Relatório de Atividades e Gestão da Fundação Marques da Silva
RELATÓRIO DE ATIVIDADES E GESTÃO
I. Introdução e Enquadramento
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II. Os acervos
1. Principais campos de incidência: receção e tratamento
2. Disponibilização de informação à comunidade e aos investigadores
3. Plataformas colaborativas e um espaço de formação contínua
III. Reunir, produzir e partilhar: Comunicar
1. Dentro de portas
1.1. As exposições na Fundação
1.2. Outras iniciativas
2. Trabalhar em Rede: fora de portas
2.1. Exposições
2.2. Outras iniciativas
3. Atividade editorial
3.1. Publicações
3.2. Distribuição comercial e ações promocionais
4. Através do mundo digital: produzir, noticiar, partilhar
IV. Património Edificado
Perspetivas futuras e eventos subsequentes
V. Contas
Conclusão
Embora dizendo respeito ao ano de 2024, este Relatório de Atividades deverá ser lido dentro do arco temporal mais amplo de seis anos e meio – tantos quantos o presente Conselho Diretivo tem de gestão da Fundação Marques da Silva (FIMS). A visão estratégica que desenhámos para a instituição teve sempre em conta a sua missão essencial – preservar, estudar e valorizar o legado de José Marques da Silva, de Maria José Marques da Silva, de David Moreira da Silva e de outros arquitectos e artistas com espólio à nossa guarda –, mas investindo, de forma sistemática, num cami-nho de abertura à cidade e de diálogo com outras instituições nacionais e internacionais.
Não esquecendo nunca a relação umbilical da Fundação à Universidade do Porto, e a valiosa parceria com a Faculdade de Arquitectura, procurámos beneficiar, a todo o momento, dos saberes que a Universidade congrega: no que respeita à gestão dos nossos acervos documentais e patrimoniais (amplamente alargados ao longo dos últimos anos), respeitando critérios científicos e de acessibilidade pública; na investigação que promovemos, e naquela a que damos apoio, nas áreas da arquitectura, artes e património, muitas vezes em parceria com outras universidades portuguesas e estrangeiras; no programa cultural cada vez mais amplo e dinâmico, através do qual oferecemos à cidade exposições, conferências e programas educativos e artísticos; na intensificação e internacionalização do projeto editorial da FIMS.
Assumimos, como marcas de gestão da Fundação pelo presente Conselho Diretivo, um forte compromisso com a memória crítica, em contexto nacional e internacional, e um envolvimento comunitário crescente. A tradução destes desígnios nas atividades de que este Relatório dá conta só foi possível, contudo, graças ao empenho de múltiplos agentes: Colaboradores, Conselhos Científico e Geral, e parceiros institucionais e privados. Mas tudo começa, claro está, no gesto de partilha pública dos doadores de acervos e das suas Famílias. A todos agradecemos.
FÁTIMA VIEIRA
PRESIDENTE DO CONSELHO DIRETIVO DA FIMS
Em 2024 passaram 15 anos redondos desde o reconhecimento, pelo Despacho n.º 16482/2009, publicado a 21 de julho de 2009, em Diário da República, da criação da Fundação Marques da Silva. Haviam decorrido até então 15 anos exatos sobre a constituição da primeira Comissão Instaladora do Instituto Arquitecto José Marques da Silva, instituída através do Despacho 24/SEES/94. Nesta linha de tempo de 30 anos inscreveu-se a vontade de se dar corpo ao legado deixado pelos arquitetos Maria José Marques da Silva e David Moreira da Silva à Universidade do Porto, materializando-se a ideia que lhe esteve subjacente: criar e construir um espaço capaz de preservar a obra de José Marques da Silva e da geração que lhe sucedeu – a da sua filha e do seu genro –, onde se aliasse ao trabalho de arquivo e tratamento documental a investigação e a divulgação da sua arquitetura. No horizonte estava, sobretudo, o objetivo de esta missão primeira, assim que possível, poder visar um universo mais abrangente. E assim foi. Se em 2009 ainda só existia o legado inicial, complementado por uma doação ainda parcial do Professor António Cardoso, relativa à sua pesquisa sobre Marques da Silva, em 2024, após a junção, formalizada a 13 de abril de 2022, do Centro de Documentação da Fundação Marques da Silva com o Centro de Documentação da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, a instituição tem já, sob sua salvaguarda, 64 acervos – de arquitectos, mas não só –, que incluem 279.550 desenhos, 486 maquetas, 44.087 registos fotográficos, 102.509 imagens digitais e 986 metros lineares de documentação escrita. Possui uma das maiores bibliotecas portuguesas especializadas em arquitetura, disponibilizando 28.000 publicações para consulta. O seu núcleo museológico integra uma coleção de 135 pinturas (óleo, pastel e aguarela), além de peças de escultura, cerâmica, têxteis, ourivesaria, medalhística, mobiliário e mesmo alfaias litúrgicas. Este crescimento exponencial teve um impulso determinante em 2011, ano em que a Fundação Marques da Silva recebeu, em regime de comodato, o arquivo profissional do
Arquiteto Fernando Távora, assim como a sua biblioteca profissional e pessoal. A partir desse momento, abriu-se a porta à entrada de novos acervos que, numa primeira fase se centraram em arquitetos formados na Escola de Arquitetura do Porto. Contudo, já em 2017, se registou o acolhimento da doação do acervo do arquiteto José Luiz Porto, o primeiro a evidenciar um percurso formativo diferente, realizado em Paris, mas que acabaria por optar pelo Porto como principal base para o seu trabalho de arquitetura. Outra etapa essencial foi assinalada em 2018, ano que a instituição, a contabilizar já 13 acervos de arquitetura, recebeu a doação do acervo de Raúl Hestnes Ferreira, arquiteto formado pela Escola de Lisboa, ainda que com passagem pela Escola do Porto, mas que desde cedo fundara o seu atelier na capital onde passaria a desenvolver a sua atividade disciplinar. Este gesto foi, logo no ano seguinte, seguido por Bartolomeu Costa Cabral, que, por decisão pessoal, optou também por confiar o seu acervo à Fundação que, no final de 2019, contabilizava já 19 acervos. Desde então, apesar da pandemia, ano a ano, a Fundação foi ampliando o seu importante património documental, que se tornou incontornável quando se fala da história da arquitetura portuguesa desde finais do século XIX até aos nossos dias. Num movimento paralelo, também a vertente das Artes Plásticas foi sendo reforçada com a doação do acervo do artista Amândio Silva e com trabalhos de António Cardoso, para além de outras doações dispersas, mas de grande significado no contexto da instituição, como é o caso das pinturas de Francisco Laranjo e da pintora Menez. Viram-se, assim, acolhidos na Fundação quarenta e sete acervos, que podem e devem ser trabalhados, tendo em perspetiva outros 17, arquivados no Centro de Documentação da FAUP.
Acervos Fundação Marques da Silva
Adalberto Dias, Alcino Soutinho, Alexandre
Alves Costa, Alfredo Matos Ferreira, Amândio
Silva, António Cardoso, António Teixeira Guerra, Bartolomeu Costa Cabral, Bernardo José Ferrão, Carlos Carvalho Dias, David Moreira da Silva, Domingos Pinto de Faria, Egas José Vieira, Fernando Lanhas, Fernando Távora, Fernão Simões de Carvalho, Filipe Oliveira Dias, Francisco Barata Fernandes, Francisco Granja, Germano Castro Pinheiro, GPA-Grupo de Planeamento e Arquitetura, João Marcelino Queiroz, José Botelho
Pereira, José Carlos Loureiro, José da Cruz Lima, José Forjaz, José Manuel Soares, José Marques da Silva, José Porto, Luiz Alçada Batista, Luiz Botelho
Dias, Manuel Botelho, Manuel Graça Dias, Manuel Marques de Aguiar, Manuel Teles, Maria José Marques da Silva, Maurício de Vasconcellos, Nuno Portas, Octávio Lixa Filgueiras, Luís Pádua Ramos, Raúl Hestnes Ferreira, Rui Goes Ferreira, Sergio Fernandez
Godinho, João Andresen, João Queiroz, Júlio José de Brito, Manoel Marques, Manuel Vicente, Mário Abreu, Rogério Azevedo, Rui Pimentel
Este longo introito, no contexto de um Relatório centrado nas atividades previstas e/ou realizadas em 2024, deve-se ao facto de com ele se celebrar o ponto inicial de crescimento sinalizado em 2011 e a satisfação de se ver que o caminho então anunciado é hoje uma realidade sólida. 2024 foi o ano em que se viu concretizada a maior parte das ações pensadas no programa de comemoração do centenário do Arquiteto Fernando Távora: Távora 100, que, globalmente, entre 2023/2024, contabilizou 18 ações promovidas pela Fundação e 12 promovidas por/em parceria com outras instituições, num total de 30 iniciativas, entre exposições, conferências, lançamento de livros, visitas e outros eventos. E se a atividade da Fundação em muito excedeu a realização das iniciativas previstas neste programa – pois são 71 as que se contabilizam neste Relatório, o seu ascendente para a leitura do que foram os resultados alcançados em 2024 não pode deixar de constituir um
dado ineludível, que evidencia não só o sucesso alcançado, como o seu impacto, interno e externo – claros sinais do estado de maturidade atingido pela instituição.
Neste sentido, em 2024, não obstante a concretização de ações delineadas no contexto da celebração do programa Távora 100, que se estenderam até dezembro, e as comemorações do 25 de Abril de 74, a trazer uma nova perspetiva à documentação SAAL, a instituição continuou a manter todos os seus domínios de atividade em pleno movimento: gestão do património documental (recolha, tratamento, preservação); atendimento a investigadores (partilha e incentivo à pesquisa); promoção e produção de ações de divulgação e valorização dos acervos (comunicação de arquitetura); estabelecimento de redes colaborativas com instituições congéneres (parcerias várias, nacionais e internacionais); gestão e otimização do património imóvel
(em consonância com a adoção de boas práticas). Em termos gerais, foi seguido e cumprido o que havia sido proposto no Plano de Atividades em vigor, tendo sido adicionalmente implementadas outras iniciativas que, apesar de aí não se encontrarem inscritas, foram consideradas relevantes e concordantes com as linhas estratégicas pelas quais esta Fundação se tem vindo a reger, fiel à sua missão de ser um espaço de memória e com uma prática que traduz um sentido pedagógico e de responsabilidade para com o coletivo. Mobilizar o conhecimento do passado para uma melhor compreensão dos lugares que habitamos, das cidades em que vivemos e para a construção de um pensamento informado e crítico que garanta uma ideia possível e sustentada de futuro, continua a ser um dos nossos lemas.
Em 2024, a Fundação Marques da Silva apresentou dois projetos expositivos. Foram menos três do que no ano anterior, mas tal se deveu à necessidade de nos concentrarmos nas itinerâncias da exposição Távora: Pensamento Livre, que passou por Coimbra, Guimarães e Lisboa e que, em cada novo lugar, teve de se reinventar e reescrever em função das características de cada espaço expositivo. Isto significa que uma só exposição se desdobrou em 4 e que, para além destas exposições, a Fundação Marques da Silva teve de responder aos pedidos de colaboração em mais 14 projetos expositivos, promovidos por outras entidades, e que desta forma fizeram viajar a documentação da Fundação a lugares como Coimbra (2), Guimarães (2), Gondomar (1), Lisboa (2), Matosinhos (1), Madeira (1), S. Martinho de Anta (1), outros espaços no Porto (2) e, já em Itália, em Roma (2). Significa isto que, ao longo deste ano, a Fundação esteve comprometida com 16 projetos expositivos, sendo que teve um envolvimento dominante em 9 destas exposições. Foram muitas outras, contudo, as atividades realizadas, num total de 71 iniciativas (o que duplica as contabilizadas em 2023), 29 nos seus espaços (não sendo contabilizados desdobramentos de algumas destas
ações) e 42 externas, algumas no contexto destes projetos, mas, na sua grande maioria, iniciativas distintas. Merecerá destaque o forte enfoque, ao longo deste ano, em ações relacionadas com projetos editoriais, setor em que a Fundação Marques da Silva continua a manter uma forte dinâmica. A publicação de 22 novos títulos – com a chancela da Fundação, em parceria ou enquanto entidade apoiante –, só neste ano, de livros sobre percursos e/ou obras de Fernando Távora, Raúl Leal, Germano de Castro, José Marques da Silva, Raúl Hestnes Ferreira, Paolo Zermani e Francisco Barata Fernandes, alguns dos quais de âmbito internacional (como é o caso das traduções para italiano e inglês de obras de Fernando Távora), comprova o compromisso de nos tornarmos um polo catalisador de pesquisa e investigação, sem abdicarmos, um só momento, do apoio à dinamização de espaços de reflexão e partilha, entre especialistas e/ ou com o público em geral. Foi assim que, sempre num movimento expansivo, abrimos o âmbito temático das nossas iniciativas a outras áreas, para além da arquitetura e do urbanismo strictu sensu, seja em ações que foram realizadas na Fundação, seja fora dela. Este movimento reflete um notório alargamento da rede de parcerias e uma crescente abertura à comunidade: propondo, acolhendo, colaborando, divulgando
Em termos documentais, a Fundação Marques da Silva, em 2024, continuou a ampliar o seu património, acolhendo 3 novas e importantes doações: Amândio Silva, Bernardo José Ferrão e José Manuel Soares. Recebeu ainda nova documentação relativa a 7 anteriores incorporações: Alexandre Alves Costa, Alfredo Matos Ferreira, Bartolomeu Costa Cabral, Filipe Oliveira Dias, Francisco Barata Fernandes, José Carlos Loureiro e Manuel Botelho. A Fundação contabiliza presentemente 47 acervos, assim como um conjunto de outra documentação a eles relativas, ou a obras de arte ou de conjuntos bibliográficos relativos a Arquitetura, Urbanismo e Património, doados por várias personalidades que assim
ajudaram a reforçar a riqueza informacional do nosso Centro de Documentação que ocupa, fisicamente, os espaços-sede da Praça do Marquês de Pombal, mas que já não dispensa o importante núcleo do depósito criado no Armazém da Rua de Visconde de Setúbal.
Em paralelo e intrinsecamente ligada a esta programação, a Fundação continua, através do recurso a diferentes meios comunicacionais, a manter a sua presença constante no mundo digital e a procurar ampliar o seu alcance, atingindo um público cada vez mais vasto e diversificado. Prossegue também a sua missão de garantir a gestão, manutenção, adaptação e valorização do património móvel adjudicado à Fundação Marques da Silva, a começar pelas Casas-Sede localizadas na Praça do Marquês de Pombal, no Porto – uma dimensão absolutamente vital, pois dela decorre a funcionalização dos espaços de arquivo e trabalho. Este cuidado reflete-se ainda na gestão eficaz dos imóveis da Fundação, de cuja rentabilização depende o financiamento dos recursos humanos e materiais necessários à implementação do nosso plano e da nossa missão institucional.
Importará ainda referirmos que a concretização do Plano de Atividades assenta numa equipa multidisciplinar constituída por 7 elementos (1 para a área da Comunicação e Produção; 4 para a área de Arquivo e Bibliotecas; 1 para higienização e conservação preventiva; mais 1 assistente técnico com as funções de manutenção das propriedades rústicas, localizadas em Barcelos), sendo que o Diretor Executivo agrega ainda sob a sua alçada direta as funções relativas à gestão financeira e patrimonial. Esta equipa foi pontualmente reforçada com a integração provisória de uma designer, essencial para a otimização da qualidade visual da sua comunicação, uma decisão revertida em prol de adjudicações pontuais, ditada apenas a pensar na exigência de flexibilida-
de do calendário previsto. O quadro de recursos humanos tem ainda sido reforçado pela contratação temporária de colaboradores que asseguram as funções de abertura de portas, seja da loja, seja da receção do público visitante de exposições ou outras atividades de carácter público; e tem contado também com o contributo de estagiários que, enquanto cumprem os seus percursos académicos, apoiam a equipa na realização de múltiplos trabalhos, maioritariamente relacionados com o tratamento documental de acervos. Os resultados alcançados, dada a exiguidade dos recursos humanos, refletem claramente o grande envolvimento, a flexibilidade e a boa interação entre todos os elementos que integram a instituição ou que para ela têm vindo a contribuir. Será ainda de sublinhar que as atividades apresentadas neste Relatório integram os contributos dos muitos investigadores que aqui realizam pesquisas ou se envolvem em iniciativas que passam pela consulta e utilização de documentação em Arquivo. Significa isto que parte das atividades desenvolvidas na Fundação se ancoram numa rede cada vez mais ampla e sólida de colaborações externas, em especial de escolas de Arquitetura nacionais e estrangeiras, e entre estas, um particular destaque para a Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto e para os departamentos de Arquitetura da Universidade de Bolonha, Roma e de Milão, mas também para a Ordem dos Arquitetos – Secção Regional Norte, a Cooperativa Árvore, a Câmara Municipal do Porto e, neste ano, também a Assembleia da República.
Mais deve ser referido que 2024 foi um ano de renovada abertura à comunidade, por parte da Fundação Marques da Silva, em múltiplas perspetivas. Além das dimensões abordadas, e que ao longo deste Relatório serão especificadas, observou-se a renovação dos órgãos sociais da Fundação, com representantes que vieram ampliam o diálogo com outras entidades e perfis de atuação. Foi também o ano
em que esta Fundação e a Casa da Arquitectu ra se aproximaram na tentativa de promover a criação de mecanismos de cooperação conjunta, tendo em vista a valorização e divulgação do tra balho desenvolvido por ambas as entidades no tratamento e conservação arquivístico dos acer vos que ambas têm ao seu cuidado, bem como o aproveitamento recíproco das potencialidades técnicas, humanas e de inovação que as duas instituições oferecem. Foi nesse sentido que, em julho, foi firmado um protocolo de cooperação com a Casa da Arquitetura no “domínio da inves tigação, valorização e divulgação da arquitetura e dos arquitetos, visando a promoção do papel determinante da arquitetura no desenvolvi mento da sociedade e do seu contributo para o bem-estar das pessoas.” Também a proximidade e a vizinhança, depois de assinado o Protocolo entre a Fundação Marques da Silva e a Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo, va lidou o acolhimento de dois projetos artísticos resultantes desta nova parceria, a prometer de senvolvimentos futuros.
Uma nota final antes de avançarmos para a apresentação das atividades desenvolvidas ao longo de 2024, que serão, como habitualmente, sistematizadas por 3 grandes núcleos: acervos; comunicação; e gestão de pa trimónio. Esta nota respeita aqueles que foram e para sempre se manterão parte desta institui ção e de quem nos despedimos: os arquitetos Bartolomeu Costa Cabral, Carlos Carvalho Dias e José Forjaz, que doaram os seus valiosos acervos a esta casa; mas também Dr.ª Gill Stocker que, tendo conhecido o casal Maria josé Marques da Silva e David Moreira da Silva, quando jovem, fez questão de, praticamente até ao final da sua vida, providenciar, a título gracioso, as traduções para inglês dos textos que em português iam sendo publicados ou lhe eram especificamente solicita dos. A eles, a nossa homenagem.
OS ACERVOS
A ação central da Fundação Marques da Silva assenta no património documental, bibliográfico (de arquitetos e a biblioteca corrente) e museológico que tem vindo a ser reunido ao longo dos vários ciclos de crescimento que a instituição tem vindo a registar, incluindo o tempo anterior à mudança estatutária, ou seja o tempo do Instituto. São diferentes ambientes de informação que partilham uma condição comum: a de se referirem a acervos profissionais/pessoais de arquitetos ou de terem um campo de incidência relevante no domínio da arquitetura, do urbanismo, do património ou da arte em geral. Acresce especificar que, excetuando o protocolo de comodato assinado em 2011 com a família do Arquiteto Fernando Távora, os 47 acervos aqui depositados, bem como as restantes incorporações dispersas e/ou parciais, foram doados a esta instituição, constituindo, um extenso corpo documental, com um forte carácter identitário e uma importância suplementar pelos cruzamentos que podem ser estabelecidos entre si. Trata-se, pois, de um valioso património e um estimulante território de trabalho para investigadores.
