Relatório de Atividades e Gestão - 2022

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RELATÓRIO DE ATIVIDADES E GESTÃO ANO DE 2022

FUNDAÇÃO INSTITUTO ARQUITECTO JOSÉ MARQUES DA SILVA

Praça do Marquês de Pombal, 30-44 / Rua Latino

Coelho, 444, Porto, Portugal

+ 351 22 551 8557

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http://fims.up.pt/

IMAGEM DA CAPA

Casa-Atelier José Marques da Silva, Fotografia de Inês d’Orey, 2020

ÍNDICE INTRODUÇÃO 7 I. CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO DA FUNDAÇÃO MARQUES DA SILVA 11 1. Os acervos: acolher, tratar, conservar, digitalizar e disponibilizar 14 2. As bibliotecas: muito mais que livros e periódicos 18 3. Tratamento técnico e gestão de informação em plataformas digitais 20 4. Apoio a investigadores e a projetos de divulgação 21 5. Um espaço colaborativo e de formação 23 II. COMUNICAÇÃO/PRODUÇÃO 27 1. Estudar, debater, partilhar e divulgar 30 1.1. As exposições na Fundação Marques da Silva 30 1.2. Outras iniciativas 39 2. Trabalhar em rede: iniciativas fora de portas 45 2.1 Exposições 46 2.2 Outras iniciativas 55 3. Atividade editorial 62 3.1. Projetos desenvolvidos no âmbito da Fundação 64 3.2. Distribuição comercial e ações promocionais 68 3.3. Apoios a projetos editoriais externos 69 4. Através do mundo digital: produzir, noticiar, partilhar 70
PATRIMÓNIO EDIFICADO 77 1. Casas-Sede da Fundação Marques da Silva 78 2. Outros imóveis: Porto e Barcelos 79 3. Classificar para salvaguardar 80 IV. CONTAS 83 V. PERSPETIVAS FUTURAS E EVENTOS SUBSEQUENTES 87 CONCLUSÃO 91
III.

PÁGINAS ANTERIORES

Inauguração da exposição Isto não é só um quadro:

António Cardoso para além da evidência

Casa-Atelier José Marques da Silva, 7 maio 2022

Fotografia de Luís Martinho Urbano

INTRODUÇÃO

Corria o ano de 1993 quando Maria José Marques da Silva e David Moreira da Silva, filha e genro de José Marques da Silva, ambos arquitetos, decidiram doar à Universidade do Porto a parte mais significativa do seu património tendo em vista a instalação de sede e serviços do “Instituto Arquitecto José Marques da Silva”, a criar no seu âmbito, em homenagem e perpetuação da memória de seu Pai. Em 1994, é criado o Instituto e, no ano seguinte, em maio de 1995, decorre a primeira reunião da Comissão Instaladora, formada pelo Vice-Reitor de então, Cândido dos Santos, António Cardoso Pinheiro de Carvalho, Nuno Tasso de Sousa e Manuel Baptista Barros, estando ainda presente David Moreira da Silva. Decorridas quase três décadas de atividade, com o Instituto a transformar-se, em 2009, na atual Fundação Marques da Silva, pode-se já afirmar que este projeto, pensado em prol da Arquitetura Portuguesa, está consolidado e entrou numa fase de maturidade. Com uma assinalável tendência contínua de crescimento, a Fundação encara agora a necessidade de se expandir fisicamente através da construção de um novo edifício para acolhimento do Centro de Documentação, segundo projeto de Álvaro Siza, num gesto que fixará igualmente a junção, num mesmo espaço, do corpus documental da instituição e do Centro de Documentação de Urbanismo e Arquitectura da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Ao longo deste caminho, a Fundação Marques da Silva confirmou a validade dos princípios que desde a sua origem têm orientado a sua prática: recolher, tratar e preservar acervos de arquitetos; promover o seu estudo; comunicar cultura arquitectónica; partilhar conhecimento, sustentado em investigação, que permita uma outra consciência da importância das várias dimensões da arquitetura, mas igualmente do papel desempenhado pelos arquitetos representados na instituição.

Os números são expressivos. Basta antecipar alguns: no final de 2022, a Fundação Marques da Silva contabiliza a tutela de 46 acervos de arquitetura, com 8 novos conjuntos documentais registados neste ano, em que promoveu ou apoiou mais de duas dezenas de projetos expositivos, nacionais e internacionais, dentro e fora de portas; apresenta ainda várias dezenas de livros publicados na qualidade de editora ou coeditora; continua a investir nas ferramentas digitais que permitem globalizar a partilha de conhecimento; e persiste na vontade de colaborar em rede, dinamizando as mais diversas modalidades de iniciativas junto de Escolas de Arquitetura e outras instituições, sem esquecer a comunidade e o país onde se insere. Um resultado assente na articulação concertada das suas três vertentes de ação: Centro de Documentação; Comunicação e Produção; Gestão Patrimonial.

Com o essencial do proposto no Plano de Atividades para 2022 a ser cumprido, assim como todo um conjunto de ações não inscritas nesse plano, mas consideradas relevantes e em concordância com as linhas estratégicas que definem a sua prática, a Fundação Marques da Silva manteve-se, assim, fiel à sua missão, a de ser um espaço de memória, mas também de formação, onde mobilizar o conhecimento do passado é considerado indispensável para uma melhor compreensão dos espaços em que vivemos e uma construção informada do futuro.

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I. CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO DA FUNDAÇÃO MARQUES DA SILVA

Em abril de 2022, numa cerimónia decorrida na Fundação Marques da Silva, na presença do Reitor da Universidade do Porto, Prof. Doutor António Sousa Pereira, assinalou-se um momento simbolicamente importante, pelo horizonte futuro que permite equacionar: foi assinado o protocolo que prevê a junção das duas instituições que, sob a égide da Universidade do Porto, se dedicam à recolha, estudo e divulgação de acervos documentais de arquitetura, o Centro de Documentação da Fundação Marques da Silva e o Centro de Documentação da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Juntos, sob uma mesma coordenação e, futuramente, num mesmo espaço físico, passarão a agregar uma memória documental relativa a cerca de 60 acervos de arquitetos, registos que nos ajudam a contar e a entender os seus percursos individuais, e principalmente a história da arquitetura e do urbanismo em Portugal, desde finais do séc. XIX até à atualidade. Ainda que a materialização deste objetivo se encontre dependente da existência de uma estrutura física adequada, a assinatura deste protocolo consolida a aproximação definitiva destes dois importantes núcleos de arquivos de arquitetura. No caso do Centro de Documentação da Fundação Marques da Silva, implica a gestão de diferentes ambientes de informação: documentação (arquivos físicos e digitais), bibliotecas e museologia.

O Centro de Documentação da Fundação Marques da Silva é, assim, um organismo interdisciplinar e multidisciplinar, mas também a estrutura central em torno da qual se desenrola a atividade da instituição. Com ele, e através dele, a Fundação preserva e valoriza a memória documental e a obra desenvolvida pelos arquitetos nele representados, tanto quanto, através da metodologia adotada na sua praxis, se procura afirmar como uma instituição de referência no que toca ao tratamento de acervos de arquitetura.

Cabe a este organismo reunir, classificar, acondicionar, preservar ou recuperar documentos, objetos e livros, e, ainda, assegurar condições de estudo e disseminação das espécies documentais que tem sob sua salvaguarda, sendo que nos referimos a uma base documental

em contínuo crescimento e reajustamento face ao fluxo continuado de novas incorporações, registadas ao longo de 2022, com 8 novos acervos doados e 5 a complementar anteriores doações. Em termos de recursos humanos, tem afetos 4 técnicos especializados na área da gestão da informação e arquivos, e 2 técnicos que se têm vindo a dedicar de forma continuada à higienização e conservação básica de documentos gráficos.

