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Leitura e escrita literárias

O foco narrativo está em primeira ou terceira pessoa? O narrador é protagonista, onisciente ou observador? Qual a diferença entre eles? Recomende que os alunos façam comparações com séries, filmes ou livros que estão assistindo e que possuem o mesmo foco narrativo e compartilhe com os demais colegas.

Devido à versatilidade do foco narrativo há vários tipos de romance. Romance histórico, romance linear ou progressivo, de formação, psicológico, de horror, de enredo etc. Edwin Muir (1929) propõe uma classificação interessante, dividida em três tipos, a saber: romance de ação, romance de personagem e romance de drama. No caso de As vidas e as mortes de Frankenstein, trata-se de um romance de ação, pois sua intriga é mais ressaltada que os demais componentes da obra.

LeiTura e escriTa LiTerárias

Como começamos dizendo, o texto literário não é um texto qualquer. É preciso tomar certos cuidados e posturas diante dele, porque a leitura literária costuma provocar certos efeitos no leitor que um texto não literário, muitas vezes, passa longe de provocar. Também já falamos que se trata de um uso diferenciado da linguagem, que passa a significar algo além do seu significado do dicionário.

A princípio, o leitor literário desenvolve sua empatia, sua personalidade, aumenta sua vivência acerca dos paradoxais comportamentos humanos, os segredos mais escondidos revelados em histórias escritas há séculos.

Um dos efeitos que podem surgir ao ler literatura é a aptidão para escrever literatura. É preciso dizer que não se pode ensinar alguém a escrever bem ou de determinada forma, mas o que todos os escritores e professores de escrita criativa afirmam é que a escrita é consequência da leitura. Quer escrever romances? Primeiro passo é ler romances. Quer escrever poemas? Comece lendo poemas.

Mas se o texto literário não tem uma função prática, para que escrever um?

Contar histórias é uma necessidade humana. Há até mesmo quem defenda que é justamente o fato de contar e acreditar em histórias que permitiu ao Homo sapiens chegar ao topo da cadeia alimentar. Desde muito antes de romances e contos, os seres humanos se reuniam em volta da fogueira ou à beira do riacho; e os mais velhos contavam aos mais novos as histórias antigas, os homens contavam as histórias de caçadas.

SUMÁRIO

Além disso, as histórias ancestrais, aquelas que chamamos de mitos e lendas e que são as bases de todas as histórias contadas, são responsáveis em construir o imaginário humano. Isso quer dizer que a literatura constrói os arquétipos, isto é, “resíduos psíquicos acumulados no inconsciente coletivo através dos séculos, e revelados como ‘imagens primordiais’, ou ‘engramas’, que ressurgem na intuição dos poetas e ficcionistas, independentemente do tempo e do espaço” (MOISÉS, 2013, p. 39).

Isso quer dizer muitas coisas, mas talvez uma das mais importantes seja a possibilidade de compreender melhor os mistérios da consciência humana, em compreender melhor o outro, pois um dos efeitos alcançados, sem dúvida, pela leitura literária é o da empatia a partir da identificação entre leitor e personagem. Mais do que viajar em infinitos espaços, a literatura permite ao leitor viver infinitas vidas.

Escritores não são seres superiores, mais inteligentes, mais espertos ou mais sábios. Escritores são observadores, isso, sim; e grandes leitores, e sabem, é claro, usar as palavras, montar as frases e organizar parágrafos com mais facilidade, consequência das leituras. Eles sabem lidar com a ficção, essa espécie de cola que liga os acontecimentos, personagens. Desde pequena, uma criança pode mostrar predileção para contar histórias. Quando as emoções são mais latentes, essa predileção se torna mais subjetiva, as emoções que afloram na puberdade tornam a escrita mais madura, mais arredondada.

Em As vidas e as mortes de Frankenstein, Jeanette Rozsas partiu de um clássico da literatura para escrever um novo romance. Além disso, ela “emprestou” personagens históricos para criar ficção a partir deles. Esses são dois exercícios para aprender a lidar com a ficção: imaginar como aconteceu de fato alguns eventos históricos, por exemplo, imaginar quais foram os pensamentos de determinados personagens, o que sentiram; ou emprestar algum personagem já bastante conhecido e criar outras histórias sobre aquele mesmo universo ficcional.

Além disso, a escrita literária possibilita um excelente exercício de autoconhecimento, assim como a escrita de diários e de cartas, práticas cada vez mais raras na sociedade contemporânea.

Talvez seja esse outro objetivo aqui, quem sabe o mais importante: torcer para que dessas leituras surjam também algumas páginas literárias escritas pelos jovens leitores e por você, professor.

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