (Mariana) …é o meu amor. (Afonso) …é amor e carinho. (Rodrigo) …é a melhor do mundo! (Bruna) …é o meu coração. (Gonçalo) …é uma estrela brilhante. (André) …é especial, amiga e única! (Tomás) …é boa, bonita e amiga. (Tiago Salceda) …é a minha melhor amiga! (João)

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ALUNOS DE DIREITO DA CALAZANS DUARTE SIMULAM JULGAMENTO Alice Marques

Alunos e alunas do 12ºG, H e F da Calazans Duarte que frequentam a disciplina de Direito viveram na manhã do dia 6 de maio a sua primeira experiência em tribunal. Eram muitos. E porque na vida real há criminosos, vítimas, testemunhas, advogados, procuradores, estagiários de advogados, oficiais de justiça, provas documentais e jornalistas que não perdem pitada quando há um crime, esta simulação de julgamento tinha tudo isso. Só a juíza era a sério, a Dra. Anabela Sousa, e as instalações onde tudo decorreu, a Sala de Audiências do Tribunal da Marinha Grande. Havia um criminoso, digo um arguido, chamado Ricardo Almeida, enfermeiro, papel desempenhado por Gonçalo Dengucho Domingues, acusado de três crimes: tráfico humano (de raparigas da Europa de Leste), lenocínio (facilitação da prática da prostituição) e ofensa à integridade física (maltratar as raparigas); duas queixosas, Marya Talmaci, ucraniana, papel desempenhado por Maria Faria, e Katarina Lagoyda, (Inês Lameiras) também ucraniana, mas há mais tempo em Portugal, e uma dezena de testemunhas que, uma a uma

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foram entrando na sala e, depois de jurarem dizer a verdade, responderam às perguntas, respeitando todo o protocolo de um julgamento a sério. Do lado da acusação, o Ministério Público esteve bem representado pela Procuradora, Inês Monteiro, acutilante no interrogatório e muito bem acompanhada pela advogada de acusação, Beatriz Marques. Do lado da defesa, o advogado Francisco Jorge interpelou as testemunhas com objetivo claro de provar que o seu cliente era inocente, levando-as a reconhecer que Ricardo Almeida “era um bom homem”. O que aliás conseguiu. No final, e após um intervalo de 10 minutos correspondente a vários dias no tempo real, a juíza de verdade explicou como seria a sentença, concluiu que as “testemunhas foram pouco perentórias” e “in dubio pro reo” (em caso de dúvida, decide-se a favor do réu), ou seja, decidiu pela absolvição, em relação a todos os crimes de que era acusado Ricardo Almeida. Houve grande alvoroço face a esta decisão, nas bancadas do tribunal, onde as raparigas do bar Elite (no qual supostamente eram também forçadas à prostituição) aguardavam uma condenação e que fosse decidida uma indemnização, à Marya e à Katarina, por maus

tratos. Depois dos abraços dos vitoriosos e despidas as togas, todos voltaram aos seus papéis da vida real. A repórter do jornal da escola, Ponto & Vírgula, autorizada a assistir ao julgamento, pode então fazer o seu papel e falar com alguns alunos. Gonçalo Dengucho Domingues, que por sinal tinha nas bancadas da assistência o avô (advogado), a mãe e a tia (advogada), esclareceu que na altura da distribuição dos papéis “queria ter escolhido ser advogado, mas já não havia vaga”, por isso escolheu “o outro lado” porque é importante saber “como sente quem é acusado”. Na vida real está a caminho de seguir a tradição familiar. Beatriz Marques que mereceu da Srª Juíza rasgados elogios pela “sua boa preparação para este caso” adorou estar neste papel, apesar da sentença a ter desiludido e ter prometido recorrer da mesma. No próximo ano espera estar a frequentar um curso de direito. Inês Monteiro, nem pensa seguir direito, pois está na área de gestão, mas quando o projeto foi proposto na turma, quis logo ficar com este papel porque se interessa “por estes casos, bem reais, em que raparigas de Leste vêm enganadas com promessas de trabalho e depois acabam por ser forçadas a prostituir-se”. Francisco Jorge escolheu ser advogado de defesa e acredita que fez um bom trabalho nesse papel. Encontra nele semelhanças com um caso real que aconteceu há algum tempo no Pêro Neto e sabe que “casos assim acontecem muito, nos dias de hoje”. E que “na maioria das vezes os clientes são culpados”. Mas, num julgamento, tudo se joga nas provas e neste caso de “faz de conta” nem estas nem as testemunhas jogaram a favor da queixosa. A professora Isabel de Castro, que há vários anos proporciona aos alunos uma experiência destas, “gosta de trabalhar sempre novos casos e deixa que os alunos escolham livremente” entre os vários que são propostos no projeto nacional Justiça para tod@s, “É um ano a trabalhar para este fim, aos bocadinhos, nas aulas, mas no final é uma grande satisfação” – disse ao P&V. Justiça para tod@s, que sucedeu ao anterior Faça-se Justiça, é um projeto da iniciativa da Fórum Estudante, continuado pelo Instituto Padre António Vieira, com o apoio do Mistério da Educação e da Universidade Católica, entre muitas outras instituições.


UM DIA PELA VIDA “Um projeto da comunidade para a comunidade” P&V Entrevista a Clara Oliveira

Clara Oliveira, 46 anos, mãe de 4 raparigas e um rapaz. Professora de Matemática na Calazans Duarte há duas décadas. Incansável nas atividades extracurriculares, sobretudo as relacionadas com a saúde. Lidera uma das mais de quarenta equipas que no concelho levam a cabo o projeto Um dia pela vida. O P&V falou com ela a propósito deste grande projeto que se prolonga até 4 de julho.

P&V: - O que é o projeto Um dia pela vida? Clara Oliveira: - Um dia pela Vida é um grande projeto, de toda a comunidade e para toda a comunidade do concelho da Marinha Grande. A iniciativa é da Liga Portuguesa contra o Cancro, já esteve noutros concelhos do país, em anos anteriores, este ano é aqui no nosso concelho. P&V: - Quais são os objetivos deste projeto? C.O.: - O grande objetivo é mobilizar as pessoas para que tomem consciência deste problema, o cancro. Os dados disponibilizados pela Liga são assustadores: estima-se que nas próximas décadas, a nível mundial, 1 em cada 3 pessoas venha a desenvolver cancro e que 1 em cada 4 morra de cancro. O outro objetivo, claro, é angariar dinheiro para a Liga. P&V: - Estiveram 400 pessoas no lançamento deste projeto no dia 29 de março. Surpreendeu-te este número? C.O.: - Não, não me surpreendeu. É um problema que afeta muita gente, direta ou indiretamente, por isso é natural que toque as pessoas e elas se mobilizem. Mas agora o importante é que essas pessoas integrem equipas e trabalhem. P&V: - E isso está a acontecer? Quantas pessoas estão envolvidas em atividades do projeto? C.O.: - São mais de 40 equipas, cada equipa tem entre 8 a 20 pessoas, portanto são muitas centenas. P&V: - Na Calazans Duarte, quantas pessoas estão envolvidas no projeto? C.O.: - Aqui há pelo menos duas equipas, que eu saiba. Eu fui convidada para formar uma equipa.

Eu sou apenas o rosto de uma equipa, a SolVida. Convidei colegas para fazer parte e neste momento somos 13 professores, 1 colega do GAAF e temos também dois alunos do 10º ano. P&V: - Cada equipa tem um plano de atividades próprio? Que atividades fazem parte do plano da tua equipa? C.O.: - Há uma que está a decorrer até final do ano letivo: Uma moeda uma vida. Cada turma tem um mealheiro, personalizado, os alunos que podem fazem aí o seu donativo. Para lançar esta iniciativa fomos a todas as turmas do agrupamento, desde o pré-escolar até ao secundário, fazer uma primeira sessão de sensibilização e lançar a ideia do mealheiro. P&V: - Foi um atarefa hercúlea…! C.O.: - Sim, mas fundamental. Temos de sensibilizar todos, e no caso dos mais pequeninos temos de chegar aos pais deles, e foi o que fizemos. P&V.: - E que outras iniciativas estão previstas? C.O.: - Muitas. Está a decorrer outra, a que demos o nome Pinta pela vida. É para toda a comunidade. Convidamos colegas, alunos e artistas da comunidade a produzir um trabalho artístico, que depois vamos expor aqui na escola, dia 26 de junho, e vender. O que angariarmos reverte para a Liga. À noite, nesse dia, temos um Sarau onde vamos ter também artistas convidados. E estamos a organizar a Festa do Feijão que vai acontecer no dia 31 de Maio, na sede da Ordem. P&V: - É uma festa gastronómica, certo? Em que

consiste? C.O.: - Sim, é um almoço em que todos os pratos são à base de feijão. Convidámos restaurantes, e colegas que têm gosto pela culinária, a colaborar, e no dia 31, lá estarão na sede da Ordem com os seus pratos à base de feijão: sopas de feijão, feijoadas de leitão, de chocos, vegetarianas, doces de feijão… A entrada é livre, não precisam de inscrever-se, só precisam de aparecer e por 6 euros comer quantas sopas ou segundos pratos quiserem. Só as bebidas e sobremesas são pagas à parte. Tudo é oferecido pelos restaurantes e colegas, por isso todo o dinheiro que conseguirmos é para a Liga. P&V : - E ainda há mais? C.O.: - Sim, muito mais. No dia 5 de junho vamos organizar um cordão humano com alunos, professores e funcionários de todas as escolas do Agrupamento, para passar a mensagem que é preciso estar atento ao cancro e fazer toda a prevenção recomendada. Não temos T-Shirts do projeto mas apelamos às pessoas a que usem uma T-shirt branca. No dia 13 de junho temos a Convenção de Fitness, no Parque Municipal de Exposições. E no dia 21 de junho, à tarde, organizado por aqueles dois alunos da equipa SolVida, um Campeonato de Skate, no parque da Cerca. Pelo preço simbólico de 2 euros, os miúdos e graúdos que quiserem inscrevem-se para participar. P&V: - São muitas iniciativas e tu estás sempre metida em outros projetos, e tens 5 filhos, uma casa, aulas… como arranjas tempo? ponto & vírgula agrupamento de escolas marinha grande poente

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C.O.: - Não é fácil. Às vezes sacrifico a família. Mas eu não podia recusar participar nesta causa. Faço muito trabalho durante a noite, deve-se notar pela hora a que envio os emails... Mas eu não já não entro em stress. Acho que tudo se faz. Estas situações de muito trabalho não são todo o ano, são pontuais. P&V: - Ainda não tens uma ideia da quantia recolhida? C.O. Ainda não, os mealheiros só serão abertos quando terminarem as aulas e ainda há aquelas

atividades todas de que falei, até final de junho. Só depois faremos as contas. Mas tudo o que recolhermos será sempre pouco para a obra gigantesca da Liga Portuguesa contra o Cancro. P&V: - A Liga tem sido uma organização fundamental na luta contra o cancro. E fá-lo só com a solidariedade dos portugueses. Mas não achas que algumas das suas iniciativas deviam ser feitas pelo Governo? C.O.: - Claro Que sim. Deixa-me dar só um exemplo: o rastreio do cancro da mama,

totalmente gratuito, é feito pela Liga. Devia ser feito pelo Ministério da Saúde, claro. Mas não é só. Se consultares a página da Liga, podes ver as iniciativas e vais perceber quanto dinheiro é poupado ao estado, porque são os cidadãos com as suas dádivas voluntárias que tornam possível o trabalho da Liga.

CALAZANS DUARTE ESTEVE NO VI FORUM DE EMPREGO E FORMAÇÃO P&V

Decorreu nos dias 11, 12 e 13 de maio, nas instalações do estádio Magalhães Pessoa, o VI Fórum de Emprego e Formação de Leiria, promovido pelo Região de Leiria. A escola Calazans Duarte, sede do AEMGPoente, esteve presente com a sua oferta formativa para o próximo ano lectivo 2015/16. O expositor da Calazans Duarte primou pelo design minimalista, amarelo, que o tornou único entre os cerca de 40 expositores. Os cursos profissionais mereceram destaque através de objetos que são usados nas aulas práticas: um manequim, simbolizando o curso de Auxiliar de Saúde, próteses dentárias do Curso de Protésico Dentário e um painel solar do Curso de Energias renováveis.

