8 minute read

Geração empreendedora

Next Article
Mulheres fortes

Mulheres fortes

Foto: Amarildo Pizzi O empreendedorismo está na veia do brasileiro e alguns estimulam esse conceito precocemente, os chamados jovens empreendedores. Os negócios são os mais variados, e a internet é a principal aliada dos novos empreendedores.

Os empreendedores jovens são consideradas as pessoas de 18 a 31 anos. De acordo com uma pesquisa realizada em 2018 pela Confederação Nacional de Jovens Empreendedores (Conaje), na qual 5.792 participantes foram ouvidos, 65% deles eram homens e apenas 35% eram do sexo feminino. A região sudeste é a que mais possui jovens empresários, com 49,5%.

Advertisement

A porcentagem de mulheres empreenderas só começa a subir após elas completarem 32 anos. Segundo a Conaje, as empreendedoras procuram se formar e se especializar na área antes de iniciar o seu próprio negócio, o que leva tempo, levando-as a empreender mais tardiamente em relação aos homens, porém as empresas chefiadas por mulheres faturam mais (veja o gráfico).

Para Leandro Lima, 21, de que é empreendedor há quase quatro anos em Ribeirão Preto e hoje é dono de uma empresa gráfica e administra outra empresa da família na área têxtil, as maiores dificuldades foram a conciliação do fluxo de caixa e a precificação do seu produto perante o mercado concorrente.

No começo do negócio era mais difícil cativar novos clientes, e a idade era um fator negativo nessa questão, para isso ele buscou se aperfeiçoar. “É difícil que as pessoas confiem logo de cara. Idade é um fator que pesa”, afirma Leandro.

Lima iniciou a carreira na área gráfica fazendo um estágio em uma empresa durante um tempo. Após o contrato se encerrar, ele viu a oportunidade para abrir a sua própria empresa. Hoje, após diversas experiências, Lima não pretende voltar a ser empregado

de carteira assinada. “Confesso que já não consigo me encaixar na parte de liderado. Hoje me vejo apenas como liderança.”

Na contramão da maioria das mulheres, que empreendem mais tardiamente do que os homens, segundo a Conaje, Tatiana Belge, 21, iniciou seu negócio no início do ano após ficar desempregada devido à pandemia de covid-19.

Estudante de biomedicina, Tatiana encontrou em meio ao caos uma oportunidade para empreender no ramo da confeitaria, vendendo doces e bolos em Brodowski, sua cidade, e em Ribeirão Preto, com menos frequência.

O gosto pela confeitaria vem de berço. Aprendeu a arte vendo a mãe e a avó fazendo os doces e apenas fez alguns cursos para aprimorar e trazer novidades para os clientes.

Devido à pandemia, Tatiana achou que seria mais difícil conseguir vender, porém o que aconteceu foi o contrário. Hoje ela consegue faturar mais que o dobro de quando trabalhava como estagiária no início do ano, pré-pandemia.

A experiência de empreender para Tatiana foi tão boa que ela pretende se formar em biomedicina, trabalhar na área e ainda tirar um tempo para se dedicar aos doces. “Pretendo não parar mais com a doceria.”

EMPREENDEDORISMO

De acordo com Eduardo Cicconi, professor e gerente de novos negócios no Supera Parque, uma incubadora de startups em Ribeirão Preto, as pessoas empreendem de duas formas: o empreendedorismo por oportunidade e o empreendedorismo por necessidade. No Brasil, o que é mais comum é o empreendedorismo por oportunidade, ou seja, a pessoa vê uma brecha no mercado e tem um produto inovador. Ela escolhe empreender para oferecer essa novidade ao público.

Em segundo lugar, mas não menos importante, são os empreendedores por necessidade, onde uma pessoa se vê desempregada e a opção para sobreviver é empreender. Porém, em tempos de pandemia, essa opção tende a ser vista com mais frequência, devido à menor oferta de empregos.

Segundo Cicconi, geralmente as pessoas empreendem com base em experiências de parentes ou pessoas próximas. Se essas pessoas tiveram um experimento positivo nessa questão, as chances de se iniciar um negócio próprio são maiores, e ao contrário também, se as experiências não forem boas, provavelmente o empreendedor desistirá da ideia.

O professor fala ainda que a questão de pessoas mais jovens terem menos credibilidade para conseguir novos clientes é uma questão muito relativa. Um adulto pode ter sim uma trajetória de experiências mais extensa, mas, acima de tudo, um empreendedor deve se cercar de uma equipe boa, para que a empresa consiga prosperar.

Para Cicconi, os casos de sucesso de jovens empreendedores não são casos isolados. “Nós vemos várias startups que foram criadas por jovens e hoje estão tendo bastante sucesso.”

O primordial para ser um empreendedor de sucesso é possuir boa capacidade de execução e se cercar de uma boa equipe, seja ele jovem ou um adulto experiente.

Segundo a Conaje, a maior parte dos jovens empreendedores são proprietários de microempresas, nas quais faturam até R$ 360 mil por ano e contam com até nove colaboradores.

