

Copyright© by EQUIPE INVASÃO
Direitos exclusivos de publicação somente para a editora Lote 42
Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da língua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009.
Capa e Arte Júlia Matias, Isabela Jasinski, Renê Genro
Preparação Gustavo dos Anjos, Gabriel Fernandes, Larissa Nascimento
Revisão Gustavo dos Anjos, Isabela Jasinski, Júlia Matias
Créditos de imagem
PP (11-31) Freepik
Edição de imagem Júlia Matias
Os personagens e as situações desta obra são reais apenas no universo da ficção; não se referem a pessoas e fatos concretos, e não emitem opinião sobre eles.
Índice de catálogo sistemático
1 - livro de receitas. 2 - ficção: literatura brasileira
IMPRESSO NO BRASIL [2022]
todos os direitos dessa edição reservados à EDITORA LOTE 42
R. Barão de Tatuí, 302 - Santa Cecília, São Paulo - SP, 01226-030
COLEÇÃO O FESTIM DO BOSQUE (Equinócio)
Gabriel Fernandes, Gustavo dos Anjos, Isabela Jasinski, Júlia Matias, Larissa Nascimento, Renê Genro.
Apresentação

A culinária nos traz lembranças afetivas. Seja no temperinho de vó, num jantar em um primeiro encontro, numa ceia de final de ano ou em uma celebração entre amigos. A sinestesia das lembranças é praticamente palpável. O cheiro de pinhão invade a sala enquanto assistimos ao desenho com nossos avós numa noite fria. As risadas de nossos amigos ecoam por todos os cômodos ao fazerem uma focaccia. Esses momentos são tão especiais e se tornam lembranças únicas de como é prazeroso compartilharmos sabores e afetos com as pessoas próximas de nós. Nosso objetivo é que este livro seja compartilhado com esses laços afetivos, para torná-los mais firmes e para criar lembranças marcantes para o resto da sua vida.

“Tudo que acontece é naturalinclusive o sobrenatural.”
- Mario QuintanaHistòria
Os daimôniros são seres de espírito livre que desenvolveram consciência com o passar das eras. Eles habitam o mesmo ambiente dos humanos, mas diferente deles, estes seres se mantiveram em harmonia com o ecossistema e com os ciclos da natureza. A vida e a morte, o verão e o inverno, o plantio e colheita, todos servem o propósito de auto-regulação cíclica da natureza. Os daimoniros são difíceis de encontrar, pois só quem possui um olhar atento e contemplativo consegue notar o constante movimento da natureza e de seus seres.

Com sua presença, as noites são tranquilas, as manhãs movimentadas. Ao anoitecer as folhas são levadas por uma brisa gentil e, ao fundo, sons de sapos ressoam através de pântanos profundos. Sua aparição torna o céu mais vivido, com cores mais quentes, e o sol mais acolhedor e energizante.

Longe da civilização governada pelo caos da modernidade e sobrecarregada pela exploração, as criaturas abrasadoras que compõem a Congregação do Verão vivem em uma terra de calor ameno e de Pampas verdejantes. Concomitantemente, a morada das criaturas notívagas do Inverno se encontra nos bosques profundos das Serras, onde uma brisa leve e aconchegante balança os arbustos emaranhados com flores de tom azul chumbo.
A rotina exaustiva que compõe a vida dos humanos e a extrema exploração dos recursos naturais tornam as aparições dos daimôniros cada vez mais raras.
Até mesmo o momento sagrado das refeições, em que temos o contato direto
com os frutos da Terra, é negligenciado e substituído por produtos ultra processados e industrializados, sem citar a dificuldade de conseguir reunir as pessoas que mais amamos para uma refeição. Os daimoniros entendem como o preparo dos alimentos é essencial para nos mantermos saudáveis fisicamente e emocionalmente e para cultivarmos uma relação de afeto com nossos entes, com a natureza e com nós mesmos. Por isso, eles se propuseram a tornar este momento muito mais acolhedor para nós, seja auxiliando nas receitas ou até mesmo fazendo algumas pequenas travessuras.

Gulin

Estação:
Verão
Nicho:


Eles perambulam pelas florestas de clima ameno, ajudando no cultivo, na pulverização e polinização.
Comportamento:
Os Gulins são seres extremamente carinhosos com seus jardins e com suas florestas, por isso mantém um comportamento amigável com todas as criaturas à sua volta.


Há quem diga que os Gulins foram responsáveis pela diversidade e extensão da Floresta Amazônica. Os mitos relatam que eles alimentaram e preservaram a floresta desde o período Eoceno, chegando ao ponto de ela se tornar o bioma de maior biodiversidade do planeta.
Os Gulins vivem em grandes comunidades da sua espécie em meio a outras comunidades de daimôniros.
Os Nordus são responsáveis por algumas delícias da nossa cozinha, como o mofo dos queijos e a fermentação do vinho que trazem sabores inigualáveis.
Nordus
Estação:


Inverno e Verão
Nicho:



Desempenham a função de reguladores. Mofam os alimentos para reutilizar a matéria, seguindo o ciclo natural.
Comportamento:
Observam com curiosidade os seres que trabalham com compostagem. Também gostam de passar o tempo olhando os humanos cozinhando. Eles ajudam verificando se os ingredientes estão em bom estado.
Os Nordus não possuem uma estação definida, mas preferem o verão pois o calor facilita o seu trabalho. Eles estão sempre em contato com fungos e matérias orgânicas. Os humanos talvez vejam os Nordus com apreensão, porém eles são seres muito amáveis e gentis.
Archlet

Estação:
Verão
Nicho:


É encontrado em locais abandonados tomados pela natureza local e são detentores do conhecimento sobre os alimentos e dos modos de preparo das comidas.


Comportamento:
Dificilmente avistado por humanos, os Archlet são criaturas isoladas e solitárias, reclusas em suas tocas ou em locais abandonados coletando todo tipo de receitas, ingredientes para a catalogação e para experimentos.
Archlet são conhecidos por serem os arquivistas dos daímôníros, registros apontam que eles são responsáveis por muitas receitas conhecidas nos dias de hoje. Há uma lenda que diz que todo Archlet antes de sua morte vaga até uma grande biblioteca escondida na maior montanha da Amazônia, no Pico da Neblina, onde sua função é depositar todo conhecimento adquirido em vida. Essa biblioteca é guardada por um grande Archlet matriarca conhecido como “Aquele que sabe dez mil coisas”.
Por serem colecionadores, frequentemente entram sorrateiramente em nossas casas em busca de páginas esquecidas dos livros de receita mais antigos.
Há relatos de que os Solis viram Nordus após suas mortes, por dividirem características físicas e de comportamento similares.
Solis
Estação: Nicho:



Verão
Os Solis ajudam no crescimento das plantas do verão, já que seu chifre gera uma massa esférica de calor semelhante ao sol, convertendo energia solar em nutrição. Eles se movem ativamente durante o dia e se recolhem durante a noite.
Comportamento:
Os Solis normalmente vivem em bando de 3 indivíduos. Eles são curiosos e gostam de interagir com pessoas enquanto cuidam dos seus jardins. Eles são brincalhões, sociáveis e energéticos.

São conhecidos em várias culturas como criaturas bondosas e que trazem sorte, mas a verdade é que Solis estão mais para curiosos que buscam conhecer coisas novas. Antigas culturas da América Latina dizem que eles são a personificação da alegria do verão.

