Gazeta da Zona Leste - 1963

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GAZETA DA ZONA LESTE

ESTAÇÃO PENHA

‘Tatuzão’ é acionado para perfuração

As obras de expansão da Linha 2-Verde do Metrô avançaram na última segunda-feira, 1º de setembro, com a descida da roda de corte da tuneladora Cora Coralina, o “tatuzão”, no canteiro da Estação Penha. > VEJA + PÁGINA 5

Claudia Abreu retorna às novelas após quase uma década

No ar como a complexa Filipa de “Dona de Mim”, a atriz retorna aos folhetins após quase 10 anos em um trabalho que agrega não apenas leveza, mas também importante debates e reflexões. > VEJA + PÁGINA 7

Para quem busca empreender

O curso gratuito de empreendedorismo “Fábrica de Negócios”, voltado para quem deseja empreender ou busca impulsionar o próprio negócio, abriu inscrições para 540 vagas de cursos em todas as regiões da cidade de São Paulo. Os interessados em participar devem se inscrever pelo site adesampa. com.br/cursos. > VEJA + PÁGINA 3

OPINIÃO

Inteligência artificial: apoio, não atalho

POR HENRIQUE

Ainteligência artificial (IA) está transformando o trabalho, mas é essencial entender suas limitações. A IA tradicional detecta padrões e toma decisões com base em dados. Já a IA generativa cria textos, imagens e códigos a partir de descrições feitas por usuários, utilizando grandes bases de dados.

Ferramentas como ChatGPT, Gemini e outras simulam domínio de softwares e realizam tarefas complexas, como organizar planilhas ou gerar conteúdos. No entanto, a IA não aprende como humanos: ela reconhece padrões e calcula respostas prováveis, sem senso crítico ou verificação de fatos.

A qualidade das respostas depende dos dados usados no treinamento e da clareza dos prompts. Por isso, profissionais devem aprender a formular boas perguntas e usar a IA como apoio para testes e refinamento de ideias — nunca como substituição de julgamento ou responsabilidade.

A criação do prompt, as decisões críticas e a validação final continuam sendo humanas. A IA acelera processos, mas não substitui criatividade, ética e discernimento. Ferramentas de IA são excelentes para apoiar o trabalho, mas não devem ser vistas como atalhos. O profissional continua sendo o responsável por interpretar, validar e decidir. Usar IA com consciência é garantir que a tecnologia amplifique o talento humano — e não o substitua. A inteligência artificial é uma aliada poderosa, mas o protagonismo continua sendo nosso.

Henrique Calandra é fundador da WallJobs, autor do livro “Inteligência Artificial Generativa para Iniciantes”

A Inquisição de Toga

Oque se assistiu, no início da semana, contra Jair Bolsonaro não é, segundo críticos, um julgamento legítimo, mas uma encenação jurídica. A palavra “julgamento” carrega pompa e solenidade, mas o que se vê é uma liturgia de condenação previamente escrita. Para muitos, o desfecho já é conhecido: condenação. A dúvida é apenas sobre o tipo de embalagem — seda ou papel pardo.

A imparcialidade, pilar essencial da justiça, parece ausente. Quando juízes manifestam convicções fora dos autos e suas preferências transbordam no debate público, o processo perde credibilidade. O que se configura, então, é uma inquisição moderna — sem batinas ou tochas, mas com o mesmo espírito inquisitorial. Não se busca a verdade, mas a confirmação de uma culpa já estabelecida. O réu, nesse cenário, é mero figurante de um roteiro ensaiado. O verdadeiro objetivo, segundo o artigo, não seria punir um homem, mas preservar um conluio político. A permanência do lulopetismo no STF exigiria o afastamento de Bolsonaro, ainda visto como principal referência da direita. Sua eliminação política seria, portanto, um cálculo de poder, não uma consequência jurídica.