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UM DIA NA ESCOLA CALAZANS DUARTE

Alice Marques, Ana Bárbara Bonifácio, Ana Carolina Pereira, Ana Rita Aparício, Catarina Sousa, Lizzie Schmidt, Margarida Amado, Wilson Francisco

A Escola Calazans Duarte é uma comunidade fervilhante. Todos os dias, jovens de mentes ávidas começam a chegar pelas 8 e pouco da manhã. Vêm a pé, nos carros dos pais, no TUMG, nas bicicletas e nas aceleras. Reúnem-se no átrio, dão dois dedos de conversa antes de começarem o dia, que será passado essencialmente em aulas. De 90 em 90 minutos sairão para respirar outros ares, conviver no bar, nos corredores, à porta da escola… Os repórteres do P&V passaram uma manhã espreitando algumas das cerca de 50 aulas que a cada hora acontecem e visitando outros espaços onde também se trabalha para satisfazer as jovens mentes ávidas.

Aulas, muitas aulas... no estádio... Uma aula de Educação Física para uns é uma festa

e para outros é um autêntico filme de terror, para baixar as médias. Estas aulas acontecem todos os dias, mas às vezes fora da escola. Fomos assistir a uma aula de atletismo do professor Paulo Tojeira no estádio da Marinha Grande, pelas 8 e meia, com o 11º C. Estas aulas no estádio, que acontecem quando a matéria é atletismo, têm um ritual: logo que os alunos chegam à escola começam por vestir os seus calções ou calças, as suas camisolas de manga curta e alguns vestem um casaco. Todos pegam nas suas “tralhas” e vão fazer uma caminhada até ao Estádio da Marinha Grande. Aí, mesmo já com um pré-aquecimento feito, os alunos dão algumas voltas à pista de atletismo. De seguida começa a aula a sério, com saltos em comprimento, saltos em barreiras, corridas de velocidade, alguns lançamentos de pesos e muitas mais modalidades e assim passam uma bela e cansativa hora de aula. Depois da aula, os alunos regressam à escola com

uma bela e calma caminhada, alguns cansados da aula, outros da disciplina e ainda alguns que já não podem ver o professor à frente.

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… e no laboratório Eram 9h15 quando nos dirigimos a um laboratório de físico-química. A aula, do 10º ano, já ia em plena fase de trabalho experimental: os alunos estavam divididos em vários grupos, distribuídos pelas bancadas do laboratório. A tarefa que a professora Madalena Silva propôs para aquela aula consistia em descobrir a capacidade térmica do metal. À medida que iam desenvolvendo o seu trabalho, os alunos iam tirando apontamentos do que observavam. Deixamo-los empenhados nas experiências e fomos à procura da outra metade da turma, que se encontrava num laboratório de Biologia com o professor Tony Silva. Aqui, também já tinham começado a parte prática da aula e mostraramnos o que estavam a fazer, explicando: observavam os tecidos das plantas (preparações definitivas: vasos condutores nas raízes, caules e folhas). Os alunos tinham também de fazer um desenho do que tinham observado ao microscópio. O 10ºC encontrou o X Na sala 3A25, a professora Silvéria Sabugueiro aceitou-me com um sorriso e contou-me que também gostava de escrever. A turma do 10ºC recebeu-me bastante bem. Já há muito tempo que não tinha matemática e senti-me um pouco estranha a observar a aula do fundo da sala. A professora começou por ditar o sumário após perguntar sobre o trabalho de casa. Desta vez, eram eles quem selecionavam os exercícios para resolver em casa. À medida que a professora corria as mesas para verificar quem tinha executado a tarefa, deparou-se com uma situação nova: um aluno dormiu ”sobre” o trabalho de casa e acabou por conseguir resolvêlo. Depois de felicitar o rapaz, foi sugerido aos alunos arranjarem um novo método de estudo, pois o anterior não tinha resultado e era necessário subir as notas! Matemática… confesso que, ao observar os exercícios a serem resolvidos e corrigidos no quadro, estava a sentir saudades de resolver equações. Ninguém teve dúvidas e fiquei deveras impressionada com a atenção que estava a ser prestada pela turma. Não detetei um único sinal de conversa! Será que estavam nervosos pela minha presença, apresentada como repórter do P&V? Duvido, ninguém estava a olhar para mim. Fórmulas, números, funções e sinais pairavam no ar. Era exigida uma grande paixão e dedicação por parte dos alunos se queriam realmente ter sucesso nesta área. Eu, por exemplo não seria capaz devido à minha aversão à matemática! É de facto, uma disciplina que exige muito estudo diário e concentração. Intervalos Um pouco antes das 10h, as duas salas dos professores estão desertas. Na sala de trabalho, ponto & vírgula agrupamento de escolas marinha grande poente

porém, já uma professora, em frente de um dos 6 computadores disponíveis, acaba de fazer os últimos ajustes a um teste que vai enviar para impressão. Terá depois que o ir recolher na reprografia, onde mandará também fazer as 28 cópias de que necessita. Quando toca, para o primeiro intervalo do dia, das 10.00h às 10.15h, a sala enche-se e o mesmo acontece nas outras duas. Numa delas, a antiga biblioteca, formam-se os habituais grupos à volta das mesas e nos sofás disponíveis. As conversas cruzam-se, ouvem-se lamentos e risos, relatos de episódios com alunos, trocas de informações, comentários... À frente da máquina de café forma-se uma pequena fila: não há tempo para ir ao bar que, a esta hora, está sobrelotado com alunos. O tempo é pouco e a sala pequena: quase não dá para uma pausa descansada, a meio de uma manhã de aulas, em turmas com dezenas de alunos, dos mais diversos. A sala ao lado, um pouco maior, é mais calma: é procurada por menos professores, que isto é como em tudo e cada um se habitua ao seu canto preferido. É certo que é aqui que estão afixadas as informações e convocatórias, mas como todos os professores as recebem via mail, não é preciso consultá-las in loco. Quando toca para a aula, as salas voltam a cair no silêncio, quase desertas, até ao próximo intervalo, mais curto e menos movimentado. Vamos ao bar… Assim que a campainha dá o toque das 10h da manhã, a fila do bar começa a crescer e torna-se quase impossível arranjar lugar sentado. Com tanta afluência, as (apenas) duas funcionárias não têm mãos a medir e têm de ser rápidas para que a fila não se prolongue até à porta de saída. Muitos vão à procura do café para despertar e da torrada ou do bolinho para ganhar energia. Porém, o bar não é apenas o local onde se lancha ou almoça: é um local de convívio, este sim, frequentado por todos: funcionários, alunos e professores. Naquele canto está um grupo de alunos a jogar às cartas, enquanto mais ao lado estão outros tantos à volta de um telemóvel a jogar um quiz de cultura geral. À roda daquela mesa estão mais de quinze alunos que riem e conversam, ao passo que, na mesa do lado, se discute quem vai pagar o próximo jogo de matraquilhos. Há ainda quem esteja atento à televisão ou quem vá desenhando para passar o tempo. Mas afinal estamos numa escola e, como tal, o bar é também um local de estudo (para os que têm uma maior capacidade de concentração), e há quem aproveite para fazer aquele trabalho de casa que ficou esquecido. Quando a campainha volta a tocar e a multidão dispersa, ficamos com a sensação de que passou por ali um furacão. Cadeiras desalinhadas, lixo no chão, pratos sujos em cima das mesas. Se cada um arrumasse e limpasse o que desarrumou e sujou, o ambiente seria bem mais agradável para os que querem, posteriormente, usufruir deste espaço.


Na Mediateca Numa escola sempre tão ocupada, é difícil encontrar um sítio onde estudar ou trabalhar sossegado, descontrair depois ou antes de um teste. Mas temos uma opção: a mediateca escolar. Sozinhos ou acompanhados, é um espaço que nos acolhe e serve às vezes para aproveitar alguns intervalos. Enquanto uns estão nos computadores, outros estão a ouvir música ou a realizar trabalhos escolares. Os que não têm interesse em estar à frente do ecrã aproveitam para estudar ou ler um dos muitos livros e revistas disponibilizados. Quando os decibéis aumentam, ouvem-se uns “Shhh…” que viajam desde a mesa das funcionárias Teresa e Célia até aos sítios onde o ruído incomoda, mas é um espaço em que, normalmente, costuma haver silêncio. Os mais assíduos sabem que existem aqui, semanalmente, atuações de alunos e por vezes professores, à quinta-feira às 10:00, na atividade “Hoje há intervalo”. Mas hoje, “não há intervalo”.

GAAF em Serviço Externo No átrio do 1º andar, em frente à mediateca, há silêncio nesta manhã. Passa das 10:30 e ainda ninguém se dirigiu ao Gabinete de Apoio ao Aluno à Família (GAAF). Na porta de entrada, um horário anuncia para esta manhã (como para a maior parte delas): Apoio Psicológico. Mas as duas salinhas destinadas a este serviço estão vazias. Contudo, tal não significa que hoje ninguém precisou desse apoio. Pelo contrário, hoje como todos os dias, e cada vez mais, a técnica de Serviço Social, Susana Jacinto, a estagiária Rita Ferreira e a psicóloga que tem as funções de mediadora social, Helena Fernandes, estão algures, numa das dez escolas do Agrupamento, apoiando, mediando, tentado minimizar problemas que alunos e famílias enfrentam diariamente.

SPO lança SOS Às 10.50, uma aluna, no corredor, aguarda a sua hora de entrar no gabinete do Serviço de Psicologia e Orientação, onde a psicóloga escolar, Susana Orosa, na escola há 15 anos, se desdobra para conseguir dar resposta a todas as s o l i c i t a ç õ e s . Va i a g o r a p r o s s e g u i r o acompanhamento psicológico àquela aluna, uma das poucas que ainda mantém com este tipo de apoio. É que, nesta fase final do ano, pouco tempo lhe sobra para além do que gastou e ainda gasta com a orientação vocacional que tem que fazer aos alunos do 12º e do 9º. Com estes últimos, já manteve conversas individuais com cerca de 100 dos 190 das 8 turmas, para os ajudar a refletir sobre as escolhas que terão que fazer dentro de pouco tempo, ao matricularem-se no 10º ano. Um trabalho sério com os alunos exige tempo e ela está sozinha, num Agrupamento de 2.800 alunos... No gabinete contíguo, o da Educação Especial, neste momento desocupado, é a professora Elsa Ruivo que normalmente trabalha com os alunos sinalizados para serem apoiados.

Mais aulas... ... onde se representam peças de teatro... Pelas 11 da manhã fomos ao auditório para ver o que se passava por lá. Encontramos uma aula de expressão dramática do 7ºH. A professora Ermelinda Silva estava a lembrar alguns aspetos a ter em conta em relação à representação que iam fazer: os fatos, as perucas, as entradas… De seguida, os alunos dividiram-se em 4 grupos, cada qual com a sua peça de teatro: o primeiro preparava a fábula do Corvo e da Raposa; o segundo grupo ensaiava a “Serafina e Malaika”, duas vagabundas, uma pirata e uma rainha; o terceiro, só de rapazes, a peça “As lições do Tonecas”, um rapaz que vai pela primeira vez ao dentista; finalmente, o último grupo ensaiava a peça sobre os direitos de uma criança. O trabalho de cada grupo era acompanhado pela professora, que ia circulando e ajudando com orientações. Mas eram horas de deixar a nossa aula de teatro, donde saímos com a simpatia dos queridos mimos.