Furoru

Estação:
Verão
Nicho:


Furorus vivem em campos gerindo as comunidades e cuidando dos seres mais novinhos, atuando como suas protetoras.
Comportamento:
Possuem um forte senso de justiça e consciência social, por isso educam muito bem os seres sobre as mudanças climáticas causadas pelos humanos e os advertem sobre os perigos. Apesar disso, são muito esperançosas em relação ao futuro e buscam construir um ecossistema em que eles e os humanos vivam em completa harmonia.
As Furorus nasceram em jardins de cidades humanas, mas migraram para os campos e foram muito bem acolhidas pela comunidade.

Elas gostam muito de doces e sabem fazer um bolo de fubá delicioso e aconchegante!

Os Umbras mantém uma rede de amizade e pegadinhas com os Zhuzis. Eles mantêm os brotos de bambu recém nascidos seguros embaixo das copas das árvores.
Umbra



Estação: Nicho:

Verão
Vivendo em locais sombreados pelas árvores, os Umbras são responsáveis por gerir as sombras das árvores no verão, cuidando para que certas plantas menores consigam sobreviver ao sol incandescente.
Comportamento:
Umbras são um dos mais Travessos dos daímôníros. Eles são peritos em pregar peças nos humanos, colocando sal ou açúcar demasiado nas receitas. Divertidos e risonhos, eles vivem escondendo utensílios de cozinha.
Os Umbras são conhecidos por estarem presentes junto às sociedades humanas desde o começo, principalmente com as pessoas que tinham o costume de pregar peças por entretenimento, como os bobos da corte, os atores, os declamadores e os contadores de histórias.
Só é possível ver um Umbra se ele esboçar um sorriso ou uma gargalhada.

Zhuzi

Estação:
Inverno
Nicho:


Vivem perambulando pelas extensões das florestas de bambus, espalhando seus brotos para a plantação de outros bambus. Portanto, tem o papel essencial na continuação da sua espécie.


Comportamento:
Os Zhuzis são um pouco tímidos e introvertidos, mas isso não quer dizer que não tenham muitos amigos e companheiros, já que sua lealdade e bom humor sempre os mantém por perto. Seus olhos grandes mostram a extrema curiosidade que habitam seus diminutos corpos e seu conhecimento sobre a flora brasileira é de espantar qualquer um!
Eles também nasceram a partir de um broto de bambu que foi plantado por outros seres que possuem a mesma função que eles e desde cedo estudam com muito afinco as diferentes formas de plantio para auxiliar os seus colegas. Suas casas possuem um espaço aconchegante para o estudo, além de um jardinzinho encantador em que cultivam suas próprias plantas.
Zhuzis são muito discretos e sabem se esconder muito bem, então fique atento, pois seu semblante inocente pode te enganar!
Monas são especialistas em fazer um bom caramelo na consistência e cor certa para um pudim delicioso!
Mona

Estação: Nicho:

Inverno
Vivem intrincadas nas florestas só esperando a época da festa junina para se encontrar com suas amigas maçãs do amor para dançar quadrilha e pular fogueira. Elas adoram festividades e amam planejá-las para seus vizinhos e colegas da floresta.


Comportamento:

Monas são simpáticas, comunicativas e possuem uma personalidade criativa e artística. Elas têm facilidade para se conectar emocionalmente com os outros seres e entender facilmente as suas personalidades, por isso são perfeitas para planejarem as suas festas de aniversário temáticas!
As Monas caíram das suas árvores quando eram muito novinhas, então os seres da comunidade se prontificaram a criá-las. Por isso sua facilidade em lidar com as personalidades das pessoas.
Diana
Estação:
Inverno
Nicho:



As Dianas habitam os jardins mais completos que se pode achar. Elas têm conhecimentos impressionantes sobre plantas medicinais e seus usos, então atuam como médicas e curandeiras de quem precisa.