O tratamento informacional encontra-se aqui uniformizado pela implementação conjunta de quadros orgânico-funcionais, tornando assim possível a navegação interconectada dos diferentes domínios. Uma metodologia de tratamento arquivístico que oferece, a quem trata e a quem pesquisa, possibilidades otimizadas de controlo e leituras contextualizadas de cada registo. A par desta dimensão do trabalho a desenvolver, cabe ainda a esta equipa assegurar a gestão dos espaços físicos destinados a acolher estas atividades, desde as áreas destinadas a depósito, às áreas de trabalho técnico (da higienização ao manuseamento para múltiplos fins) e às áreas públicas de receção de investigadores. E com o espaço existente a manter níveis de ocupação muito elevados, o ano de 2022 continuou a ser marcado por vários ciclos de reorganização dos espaços internos. Especificando: as zonas de depósito estendem-se, para além do Pavilhão dos Jardins, área otimizada e inteiramente direcionada para esta finalidade, a quatro salas do Palacete Lopes Martins que associam a componente de acondicionamento e reserva à função expositiva, e, na Casa-Atelier, a mais duas superfícies do piso inferior, uma sala do segundo piso e às águas-furtadas. O armazém da casa localizada na rua Visconde de Setúbal, pertencente à Fundação Marques da Silva, começou também a ser utilizado enquanto extensão das casas-mãe. Estas operações de acondicionamento estão interinamente ligadas ao trabalho intelectual a executar sobre a documentação, pois, após ou em simultâneo com a estabilização e controle dos suportes físicos, é necessário assegurar o controle e ajustamento das bases de dados a eles associadas, garantindo-se desta forma uma localização segura e rápida, com menorização de riscos de perda ou extravio de informação.

O investimento que tem vindo a ser feito na preservação da documentação física, com novas campanhas de higienização (c. 50.000 registos), foi igualmente acompanhado de um investimento na transição tecnológica. Em 2022, três novas campanhas de digitalização em larga escala foram realizadas (4676 documentos digitalizados), com as novas imagens a serem integradas nas bases de dados e/ou disponibilizadas nas plataformas de consulta online.

Para além da gestão e funcionamento do Centro de Documentação, onde se inscreve o atendimento a investigadores e a resposta a pedidos, internos e externos, de colaboração em projetos expositivos e editoriais, ou mesmo o acolhimento de estágios curriculares, alguns elementos desta equipa técnica vão ainda, pontualmente, assegurando a vigilância dos espaços expositivos da Fundação Marques da Silva, tal como o inerente atendimento e orientação de visitantes.

É ainda importante referir a existência de um núcleo museológico, de onde se destaca a coleção de pintura, composta de 135 peças (entre óleo, pastel e aguarela). Não só porque já foi alvo de uma investigação aprofundada, com o desenvolvimento da tese de doutoramento de Artur Vasconcelos, que viria a ser o autor, em articulação com a Fundação Marques da Silva, do catálogo digital Do Retrato à Paisagem: a coleção de pintura da Fundação Marques da Silva, como já foi a base para a construção de vários projetos

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expositivos por parte da instituição, continuando, em 2022, a ser objeto de interesse por parte de outras instituições. Em particular, ao longo deste ano, foram as obras de Aurélia de Souza e António Carneiro a ganhar um novo foco no contexto dos respetivos centenários. Mas, neste núcleo, são vários os sectores representados, da escultura, à cerâmica, passando pelos têxteis, pela ourivesaria, medalhística, livros e alfaias litúrgicas ou mobiliário.

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1. Os acervos: acolher, tratar, conservar, digitalizar e disponibilizar

O Centro de Documentação da Fundação Marques da Silva gere 46 acervos de arquitetos/arquitetura assinalados e sob sua gestão, traduzidos em c. 500 m/l de peças escritas e fotografia, c. 65.559 peças desenhadas acondicionadas em 304 gavetas, 425 maquetas, e 86.589 imagens digitais, das quais 7.567 estão disponíveis na plataforma digital de Gestão de Arquivos AtoM.

A incorporação de um acervo implica um processo complexo que se inicia mesmo antes da receção in situ dos acervos a transferir, com a realização de inventários sumários, acondicionamento provisório e acompanhamento do transporte, do ponto de origem ao seu destino, na Fundação Marques da Silva. Já na Fundação, há que assegurar a higienização, tratamento intelectual e físico, e, sempre que possível ou relevante, a digitalização e consequente disponibilização nas bases de dados para investigadores e no arquivo online. Em todo o processo, é assegurada a aplicação de uma metodologia que garante o controlo informacional e a eficácia da busca em resposta a requisitos de vária ordem: localização rápida; consultas de investigadores; projetos expositivos; projetos editoriais.

Só em 2022, foram incorporados 8 novos acervos de arquitetura: Adalberto Dias, Domingos Pinto de Faria, Fernão Simões de Carvalho, Filipe Oliveira Dias, Germano Castro Ribeiro, Nuno Portas, Margarida Coelho e Sergio Fernandez. Foi igualmente recebida nova documentação para associar a 5 acervos anteriormente incorporados: Alcino Soutinho, Alfredo Matos Ferreira, António Menéres, José Carlos Loureiro e Manuel Marques de Aguiar. A integração desta nova documentação contempla, no primeiro caso, a abertura de processos de tratamento, com a criação de novos Sistemas de Informação, mesmo que em alguns casos sumário, e, no segundo, a atualização das bases de dados correspondentes aos Sistemas existentes. Numa e noutra situação, houve que gerir e reorganizar os espaços de depósito existentes, para acondicionamento dos novos materiais, fossem eles peças desenhadas, escritas, fotografias ou maquetas.

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Quadro síntese da incorporação de acervos

N.º ref.ª Sistema de Informação Documentação (peças desenhadas) Documentação (peças escritas) Fotografias Outros (maquetas/ objetos/ mobiliário)

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Quadro síntese de incorporação de nova documentação em acervos existentes

N.º ref.ª Sistema de Informação Documentação (peças desenhadas) Documentação (peças escritas) Outros (maquetas/ objetos/ mobiliário)

1 Alcino Soutinho 42 dossiês Maq: 3

2 Alfredo Matos Ferreira 41 dossiês

3 António Meneres 112

4 José Carlos Loureiro 3 m/l

5 Manuel Marques de Aguiar 2 caixas (Pf)

Num território documental tão extenso como o da Fundação Marques da Silva, nem todos os acervos se encontram num mesmo estado de tratamento no que se refere à descrição arquivística, acondicionamento e organização intelectual, ou mesmo disponibilização para consulta pública, situação resultante da confluência de múltiplas variantes: os vários tempos que balizam a sua incorporação; a especificidade e/ou complexidade inerente a cada um destes Sistemas de Informação; a possibilidade de captação de recursos financeiros e/ou humanos particularmente direcionados para o tratamento de registos documentais de um determinado arquiteto; ou até mesmo a existência de projetos de investigação, expositivos ou editoriais que, incidindo num acervo específico condicionam o seu tratamento, global ou em parte, prioritário; etc.

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Adalberto Dias 3799 0 Maq: 25 Mob. 13
Domingos Pinto de Faria 1787 6 caixas (Gf) Obj: 2 caixas Mob: 5
219
3 Fernão Simões de Carvalho 3179
maços
4 Filipe Oliveira Dias Em tratamento Em tratamento Maq: 15 Mob: 2 Obj: 2
5 Germano Castro Pinheiro 10 rolos
Nuno Portas 0 18 caixas (Gf) 5 caixas (Gf)
Margarida Coelho 0 1 caixa (Gf)
8 Sérgio Fernandez 9 3 docs. 2 Maq: 1

Para além do que já foi sendo referido, ao longo de 2022, o acervo de Raúl Hestnes Ferreira mereceu particular atenção, uma vez que o processo de tratamento, limpeza e reacondicionamento das peças desenhadas que constituem este acervo, iniciado ainda em 2020 com o apoio da Oficina de Conservação e Restauro de Documentos Gráficos da Universidade do Porto, entidade especializada que tem vindo a cooperar intimamente com a Fundação Marques da Silva para trabalhos de conservação e restauro, foi concluído. Por outro lado, situava-se na linha do horizonte a montagem de uma primeira exposição a partir da documentação doada à Fundação, calendarizada para 2023. Só no âmbito desta campanha de higienização, foram intervencionados 24.566 registos. Seguiu-se, aliás, a este trabalho, a higienização e acondicionamento provisório de outros acervos: António Teixeira Guerra; Manuel Graça Dias, Egas José Vieira e o seu atelier conjunto, Contemporânea; Maurício de Vasconcellos e o atelier conjunto com Luiz Alçada Baptista, GPA; e ainda o de Fernão Simões de Carvalho, relativo a 2796 peças desenhadas. No total, associando todos os processos que, iniciados em 2021, se concluíram em 2022, foram higienizadas, acondicionadas e inventariados 43.775 peças desenhadas e 1.224 pastas com peças escritas, sendo que estas se desdobram, maioritariamente, em múltiplos registos.

Quadro síntese das campanhas de higienização (2021-2022)

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N.º ref.ª Sistema de Informação Documentos Higienizados Peças Desenhadas Pastas / Peças Escritas 1 Raúl Hestnes Ferreira 24.566 2 António Teixeira Guerra 4779 84 3 Manuel Graça Dias e Egas José Vieira / Contemporânea 1873 211 4 Maurício de Vasconcellos e GPA (c/ Luís Alçada Baptista) 9761 929 5 Fernão Simões de Carvalho 2796

Paralelamente, seja no sentido da salvaguarda do documento físico original, seja para ampliar possibilidades de disseminação de conteúdos documentais, a Fundação Marques da Silva concluiu a última empreitada de digitalização sistemática de documentos, iniciada em 2021 e executada pela empresa Graf-it. Os arquivos contemplados foram: José da Cruz Lima, Manuel Graça Dias, António Menéres, Francisco Granja, Fernando Távora, António Teixeira Guerra, Sergio Fernandez e Raúl Hestnes Ferreira. O resultado traduziu-se em 3476 imagens digitais, às quais haverá que associar 1200 digitalizações internamente realizadas (igual ou inferior a A3), num total de 4676 novas imagens digitalizadas, já associadas às respetivas bases de dados e, em grande parte, já consultáveis no Arquivo Digital da instituição.

É importante ter presente que um projeto de digitalização com esta dimensão pressupõe, também ele, a definição de um plano estruturado de ações que envolve múltiplas etapas: estabelecimento de critérios para seleção prévia dos documentos; a separação das peças desenhadas selecionadas; quando necessário e possível, a sua higienização e planificação; recenseamento e organização cronológica das peças desenhadas dentro de cada obra; cotagem das peças desenhadas; a digitalização propriamente dita; a posterior arrumação do documento físico; o controlo de qualidade e tratamento intelectual do objeto digital; e, por fim, a disponibilização online através da inserção dos novos conteúdos nas bases de dados e plataformas digitais. Isto significa que coube à equipa técnica da Fundação preparar não só a documentação para estes novos projetos de digitalização, como também providenciar o reacondicionamento dos documentos digitalizados nos respetivos lugares de depósito, em simultâneo com a realização de registos dos que permitem o controlo documental cruzado entre espécime físico e digital, concluída a etapa técnica da digitalização em si.

Em termos informacionais, foi ainda concluído o tratamento arquivístico de outros acervos. No que se refere ao arquiteto José da Cruz Lima, o trabalho realizado compreende 140 processos de obra de arquitetura/urbanismo compostos por 125 pastas de peças escritas, incluindo fotografias, sendo 84 dessas pastas relativas a processos de obra de arquitetura/ urbanismo; e 2070 peças desenhadas, 1650 relativas a processos de obra de arquitetura/ urbanismo. Foi também o caso do acervo do arquiteto Carlos Carvalho Dias, num total de 4381 espécies documentais relativas a 241 processos de obra de arquitetura/urbanismo, compostos por 3255 peças desenhadas, e as 1126 restantes relativas a documentos de apoio ao projeto. Foi ainda criada e disponibilizada a página do Sistema de Informação Carlos Carvalho Dias na plataforma AtoM.

Deu-se ainda continuidade à descrição arquivística e à elaboração dos respetivos documentos de apoio técnico dos acervos dos Arquitetos Alfredo Matos Ferreira, António Menéres, António Teixeira Guerra, Octávio Lixa Filgueiras, José Carlos Loureiro, Luís Botelho Dias, Egas Vieira, Manuel Graça Dias/Contemporânea.

Em 2022 foi ainda possível iniciar uma campanha de substituição das pastas de acondicionamento provisórias de peças desenhadas de grande formato por pastas de material de conservação, em documentação pertencente aos wws de José Porto, Manuel Marques de Aguiar, Fernando Lanhas, Octávio Lixa Filgueiras e Fernando Lanhas. E foram também otimizados os espaços de armazenamento, seja na organização ou nos equipamentos, em articulação com o serviço de Biblioteca, nos depósitos do Pavilhão, Palacete Lopes Martins e Casa-Atelier José Marques da Silva.

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2. As bibliotecas: muito mais que livros e periódicos

A Fundação Marques da Silva, entre bibliotecas associadas aos acervos e Biblioteca Corrente, contabiliza mais de 20.000 títulos em depósito, distribuídos por uma área de aproximadamente 482 m/l. Destacam-se, pela sua dimensão e relevância, as bibliotecas associadas à doação original (Marques da Silva/Moreira da Silva), a Fernando Távora (profissional, pessoal e Pessoana), Alcino Soutinho, Raúl Hestnes Ferreira, Octávio Lixa Filgueiras, Manuel Marques de Aguiar, António Cardoso, Fernando Lanhas, João Queiroz, Carlos Carvalho Dias e Margarida Coelho. O catálogo digital que a Fundação Marques da Silva disponibiliza através da plataforma Aleph, informação relativa a 6.803 títulos estando o trabalho de catalogação e disponibilização a ser continuado.

Os livros ocupam um lugar especial na Fundação Marques da Silva. E não se pode, portanto, falar simplesmente de uma Biblioteca. Está disponível a referida Biblioteca Corrente, onde os nossos investigadores podem consultar as mais recentes edições e coedições lançadas pela instituição, assim como toda a bibliografia que tem vindo a ser reunida através de apoios, ofertas, permutas e aquisições. Mas existem as “outras” Bibliotecas, aquelas que acompanham os acervos de arquitetura doados à Fundação Marques da Silva, aquelas que nos revelam, a partir da sua condição de leitores, colecionadores, bibliófilos ou até mesmo autores, os interesses e paixões destes arquitetos. Por vezes, nestes núcleos, deparamo-nos até com o registo de livros antes de serem livros, ou até de livros que apenas ficaram em projeto. Pesquisar as bibliotecas dos “nossos” arquitetos é também uma forma de os descobrir e entender, da obra à pessoa.

Em 2022, a Fundação Marques da Silva incorporou 4 novas doações de periódicos e monografias: Francisco Barata Fernandes, José Anselmo Vaz, Domingos Pinto de Faria e Nuno Portas. Os núcleos bibliográficos já existentes de António Cardoso e Margarida Coelho foram, por sua vez, ampliados num total conjunto de 178 m/l de novos títulos, entre monografias e periódicos. Contabiliza-se assim, no total, 24 coleções ou bibliotecas de arquitetos/ arquitetura, urbanismo e património, às quais acresce, como referido, a Biblioteca Corrente, que também inclui uma componente digital, com mais de meia centena de novos títulos integrados ao longo deste ano. Todas disponíveis para consulta pública.

Quadro síntese da incorporação de núcleos bibliográficos (2022)

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N.º ref.ª Sistema de Informação (Arquivo/Biblioteca) Documentação (m/l) 1 António Cardoso 100 2 Margarida Coelho 3 3 Francisco Barata Fernandes 30 4 José Anselmo Vaz 36 5 Domingos Pinto Faria 7 6 Nuno Portas 2

Ao longo de 2022, concluiu-se ainda o tratamento informacional da biblioteca Rui Ramos, composta por uma centena de títulos relativos a monografias e periódicos da área da arquitetura e urbanismo; e deu-se continuidade ao tratamento da biblioteca Bartolomeu Costa Cabral. Decorrente da participação no “grupo de trabalho de catalogação e autoridades” do catálogo integrado da UP, têm vindo a ser implementadas novas coordenadas de utilização da base de dados Aleph, designadamente através da revisão dos campos de indexação dos registos relativos ao Sistema de Informação Marques da Silva/Moreira da Silva.

Em termos físicos, a incorporação de novos acervos documentais e bibliográficos despoletou a necessidade de reorganização da biblioteca depositada no Pavilhão, com a transferência de parte dos livros para a Casa-Atelier como forma de libertação desse espaço para acomodação de rolos e armários horizontais para desenhos. Mudaram para novo local, ou foram reacondicionados em novas zonas do Pavilhão as bibliotecas Fernando Távora, Marques da Silva/Moreira da Silva, Alcino Soutinho, Octávio Lixa Filgueiras, Fernando Lanhas, António Cardoso e João Queiroz.

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3. Tratamento técnico e gestão de informação em plataformas digitais

A Fundação Marques da Silva tem vindo a colocar em prática uma política de gestão quotidiana da informação arquivística e biblioteconómica que continua a pautar-se pelo objetivo bem definido de ir ao encontro do utilizador, abrindo a possibilidade de alcançar o maior número de potenciais comunidades de investigadores, proporcionando uma utilização facilitada, permanente, intensiva e extensiva dos acervos, em suma, uma gestão dinâmica e colaborativa. Um trabalho de mediação entre Utilizador e Informação tem vindo, portanto, a ser pensado tendo em consideração a implementação de procedimentos sincronizados, passíveis de agilizar o acesso, a recuperação e a reutilização da informação, estabelecendo, em paralelo, canais de divulgação e partilha no quadro da missão traçada para a instituição. Neste contexto, o esforço de atualização das bases de dados e o crescimento contínuo da informação disponibilizada à comunidade através das plataformas digitais, criadas a partir de parcerias com diversas unidades orgânicas da Universidade do Porto, tem sido permanente e prioritário.

Em termos arquivísticos, a instituição continuou a utilizar em ambiente Web a plataforma AtoM, software de gestão de arquivo. Em 2022, contemplou 12.837 descrições arquivísticas, tendo sido contabilizadas 57.544 visitas ao AtoM, 3.032 pesquisas no site e visualizadas 164.290 páginas. Com 20 acervos documentais disponíveis para consulta pública, foi possível, ao longo deste ano, ampliar o território de pesquisa virtual do Arquivo da Fundação Marques da Silva com a disponibilização de dois novos Sistemas de Informação: Carlos Carvalho Dias e José da Cruz Lima. Ainda na plataforma AtoM, a Fundação Marques da Silva assumiu a gestão da consulta pública do Acervo Digital de Bernardo Ferrão (1913-1982), doado ao Círculo Dr. José de Figueiredo – Amigos do MNSR, no cumprimento do estipulado no protocolo de colaboração estabelecido com a instituição detentora do Acervo físico. Este acervo é composto por 475 unidades de instalação, correspondentes a 291 pontos de acesso.

Em termos bibliográficos, como referido, a instituição continua a utilizar a plataforma digital Aleph, para consulta virtual do Catálogo Digital da Fundação Marques da Silva, onde continua a ser possível navegar através de 6.803 títulos Em 2022, foi revista a indexação de 700 registos relativos à biblioteca Marques da Silva/Moreira da Silva.

O trabalho de gestão, atualização e melhoria destas plataformas digitais tem vindo a ser desenvolvido em parceria com as equipas da Reitoria da Universidade do Porto/UP Digital.

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4. Apoio a investigadores e a projetos de divulgação

O património documental da Fundação Marques da Silva abrange um arco temporal que se estende de finais do século XIX até aos nossos dias. Os seus acervos cruzam três séculos e testemunham a atividade desenvolvida por arquitetos de expressão nacional, com obra desenvolvida em território nacional e no estrangeiro, construída ou tão só projetada. Aqui, podem encontrar-se desenhos, registos escritos (de projeto, de formação, académicos), nado digitais, fotografias, maquetas, correspondência e notas de viagem, até mesmo, em alguns casos, objetos ligados ao exercício da profissão e mobiliário maioritariamente por eles projetado. Os livros ocupam um espaço relevante, assim como, no caso dos acervos originais (José Marques da Silva e o casal Maria José e David Moreira da Silva) as coleções artísticas, da pintura à escultura, passando pelas artes decorativas. No seu conjunto, é um património abrangente e significativo, de valor real e simbólico, incontornável quando está em causa o conhecimento da história da arquitetura e urbanismo em Portugal.

Por este motivo, uma das principais vertentes da Fundação Marques da Silva, desde a sua criação, a par do acolhimento, preservação e tratamento documental, é o acolhimento de investigadores e a disponibilização e partilha pública deste património, nos mais variados contextos e através de diferentes acessos, presenciais ou por via web. E se esse património documental e bibliográfico tem vindo a sofrer uma tendência de acentuado crescimento, no que à sua dimensão diz respeito, também o movimento de consulta tem assinalado um mesmo sentido ascensional. Sendo que ultrapassados que estão os momentos de confinamento ou a aplicação de medidas sanitárias restritivas, aplicados no quadro da pandemia de 2020-21, as pesquisas presenciais e o envolvimento em projetos expositivos, conquistaram inevitavelmente uma nova expressão.

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Assim, em 2022, foram recebidos 234 novos investigadores para consulta presencial, mantendo-se a tendência para a quase totalidade de uma primeira consulta significar um regresso à instituição, que o número indicado não contempla, assim como a leitura deste número terá de ser acrescentada com o apoio garantido via webmail e/ou telefone a investigadores que se encontram geograficamente impossibilitados de se deslocarem à sede da Fundação, nele não expresso. Na sequência das consultas realizadas, continua a sentir-se uma outra constante: mais de 50% destes atendimentos implicaram cedência de conteúdos, isto é, pedido de reprodução digital de documentos do Centro de Documentação (entre peças escritas, desenhadas e/ou fotografias). Contudo, deve ser salvaguardado que o alcance da informação disponibilizada e consultada terá de ser articulado com os numerosos utilizadores que, de forma autónoma, elegem a consulta virtual das plataformas disponíveis (AtoM, Aleph e da página eletrónica da Fundação Marques da Silva) para recolha de informação e como acesso preferencial aos conteúdos documentais da instituição.

A equipa técnica do Centro de Documentação apoiou ainda a realização de projetos editoriais e expositivos, externos e internos, disponibilizando o acesso e/ou a reprodução a conteúdos documentais dos acervos solicitados. Isto significa garantir o acompanhamento na seleção, validar ou completar a cotagem, assegurar digitalizações, quando necessário, ou a participação pontual no acondicionamento, assim como o registo de controlo de saída e reintegração de documentos e/ou peças cedidos externamente nos depósitos de origem. A equipa colabora ainda, no que se refere a projetos expositivos apresentados na sede da instituição (e em 2022 foram 7), na preparação dos espaços expositivos e, durante o tempo de abertura ao público, na sua vigilância, no atendimento e na orientação de visitantes. No caso das exposições internas que recorrem a um expressivo número de documentação em arquivo, foi também assegurada a respetiva desmontagem, com o reacondicionamento da documentação exposta.

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Quanto à incidência temática, de consultas e projetos de divulgação, para além do compreensível predomínio da Arquitetura e Urbanismo, a literatura continuou a estar em foco, nomeadamente através do projeto de investigação sobre Raúl Leal (a partir da coleção Pessoana de Fernando Távora), resultante da parceria estabelecida entre os centros de filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e de Lisboa, que conta com o apoio da Fundação Marques da Silva e tem agendada a publicação de um livro para 2024. A documentação e acervo bibliográfico de Fernando Távora continua a ser o mais consultado, seguindo-se o acervo de José Marques da Silva, um e outro recorrentemente procurados nas suas mais diversas valências. Mas as pesquisas, ainda que com um carácter mais esporádico, começam a ser transversais a praticamente todos os acervos.

5. Um espaço colaborativo e de formação

Uma das linhas estratégicas da Fundação Marques da Silva passa pela promoção e acolhimento de projetos colaborativos e de investigação com foco nos conteúdos documentais e bibliográficos do Centro de Documentação ou na metodologia de tratamento informacional implementada nesta instituição. Considera-se que esta via é catalisadora de contributos que podem ajudar a aprofundar o conhecimento e identificação documental deste património sob gestão da Fundação, desenhando outros enquadramentos e perspetivas de entendimento dos conteúdos, e proporcionando novos olhares mais refletidos e conscientes da direção a tomar no que toca ao tratamento e disponibilização desta informação.