... onde se leem poetas portugueses... Enquanto isso, na sala 2A13, os 24 alunos do 10º A abrem os cadernos de Português para escrever o sumário das 103ª e 104ª lições. Vão prosseguir o estudo dos poetas do séc. XX com a leitura de alguns poemas escolhidos pelos alunos, iniciada com uma breve biografia de cada autor. “Vem por

aqui”, assim começa o primeiro poema: “Cântico Negro” de José Régio. Deparando-se com as dificuldades e incorreções, a professora Margarida Amado vai corrigindo a leitura e a entoação, guiando os alunos e lendo com eles. Mas quais os significados por detrás das palavras do poeta? Depois da contextualização histórica feita pela professora, cada um partilha a sua interpretação e discutem-nas em conjunto. A próxima escolha é um poema de Eugénio de Andrade que nos diz que “É urgente o amor, é urgente permanecer.” E este poema, nem mesmo aos alunos mais distraídos é indiferente. … e onde se pinta o que se lê Entretanto, na sala 1B3, decorre uma aula de Desenho A, onde as canetas e os lápis são substituídos por telas, pincéis, espátulas, tinta acrílica e a óleo. Embalados pela música ambiente, os 12 alunos do 12º ano do curso de Artes Visuais estão a continuar as representações em tela das partes mais significativas de “Memorial do Convento”. ponto & vírgula agrupamento de escolas marinha grande poente

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Dividiram-se em grupos de dois com o objetivo de obter duas telas representativas das oposições que vão sendo feitas por José Saramago ao longo da obra. A técnica a utilizar fica ao critério de cada um. Também aqui o professor José Nobre tem um papel essencial, quer através das indicações técnicas, da preparação das tintas ou através da participação em alguns trabalhos. Depois de uma exposição na Galeria Jorge Martins do Sport Operário Marinhense, as obras de arte ficarão na escola, para mais tarde recordar. Filosofar numa aula da professora Isilda Silva A primeira vista da aula é enganosa. O que parece uma sala de estudantes que estão lá obrigatoriamente e não muito mais transforma-se numa sala de estudantes ansiosos para partilhar as suas ideias e ouvir as dos outros. O que parece, à primeira vista, um ambiente formal, transformase numa sala de estudantes sentados no chão. Se calhar não é a forma mais tradicional de ter uma aula, mas parece que resulta. Hoje há sopa Juliana e carne de porco com esparguete Dizem os sábios que “bom sono e boa comida, acrescentam a vida” e a aproximação da hora de almoço leva-nos ao refeitório. Na ementa de hoje temos sopa Juliana, carne de porco assada com esparguete, várias saladas e, para sobremesa, quatro variedades de fruta da época. São cinco as funcionárias, da empresa Eurest, que preparam as refeições e realizam as tarefas durante o serviço: uma cozinheira, duas empregadas de refeitório e duas preparadoras. Somos recebidos pelo Sr. Joaquim que, ao mesmo tempo que assegura o cumprimento das regras e um ambiente calmo na sala de refeições, vai brincando com os alunos com a boa-disposição que lhe é característica. É raro encontrar professores a almoçar no refeitório

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e hoje não é exceção (será por causa do preço da refeição?). Durante as refeições uns vão conversando sobre o teste de há pouco, sobre o episódio daquela série, sobre o jogo de futebol de ontem, outros navegam na internet com os telemóveis e outros, ainda, preferem comer em silêncio. Os alunos com dificuldades motoras são auxiliados pelos funcionários, tentando, porém, que eles sejam o mais independentes possível. No fim do almoço, é contabilizado o desperdício usando um sistema que associa o número de alunos que comprou refeição e não compareceu no refeitório à quantidade de comida que se poderia comprar com esse dinheiro. Hoje cumpriu-se o objetivo: desperdício Zero! Na Secretaria: todo o dia sentadas em frente ao monitor… Entre as nove da manhã e as quatro e meia da tarde, nos Serviços Administrativos da escola, espaço mais conhecido por Secretaria, agora de todo o Agrupamento Poente, treze funcionárias desempenham as suas funções quase sempre sentadas, quase sempre em frente aos computadores pessoais. É o coração silencioso da escola, de que dependem todas as áreas. Enquanto as aulas decorrem e muitas outras coisas acontecem nesta comunidade, Isabel Romeiro, Chefe de Serviço de Administração Escolar, no seu gabinete, (chefe tem sempre gabinete) já leva quase duas horas à volta da conta de gerência, que é como quem diz colunas infinitas de números no ecrã do computador. Supostamente, este veio para facilitar e facilita, mas quase tudo é duplicado em papel. Maria José, a quem foi atribuída há pouco tempo funções na área do SASE, regista refeições e subsídios atribuídos, dos 845 alunos que atualmente beneficiam deste apoio. Trabalha sempre sentada e o seu parceiro é o computador. “Seria bom, uma pausa para fazer exercício”- diz. Sandra Marques trata, electronicamente e em papel, de tudo o que é inerente aos alunos da Calazans: matrículas, processos, certificados, cartões electrónicos. Reparte esta tarefa com Maria José Oliveira, especializada nas mesmas tarefas referentes aos alunos do pré-escolar, básico e 2º e 3º ciclos. Hoje, fazendo o que faz há 20 anos, recorda esse tempo em “fazia tudo à

mão” e reconhece que é mais fácil com o computador, mas o papel continua a ocupar-lhe espaço na secretária e nos dossiês. São as que mais vezes se levantam, para atender alunos e encarregados de educação, os membros desta grande comunidade que mais recorrem a estes serviços. Eunice Oliveira regista a entrada das compras, mas hoje, como quase todos os dias, ajuda as colegas do setor alunos. Fernanda Leitão, da área de gestão do pessoal, tem em mãos os processos dos funcionários CEI (Contrato Emprego-Inserção) que são agora 17, assistentes operacionais. A requisição dos vencimentos do pessoal não docente também é da sua responsabilidade, mas os salários do mês já foram pagos, e por isso tem uns dias para mergulhar nos CEI. Do outro lado da grande e luminosa sala, Alzira Nunes e Olga Figueiredo gerem a área do pessoal docente. São uma espécie de “gestoras da vida profissional” dos professores. Simulações de pedido de reforma, aposentações, contagem do tempo de serviço, requisição dos salários são o grosso do seu trabalho. Olga, por uns minutos, levanta do olhos do ecrã, para atender um professor. Parte do seu trabalho é consultar diariamente o Diário da República electrónico, à cata de algum despacho ou outro normativo, não vá passar-lhe despercebido e com isso arranjar um trinta e um com alguma contagem mal feita, um salário mal calculado… Pela secretária e computador de Catarina Machado passam todos os dias os documentos de tesouraria. Faturas, documentos de depósito, transferências bancárias, cheques (em vias de extinção). Clara Raimundo, entre a requisição de material e apoio na documentação dos cursos pós laborais – EFA e Português para Estrangeiros- divide o seu tempo entre esta sala inundada de luz natural com o espaço escuro do antigo CNO. Aqui atende estrangeiros, esforçando-se por entendê-los e fazer-se entender. Ao fundo da sala, Ernestina Domingues e Cacilda Valente estão a trabalhar em contabilidade, com mapas que ocupam todo ecrã e todo o seu tempo, aqui ou no andar de cima, no gabinete da financeira da direção, Cristina Carapinha.


Um retrato à la minuta antes de sair: uma sala atafulhada de secretárias, cadeiras, monitores e muitos papéis, por entre os quais podemos vislumbrar as cabeças desta dúzia de mulheres, peças fundamentais da engrenagem que é o Agrupamento de Escolas Marinha Grande Poente. As batas verdes Saindo da secretaria, basta dar uma olhada pelo corredor do bloco A para se perceber o poder das batas verdes. Abrem as portas, uma a uma, à medida que os professores se aproximam da sala, entregam um comando para ligar o projetor, tentam manter na ordem possível os magotes de alunos que se amontoam junto às portas. Estão aqui, mas também por todo o lado, embora sempre acusadas de nunca estarem quando se precisa delas! Estão nos corredores, no bar, nos balneários, na biblioteca, na reprografia e excepcionalmente na portaria, que ainda é sobretudo o domínio dos homens, dispensados de usar a bata verde. São as assistentes operacionais, muitas das quais conhecemos pelo nome, mas cada vez mais as que por aqui passam vêm com contratos CEI. Os lugares das decisões Subo as escadas do lado oeste e entro à socapa no espaço da direção. Escapei ao olhar atento da Maria José, espécie de guarda-portão de acesso aos gabinetes, sobretudo em dias em que há inspetores ou outros figurões a ocupar o tempo dos cinco elementos, vendo muitos papéis e fazendo perguntas. Não é o caso de hoje. Na sala grande, as duas adjuntas para a área de alunos, Inês Vaz e Fernanda Barosa, estão a meio duma manhã tranquila. A Fernanda só atendeu meia dúzia de telefonemas nos 15 minutos em que ali estive. É uma teledependente, a maior de todas neste espaço, porque as pessoas que aqui representa estão dispersas pelas escolas e jardinsde-infância. A Inês, que normalmente tem uma fila de alunos, pais ou professores à espera de vez, passa esses minutos em frente ao monitor a preparar um documento para os diretores de turma. Apesar de já conseguir resolver muitas coisas por email, o que lhe vale é a sua cadeira giratória, com rodas, com a qual rapidamente passa para o “balcão de atendimento”, onde cada um coloca a sua questão como se fosse a mais importante do mundo: “Inês, deixa-me consultar o horário das salas”; “Inês, podes dar-me o email da colega X”; “ó Inês, hoje tive de mandar um aluno para o GAAf”. Ou: “senhora professora, eu sou a mãe do aluno Y e vim aqui para esclarecer uma situação que se passou com o meu filho.” (…). Ou um jovem rebelde, de cabeça baixa, a torcer-se na cadeira do lado de cá do balcão: “eu não fiz nada, só estava a dizer uma coisa ao meu colega e a professora disse logo: vais já para a direção!” E a Inês: “olha para mim; achas que a professora te

mandava aqui se tu não tivesses feito nada?!” É assim todos os dias, que eu já vi muitas vezes, mas hoje, surpreendentemente, inexplicavelmente, ela consegue estar sentada 15 minutos sem girar a cadeira. O Mário Marques, subdiretor, entra a correr. Vem da sua aula da Guilherme Stephens. Cumprimenta-me e senta-se imediatamente em frente ao computador. Liga-o e sem demora abre o ficheiro relativo à avaliação dos professores, sobre o qual está a trabalhar e que há-de ocupar-lhe este e outros dias, mas arranjará tempo para ler e responder a emails, preparar documentos relacionados com os exames de 1º e 2º ciclo, e acorrer a qualquer solicitação do diretor. Espreito o gabinete do Diretor Cesário Silva. Ele vê-me e faz-me sinal para entrar. Não sendo um diretor de gabinete, há coisas que tem de fazer aqui. Lá está ele, sentado em frente ao computador, a preparar documentos para o Conselho Pedagógico. A secretária está excecionalmente desocupada. Parece a mesa de uma casa para a qual acabámos de nos mudar. Mas bastam uns minutos para os papéis começarem a cobrir a madeira autêntica daquela secretária de estimação que ele fez questão de manter quando se mudou para estas então novas instalações. Uma peça clássica dá muito glamour a um espaço moderno e, além disso, esta é uma secretária com história. Toca o telefone. É o assessor Luís Semedo, do exterior, que precisa do seu parecer para efetuar uma compra. Coisa rápida. Apetece-me ficar ali à conversa com ele, sugerir-lhe algo estapafúrdio para as duas dezenas de pessoas que passam mais tempo sentadas nesta escola: uma pausa para fazer ginástica. Desarma-me logo com “mas a escola está sempre em movimento, não podemos parar a máquina”. Depois promete que “havemos de pensar em alguma coisa…”, volta a concentrar-se no monitor e eu percebo que é tempo de zarpar. Bato à porta do gabinete da adjunta Cristina Carapinha, a financeira da direção. Aqui fazem-se contas! Hoje, excecionalmente, é ela mesma que perante o meu olhar de espanto comenta: “O gabinete está muito arrumado, não é?!” E é mesmo. Fechou-se o trimestre do POCH (Plano Operacional do Capital Humano), os dossiês estão arrumados, agora é gerir o quotidiano até à azáfama do final de mais um trimestre. O que mais me surpreende é ter podido dar-me uns minutos. Aqui quando o telefone toca serve sobretudo para d e s c o n c e n t r a r. C o l e g a s s o l i c i t a m - n a constantemente com problemas nos sumários electrónicos, a caixa do correio electrónico está sempre cheia e falta-lhe tempo para dar resposta a tudo. Mas a maior complexidade deste setor é a legislação constante sobre o POCH, agravada pela falta de formação específica dos colaboradores. Esta escola precisa de um TOC (Técnico Oficial de Contas) e no próximo ano, quando for obrigatório

fazer a contabilidade de acordo com o POCEducação (Plano Oficial de Contas) os responsáveis políticos vão ter de pensar seriamente nisso. Cruzo-me com o Luís Semedo quando desço as escadas. Vinha de um dos seus giros diários pelas instalações. Não preciso de o seguir pela escada acima para saber que, mal entre, se sentará em frente ao monitor a preparar materiais para os cursos profissionais, a enviar ou a responder a emails. Formação? Nunca acaba... Viro à direita. Numa espécie de sala com paredes de vidro, o Centro de Formação Leirimar, há duas mulheres sempre sentadas em frente a monitores. Uma, de tão habituada a ver e ser vista, já só levanta os olhos quando paramos em frente a ela. É Ana Cardador, secretária deste setor. Do lado sul, Olga Morouço, diretora do Centro, prepara, divulga e acompanha as ações de formação para mais de um milhar de professores e funcionários. O Leirimar pode parecer uma ilha pacífica no meio duma comunidade fervilhante. Mas do que aqui se faz depende também a continuidade do trabalho de todos os que contribuem para uma escola melhor, uma comunidade melhor, uma humanidade melhor.