A crítica se aprofunda ao comparar o tratamento dado a Bolsonaro com o de outros réus. Enquanto há criatividade jurídica

para “descondenar” figuras como Lula, Bolsonaro enfrenta um processo rígido, guiado mais pelo desejo do que pela lei. A justiça, nesse contexto, torna-se seletiva. Quando surgem críticas internacionais, o discurso oficial recorre à “soberania nacional”. Mas, para os críticos, essa defesa é apenas um disfarce para o arbítrio. O processo, que deveria tramitar na primeira instância, como ocorreu com Lula, é mantido no STF, contrariando a coerência jurídica. No fim, o tribunal se transforma em palco de conveniências. A toga perde sua solenidade e vira figurino. A sentença, antes promessa de justiça, torna-se um roteiro previsível. Julgar exige técnica e imparcialidade; inquirir é mais seguro. E assim, não se consome apenas um homem — consome-se a própria ideia de justiça. A democracia, para sobreviver, exige mais do que rituais jurídicos: exige coragem institucional para aplicar a lei com equidade, mesmo quando isso contraria interesses políticos. Sem isso, o que resta é apenas teatro — e nele, a justiça é a primeira a ser sacrificada.

Alex Pipkin é doutor em Administração - Marketing pelo PPGA/ UFRGS. Mestre em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS; pós-graduado em Comércio Internacional pela FGV/RJ; em Marketing pela ESPM/SP; e em Gestão Empresarial pela PUC/ RS. Bacharel em Comércio Exterior e Adm. de Empresas pela Unisinos/RS

O anteprojeto de governo e o esboço de País

POR GUTO ARAÚJO

Adisputa presidencial de 2026 já se desenha como um dos embates mais desafiadores da história recente. De um lado, a esquerda aposta todas as fichas em Lula, único nome capaz de agregar e sustentar competitividade nacional neste momento. Do outro, a direita apresenta um quadro inverso: sobram candidatos fortes, mas nenhum consenso — um cenário que pode gerar tanto vantagem de visibilidade quanto risco de fragmentação. Como estrategista de marketing político e tendo participado de várias campanhas no Brasil e América Latina, entendo que esse contraste entre escassez e abundância de nomes será determinante na definição das estratégias. Enquanto Lula carrega o peso de ser a única alternativa do campo progressista, a direita terá de enfrentar uma disputa interna intensa, na qual governadores com altas taxas de aprovação, como Tarcísio, Caiado, Zema e Ratinho Junior, testam sua força e capacidade de articulação. A pergunta é: conseguirão os Quatro Fantásticos lograr o objetivo da coalisão conservadora?

Esse quadro cria dilemas distintos. A esquerda concentra forças, mas também se expõe: ao depender exclusivamente de Lula, corre o risco de não ter plano B caso haja desgaste ou queda de desempenho. Já a direita, embora disponha de vários perfis competitivos,

precisa construir unidade para não se autossabotar, ou seja, o excesso de opções pode ser tão perigoso quanto a falta delas, porque força o eleitorado a assistir a uma briga interna que fragiliza a narrativa de unidade contra o governo. A velocidade da comunicação será determinante pois o campo progressista tem mostrado resposta mais lenta e tradicional, enquanto os conservadores exploram melhor formatos curtos e virais, especialmente nas redes sociais. Mas se não houver alinhamento em torno de quem será o protagonista, essa energia se dissipa e pode fortalecer Lula. Nesse oceano de possibilidades, semana a semana, os fatos vão provocando pequenas marolas que alteram as pesquisas de popularidade de ambos os lados. E nesse exato momento quem surfa a pequena onda é Lula, que demonstra saúde e jovialidade nas breves e midiáticas corridinhas, enquanto os “quatro fantásticos” tentam se esquivar da família Bolsonaro que acidentalmente deixou as cartas na mesa com a face para cima, expondo suas fragilidades internas e mais uma vez incutindo a dúvida na percepção de seus eleitores.

Em resumo, o cenário novelesco deixa o eleitorado à mercê das cenas dos próximos capítulos, o anteprojeto de governo parece ser eterno e o projeto, de fato, de um País “gigante” continua sendo um eterno esboço, adormecido em berço esplêndido.

Guto Araújo é publicitário e estrategista de comunicação e marketing político

gazeta há 20 anos O QUE ERA NOTÍCIA EM 11 de setembro de 2005 EDIÇÃONº 967

Fiscalização volta a agir no Brás

ASubprefeitura Mooca, dando continuidade às ações que vem desenvolvendo com o objetivo de disciplinar o comércio no Brás, realizou no dia 9 de setembro, sexta-feira, nova blitz nas ruas Oriente, Silva Teles e Largo da Concórdia. A operação teve duração de 12 horas seguidas. A equipe da Subprefeitura atuou com 24 agentes de apoio, equipes da Guarda Civil Metropolitana, Polícias Militar e Civil. Foram retiradas 250 barracas irregulares, 12 carrinhos de frutas, 1 de CD, 25 toneladas de entulho, 4 freezers e 2 barracas de calçados que estavam obstruindo um ponto de ônibus. HOSPITAL NOSSA SENHORA DA PENHA TEM NOVO SETOR DE PEDIATRIA