Arquivos de Arquitetos/Arquitetura
Nome
1 José Marques da Silva (1869-1947) Alberto Álvares Ribeiro *
Biblioteca e outros itens
Inclui Biblioteca e bens inseríveis em várias categorias museológicas, entre as quais uma coleção de Pintura alvo de Catálogo
Observações
Acervo Fundador
*documentação de 1893, em formato digital, complementar ao projeto da Estação de S. Bento, cedida por descendentes de Álvares Ribeiro (representados por Rodrigo Meireles)
* inclui documentação relativa ao período de formação em Paris, doada por Abel Vasconcelos Cardoso
2/3 Maria José M. S. (1914-1994) e David Moreira da Silva (1909-2002)
4 Adalberto Dias (n. 1953)
Inclui Biblioteca e bens inseríveis em várias categorias museológicas
5 Alcino Soutinho (1930-2013) c/ Biblioteca
6 Alexandre Alves Costa (n. 1939)c/ Biblioteca
Acervo Fundador
Inclui documentação individual, relativa aos percursos de formação e história familiar
Bernardo Ferrão de Tavares e Távora, (1913-1982) Eng.º *
Bernardo José Ferrão de Tavares e Távora (1945-2004), Arq.to*
16 Carlos Carvalho Dias (1929-) c/ Biblioteca
17 Domingos Pinto de Faria (1934-2002)
18 Contemporânea: Manuel Graça Dias + Egas José Vieira
c/ Biblioteca residual c/ Mobiliário
19 Fernando Lanhas (1923-2012) c/ Biblioteca
20 Fernando Távora (1923-2005) José Bernardo Távora ** c/ Biblioteca* c/ Mobiliário
21 Fernão Simões de Carvalho (n. 1929)
22 Filipe Oliveira Dias (1963-2014)
23 Francisco Granja (1914-1978) c/ Biblioteca residual
24 Francisco Barata Fernandes (1950-2018) c/ Biblioteca
25 Germano Castro Pinheiro (1913-1992)
26 GPA-Grupo de Planeamento e Arquitetura (Luiz Alçada Baptista + Maurício de Vaconcellos e colaborações de Bartolomeu Costa Cabral)
27 João Marcelino Queiroz (1892-1982)c/ Biblioteca
Observações
* Trabalhos de Engenharia daquele que foi irmão de Fernando Távora
* Filho de Bernardo Ferrão e sobrinho de Fernando Távora
* Incluindo a coleção Pessoana
** Trabalhos de coautoria, enquanto sócios
Inclui documentação doada pelo casal Manuel Tomás Marques e esposa; assim como partilha de dados digitais pelo casal Michele Cannatà e Fátima Fernandes
28 José Amândio Parro Botelho Pereira (1938-2008)* * Parcial
29 José Carlos Loureiro (1925-2022)
30 José da Cruz Lima (1910-1983) c/ Biblioteca
31 José Forjaz (1936-2024) c/ Biblioteca
Arquivos de Arquitetos/Arquitetura
Nome
32 José Manuel Soares (n. 1953)
33 José Porto (1883-1965)
34 Luiz Alçada Baptista (1924-1999)
35 Luiz Botelho Dias (1929-2007)
36 Manuel Botelho (n. 1939)
Biblioteca e outros itens Observações
c/ Biblioteca residual
37 Manuel Graça Dias (1953-2019) c/ Biblioteca
38 Manuel Marques de Aguiar (1927-2015)
Inclui um conjunto de objetos entre instrumentos de trabalho e modelos
c/ Biblioteca
39 Manuel Teles (1936-2012) c/ Biblioteca residual
40 Maurício de Vasconcellos (1925-1997)
41 Nuno Portas (n. 1934)* c/ Biblioteca * Não inclui documentação de projeto
46 António Cardoso Pinheiro de Carvalho (1955-2022)*
47 Amândio Silva (1923-2000)*
Doações Compósitas
c/ Mobiliário
c/ obras de arte
* Trabalhos enquanto aluno e colaborador de OLF
* Acervo próprio e acervo complementar ao de José Marques da Silva
* Acervo que integra uma grande multiplicidade de suportes e dimensões da sua atividade
1 Manuel Mendes Arquiteto e Investigador
Livros, fotografias e peças desenhadas que complementam acervos existentes
Arquivos de Arquitetos/Arquitetura
Nome
Biblioteca e outros itens
Doações (+/- extensas) de livros e periódicos
Observações
1 Luís Ferreira Alves (1938-2022) Fotógrafo
2 Margarida Coelho Arquiteta
3 Manuel Real Arqueólogo
4 Rui Jorge Garcia Ramos Arquiteto
Doações de Obras de Arte
1 António Costa (1898-1961) Pintura Doado por Miguel Ferreira da Costa
3 Francisco Laranjo (1955-2022) Autor
Pintura de Homero
4 António Coelho de Figueiredo (1916-1991)
Ferreira Dias (1904-1960), datada de 1941
O retratado foi colaborador de José Marques da Silva; pintura doada por Anabela Viana Jorge e Virgilio Ferreira Dias
5 Busto de Homero Ferreira Dias (1904-1960) Idem
6 Menez (1926-1995) Pintura Doada por Bartolomeu Costa Cabral
Este quadro, anualmente atualizado, sintetiza um extenso universo documental que, no conjunto, se traduz em 144 132 peças desenhadas; 79 128 desenhos digitalizados; 261 306 ficheiros nado-digitais; 394 maquetas; 17 626 fotografias; 5 241 fotografias digitalizadas; 11398 digitalizações de outros tipos de documentação; 880 m/l de peças escritas; 28 000 títulos (entre monografias e periódicos). Trata-se de um conjunto documental constituído por diferentes tipologias documentais, a requerem condições de preservação e de tratamento diferenciadas e aos quais há ainda que associar o que decorre da doação fundadora, onde se inscreve um acervo ligado à domesticidade dos espaços e à vida familiar que passa pelas coleções de pintura, escultura e medalhística, e ainda por alfaias litúrgicas, têxteis e artes decorativas, entre outras peças.
Em termos arquivísticos, além do que decorre da gestão do arquivo físico, a Fundação Marques da Silva assegura a gestão do seu Arquivo Digital, um instrumento crucial de trabalho de disponibilização ao público de conteúdos documentais, instalada na plataforma AtoM, onde assegura igualmente, desde 2022, a gestão e consulta das 475 unidades de instalação que compõem o acervo digital do Engenheiro Bernardo Ferrão doado à Associação Círculo Dr. José de Figueiredo –Amigos do MNSR.
Em termos estritamente bibliográficos, os 28.000 títulos em depósito, encontram-se distribuídos por uma área de aproximadamente 590 m/l. A Fundação Marques da Silva disponibiliza, contudo, aos seus investigadores o acesso a uma Biblioteca Corrente que contabiliza mais de 600 títulos onde se agrupam aquisições, ofertas e títulos editados pela Fundação ou resultantes de parcerias editoriais. Através da plataforma Aleph, pode ainda o utente digital obter informação relativa a 6.803 títulos, sendo que, juntamente com a Universidade do Porto, está em implementação a transição para uma nova plataforma, ALMA. Também através do Site da Fundação Marques da Silva está disponibilizado o acesso a 24 textos em formato ebook, entre os quais o Catálogo de Pintura, com informação relativa a 118 obras, realizadas por 27 artistas.
É de sublinhar que a globalidade destes fundos – na sua diversidade documental, isto é, arquivística, bibliográfica, e museológica – está sustentada em bases de dados específicas, mas interconectadas no que respeita à pesquisa. Com os nossos Sistemas de Informação, o investigador que nos procura tem à sua disposição um sistema de consulta que lhe permite tanto o acesso a informação particularizada como a possíveis contextos que lhe conferem ou ampliam outros possíveis sentidos. Como os espaços de depósito têm vindo a ser reorganizados, dado o elevado crescimento de documentação recentemente incorporada, a articulação entre tratamento intelectual e o acondicionamento e preservação física desta documentação ou dos livros tem sido particularmente acautelada. São operações delicadas e complexas, exigindo conhecimento, competências e empenho da nossa equipa. Para que não se perca o controlo de tão vasto património, foram implementadas estratégias para a menorização máxima do risco de perda e de extravios. A delicadeza e absoluta necessidade destas medidas preventivas tornar-se-á óbvia pela simples referência às áreas de depósito pelas quais o nosso arquivo se encontra distribuído: Casa-Atelier José Marques da Silva; Palacete Lopes Martins; Anexo/depósito do jardim; e (desde 2023) o Armazém localizado na Rua do Visconde de Setúbal. Eis, porém, a discriminação das principais ações e dos campos de maior incidência da ação desenvolvida ao longo do passado ano de 2024.
1. PRINCIPAIS CAMPOS DE INCIDÊNCIA
RECEÇÃO E TRATAMENTO DE ACERVOS
A dimensão e continuado alargamento do universo documental e bibliográfico da Fundação Marques da Silva implica que a incorporação e gestão de acervos se encontrem em diferentes estados de tratamento no que se refere à descrição arquivística, acondicionamento e organização intelectual, ou mesmo disponibilização para consulta pública. Esta situação resulta da confluência de múltiplas variantes: os vários tempos que balizam a incorporação dos novos acervos; a especificidade e/ou complexidade inerente a cada um destes Sistemas de Informação (SI); a possibilidade de captação de recursos financeiros e/ou humanos particularmente direcionados para o tratamento de registos documentais de um determinado arquiteto; ou até mesmo a existência de projetos de investigação, expositivos ou editoriais que, incidindo num acervo específico, impulsionam o seu tratamento, global ou parcial, tornando-o prioritário.
Como referimos já, efetuou-se, em 2024, a entrada e incorporação de 3 novos acervos: Bernardo José Ferrão, José Manuel Soares e Amândio Silva. Foi ainda incorporada documentação complementar a acervos anteriormente doados: Alexandre Alves Costa, Alfredo Matos Ferreira, Bartolomeu Costa Cabral, Filipe Oliveira Dias, José Carlos Loureiro e Manuel Botelho. Esta informação encontra-se sistematizada no quadro abaixo.
Novas doações
SI Peças desenhadas / Desenhos Peças escritas Fotografias Livros Outros (maq. e/ou mob)
3 José Manuel Soares12 caixas de rolos20 m/l 6 m/l18
Nova documentação integrada em acervos existentes
1 Alexandre Alves Costa 7 m/l
2 Alfredo Matos Ferreira 3 caixas
3 Bartolomeu Costa Cabral documentação escrita, imagens fotográficas, documentação em suporte digital e objetos
4 Filipe Oliveira Dias 76 m/l c. 9 caixas 10 maq.s
5 Francisco Barata Fernandes 23 m/l
5 José Carlos Loureiro21 Caixas 32 m/l3 caixas
6 Manuel Botelho 10 m/l 10 maq.s
José Ferrão, José Manuel Soares e Amândio Silva. Foi ainda incorporada documentação complementar a acervos anteriormente doados: Alexandre Alves Costa, Alfredo Matos Ferreira, Bartolomeu Costa Cabral, Filipe Oliveira Dias, José Carlos Loureiro e Manuel Botelho. Esta informação encontra-se sistematizada no quadro abaixo.
Para além do acolhimento desta nova documentação, foi assegurada a continuidade da descrição arquivística e a elaboração dos respetivos documentos de apoio técnico para mais 15 acervos: Alfredo Matos Ferreira, António Teixeira Guerra, Bartolomeu Costa Cabral, Bernardo José Ferrão, Filipe Oliveira Dias, José Carlos Loureiro e GALP, José Forjaz, Manuel Botelho, Manuel Graça Dias e Contemporânea, Manuel Marques de Aguiar, Maurício de Vasconcelos, GPA, Pádua Ramos, Raúl Hestnes Ferreira, Fernão Simões de Carvalho.
Para um adequado acondicionamento da nova documentação descrita e organizada e para uma otimização do espaço nos depósitos, tornaram-se necessárias algumas operações de gestão logística através de alterações quanto ao local de acondicionamento de pastas de peças escritas e de peças desenhadas de alguns acervos. Refira-se, a título de exemplo, o trabalho de unificação de todas as pastas de peças escritas do SI Maurício de Vasconcellos no mesmo espaço de depósito.
Em termos bibliográficos, no final do mês de setembro, as bibliotecas da U.Porto, em colaboração com o serviço de Gestão de Documentação e Informação (SGDI) da UPdigital, disponibilizaram um novo portal de pesquisa e descoberta de informação científica: ALMA. Este novo sistema permite agora aos utilizadores uma forma mais eficaz de interação com o Catálogo que agrega estas 18 Bibliotecas e no qual se inclui a possibilidade de consulta online de uma grande parte do acervo bibliográfico da Fundação Marques da Silva. Por esta razão, ao longo deste ano, a migração de dados no âmbito desta operação conjunta das bibliotecas U.Porto foi considerada uma prioridade em detrimento da inserção de novos registos a consultar online. Porém, no que se refere ao tratamento das “bibliotecas” que acompanham os acervos doados a esta instituição, houve, necessariamente, que garantir a continuidade do trabalho. Em 2024, ,com o tratamento de 1930 livros, foram 6 as frentes ativadas: Biblioteca Corrente, Bartolomeu Costa Cabral, Domingos Pinto de Faria, José Forjaz, Manuel Graça Dias, SI Marques da Silva/Moreira da Silva. Os resultados alcançados estão discriminados no quadro abaixo.
Revisão, recotação, reorganização e correção de registos
Revisão de indexação
Também o trabalho de digitalização documental é uma vertente do arquivo em permanente atualização e uma ação prioritária. Só em 2024, em resposta a solicitações diversas, foram realizadas, na sua grande parte por meios internos, mas, em caso de peças de grande dimensão, por recurso a meios externos, 1531 novas digitalizações, transversais a 6 acervos, já disponíveis para consulta presencial na Fundação Marques da Silva.
Sistema de informaçãoFinalidade
Total FIMS Empresa externa
António Teixeira Guerra Investigação geral 58
Bartolomeu Costa CabralArquivo digital 666
Urgência da cidade 5 49
Távora 100 19 5
Fernando Távora
Projeto editorial “Fernando Távora: Raízes e frutos” 323
Investigação geral 90 12
José Carlos Loureiro Investigação geral 273
Manuel Graça Dias Investigador residente 20
Raúl Hestnes Ferreira Exposição 11
Na “Oficina de Conservação Preventiva” que a Fundação Marques da Silva está a ativar, foram higienizadas e acondicionadas, provisoriamente, 12.548 peças desenhadas, 359 pastas e 20 maquetas, provenientes de 3 acervos – Bernardo José Ferrão, Filipe Oliveira Dias e SI Marques da Silva/Moreira da Silva, conforme o seguinte quadro documenta:
Sistema de Informação
Documentos/Maquetas Higienizados e acondicionados
Peças Desenhadas Peças EscritasMaquetas
Bernardo José Ferrão 9586 359 dossiers/ 125 caixas
Filipe Oliveira Dias 4
Marques da Silva/Moreira da Silva 2962 16
Importará salientarmos que, além das quantificações referenciadas, a higienização, manipulação e reacondicionamento de documentos que são requisitados para digitalizações pontuais ou, sobretudo, para projetos expositivos, requerem este tipo de intervenções, reforçadas, sempre que necessário, através do recurso ao Serviço de Gestão da Documentação e Informação da UP Dgital, para prestação de serviços especializados de restauro, reacondicionamento e/ou montagem de peças para
suportes expositivos. Internamente, houve intervenções de higienização e reacondicionamento de peças desenhadas e escritas que aqui se inserem, provenientes dos acervos de Marques da Silva/Moreira da Silva, Raúl Hestnes Ferreira, Manuel Graça Dias, Fernando Lanhas, bem como a oportunidade para se concluir a higienização e acondicionamento de cadeiras que estiveram expostas em “Mais que Arquitetura”. Cabe também a quem garante estas funções, acompanhar e registar o controlo ambiental diário dos espaços documentais e expositivos da instituição.
A expansão do nosso depósito para o Armazém localizado na Rua do Visconde de Setúbal, nas proximidades da sede da Fundação e a ela pertencente, tornou-se inevitável e tem vindo a ser uma opção de sucesso, enquanto não for construído o novo Centro Documental, desenhado por Álvaro Siza, nos jardins das Casas-sede, localizadas na Praça do Marquês de Pombal.. O novo espaço em Visconde de Setúbal, com condições ambientais estabilizadas, tem vindo, pois a permitir a continuidade do trabalho de acolhimento de novos acervos da instituição. Refira-se que é neste arquivo provisório que se encontram acondicionadas e organizadas as bibliotecas Alfredo Matos Ferreira, António Cardoso e José Forjaz.
Com a incorporação de mobiliário doado pelos filhos de António Cardoso, e num exemplo de otimização de recursos físicos e espaciais, foi reformulado o espaço da biblioteca corrente da Fundação e concluído o tratamento deste núcleo bibliográfico, situada na sala de investigação, o que permite que os investigadores consultem livros durante a sua investigação, sob supervisão da bibliotecária. Foi também reformulado o espaço destinado à Loja, onde se encontra a bilheteira para quem visita as exposições.
Neste Relatório cabe também dar notícia da reabilitação de uma simbólica peça proveniente do acervo fundador, pelo objeto, pela função e pela memória que lhe está associada:
2. DISPONIBILIZAÇÃO DE INFORMAÇÃO À COMUNIDADE E ACOLHIMENTO DE INVESTIGADORES
O trabalho de mediação entre Utilizador e Informação implica a adoção de um conjunto de procedimentos sincronizados de forma a proporcionar uma utilização facilitada, permanente, intensiva e extensiva dos acervos, em suma, uma gestão dinâmica e colaborativa, capaz de responder e atender às solicitações da crescente comunidade de investigadores que procura esta instituição, seja através da consulta presencial, seja através da consulta on line (meio prioritário de acesso, em particular para investigadores que não habitam na área metropolitana do Porto ou mesmo no país, já que são cada vez mais os investigadores estrangeiros interessados nos nossos acervos).
Como já vai sendo percetível, a grande novidade, a este nível, foi a adoção de um novo portal de pesquisa e de descoberta de informação científica para a Biblioteca, o Sistema ALMA.
A transição/migração de dados do Aleph para o ALMA e o agregador de pesquisa Primo, acompanha o processo implementado pela U.Porto e representa uma importante evolução, dado que este Sistema permitirá a automatização de processos e uma maior integração entre a componente física e a componente digital da informação a disponibilizar.
A integração da Biblioteca da Fundação Marques da Silva e do seu manancial de informação bibliográfica no Catálogo Integrado da UP aconteceu em 2010, altura em que a Universidade do Porto utilizava o software Aleph da Exlibris, adquirido ainda na década de 90, por se diferenciar pela qualidade dos seus serviços e pela sua capacidade de adaptação às necessidades de processamento e de circulação de materiais. Com as limitações que começaram a ser sentidas e a queda de instalações subsequentes do Sistema Aleph, foram canalizados esforços para o Sistema ALMA, pois foram-lhe reconhecidas algumas vantagens:
• apresenta um interface intuitivo com base em recursos avançados que permitem ter uma maior eficiência (através de processos automatizados e integrados) na gestão de coleções, aquisições, empréstimos e renovações;
• tem um interface amigável e simplificado, facilitando a pesquisa e recuperação de informação;
• permite uma integração de recursos, através da interoperabilidade com outros sistemas.
A mudança tornou-se inevitável e urgente, com o U.Porto e as suas Unidades Orgânicas, incluindo a Fundação Marques da Silva, a adquirirem o sistema de Gestão de bibliotecas ALMA e o agregador de pesquisa Primo. Foi este um avanço tecnológico impactante, que se reflete numa melhoria na pesquisa e no acesso à informação por parte de toda a comunidade académica da U.Porto.