Neste sentido, também em 2022, a Fundação Marques da Silva continuou a acolher investigadores residentes e estagiários que, através deste vínculo, aqui desenvolvem os seus projetos curriculares. No primeiro caso, insere-se a arquiteta Ilaria Corte, doutoranda da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (Portugal) e do Instituto Universitário de Arquitectura de Veneza (Itália), que está a desenvolver uma tese de doutoramento sob o tema “Politica, cidade e habitat no debate internacional entre os anos 50 e 70, os contributos de Nuno Portas e Gian Carlo de Carlo”, orientada pelo Prof. Doutor Nuno Grande, e em regime de coorientação com o Prof. Doutor Alexandre Alves Costa (FAUP) e o Prof. Doutor Aldo Aymonino (IUAV). No contexto da doação feita à instituição do acervo do arquiteto Nuno Portas, esta investigadora assumiu o desafio de colaborar no processo de tratamento deste núcleo documental, em articulação com a equipa técnica e segundo as linhas orientadoras do tratamento documental fixadas para a instituição. Numa outra dimensão, foi garantido o apoio à aluna do Mestrado em Ciências da Informação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Nara Raquel Gomes de Carvalho, para desenvolvimento da sua dissertação de Mestrado, O controlo de autoridade de assunto no Arquivo digital da Fundação Instituto Arquitecto José Marques da Silva. Num gesto transversal a outros domínios institucionais, a Fundação foi ainda, a instituição de acolhimento da aluna do Curso de Design de Comunicação da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, Telma Oliveira Dias, para um estágio em contexto de trabalho, tendo ficado a seu cargo a conceção imagem gráfica da exposição Isto não é só um quadro: António Cardoso para além da evidência.

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Para além deste tipo de acolhimento, a Fundação Marques da Silva continua a ser recorrentemente procurada para aconselhamento ou partilha externa no que concerne à sua experiência de tratamento de documentação produzido por arquitetos ou relativa a arquitetura. Em 2022, recebeu-se uma delegação da secção Regional Centro da Ordem dos Arquitetos (Carlos Figueiredo, Presidente, e Paulo Monteiro, assessor); uma delegação do Arquivo Público e Histórico do Município de Rio Claro, no Brasil, liderada por Monica Frandi Ferreira; um Grupo de Trabalho da Direção Regional de Cultura do Norte dirigido por Luis Sebastian; Eduardo Augusto Costa, docente responsável pelos Acervos da Faculdade de Arquitectura e Urbanismo da Universidade São Paulo; e Luís Martins, responsável pelo arquivo da Feitoria Inglesa.

Ainda internamente, as Oficinas de Ciências de Informação, coordenadas pelo Professor Armando Malheiro, na Fundação Marques da Silva, continuam a realizar-se periodicamente. Dirigidas aos colaboradores da instituição, são espaços de reflexão e partilha sobre temáticas relativas às Ciências da Informação, estando a ser considerada a possibilidade de, futuramente, poderem vir a abranger participantes externos.

No sentido inverso, de dentro para fora, ao longo de 2022, a equipa técnica do Centro de Documentação manteve a sua representação nas reuniões mensais do Grupo de Trabalho dos Arquivistas da Universidade do Porto (GTAUP). Estas reuniões, que pretendem ser um valioso órgão de partilha e colaboração entre os arquivistas das diversas faculdades e departamentos da Universidade do Porto, têm-se centrado sobretudo no processo de implementação da plataforma digital de gestão de arquivos Archeevo. Destaque também para a participação no 1º Encontro Nacional da Comunidade de Utilizadores da Plataforma CLAV, com o tema Conhecer melhor a CLAV, realizado a 14 de setembro na Torre do Tombo, em Lisboa. Foi igualmente assegurada a participação do Centro de Documentação da Fundação Marques da Silva no Grupo de Trabalho de Catalogação e Autoridades, uma iniciativa que visa a criação e aplicação de critérios uniformes de registo, correção e validação dos conteúdos do catálogo integrado da UP e do ficheiro de autoridade, assim como a participação no grupo de bibliotecas UP.

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II. COMUNICAÇÃO/PRODUÇÃO

Preservar, catalogar e arquivar, investigar e promover o estudo e a construção de conhecimento, centrado na cultura arquitetónica, artística e patrimonial, são domínios de ação basilares para a Fundação Marques da Silva. Mas a sua missão passa também por dar visibilidade a esse trabalho, apresentando-o, fazendo-o chegar à comunidade de investigadores e à comunidade em geral, seja através de exposições, de livros, de congressos e de encontros, em suma, comunicando-o. Com isto não se pretende apenas dar a conhecer, mas fazer circular conhecimento e contribuir para tomadas de posição conscientes nos domínios onde se exerce a sua ação, estabelecendo ligações significativas entre a memória em arquivo e a realidade que nos rodeia, com outras instituições congéneres, com as cidades e o território onde vivemos. Ações de compromisso com o tempo presente que podem ajudar a valorizar essa herança documental, arquitetónica e artística, e simultaneamente incrementar novos interesses e a adoção de boas práticas, sobre a documentação, sobre o construído. Experiências que são encaradas como espaços de aprendizagem, propiciadores de novos olhares, de novas abordagens. Uma dinâmica que visará sempre a crescente afirmação da imagem da Fundação na comunidade arquitetónica e artística, mas também na cidade, no país e além-fronteiras.

Desde 2020 que a Fundação Marques da Silva apostou na abertura ao público em continuidade dos espaços sede, na Praça do Marquês, no Porto, para apresentação de projetos expositivos, maioritária, mas não exclusivamente, ancorados nos acervos geridos pelo Centro de Documentação. Projetos que são simultaneamente espaços de aprendizagem, pela experiência que têm permitido acumular, seja, por exemplo, ao nível da montagem desses mesmos projetos expositivos, seja colaborando em fóruns com temáticas relevantes. Um desafio que nem a situação pandémica que se fez sentir em 2020-21 fez esmorecer. Uma afirmação que transparece da leitura dos resultados evidenciados neste Relatório. Só em 2022 contabiliza-se a participação, de forma direta e/ou colaborativa em 22 projetos expositivos, sendo que 7 exposições foram produzidas ou acolhidas nos seus espaços, entre o Palacete Lopes Martins e a Casa-Atelier José Marques da Silva e, nas restantes 15, houve uma participação muito ativa, com destaque para a exposição de desenhos de viagem de Fernando

Távora realizada em Cesena (Itália). Os projectos expositivos implicam um trabalho específico, desde a preparação e acompanhamento da cedência de conteúdos – físicos ou digitais, e a validação da seleção, ao levantamento de necessidades no âmbito da conservação e restauro, à produção, divulgação e finalização desses mesmos projetos, com o consequente processo de controlo do retorno de documentos ou outros materiais originais, quando cedidos.

Muitos destes projetos expositivos desdobraram-se em ações desenhadas na esfera de programações complementares e paralelas, mas muitas outras ações foram também propostas e materializadas especificamente para apresentação de conteúdos, reflexão e debate de temáticas relevantes para os domínios onde a Fundação se movimenta. Ao longo de 2022, para além das exposições, só na sede da Fundação Marques da Silva, realizaram-se 35 iniciativas de caráter público, entre sessões de abertura e encerramento, encontros, conferências, aulas, lançamentos de livros ou visitas guiadas, com destaque para o acolhimento de 2 colóquios e o lançamento de 3 livros, a par de outras iniciativas, que incluem a cedência de espaços para filmagens. Constante a praticamente todas elas, foi a forte afluência de público, a lotar os espaços onde as mesmas se realizaram. Mas, para além dos horizontes físicos da Fundação Marques da Silva, a instituição colaborou, ativamente, como produtora ou enquanto entidade apoiante, em 15 exposições e 13 projetos de diferente natureza, entre os quais se releva o regresso das Conferências Marques da Silva, a participação no Prémio Fernando Távora e na Rede Portuguesa de Arte Contemporânea – Norte, e a atribuição, por parte da Ordem dos Arquitetos do estatuto de Membro Honorário à instituição (no ano anterior tinha sido distinguida Maria José Marques da Silva e Rui Goes Ferreira) e a atribuição do nome de Manuel Graça Dias a um novo Prémio de Arquitetura nacional.

Esta intensa dinâmica abrange também a atividade editorial, visível no número de publicações próprias e em parceria já disponíveis (33 títulos impressos e 26 em formato digital) ou no apoio a projetos externos que nos chegam das mais diversas entidades individuais e coletivas. Um esforço em continuidade com a publicação de novos títulos (entre lançamentos e projetos em preparação) a registar-se também em 2022, ano em que se destacam os projetos de tradução de obras de Fernando Távora por editoras de outros países e onde os resultados se continuaram a construir a partir de parcerias sólidas, como é o caso das Edições Afrontamento, da U.Porto Press e da Circo de Ideias. Para além da edição/publicação, esta área de ação implica garantir a visibilidade nos circuitos de venda da chancela Fundação Marques da Silva.