As crianças atendidas pelo Hospital Nossa Senhora da Penha agora têm um ambiente totalmente reformulado para melhor atendê-las. O setor de pediatria, que passou por uma reforma nos últimos dois meses, foi reinaugurado na última segunda-feira, dia 5, com uma solenidade festiva que contou com a presença de médicos, funcionários e diretores da casa de saúde.

Jaime Braz Romano
de Redação: Antonia Cristina Romano
Revisão: Fabiana Nascimento
Mauro Tadeu Silva

O540 vagas para curso gratuito

curso gratuito de empreendedorismo “Fábrica de Negócios”, voltado para quem deseja empreender ou busca impulsionar o próprio negócio, abriu inscrições para mais 18 turmas presencias, totalizando 540 vagas em todas as regiões da cidade de São Paulo. Os interessados em participar devem se inscrever pelo site adesampa.com. br/cursos até o dia 20 de setembro. O Fábrica de Negócios é uma ini-

ciativa da Prefeitura de São Paulo, operada pela Agência São Paulo de Desenvolvimento (ADE SAMPA), entidade ligada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho.

As aulas têm início previsto para os dias 29 e 30 de setembro e as turmas serão distribuídas nos Teias (Espaço de Trabalho Compartilhado) Centro, Cachoeirinha, Green Sampa, Grajaú, Itaquera, Interlagos, Lapa, Pinheirinho D’Água, São Miguel, Vila Curuçá e Vergueiro, além da Subprefei-

tura de São Mateus, Lar São Francisco de Assis, Centro de referência e Cidadania da Mulher, Casa de Cultura Butantã, Casa da Mulher Paulistana, Achiropita e Hub Fiel.

ECOSSISTEMA

EMPREENDEDOR

Estruturado em seis oficinas e com duração de três semanas, o Fábrica de Negócios tem como objetivo fortalecer o ecossistema empreendedor na cidade. A metodologia aborda as etapas de ideação, validação, modelagem de negócio e desenvol-

Inscrições podem ser feitas até 20 de setembro

vimento do Mínimo Produto Viável (MVP). Também há conteúdos voltados para precificação, marketing digital, vendas e pitch. O curso

oferece ainda kit lanche em todas as aulas. Ao final das aulas, os participantes que tiverem presença mínima de 75% serão certificados. Após a conclusão, os alunos recebem suporte para estruturar canais de vendas on-line, desenvolver uma identidade visual e montar uma página de vendas.

SMART SAMPA

Condenado é preso São Miguel

É a segunda prisão em unidade de saúde, equipada com o sistema, em menos de uma semana e sem prejuízo ao atendimento médico

Osistema de monitoramento inteligente Smart Sampa, da Prefeitura de São Paulo, auxiliou a Guarda Civil Metropolitana (GCM) a localizar e prender mais um condenado que estava foragido da Justiça. Thiago Santos Viturino, sentenciado a 12 anos de prisão em regime fechado por estupro de vulnerável, foi detido na última segunda-feira, 1º de setembro, no Centro de Referência de Dor Crônica de São Miguel Paulista.

Esta foi a segunda prisão, em menos de uma semana, de um condenado por estupro de vulnerável identificado pelas câmeras do

Smart Sampa em unidades de saúde da capital. No último dia 26, Claudinei Falconi, de 70 anos, que estava foragido desde 2019, foi capturado no Hospital Dia Vila Guilherme.

LESÃO GRAVE

OU MORTE

Na ação, o criminoso foi reconhecido assim que entrou na unidade. O sistema emitiu alerta imediato à GCM, que enviou uma equipe ao local.

As imagens mostram os agentes chegando poucos minutos depois e conduzindo o homem detido, sem impacto no atendimento aos pacientes. Ele foi levado ao 63º Distrito Policial, onde permaneceu à disposição da Justiça.