O processo foi, porém, complexo, desde logo pelo desconhecimento do Sistema por parte da equipa de bibliotecários da U.Porto, o que levantou alguma inquietação na fase de arranque do sistema, tornando-se crucial disponibilizar formação aos técnicos e criar grupos de trabalho. A formação por e-learning e presencial dos colaboradores responsáveis por estes campos e ações, entre os quais a Fundação se fez representar, incidiram essencialmente nos seguintes módulos: Resources / Fulfillment / Resource sharing / Acquisitions / Alma-D / Primo. Trata-se, contudo, de um processo que ainda tem um longo percurso pela frente, a exigir formação contínua e que, no caso da Fundação, implicará trabalho na revisão dos registos e na definição de um layout capaz de espelhar na interface as especificidades das bibliotecas dos arquitetos. O Catálogo Digital, em termos bibliográficos, permite a navegação online num total de 6.803 títulos.
A parceria com as equipas da Reitoria da Universidade do Porto/UP Digital tem sido permanente e essencial para a gestão da informação que a Fundação Marques da Silva continua a disponibilizar em ambiente web, também ao nível do Arquivo, que continua a manter como software a plataforma AtoM. Esta ferramenta tem vindo a ser regularmente atualizada e nela foram integradas, em 2024, 13.211 descrições arquivísticas. Só nesta plataforma, que tem informação disponível sobre 23 acervos (este ano ampliada com uma entrada para António Teixeira Guerra e Germano de Castro), foram contabilizadas 44 049 visitas, num total de 3090 pesquisas com ativação de motor de busca e a visualização de 107 501 páginas da plataforma. Neste Arquivo Digital, em 2024 foi ainda contabilizada a produção de novos registos e disponibilização de descrições arquivísticas num total de 211 registos (SI Alfredo Matos Ferreira: 1 registo; SI António Teixeira Guerra: 63; SI Carlos Carvalho Dias: 120 registos; SI Fernando Lanhas: 6 registos; SI Germano de Castro: 14 registos; SI Marques da Silva /Moreira da Silva: 2 registos; SI Távora: 5 registos).
Em termos de consultas presenciais, em 2024, foram recebidos 276 pedidos para consulta documental, isto é, para o início de processos de investigação que se prolongam no tempo e que incluem, muitas vezes, a consulta de núcleos bibliográficos. Mas, sinal da crescente visibilidade da importância destas “bibliotecas”, foram recebidos 43 pedidos de consulta a elas dirigidos. Entre pedidos de reprodução digital de peças desenhadas, escritas ou até mesmo fotográficas, mais de 50% destes
atendimentos implicaram cedência de conteúdos a investigadores. Já o âmbito destas consultas e cedência de conteúdos informacionais, em ano em que continuaram a registar-se múltiplas iniciativas e ações decorrentes da celebração do centenário do nascimento de Fernando Távora, foi este o acervo mais consultado. Porém, cada vez mais, ainda que com uma incidência menor, continuam a ser registadas consultas transversais a quase todos os acervos. Citem-se, em particular, os arquivos dos arquitetos fundadores, e, no contexto de vários projetos expositivos e editoriais, os acervos de Bartolomeu Costa Cabral, Raúl Hestnes Ferreira ou Sergio Fernandez. Também as comemorações dos 50 anos de abril e a consequente implementação do SAAL influenciou a consulta de acervos de arquitetos com obra que cruza este processo: Nuno Portas, Octávio Lixa Filgueiras, Manuel Teles, entre outros.
Será importante ressalvarmos que, além do que se encontra contabilizado, houve cedência de conteúdos para os vários projetos editoriais e expositivos promovidos pela instituição ou em resposta a colaborações externas. Tais cedências, quando envolveram documentação física, implicaram a aplicação de todo um conjunto de procedimentos de controlo documental.
3.
PLATAFORMAS COLABORATIVAS
E UM ESPAÇO DE FORMAÇÃO CONTÍNUA
A promoção e participação em projetos colaborativos com foco nos conteúdos documentais e bibliográficos do Centro de Documentação ou na metodologia de tratamento informacional implementada nesta instituição continua a representar uma linha estratégica de ação da Fundação Marques da Silva, seja para assegurar uma permanente atualização, face à sua contemporaneidade, seja como meio de incentivar o acolhimento de projetos de investigação. O ano de 2024 não foi exceção.
A Fundação continuou, assim, a receber investigadores residentes e/ou estagiários que nesta instituição desenvolvem os seus projetos. Foi o caso de Ilaria Corte, doutoranda da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (Portugal) e do Instituto Universitário de Arquitectura de Veneza (Itália), que está a desenvolver uma tese de doutoramento com o título “Politica, cidade e habitat no debate internacional entre os anos 50 e 70, os contributos de Nuno Portas e Gian Carlo de Carlo”. No contexto da doação feita à instituição do acervo do arquiteto Nuno Portas, esta investigadora assumiu o desafio de colaborar no processo de tratamento deste núcleo documental, em articulação com a equipa técnica e segundo as linhas orientadoras do tratamento documental fixadas para a instituição. Tal como se tornou habitual nos últimos anos, a Fundação acolheu também, este ano, estudante da Licenciatura em Ciência da Informação, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Miguel Vilas Boas Dias, que se propôs desenvolver, como tema de estágio, Análise dos processos de negócio da FIMS para a implementação de um classificador da documentação administrativa: a gestão dos emails. A Fundação Marques da Silva acolheu mais dois estágios curriculares em contexto profissional de duas orientandas da Prof.ª Doutora Cristina Ferreira: Ana Margarida Machado Costa, estudante do Curso de Comunicação e Multimédia da Faculdade de Letras, com o projeto Cantinhos Escondidos, e Ana Salvado, estudante da Licenciatura em Design de Comunicação da Faculdade de Belas Artes da UPorto, que abraçou o objetivo de criação de uma interface digital, capaz de articular o desenho de uma identidade visual coerente com a estruturação e otimização dos sistemas de navegação subjacentes às datas comemorativas dos aniversários dos arquitetos. Este último projeto, desenhado a partir de uma linha temporal agregadora dos vários conteúdos, estendeu-se a 2025, tendo levantado o interesse da UP Digital numa possível materialização futura.
Sob coordenação do Prof. Doutor Armando Malheiro, e dirigidas aos colaboradores da instituição, continuaram a realizar-se as Oficinas de Ciências de Informação que, em 2024, abordaram o tema O Quadro Orgânico-Funcional da FIMS: Atribuições e Competências do ASI
Foram também várias as ações externas onde marcaram presença membros da equipa técnica ligada à documentação e bibliotecas, com destaque para as reuniões bimensais do grupo dos arquivistas da Universidade do Porto GIAUP (Gestão da Informação e Arquivos da Universidade do Porto) e as reuniões das Bibliotecas U.Porto (que este ano discutiram, em particular, a adoção da nova plataforma de gestão bibliográfica ALMA). Os técnicos de arquivo e biblioteca participaram ainda em diversas ações de formação: Webinar “Perguntas & Respostas – Portaria n.º 112/2023”; “Digitalização e o programa Archeevo” (UP Digital, a 12 de abril), e “CLAV – Metodologias de Classificação e de Avaliação
Documental” (CCDRN, a 19 de abril).
REUNIR, PRODUZIR, PARTILHAR: COMUNICAR
A atividade da Fundação Marques da Silva desenvolve-se a partir do seu património documental, um amplo e complexo universo onde se conjugam múltiplas ações: da preservação e salvaguarda existente ao acolhimento de nova informação, à gestão otimizada dos acervos, o que passa pelo seu tratamento intelectual e pela sua disponibilização para consulta ou divulgação, nos mais variados contextos. Mas a valorização deste legado – não só no que se refere a cada uma das partes que o compõe, como da relevância que representa na sua globalidade – é indissociável da capacidade de instituição para estabelecer, com as circunstâncias que lhe são específicas, estratégias comunicacionais capazes de ampliar o seu alcance, conquistando novos públicos, estimulando novas perspetivas de análise e leitura, procurando e produzindo conhecimento e pensamento crítico que valorize o potencial desta documentação e lhe acrescente um sentido de atualidade. Este diálogo dinâmico entre os acervos e a comunicação com o(s) público(s) segue múltiplos caminhos: exposições, projetos editoriais, encontros e conferências, parcerias, visitas, publicação regular de novos conteúdos a difunsão nos canais de divulgação que a instituição dinamiza... No fundo, trata-se de viabilizar ações capazes de estabelecer ligações significativas com a comunidade em geral, entre a memória em arquivo e a realidade que nos rodeia, com outras instituições congéneres, com as cidades e o território onde vivemos. São estas ações de compromisso com o tempo presente que nos ajudam a cumprir a missão de valorizarmos essa herança documental, arquitetónica e artística, e simultaneamente incrementarmos novos interesses e a adoção de boas práticas, seja sobre a documentação, seja sobre a obra construída e realizada pelos arquitetos e artistas representados na Fundação, e, em primeira instância sobre o património edificado que a própria gere.
As exposições, enquanto momento privilegiado de mediação entre o que se passa em arquivo ou as investigações que a partir dele se desenvolvem e o público em geral, têm sido um eixo basilar desta estratégia de comunicação e divulgação. Em 2024, contudo, apenas dois momentos expositivos decorreram nos espaços da instituição, o que poderia denotar um abrandamento da tendência que tem vindo a consolidar-se deste 2020, com a abertura da Fundação em termos regulares. Este foi, contudo, um ano atípico, moldado em grande parte pelos compromissos assumidos na materialização do programa comemorativo dos 100 anos do nascimento do arquiteto Fernando Távora e pela resposta a várias iniciativas que tiveram lugar em outras valências, para as quais foi solicitado o apoio na cedência de conteúdos documentais. No caso da exposição de Raul Hestnes Ferreira, houve uma intinerância para cumprir até Lisboa. No total, e para além dos dois momentos expositivos que decorreram durante o primeiro trimestre de 2024, a Fundação Marques da Silva participou em 16 projetos expositivos, organizando, integrando, colaborando ou apoiando projetos realizados em outros locais da cidade do Porto (2), e viajando até Coimbra (2), Guimarães (2), Gondomar (1), Lisboa (2), Matosinhos (1), Madeira (1), S. Martinho de Anta (1), e Roma (2). Interessará ainda mencionarmos que a Fundação Marques da Silva continua a integrar a Rede Portuguesa de Arte Contemporânea – Norte, tendo obtido, inclusivamente, financiamento para uma candidatura delineada por Luís Martinho Urbano, vice-presidente da Fundação, a materializar entre 2025 e 2026, de celebração do centenário do nascimento do arquiteto José Carlos Loureiro, a implicar a realização de novos projetos expositivos.
Mas foram muitas outras as atividades realizadas, num total de 71 iniciativas (o que praticamente duplica as contabilizadas em 2023), 29 nos seus espaços (não sendo contabilizados desdobramentos de algumas destas ações) e 42 externas, algumas no contexto dos projetos expositivos, mas muitas outras iniciativas distintas, que, em 2024, assinalaram um forte enfoque em ações relacionadas com projetos editoriais, setor onde a Fundação Marques da Silva continua a manter uma forte dinâmica e uma consciente articulação entre a natureza do seu património documental e as investigações que a partir dele vão surgindo, tentando, sempre que possível, otimizar sinergias e circunstâncias facilitadoras da sua fixação em livro. Com a sua chancela, em parceria, ou enquanto entidade apoiante, só neste ano, foram impressos e/ou lançados 3 catálogos de exposições, 2 livros com traduções de textos para italiano e inglês de Fernando Távora e mais de uma dezena de livros que abordam percursos e/ou obras de Fernando Távora, Raúl Leal, Germano de Castro, José Marques da Silva, Raúl Hestnes Ferreira, Paolo Zermani e Francisco Barata Fernandes. Isto num universo de 22 novos títulos (19 impressos [6+13] e 3 digitais [1+2]). É uma resposta ao compromisso assumido por esta instituição para com a missão que lhe foi confiada e para com os seus doadores, e também um sinal da sua capacidade de estar presente e contribuir para acrescentar pensamento e conhecimento a questões relevantes nos nossos dias. Com praticamente 6 dezenas de livros publicados (incluindo ebooks), a Fundação Marques da Silva apresenta um caminho produtivo e de qualidade inquestionável, impossível de realizar sem a cooperação de parceiros que com ela estabeleceram já raízes sólidas, como é o caso das Edições Afrontamento, da Circo de Ideias e da U.Porto Press, para mencionar as que têm vindo a perdurar no tempo.
No seu conjunto, entre o que se passa na Fundação e naquelas em que, para além das suas fronteiras físicas, a Fundação marca a sua presença, é clara a consolidação da rede de parcerias que tem vindo a estabelecer e a fazer crescer, assim como uma crescente abertura à comunidade. Como foi já referido: propondo, acolhendo, colaborando, divulgando
Transversal a todas estas atividades é a gestão das plataformas comunicacionais e a consequente produção de conteúdos, informativos e de divulgação, com forte presença no universo virtual. Para além de 5 newsletters (este ano em número inferior, pois foi necessário viabilizar uma transferência para a plataforma Mautic e redesenhar a estrutura de uma nova matriz para a newsletter), só na página eletrónica (uma página que associa a função da divulgação à função de repositório histórico) foram publicados 148 destaques (que se desenvolvem em campos internos), multiplicados e ampliados para 201 nas redes sociais (Facebook, Instagram e Twitter, com mais de 8.200 seguidores). Noticiando, sinalizando efemérides, produzindo conteúdos, integrando contributos externos, estimulando intercâmbios, dentro e fora do âmbito universitário, dentro e fora do país, com recursos muito limitados, esta dimensão da atividade da Fundação tem vindo a ser determinante para firmar uma imagem de fiabilidade e qualidade, assim como para sensibilizar um público que tendencialmente tem vindo a crescer. Neste campo, destacamos, ainda, além das iniciativas que vão tendo lugar dentro e fora da instituição, a sinalização nas redes de efemérides e de 41 aniversários de arquitetos representados no Centro de Documentação, iniciativa sustentada pela investigação interna da documentação existente e que, sendo já uma tradição interna, pretende criar espaços de visibilidade para todos os arquitetos, estimular possíveis caminhos de investigação e dar conta da diversidade tipológica e importância informacional dos acervos ao cuidado desta Fundação.
Por uma questão operativa, esta informação vai sistematizada entre iniciativas “dentro de portas” (exposições e outras iniciativas); iniciativas “fora de portas” (exposições e outras iniciativas); atividade editorial (produção; apoios; distribuição) e comunicação por via digital.
1. DENTRO DE PORTAS
1.1. EXPOSIÇÕES
Ao começarmos por assinalar apenas a realização de 2 exposições nos espaços da Fundação Marques da Silva, em 2024, depois de, no anterior terem sido apresentados 5 projetos expositivos, poder-se-ia pensar que houve um notório abrandamento do sentido anteriormente traçado. Porém, este número, como anteriormente ressalvado na introdução a este Relatório, tem de ser interpretado no contexto do programa de celebração do centenário do arquiteto Fernando Távora, Távora 100. A itinerância da exposição Fernando Tavora. Pensamento Livre, por Coimbra, Guimarães e Lisboa, capitalizou um forte investimento, em termos logísticos, financeiros e de recursos humanos, que foi considerado prioritário. Esta foi uma decisão que veio a mostrar-se acertada perante o impacto e visibilidade alcançada, seja pelas várias exposições, redesenhadas em função de cada novo lugar, seja pela afluência e interesse público que despertaram. Refira-se, desde logo, que esta não foi a única itinerância a ter lugar, pois também a exposição Hestnes Ferreira: Forma, Matéria, Luz viajou até ao Centro Cultural de Belém, sendo completamente redesenhada em função das características e especificidades de um novo lugar. Houve também que acompanhar outros projetos que contaram com cedência de documentação proveniente do Arquivo. Mas, ainda nos seus espaços, a Fundação Marques da Silva voltou a acolher o Atelier Nomade, num formato compósito de residência artística, conferências, visitas guiadas e exposição. E se a exposição dedicada a Fernando Távora foi apresentada no Palacete Lopes Martins, com o Atelier Nomade foram exploradas outras valências dos seus espaços, já que este projeto, para além da pesquisa em arquivo, transformou, momentaneamente, os espaços da Rua de Visconde de Setúbal em espaços performativos e expositivos.
As exposições que tiveram lugar na Fundação Marques da Silva e que a seguir se discriminam puderam ser visitadas de segunda a sábado, excetuando domingos e feriados, entre as 14h e as 18h. Em termos genéricos, aqui se receberam, apesar de as portas estarem regularmente abertas para visita à exposição Fernando Távora. Pensamento Livre até 9 de março, c. de 1000 visitantes Este número, porém, não integra todos aqueles que as visitaram no contexto de visitas guiadas organizadas ou da presença em outras atividades programadas (a partir delas ou delas independentes), mas igualmente realizadas na Fundação: workshops, residências, encontros e lançamentos de livros.
FERNANDO TÁVORA: PENSAMENTO LIVRE
Palacete Lopes Martins; curadoria de Alexandre Alves Costa (coord.), Ana Alves Costa, Jorge Figueira, José António Bandeirinha, Luís Martinho Urbano, Maria Manuel Oliveira
Programa Távora 100
Inaugurada em 20 de outubro de 2023, manteve-se patente ao público até 9 de março de 2024, no Palacete Lopes Martins
Esta foi uma exposição sintética da vida e obra do Arquiteto Fernando Távora, que procurou – em 7 obras e 5 entradas temáticas – retratar a personagem, a sua vastíssima cultura, o seu método de trabalho, a forma como usou o Desenho e a História na prática projetual, e como as suas aulas foram fundamentais para sucessivas gerações de estudantes entenderem o que é a Arquitetura e o seu exercício profissional. As obras selecionadas foram: Mercado da Feira (1953/1959); Casa de Ofir (1957/1958); Pavilhão de Ténis da Quinta da Conceição, em Matosinhos (1956/1960); Escola do Cedro, em Gaia (1957/1961); Pousada de Santa Marinha da Costa, em Guimarães (1972/1985); Anfiteatro da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (1993/2000); e Casa dos 24, antigos Paços do Concelho do Porto (1995/2003). As cinco entradas temáticas, complementares à exposição central, cada uma com o seu espaço e curadoria próprios, deram ainda notícia da complexidade intelectual e cultural de Fernando Távora: “Referências”, Ana Tostões; “Viagens”, Sergio Fernandez; “Tratados de Arquitetura”, Domingos Tavares; “Literatura Modernista”, Celeste Natário; e “Aulas”, Manuel Correia Fernandes, com este último núcleo a estender-se à Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. A exposição integrou fotografias de Paulo Catrica e contou com design expositivo de João Mendes Ribeiro. O design gráfico esteve a cargo de FBA. /Daniel Santos, João Bicker. Foi ainda produzido e lançado um Catálogo, onde se integrou a publicação de textos de uma nova geração de arquitetos e críticos de arquitetura sobre cada uma das obras sete obras expostas: Pedro Levi Bismarck; Pedro Baía; Carlos Machado e Moura; Eliana Sousa Santos; Bruno Gil; Beatriz Serrazina; e Joana Restivo, respetivamente. Refira-se que estes autores foram convidados a integrar os painéis dos vários encontros programados em complemento à Exposição.
Fernando Távora. Pensamento Livre partiu de uma iniciativa da Fundação Marques da Silva e foi a ação central de Távora 100, um programa comemorativo do Centenário do Nacimento de Fernando Távora, que se prolongou até dezembro de 2024. Para a proposição deste Programa, reuniram-se a Ordem dos Arquitetos, a Fundação Marques da Silva e as três Escolas de Arquitetura onde se fez sentir a visão inovadora e, até, (re)fundacional de Fernando Távora: a Faculdade de Arquitectura da U.Porto, o Departamento de Arquitectura da Universidade de Coimbra e a Escola de Arquitetura, Arte e Design da Universidade do Minho. A partir de março de 2024 foi integralmente cumprida a itinerância prevista. O programa Távora 100, lançado em junho de 2023, contou especificamente com o apoio do Banco BPI; Fundação la Caixa; DST Group; Tintas Cin; e da Efapel.
PRINCIPAIS AÇÕES COMPLEMENTARES A ESTA EXPOSIÇÃO REALIZADAS EM 2024
• Conferências + Visitas Guiadas: #02 (13 de janeiro de 2024), com Alexandre Alves Costa, Joana Restivo, Pedro Baía e Carlos Machado e Moura; #03 (20 de janeiro), com Alexandre Alves Costa, José António Bandeirinha, Eliana Sousa Santos e Pedro Levi Bismarck.
• Sessão de lançamento do Catálogo: com Alexandre Alves Costa, Álvaro Siza e Eduardo Souto de Moura, na FAUP.
• Sessão de encerramento (3 de fevereiro): com Fátima Vieira, Alexandre Alves Costa, Ana Tostões, Sergio Fernandez, Domingos Tavares, Celeste Natário e Manuel Correia Fernandez.
Nota: no campo “Fora de Portas” dar-se-á conta das itinerâncias deste projeto, bem como da exposição Hestnes Ferreira: Forma, Matéria, Luz.
ATELIER NOMADE: IN SITU LITOGRAPHY
Sede da Fundação e Armazéns da Rua Visconde de Setúbal; coordenação de Graciela Machado
i2ADS / FBAUP / FIMS
29 de janeiro a 2 de fevereiro de 2024, entre as Casas-Sede da Pr. do Marquês de Pombal e os Armazéns da Rua Visconde de Setúbal, n.º 70.
Este primeiro atelier “nómada”, organizado no contexto de uma residência artística de Graciela Machado (i2ADS / FBAUP / FIMS) na Fundação Marques da Silva, inseriu-se no programa europeu de pesquisa e inovação pedagógica Arts and Crafts Aujourd´hui. Contou com a participação de alunos, professores e investigadores de uma rede alargada de instituições e grupos de interesse: Faculdade de Belas-Artes do Porto, i2ADS, Pure Print Archeology, Académie Royale des Beaux Arts de Bruxelles e École Supérieur d´Art et Design de Saint-Étienne. Contou com a presença de especialistas convidados: José Brandão (HTC / NOVA/ FCSH), Gonçalo Furtado (CIEBA/FAUP) e João Garcia (FLUP). O programa, além dos momentos oficinais e ações preparatórias, incluiu visitas à Faculdade de Belas Artes da U.Porto, à Biblioteca Pública e Municipal do Porto e à sede da Fundação Marques da Silva, assim como incursões pela cidade. A componente expositiva – NOMADE – teve como objetivo mostrar os resultados das pesquisas em curso sobre a litografia e decorreu, num ato aberto ao público em geral, no último dia do Atelier, 2 de fevereiro, para que todos pudessem não só descobrir este “novo” espaço, mas também observar os registos produzidos no âmbito desta linha de investigação. E como foi surpreendente ver as mudanças que estes “novos habitantes” trouxeram ao lugar, como os espaços internos do Armazém/Depósito e o logradouro se transformaram e ganharam uma nova vida!
PRINCIPAIS AÇÕES DO PROGRAMA DESTA EXPOSIÇÃO, QUE TIVERAM LUGAR NA FUNDAÇÃO
• Residência Artística (31.01 a 2.02)
• Visita guiada por Paula Abrunhosa e Conferências de José Brandão e Gonçalo Furtado (31.01)
QUADRO SÍNTESE
Títulos
1.2. OUTRAS INICIATIVAS
Apesar de ter tido apenas duas exposições programadas para os seus espaços, até ao final do primeiro trimestre de 2024, tal não significou que a Fundação Marques da Silva apenas estivesse ou se tivesse mantido desde então aberta a investigadores. Muito pelo contrário, até dezembro, continuou a acolher iniciativas com um carácter diverso, mas que se traduziram em novas oportunidades para, a cada vez, novos públicos ficarem a conhecer a singularidade destas Casas e o trabalho que nelas vai sendo desenvolvido. Estas iniciativas passaram sobretudo por lançamentos de livros e pelo acolhimento a projetos multidisciplinares, com uma forte componente artística, e que a seguir se elencam, segundo uma ordem cronológica:
RAUL LEAL: LEITOR DE FERNANDO PESSOA, LEITOR DE SI MESMO OU A CRIAÇÃO DO FUTURO
Lançamento do livro de Raul Leal, da Fundação Marques da Silva e da U.Porto Press; com Fátima Vieira e os editores Celeste Natário, Rui Lopo e Renato Epifânio
27 de fevereiro, no Palacete Lopes Martins
Raul Leal: Leitor de Fernando Pessoa, Leitor de Si Mesmo ou A Criação do Futuro é um livro que revela textos inéditos ou, até ao momento da sua publicação, praticamente inacessíveis de Raul Leal “sobre e para Fernando Pessoa”. É também a primeira publicação de uma investigação mais ampla sobre o autor, que decorre no âmbito de uma parceria estabelecida entre o Instituto de Filosofia da Universidade do Porto e a Fundação Marques da Silva, local de acolhimento da valiosa coleção “modernista” reunida pelo arquiteto Fernando Távora, onde se inclui um importante conjunto de manuscritos de Raul Leal, bem como um significativo número de outros registos que permitem (re)descobrir a sua obra e (re)situá-la perante os restantes autores de Orpheu. Com coordenação científica de Celeste Natário, edição literária de Rui Lopo e colaboração na transcrição de Renato Epifânio, apresenta escritos onde é possível percecionar o complexo método de pensamento de Raul Leal, a singular e idiossincrática dimensão filosófica da sua produção, a relevância de Pessoa e “a importância do processo pessoano que toda a vida acalentou”.
WORKSHOPS ATELIER NOMADE | “PULPING IT: MAKING PAPER” E “IN SITU ETCHING: MAKING PRINTS”
Oficina Litográfica coordenada por Graciela Machado FBAUP e Fundação Marques da Silva 28 de fevereiro a 6 de março (Armazéns da Rua Visconde de Setúbal)
Estes workshops, dinamizados por Graciela Machado, representaram mais dois desenvolvimentos do Atelier Nomade.Com eles se transformou o espaço de Visconde de Setúbal numa oficina de produção de papel, unindo novamente conhecimento tecnológico e criação. Dirigiram-se a estudantes da FBAUP, integrados nas atividades da Unidade Curricular de Gravura Calcografia, ainda que tenha sido possibilitada a frequência a estudantes de outros cursos da UP.
GERMANO DE CASTRO: UM ARQ UITECTO DO SEU TEMPO
Lançamento do livro de Germano de Castro Pinheiro, da Circo de Ideias; com apresentação de Graça Correia, Luís Soares Carneiro 23 de maio, no Palacete Lopes Martins
Publicado pela Circo de Ideias, com o apoio da Fundação Marques da Silva, o livro Germano de Castro: um arquitecto do seu tempo é da autoria de Germano de Castro Pinheiro, neto de Germano de Castro e também arquiteto, como o seu pai. Esta revisitação ao percurso e obra do seu avô resultou da transformação num projeto editorial do que foi um longo processo de investigação,
desenvolvido em diferentes fases da sua passagem formativa pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Para este novo formato, foram selecionadas, a partir de um mapeamento de cerca de duzentos projetos, vinte obras ilustrativas da prática disciplinar de Germano de Castro, datadas entre 1938 e 1987. Sã0 obras de diversas escalas, com diferentes linguagens e programas, tanto públicas quanto privadas, onde se torna evidente tanto a competência do seu autor quanto o ecletismo característico dos arquitetos da sua geração. Essas obras encontram-se profusamente documentadas por desenhos, fotografias de Teófilo Rego, Germano de Castro Pinheiro e Tiago Casanova, e, claro, por textos que as situam e explicam. O livro inclui ainda um prefácio de Ana Tostões, “Um Moderno Tranquilo”, um texto de enquadramento de Luís Soares Carneiro, “Eclectismo Moderno”, e uma entrevista a Nuno Portas. Ressalve-se que o acervo de Germano de Castro foi doado à Fundação Marques da Silva em 2022.
IX FESTIVAL DE MÚSICA ANTIGA
Festival promovido pela ESMAE, sob coordenação do Professor Hugo Sanches 25 de junho a 13 de julho, no Palacete Lopes Martins
O programa estendeu-se por duas semanas, com a Fundação Marques da Silva a acolher 22 recitais que deram a conhecer o trabalho desenvolvido por alunos da Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo, apoiando, assim, a experiência formativa que representa a apresentação pública destes futuros músicos profissionais num espaço exterior à Escola.
SENHORA DE MIM
Visita Itinerante promovida pela ESMAE, sob coordenação dos Professores Cláudia Marisa, Catraina Costa e Sila e Dimitrios Andrikopoulos 6 de julho (2 apresentações), nas Casas-Sede da Fundação Marques da Silva, incluindo Jardins
Senhora de Mim – visita itinerante foi o título que, inspirado num poema homónimo de Maria Teresa Horta, abrangeu e unificou os trabalhos criados no contexto de um projeto de colaboração entre alunos do Mestrado em Artes Cénicas: Dança – Composição Coreográfica e alunos do Mestrado de Composição Musical da ESMAE. Orientado por Catarina Costa e Silva, Cláudia Marisa e Dimitrios Andrikopoulos, resultou na construção de 8 performances pensadas e construídas a partir e para os espaços da Fundação Marques da Silva. A criativa apresentação destes trabalhos colaborativos de composição coreográfica e musical teve lugar num tarde de sábado, em duas sessões com lotação esgotada. O percurso, com 1 hora aproximada de duração por sessão, passou por vários lugares da Casa-Atelier e do Palacete Lopes Martins e atravessou os jardins que unem estas duas casas.
LIVRO DE OBRA: O EDIFÍCIO D´A NACIONAL NOS ALIADOS
Lançamento do livro de Menos é Mais (Cristina Guedes, Francisco Vieira de Campos), André Tavares, Francisco Ascensão, da Dafne Editora; com apresentação de Fátima Vieira, Presidente da Fundação Marques da Silva, e dos autores.
30 de novembro, no Palacete Lopes Martins
O Livro de Obra: O edifício d’A Nacional nos Aliados foi tornado possível graças ao apoio da Fundação Marques da Silva e da República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes. Nele se regista em 184 páginas, com fotografias, desenhos e textos, a metamorfose d’A Nacional entre 2021 e 2024, quando os escritórios da antiga companhia de seguros na Avenida dos Aliados, no Porto, projetados por José Marques da Silva entre 1919 e 1925, se transformaram em habitações. O livro é um trabalho coletivo, formado a partir da documentação fotográfica de Francisco Ascensão, que acompanhou os trabalhos de transformação de uma obra de Marques da Silva através do projeto dos arquitectos Cristina Guedes e Francisco Vieira de Campos. Integrado na coleção Equações de Arquitectura, tem edição de André Tavares, que foi quem fixou as conversas que teve entre os seus muitos autores, e design de João Faria. Nele se reproduz ainda um texto histórico do professor António
ÁLVARO SIZA – OBRA INCOMPLETA
Lançamento do livro da Editora A+A books; com apresentação de com Alexandre Alves Costa, Eduardo Souto de Moura, Manuel Aires Mateus, Michel Toussaint e António Choupina. 14 de dezembro, no Palacete Lopes Martins.
Este livro em dois volumes é sobre projetos não construídas de Álvaro Siza, enquadrados pelo olhar e pelos textos de mais de uma dezena de autores (amigos e especialistas) sobre esses mesmos projetos que, permanecendo ideias em suspensão, ajudam, afinal, a decifrar o diálogo secreto que define esse “projeto único” que é a obra de um arquiteto. A sessão foi moderada por António Choupina e contou com os testemunhos, marcados pela amizade e cumplicidade que os une, de Alexandre Alves Costa, Eduardo Souto de Moura, Manuel Aires Mateus e Michel Toussaint, a eles se associando o próprio Álvaro Siza que fez questão de estar presente. Não é todos os dias que se conseguem reunir estes nomes num só espaço!
SÉRIE PASSAGEM DE NÍVEL
Gravação de um episódio: fevereiro
E em 2024, a Fundação Marques da Silva voltou a ser procurada como cenário para filmagens, desta vez, por parte da produtora Farol de Ideias, tendo em vista a gravação de um episódio para a série documental Passagem de Nível, sobre as dimensões históricas, emocionais e económicas das linhas ferroviárias de Portugal. O episódio, sobre a Linha do Norte e com uma entrevista ao historiador Hugo Silveira Pereira, foi gravado a 14 de fevereiro, na Casa-Atelier José Marques da Silva.
VISITAS À FUNDAÇÃO
Ao longo do ano
Das muitas visitas guiadas à Fundação, citam-se, a título de exemplo, as dos estudantes do Curso de Conservação e Restauro da Universidade Católica do Porto, guiados por Gonçalo Vasconcelos e Sousa, tendo como pano de fundo os ambientes decorativos do Palacete Lopes Martins e da Casa-Atelier José Marques da Silva; do Programa de Doutoramento em Arquitetura da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, com Luís Martinho Urbano, sobre os arquivos de arquitetura que a Fundação cuida; ou da Universidade Sénior Florbela Espanca, em Matosinhos, com Paula Abrunhosa, para dar a conhecer a história do lugar e a atividade da Fundação; a dos estudantes da licenciatura em Ciência da Informação da FLUC, da Professora Maria Beatriz Marques, orientados por Armando Malheiro, Ana Sofia Ramos e Guilherme Gouveia; e dos alunos da ESAD, de Matosinhos, que, acompanhados pela Professora Marta Cruz, vieram desenhar o “espaço habitado” da Casa-Atelier. Manteve-se também
QUADRO SÍNTESE
Títulos/descritivo sumário
Visita guiada
Encontros / Conferências Outros
1 Livro Raul Leal: Leitor de Fernando Pessoa, Leitor de Si Mesmo ou A Criação do Futuro 1 LANÇAMENTO DE LIVRO
2 Workshop Atelier Nomade: “Pulping it: making paper” e “In situ etching: making prints”
3 Livro Germano de Castro: um arquitecto do seu tempo 1 LANÇAMENTO DE LIVRO
1 Residência/Oficina litográfica
4 IX Festival de Música Antiga 22 recitais de música
5 Senhora de Mim – visita itinerante
6 Livro de Obra: o edifício d’ A Nacional nos Aliados
2 sessões, constituídas por 8 trabalhos cada (música / dança)
LANÇAMENTO DE LIVRO
7 Livro Álvaro Siza – Obras Incompleta 1 LANÇAMENTO DE LIVRO E ainda…
7 Série televisiva Passagem de Nível 1 Filmagem de 1 episódio de série a exibir em 2025
8 Visitas Guiadas 8
2. TRABALHAR EM REDE: FORA DE PORTAS
Uma urgência de mundo. Talvez esta frase possa traduzir um ano em que a atividade da Fundação Marques da Silva, em termos públicos, passou maioritariamente pela presença em projetos que decorreram fora da sua sede. Estas iniciativas agilizaram a capacidade de resposta a desafios de natureza muito diversa e demonstraram a maturidade e confiança técnica da equipa e dos interlocutores com os quais tem vindo a trabalhar. Entre exposições, encontros científicos, produção e lançamento de livros, visitas guiadas e apoios à divulgação, a Fundação Marques da Silva participou em mais 40 iniciativas que aumentaram a projeção da sua imagem perante outras entidades e perante o público, em geral. Houve também a procura de chegar aos outros, para aprender e confrontar a sua experiência com a de outros, para partilhar e trazer outros até si. Essa atenção, vontade de partilha e de aprendizagem contínua tem vindo também a ser uma das linhas orientadoras do plano estratégico da Fundação e parte da sua missão. Pressupõe este objetivo a nossa disponibilidade para criarmos parcerias, participarmos em projetos e assegurarmos a transição tecnológica que nos permite encontrar um lugar próprio num mundo marcado pela globalização e pela circulação da informação à esfera planetária. Este desígnio traduziu-se em gestos de várias escalas e dimensões, sempre justificados pela relevância no contexto e circunstâncias distintivos desta Fundação. Neste contexto, há que mencionar parcerias (além das editoriais, onde deverão ser destacadas a Dafne Editora e a Amag) que vão adquirindo a força do tempo: Ordem dos Arquitetos (Nacional e a sua Direção Regional Norte), as três Escolas de Arquitectura que participaram na organização do programa dedicado a Fernando Távora (FAUP, EAAD UM e o Departamento de Arquitetura da UC), e a DRCN. Há outras, contudo, que se vão aprofundando: a Casa da Arquitectura, o Museu do Porto, o MNSR, a Fundação Júlio Resende, a APJAR, a Cooperativa Árvore, os Departamentos de Arquitetura das Universidades de Milão, Bolonha e Roma; e até iniciando, como é o caso da Assembleia da República. E há sempre, claro está, o apoio de um público que cada vez está mais presente, em termos físicos ou navegando pelo universo digital.
Serão igualmente de referência a participação da Fundação no Prémio Fernando Távora, bem como o apoio ao Prémio Manuel Graça Dias e ainda à divulgação do Prémio Municipal de Arquitectura João Álvaro Rocha.
A listagem sumária destas iniciativas que a seguir apresentamos, subdividida entre “exposições” e “outras iniciativas”, torna percetível a extensão e relevância deste território em que a Fundação se movimenta e sustenta, e que tem sabido construir e ampliar. Nesta lista, não foram contabilizadas nem listadas as várias iniciativas que a Fundação Marques da Silva divulgou, nas suas redes sociais e newsletter, a pedido das entidades que as promoveram, por decorrerem de gestos informais ou sem envolvimento efetivo na sua organização, mas que não deixam de ser testemunhos do valor atribuído a esta apoio. A título de exemplo, e numa citação não exaustiva, mas exemplificativa da sua diversidade (de origem e de tema), foram divulgados: a exposição Arquitectas da Nossa Casa; o encontro com António Menéres sobre Fernando Lanhas, no MNSR; várias ações desenvolvidas na FAUP; a homenagem a Alçada Baptista, programada pela Ordem dos Arquitectos, no seu centenário; uma conferência da FEP sobre a arquitetura de Viana de Lima, com Sergio Fernandez e Pedro Martins; ou a Conferência Modernist Women Interior Designers and Artists, do Docomomo ISC/ID.
2.1. EXPOSIÇÕES
TODOS OS TEMPOS
SE CRUZARÃO
Iniciativa do ciclo de Arquitetura, Arte e Território, Cuidar de um país, com curadoria do Atelier do Corvo (Carlos Antunes e Désirée Pedro) 29 de dezembro ‘23 a 2 de março, Sala da Cidade (Coimbra)
Esta exposição, que contou com o apoio da Fundação Marques da Silva, teve como propósito demonstrar, através de oito propostas heterogéneas, como, no atual contexto de esvaziamento do interior do país na razão direta da hiperconcentração da população nas grandes cidades, “a arquitetura e a arte têm sabido encontrar estratégias que estruturam o território, o recriam e reavivam o seu tecido mais profundo, retomando as suas possibilidades esquecidas, consolidando-o.”
Estes projetos, gestos transformadores do espaço e do tecido social envolvente, onde se torna visível a substância de que se faz o tempo, são a Biblioteca Central da Universidade da Beira Interior, na Covilhã, e a Casa da Taipa, em Beja, de Bartolomeu Costa Cabral, e cujo acervo se encontra na Fundação Marques da Silva; a Associação Bairro Alagoas, em Peso da Régua, de António Belém Lima; a reabilitação do Largo do Toural, em Guimarães, de Maria Manuel Oliveira, em colaboração com a artista Ana Jotta; a pequena Capela de Netos, numa aldeia da Figueira da Foz, de Pedro Maurício Borges; a Biblioteca Municipal e Arquivo de Grândola, de Pedro Matos Gameiro e Pedro Domingos; a recuperação do Mercado do Bolhão, no Porto, por Nuno Valentim. A exposição incluiu ainda projetos do Anozero e do Walk&Talk que, através dos artistas programados e nos territórios intervencionados, têm vindo a lançar estratégias conducentes ao reforço da urbanidade.