Transversal a todas estas atividades é a gestão das plataformas comunicacionais e a consequente produção de conteúdos, informativos e de divulgação, com forte presença no universo virtual. Para além da publicação de 6 newsletters, só na página eletrónica (uma página que associa a função da divulgação à função de repositório histórico) foram publicados 177 destaques, multiplicados e ampliados nas redes sociais (Facebook, Instagram e Twitter, com mais de 7.200 seguidores). Uma dinâmica que, noticiando, sinalizando efemérides, produzindo conteúdos, integrando contributos externos, estimulando intercâmbios, dentro e fora do âmbito universitário, dentro e fora do país, com recursos muito limitados, tem vindo a ser determinante para a concretização e sensibilização de públicos. Aqui se destaca, ainda, para além das iniciativas que vão tendo lugar dentro e fora da instituição ou as doações de acervos de arquitetura, o lançamento de 11 novos programas

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dos dois podcasts da Fundação: Escritos Escolhidos e Passa-a-Palavra: falemos de arquitetura, e a sinalização nas redes de efemérides e de 31 aniversários de arquitetos representados no Centro de Documentação. Esta iniciativa sustentada na investigação interna da documentação existente, e que é já uma tradição interna pretende estimular possíveis caminhos de investigação futura.

Os números indicados são uma conquista, considerando a exiguidade dos recursos humanos da Fundação Marques da Silva, com apenas uma colaboradora a congregar a área da produção/edição/comunicação. A concretização das múltiplas ações programadas e realizadas foi, assim, possível graças à confluência de uma série de contributos: um forte envolvimento da Direção, a flexibilidade e colaboração interna da equipa do Centro de Documentação e da equipa de higienização da Fundação Marques da Silva, reforçada pela contratação temporária de jovens estudantes para assegurar a frente de sala; possível também pela plataforma de colaboração e confiança estabelecida com a Oficina de Conservação e Restauro de Documentos Gráficos da U.Porto Digital, fundamental para a concretização dos projetos expositivos que implicaram a utilização e cedência de documentação original, e para a crescente qualificação da resposta da instituição a solicitações externas; pelos contributos de investigadores que foram partilhando o resultado das suas investigações; pela colaboração e atenção da nossa tradutora para inglês, Gill Stoker, a título sempre voluntário; a experiência que tem vindo a ser reunida através de um conjunto de prestadores de serviços especializados que têm ajudado a encontrar as melhores e mais eficazes soluções nas circunstâncias específicas da nossa área de trabalho; e toda uma série de instituições parceiras que ajudaram a potenciar o alcance da Fundação e cada vez mais consideram esta instituição um parceiro a procurar. Em 2022, na área específica da Comunicação, há ainda que destacar, de novo, o contributo de um estagiário da FBAUP, sob orientação de Cristina Ferreira, Telma Oliveira Dias, que assumiu o design e imagem gráfica da exposição Isto não é só um quadro: António Cardoso para além da evidência, assim como a responsabilidade do design gráfico do Relatório de Atividades de 2021.

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1. Estudar, debater, partilhar e divulgar

Na Fundação Marques da Silva, o primeiro e principal fundamento para a proposição de um programa agregador de ações de divulgação assenta no valioso e heterogéneo património documental (46 acervos de arquitetos/arquitetura e coleções bibliográficas), arquitetónico (desde logo a própria sede) e artístico (coleções museológicas) que a instituição acolhe, trata, estuda e divulga. Cumpre à comunicação tornar visíveis as dinâmicas internas, geradas em torno ou a partir do Centro de Documentação, caso da divulgação de novas doações, da implementação e resultado de campanhas de higienização e digitalização; contribuir para um melhor conhecimento da vida e obra dos arquitetos representados na instituição, através dos vários canais possíveis; acompanhar e garantir a presença da instituição na esfera pública de forma a consolidar uma imagem que tem vindo a afirmar-se como referencial no domínio da Arquitetura e Urbanismo, seja no tratamento documental, no rigor científico das iniciativas e informação por si produzidas ou veiculadas.

Das atividades realizadas presencialmente nos espaços da Fundação (7 exposições e 35 outras iniciativas), um número revelador da crescente capacidade de produção e resposta técnica dos serviços, destaque para a componente expositiva e, entre as várias exposições, Isto não é só um quadro: António Cardoso para além da evidência, pelo profundo significado que teve no contexto da instituição. Com ela, não apenas se prestou homenagem a uma figura crucial para a existência da própria Fundação, menos de um ano decorrido após o seu falecimento, como se redescobriram as múltiplas vertentes do seu percurso e o quanto continua a ser válido revisitar a obra por si desenvolvida. Foi também uma oportunidade de revisitação da própria história da instituição. Após a desmontagem, 8 das obras de pintura expostas foram doadas pela família à Fundação Marques da Silva, estando em preparação uma nova doação, entre documentos, livros e mobiliário pertencente a António Cardoso, que assim virá ampliar o já significativo núcleo documental doado em vida.

1.1. As exposições na Fundação Marques da Silva

Ao longo de 2022, a Fundação Marques da Silva apresentou 4 exposições por si organizadas, sendo que uma, Bartolomeu Costa Cabral/um arquivo em construção tinha sido inaugurada ainda em 2021, e outra, Cartografia Manuel Botelho: Obra e Projeto, veio rematar um ciclo de ações concretizado através de uma parceria entre várias instituições; e acolheu 3 exposições propostas por outras entidades, mas em cuja produção e montagem participou ativamente. Das 7 exposições que passaram pela Fundação, 6 decorreram no Palacete Lopes Martins e 1 ocupou a área expositiva da Casa-Atelier José Marques da Silva, Isto não é só um quadro: António Cardoso para além da evidência. As exposições puderam ser visitadas de segunda a sábado, excetuando domingos e feriados, entre as 14h e as 18h. Em termos genéricos, a Fundação Marques da Silva recebeu, nas suas exposições, 1367 visitantes, mas trata-se de uma contabilização redutora, já que deverá ser associado a este número todos aqueles que marcaram presença nas inaugurações e em atividades programadas a partir delas ou delas independentes, igualmente realizadas nas suas instalações: sessões inaugurais, colóquios, workshops, visitas guiadas, debates, lançamentos de livros, etc.

A apresentação sumária das exposições permite igualmente tornar percetível a rede cada vez mais ampla de colaborações e pareceria em que a Fundação se movimenta e sustenta:

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- Bartolomeu Costa Cabral / um arquivo em construção

Palacete Lopes Martins, curadoria de Paulo Providência, Pedro Baía e Mariana Couto

De 13 de novembro de 2021 a 7 de maio de 2022

Esta exposição, organizada pela Fundação Marques da Silva, a primeira realizada desde a doação do acervo do arquiteto Bartolomeu Costa Cabral, abriu as suas portas ao público a 13 de novembro de 2021, no primeiro piso do Palacete Lopes Martins, e acabou por encerrar apenas a 7 de maio de 2022. Esta iniciativa contou com o apoio da Ordem dos Arquitectos, do SIPA, do Instituto Politécnico de Tomar e da Faculdade e Arquitectura da U.Porto e com as colaborações pontuais de Irene Buarque, Teresa Pavão e Rui Sanches, Rui Mendes, Catarina

Costa Cabral e Gill Stoker. Ainda durante o mês de abril, foi organizada uma visita guiada por Rui Mendes, arquiteto, investigador, professor e coautor com Bartolomeu Costa Cabral dos projetos de reabilitação atualmente em realização e/ou desenvolvimento para o Bloco das Águas Livres, o Edifício do Martim Moniz e a Escola do Castelo, em Lisboa.

