Revista 05

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Amazonas Ciência POR

Valmir Lima e Rúbia Balbi

Pesquisas

da malária avançam no Amazonas

Esforço do Estado em combater a doença já apresenta resultados promissores. Fapeam financia 13 pesquisas na área, com investimentos de mais de R$ 362 mil

A

malária é uma das doenças tropicais mais pesquisadas no Amazonas nos últimos dez anos. Este ano, só na Fundação de Medicina Tropical (FMT-AM) estão sendo desenvolvidos dez estudos com o objetivo de armar médicos, pesquisadores e laboratórios contra os efeitos de um mosquito que encontra na floresta amazônica ambiente perfeito para se desenvolver. “A malária é a nossa principal doença parasitária, a nossa principal endemia, por isso, não podemos deixar de estudá-la”, afirma a médica, pesquisadora e professora Maria das Graças Costa Alecrim, uma das que mais estuda a doença no Estado. A pesquisadora explica que é quase impossível erradicar a malária numa região em que os mosquitos transmissores se reproduzem a uma velocidade incalculável e onde os seres humanos carregam os parasitas no sangue. “Mais de 99% dos casos de malária no Brasil são registrados na Amazônia. Aqui os mosquitos encontram água limpa, floresta e o homem doente”, afirma Graça Alecrim. 20

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Julho 2007

Além da tropa de combate ao mosquito, nas regiões onde é possível, como nas áreas urbanas, o Estado vem financiando pesquisas que objetivam, principalmente, combater os efeitos da doença e diminuir o sofrimento dos pacientes. Desde 2003, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) já investiu R$ 362.917,02 em 13 estudos que buscam inovação no tratamento, controle e combate à malária. Este ano, a instituição aprovou mais cinco projetos de pesquisa sobre a doença no Programa de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde: Gestão Compartilhada em Saúde (PPSUS). A pesquisadora Ana Ruth Lima Arcanjo foi uma das contempladas no PPSUS/2007. Ela coordena uma equipe da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS) que trabalha para padronizar o diagnóstico da malária no Estado, com o objetivo de diminuir os erros na identificação dos pacientes infectados e no tipo de malária contraída por eles. O erro de diagnóstico pode ter efeitos desastrosos no tratamento dos pacientes. A malária tem quatro variações e cada uma é tratada com

um tipo de medicamento. Errando no diagnóstico, erra-se também no tipo de remédio, retardando o tratamento. Outro erro comum é afirmar que o paciente não tem a doença, quando tem, ou o contrário: ele não tem, mas o diagnóstico é positivo. O controle de diagnósticos de malária já é feito no Amazonas, por exigência do Ministério da Saúde, mas produz apenas resultados teóricos, ou seja, serve apenas para engrossar as estatísticas de erros e acertos. A pesquisa da equipe de Ana Ruth vai além dos relatórios. “Nós vamos avaliar cada profissional e aqueles que tiverem avaliação negativa serão encaminhados para treinamentos e voltarão a ser avaliados numa segunda etapa. Os que tiverem avaliação positiva receberão certificado”. Só em Manaus, existem mais de 700 profissionais entre microscopistas, técnicos em patologia e bioquímicos trabalhando no diagnóstico da malária. A FVS não tem dados concretos sobre esses profissionais devido sua alta rotatividade empregatícia, segundo a pesquisadora. Os profissionais, no interior do Julho 2007

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