COLEÇÃO COOPERATIVA ÁRVORE
Com curadoria de José Emídio, organizada pela Cooperativa Árvore 13 de janeiro a 31 de março, Espaço Miguel Torga (S. Martinho de Anta, Sabrosa)
Esta exposição, com obras de pintura e desenho de vinte artistas representados no acervo da Cooperativa Árvore, proporcionou a apresentação simultânea, em S. Martinho de Anta, de 3 desenhos da autoria de Alcino Soutinho, cedidos pela Fundação Marques da Silva. Datados do início da década de 60, pertencem a um projeto não realizado deste arquiteto para um Monumento a Miguel Torga, escritor nascido nesta freguesia do município de Sabrosa, e que igualmente previa uma intervenção do espaço urbano envolvente.
ATLAS DO PENSAMENTO
Exposição / Investigação, coordenada por Pedro Gonçalves e Amanda Conduto 16 a 31 de maio, Edifício do Campo da Barca (Madeira)
Atlas do Planeamento é uma exposição-investigação sobre o planeamento urbano na Região Autónoma da Madeira. Nela se desvendam planos e projetos urbanísticos desenvolvidos para as cidades e vilas da Madeira e Porto Santo, antes dispersos e fragmentados em diversos arquivos públicos e privados, que foram pela primeira vez reunidos, meticulosamente agrupados e contrapostos. A coordenação da investigação, recolha documental e projeto expositivo estiveram a cargo dos arquitetos Pedro Gonçalves e Amanda Conduto, mas contou com a análise de um conjunto de reputados arquitetos, urbanistas e historiadores como Carolina Sumares, Cristina Perdigão, Daniela Alcântara, David Oliveira, Emanuel Gaspar, Gil Gama, Gustavo Freitas, Jorge Freitas, Luís Xavier, Pedro Gonçalves, Pedro Ribeiro, Roberto Rodrigues, Rui Campos Matos e Rui Carita. Esta foi uma iniciativa da Secretaria Regional de Agricultura e Ambiente, através da Direcção Regional do Ordenamento do Território, e que contou com o apoio da Fundação Marques da Silva, detentora do acervo de Rui Goes Ferreira.
L’ ALBO CHE ASPETTAVO:
25 APRILE 1974, IMMAGINI DI UNA REVOLUZIONE
Exposição da Embaixada de Portugal em Roma, curadoria de Alessandra Mauro 24 de maio a 25 de agosto, Mattatoio – Azienda Speciale Palaexpo(Roma)
Esta foi uma ação pensada no contexto das comemorações do 25 de Abril de 1974 em Itália. Para além de 100 fotografias de época, aqui foram expostos outros materiais documentais, entre os quais a reprodução de 16 documentos provenientes dos acervos de Fernando Távora e Raúl Hestnes Ferreira relativos à participação destes arquitetos no SAAL.
DIREITOS, LIBERDADES
E GARANTIAS
Exposição, curadoria de Lúcia Almeida Matos, organizada pela FBAUP 2 de julho a 26 de outubro, Pavilhão de Exposições da FBAUP (Porto)
Esta foi uma ação pensada no contexto de celebração dos 50 anos da Revolução de Abril. O apoio da Fundação Marques da Silva traduziu-se na cedência de documentação dos acervos de José Marques da Silva e de Sergio Fernandez. O título é uma referência direta à Constituição que, desde 1976, consagrou a afirmação de um Estado de Direito Democrático em Portugal e a vontade de se construir um país mais livre, mais justo e solidário, um país onde estivessem garantidos os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos. Embora provenientes do arquivo privado da família, também estiveram representadas obras de Alcino Soutinho.
HESTNES FERREIRA: FORMA, MATÉRIA, LUZ
Exposição e ciclo de visitas com curadoria de Alexandra Saraiva, Patrícia Bento d’Almeida e Paulo Tormenta Pinto, organizada pela Fundação Marques da Silva em parceria com o CCB. 17 outubro ‘24 a 13 abril ‘25, Centro Cultural de Belém (Lisboa)
Alexandra Saraiva, Patrícia Bento d´Almeida e Paulo Tormenta Pinto revisitaram o processo de trabalho de Hestnes Ferreira e apresentaram, em 2023, na Fundação Marques da Silva, a exposição Hestnes Ferreira – Forma | Matéria | Luz. Voltaram a este projeto expositivo, de que foram curadores, para responder ao desafio de o levarem para um novo espaço, uma nova geografia: o Centro Cultural de Belém, em Lisboa. E neste regresso, que permitiu mostrar esta abordagem à obra de Hestnes Ferreira na cidade onde este arquiteto fundou o seu atelier e por largas décadas projetou, também o dispositivo se ajustou às formas e condições de um outro lugar, com ele estabelecendo um diálogo que lhe aportou novas leituras. Em simultâneo a esta exposição, decorreu um ciclo de visitas guiadas à exposição e a obras representativas da autoria deste arquiteto, que se estendeu a 2025: Bairro Fonsecas e Calçada; Biblioteca de Marvila; Campus ISCTE; Casa de Albarraque. Também para 2025, mas ainda no âmbito desta exposição, foi agendado o lançamento do catálogo.
O QUE FAZ FALTA: 50 ANOS DE ARQUITETURA PORTUGUESA
EM DEMOCRACIA
Exposição com curadoria de Jorge Figueira e curadoria-adjunta de Ana Neiva, organizada pela Casa da Arqutectura
26 outubro ’24 a 7 setembro ’25, Casa da Arquitetura (Matosinhos)
Com curadoria de Jorge Figueira e curadoria-adjunta de Ana Neiva, a exposição apresentou-se com o objetivo geral de “estabelecer uma leitura panorâmica da produção arquitetónica entre a Revolução de Abril 1974 e os dias de hoje (2024), revelando como a arquitetura foi, e é, simultaneamente reflexo e incentivo do regime democrático em Portugal. Nesse sentido, os projetos selecionados refletem os modos como a arquitetura concretizou programas públicos vários, considerando a diversidade geográfica do país, continental e insular, e a contribuição de arquitetas e arquitetos de diferentes backgrounds e gerações.” Não poderiam, neste contexto, de deixar de estar presentes alguns dos arquitetos documentados nos arquivos da Fundação Marques da Silva, uma das entidades apoiantes desta iniciativa com a cedência de um relevante conjunto de conteúdos expositivos. A exposição tem um programa paralelo com curadoria dos arquitetos Nuno Sampaio e Jorge Figueira.
TÁVORA
100
Junho 2023 – setembro 2024
Este programa comemorativo do centenário do nascimento do arquiteto Fernando Távora foi publicamente apresentado a 30 de junho de 2023, na sede da OASRN e arrancou oficialmente, por parte das entidades organizadoras, em outubro desse ano com a inauguração, na Fundação Marques da Silva, da exposição Fernando Távora. Pensamento Livre. No âmbito deste programa, em grande parte gizado tendo a exposição (inicial e itinerâncias) como alicerce, continuaram a acontecer iniciativas tão diversas quanto lançamento de livros, outras exposições, visitas guiadas, conversas, seminários científicos, etc. Por isso se optou por incluir, dentro do campo “exposições”, a referência às ações que foram realizadas apenas em 2024, no que é também uma transição para “outras iniciativas”.
Itinerâncias da exposição Fernando Távora. Pensamento Livre:
• 14 MARÇO | inauguração – Convento de São Francisco, Coimbra.
• 4 ABRIL | aula aberta na DARQ UC e inauguração do polo temático Aulas.
• 15 MAIO | inauguração – Galeria da Garagem Avenida, Guimarães.
• 14 DEZEMBRO | inauguração – Salão Nobre do Palácio de S. Bento (Assembleia da República), Lisboa.
• 25 JANEIRO | Lançamento do Catálogo da Exposição – FAUP, Porto*
O livro Fernando Távora. Pensamento Livre, catálogo da exposição central do programa Távora 100, é uma publicação amplamente ilustrada, que reúne textos de 16 autores e é muito mais do que um mero registo de uma exposição, pois constitui-se testemunho para memória futura de um momento único de reflexão e diálogo com a herança tavoriana. Perante um auditório lotado, o lançamento deste livro acabou por ser uma emocionante homenagem a Fernando Távora, nas suas dimensões de homem, professor e arquiteto.
• 21 E 22 FEVEREIRO | Távora no Tempo #2 – Colóquio Internacional, Coimbra*
Depois do primeiro colóquio Távora no Tempo, decorrido na FAUP, em outubro de 2023, foi a vez de o Departamento de Arquitetura da Universidade de Coimbra, com este Colóquio Internacional, lhe dar continuidade e convocar um leque de estudiosos da obra de Fernando Távora para dois momentos precisos: o da investigação em desenvolvimento, no dia 21, e o da investigação consolidada, a 22. Esta iniciativa, que, para além do mais, pretendeu proporcionar uma nova oportunidade de celebrar e evocar a obra de Fernando Távora, foi parte integrante do programa de celebração do centenário deste arquiteto – TÁVORA 100 -, um projeto coordenado e coorganizado pela Ordem dos Arquitectos, pela Fundação Marques da Silva (onde está depositado o seu acervo), e pelas universidades de Coimbra, do Minho e do Porto (onde lecionou), e que teve lugar no Porto, em Coimbra, Braga e Guimarães, entre agosto de 2023 e agosto de 2024.
• 5 JUNHO | lançamento do livro Fernando Tavora em Guimarães – Sede da Assembleia de Guimarães*
O livro, coordenado por Eduardo Fernandes e João Cabeleira, conta com textos de Alexandre Alves Costa, Ana Berkeley Cotter, Ana Jordão, Carlos Machado, David Ordóñez Castañón, Eduardo Fernandes, João Rapagão, João Cabeleira, José António Bandeirinha, Miguel Frazão, Nuno Correia, Paulo Tormenta Pinto e Teresa Cunha Ferreira. Este novo projeto editorial tem por foco a obra do Arquiteto Fernando Távora construída em Guimarães.
DE ATIVIDADES E GESTÃO
• 1 E 5 JUNHO | Workshop Fernando Távora, o Desenho e o Desígnio – Campus de Azurém, Guimarães* Workshop organizado pela Escola de Arquitetura, Arte e Design, com a colaboração e a participação de professores e estudantes das três escolas de arquitetura associadas ao Programa (EAAD, DarqFCTUC e FAUP). Aqui se trataram três temas: desenho e projeto / desenho e teoria / desenho e referências externas, num programa que assenta em conferências, visitas, sessões de trabalho, sessões de discussão e apresentações plenárias. A reflexão e indagação geradas ao longo dos trabalhos foram condensadas num “Atlas de Parede” (a ocupar o espaço das salas de Atelier da EAAD), a disponibilizar em suporte digital. Apesar de ser uma iniciativa voltada sobretudo para estudantes, teve momentos de abertura ao público em geral.
Também as entidades parceiras deste programa continuaram a programar iniciativas como:
• Fernando Távora: il maestro della scuola di Porto (Exposição: Museo d’Arte Classica – Facoltà di Lettere e Filosofia, Roma, que encerrou a 30 de janeiro. de 2024). Esta exposição contou com a cedência de conteúdos por parte da Fundação Marques da Silva.
• Reinstalação da estátua “Porto” nos Antigos Paços do Concelho (Museu do Porto: 10 de janeiro de 2024).
• Atribuição do nome de Fernando Távora a uma rua na cidade do Porto (CMP, 29 de janeiro de 2024).
• Encerramento da exposição Távora: Desenho de Viagem (Casa do Desenho, 20 de abril de 2024).
• Lançamento do catálogo da exposição A Urgência da Cidade: O Porto e 100 anos de Fernando Távora (Museu do Porto: Feira do Livro, 25 de agosto).
PAISAGENS CONSTRUÍDAS: O PASSADO E O PRESENTE DA ARQUITETURA
PORTUGUESA EM 16+1 OBRAS
Lançamento de livro, de Valdemar Cruz, uma edição de autor com o apoio da Fundação Marques da Silva, com apresentação de Eduardo Souto de Moura, Camilo Rebelo e Marta Brandão
3 de fevereiro, Biblioteca da de Serralves (Porto)
A partir de escolhas de mais de meia centena de arquitetos, críticos, curadores, professores das Faculdades de Arquitetura, artistas plásticos, engenheiros civis, fotógrafos, e um geógrafo, Valdemar Cruz construiu um corpo de 16 obras representativas do que de melhor se fez na arquitetura portuguesa desde o início do século XX até a atualidade. São elas o território deste livro, são elas que definem estas Paisagens Construídas, são elas que habitam os textos de Valdemar Cruz, as entrevistas a quem as projetou e as fotografias de Inês d´Orey. O livro, com design gráfico de André Cruz, é uma edição de autor que tem o apoio da Fundação Marques da Silva, instituição com a qual se iniciou o trabalho de produção de uma exposição a acontecer em 2025, e da Zet Gallery. Esta sessão foi o lançamento oficial, mas ao longo deste ano o autor continuou a promover sessões de lançamento por outras cidades do país. A exposição veio a inaugurar em 11 de janeiro de 2025, ocupando o primeiro piso do Palacete Lopes Martins.
CICLO INOVAÇÃO FORA DE PORTAS
Departamento de Engenharia Civil da FEUP, o Município do Porto (no âmbito da iniciativa Porto Innovation Hub), a Universidade do Porto e a Câmara Municipal de Gaia
4 de fevereiro a 15 de junho
Ao longo de 2024, a Fundação Marques da Silva continuou a manter o apoio a este ciclo de sessões que passam por conversas com convidados, moderadas por Bárbara Rangel, visitas guiadas e apresentação de vídeos documentais, realizados por Luís Martinho Urbano, sobre as obras em destaque: Monitorização dos Monumentos durante as obras do Metro (24 de fevereiro); A Nacional (20 de abril); e Time Out Market (15 de junho). O apoio incluiu não só a divulgação, mas também colaboração nos Cadernos d’Obra
MANUEL BOTELHO: OBRA E PROJECTO 1980-2008
Lançamento de livro, de António Neves, Bruno Baldaia e Carlos Maia, Duarte Belo e Pedro Baía (eds.), da Circo de Ideias com o apoio da Fundação Marque das Silva, com apresentação de Luís Santiago Baptista, Rui Mendes e os editores 22 de fevereiro, Biblioteca da SNBA (Lisboa)
Manuel Botelho: Obra e Projecto 1980-2008 é o livro que traça uma retrospetiva inédita do percurso do arquiteto Manuel Botelho, cujo acervo profissional foi doado à Fundação Marques da Silva em 2022. Com edição de António Neves, Bruno Baldaia e Carlos Maia, foi publicado pela editora Circo de Ideias e nele se reúne, ao longo de 360 páginas, uma seleção de 27 obras e projetos, bem como um conjunto de ensaios originais de Carlos Machado, José Manuel Soares, Jorge Reis, Victor Mestre e Bruno Baldaia. O livro tinha já sido apresentado no Porto, na Fundação Marques da Silva, por ocasião do encerramento da exposição Cartografia Manuel Botelho: Obra e Projeto aí realizada, e em Coimbra, no Departamento de Arquitetura da UC. A sua edição fez parte do programa dedicado ao arquiteto Manuel Botelho, que incluiu a realização de exposições, mesas-redondas, visitas às obras e edições, numa parceria entre a Fundação Marques da Silva, instituição à qual foi doado o seu acervo, a FAUP, o Laboratório da Paisagem, Património e Território e a Escola de Arquitetura, Arte e Design da Universidade do Minho. Contou ainda com o apoio à divulgação da Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos.
O PROBLEMA DA HABITAÇÃO; OLHAR HOJE
PARA OS BAIRROS SAAL/LISBOA
Ciclo constituído por 1 conferência, 4 percursos e 1 conversa, programado por Ana Bigotte Vieira, Ana Catarina Costa e Ricardo Santos para o Museu de Lisboa 24 de fevereiro a 20 de abril, em diversos locais a partir do Palácio Pimenta (Lisboa)
O ciclo O Problema da Habitação procurou, a partir da experiência dos bairros SAAL/ Lisboa, investigar e problematizar as transformações que a cidade atravessou de Abril de 1974 até hoje. O programa teve início com a conferência “Habitar e Governar”, por Amador Fernández-Savater; seguiram-se os percursos a 4 dos 7 Bairros SAAL/Lisboa: Quinta do Alto, de Manuel Magalhães (16.03); Curraleira-Embrechados, de José António Paradela e Luís Gravata Filipe (17.03); Fonsecas-Calçada, de Raúl Hestnes Ferreira (6.04); e Bela Flor, de Artur Rosa (7.04); e o encerrramento, num regresso ao Palácio Pimenta, com uma conversa com moradores e moderada pelos curadores, tendo por mote “Problemas e desafios: o discurso dos moradores”. Esta foi uma iniciativa do Museu de Lisboa a acontecer um ano após a exposição Políticas de habitação em Lisboa: da monarquia à democracia, que, em 2023, contou também com o apoio da Fundação Marques da Silva.
FERNANDO TÁVORA: DIARIO DI BORDO
Apresentação da versão italiana do Diário da Viagem de 60 de Fernando Távora, por Antonio Esposito, Giovanni Leoni e Raffaella Maddaluno, da Letteraventidue e da Universidade de Bolonha, com o apoio da Fundação Marques da Silva, apresentado por Alexandre Alves Costa, Ana Tostões, José António Bandeirinha, José Manuel Fernandes, Luís Martinho Urbano, Madalena Moreira da Silva e Miguel Magalhães. 13 de março, Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa)
A Universidade de Bolonha Alma Mater Studiorum, a editora Letteraventidue e os tradutores/editores literários Antonio Esposito, Giovanni Leoni e Raffaella Maddaluno, organizaram a apresentação do livro Fernando Távora: diario di bordo – a tradução para italiano do relato da viagem que este arquiteto empreendeu aos EUA e ao Japão em 1960 – na Fundação Calouste Gulbenkian, a instituição que então atribuiu a bolsa que viria a permitir a realização dessa mesma viagem. Esta publicação, que contou com o apoio da Fundação Marques da Silva e da família de Fernando Távora, inclui, para além da versão italiana do diário, textos de enquadramento à viagem, ao diário e a Fernando Távora, da autoria de cada um dos editores, assim como a reprodução dos dois blocos de desenhos que acompanham e complementam o registo escrito original. O livro foi inicialmente lançado em novembro de 2022, em Cesena, no contexto da exposição “I Viaggi di Fernando Távora”, organizada em parceria com a Fundação Marques da Silva, e desde então tem vindo a percorrer um périplo de cidades italianas, chegando agora a Portugal.
OPERAÇÕES SAAL/LISBOA
Lançamento do livro, de Ricardo Santos e Ana Drago (eds.), publicado pela Tinta da China, com Gonçalo Byrne e António Brito Guterres 30 de abril, Bairro Fonsecas e Calçada (Lisboa)
O lançamento deste livro, o 5.º volume da coleção Cidade Participada: Arquitectura e Democracia. Operações SAAL, dedicado ao processo SAAL em Lisboa, e que contou com o apoio da Fundação Marques da Silva, aconteceu no pátio do Anfiteatro junto ao Bloco A, acesso pela Rua Mem de Sá, em frente ao Parque Infantil das Fonsecas, no icónico Bairro Fonsecas e Calçada, pensado por Raúl Hestnes Ferreira. Foi este também mais um momento de celebração dos 50 anos da Revolução que tornou possível, ainda em 74, a criação do SAAL, o Serviço de Apoio Ambulatório Local, “o mais ambicioso processo político de «fazer» o direito à cidade na história da democracia portuguesa.”