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- Isto não é só um quadro: António Cardoso para além da evidência Casa-Atelier José Marques da Silva, curadoria de Susana Cardoso (filha), Laura Castro (DRCN), Domingas Vasconcelos (CMP), Celso Santos e Leonor Soares (FLUP) e Paula Abrunhosa (FIMS) De 7 de maio a 17 de setembro de 2022

Menos de um ano passado sobre o falecimento de António Cardoso, historiador, artista, professor, investigador e museólogo, um dos fundadores, ex-diretor e membro do conselho geral da Fundação Marques da Silva, a Fundação Marques da Silva conseguiu reunir as condições necessárias para apresentar uma exposição de homenagem a esta figura ímpar. Com esse objetivo, reuniu-se um coletivo de curadores e congregaram-se várias instituições, da DireçãoGeral da Cultura do Norte ao Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto à Faculdade de Belas Artes desta mesma Universidade, contando sempre com o total envolvimento da família de António Cardoso. O projeto foi amplamente visitado e noticiado, tendo sido concretizado um programa paralelo de ações:

- Sessão inaugural, a 7 de maio, com a presença da Presidente da Fundação, do arquiteto Nuno Tasso de Sousa e o coletivo de curadores

- Vamos falar de história, arte e arquitetura / encontro #1, a 18 de junho, com Laura Castro e Rui Jorge Garcia Ramos

- Visita guiada por Susana Cardoso, Domingas Vasconcelos e Paula Abrunhosa, no dia em que António Cardoso faria 90 anos

- Vamos falar de história, arte e arquitetura / encontro #2, a 17 de setembro, com Andrea Soutinho, Celso Santos, Helena de Freitas, João Pinharanda, e moderação de Laura Castro

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- Estação Central da Beira. Keeping it Modern Palacete Lopes Martins, curadoria de Paulo Lourenço e Elisiário Miranda

De 14 de maio a 18 de junho de 2022

Esta exposição foi organizada no âmbito do programa Keeping It Modern, iniciativa da Getty Foundation, de Los Angeles, que em 2019 contemplou com uma bolsa o projeto de conservação e manutenção da Estação Central da Beira (1957-1966), em Moçambique, coordenado por Paulo Lourenço, do Instituto de Sustentabilidade e Inovação em Engenharia de Estruturas (ISISE), e por Elisiário Miranda, do Laboratório de Paisagens, Património e Território (Lab2PT). A exposição foi apresentada inicialmente na Escola de Arquitectura, Arte e Design da Universidade do Minho. Na sua passagem pela Fundação Marques da Silva foi ampliada com a mostra de desenhos originais de José Porto, relativos a obras projetadas por este arquiteto, cujo arquivo foi doado à Fundação, para a cidade da Beira, em Moçambique, em meados do século XX.

A sessão de abertura incluiu um encontro com os curadores, moderado por Luís Urbano, seguido de uma visita guiada à exposição.

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- Aalto Intemporal - o DNA da Cultura Arquitetónica

Palacete Lopes Martins, conceção de Tore Tallqvist e curadoria de Miguel Borges de Araújo (CEAU), Olii-Paavo Koponen (Tampere University), Pedro Borges de Araújo (IF/MLAG), Sérgio Amorim (CEAU/CITAD) e Luís Urbano (FIMS) De 28 de junho a 17 de setembro de 2022

Organizada pela Universidade de Tampere, o Museu Alvar Aalto e o município de Jyväskylä, esta exposição, com curadoria foi sendo preparada ao longo da segunda década deste século a partir de trabalhos académicos desenvolvidos por alunos do curso de Introdução à História da Arquitetura. Nesta sua passagem por Portugal, passou a integrar um novo módulo, com documentação relativa a projetos de arquitetos portugueses influenciados pela obra de Aalto, nomeadamente Fernando Távora, Raúl Hestnes Ferreira, Alcino Soutinho e Alfredo Matos Ferreira, e complementada ainda por publicações existentes no acervo da Fundação que tiveram particular relevância na divulgação em Portugal da obra daquele que continua a ser o mais aclamado arquiteto finlandês.

A inauguração decorreu no contexto do 5.º Seminário ABLeS (Autofocus Blended Learning eSeminars series), subordinado ao tema EXPERIENCE|PERCEPTION - Revisiting Questions of Perception.

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- CONTRAFACTUM: matéria, forma, conteúdo Palacete Lopes Martins, curadoria de Graciela Machado

De 28 de junho a 17 de setembro de 2022

Este projeto, concebido e coordenado por Graciela Machado, foi produzido pela Fundação Marques da Silva em parceria com a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Nasceu em resposta ao Projeto 17 - Geografias, Património Cultural das Fundações, um desafio lançado pelo Centro Português de Fundações. A ideia central desenvolveu-se a partir da procura de entendimento do contexto de produção de uma maqueta em gesso pertencente ao acervo de David Moreira da Silva - “Aquila”, de 1935, maquete do Plano de Urbanização das Termas do Gerês, cuja autoria pertence a José Porto (Engenheiros Reunidos) -, colocando-a em diálogo com uma sua mimetização (réplica construída num lugar de ensino artístico, o Serviço Técnico e Oficinal de Modelação e Moldagem da FBAUP, por Rui Ferro e Alcides Rodrigues) e o espaço onde foi colocada em exibição. A empresa 20|21 assegurou o restauro da maqueta original. Luís Sobreiro produziu e realizou o vídeo relativo a esta intervenção e Patrícia Almeida, o vídeo sobre as ações realizadas na FBAUP.

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- THE MATTER OF DATA: Documentary Architecture as Historical Method

Palacete Lopes Martins, curadoria de Ines Weizman

De 28 de setembro a 22 de outubro de 2022

Com curadoria de Ines Weizman, uma arquiteta e académica com particular interesse pelas questões da migração e modernismo colonial, esta exposição fez parte da programação da 9.ª edição do Arquiteturas Film Festival e representou uma oportunidade de dar a conhecer o trabalho de pesquisa desenvolvido pela instituição convidada desta edição do festival, o Centre for Documentary of Architecture (CDA). A programação paralela passou por:

- Sessão inaugural, com conferência da curadora e projeção de 3 curtasmetragens, a 28 de setembro

- Projeção de curtas-metragens apresentadas por Anna Luise Schubert e Ines Weizman, a 29 de setembro

- Projeção de curtas-metragens apresentadas por Anna Luise Schubert e Ortrun Bargholz, a 30 de setembro

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- Cartografia Manuel Botelho: Obra e Projeto

Palacete Lopes Martins, curadoria de António Neves, Bruno Baldaia, Carlos Maia, Duarte Belo e Luís Urbano De 12 de novembro de 2022 a 6 de maio de 2023

Esta exposição, que se prolonga até 2023, resulta de uma parceria entre a Fundação Marques da Silva (FIMS), a Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP), o Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo/FAUP (CEAU/FAUP), o Laboratório da Paisagem, Património e Território (Lab2PT) e a Escola de Arquitetura, Arte e Design da Universidade do Minho (EAAD-UM); e conta com o apoio à divulgação da Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos (OA-SRN). Em torno dela foram programadas as seguintes ações:

- Sessão inaugural, com apresentação da exposição e do ciclo com Bruno Baldaia, Duarte Belo, Luís Urbano e José Salgado, seguida de visita guiada à exposição por Bruno Baldaia.

- A 6 de maio, já de 2023, o lançamento de uma monografia retrospetiva da obra de Manuel Botelho, a lançar pela Circo de Ideias, e uma mesa redonda com participação de Carlos Machado, Manuel Mendes, Maria José Casanova e Pedro Bandeira, moderada por Jorge Figueira.

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Em preparação

A partir da documentação em arquivo no Centro de Documentação da Fundação Marques da Silva e com apresentação prevista para 2023, foi iniciado o trabalho de produção e montagem de uma nova exposição, a apresentar no piso nobre da Casa-Atelier José Marques da Silva: Hestnes Ferreira – Forma | Matéria | Luz, com curadoria de Alexandra Saraiva, Patrícia Bento

Paulo

Em 2022, registou-se um total acumulado de 1367 visitantes a estas exposições, mais de 30% face ao ano anterior, no acesso aos vários projetos expositivos (número que deve ser significativamente ampliado quando associado aos participantes nas várias iniciativas aqui realizadas – naugurações, colóquios, lançamentos, encontros, conferências). A incidência aos sábados validou a opção de a instituição manter o horário proposto de visita ao público que se manteve, de segunda a sábado, entre as 14h e as 18h, de segunda a sábado, excetuando feriados.

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Quadro Síntese Títulos Visita guiada Encontros / Conferências Outros 1 Bartolomeu Costa Cabral / um arquivo em construção 1 2 Isto não é só um quadro: António Cardoso para além da evidência 1 2 (encontros) 1 sessão inaugural de apresentação 3 Estação Central da Beira. Keeping it Modern 1 4 Aalto Intemporal - o DNA da Cultura Arquitetónica 1 1 Abertura conjunta 5 CONTRAFACTUM: matéria, forma, conteúdo 6 THE MATTER OF DATA: Documentary Architecture as Historical Method 1 (conferência) 3 dias (projeções de curtas-metragens) 7 Cartografia Manuel Botelho: Obra e Projeto 1 1
d’Almeida e
Tormenta Pinto.