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XIII SEMANA DA EDUCAÇÃO E JUVENTUDE Seis dias que animaram a comunidade marinhense P&V

Dr. Álvaro Pereira -Presidente da CMMG

Prof. Cesário Silva - Diretor A.E.M.G.P.

Decorreu de 5 a 10 de maio, a XIII Semana da Educação e Juventude da Marinha Grande. Após 5 anos de interrupção, os autarcas marinhenses decidiram relançar a iniciativa, rica e diversificada em atividades que envolveram todas as instituições públicas e privadas de ensino e formação do concelho, bem como clubes desportivos, e foram disseminadas por dezenas de espaços onde a educação, a cultura e o desporto acontecem todos os dias. A iniciativa teve como slogan Dá luz às tuas ideias, por 2015 ser o Ano Internacional da Luz e das Tecnologias baseadas em Luz, proclamado pelas Nações Unidas, que está a ser comemorado por todo o mundo. A Casa da Cultura/Teatro Stephens e o auditório do Edifício da Resinagem foram os espaços municipais por onde passaram saraus de teatro, música e dança, com alunos de muitas escolas, e iniciativas científicas, de que destacamos a Conferência do Professor Doutor Carlos Fiolhais, “Luz por todo o lado” (ver destaque). Todos os espaços onde diariamente se faz educação e cultura, dos jardins de infância ao ensino superior, abriram as portas para receber outros públicos e partilhar com eles o que ali acontece (ver Aula Aberta). O vidro esteve em destaque no ISDOM, onde decorreram workshops de Fusing. (ver destaque). Turmas e grupos de alunos saíram do seu espaço habitual e foram a outras escolas mostrar ou ver trabalhos diversos, enfim, partilhar conhecimento, que é o objetivo

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Drª Alexandra Dengucho - Vereadora da Educação

desta iniciativa municipal. Um evento desta envergadura teve o seu momento solene de abertura. No dia 5, à tarde, num Teatro Stephens bastante vazio, ouviu-se um pianista (João Tojeira), um tocador de harpa (Pedro Lameiras) e uma vereadora da educação, Alexandra Dengucho, atirando muitas farpas ao governo. Evocando vários direitos a partir da Constituição da República Portuguesa, questionou, em boa retórica, as medidas com que o governo português vem tentando sacudir a responsabilidade do seu cumprimento. O Presidente da autarquia, Álvaro Pereira, depois de reconhecer que “foi um erro ter suspendido esta iniciativa durante 5 anos”, fez um discurso em defesa do sistema público de ensino e prometeu para breve a revisão da Carta Educativa do Concelho e a criação de centros escolares. Os jovens do Conselho Municipal da Juventude fizeram a sua primeira aparição pública. Os presidentes dos três agrupamentos de escolas do concelho, Lígia Almeida, Cesário Silva e Lígia Pedrosa (Nascente, Poente e Vieira de Leiria) partilharam com os presentes a satisfação de serem parceiros desta iniciativa, que, nas palavras de Cesário Silva, “realça o papel quotidiano das escolas e o transporte para a vida das aprendizagens para uma cidadania plena.” Exposições variadas estiveram patentes nas instalações do Edifício da Resinagem, com destaque para a Glass Parade, um verdadeiro desfile de obras de arte de alunos do concelho, construídas com diversos materiais mas sempre em forma de garrafa, símbolo duma identidade que este espaço pretende preservar.


LUZ POR TODO O LADO

Conferência do Professor Carlos Fiolhais na Marinha Grande Alice Marques

O Professor Doutor Carlos Fiolhais, da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, veio à Marinha Grande espalhar “Luz por todo o lado”, no âmbito da XIII Semana da Educação e Juventude. A conferência decorreu no auditório do Edifício da Resinagem, na tarde de 8 de maio, para alunos e professores das duas escolas secundárias da cidade, que ouviram durante uma hora o Coordenador Nacional do Ano Internacional da Luz e saíram dali certamente mais iluminados. O Físico da Universidade de Coimbra, que nos últimos anos se tornou uma figura mediática, começou por prometer “tentar fazer uma coisa transparente” e, a avaliar pelo entusiasmo da assistência, do princípio ao fim, conseguiu-o. Muito conhecimento, uma extraordinária capacidade comunicativa e um enorme sentido de humor contribuíram para que todos o ouvissem sempre com atenção, quer a assistência à sua frente, quer a da mesa de honra, onde a Câmara Municipal se fazia representar ao mais alto nível, pelo presidente e vereadores da educação e da cultura, e as escolas pela presidente do

Agrupamento Nascente. Começando com afirmações como “sem luz vocês não me viam”, “a luz é condição de existência da vida na terra”, e referindo dezenas de aplicações da luz em objetos que todos os dias utilizamos, foi mergulhando numa história da ciência, quase à velocidade da luz. De Newton a Faraday e Maxwell foi um saltinho. Fez tudo parecer coisa simples, mesmo que as equações deste último sejam um quebra-cabeças para os estudantes de física, para acabarmos todos mergulhados em luz, que são ondas (micro, rádio, visíveis e invisíveis, infravermelhos e ultravioletas e outras cujo nome nem consegui reter) ali mostradas num esquema simples do eletromagnetismo, que foi afinal o feliz casamento entre a senhora Eletricidade e o senhor Magnetismo, do qual nasceu a Luz. Pelo caminho, estivemos sempre mergulhados também na radiação cósmica e percebemos que do microondas ao GPS, do comando da garagem e até algumas coleiras de cão ao nosso telemóvel, passando pela óbvia lâmpada elétrica ainda que sofisticada, agora chamada LED, sem dúvida a nossa existência depende da luz, neste e no sentido de luz natural, porque graças ao sol, à sua luz visível (que é a principal radiação) é que acontece a fotossíntese, “portanto, as plantas, que alimentam os animais e nós alimentamo-nos de uns e outros, pelo menos eu, que como dos

dois” – disse, salvaguardando os vegetarianos. Com intenção pedagógica rara, contou uma história supostamente passada em S. Brás de Alportel: alguém anunciou que ia ser feita uma mamografia por satélite, bastando para isso que as senhoras pusessem as mamas ao léu, naquele dia, àquela hora. Certamente tara de algum voyeur, como comentou, “que pretendia explorar a ignorância do povo”. Uma aula de física sem equações faria parecer que aquilo era brincadeira para crianças. Por isso elas lá apareceram. Mas desapareceram também à velocidade da luz, para grande alívio de todos. Afinal para usar o GPS e o telemóvel não precisamos de saber equações. Deixamos isso para os físicos e os engenheiros que se dedicam a descobrir ciência a pensar as suas aplicações tecnológicas. E já agora, não ficava mal agradecermos-lhes!

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A NOSSA VISITA 1º ciclo da Escola da Moita

No dia 6 de Maio, os alunos do 1º ciclo da Escola da Moita foram visitar a exposição de trabalhos inserida na Semana da Educação. Nesta mostra, foram apresentados trabalhos e projetos realizados pelos alunos das escolas do concelho da Marinha Grande. A escola da Moita participou nesta exposição com um trabalho de fotografia realizado com a técnica de Light Painting e também na Glass Parade. Neste mesmo dia, os alunos do 3.º e 4.º ano

participaram em várias experiências no laboratório de Ciências na Escola Calazans Duarte. A atividade foi orientada por um grupo de professores que proporcionou uma aula de ciências experimentais. Em pequenos grupos, os alunos realizaram experiências com a electricidade, a escrita invisível, a erupção do vulcão, encher o balão sem soprar, os espelhos côncavos e convexos, o pega monstro, o objeto flutuante, a dissolução de

PROJETO ECO ESCOLAS EXPOSIÇÃO DE TRABALHOS Jardim Infância da Moita

No âmbito da Semana da Educação da Marinha Grande, o Jardim de Infância da Moita realizou uma exposição de trabalhos que esteve patente na Sede da Junta de Freguesia, de 5 a 10 de Maio,. Os trabalhos expostos encontram-se enquadrados no Projeto Eco Escolas e pretendem divulgar o que de mais importante se faz na implementação de uma atitude ecológica e de preservação do meio ambiente. Porque é de pequenino que se começa o

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caminho, as crianças vivenciam experiências, que lhes vão cimentar conhecimentos para assegurar um futuro mais equilibrado no que concerne à proteção do planeta. Esta exposição teve ainda como objetivo dar a conhecer este projeto à comunidade envolvendo-a, de forma mais ativa, nas práticas ecológicas..

esferovite em acetona, a existência de oxigénio para haver combustão… O contacto com professores de outros ciclos, com o laboratório e os materiais proporcionaram-nos e estimularam-nos o gosto e o interesse pelas ciências. Os alunos adoraram participar e aprenderam muito com esta experiência.


ALUNOS DO 10º E EXPERIMENTAM O FUSING P&V Durante a XIII Semana da Educação e Juventude, centenas de alunos puderam experimentar aprendizagens novas, algumas surpreendentes. Foi o que aconteceu com os alunos e alunas da Turma do 10º E da Calazans Duarte, que passaram parte da tarde do dia 7 no ISDOM, onde participaram num workshop de Fusing. Depois de uma caminhada em passo acelerado, da Calazans Duarte até às instalações do Instituto, foram recebidas pela professora de Fusing, a designer Susana Ramalho, que apresentou os cursos que ali funcionam. Mostrou e explicou a exposição de projetos dos alunos do Curso de Design patente no hall e finalmente sentou os 18 à volta duma mesa, para o momento mais esperado: o Workshop de Fusing. A designer fez uma explicação clara sobre esta técnica de transformação de vidro, mostrou os equipamentos e materiais que podem ser utilizados, exemplificou e pô-los a produzir as suas primeiras obras em Fusing. Embora um ou outro aluno já tivesse ouvido falar desta técnica, não tinha ideia do que era e muito menos tinha experimentado fazer. As suas pequenas obras de arte lá ficaram alinhadas junto ao forno, prontas para a cozedura. E, quando todos tiveram de abandonar a sala, era visível a satisfação e, em muitos, o desejo de voltarem.

AULA ABERTA DE DESENHO NA CALAZANS Fátima Roque

No dia 8 de maio de 2015, os alunos do 7ºF da escola Guilherme Stephens visitaram a aula aberta de Desenho A do 10ºE, na escola Calazans Duarte, no âmbito da celebração do Ano Internacional da Luz, o tema escolhido este ano para a XIII Semana da Educação da Marinha Grande. Nesta aula aberta, os alunos do 3º ciclo

tiveram oportunidade de ver e de experimentar como se podiam representar os objetos sob o efeito da luz, conferindo-lhes volume, através de várias técnicas como grafite, sanguínea, esferográfica, lápis de cor, pastel, aguarela e acrílico.