Comportamento:
Elas são elegantes e possuem uma postura imponente a princípio, porém sua generosidade, carinho e cuidado com as pessoas é perceptível na forma em que trabalham. Elas são muito sábias e estão sempre dispostas a aconselhar quem as buscam.
As Dianas vêm de uma linhagem de médicos, sendo assim, aprenderam toda a arte da cura com seus progenitores.
Suas áreas de especialização são as plantas medicinais, por isso elas sempre visitam os pequenos, porém ricos, jardins dos Zhuzis.
Elas sabem fazer chás para todo tipo de desconforto! Então, se após tomar uma Masala Chai você se sentir revigorado, pode ser que elas tenham colocado algumas plantinhas a mais!
Eles são muito bons para amassar uma focaccia, tornando a massa levinha e fofinha!
Mogu


Estação: Nicho:


Inverno
Os Mogus vivem na Serra da Bocaina e adoram um clima frio e úmido. Eles são muito amigos dos insetos, então cuidam deles enquanto eles espalham seus esporos para ajudar na sua reprodução.
Comportamento:
Os Mogus são muito talentosos nas atividades manuais, então sempre que é necessário eles ajudam na construção de abrigos, casinhas e pontes. Seus conhecimentos de arquitetura natural são essenciais para que a comunidade continue segura durante as intempéries. Também são muito ágeis e prestativos.
Os Mogus possuem fortes e resistentes filamentos em seus corpos, capazes de levantar materiais pesados e fazerem trabalhos braçais facilmente, mesmo que sua aparência inofensiva diga o contrário.

Frigus
Estação:
Inverno
Nicho:


Frigus vivem em picos de montanhas e serras com a chegada do verão; Durante o inverno, eles saem de suas tocas para trazerem a geada e o frio para as plantas que gostam dessa época.
Comportamento:
Vivendo de forma solitária e reclusa, os frigus são muito esguios e dificilmente são vistos por humanos. Apesar desse comportamento, no inverno eles cuidam para que todos daímôníros estejam preparados e seguros para o frio.

Em tempos imemoriais, os Frigus levam o frio e a geada como mensagem de que o inverno chegou. Alguns daimôniros esperam a chegada de um Frigus para começar a hibernar ou a estocar alimentos. Alguns estudiosos humanos acreditam que eles são os responsáveis pelo ciclo do frio no hemisfério sul.

Raramente são vistos com suas asas abertas, apenas 2 vezes por ano eles envergam as asas e alçam voo.

Para elas, cozinhar também é uma forma de arte, então sempre ajudam em tudo da melhor maneira possível!
Puku



Estação: Nicho:


Inverno
As Pukus são peregrinas em todas as comunidades. Elas viajam para fazer suas apresentações de dança incrivelmente sincronizadas. São responsáveis pela arte e a cultura da comunidade.
Comportamento:
São graciosas e delicadas e dançam maravilhosamente. Suas performances misturam todo o tipo de arte, desde pintura, canto, dança, escultura até poesia. São muito inteligentes, sensíveis e filosóficas.
As Pukus desenvolveram sua sensibilidade artística por sua natureza reflexiva e contemplativa da natureza. Entendem que a natureza possui formas, cores, texturas, sons, cheiros e movimentos que estão intimamente conectados com toda a essência dos seres.
Posfàcio
Os bichinhos são parte da natureza, assim como a natureza é parte deles, e ambos são um só. A humanidade perdeu há tempos a consciência de que também é parte da natureza, e os bichinhos nos visitam para que nos recordemos disso. A vida calma, contemplativa, com alimentação de qualidade e tempo de lazer deve ser o direito de todos, e não só de somente alguns privilegiados. A vida é mais do que trabalho, produção e consumo. A vida é bela. E a natureza também.

1° EDIÇÃO DEZEMBRO DE 2022
FLORIANÓPOLIS - SC
ESSA OBRA FOI COMPOSTA PELA EQUIPE INVASÃO
E IMPRESSA PELA GRÁFICA CENTRO CÓPIAS EM
COUCHET FOSCO 150G/M² PARA A EDITORA LOTE 42 TIPOGRAFIA / KANTUMRUY PRO