A condenação de

Viturino foi expedida pela 1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher do Foro Regional de São Miguel Paulista. O crime está previsto no artigo 217-A do Código Penal, que tipifica o estupro de vulnerável como conjunção carnal ou ato libidinoso contra menores de 14 anos, com penas que variam de 8 a 15 anos de prisão, podendo ser ampliadas em casos de lesão grave ou morte. Desde sua implantação, o Smart Sampa já contribuiu para a captura de 1.753 foragidos –sendo 1.436 apenas em 2025 – além de 3.168 prisões em flagrante, incluindo casos envolvendo veículos.

Divulgação

Perfuração de novo trecho da Linha 2-Verde

As obras de expansão da Linha 2-Verde do Metrô avançaram na última segunda-feira, 1º de setembro, com a descida da roda de corte da tuneladora Cora Coralina, o “tatuzão”, no canteiro da Estação Penha.

O procedimento é considerado um passo decisivo para a segunda fase de escavações, que fará a ligação entre a Penha até

o túnel já executado no Complexo Rapadura.

A peça movimentada nesta segunda-feira tem 11,66 metros de diâmetro e 205 toneladas e foi movimentada por um guindaste de 750 toneladas.

AVANÇO

SIGNIFICATIVO

“A operação representa um avanço significativo na expansão da Linha 2–Verde, promovendo conectividade entre bairros densamente povoados e o restante da malha

metroviária”, afirmou o chefe do departamento de Operações Civis do Metrô, Marcus Herani.

Até 150 pessoas devem trabalhar diretamente na operação do “tatuzão” nesta nova etapa: engenheiros, mecânicos, técnicos, eletricistas e operadores.

A TUNELADORA

Além da roda de corte, que se destaca sempre que rompe a parede na chegada a uma futura estação, a tuneladora é

Roda de corte foi posicionada no tatuzão dentro das obras da estação Penha

composta também pelo chamado “backup”, que é a estrutura de apoio, composta por esteiras para retirada de terra, câmara hiperbárica, sistema de ventilação e estrutura para a colocação das aduelas de concreto que

revestem o túnel, entre outros acessórios.

Após concluir o primeiro trecho entre o Complexo Rapadura e o VSE Falchi Gianini, passando por estações como Vila Formosa, Anália Franco e Orfanato, a tu-

neladora iniciará agora a escavação no sentido Vila Prudente.

Com a descida da roda de corte e a posterior finalização da montagem, o “tatuzão” começará ainda em 2025 a escavar o novo trecho.

DA REDAÇÃO

8º Batalhão de Polícia Militar

Metropolitano realizou na última quinta-feira, dia 4, um almoço de confraternização em sua sede, localizada na Rua Vilela, 331, no Tatuapé, prédio que ocupa há 50 anos. O prato principal foi uma paella mineira que agradou a todos.

DESPEDIDA

O evento também marcou a despedida da tenente-coronel Kimie do 8º Batalhão. A comandante, que está compleanto 33 anos na Polícia Militar, será substituída nos próximos dias pelo tenente-coronel Paulo Ricardo. Ela foi promovida e passará a atuar o Comando de Policiamento da Capital

Entre os convidados, estiveram presentes os subprefeitos da Mooca, coronel Marcus Vinícius Valério; e da Penha, Kátia Falcão, além de convidados civis e o estafe da corporação, coronel Lucena, coordenador operacional da PM; coronel Caio, comandante do Policiamento Metropolitano; coronel Regis Moyzes, superintendente da Cruz Azul; coronel Asaka, comandante do CPA/M-11; e o coronel da reserva Marcos Oliveira, que foram recepcionados pela comandante do 8º BPM, tenente-coronel Adriana Kimie.

Tenente-coronel Adriana Kimie, coronel Asaka e tenente-coronel Paulo Ricardo

ENTREVISTA

Em “Dona de Mim”, Claudia Abreu retorna às novelas após quase uma década

Aindependência artística é um sonho para boa parte dos profissionais. Aliar e equilibrar pretensões criativas, convicções sociais e planos de carreira são vitais para qualquer ator. Com bons serviços dedicados às artes nas últimas décadas, Claudia Abreu, inclusive, tem feito essa curadoria especial antes de embarcar em um projeto novo. No ar como a complexa Filipa de “Dona de Mim”, a atriz retorna aos folhetins após quase 10 anos em um trabalho que agrega não apenas leveza, mas também importante debates e reflexões. “Não se trata somente de estar de volta para viver uma personagem divertida, que às vezes se deprime e também pode ficar agressiva. É falar sobre o transtorno de humor e poder gerar reflexões no público a que vai assistir. É uma prestação de serviço para quem vai se identificar, para que se cuide ou cuide de alguém próximo que esteja passando pelo mesmo. Novela também promove o bem social”, aponta.