Fonte: Conaje

Streaming acelerado

Assinaturas vêm subindo ao longo dos anos; período de isolamento social provacado pela covid-19 fez com que aumentasse o acesso às plataformas

42,8% dos brasileiros assistem conteúdos de streaming todos os dias

AMARILDO PIZZI

Apandemia do novo coronavírus (covid-19) provocou uma revolução em como consumimos entretenimento e organizamos nossa rotina. Tudo que antes fazíamos de maneira presencial foi substituído por aplicativos.

As reuniões presenciais foram substituídas pelo Google Meet, Zoom, entre outros serviços de comunicação por vídeo.

Os shows que levavam milhares de pessoas se tranformaram em lives no YouTube, e as plataformas de games ganharam ainda mais audiência, seja na Twitch ou na sua concorrente, o Facebook Gaming.

Não podemos esquecer também dos filmes e séries da Netflix, Amazon Prime e Globoplay que já tinham bastante procura antes da pandemia.

Hoje, é improvável pensar na vida sem o uso dessas plataformas digitais. Sem sair de casa e pagando pouco, temos acesso a diversas opções de entretenimento.

Segundo dados da Nielsen Brasil em parceria com a Toluna, 42,8% dos brasileiros assistem conteúdos de streaming todos os dias e outros 43,9% assistem pelo menos uma vez por semana. Desde o início da pandemia, o consumo global de mídia aumentou 15%, e as plataformas de vídeo e live streaming cresceram 66%, de acordo com a pesquisa da Nielsen.

Um exemplo desse “boom” foi a live da cantora sertaneja Marília Mendonça, que atingiu o recorde mundial de visualizações simultâneas, chegando a 3,2 milhões de espectadores conectados ao mesmo tempo no YouTube.

O Instagram registrou um aumento de 70% no uso das lives, que, além de entretenimento, também transmitiu empreendedorismo. Em Brodowski, por exemplo, algumas lojas de roupas, sapatos, entre outros setores que não podiam abrir durante a fase vermelha do Plano São Paulo, se reinventaram e fizeram lives

Plataformas de video e livestreaming cresceram 66%

vendendo peças com preços mais atrativos no mercado.

Leda Marinheiro, dona de uma loja de roupas, conta que “as lives atingiram pessoas que não eram clientes, aumentaram o número de seguidores, de vendas on-line e, além disso, essas lives deram a oportunidade de apresentar a loja como ela é e o que ela oferece”. Já Giovana Machado, 31, dona de outra loja em Brodowski, conta que além dessas transmissões apostou em leilões de sapatos e de outros produtos, o que também foi um sucesso.

“As lives têm nos ajudado bastante. O giro das mercadorias tem sido maior, pois tudo o que é novidade já apresentamos ao cliente através da live, e geralmente toda a mercadoria é vendida ali mesmo”, afirma. Ela conta ainda que o número de pessoas que assistem às lives seria impossível de receber pessoalmente na loja.

“Em uma das lives o número de visualizações passou de 900 pessoas, o que jamais seria possível dentro da loja.”

GAMES

Na área dos games, tem quem começou a transmitir logo no início da pandemia, como é o caso de Carlos Hendrix, 27, mais conhecido como Liin Hendrix, de Belo Horizonte, que viu sua audiência aumentar consideravelmente de oito meses pra cá e hoje consegue se manter apenas com as doações dos seguidores.

Hendrix apostou em transmitir o jogo Fórmula 1, onde simula ser um piloto, transmitindo os treinos livres, classificação e corrida. Suas lives chegam a bater mais de mil curtidas, e as doações vão sendo feitas ao vivo e mostradas na tela de jogo, que no Facebook Gaming são em forma de estrelas, onde são convertidas em dinheiro.

Outra forma de apoio que Hendrix tem são os apoiadores de sua página, que todo mês pagam um valor simbólico de R$ 9,90. Apesar do crescimento repentino de sua audiência, Hendrix acredita que após a pandemia essa audiência pode cair. “Quando iniciei, a pandemia estava começando, então acredito que ajudou muito o crescimento da minha página. Creio que ao fim da pandemia deve haver uma perda dessa audiência, pois meu público-alvo está na faixa de 20 a 35 anos e, como muitos trabalham, não terão muito tempo para assistir às lives”, diz.

Francis Coimbra, 24, de Ribeirão Preto, também faz transmissão de jogos com seus amigos e, às vezes, realiza lives animando e editando vídeos. Ele escolheu a plataforma Twitch para fazer suas transmissões, pois, segundo ele, “a Twitch é uma plataforma estável, que apoia novos criadores de conteúdo”.

Sobre a sua audiência, ele conta que iniciou suas lives no meio da pandemia e não sabe dizer se cresceu por causa dela, mas que sobre o restante da plataforma, houve um crescimento perceptível, mas não gritante, pois quem já acompanhava streams seguiu acompanhando independentemente da pandemia. “O público é extremamente nichado na maior parte do conteúdo.”

This article is from: