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Prazer, João Rock

Um dos maiores eventos de música brasileira, festival ribeirão-pretano coleciona histórias e momentos marcantes há 18 anos

ROBERT SIQUEIRA

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Desde 2002, Ribeirão Preto deixa de ser, pelo menos por um dia, a cidade do sertanejo e se torna a capital do rock. E essa mudança tem nome e sobrenome: João Rock. Há 18 anos, cerca de 10 mil pessoas acompanharam a primeira edição daquele que viria a ser um dos maiores festivais de música de todo o país. A estreia contou com a presença de bandas como Ira!, Titãs e CPM 22. “Na época era um projeto inovador e audacioso, ainda mais se considerarmos onde estamos inseridos”, relembra Luit Marques, criador e organizador do festival.

Segundo ele, um dos maiores desafios é “promover uma experiência única ao público, sem perder a essência de um evento focado no rock nacional e seus subgêneros”.

Em todos os anos, público e artistas aguardam ansiosamente a data do festival. Além disso, a festa é tratada sempre com muito carinho por quem está no palco.

“Acreditamos que seja por toda a energia única que o festival proporciona para todos”, declara Marques.

Os bastidores são de pura confraternização, da chegada dos artistas até o final do evento, diz ele.

Uma das principais características do festival é a junção de artistas de gêneros diferentes e que pouca gente imaginou acontecer.

“É uma experiência única para todos os lados. Para os cantores, que têm a oportunidade de apresentarem seus trabalhos, e para o público, que pode viver esse momento.”

Apesar do nome, o João Rock abre espaços para outros gêneros, como o rap, o reggae e até mesmo o forró.

Segundo Marques, esse é um dos motivos que torna o festival um dos maiores do Brasil. “Ele exalta o que é nosso, o que é brasileiro.”

Nestes 18 anos de história, o palco do festival presenciou muitas histórias e encontros marcantes e até inéditos.

Em 2016, o show da Legião Urbana, que comemorava 30 anos, levou o público ao êxtase. Sob o comando de Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá e André Frateschi, o público cantou do início ao fim. “Foi emocionante”, destaca Marques.

Ele ainda relembra outro show marcante para ele e o público. “Foi o ‘Ofertório’, quando Caetano Veloso cantou junto com os filhos Moreno, Zeca e Tom Veloso.”

O jornalista Fabiano Ribeiro, que frequenta o festival desde as primeiras edições, tem dois momentos especiais guardados na memória.

“Tive a oportunidade de ver shows únicos, como por exemplo, o do Mutantes. Na ocasião, Caetano Veloso veio fazer um show no Theatro Pedro II, apareceu de surpresa no festival e foi fantástico”, relembra.

Outro show que não sai da cabeça é o encontro entre Chorão e Marcelo D2. “Você dificilmente verá isso em shows solos. Essa energia, esses encontros improváveis, tudo isso marca. Para quem curte rock, é um evento imperdível.”

E já pensou ser fã do festival, sonhar em trabalhar no João Rock e isso se tornar realidade?

Foi o que aconteceu com Ricardo Vitaliano, produtor audiovisual que sempre quis trabalhar no festival e que há algumas edições, se tornou parceiro do evento. “É o ponto alto da minha carreira.”

Para ele, além de shows, os bastidores do festival também são marcantes. “É incrível encontrar os artistas nos corredores. Encontrei o Criolo, que sou fã, e pude conversar com ele, tirar foto. Esse tipo de coisa, encontrar esse pessoal, não tem preço.”

“O João Rock se consolidou como um dos maiores festivais de música do Brasil. Tem gente que faz caravanas de vários estados, que vem para Ribeirão só para o festival. Ele se tornou uma referência quando o assunto é música brasileira”, destaca.

OPORTUNIDADES

Além de artistas consagrados, o João Rock abre espaço para os novos talentos da música brasileira.

O palco “Fortalecendo a Cena” reúne bandas e artistas independentes, que começam lá e, no ano seguinte, podem estar no palco principal. Foi o caso do rapper Rael e da banda Scalene, que foram atrações no palco “João Rock” no ano passado.

O festival também promove o “Concurso de Bandas”, que recebe a inscrição de milhares de bandas de todo o Brasil. O vencedor toca em um dos palcos do evento.

“Nossa missão é continuar em busca de novos talentos da música nacional e abrindo cada vez mais espaço.” O organizador Luit Marques

REINVENÇÃO

Com 18 anos de sucesso, Marques declara que “sempre é o momento para se reinventar e promover uma nova experiência ao público”.

“Para a próxima vemos uma tendência e uma aceleração no movimento do digital e do físico se fundindo”, afirma ele.

“A pandemia trouxe um novo movimento das lives. Isso vai fazer com que o produto físico deixe de ser um canal único e o digital vai se tornar um produto a ser utilizado de maneira mais intensa.”

Por conta da pandemia do novo coronavírus, a festa de 18 anos do João Rock precisou ser adiada para 2021.

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