FERNANDO TÁVORA. AS RAÍZES
E OS FRUTOS. PALAVRA DESENHO OBRA (1937-1947)
Apresentação do(s) livro(s), com investigação, organização e notas de Manuel Mendes, uma edição da Fundação Marques da Silva, com participação de Fátima Vieira, Teresa Cálix // Domingos Tavares, Raquel Henriques da Silva, Paulo Pires do Vale // Manuel Mendes 4 de junho, Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto
Fernando Távora . As Raízes e os Frutos . palavra desenho obra (1937-2001) é um projeto editorial que cumpre um desígnio do próprio Fernando Távora e que conta com o suporte da sua Família. Está a ser publicado pela Fundação Marques da Silva, em parceria com a Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto e a U.Porto Press, sendo que este segundo título contou também com o apoio à edição da Câmara Municipal do Porto. Nestes primeiros livros, vão-se desvelando as raizes de que Távora é fruto: a família, as casas, as paisagens, a linhagem, a ideologia monárquica, as causas em que se envolveu, os projetos não cumpridos (como a proposta de uma história da arte que ao seu tempo seria inovadora), a paixão por Pessoa e a forma como começa a anunciar o que virá a ser a transição para o moderno. Sem omitir hesitações, questionamentos, cruzando e fixando documentos, estes livros, também enquanto construção de um objeto, vão tentando encontrar futuro num passado, mostrando que podem ser novas hipóteses de trabalho e ter modos diferenciados de leitura. Caberá agora ao tempo, e com a continuidade do projeto, validar os sentidos que nele se prenunciam.
FERNANDO TÁVORA EM COUROS
Homenagem no primeiro aniversário da ampliação da zona classificada como Património Mundial da UNESCO em Guimarães 19 a 30 de setembro, Guimarães
Fernando Távora teve uma forte ligação pessoal e profissional à cidade de Guimarães (14 obras realizadas e 7 projetos não construídos) e foi preponderante para o processo de recuperação do Centro Histórico, que viria a ser classificado em 2001. Esta iniciativa do Município de Guimarães, de homenagem este arquiteto e de celebração do primeiro aniversário da ampliação da zona classificada como Património Mundial da UNESCO, proporcionou, a quem se deslocasse pela cidade e passasse pelo Largo Cónego José Maria Gomes (1983-85), Praça de São Tiago (1985-90), Largo da Misericórdia (1992-94) e Largo Condessa do Juncal (1992-95), a visualização, no espaço público de imagens provenientes dos processos de projeto para estas praças e largos desenvolvidos por Fernando Távora. O programa, que teve início a 19 de setembro, incluiu o lançamento de um livro-síntese da candidatura do Centro Histórico de Guimarães e Zona de Couros a Património Mundial, assim como um espetáculo comunitário, “O património são as pessoas”, e uma exibição digital, “Na pele de Guimarães”, junto a um conjunto de tanques de curtimenta.
FERNANDO TÁVORA. MAESTRO DI MAESTRI
Colóquio organizado por Stefano Perego e Valerio Volve, pelo Politécnico de Milão e com a Ordem dos Arquitetos de Monza 20 de setembro, Monza (Itália)
Mais um dos momentos de estudo e partilha de olhares sobre Fernando Távora que levou a Monza Antonio Esposito, Giovanni Leoni, Carlotta Torricelli, António Carvalho, Roberto Cremascoli, e os organizadores.
TRANSFORMAÇÃO E PERMANÊNCIA NA HABITAÇÃO PORTUENSE
Lançamento da 3.ª edição deste livro de Francisco Barata Fernandes, lançado pela FAUP com o apoio da Fundação Marques da Silva, apresentado por Remo Dorigati, Gisela Lameira e Mariana Sá 24 de outubro, FAUP (Porto)
A reedição deste livro, que contempla a publicação do trabalho de investigação desenvolvido por Francisco Barata Fernandes para obtenção do grau de doutoramento, defendido em 1996 (e vai já na sua 3.ª edição), inclui agora, além do prefácio de Daniele Vitale, um novo prefácio da autoria de Remo Dorigati. Este gesto editorial contou com o apoio da Fundação Marques da Silva, instituição onde o arquiteto Francisco Barata, desde a primeira hora, foi membro do Conselho Geral e à qual foi doado o seu acervo profissional.
SIZA, CÂMARA BARROCA
Exposição, Seminário e Concerto, projeto de José Miguel Rodrigues e Joana Couceiro e curadoria-adjunta para a exposição de Constança Pupo 12 de setembro a 31 de dezembro, Museu Nacional Soares dos Reis (Porto)
A exposição resultou do projeto “Siza Barroco” – classificado em primeiro lugar no concurso lançado em 2021 pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, para projetos de IC&DT no âmbito da Arquitetura de Álvaro Siza – e encerrou a investigação desenvolvida ao longo dos últimos 3 anos no Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (CEAU/FAUP). As 18 obras de Álvaro Siza selecionadas mostraram a afinidade que, desde cedo, as composições do autor estabelecem com a “Ideia de Barroco”, incidindo em trabalhos iniciados nas décadas de 70 e 80, segundo os investigadores, as mais barrocas ideologicamente. No contexto desta exposição foi ainda realizado um Colóquio “Betão, Branco, Dourado”, a 7 de dezembro, com a participação, num dos painéis, de Luís Martinho Urbano, vice-presidente da Fundação, e um Concerto, a 14 de dezembro, na Igreja dos Clérigos, com música de Eurico Carrapatoso, “Magnificat em Talha Dourada”. E AINDA OS PRÉMIOS DE ARQUITECTURA…
1. PRÉMIO FERNANDO TÁVORA
Abril-Outubro de 2024, Sede da OASRN / Salão nobre da CMM – com a Fundação Marques da Silva como instituição parceira
O Prémio Fernando Távora, uma iniciativa da OASRN, tem como instituições parceiras a Fundação Marques da Silva (representada pela Arq.ta Andrea Soutinho), a Câmara Municipal de Matosinhos e a Casa da Arquitectura, e conta com o patrocínio da Ageas Seguros. Em 2024 aconteceram vários momentos deste Prémio:
• 8 de abril (OASRN)| Lançamento da 20.ª edição e conferência de Inês Vieira Rodrigues, vencedora da 18.ª edição;
• 7 de outubro (Salão Nobre da CMM): anúncio do vencedor da 20.ª edição (Gabriel Weber) e conferência de Mónica Baldaque
COM APOIO À DIVULGAÇÃO DO…
2.
PRÉMIO MUNICIPAL DE ARQUITECTURA JOÃO ÁLVARO ROCHA*
Fevereiro-outubro, Fórum da Maia
Este Prémio é promovido pela Câmara Municipal da Maia e organizado pela APJAR – Associação Pró-Arquitectura João Álvaro Rocha, destinando-se à valorização, reconhecimento e promoção de Edificações e Espaços Públicos localizados no Município da Maia. A 14 de fevereiro decorreu o programa de encerramento da 1.ª edição, de onde saiu vencedora a obra ISMAI, um projeto da autoria dos arquitetos José Carlos Loureiro, Luís Pinheiro Loureiro e José Manuel Loureiro. Do programa, como anunciado, fizeram parte um vídeo, uma conferência e uma conversa para (vi)ver a arquitetura. A Fundação Marques da Silva foi apoiando a divulgação das várias ações decorridas no âmbito deste Prémio.
3. PRÉMIO MGD, DST – ORDEM DOS ARQUITECTOS, 1.ª OBRA*
29 de outubro, Campus DST Group (Braga)
Este Prémio, que visa homenagear Manuel Graça Dias e “reconhecer e celebrar a qualidade da arquitectura produzida por arquitectos com formação recente”, foi lançado pela Ordem dos Arquitectos em outubro de 2022 e, desde o início, contou com o apoio institucional da Fundação Marques da Silva. A 29 de outubro foi lançada a 2.ª edição, com apresentação do arq.to Eduardo Souto de Moura, numa sessão onde também tomaram parte Avelino Oliveira, José Teixeira e Egas José Vieira.
Títulos/descritivo sumário Exposições Encontros / Conferências Outros
1 Todos os tempos se cruzarão Sala da Cidade (Coimbra) 1
2 Coleção Cooperativa Árvore Espaço Miguel Torga (S. Martinho da Anta)
3 Atlas do Pensamento (Madeira)
4 Távora 100 / Fernando Távora. Pensamento Livre (Porto, Guimarães, Coimbra, Lisboa) / Távora no Tempo #2 (Coimbra) / Fernando Távora: Il maestro della Scuola di Porto (Roma) / Fernando Távora em Guimarães (Guimarães) / Fernando Távora, o desenho e o desígnio (Guimarães) / Távora: Desenho de Viagem (Gondomar)
5 Paisagens Construídas (Serralves, Porto)
Lançamento de livro (Porto: FAUP; Feira do Livro; Guimarães) 2 Seminários científico (Coimbra; Guimarães) 1 núcleo temático (Coimbra)recolocação da estátua Portoatribuição do nome de Fernando Tavora a uma rua1 Visita guiada à exposição em Lisboa
de livro
6 Inovação Fora de Portas – Engenharia Civil à Mostra 2 cadernos de obra 3 Conversas/vídeos/ visitas guiadas
7 Manuel Botelho: bra e projecto 1980-2008 (SNBA, Lisboa)
Apresentação de livro
8 O Problema da Habitação: olhar para os Bairros SAAL/Lisboa Lisboa 2 (1 conferência / 1 conversa) 4 Visitas guiadas
9 Fernando Távora: Diario di Bordo Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa)
10 Operações SAAL/Lisboa Bairro Fonsecas e Calçada (Lisboa)
11 Fernando Távora . As Raízes e os Frutos . palavra desenho obra (1937-2001) FAUP (Porto)
12 L´albo che aspettava (Roma)
13 Direitos, Liberdades e Garantias FBAUP (Porto)
14 Fernando Távora em Couros (Guimarães)
15 Fernando Távora, Maestro di Maestri (Monza)
Apresentação de livro
de livro
Lançamento de livro(s)
16 Hestnes Ferreira: Forma | Matéria | Luz
CCB (Lisboa)
17 Transformação e Permanência na Habitação Portuense FAUP (Porto)
18
O que faz falta: 50 anos de arquitetura portuguesa em democracia Casa da Arquitectura (Matosinhos)
19 Siza, Câmara Barroca MNSR (Porto)
E ainda…
de livro (em ’25)
de livro
Visitas guiadas
Programa paralelo diversificado e que incluirá catálogo a lançar em 2025
20 Prémio Fernando Távora Porto 2 (encontros/ conferências)
21 Prémio Municipal de Arquitectura João Álvaro Rocha Maia 1 (sessão de encerramento da 1.ª edição)
22 Prémio MGD, dst – Ordem dos Arquitectos Lisboa (Braga) 1 (anúncio de vencedor)
3. ATIVIDADE EDITORIAL
A atividade editorial da Fundação permanece fiel às suas três linhas de ação: a publicação (livros impressos, em formato digital e merchandising); o apoio (projetos em parceria com ou de outras editoras); a distribuição e venda (dos seus próprios títulos e de títulos em consignação). Enquanto instrumento privilegiado de valorização do património documental e reflexo de uma abertura e incentivo à prática da investigação, a Fundação Marques da Silva tem, desde a sua fundação, vindo a construir uma linha própria de publicações. Trata-se de fixar estádios de pesquisa sobre as temáticas estruturantes no contexto da instituição – arquitetura, cidade e território – e de contribuir para a construção e democratização do conhecimento. Mas tem, paralelamente, mantido o apoio a projetos editoriais de outros proponentes – individuais ou de outras entidades – sempre que a relevância temática e qualidade do projeto se encontre em sintonia com o universo desta Fundação, seja porque decorrem investigações sustentadas por consulta das bases documentais da Fundação ou porque se enquadram nos domínios de ação da instituição.
2024 foi, de novo, um ano particularmente produtivo em termos editoriais, com lançamento de livros produzidos no ano anterior e que agora tiveram a possibilidade de ser publicamente apresentados, e com novos livros em produção, parte lançados ainda este ano, parte com lançamentos previstos para 2025. Falamos de 19 livros impressos (6 + 13), 3 títulos em formato digital e 4 em preparação, numa lista não exaustiva.
É sempre de sublinhar, como já aqui foi referido, que muitos destes projetos se tornam possíveis graças ao estabelecimento de parcerias. Assim foi em 2024, com livros em que a Fundação esteve fortemente envolvida e que passaram pela ação das Edições Afrontamento, Circo de Ideias, U.Porto Press, Letteraventidue, 24 Ore, Amag, Dafne Editora. Em termos digitais, em 2024, o título que a Fundação Marques da Silva acrescentou à sua lista de publicações em formato digital foi o de um Glossário de termos de construção caídos em desuso, da autoria do Arquiteto António Menéres. Esta foi uma iniciativa cuja divulgação pública teve como móbil sinalizar o seu aniversário. A Fundação colaborou também no Catálogo Raisonné de Aurélia de Souza, ebook lançado este ano pelo Museu Nacional Soares dos Reis, e foi fundamental no contexto da publicação do n.º 5 do projeto editorial Reserva Tecnológica: pure print archeology, um e-book que congrega a investigação e registo das ações desenvolvidas no contexto do Atelier NOMADE: litografia in situ
O esforço editorial tem sido acompanhado pela necessidade de garantir a difusão destes livros (37 títulos impressos; 27 títulos em formato digital; 9 itens de merchandising) e produtos a um público o mais abrangente possível. As edições da Fundação Marques da Silva podem ser adquiridas presencialmente na sede da instituição ou através da loja online, onde também se encontram 19 outros títulos em consignação. Fora de portas, nos circuitos comerciais, a Fundação Marques da Silva tem 36 artigos (entre livros e merchandising) distribuídos em regime de consignação por 24 pontos de venda.
Sempre que possível, a Fundação Marques da Silva continuou a participar em ações promocionais e/ou de divulgação editorial, bem como a incentivar a criação de laços de cooperação com outras entidades, de forma a promover canais de comunicação e difusão das suas publicações. Sinal desta dinâmica são as 13 sessões de lançamentos de livros em que esteve implicada, assim como a presença nas Feiras do Livro: em Lisboa (de 29 de maio a 15 de junho), no Parque Eduardo VII, no Pavilhão da Blau e das Edições Afrontamento; e no Porto (de 22 de agosto a 7 de setembro) nos jardins do Palácio de Cristal, no Pavilhão da U. Porto Press e das Edições Afrontamento.
3.1. PUBLICAÇÕES
LIVROS
LANÇADOS EM 2024, COM CHANCELA FIMS
• 27 DE FEVEREIRO, NA FUNDAÇÃO MARQUES DA SILVA | Raul Leal: Leitor de Fernando Pessoa, Leitor de Si Mesmo ou a Criação do Futuro. Com coordenação científica de Celeste Natário, edição literária de Rui Lopo e colaboração na transcrição de Renato Epifânio, esta foi a primeira publicação a dar conta de uma investigação mais ampla sobre o autor, que decorre no âmbito de uma parceria estabelecida entre o Instituto de Filosofia da Universidade do Porto e a Fundação Marques da Silva, local de acolhimento da valiosa coleção “modernista” reunida pelo arquiteto Fernando Távora. O livro integra a Coleção Transversal, da U.Porto Press.
• 25 DE JANEIRO, FAUP | Fernando Távora. Pensamento Livre, catálogo da exposição homónima e iniciativa central do programa de celebração do nascimento do arquiteto Fernando Távora. Amplamente ilustrado, este livro não só contempla um amplo registo documental sobre as obras expostas e uma cronologia biográfica atualizada, como nele se publicam textos de 16 autores: 3 textos introdutórios de Fátima Vieira, Alexandre Alves Costa e Jorge Figueira; textos dos jovens arquitetos convidados a apresentar a sua visão crítica das obras expostas, um por cada uma das 7 obras, Pedro Levi Bismarck, Carlos Machado e Moura, Pedro Baía, Eliana Sousa Santos, Bruno Gil, Beatriz Serrazina e Joana Restivo; 5 textos dos curadores de cada um dos núcleos temáticos propostos, Ana Tostões, Sergio Fernandez, Domingos Tavares, Celeste Natário e Manuel Correia Fernandes; e um texto de Diogo Alcoforado, uma reflexão sobre o vocábulo “moderno” e sobre a sua leitura quando aplicado a Távora. O livro, foi publicado pela Fundação Marques da Silva no contexto do programa Távora 100. A muito concorrida sessão de lançamento, na Faculdade de Arquitectura, teve como oradores convidados Alexandre Alves Costa, Eduardo Souto de Moura e Álvaro Siza.
• 4 DE JUNHO, FAUP | As Raízes e os Frutos . palavra desenho obra, projeto editorial com investigação, organização e notas de Manuel Mendes, «acontece, vem acontecendo, aventurando na diversidade e na unidade dessas pautas cuidadoras da memória que se tornaram arquivo sem roteiro», assim começando a dar acesso a «essa ‘arca’ de interior» que se encontrava reservada, numa «(re)aproximação a um tempo, a um espaço, a um horizonte», para dar lugar e voz a Fernando Távora. Publicado que foi o tomo I.I, em 2020, ficando agora disponíveis mais dois livros que, com ele, completam a primeira parte do tomo I.II: O meu caso Arquitectura, imperativo ético do ser 1937-1947 – e D’Os meus livros, um seu anexo. Este projeto, como foi assinalado, é o cumprimento de um desígnio de Fernando Távora.
• 25 DE JANEIRO DE 2025, MAC/CCB | Hestnes Ferreira: Forma, Matéria, Luz. Trata-se do catálogo da exposição homónima, com curadoria de Alexandra Saraiva, Patrícia Bento d’Almeida e Paulo Tormenta Pinto, e que será lançado pela Fundação Marques da Silva no contexto da nova apresentação desta exposição no CCB (lançamento a 25 de janeiro no MAC/CCB).
• 12 DE FEVEREIRO DE 2025, FUNDAÇÃO MARQUES DA SILVA | Argumentos 2: em convergência, de Alexandre Alves Costa. Com este segundo volume, conclui-se o díptico “Argumentos”, onde o seu autor reúne muito do que tem vindo a escrever ao longo de mais de cinco décadas. Para este segundo livro selecionou textos mais recentes e alguns inéditos. Inseriu outras vozes, por vezes reais, por vezes ficcionadas, e centrou ainda o seu olhar numa aproximação à análise crítica e ao exercício disciplinar da Arquitetura, abrindo lugar para “uma experiência de comunicação de projetos não construídos”. José Manuel Pureza e Pedro Levi Bismarck foram desafiados a fazer a sua apresentação. Trata-se de um projeto desenvolvido em parceria com a U.Porto Press.
• 22 DE FEVEREIRO, SNBA, LISBOA | Manuel Botelho: Obra e Projeto 1980-2008, uma monografia inédita do arquiteto Manuel Botelho, publicada pela Circo de Ideias, que reúne uma seleção de 27 obras e projetos, bem como um conjunto de ensaios originais de Carlos Machado, José Manuel Soares, Jorge Reis, Victor Mestre e Bruno Baldaia; o livro foi lançado na Fundação Marques da Silva a 6 de maio, durante a sessão de encerramento da exposição Cartografia Manuel Botelho, mas este foi o momento de o apresentar na capital.
• 13 DE MARÇO, FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN | Fernando Távora: Diario di Bordo. Este foi o momento do lançamento nacional deste projeto da Universidade de Bolonha Alma Mater Studiorum, concretizado pela editora Letteraventidue, a partir do trabalho de tradução e investigação de Antonio Esposito, Giovanni Leoni e Raffaella Maddaluno do Diário da viagem de Fernando Távora aos Estados Unidos da América em 1960. Esta publicação, que contou com o apoio da Fundação Marques da Silva e da família de Fernando Távora, inclui, para além da versão italiana do diário, textos de enquadramento à viagem, ao diário e a Fernando Távora, da autoria de cada um dos editores, assim como a reprodução dos dois blocos de desenhos que acompanham e complementam o registo escrito original. O livro foi inicialmente lançado em novembro de 2022, em Cesena, no contexto da exposição “I Viaggi di Fernando Távora”, organizada em parceria com a Fundação Marques da Silva, e desde então tem vindo a percorrer um périplo de cidades italianas, chegando agora a Portugal. Na sua apresentação estiveram, para além dos editores, Alexandre Alves Costa, Ana Tostões, José António Bandeirinha, José Manuel Fernandes, Luís Martinho Urbano, Madalena Moreira da Silva e Miguel Magalhães.
• 20 DE ABRIL, A NACIONAL | Intervenção no edifício da Nacional, SBO. Trata-se do n.º 34 da coleção Sebentas de Obra, sobre os ciclos de obra ate à construção dos projetos visados. Aqui se aborda o projeto de reabilitação desta obra de Marques da Silva, desenvolvida entre 2021 e 2024 por Cristina Guedes e Francisco Vieira de Campos. Este projeto editorial tem direção e coordenação editorial de Bárbara Rangel. Os textos são de Cristina Guedes, Gabriella Casella e António Adão da Fonseca.
• 30 DE ABRIL, BAIRRO FONSECAS E CALÇADA, LISBOA | Operações SAAL /Lisboa. Trata-se do 5.º volume da coleção Cidade Participada: Arquitectura e Democracia. Operações SAAL, dedicado ao processo SAAL em Lisboa. Este novo livro, coordenado por Ricardo Santos e Ana Drago, constituiu também mais um momento de celebração dos 50 anos da Revolução que tornou possível, ainda em 74, a criação do SAAL, o Serviço de Apoio Ambulatório Local, “o mais ambicioso processo político de «fazer» o direito à cidade na história da democracia portuguesa.”
• 23 DE MAIO, FUNDAÇÃO MARQUES DA SILVA | Germano de Castro: um arquitecto do seu tempo. Trata-se de um livro de Germano de Castro Pinheiro, publicado pela editora Circo de Ideias e que contou com o apoio da Fundação Marques da Silva. Aqui se reúne pela primeira vez um conjunto de 20 obras e projetos que documentam o percurso do arquiteto Germano de Castro, de mais de seis décadas, através de desenhos, esquissos, fotografias e textos. O livro apresenta ainda um prefácio de Ana Tostões e ensaios de Germano de Castro Pinheiro e Luís Soares Carneiro.
• JUNHO, ITÁLIA | Big Book of Architecture, com curadoria de Giovanni Leone. Publicado pela editora 24 Ore, o livro retoma a estrutura e o conceito do BBD de Andrea Branzi dedicado ao design. Trata-se de uma história essencial da arquitetura do século XX e do início do milénio através de 20 grandes autores, organizada em 4 grandes seções: os mestres do Movimento Moderno (Le Corbusier, Wright, van der Rohe, Gropius e Aalto), os grandes intérpretes de sua superação (Kahn, Tange, Távora, Coderch e Aldo Rossi), a reinterpretação das tarefas da arquitetura por profissionais cultos (Foster, Piano, Gregotti, Ando e Moneo), e os protagonistas da geração nascida no pós-guerra (Koolhaas, Hadid, Souto de Moura, Kuma e Chipperfield).
• 15 DE JUNHO, TIME OUT MARKET | Estação de São Bento / Aa Sul | Time Out Market, SBO. Trata-se do n.º 36 da coleção Sebentas de Obra, sobre os ciclos de obra até à construção dos projetos visados, neste caso, com a Estação S. Bento em pano de fundo e o projeto da torre nela recentemente inaugurado, da autoria de Eduardo Souto de Moura. Este projeto tem direção e coordenação editorial de Bárbara Rangel. O texto é de Souto de Moura.
• 14 AGOSTO, EDIÇÃO EM FORMATO DIGITAL | “1923-2023 Fernando Távora at 100”, Histories of Postwar Architecture (HPA). Com coordenação editorial de José António Bandeirinha, Antonio Esposito e Giovanni Leoni, com Giovanni Bellucci, este n.º 11 da Histories of Postwar Architecture (HPA), “1923-2023 Fernando Távora at 100”, é uma edição especial da revista científica do Departamento de Arquitetura da Universidade de Bolonha que surge no contexto da celebração do centenário do nascimento do Arquiteto Fernando Távora e que contou com o apoio da Fundação Marques da Silva. É uma revista profusamente ilustrada onde se reúnem os contributos de mais de duas dezenas de autores, textos escritos a vários tempos e a partir de perspetivas distintas sobre uma figura e uma obra indispensáveis para compreendermos a evolução da Arquitectura Portuguesa a partir da segunda metade do séc. XX.
• 25 DE AGOSTO, FEIRA DO LIVRO DO PORTO | A Urgência da Cidade: O Porto e 100 anos de Fernando Távora, catálogo da exposição homónima, uma iniciativa do Museu e Bibliotecas do Porto. Neste livro, estruturado em seis capítulos, testemunhos de familiares, amigos e especialistas da área somam-se à documentação da exposição e programa comemorativo do centenário de Fernando Távora. Na sessão de apresentação estiveram presentes Jorge Sobrado, Manuel Real e João Paulo Rapagão.
• 6 DE SETEMBRO, FEIRA DO LIVRO DO PORTO | Macau. Arquitectura e mutações no tecido urbano: uma antologia de Tiago Saldanha Quadros, mais uma edição da Circo de Ideias, é uma antologia sobre as mais significativas transformações verificadas no tecido urbano de Macau, num estudo que aborda vários planos temáticos, de 1911 até ao tempo presente, O lançamento foi assinalado com uma conversa entre o autor, Jorge Figueira e Pedro Baía.
• 30 DE NOVEMBRO, FUNDAÇÃO MARQUES DA SILVA | Livro de Obra: o edifício d’A Nacional nos Aliados, da Dafne Editora. Trata-se de um projeto editorial coletivo sobre o edifício para a sede da Nacional, uma obra de Marques da Silva recentemente reabilitada pelo atelier Menos é Mais. A publicação foi construída a partir da documentação fotográfica de Francisco Ascensão, que acompanhou os trabalhos de transformação do edifício original através do projeto dos arquitectos Cristina Guedes e Francisco Vieira de Campos (2021-2024). Integrando a coleção Equações de Arquitectura, o livro reproduz um texto histórico do professor António Cardoso (1932-2021), ao qual foram agregados textos de André Tavares, e tem design de João Faria. A sessão de apresentação, para além dos autores, contou com a presença de Fátima Vieira, Presidente da Fundação Marques da Silva.
• Casa de Serralves, lançado pela Monade, em novembro, entre outros.
IMPRESSOS, MAS A AGUARDAR LANÇAMENTO
• Paolo Zermani: Arquiteturas Italianas, é a passagem a texto escrito da edição 2022 das Conferências Arquiteto Marques da Silva. É também o primeiro ensaio de Paolo Zermani publicado em língua portuguesa (trad. de Francesco Cancelliere). Neste livro, o autor apresenta-nos o fundamento teórico subjacente à sua forma de pensar e fazer arquitetura, a sua perspetiva de aproximação e apropriação de um território onde a História se faz presente: o de Itália. Reconhecendo os valores de transmissibilidade de um legado que não pode nem quer ignorar, e que considera ser um paradigma da arquitetura ocidental, a sua obra traduz um exercício de consciente compromisso entre o (re)conhecimento e o projeto, entre a paisagem que se apresenta como matéria de projeto e o sentido da renovação a imprimir-lhe. É esta uma atitude plasmada nos 10 projetos selecionados para este livro, obras modeladas por conceitos como lugar, tempo, terra, luz e silêncio, que se ancoram e passam a integrar a realidade matérica do território para os quais foram pensados: Sansepolcro, Monterchi, Perugia, Roma, Novara, Parma, Mântua, Varano dei Marchesi e Florença.
• A publicação In Class With Távora Teaching and Learning (Living) Today, com assinatura de autoria/organização de Barbara Bogoni e João Mendes Ribeiro, convida-nos a revisitar o legado de Fernando Távora. É este o sexto volume da coleção Pocket Books/Livros de Bolso da editora Amag, onde se inclui, para além dos ensaios destes arquitetos, a tradução para inglês de dois textos seminais de Távora – “O problema da casa portuguesa” e “Da organização do espaço” –, bem como um conjunto de outros testemunhos assinados por Álvaro Siza, Eduardo Souto de Moura, Rui Lobo e Rafael Sousa Santos/Francesco Cancelliere. Este novo volume, que conta com o apoio da Fundação Marques da Silva, pretende acrescentar às muitas publicações – antologias, ensaios analíticos e críticos, artigos de revistas e monografias, exposições, conferências e palestras que têm vindo a ser produzidos ao longo dos anos, a maioria deles em Portugal e em português, a par das traduções recentemente lançadas em espanhol e italiano, um novo canal de aproximação e de divulgação em língua inglesa ao mundo tavoriano.
• Teoria e Desenho da Arquitectura em Portugal, 1956-1974: Nuno Portas e Pedro Vieira de Almeida, de Tiago Lopes Dias, livro a publicar pela Fundação Marques da Silva em parceria com as Edições Afrontamento. Este título representa a passagem a livro da tese de doutoramento do autor, apresentada na Universidat Politècnica de Catalalunya, em 2017. O trabalho de investigação que lhe esteve na base partiu de partiu de uma hipótese que pretende questionar as leituras canónicas da arquitetura portuguesa como prática essencialmente empírica e intuitiva, mas não independente de uma estruturação teórica que conheceu um desenvolvimento ímpar nos anos 1960. Em 2024 foi concluída a sua paginação, devendo o livro ser impresso e lançado em 2025.
• No âmbito do projeto Giorgio Grassi Opera omnia sic, que tem em vista traduzir para português toda a obra escrita de Giorgio Grassi, com coordenação científica, tradução e notas de José Miguel Rodrigues, estão em preparação mais dois volumes: #1 A construção lógica da arquitectura e #2 A arquitectura como ofício, seguido de Heinrich Tessenow, Observações Elementares sobre o Construir. Esta coleção é coeditada pela Fundação Marques da Silva e as Edições Afrontamento.
• Tradução para a língua francesa do texto de Fernando Távora Da Organização do Espaço com tradução de François Dufaux, projeto a desenvolver pela editora Parenthèse com o apoio da Fundação Marques da Silva e da família de Fernando Távora.
• O terceiro volume da coleção A Escrita do Porto, um projeto da autoria de Eduardo Fernandes, a publicar pela Fundação Marques da Silva em parceria com as Edições Afrontamento.
QUADRO SÍNTESE
EXISTÊNCIAS
Edições Impressas -37-
Edições Digitais -27-
1 7 chancela IMS (2 títulos esgotados) 4 mapas de arquitetura (2 reeditados, 1 novo título) 6
Conferências
2 8
Merchandising -9-
Litografias IMS (1 esgotada) 1
Arquiteto José Marques da Silva (1 título esgotado) 2catálogos 2 cadernos de notas (1 reeditado) 2
3 4 Monografias José Marques da Silva 5centenário da Avenida1puzzle1
Traduções F.T. -5-
Espanhol (Da Organização do Espaço)
Italiano (Da Organização do Espaço) + (Diario)
Inglês (Da Organização do Espaço)
Edições Impressas -37-
4 3
Edições Digitais -27-
Fernando Távora: ‘minha casa’ (1 reeditado) 10 textos de conferências/ comunicações 2
Merchandising -9-
Traduções F.T. -5-
Cadernos de viagem Fernando Távora 1 Inglês (O problema da Casa Portuguesa)
5 3 Giorgio Grassi, opera omnia sic 3textos soltos 4 Cadernos um desenho, uma cor
6 3As raízes e os Frutos1 Roteiro de viagem
7 2A escrita do Porto1tese
8 5 Trabalhos académicos/ livros de arquitetura 1
9 2 Argumentos #1 e #2 1
10 1Outros
11 1Catálogo Távora
12 1Raúl Leal
13 2Novo/Antigo
14 1 Hestnes Ferreira: Forma, Matéria, Luz
Em preparação
Edições Impressas -7-
Testemunho de Susana Cardoso sobre o seu pai, António Cardoso
Glossário de termos de arquitetura caídos em desuso
Edições DigitaisMerchandisingTraduções -2-
1 2 Giorgio Grassi, opera omnia sic 1 Francês (Da Organização do Espaço)
2 1 Nuno Portas e Pedro Vieira de Almeida, de Tiago Lopes Dias
3 1 A escrita do Porto (3.º volume da coleção)
Edições Impressas -13-
11 Manuel Botelho: Obra e Projeto 1980-2008
21 Paisagens Construídas
31 Germano de Castro: um arquitecto do seu tempo
42
Intervenção no Edifício da Nacional e Estação S. Bento. Ala Sul | Time Out Market
51 Operações SAAL /Lisboa
61 Fernando Távora. Diario di Bordo
Editoras
Circo de Ideias
Edição de autor
Circo de Ideias
SBO #34 e #36
Tinta da China
Letteraventidue / Universidade de Bolonha
71 Big Book of Architecture 24 Ore
81 “1923-2023 Fernando Távora at 100”
Histories of Postwar Architecture (HPA)
91 A Urgência da Cidade: O Porto e 100 anos de Fernando Távora Museu e Bibliotecas do Porto
101 Macau. Arquitectura e mutações no tecido urbano: uma antologia
111 Livro de Obra: o edifício d’A Nacional nos Aliados
Circo de Ideias
Dafne Editora
121 Casa de Serralves Monade
Edições Digitais -2-
1 Reserva Tecnológica n.º 5 / Pure Print Archeology: Atelier NOMADE: litografia in situ
Editoras
FBAUP, i2ADS
2 Aurélia de Souza, Catálogo Raisonné MNSR
3.2. DISTRIBUIÇÃO COMERCIAL E AÇÕES PROMOCIONAIS
A Fundação Marques da Silva continuou, ao longo de 2024, a garantir a circulação das suas edições através de uma rede que conta com 24 pontos de distribuição (14 no Grande Porto, 9 noutros locais e 1 em livrarias virtuais), para além da própria Fundação, com um ponto de venda físico e uma loja online. No total, a Fundação Marques da Silva mantém 36 itens em consignação (entre livros e merchandising), traduzidos em 613 exemplares distribuídos pelos seguintes pontos de venda:
QUADRO SÍNTESE
Ref.ª Porto (cidade/distrito) Lisboa Outros locaisLivrarias Virtuais
Títulos/ exist. Pontos de venda Títulos/ exist. Pontos de venda Títulos/ exist. Pontos de venda Títulos/ exist. Pontos de venda
4 10 / 12I2ADS1 /12 Assembleia da República 3 /10 Museu Ferroviário (Entroncamento)
5 16 /40 Circo de Ideias 1 /6Bruaá Editora
6 1 /9 DGLAB ADP
7 22 /36Loja UP
8 11 /22ACA
9 6 /11 Museu do Carro Elétrico
10 2 /79 U.Porto Press
11 15 /29OASRN
12 11 /19Unicepe
13 3 /15 Helda Mendes
14 22 /24 Livraria Juvenil
RELATÓRIO DE ATIVIDADES E GESTÃO
Na Loja da Fundação Marques da Silva, para além dos títulos, cadernos de notas, cartazes e puzzle com chancela da instituição, disponibiliza, em regime de consignação, 21 outros títulos sobre temas ligados a arquitetos ou à arquitetura portuguesa, dos seguintes autores/editoras:
J. Carlos Loureiro (1); Ana Cotter (1); editora Dafne (5); livraria A+A (5); Edições Afrontamento (1); da editora “a.mag” (1); AMDJAC – A Mochila do João, Associação Cultural (1); Tchoban Foundation (1); Circo de Ideias (2); Pierrot Le Fou (3).
Apesar das evidentes limitações (uma loja presencial apenas aberta ao público durante o tempo de abertura de projetos expositivos), não deixa de ser significativo que, ao longo de 2024 tenham sido vendidos 525 títulos pela Fundação (83%) e 108 títulos em consignação (17%) – um total de 633 títulos vendidos, o que representa um crescimento de mais 79 % face a 2023.
4. ATRAVÉS DO MUNDO DIGITAL: PRODUZIR, NOTICIAR, PARTILHAR
O desenho de estratégias e a criação de condições para dar a conhecer ao maior número de pessoas, e não apenas aos investigadores ou público especializado no domínio da Arquitetura, o trabalho desenvolvido nas várias frentes desta Fundação implica divulgar e informar com a maior eficácia possível, otimizando-se os poucos meios que temos à disposição. Isto pressupõe que a informação divulgada seja passível de sensibilizar para a relevância das temáticas e ações que se vão abordando ou desenvolvendo, e que seja feito um esforço consciente de harmonização dos vários suportes informativos que a instituição consegue gerir, mantendo em mente que os canais digitais, num mundo cada vez mais acessível e global, adquirem aqui uma particular relevância.
O eixo central da informação veiculada pela instituição, como antecipado, sustenta-se nos projetos que a instituição vai desenvolvendo, na riqueza dos acervos da instituição e na singularidade dos espaços onde se encontra sedeada, mas este ano de 2024 implicou um esforço de cruzamento e diálogo com muitas outras instituições, já que maioritariamente, as atividades com visibilidade pública passaram por outros locais. Contudo, numa instituição onde cuidar a memória é uma ideia basilar sempre que possível veiculámos não só a noticia da realização dos eventos, mas também do seu balanço (muitas vezes acompanhados de registos fotográficos), após a sua realização. É ainda uma prática continuada da instituição a produção de novos conteúdos, sempre difundidos através das várias plataformas digitais: Site, Facebook, Instagram, Twitter, Youtube e Vímeo. As Newsletters, além de destacarem momentos específicos da programação interna, são outro canal importante de divulgação, muitas vezes complementado pelo envio de emails direcionados para a divulgação e/ou convites de iniciativas específicas. Este ano, o seu número foi substancialmente reduzido, dado que foi necessário preparar a transição para a plataforma MAUTIC, gerida pela Universidade do Porto, e redesenhar a sua matriz. A situação foi, no entanto, já regularizada, o que possibilitou o regresso a uma periodicidade mensal.
À imagem dos anos anteriores, manteve-se, em 2024, na Fundação Marques da Silva, a prática de se sinalizar, além das atividades programadas ou nas quais se encontra envolvida a Fundação, algumas efemérides, como o Dia Mundial da Poesia, do Livro e da Fotografia. E tornou-se já tradicional a referência a festividades, em particular às datas de nascimento dos arquitetos representados na instituição através da divulgação de documentos e/ou informação sobre os seus percursos, pessoais e/ou profissionais ( 41 ). Foi também, com imensa tristeza, assi -
nalado o desaparecimento de 3 arquitetos importantes e integrantes da Fundação – Bartolomeu Costa Cabral, Carlos Carvalho Dias e José Forjaz – assim como d a historiadora de arte Gill Stocker. E foram assinalados igualmente outros momentos com relevo, como a entrada de novos acervos (José Manuel Soares e Amândio Silva), assinaturas de protocolos de cooperação (Casa da Arquitetura) e a renovação dos órgãos sociais da instituição. Ainda que já terminados, continuam disponíveis para audição os 30 episódios do podcast Escritos Escolhidos e os 19 de Passa a Palavra, falemos de Arquitetura , um projeto desenvolvido por Paula Abrunhosa para a Fundação Marques da Silva e para a Casa Comum, com o apoio de Paulo Gusmão. Marca distintiva desta prática de difundir, promover, partilhar conhecimento e a atividade da instituição é a procura de nunca se abdicar de um sentido de rigor e de sintonia com o tempo que se vive. Por estarem em articulação com os fundos documentais da instituição discriminam-se os seguintes destaques:
ANIVERSÁRIOS DE ARQUITETOS
Foram sinalizados os aniversários de 41 arquitetos, num gesto que tem como objetivo primeiro divulgar algo sobre os seus percursos pessoais ou sobre a obra por eles desenvolvida, ao mesmo tempo que se revelam documentos ou peças constituintes dos acervos doados esse mostra a diversidade documental da instituição, num desejo muitas vezes acompanhado da vontade de suscitar o interesse pela investigação destes mesmos núcleos. Aqui se contam histórias, se procuram factos menos conhecidos ou até desconhecidos do público, num olhar transversal a todos, independentemente do seu maior ou menor reconhecimento público. Assim, ao longo dos 12 meses de 2014 foram assinalados os seguintes projetos dos “nossos” arquitectos:
• JANEIRO Anselmo Vaz (um Hotel no Funchal, desenho); Manuel Marques de Aguiar (a Casa Redonda para a Quinta da Carvalha, desenho); Domingos Pinto de Faria (projetos de habitação coletiva, desenho); Carlos Carvalho Dias (a Consultoria no Município de Monção, desenho); e David Moreira da Silva (desenho académico dos tempos de formação em Paris).
• FEVEREIRO Alexandre Alves Costa (a “arquitetura tornada presente”, fotografias do Mosteiro de Santa Maria de Seiça); António Teixeira Guerra (o sonho de ter um castelo no Crato, desenhos); e Bartolomeu Costa Cabral (a procura da humanização da arquitetura, desenhos do Bairro do Pego Longo).
• MARÇO Alfredo Matos Ferreira (arquiteto e professor, documentos escritos vários, diapositivos); Luiz Botelho Dias (as margens subversivas, desenho de edifício na r. Latino Coelho); Adalberto Dias (a recuperação da igreja de S. Francisco de Évora, desenho e fotografia); e Maurício de Vasconcellos (projetar aeroportos, fotografias de maquetas e desenhos).
• ABRIL Germano de Castro (destaque construído a partir do livro lançado este ano); Manuel Graça Dias (as exposições: Bocados, com o livro); Manuel Teles (a ponte de Calatrava para Barcelos, desenho publicado em jornal); Sergio Fernandez (o Bairro do Leal, uma aprendizagem de vivência coletiva, fotografia); e António Menéres (publicação digital do Glossário de Termos de Arquitetura Caídos em Desuso).
• MAIO José Forjaz (Memorial a Samora Machel, fotografia).
• JUNHO Luiz Alçada Baptista (a fábrica de lanifícios da Covilhã, desenho); João Queiroz (o n.º 310 da Rua 9 de julho: de João Queiroz a Cannatà & Fernandes, fotografias e desenhos); e Álvaro Siza (fotografia tirada por Alcino Soutinho a Siza no Monte Parnaso, em 1976).
• JULHO António Cardoso (um historiador entre arquitetos, catálogos da sua coleção), em julho.
• AGOSTO Octávio Lixa Filgueiras (a voz própria de Lixa Filgueiras, documentos da sua experiência de ensino); e Fernando Távora (“este papel, aquela mesa”, fragmento de uma toalha de mesa de papel com um desenho).
• SETEMBRO Maria José Marques da Silva (nas voltas do tempo, desenho da Quinta de Serralves); José da Cruz Lima (o Restaurante-Bar do Areinho, fotografia); Fernando Lanhas (a galeria do Ateneu Comercial do Porto, desenho); e Nuno Portas (em viagem, excertos de correspondência em viagem, de 1955).
• OUTUBRO José Porto (os sapatos desenhados para a De Gier, desenho e fotografia); Filipe Oliveira Dias (a Rua Miguel Bombarda, fotografias de maqueta e da rua); José Marques da Silva (a Nacional, postal enviado de Londres); e Fernão Simões de Carvalho (o CODA, entre Paris, Lisboa e Luanda, desenho).
• NOVEMBRO Alcino Soutinho (o apelo da viagem entre amigos); Rui Goes Ferreira (o Santuário do Pico do Galo, desenho); Francisco Barata Fernandes (recuperação do Castelo de Santa Maria da Feira); Francisco Granja (o desafio de desenhar o Paraíso, o Café em Tomar, desenho); e Raúl Hestnes Ferreira (a visita à Casa da Cascata, com Edgar Kaufmann Jr, em 1963, fotografia).
• DEZEMBRO José Carlos Loureiro (a Central Termoelétrica do Outeiro, desenhos e fotografias), Alfredo Leal Machado (a obra deste arquiteto em Arganil, fotografias); e Manuel Botelho (Capela do Paço Episcopal de Lamego, desenho e fotografias).
RELATÓRIO DE ATIVIDADES E GESTÃO
EFEMÉRIDES
Em 2024, foram sinalizadas as seguintes efemérides: 21 de março, o Dia Mundial da Poesia: com uma referência a um livro da coleção pessoana de Fernando Távora; a Páscoa, com um desenho de Alcino Soutinho; a 23 de abril, Dia Mundial do Livro, com um dos exemplares “Livro Branco do SAAL”, que tantos arquitetos tinham nas suas bibliotecas pessoais; e a 19 de agosto, o Dia Mundial da Fotografia, com uma fotografia de Alexandre Alves Costa do Menir de Monsaraz.
POSTAL DE NATAL
Como é já tradição, na Fundação Marques da Silva, o postal de natal é uma composição gráfica feita a partir desenhos ou documentos provenientes dos acervos do Centro de Documentação ou da autoria de arquitetos representados no seio da instituição. Este ano não foi exceção, tendo sido usado como base um desenho expressamente criado por Egas José Vieira.
Importará sublinharmos que a Fundação Marques da Silva, até ao final de 2023, registou 329.054 entradas no seu Site, num ano em que foram publicados 148 destaques, na sua grande parte com desenvolvimento em campos internos, desde logo em “Outras Iniciativas”, “Exposições” e “Visitas Guiadas”. No Facebook, Instagram e Twitter, as publicações alcançaram um número superior, com o Facebook a contabilizar 201 destaques, excluindo eventos e álbuns. Em termos de seguidores das redes sociais, contabilizam-se os seguintes números, que, em todas as plataformas, mesmo sem recurso recorrente a campanhas promocionais, revelam uma tendência de crescimento: Facebook – 8.200 / Instagram – 2.657 / Twitter – 414.
A avaliação destes resultados e o impacto destes números não pode, contudo, deixar de ser associada aos visitantes contabilizados em visitas às exposições, a um elevado número de participantes em iniciativas pontuais ou que passam por espaços externos, aqui não contabilizados, assim como pelas circunstâncias em que este trabalho se desenvolve: com recursos humanos e tecnológicos limitados e sem orçamentos significativos direcionados para este domínio.
PATRIMÓNIO EDIFICADO
A Casa-Atelier José Marques da Silva e o Palacete Lopes Martins são dois imóveis localizados na zona oriental da cidade do Porto com um reconhecido valor patrimonial material, decorrente da sua arquitetura, mas igualmente imaterial: pelo valor inerente a quem os projetou; quem neles habitou e que os habita no presente, conceito este que não só abrange a Fundação, enquanto projeto institucional; como todos os que, ao doarem os seus acervos, têm a memória dos seus percursos e obra aqui preservados; e todos aqueles que a intervencionaram recentemente para que possa responder aos desafios de uma nova funcionalidade. Estes espaços, entre lugares construídos e jardins, continuam a ser a pedra basilar para a sustentação da Fundação Marques da Siva. Porém, perante a morosidade do processo de construção do novo edifício para acolher o Centro de Documentação, projetado por Álvaro Siza para os jardins das Casas-Sede, a Fundação reorganizou e ocupou o espaço disponível nos armazéns que lhe pertenciam, situados na Rua Visconde de Setúbal, passando a funcionar com um polo fulcral para a extensão das áreas de depósito e para a realização de projetos laboratoriais e experimentais artísticos.
No seu conjunto, estes espaços são a base operacional da atividade desta Fundação, nelas se acolhendo os espaços técnicos, administrativos e públicos requisitados pela natureza de uma instituição desta natureza, isto é: áreas de depósito, áreas de limpeza e restauro, gabinetes de trabalho e de reunião, serviços de consulta, áreas expositivas e espaços com funções de auditório. A sua manutenção e a dos jardins, que também, tal como o Palacete, aguardam um projeto de requalificação, é fundamental. Há que cuidar, assegurando as melhores condições possíveis de utilização para as funções que cumprem, para quem neles trabalha, para quem os visita.
Além destes imóveis, a Fundação Marques da Silva tem sob sua gestão outros edifícios da maior relevância, seja porque sustentam financeiramente a instituição, seja porque alguns deles auferem de uma função simbólica, como é o caso dos que foram projetados por José Marques da Silva (o edifício das Quatro Estações, nas Carmelitas e o edifício da Rua Alexandre Braga, com projeto de requalificação do CEFA distinguido com o Prémio João de Almada) e por José Marques da Silva e Maria José Marques da Silva, em Barcelos (o edifício situado na Rua Barjona de Freitas). Os restantes imóveis encontram-se situados no Porto, na Rua Ferreira Borges, Comércio do Porto e na já referida Rua Visconde de Setúbal. Garantir a sua manutenção, valorização e preservação arquitetónicas, modernização e rentabilização tem, portanto, necessariamente de constituir uma preocupação essencial para a consecução deste projeto institucional. Ao longo de 2024 realizaram-se intervenções de manutenção, na sequência de pedidos emitidos por vários inquilinos, nos prédios da Rua das Carmelitas, da Rua de Ferreira Borges e da Rua de Alexandre Braga, no Porto, e no prédio da Rua de Barjona de Freitas, em Barcelos.
Tendo a Fundação Marques da Silva um acervo patrimonial edificado e documental onde se encontram representados nomes referenciais da arquitetura portuguesa – autores de obras cuja implantação define lugares e épocas, projetistas conceptual e materialmente afirmativos, construtores de espaços icónicos cuja vivência passada e presente – é com particular atenção que a instituição vai acompanhando notícias sobre os edifícios e sobre intervenções de que eles possam ser alvo, tanto por uma questão de salvaguarda, como para continuar a registar a sua linha de tempo e relevância. Em 2024, houve a possibilidade de registar vários momentos em que projetos de arquitetos representados na Fundação, por vezes mesmo, de requalificação de projetos originalmente projetados por José Marques da Silva, foram destacados pela sua qualidade. Especifique-se: logo em janeiro, a CMP recolocou a estátua “Porto” junto à Casa dos 24, sendo que se aguarda a futura requalificação deste projeto de Fernando Távora; ainda no mesmo mês, a Estação São Bento, de José Marques da Silva, voltou a ser eleita pela revista European Best Destinations uma das 10 estações de caminho de ferro mais bonitas da Europa, ocupando um honroso sétimo lugar; em abril, o Prémio AICA 2023 foi atribuído ao Atelier Menos é Mais, dos arquitetos Cristina Guedes e Francisco Vieira de Campos, pela consistência da sua obra e pela requalificação do edifício de José Marques da Silva para a Seguradora Nacional; e em maio, o Atelier 15, dos arquitetos Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez, que continua a receber distinções pela recuperação do Cinema Batalha, viu ser-lhe atribuído o Prémio SIL 2024 pela requalificação do Liceu Alexandre Herculano de José Marques da Silva.
Numa outra perspetiva, a Fundação Marques da Silva sentiu a necessidade de declarar publicamente a sua oposição à forma como a autoria do projeto para o Conservatório de Música de Aveiro foi tratada no programa Visita Guiada, transmitido a 15 de abril, na sequência da qual veio a ser posteriormente reposta a integridade do trio que o desenvolveu: José Carlos Loureiro, Noémia Coutinho e Luís Pádua Ramos.
Mas foi com regozijo que se partilhou a notícia, em dezembro de 2024, da reabertura do Mercado Municipal da Vila da Feira, obra de referência de Fernando Távora, agora reabilitada pelo Município com um cuidado e rigoroso projeto desenhado e acompanhado pelo arquiteto José Bernardo Távora, filho de Fernando Távora. Uma intervenção exemplar e de múltiplos significados em termos patrimoniais e arquitetónicos.
CONTAS
O ano de 2024 foi marcado pela manutenção de uma situação instabilidade geopolítica a nível mundial que manteve uma situação de escassez de matérias primas e a manutenção de elevadas taxas de inflação e de juro.
Ao nível da receita, verificou-se um aumento das prestações de serviços e das vendas, no valor de 19.879,72 € (um aumento de 54 % face a 2023) e das receitas com rendas de 53.319,12 € (um aumento de 16,45 % face a 2023. Este aumento das rendas só foi possível devido a uma gestão criteriosa de cada contrato de arrendamento e da sua renegociação com cada um dos inquilinos.
Houve um impacto positivo nos aumentos/reduções de justo valor devido à valorização de 20.396,46 € do fundo de investimento que mantemos na Caixa Geral de Depósitos apesar da instabilidade que continua a afetar os mercados financeiros globais.
Ao nível da despesa, prosseguiu o esforço na realização de trabalhos de higienização, conservação, restauro e digitalização dos acervos, que permitiu e irá permitir no futuro a sua disponibilização por meios digitais.
Nos fornecimentos e serviços externos manteve-se um elevado nível de despesa, devido ao aumento da capacidade de tratamento técnico dos acervos incorporados no decorrer do exercício, à manutenção do serviço de exposições e às campanhas de higienização, conservação, restauro e digitalização de documentação, para permitir a sua disponibilização por meios digitais.
O recrutamento de novos trabalhadores permitiu, no entanto, a redução dos custos com fornecimentos e serviços externos de 33.411,74 € face ao ano de
Os gastos com pessoal aumentaram 36.316,31 €, devido à contratação de novos
O resultado líquido do exercício foi superior ao de 2023 em 57.849,07 €, totalizando (-151.156,56 €), apresentando-se um resultado operacional (EBITDA) negativo
PERSPETIVAS FUTURAS E EVENTOS SUBSEQUENTES
O Conselho Diretivo considera que, apesar da instabilidade geopolítica, o princípio da continuidade é o mais apropriado na preparação das demonstrações financeiras reportadas a 31 de dezembro de 2024.
O cumprimento da missão que norteia o trabalho desta Fundação continua alicerçado no funcionamento articulado e interdependente de três eixos basilares: o Centro de Documentação, o “coração”; a Comunicação; e a Gestão Patrimonial. É da sincronização de objetivos de todas estas vertentes que se consegue cuidar do património documental, que se consegue potenciar a sua investigação e divulgação, que se consegue manter um espaço cada vez mais pleno de sentido e de história para ser o centro catalisador não só de proposição de ações, mas também de pessoas. Este nosso trabalho tem sido guiado pelo compromisso, pelo rigor, pela confiança na validade de um projeto que se continua a construir a cada dia. Sabemos que é pela consistência e seriedade com que encaramos a nossa missão, que a Fundação Marques da Silva se afirma como fiável a todos os que doaram os seus acervos, a parceiros e ao público que cada vez mais reconhece e se revê nas respostas dadas pela instituição aos desafios que tem de enfrentar. Talvez por isso, o próximo ano seja o de darmos continuidade ao caminho que tem sido percorrido, revisitando e atualizando o olhar e o percurso visionário dos nossos fundadores.
Com o financiamento alcançado para o projeto de comemoração do centenário do arquiteto José Carlos Loureiro, a possibilidade de estabelecer novos interlocutores será já uma realidade para o ano de 2025. Mas Manter-se-á, naturalmente, a necessidade de encontrarmos formas de atualizar e definir, sem perda da memória do que já foi conquistado e percorrido, instrumentos mais eficazes e atrativos num mundo cada vez mais exigente em termos de imagem e tecnologia. Um reforço de recursos humanos e tecnológicos poderia trazer um outro alcance à transmissão do muito que nesta Fundação há para comunicar, para partilhar, pois é cada vez mais um projeto de sentido coletivo, em primeiro lugar sobre a cidade e a região do Porto, mas também para o país e além das suas fronteiras, com canais internacionais progressivamente abertos e recetivos. Além disso, permanece vivo o desafio de encontrarmos meios que viabilizem a construção do novo edifício que acolherá o Centro de Documentação, onde os acervos da Fundação se poderão fisicamente reunir com os acervos do Centro de Documentação da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Temos já o novo centro desenhado pelo Arq.º Álvaro Siza; temos o projeto licenciado pela Câmara Municipal do Porto; estamos convictos de que será uma questão de tempo até conseguirmos os recursos necessários à concretização de um projeto que é vital para a cidade, para a região e para o país. Mantemos, igualmente, o desígnio de, nos próximos anos, requalificarmos o Palacete Lopes Martins e os Jardins das Casas-Sede, e ainda de reabilitarmos a moradia da Rua Visconde de Setúbal, que assim poderá ser mais eficazmente.
CONCLUSÃO
Os resultados apresentados neste Relatório refletem, por um lado, a consolidação e maturidade do projeto fundacional, e, por outro, o rumo acertado das linhas estratégicas que têm vindo a ser implementadas. Este é um quadro que, em contraponto, acentua o difícil equilíbrio entre os recursos financeiros, logísticos e humanos disponíveis face aos desafios que esta Fundação tem vindo a enfrentar. Estas duas ideias, que transitam do Relatório de 2023, mantêm toda a sua atualidade face a 2024. Como já então se afirmava, não é possível contar-se hoje a história da Arquitetura Portuguesa sem se contar com a informação preservada nesta instituição; não é já possível falar-se de Arquivos de Arquitetura nacionais sem se considerar esta Fundação, o espaço que ela ocupa e o papel que desempenha na sua preservação, estudo, valorização. Tal como referimos no anterior Relatório, esta instituição não se acomodou. 2024 foi novamente um ano de crescimento: novos acervos (mais três entradas); mais iniciativas (mais de 70); mais livros (ligada a 22 novos títulos); mais investigadores e mais público (num número que aos visitantes locais e aos seguidores virtuais se multiplica pelos públicos que a maior parte destas iniciativas convocou nos muitos lugares por onde elas passaram (Porto, Coimbra, Guimarães, Lisboa, Matosinhos, Gondomar, Sabrosa, Monza e Roma). Estes são resultados que se transformam num estímulo para continuarmos a fazer mais e melhor. Esta é uma vontade de crescimento transversal a toda a equipa, traduzida num desejo de continuarmos a contribuir para um desígnio maior: garantirmos uma memória futura para a Arquitetura e Urbanismo portugueses, fazendo-o de forma sustentável, consolidando uma prática de qualidade reconhecida a nível do tratamento arquivístico, mantendo o rigor e cientificidade da informação que veiculamos, afirmando-nos como um parceiro de confiança por termos um olhar crítico e credível sobre o património construído. É nesta perspetiva que a Fundação Marques da Silva procura afirmar-se como território de pesquisa e criação fundamental para estudantes, historiadores, arquitetos, críticos, curadores, especialistas das ciências da informação, artistas e editores; é neste território que pretendemos propor práticas metodológicas modelares, novas leituras e espaços de debate que ajudem a pensar, a elaborar e a propor desafios renovados fundamentais para o reconhecimento da importância do papel que os arquivos de arquitetura e o trabalho sobre eles realizado representa para a compreensão da Arquitetura num mundo em permanente transformação, onde a memória pode ser a linha do horizonte que permite manter um rumo seguro.
Por todo o exposto, é convicção do Conselho Diretivo da Fundação Marques da Silva que o Relatório de Atividades e Gestão e os demais documentos da prestação de contas, elaborados de acordo com o SNC-AP e as normas e os princípios contabilísticos geralmente aceites, reproduzem de uma forma verdadeira e apropriada o resultado das operações da Fundação, pelo que se propõe que sejam aprovados.
Propõe-se que o resultado líquido negativo apurado no exercício de 2024, no montante de (-151.156,56 €), seja transferido, na sua totalidade, para a conta de resultados transitados.