
4 minute read
Além do suspense e ficção
LUIZA LUZ
Aarte literária está presente no mundo há séculos. Sendo apresentada ao universo através do Velho Testamento, o primeiro livro a ser produzido no mundo por volta de 1.200 A.C, ela foi se transformando e adquirindo formas e definições conforme a humanidade foi mudando e se adaptando a novas eras, como: grega, helenística, romana e medieval. O auge da sua existência foi estabelecido na época da Renascença, durante os séculos XV e XVI, nas terras europeias.
Advertisement
E, desde então, a literatura vem passando por mudanças. Atualmente, no século XXI, novos gêneros, subgêneros e categorias chegaram as livrarias. Afinal, o mercado editorial está mudando: o consumo dos livros agora é outro. Perante dados obtidos pela Folha, a faixa etária que mais consome livros está entre crianças e adolescentes. Dos 5 aos 10 anos, 67% são leitores. O maior índice está na faixa entre 11 e 13 anos, com 84%, diminuindo um pouco ao chegar na adolescência, ficando entre 75%.
O incentivo a leitura, para crianças, é fundamental na sua formação como futuros leitores. Segundo Verônica A. Wolff, Psicóloga formada pela Universidade do Oeste de Santa Catarina, e atuante tanto na cidade como on-line, o hábito de leitura na infância proporciona o desenvolvimento emocional e intelectual, enriquece o vocabulário e permite com que as crianças desenvolvam senso crítico.
“A leitura promove empatia e a vontade de aprender. As histórias são uma das formas mais poderosas de enxergarmos as coisas de uma perspectiva diferente. Ao se colocar no lugar de um personagem e viver suas experiências através da leitura, a criança desenvolve a empatia e também a noção de que ela não é o centro do mundo. Ou seja, aprende sobre empatia, sobre a capacidade de se colocar no lugar do outro, entende outras realidades e se preocupa com os sentimentos de outros indivíduos, o que é muito importante”.
Para Victoria Louvem, 23, licenciada em Letras-Inglês pela Estácio de Sá e pós-graduada em Língua Portuguesa e Literatura pela Instituto Pedagógico de Minas Gerais (Ipemig), plantar a semente da literatura desde pequenos é de extrema importância.
“Como educadora, eu percebo que é extremamente importante plantar a sementinha da leitura desde pequeno. Porque além de ajudar na construção do vocabulário, ajuda também a normalizar a leitura para criança e a identificação com o meio social se torna mais tranquila, pois através da literatura é possível perceber quantas pessoas e personalidades diferentes existem. Além de fazer com que o indivíduo já comece a perceber, desde cedo, qual gênero lhe agrada mais”, disse a educadora.
Conheça mais gêneros que estão bombando no mercado editorial, e entenda do que se tratam
Outros gêneros, como o dark romance, vêm conquistando leitores brasileiros
A mostra dos demais gêneros literários presentes no mundo dá ao leitor a oportunidade de escolher qual mais lhe agrada, podendo optar entre um enorme leque de possibilidades. Segundo uma pesquisa feita pelo site Escrita Criativa, no Brasil, o gênero mais popular no país é pertencente a categoria de literatura de ficção.
Na literatura de ficção, são encontradas obras enquadradas naquilo que é considerado como “irreal”, ou criadas a partir da imaginação do autor. Podem ser baseadas em fatos, mas sempre fugindo um pouco da realidade e explorando o imaginário. Para Ana França, 23, escritora deste gênero, a parte mais divertida de se escrever um suspense é poder enganar os leitores com a trama.
“Na construção do enredo como um todo, precisa estar tudo interligado desde o começo. Você precisa saber o final antes mesmo de começar, e enganar os leitores no meio do caminho é a melhor coisa. Esse sempre foi um gênero que me encantou”, relatou a autora.
Ainda segundo a pesquisa feita pela Escrita Criativa, o quinto gênero mais lido do nosso país é pertencente a literatura erótica. E um dos subgêneros mais atuais que advém dessa categoria, conhecido como “romance dark”, vem conquistando cada vez mais sucesso perante o meio literário.
Este subgênero iniciou-se por volta do século XVII, tendo como seu principal representante o autor Edgar Allan Poe. No Brasil, Álvarez de Azevedo é o destaque. Nesta categoria, as histórias são marcadas pelo conteúdo que, por vezes, pode ser considerado como “perturbador”, apesar de ser um romance. Os protagonistas fogem da realidade; aqui, não encontramos mocinhos e mocinhas. Os vilões e anti-heróis ganham papel destaque. Dentre as demais histórias, é comum de se encontrar temáticas como: violência extrema, vício em drogas, crime, tortura, entre outros.
Como consequência de se abordar temas que podem ser considerados como “tabus” e sujeitos á muitas críticas, os autores correm o risco de serem expostos e difamados nas redes sociais. Segundo a autora Luana Pessoa, 23, escritora de dark romance, no começo da sua carreira as críticas a afetavam.
“As pessoas que costumam criticar, no geral, não são meu público. Sendo assim, esse ponto não me afeta. No começo, sim, mas agora passei a enxergar dessa maneira, não. Além do mais, em tudo o que você escolhe fazer, haverão críticas. Não há como fugir delas”, afirmou a escritora.
Explorar novos gêneros literários é um ótimo meio de distração para os leitores. Sair dos romances tradicionais, suspenses, dramas e aventuras, buscando conhecer novas histórias, enriquece o conhecimento e agrega ainda mais valor a leitura. Para Luana, há a possibilidade de novas categorias serem descobertas com o decorrer dos anos.
“Há muita coisa para ser explorada ainda. Num futuro não tão distante, talvez algum leitor descubra um livro e perceba que nunca leu nada parecido com aquilo antes. Que ele é inédito, novo. Ou algum autor pode simplesmente sentar, desenvolver o seu trabalho e, no fim, se dar conta de que algo como aquilo nunca foi escrito antes. O bom da escrita, é que há um leque gigantesco de possibilidades. Elas são infinitas”.