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AGIR PARA PREVENIR

Campanha de prevenção rodoviária ( 11 a 15 de maio)

Diana Silva, Inês Carsane e Tânia Costa

A ideia de “agir para prevenir” partiu do Diretor do nosso Agrupamento e rapidamente se concretizou através das ações em cadeia de alguns professores de Educação Visual e de Português e da Associação de Pais da Escola Guilherme Stephens: basicamente, foram elaborados e distribuídos folhetos que continham apelos dirigidos aos pais e a todos os que se deslocam à escola para ir buscar ou levar alunos, no sentido de não ocuparem a passadeira e de evitarem o

estacionamento em segunda fila pois tal situação compromete e chega a impossibilitar a passagem das crianças e jovens em segurança, bem como a própria circulação na via, uma vez que chega a haver duas filas de carros parados em ambos os sentidos. No dia 13, quarta-feira, pouco antes da hora de saída para o almoço, colocámos os coletes de sinalização e, munidas de folhetos, juntámo-nos a outros colegas e a elementos da Associação de Pais e fomos para a estrada falar com os automobilistas. Dos inquiridos, muitos afirmaram que não faziam isto por sistema, que tinha sido só naquele dia que estavam estacionados em segunda fila ou até na passadeira – que azar terem sido abordados naquele momento! E desculpavam-se :“ É só um bocadinho… o filho despacha-se depressa e eu arranco logo…” Muitos não abriram os vidros para falarem connosco, acenando com o folheto que já tinham recebido em dias anteriores, esboçando um gesto

de incentivo e de polegar no ar, como a dizer “ sim, vamos cumprir!” Alguns tinham sugestões para outros pais : “Diria que temos que colaborar e que a campanha é boa”, “ Eu diria que se todos cedermos um bocadinho tudo se resolve, não é preciso apitar nem ficar irritado”, “Diria que vocês fazem bem em estar aqui, é mais convincente, pode ajudar a mudar alguma coisa”. Anotámos, registámos e passamos a palavra – faça-o também!.

LÊ QUE VAIS GOSTAR!

Da palavra escrita à imagem na TV...na CalazansTV! Clara Fernandes Da dinamização da Mediateca, do projeto “Ler no Poente” e do trabalho em equipa do GIC Gabinete de Imagem e Comunicação do Agrupamento surgiu o programa “ Lê que vais gostar” no qual mais de duas dezenas de alunos davam o seu testemunho sobre uma obra que tivessem lido e que recomendavam. De boca em boca, professores passaram a palavra, cativaram alunos para as duas linguagens: a da escrita e a da leitura, que já os tinham encantado quando leram os livros, e a da imagem, quando lhes propuseram a apresentação “na TV”, após a gravação no estúdio da EEACD dos seus testemunhos sobre o que haviam lido. Olhos brilharam. Estômagos se revolveram. Dúvidas se colocaram. Hesitações cresceram. A coragem cresceu e, mensalmente, lá iam grupos de alunos ao estúdio, acompanhados pelas professoras Teresa Letra e Clara Fernandes. Lá chegados, a surpresa era grande e o nervoso miudinho dava lugar a uma sã convivência. Os alunos mais velhos da ESEACD, que ajudavam na gravação, tinham uma paciência enorme e “o

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professor que lá estava (professor José Nobre da ESEACD) era simpático e dava dicas” (palavras de um dos participantes). Depois era aguardar pelo programa… Na primeira quarta feira de cada mês lá estávamos todos a ver nas salas de aula com as turmas todas as sugestões de leitura dos colegas. Os alunos tomavam notas – sim! Com mais atenção do que se fossem os professores a recomendar a leitura !!! – e alguns, vendo que outros já tinham ido, aliavam-se a esta aventura que era tanto a da leitura quanto da gravação, e, implicitamente, a de falar para o público. Feito o balanço, os alunos dizem que é positivo. “ Há vantagem em relação à leitura de uma crítica sobre o livro,” dizia uma aluna, “ porque a TV permite uma maior proximidade com o leitor, para cativar o leitor, a expressão facial revela os sentimentos de quem leu relativamente ao que leu e isso é mais convincente”; outra aluna referiu que “o convívio no estúdio com alunos mais novos foi muito engraçado”; já uma outra disse que se tratou de “ uma experiência que fica sempre para

o futuro: falar para a Câmara…!Foi giro!” Os alunos reconheciam que a imagem, o mundo da multimédia, que a reportagem, que o texto, o livro, o desenho não saem a perder neste caminho , e que este caminho, que não é uma corrida com vencedor e vencidos, é um campeonato em que as várias modalidades têm uma e a mesma função: a aprendizagem e o enriquecimento deles próprios e que são eles os vencedores. Todos podemos participar e conhecer - aqui está o endereço: http://age-mgpoente.pt – visite, junte-se a nós. E, agora é contigo, leitor mais jovem, que estás de férias, ou quase, se nunca ouviste falar disto, vai lá, à pagina do Agrupamento e procura uma sugestão de leitura . Vá, vai lá : http://agemgpoente.pt/gic/index.php/calazanstv e lê, “Lê que vais gostar!”


1º ENCONTRO MUSICAL INTERESCOLAS MARINHA GRANDE POENTE Teresa Letra e Clara Fernandes

No passado dia 22 de maio, decorreu na Escola Básica Guilherme Stephens o 1º Encontro Musical InterEscolas Marinha Grande Poente. Tratou-se de uma iniciativa do grupo de professores de Educação Musical daquela Escola e, pela primeira vez, reuniram-se num mesmo espaço vários grupos de diferentes origens geográficas que encantaram pela harmonia e diversidade das suas interpretações. A abrir o Encontro pudemos disfrutar da atuação do Clube de Música da Escola anfitriã, ao que se seguiu a representação do Agrupamento de Escolas de São Martinho do Porto; depois foi a vez do Quinteto de Jazz da Academia Musical de Alcobaça que também se fez representar pelo Duo de Marimba e Saxofone que muito entusiasmou o público pela novidade da proximidade com estes instrumentos e pela sua sonoridade própria. Após o almoço, o encontro prosseguiu com a atuação dos representantes do Agrupamento de Escolas Viseu Sul, seguida dos representantes do Agrupamento de Escolas Marinha Grande Nascente, tendo fechado o certame o Sport Operário Marinhense com uma atuação de piano a 4 mãos. A comunidade acolheu com carinho esta iniciativa e os professores tiveram oportunidade de acompanhar as suas turmas ao Encontro ao

longo de todo o dia, de acordo com a sua disponibilidade horária. Trocando, na aula desse dia, as notas dos cadernos diários pelas notas musicais que , não indo ser objeto de avaliação no teste seguinte, foram reconhecidas pelos docentes como igualmente importantes nas provas diárias da vida, pois que a música é alimento para o espírito e comprovadamente um auxiliar precioso na formação dos jovens, a vários níveis. Não havia pois que desperdiçar tão bela oportunidade de contactar com outros alunos, outras vivências, outros instrumentos e de uma forma tão próxima como aquela que ali se nos oferecia tão perto. A Vereadora do Pelouro da Educação quis brindar-nos com a sua presença, não escondendo o seu regozijo por esta iniciativa, ademais numa altura em que urge apoiar, pela divulgação e pelo incentivo, as manifestações culturais e artísticas dos nossos jovens . A plateia, encantada, às vezes inquieta pela novidade , esticando o pescoço para ver melhor o “enorme saxofone”, fez o silêncio que se exige, e que se dá de bom grado quando o interesse se alia à curiosidade e ao respeito pelo trabalho envolvido nas apresentações que desfilaram no pequeno palco da Escola. Parabéns e obrigada a todos! Esperamos pela próxima edição!

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MAUS TRATOS NÃO! PARTICIPAÇÃO NA CAMPANHA DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE CRIANÇAS E JOVENS Margarida Amado

Por solicitação da presidenta da CPCJ local, o Agrupamento participou na campanha de Prevenção de Maus Tratos a Crianças e Jovens, decorrida no passado mês de abril.

Foi o professor José Nobre, coordenador do procedeu à sua colocação. Todos têm inscritas naturalmente levaremos ao conhecimento da Gabinete de Imagem e Comunicação (GIC) do Agrupamento, que foi primeiro contactado pela presidente da CPCJ da Marinha Grande, Cidália Ferreira. Segundo ela, “este é o segundo ano em que desafiámos os Agrupamentos de Escolas a trabalhar esta problemática. No primeiro ano, fez sentido sermos nós a sugerir as atividades a desenvolver nos 3 agrupamentos e por isso elas foram iguais. Neste segundo ano, para além de continuarmos a disponibilizar as sugestões através dos documentos que tínhamos e de pedirmos que esta temática fosse introduzida no p l a n o a n u a l d e a t i v i d a d e s e s c o l a re s , naturalmente que considerámos que as iniciativas seriam de decisão da própria instituição”. Depois da reunião que se seguiu, com a equipa da Comissão, em que foram lançadas várias ideias, a participação do Agrupamento foi aprovada pela Direção e deu-se início ao trabalho. O professor José Nobre começou por mobilizar quer outros membros do GIC, quer os seus alunos de Oficina Multimédia e de Desenho, do curso de Artes Visuais, 12º ano, da Calazans Duarte. O plano que apresentou consistia em produzir um powerpoint e um vídeo de alerta e prevenção de maus tratos; fazer uma intervenção de graffiti de laços azuis, símbolo da Campanha, junto de passadeiras de peões na cidade; construção de “bonecos” a colocar em espaços públicos. Envolvidos os alunos, foi feito na escola a concepção e layout dos “bonecos”, um par masculino-feminino, depois realizados em MDF nas oficinas da Câmara Municipal, que forneceu também o material e

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pequenas frases da campanha, tais como “ouveme”, “protege-me”, “ama-me”...Três deles estão agora junto aos parques infantis da cidade, um na Moita e outro na Vieira. Os mesmos foram também feitos em cartão e distribuídos pelas escolas do 1º ciclo do Agrupamento, onde os professores e alunos os recortaram em manga. Os graffiti foram feitos pelos alunos do 12º, que contaram com o apoio da PSP para a sua colocação na via pública. O vídeo, em que colaborou a equipa do GIC, foi gravado com crianças e jovens de várias escolas do Agrupamento e depois distribuído pela CPCJ pelas escolas do concelho, além de estar disponível nos sites do Agrupamento e da Comissão, tal como o powerpoint. Do ponto de vista do professor José Nobre, “o envolvimento dos alunos como autores e não apenas como recetores era essencial, pois é essa participação ativa que dá sentido ao que se faz na Escola. É assim que as crianças e jovens se vão apropriando da mensagem a transmitir, dos conceitos de maus tratos e de uma atitude de denúncia e recusa dos mesmos.” Para a Presidenta da CPCJ da Marinha Grande, o trabalho que o Agrupamento Marinha Grande Poente realizou “teve excelentes frutos de imediato. Ao pedirmos a colaboração do Professor José Nobre para a possibilidade de nos ajudar a fazer o filme com as crianças, e de podermos agir chamando a atenção da nossa população, o professor trouxe várias ideias, algumas das quais pudemos pôr em prática e que

Comissão Nacional”. Cidália Ferreira considera que se conseguiram “de facto imagens apelativas à proteção e que criaram grande impacto.” Terminada a campanha, para a Presidente da CPCJ da Marinha Grande “o balanço feito é sempre muito positivo, pois as escolas envolvem-se de modo especial, neste mês, em iniciativas que chegam à nossa população, sensibilizando cada vez mais a comunidade para a proteção das nossas crianças que possam estar em situação de perigo. Alertar para esta problemática nunca é demais e as diversas escolas fizeram-no de modo diferente, como é natural. Também naturalmente não é de menos importância o trabalho realizado em sala de aula, que, ficando mais restrito, é fundamental para que as próprias crianças se saibam proteger, levando também a mensagem à família.” Para concluir o seu balanço da participação do Agrupamento no mês da Prevenção de Maus Tratos, Cidália Ferreira deixa “um agradecimento especial ao professor José Nobre e a todos os outros que tanta colaboração deram a esta causa”.


SEMANA DA LEITURA EB da Várzea

Decorreu de 13 a 17 de abril na EB da Várzea a semana da leitura, com várias iniciativas. Para além de encarregados de educação, foi convidada a contadora de histórias Isabel Curica que contou diversas histórias em tapete e com muita animação. Alunos do pré-escolar e do 1º ciclo (1º e 2º ano) deliciaram-se com “ O Grufalão”, “O Croco”, “ Bichinhos na Manta”, e muitas outras que tornaram este dia uma experiência diferente. Também a escritora Manuela Ribeiro se deslocou a esta escola contando algumas histórias de sua autoria. Estas iniciativas foram do agrado de todas

as crianças proporcionando um contacto direto com os livros, suas histórias e autores, importantes fatores para a promoção da leitura.

ANIVERSÁRIO DAS 4 CIDADES

EB da Várzea

Nos dias 10 e 11 de março participamos na comemoração do 27º aniversário da elevação a Cidade da Marinha Grande, Fundão, Montemoro-Novo e Vila Real de Santo António. Todos os meninos que participam no projeto “À descoberta das 4 cidades” foram recebidos no Salão Nobre da Câmara Municipal da Marinha Grande pelo vicepresidente e vereadores. Na escola do Engenho recebemos os nossos amigos com um lanche oferecido pelas mães dos meninos das duas escolas da Marinha Grande, realizámos diversas atividades, jogos muito divertidos e oferecemos algumas lembranças. Os nossos pais foram buscar-nos lá e fomos a casa mudar de roupa para o jantar na escola Calazans Duarte. Algumas mães ajudaram a servir o jantar

e, de seguida, fomos para o auditório onde decorreu a animação cultural. Assistimos um teatro com palhaços, a um ballet, a músicas cantadas pelos alunos da Calazans, ao filme de animação “Onde para o Zezinho?” e a educadora Aida Mira contou-nos um conto popular. Esta animação terminou com o auditório transformado numa discoteca. Os nossos amigos foram dormir a um hotel em S. Pedro de Moel. No dia 11 – dia de aniversário das quatro cidades – fomos ao Parque da Cerca brincar nos insufláveis com os nossos convidados. De tarde, distribuímos o boletim “O Caracol”, cantámos o Hino Nacional, o hino do projeto “Caracol da amizade” e lançamos balões com as cores das quatro cidades (Marinha Grande: amarelo; Montemor-o-Novo:

vermelho; Fundão: verde; e Vila Real de Santo António: branco). A seguir fomos à Casa da Cultura ouvir os Presidentes de cada cidade e no fim cantámos e dançámos, com muita alegria, ao som da música dos professores Nuno Brito e João Miguel. Foram dois dias muito divertidos e animados.

DE BOCA… A ORELHA EB de Várzea - turma 2

Somos alunos da turma 2 da EB de Várzea, andamos no 2º e estamos a participar no Projeto «À Descoberta das 4 cidades» que tem como tema "DE BOCA A ORELHA. Contos, lendas, provérbios, adivinhas, lengalengas... À descoberta do património oral das 4 cidades". Já pesquisámos algumas lendas em livros, convidámos pessoas com conhecimento neste tema para nos visitarem na nossa escola e marcámos encontros com pessoas mais idosas para sabermos mais sobre a vida antiga. A professora Lurdes Trindade veio à nossa escola falar-nos do Comboio de Lata. Contou-nos a sua história através de umas quadras engraçadas e falou-nos de muitas tradições ligadas à nossa terra. O pintor Guilherme Correia acompanhounos numa visita às suas pinturas expostas no átrio da Biblioteca Municipal da Marinha Grande. Estas

pinturas ilustram as “Lendas do Pinhal do Rei”, um livro que também encontrámos na Biblioteca e foi escrito por José Martins Saraiva. Depois da explicação de cada pintura e da lenda a que se refere, contou-nos a “Lenda das Camarinhas”, na sala de leitura infantil. Este encontro com o Pintor Guilherme Correia foi muito interessante porque nos falou sobre as suas pinturas, as lendas e alguns acontecimentos da História de Portugal que estavam relacionados. Também tivemos a colaboração do Lar da Santa Casa da Misericórdia nesta ação. Alguns idosos, com muita simpatia, falaram-nos da forma como viviam e brincavam quando eram crianças como nós. Cantaram-nos algumas cantigas antigas, como o “Fado do Vidreiro” e descobrimos que também cantavam a canção “A Machadinha”. Então, aproveitamos para cantarmos todos em

conjunto. Foi uma festa! A educadora Aida Mira também nos visitou e contou-nos muitas lendas, histórias, rimas e lengalengas. Nós já conhecíamos o seu livro “Histórias com História” e tínhamos estudado uma lenda muito engraçada chamada “Lenda das Mamas da Rainha”. Com esta lenda participámos no concurso nacional “Conta-nos uma história”. Para esta atividade contamos com a ajuda preciosa do João Sousa, um aluno da escola Calazans Duarte que recebeu um grupo de alunos da turma na “Calazans TV” para gravar as nossas vozes. ponto & vírgula agrupamento de escolas marinha grande poente

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GÉMEOS NA ESCOLA CALAZANS DUARTE Alice Marques

s de

e

Gu

São loiros, morenos, rapazes, raparigas, parecidos ou muito diferentes à primeira vista. Nunca são iguais. E será que cada um sente o que o outro sente? A repórter do P&V foi à procura dos gémeos da Calazans Duarte e encontrou dez pares. Mas sabe que há mais. Falou com nove deles, isto é, dezoito jovens, olhou-os fixamente e fotografou-os, à procura de semelhanças e diferenças. Ela é loira, ele é moreno e dificilmente alguém diria que são irmãos, muito menos gémeos. A Bárbara e o João, de apelido Guedes, alunos do 11º G, são gémeos fraternos, bivitelinos ou falsos gémeos na linguagem do senso comum. Os pais, ansiosos, quiseram saber o sexo do bebé, e descobriram, com a primeira ecografia, que eram dois. Mas esta “enganou-os” e a mãe, convencida de que daria à luz dois rapazes, foi arranjando os enxovais em azul e verde. Uma ecografia mais tardia mostrou que afinal era um menino e uma menina. A mãe não foi a correr trocar o verde pelo rosa. Quando nasceram, o enxoval azul foi para o João e o verde para a Bárbara. Vá-se lá saber porquê, quando cresceram, ela tornou-se sportinguista e ele portista! “Se calhar foi por

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Sim Rodrigues

causa das cores que vestimos em bebé” – diz a Bárbara com uma grande gargalhada. Apesar das semelhanças em bebés, tornaram-se muito diferentes. Ela confessa-se “nervosa, stressada, ansiosa” e ele “é calmo e descontraído”. João concorda com esta análise e acrescenta que já foram “mais diferentes, porque agora ele até já fica stressado, por exemplo, numa discussão”. Por causa do seu “feitio complicado e mudanças de humor repentinas”, diz ele que a sua relação com as pessoas é mais difícil. Por isso ela tem mais amigos. Mas há uma coisa em que se reconhecem “muito iguais”: ambos são “determinados, teimosos e nunca desistem do que querem”. Os manos Rodrigues, André (10ºE) e Ivo (11ºA), são gémeos idênticos, univitelinos ou verdadeiros. À primeira vista é difícil distingui-los. Mas olhando com atenção percebemos as diferenças: Ivo tem sinais na cara, André é ligeiramente mais alto. As cores mais escuras, preferidas de André, contrastam com as mais coloridas de Ivo e denunciam diferentes personalidades: apesar de alegres os dois, André é mais tímido, mais introvertido, tem medo do escuro; Ivo é mais

ões

emotivo. Quando acabou o namoro, chorou muito – denuncia o André. Gostam de brincar com as semelhanças. Andavam na pré-escola quando repararam que eram muito parecidos. Os professores achavam-nos iguais e, mesmo agora, ainda há por aí alguns que os confundem. Mas não há “como confundir”- dizem em coro. Realmente, olhando outra vez, o Ivo penteia o cabelo para a direita e o André para a esquerda. Mas aquela argola, nos dois, na orelha esquerda… acentua as semelhanças. Juntos desde sempre na escola, estão este ano em turmas separadas pela primeira vez. Começaram juntos no secundário, em Ciências e Tecnologias, mas o André acabou por desistir e, a conselho da psicóloga, recomeçou este ano em artes. “Ele é mais talentoso” – diz o mano Ivo. Mas a verdade é que ele, Ivo, também “tem jeito para os traçados, a geometria”. Por isso até tem Geometria Descritiva como opção. Os pais pensavam que seria um, só a segunda ecografia mostrou que eram dois. Mas cada um é um e nem em frente ao espelho se acham iguais. “Até a minha pele é diferente da do André” – diz o Ivo. Uma diferença que, sinceramente, olhos


estranhos não conseguem detetar. Marta e Bruna, as manas Gaspar Simões, frequentam o 12º ano A e à primeira vista qualquer semelhança entre elas é mera coincidência. Nascidas com 2,090 Kg (a Marta) e 2,295 Kg (a Bruna), pouco mais do que 200 gr as distinguia então. E, porque até aos 11 anos sempre se vestiram com modelitos iguais embora em cores diferentes, eram “semelhantes” – disseram em coro. Hoje quase ninguém acredita que são gémeas. As diferenças por fora têm

Santos Daniel e Marcos, os dois Santos, do 12º H, são gémeos verdadeiros e dos poucos desta reportagem que nasceram de parto natural. Muito parecidos fisicamente, como eles próprios reconhecem, não são meninos de tirar partido destas semelhanças. Mas lembram-se bem de uma ou outra história em que deixaram as professoras na dúvida. No início do 10º ano, a professora de geografia não conseguia distinguilos, trocava muitas vezes o nome e “pensava que estava a ficar maluca”, conta o Marcos. Vamos olhar com mais atenção: o Marcos é um pouco mais alto. No resto, descubra as diferenças. Pois se até eles se acham semelhantes! E ao verem fotografias de quando eram crianças, às vezes ficam na dúvida: “és tu ou sou eu”? Quem convive com eles diariamente não os confunde. Marcos é mais extrovertido, David tem mais dificuldade em “exprimir os afetos”. São muito amigos mas chateiam-se às vezes. E também calha desculparem-se um com o outro: “não fui eu, foi o David, não fui eu, foi o Marcos”. Juntos desde sempre, partilharam o quarto, os brinquedos e as amizades. Mas vai chegar o dia em que cada um seguirá a sua vida. Quando David entrar na faculdade de Direito e Marcos num outro curso qualquer que ainda não escolheu!

correspondência por dentro. Marta é stressada, perfecionista, racional e tem um gosto intelectual diferente: adora ler; Bruna é descontraída, mas é mais nervosa e tímida e mais emotiva também. Prefere os filmes e há alguns que a fazem chorar: histórias de amor, de relações pais/filhos, sofridas. Mas o que mais a magoa é que comparem as suas notas com as da Marta. Marta é muito boa aluna e Bruna diz que é só “boa”. Em casa, as diferenças transformam-se em complemento: a Bruna gosta de cozinhar, a Marta

Vitorino Os manos Vitorino, André e Rafael, estudam no 10º F e são gémeos verdadeiros. Mas as diferenças detetam-se com um olhar atento: André tem rosto mais redondo, Rafael mais alongado e olhos mais rasgados. Sempre se reconheceram semelhantes, embora diferentes. Mas os professores e os treinadores nem por isso. Daí que, na dúvida, às vezes chamem apenas: Vitorino! Em crianças, eram muito mais parecidos. Rafael lembra-se do dia em que entrou na escola e como eram “iguais” nesse tempo. A professora demorou a distingui-los e os colegas novos também. Com a idade, as diferenças foram-se acentuando e hoje, com quinze anos e meio, quem os conhece bem não os confunde. É o caso da namorada do André, que nunca se engana. Na personalidade também se notam as diferenças: o Rafael é mais extrovertido, mais divertido; o André, não sendo propriamente tímido, é menos divertido. Partilham os amigos, como sempre fizeram, porque andam sempre juntos. Ainda é cedo para pensar que um dia vão separar-se. Talvez seja muito mais tarde, quando formarem as suas famílias, porque para já, os dois pensam terminar o secundário juntos e prosseguir num curso de gestão.

mantém tudo muito arrumado e gosta de passar a ferro, guardar a roupa sem vincos e dobrada a rigor. No próximo ano talvez se separem. A Marta trabalha arduamente para seguir Medicina, a Bruna ainda não sabe. Para já, nem querem pensar nisso, porque apesar das diferenças são muito unidas. Vai-lhes custar a separação. Mas de uma coisa não têm dúvida: “vai custar muito mais à mãe”.

Louro As manas Louro, Maria e Francisca, são morenas, simpáticas e faladoras. Juntas desde que o mesmo óvulo foi fecundado, estão este ano pela primeira vez e m t u r m a s d i fe re nte s . M a r i a e m Socioeconómicas e Francisca em Ciências e Tecnologias. A mesma altura, o mesmo peso, o mesmo cabelo castanho de suave ondulação. Iguais? Não! Podemos distingui-las contando os sinais, que foram em maior número para o rosto da Maria. Falam em estereofonia, se as deixar. “Maria é mais extrovertida, mas eu também sou”diz a Francisca. “Na forma de falar com as pessoas, a Maria é mais brusca. Ela gosta da vida” – conclui. Maria diz que em tudo é muito diferente: “no contacto com as pessoas, na forma como as abordo, eu sou mais brincalhona. Puxei ao lado do meu pai, a Francisca ao da mãe.” As preferências clubistas também as distinguem: Maria é do Sporting, Francisca é do Benfica e cada uma defende o seu clube com unhas e dentes. Têm memórias comuns como a daquela vez em que, com 4 anos, os pais lhes prometeram que o Batatoon lhes mandava Nenucos se largassem as chupetas. Elas largaram e tiveram a recompensa: receberam Nenucos, piscinas, roupinhas…Com indiscutíveis semelhanças físicas, nunca tiram partido disso. “Somos tão diferentes na personalidade e até na letra que, se nos fizéssemos passar uma pela outra, descobriam logo” – diz a Maria. ponto & vírgula agrupamento de escolas marinha grande poente

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Rodrigues

Amaral

ira

Carde

Foi o que aconteceu quando nasceram, porque mãe não tem cinco nem seis mas sim dezenas de sentidos. Na maternidade Daniel de Matos, a mãe identificou Maria e depois Francisca quando a enfermeira lhas colocou junto ao peito. Depois levaram-nas para lavar e vestir e ao regressarem tinham trocado as pulseirinhas com o nome. Mas a mãe deu logo pelo engano.

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Maria Rodrigues e Patrícia Rodrigues, do 10ºC, são falsas gémeas mas muito parecidas, apesar da ondulação mais forte do cabelo da Maria e do centímetro de altura a mais da Patrícia. Falam das diferenças que não se veem: Patrícia adora manga, Maria odeia; Maria gosta de cogumelos, Patrícia detesta. E também doutras que se veem às vezes: Maria é a sensível, emocional, chora facilmente; Patrícia é controlada nas emoções e só uma coisa a faz chorar: o pai ameaçar que a tira da equitação. Juntas desde sempre na escola, no judo, na natação, na ginástica, no kickboxing, na dança e na música, liga-as acima de tudo a paixão pelos cavalos, que montam desde os 5 anos. Sobre este assunto são iguais: ambicionam um dia ter os seus próprios cavalos e hão-de montar até ao fim da vida. As suas mais antigas recordações são de andar a cavalo. “Era um cavalo branco. Ele andava devagar, eu bati-lhe no rabo e ele começou a andar mais depressa. Depois a Patrícia também foi” – diz a Maria. Um dia seguirão rumos diferentes – Patrícia pretende seguir a carreira militar, na área da cavalaria, e Maria pensa em Medicina Veterinária. Os cavalos estão sempre no seu pensamento.

Bernardo e Carolina Amaral, do 12º C, são gémeos falsos, diferentes no género e em muitas outras coisas. Nascidos de cesariana, ela viu primeiro a luz do dia. Sempre se reconheceram como irmãos, e sendo muito semelhantes em bebés, cresceram diferentes, numa cultura que, a partir das diferenças de sexo, continua a moldar os seres para se tornarem homens e mulheres. Carolina percebe isso muito bem. Apesar dos valores comuns que Carolina atribuiu sem hesitação “à boa educação que os pais deram”, ela é emocional, ele é racional, o que justifica pelo facto de “a sensibilidade ser mais feminina, embora não tenha a nada a ver com a biologia, mas sim com a cultura”. E contudo, intelectualmente, não são assim tão diferentes, pois ambos estão em Ciências e Tecnologias, são muito bons alunos a matemática e é provável que ele siga um curso de engenharia e ela de matemática. Animais em sofrimento ou alguém que morre num filme emocionam a Carolina. Ao Bernardo é preciso mais do que isso, uma situação muito mais radical, para lhe arrancar uma lágrima. Mas o certo é que nem ele nem ela se lembram da última vez que choraram.

Joel e Daniela, de apelido Cardeira, do 11º C, mais um par de falsos gémeos, têm poucas semelhanças visíveis. Ela “é mais parecida com o pai; eu sou parecido com a minha bisavó materna”

– começa por dizer o Joel. As diferenças psicológicas são também muito notórias. Ela é explosiva, mas passa-lhe logo; ele é pacífico, mas quando “enche” tem reacções exageradasadmite ele. Como alunos, têm resultados idênticos. Contudo, “ele é preguiçoso, mas capta tudo nas aulas se estiver atento e eu mato-me a trabalhar” – remata ela. “Ela é peixe, eu sou carne, nos gostos alimentares” – diz ele. Ela contesta: - “Eu como de tudo, tu és esquisito”. “Sou de gosto refinado” – contraria ele. Ela é Yin - positiva, otimista, ele é Yang – pessimista. Assim mesmo, dito pelo Joel. Ele “é queixinhas” sempre que está doente - diz ela; “ela aguenta tudo” - confirma ele. E há diferenças que doem: Daniela é fechada, tem dificuldade em expressar os seus afetos; evita as manifestações de carinho com a mãe, com a avó, “porque elas começam logo a chorar e então eu retraio-me. Posso passar uma imagem de insensibilidade, mas não é, é fechamento”. O Joel, pelo contrário, manifesta facilmente o carinho que sente, mais por gestos do que por palavras. Mas palavras não lhe faltaram, para falar de si, da irmã e para pintar um retrato bem bonito dos seus progenitores: “Mãe é amor, carinho, protecção. Pai é honra, respeito, trabalho árduo”. A pergunta que me obcecava quando parti para esta viagem com os gémeos, - um sente o que o outro sente?- foi respondida por todos da mesma maneira- “não há telepatia. Isso é mesmo mito”.


LER POESIA João Faria

Poucas palavras, grandes sentimentos; um verso, uma história: Poesia. Embora de longe pareça um simples e pequeno rabisco , na realidade pode ser um infinito mar de emoções, apenas disfarçado de uma vulgar folha de papel. Mas o que tem a poesia de tão especial para até nestes dias inspirar multidões? Devemos lê-la? Na minha opinião, sim. A poesia recompensa corações, enchendo-os de sentimentos e expressões alegres ou deprimentes, a quem se atrever a ler ou a ouvir poemas. Neste campo, a poesia não está sozinha: outros tipos de texto também conseguem exprimir sensações, mas a poesia é a comandante que consegue transformar uma carruagem cheia de palavras, num simples carro com poucas palavras, sem nunca perder significado. A compilação e diminuição "violenta", que a poesia pratica, é algo que é muito admirado pelos seus seguidores. "Amor é um fogo que arde sem se ver", de Camões, é uma das milhões de situações em que esta caraterística está

presente. Outro factor que atrai e desafia leitores de poesia é o quão moldável é a sua interpretação. Cada poema pode ser interpretado de muitas e diversas maneiras, não havendo uma forma mais correta, ou outra mais errada: o poema adapta-se à visão do leitor tal como o ser humano se adapta à natureza. O uso de metáforas também ajuda a transformar a poesia num híbrido colossal. Os poemas surrealistas são uns dos muitos exemplos que obrigam o leitor a puxar pela sua imaginação. Quer se goste ou não, é impossível contrariar a longa história da poesia: já foi a voz de grandes revoluções; já foi o grito de grandes povos; e já inspirou gerações que tornaram a poesia imortal, sendo escritos poemas até nos dias de hoje. Na próxima vez que o caro leitor encontrar um "pequeno rabisco de papel", em cima de uma mesa, perca algum tempo a lê-lo. Quem sabe se está diante de um outro mundo.

TRAGO SEMPRE COMIGO PAPEL E CANETA… P&V

Desde muito cedo que a constante presença dos livros na vida da professora Sónia Vieira despertou nela a curiosidade e a paixão pela leitura e pela escrita e, em particular, pela poesia. “Não seria mais feliz se deixasse de colocar no papel a junção das letrinhas. Trago sempre comigo papel e caneta…”, diz-nos com um sorriso rasgado enquanto nos apresenta a autora que traz escondida dentro de si. No passado mês de março, a Chiado Editora lançou o VI volume da obra “Entre o Sono e o Sonho”, uma antologia de poesia que reúne textos de poetas contemporâneos consagrados e de novos talentos. Sob a forma do pseudónimo SChainho, a docente, que leciona no AEMGPoente, celebrou o dia da poesia e a primavera ao constar dos 1500 autores selecionados pela referida Editora, num universo de 5000 poesias.

Mark Rothko- ‘Red on Red’

Todos os lugares não sei o que faça com os todos os lugares que não conheci e nas ruas da minha cidade vejo-os nas portas dos cafés, no chão, nos beirais das casas onde mora a saudade nesses mundos distantes onde os teus passos ecoam há forças, tons avermelhados e sonhos de verdade vozes de sombras em sobressalto mostram-me esses lugares que não conheci e relembram-me os passos dados nas margens do que acredito todos os lugares que não conheci são frutos silvestres que busco nos teus lábios e não sei o que faça; se os reviva cá dentro só comigo como se partissem na caravela alada que perdi ou se os lance no turvado mar onde aprendi

@Schainho In "Entre o Sono e o Sonho", Vol. VI, Chiado Editora, 2015. ponto & vírgula agrupamento de escolas marinha grande poente

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POESIA, PINTURA, SOLIDÃO E COMPANHIA Margarida Amado

Vasco Graça Moura é um poeta português que, pela variedade da sua obra e interesses, foi já comparado a um homem do Renascimento. Publicou, desde a década de 60 do século XX até muito recentemente (morreu em 2014), poesia, romance, ensaio, traduções... Gostava de pintura e escreveu o belíssimo poema l'homme au verre de vin — assim mesmo, com um título em francês. É que é assim que é conhecido um quadro que está no Museu do Louvre, em Paris, e que alguns pensam ser da autoria do grande pintor português do século XV, Nuno Gonçalves, que terá talvez trabalhado na Flandres e aprendido a sua arte com os mestres flamengos.

A partir deste quadro, escreveu Graça Moura: numa sala do louvre dedicada à pintura espanhola há um quadro atribuído à escola portuguesa de quatrocentos. é o homem do copo de vinho, ou, dir-se-ia do copo de solidão; e é possível que seja flamengo e triste. mas tomemos a origem indicada como boa para esse homem que vai entrar na noite, gravemente na noite, como numa parda natureza. eu nunca pude obter um slide dessa imagem um bilhete postal, ou quaisquer dados para situar aquela estranha placidez de quem vai encontrar no vinho umas verdades, de alguém que vou visitar de vez em quando, para beber um copo em companhia. é possível que fosse na flandres algum feitor discreto e rico ou que em lisboa fosse o português cultivado melancólico,

falo às vezes do amor, dos seus dilemas, e das noites de insónia em que me viro para um e outro lado, mas prefiro que o próprio amor escreva os meus poemas.

segurando uma alcachofra minuciosa que o pintor depois terá mudado para tornar mais intenso o sentimento ou mais real a sua digna sede.

se o faz, à própria vida é que retiro casos por mim passados e outros temas, para depois usar estratagemas de mentira e verdade e lhes adiro. e então digo e desdigo e contradigo o dito e o não dito, e deixo o gosto nas entrelinhas do que não consigo

Noutro livro, RETRATO DE FRANCISCA MATROCO E OUTROS POEMAS, também escreve a partir da obra de um pintor. O retrato que aparece no título foi feito por Henrique Pousão, um genial artista, morto muito jovem, aos 25 anos, em 1884. Deste livro, fica o soneto de companhia:

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dizer de outra maneira e é suposto andar a vida toda em mim, comigo: e assim falo do amor e do teu rosto.


“SILÊNCIO DA COR”

Alunos do 12º ano de Artes Visuais expõem na Galeria Jorge Martins

Alice Marques

A Galeria Jorge Martins do Sport Operário Marinhense encheu-se de cores no dia 28 de maio. Dezenas de trabalhos artísticos das finalistas do curso de Artes Visuais da Calazans Duarte coloriam as paredes brancas da sala, em harmonia com o vestuário casual das muitas pessoas presentes nesta vernissage. Entre a variedade de trabalhos e técnicas, duas paredes atraíam particularmente o olhar dos visitantes: uma, em que se expunham autorretratos das alunas, e outra, onde telas pintadas a quatro mãos levavam os visitantes a penetrar no Memorial do Convento de José Saramago. Foi este projeto final da turma que se tornou pretexto para uma exposição retrospetiva dos trabalhos realizados ao longo do curso, particularmente neste último ano letivo, nas aulas de Desenho e Oficina Multimédia do professor José Nobre. A professora Helena Pires, a quem coube a decisão de escolher os trechos do Memorial do Convento e que apenas vira os esboços iniciais, disse que o resultado final lhe agradou muito e reconhece que “foi um excelente exemplo de interdisciplinaridade”. Todas as alunas falaram ao P&V, fazendo uma avaliação do seu percurso pelas artes visuais. Daniela, que não largou a obra em execução durante a vernissage, “queria ter mais tempo, mais aulas com o professor Zé Nobre”. Inês acha que “evoluiu muito em termos de técnicas artísticas e garante que os professores as prepararam bem para prosseguir num curso superior”. Sobre o projeto do Memorial do Convento considerou interessante trabalhar a dois, “com total liberdade de interpretação do texto e de expressão artística”. Também Ana Lopes reconhece que houve uma grande evolução de todas e sobre o Memorial não hesita em dizer que “sendo a nossa interpretação, pode levar os outros à curiosidade de ler o livro”. Nádia, que já trazia alguma experiência de pintar a óleo, sente que “evoluiu muito em termos de técnicas” e está confiante quanto à sua entrada num curso de Superior de Design. À Ana Margarida o curso ensinou “técnicas e estilos” e ajudou-a a “crescer a nível artístico”. Ana Sofia está agora segura de ter feito “uma boa escolha quando foi para este curso”. De imediato, irá procurar um trabalho, mas

não põe de parte a ideia de prosseguir estudos daqui a uns anos. E até lá não deixará de desenhar diariamente “nem que sejam rabiscos”. Ana Teresa não podia estar mais satisfeita com o seu trabalho em geral e particularmente com o quadro sobre o Memorial do Convento, que executou com o Iven. Sobre a exposição acha que “foi a melhor forma de terminar, porque deu sentido ao que aprenderam”. Iven, o único rapaz do curso, adorou os dois anos em que fez parte deste grupo: “turma porreira, miúdas calmas, solidárias, nada de conflitos”- disse ao P&V. Mariana também reconhece a sua evolução, particularmente no último ano. Como todas as colegas, um Curso de Design é o seu próximo objetivo. Giulia, a italiana que passou este ano na Calazans no âmbito do programa Intercultura, confessou, já com nostalgia: “vou ter muitas saudades desta turma. São pessoas lindas, fantásticas”. Dentro de um mês regressará à Itália, ao seu Liceu de Artes, onde ficará mais um ano antes de concorrer à universidade. A vernissage contou com gostosos e variados acepipes “assinados” pelos alunos do 10º e 11º ano do Curso Profissional de Restauração/ Cozinha e Pastelaria. Se não teve oportunidade de ver a exposição, vai poder vê-la, ou pelo menos parte dela, lá para o início do próximo ano letivo, no antigo Espaço Memória, por cima da Mediateca da Calazans. Palavra do diretor Cesário Silva.

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VI Sarau da Mediateca Poesia, música, teatro e muitos prémios P&V

Na noite de 29 de maio, o grande auditório da Calazans Duarte encheu-se de graúdos e miúdos para ver, ouvir e aplaudir os artistas e os premiados que animaram o VI Sarau da Mediateca. Francisco e Beatriz foram os mestres de cerimónia e também tiveram o seu momento de performance artística. Foram duas horas que passaram a correr, com o espetáculo a não dar tréguas às palmas. A festa abriu com o Rafael na guitarra e a Beatriz a cantar Britney Spears, prosseguiu com música, da clássica ao rock, passando pelo tango e pelo canto, interrompida aqui e ali pela declamação de poemas e entrega de prémios aos vencedores dos muitos concursos que a equipa da mediateca organiza anualmente, como ortografia, poesia e conto. Foram também entregues os certificados aos participantes no Hoje há intervalo e Lê que vais gostar. Momento alto para os mais jovens foi a apresentação da nova banda, Rushed Up. Miguel Esperança, Fábio Vieira, André Martins, Ana Eduarda

Martins, Tiago Pereira e Daniel Oliveira levaram o pessoal ao rubro, como se estivessem num Meo Arena! Era já noite dentro quando Apareceu Dona Margarida, a professora mais aguardada neste Sarau. Não uma, mas onze Margaridas, da Companhia CalaBoca, estiveram pujantes na sua performance, pisando o palco com segurança, apesar da altura dos sapatos, e arrancando ao auditório muitas palmas e sonoras gargalhadas. O final, com todos os participantes e premiados chamados ao palco, mostrou que o grande auditório começa a ser pequeno para tanto talento.

UMA E MUITAS DONAS MARGARIDAS Companhia CalaBoca no Festival de Teatro Juvenil de Leiria P&V

O grupo de teatro da Calazans Duarte, Calaboca, apresentou no dia 25 de maio, no teatro Miguel Franco em Leiria, a peça Apareceu Dona Margarida, integrada no Festival de Teatro Juvenil de Leiria. Onze jovens no palco e um na sonoplastia mo straram, a u m au d itó rio co mp o sto essencialmente de alunos e professores, uma adaptação da polémica peça Dona Margarida, um texto do dramaturgo brasileiro Roberto Athayde, escrito em 1971, em plena ditadura militar, e

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interpretada então pela atriz Marília Pêra. A adaptação deste texto para ser levado à cena por uma dúzia de adolescentes, pois “todos querem ser Dona Margarida”, como se lê no cartaz, é um trabalho notável da atriz Sandra José e da professora de expressão dramática, Ermelinda Silva, “feito com a colaboração de todo o grupo”, como as próprias disseram antes de abrir o pano. A atualidade do texto e a adequação ao auditório não podia ser melhor. Dona Margarida, ou, no

caso, 11 Donas Margaridas, representa o estereótipo da professora tirana (e se as havia nos regimes ditatoriais!) que transforma os espetadores numa turma de adolescentes a quem dá uma aula de biologia. O vestuário igual das Margaridas, (calça preta, camisa branca, sapato de salto muito alto e a indispensável mala) aliado a uma gestualidade realmente teatral, reforça a ideia de estereótipo da professora tirana, provocadora e perversa. A movimentação no palco, os gestos e as palavras fortíssimas, em interação palco-plateia, mais do que o riso, provocaram no público um olhar para dentro. Por parte dos alunos, talvez um pensamento do género “eu tenho professoras assim “ e, por parte destas, porventura um reconhecimento não confessado: eu já fui -ou eu sou- uma Dona Margarida”. Apesar de o 25 de Abril ter sido há 4 décadas! Os aplausos são mais do que merecidos. Pelas jovens atrizes e os dois atores também no papel de Margaridas, a professora Ermelinda e a atriz profissional Sandra José. Esta merece-os a dobrar, porque também ela tem representado este papel, sozinha em palco, por todo o país.


Currículo Específico Individual

QUANDO A ESTRADA PASSA FORA DO CAMINHO Jorge Alves

Todos os dias me deparo com escolhos no caminho, com pedras na engrenagem, com barreiras de incompreensão e indiferença que me impedem o acesso à conquista dos meus objetivos, que me obstruem o acesso à felicidade, que não me permitem uma completa realização… De qualquer boca poderíamos ouvir estas palavras; qualquer dos nossos amigos já nos desabafou estas angústias; até cada um de nós, por certo, já se reviu nestes sentimentos. Contudo, raramente observamos que, mesmo ao nosso lado, cruzando-se connosco quotidianamente, há inúmeros seres humanos que nunca podem seguir pela nossa estrada e que são obrigados, pela intransigência e brutalidade da nossa sociedade, a trilhar os árduos caminhos que, afinal, são sempre os mais duros: o caminho da exclusão, da marginalização, da discriminação; o caminho daqueles que são apontados como “os diferentes”, o caminho que, apesar de não o vermos, passa mesmo ali ao lado, tão ao alcance do nosso olhar e da nossa mão. Pediram-me para falar da minha experiência, como professor, como auxiliador, como apoiante de quatro jovens, às quais tento ensinar coisas do Português, do país em que vivemos, do mundo que nos rodeia, mas que, elas, sim, me têm ensinado constantemente coisas importantes: dos afetos, das emoções, do enfrentar cada dia com a certeza de que será mais um dia de muitas lutas, de muitas vitórias e fracassos, de incomensuráveis incompreensões, e só consegui escrever, sabe-se lá porquê, após ter redigido esta introdução tão cheia de amarguras e despeitos. Felizmente, estas quatro meninas não são assim! Há nelas ansiedades, medos, inseguranças, revoltas, alegrias, esperanças… como em qualquer um de nós, mas nelas assumindo proporções de castelos de gigantes, numa vertiginosa sucessão de emoções e sentimentos, que tanto me comovem, como me espantam, como, ainda, me deixam em completo desconcerto. Há nelas afeições tão fortes, mas tão fugazes, que o melhor romancista que as quisesse retratar perderia de imediato o fio à sua trama. E tudo isto na insegurança constante de uma sociedade que as rotula de inferioridades, de

famílias que, talvez, as sofram pela impotência de não as conseguir conduzir pelo caminho em que os “outros” triunfam, de amigos e companheiros que as incompreendem, de elas próprias que se têm de defender da sua revolta e das barreiras que a si mesmas se levantam. Mas não. Não é este o retrato destas meninas, que tanto me ensinam acerca de outras formas de viver a vida, acerca de como caminhar pelo caminho do lado de fora que eu me proponho transmitir. Nelas há o fascínio das formas e das cores, que elas criam e com que vão colorindo as suas esperanças e ilusões, há os corações docemente apaixonados de inocência, que se comovem com a letra de uma canção, ou com uma cena de novela romântica, há sentimentos puros e francos pelas causas humanitárias, as que, realmente, importam (o sofrimento de um animal, uma criança que é preciso amar e proteger, a amizade que se quer agarrar) … mas que, às vezes é preciso refrear, chamar à razão… e tantas outras grandes questões quotidianas que muitos de nós ignoramos, por as considerarmos fúteis ou irrelevantes. Há uma menina que adoraria ser princesa e sonha estrelas mágicas, procurando felicidades no mundo das doces fantasias. Há aquela que, qual guerreira de lutas intermináveis, faz da sua

existência um constante caminhar na corda bamba, afrontando medos e sustos, mas chorando de emoção em face de uma frase mais doce e apaixonada. Há aquela outra, que, qual abelha de flor em flor, vai brincando os seus dias, nas fugazes sensações das emoções passageiras, mas que insiste na sua interminável procura de um porto seguro, a que chame amizade. Finalmente, a que me resta referir, um passarinho assustado, entre a meiguice e a revolta, que procura um refúgio doce para as suas angustiadas inseguranças, num abraço breve, ou num beijo carinhoso, já que as palavras lhe são esquivas, para transmitir de outra forma o turbilhão de emoções que lhe assalta o espírito. Tudo isto são estas quatro meninas, estas que, na nossa escola encontraram um porto de abrigo, estas que, sem o saberem, também nos ensinam que há mais caminhos para caminharmos, para além do que julgamos nosso – o caminho que se faz caminhando do lado de fora da estrada.

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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS

MARINHA GRANDE

POENTE

PRÉ-ESCOLAR | 1º CICLO | 2º CICLO | 3º CICLO | SECUNDÁRIO CURSOS

3ºCICLO | SECUNDÁRIO

VOCACIONAIS MULTIMÉDIA TURISMO AMBIENTAL E RURAL INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PLANEAMENTO INDUSTRIAL DE METALURGIA E METALOMECÂNICA

CURSOS

PROFISSIONAIS RESTAURAÇÃO COZINHA/PASTELARIA

AUXILIAR PROTÉSICO DENTÁRIO AUXILIAR DE SAÚDE CONTABILIDADE ENERGIAS RENOVÁVEIS VITRINISMO

TRANSFORMAÇÃO DE POLÍMEROS

CURSOS

CIENTÍFICO HUMANÍSTICOS ARTES VISUAIS CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS CIÊNCIAS SOCIOECONÓMICAS LÍNGUAS E HUMANIDADES

ENSINO RECORRENTE (CURSO CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS)

EFA - TIPO C

Escola Básica da Amieirinha – 1º ciclo Escola Básica de Casal de Malta – Educação Pré-escolar e 1º ciclo Escola Básica da Fonte Santa – Educação Pré-escolar e 1º ciclo Escola Básica da Moita – Educação Pré-escolar e 1º ciclo Escola Básica Francisco Veríssimo – 1º ciclo Escola Básica da Várzea – Educação Pré-escolar e 1º ciclo Jardim de Infância da Ordem – Educação Pré-escolar Jardim de Infância da Amieirinha – Educação Pré-escolar


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