Na história das sete, Filipa é uma mulher sensível e emocionalmente instável. Ela tenta encontrar o seu lugar como mulher e mãe em meio a lembranças de um passado livre como artista. Apesar do talento, sua carreira nunca decolou, em parte por questões de saúde, em parte pelo funil do mercado artístico e da escassez de trabalho para mulheres acima dos 40 anos. “Filipa apresenta instabilidades de humor, talvez por isso não seja validada”, afirma.

P – Antes de “Dona de Mim”, sua última novela havia sido há quase 10 anos. Como foi essa decisão de se dedicar a outros formatos?

R – Estávamos caminhando para uma era de ouro das séries e eu queria experimentar isso também. Fiz duas temporadas de “Desalma”, fiz “Sutura”, escrevi um projeto para o Gloob e logo depois escrevi meu primeiro monólogo, com o qual viajei pelo Brasil por dois anos e meio. Ao longo desses projetos, não havia surgido uma novela que tivesse me dado vontade de fazer.

P – E de que forma o texto de “Dona de Mim” despertou seu interesse em retornar às novelas?

R – É uma novela do presente, tanto

socialmente quanto culturalmente. Estou muito feliz em voltar às novelas. Aí Allan (Fiterman, o diretor), com quem já tinha trabalhado em outros projetos, como “Cheias de Charme”, me chamou e eu já queria trabalhar com Rosane há muito tempo. Outro grande motivo que me atraiu para a novela foi estar ao lado do Tony e viver uma personagem bipolar, algo tão difícil de diagnosticar e que gera tantos ataques, principalmente se

for mulher. É uma personagem que não deu certo como artista, não é uma boa mãe, procura seu lugar no mundo, mas não perdeu a fé na vida. E o público sentia falta de me ver de volta.

P – Você sentia essa cobrança nas ruas?

R – Sim, ao longo dessas viagens pelo Brasil, a gente circula muito e encontra com as pessoas. Tem o pessoal que sempre espera ao final de uma peça. Sempre

perguntavam quando iam me ver nas novelas (risos). Comecei a perceber isso cada vez mais e pensar: “Acho que está na hora de voltar”.

P – A trama de Filipa é uma personagem emocionalmente instável. Como essa questão mental tem sido trabalhada?

R – A Filipa é uma artista solar e intensa. Mas tem a frustração de não ter feito sucesso como atriz e cantora. Ela também não teve sucesso como mãe. Sempre tentando a carreira de artista e não deu atenção à filha. Além disso, a Sofia não se identifica nela como mãe. Então, o emocional dela é bem frágil. Acho importante trazer essa discussão para o horário das sete.

P – Por quê?

R – Eu acho muito interessante esse tema da saúde mental. Minha ideia não era simplesmente voltar e fazer uma personagem divertida e alegre. É bom poder ajudar o público. Falar desses transtornos mentais que são muito comuns, né? Em maior ou menor grau. Muita gente conhece alguém como a Filipa. É interessante prestar esse serviço. Alguém vai se identificar e buscar cuidar de si ou de alguém.

P – Como foi sua pesquisa para abordar essa questão da saúde mental?

R – Eu assisti a um documentário impressionante sobre Nina Simone (“What Happened, Miss Simone?”). A filha conta que a mãe estava muito bem, brincando com ela na sala, e de repente virava outra pessoa. A Filipa não chega a ter rompantes assim. Afinal, toda essa discussão é feita dentro do horário das sete. P – Você tem alguma predileção por horários?

R – Sempre achei novela das sete uma diversão. Tem cenas não tão longas, mas tem de contar muita coisa em menos tempo. Você é atriz em qualquer horário, mas cada horário tem sua linguagem. Há um ritmo diferente e tem sido muito bom fazer essa novela com o Tony Ramos. E com a Rosane que tem uma antena muito forte para conectar tudo o que acontece na sociedade.

Claudia Abreu também pode ser vista na reprise de “Celebridades”, que vai ao ar no Globoplay Novelas
Perspectiva ilustrada da Fachada

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