1.2. Outras iniciativas

- Bernardo Ferrão e as Artes Decorativas no Oriente e no Mundo Congresso Internacional promovido pelo Círculo Dr. José de Figueiredo, Amigos do MNSR, em parceria com a Reitoria da Universidade do Porto e a Fundação Marques da Silva Com Carmen Heredia Moreno, André das Neves Afonso, Gonçalo de Vasconcelos e Sousa, e moderação de José Sottomayor-Pizarro. Porto, 24 a 26 de março de 2022

A sessão de encerramento do Congresso Internacional Bernardo Ferrão e as Artes Decorativas no Oriente e no Mundo decorreu na Fundação Marques da Silva, num espaço onde simbolicamente se voltaram a reunir os dois irmãos (Bernardo e Fernando Távora) e numa manhã dedicada ao vasto e sumptuoso universo da arte da ourivesaria e joalharia, apresentado pelos conferencistas Carmen Heredia Moreno, André das Neves Afonso e Gonçalo de Vasconcelos e Sousa, moderados por José Sottomayor-Pizarro. Tratou-se de uma iniciativa do Círculo Dr. José de Figueiredo - Amigos do MNSR, que assim continua a homenagear o trabalho pioneiro e ainda hoje incontornável de Bernardo Ferrão no campo das artes decorativas e em particular sobre a produção artística do “Oriente português”. Neste mesmo dia foi lançado o Livro de Atas do Colóquio. A sessão de encerramento contemplou ainda uma visita guiada à Fundação Marques da Silva.

- Uma Vida de Arquitecto

Lançamento do livro de Giorgio Grassi traduzido por José Miguel Rodrigues 25 de março, com a presença dos autores e intervenções de Fátima Vieira, Luca Ortelli e Nuno Brandão Costa

Este livro, Uma Vida de Arquitecto, onde Giorgio Grassi evoca o seu percurso, a sua obra e os amigos que o acompanharam ao longo do caminho percorrido, é terceiro volume a ser publicado no âmbito do projeto de tradução integral para português da obra escrita de Giorgio Grassi, coordenado por José Miguel Rodrigues, o seu tradutor, e editado

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conjuntamente pela Fundação Marques da Silva e as Edições Afrontamento. A sessão de apresentação, realizada na Fundação Marques da Silva, contou com a presença dos autores, com Fátima Vieira, Presidente da Fundação Marques da Silva, e com os Arquitetos Luca Ortelli e Nuno Brandão Costa. A sessão, altamente concorrida, teve ainda o apoio da FAUP, da Jofebar e da Panoramah!.

- Doação dos Acervos de Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez /Junção dos Centros de Documentação FIMS e FAUP

Cerimónia Oficial / Anúncio Público, 13 de abril, com Alexandre Alves Costa, Sergio Fernandez, Reitor da UP, Presidente da FIMS, Diretor da FSUP, Álvaro Siza e Jorge Figueira

Esta sessão oficial agregou dois momentos: a assinatura do protocolo de doação dos acervos profissionais dos arquitetos Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez à Fundação Marques da Silva, precedida dos testemunhos de Álvaro Siza e Jorge Figueira, seguindo-se o anúncio público da futura junção dos Centros de Documentação da Fundação Marques da Silva e da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, na presença dos respetivos representantes, Fátima Vieira e João Pedro Xavier. A sessão foi presidida pelo Magnífico Reitor da Universidade do Porto, Prof. Doutor António Sousa Pereira. A cerimónia foi gravada em tempo real e encontra-se disponível online.

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- 2.º seminário CemRestore | Argamassas para a conservação de edifícios do início do século XX - Compatibilidade e Sustentabilidade

27 de abril, com José Pedro Tenreiro, Tiago Inácio, Ana Velosa, António Santos Silva e Luís Almeida, e Cristina Guedes e Francisco Vieira de Campos

O CEMRESTORE, coordenado pela Universidade de Aveiro (Ana Velosa), com a participação da FAUP (Clara Pimenta do Vale) e do LNEC (António Santos Silva), é um projeto financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. Tem por objetivo o estudo de argamassas do início do século XX em Portugal, procurando aferir as mudanças que ocorreram ao nível da utilização dos materiais e do seu processo produtivo no quadro de eventuais ações de reabilitação. Nesta segunda edição, composta por três sessões e 5 apresentações, participaram José Pedro Tenreiro, Tiago Inácio, Ana Velosa, António Santos Silva e Luís Almeida, e Cristina Guedes e Francisco Vieira de Campos. Para além do apoio da Fundação Marques da Silva, entidade de acolhimento - dois dos casos de estudo apresentados são duas obras de Marques da Silva: o Teatro S. João e a “Nacional” e o edifício “A Nacional” -, o Seminário contou também com o apoio à divulgação da APRUPP e da OASRN.

- “Lá fora é imenso. Aqui dentro é como um útero”

Lançamento do livro Vill´Alcina, de Germana Lópes Souza 28 de junho, com a autora e apresentação de Maria Manuel Oliveira, Sergio Fernandez

De uma visita à Vill’ Alcina, nasceu um livro. Mais que um livro, um objeto artístico desenvolvido por Germana Lópes Souza no âmbito da disciplina de Teoria Geral e Organização do Espaço, enquanto estudante de arquitetura na FAUP, após uma visita a esta casa que se funde na paisagem que a envolve, em Caminha, guiada pelo arquiteto que a desenhou em 1974, Sergio Fernandez. O livro foi publicado com o apoio da Fundação

Marques da Silva e o lançamento contou com a presença do arquiteto Sergio Fernandez e da autora, tendo ainda como convidada para o apresentar a arquiteta Maria Manuel Oliveira.

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fotografia Francisco Ascensão

- GANNO: Homenagem ao Arquiteto Octávio Lixa Filgueiras

Lançamento de Boletim especial, exibição do documentário “Arquitectura do Rabelo” e mostra de livros de Lixa Filgueiras 15 de outubro, com Manuel Martins Rêgo, Maia dos Santos, Pedro Borges de Araújo e Miguel Filgueiras

Foi uma sessão de homenagem ao arquiteto Octávio Lixa Filgueiras, proposta pela GANNO e que a Fundação Marques da Silva acolheu, associando aos testemunhos e à apresentação do Boletim especial, editado por este Grupo de Arqueologia Naval do Noroeste (GANNO) fundado em 1980 pelo arquiteto Octávio Lixa Filgueiras, a projeção do documentário realizado em 1991 por Vítor Bilhete, com guião de Octávio Lixa Filgueiras, sobre o processo tradicional de construção de um barco rabelo. Em complemento, foi ainda organizada uma pequena mostra de livros com publicações de textos e/ou livros de Lixa Figueiros provenientes do acervo doado a Fundação e da coleção particular do arquiteto António Menéres. A sessão contou com a presença de filhos, netos e muitos amigos do homenageado.

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- Alexandre Alves Costa, Argumentos 1: em deriva Lançamento do livro

3 de dezembro, com Alexandre Alves Costa e apresentação de Francisco Louçã

Este foi o primeiro volume de um díptico a publicar pela Fundação Marques da Silva em parceria com a U.Porto Press. A apresentação esteve a cargo de Francisco Louçã. Como sublinha Alexandre Alves Costa, “Argumentos não é um livro de arquitetura, é uma tentativa, provavelmente frustrada, de me servir da minha experiência, no seu âmbito, por ela ser o meio mais simples de articular tempo e espaço, de modelar a realidade, de fazer sonhar.”

A sessão, onde pontuavam numerosos amigos do autor, contou com a presença de Luís

Urbano, vice-presidente da Fundação Marques da Silva.

- A Fundação como cenário: Filmagens de Volto Já e de Nada será como Dante Março e abril, Palacete Lopes Martins, Casa-Atelier José Marques da Silva e Jardins, com César Mourão e Pedro Lamares

A beleza e o carácter cenográfico do Palacete Lopes Martins, da Casa-Atelier José Marques da Silva e dos jardins que os envolvem não passam despercebidos a quem os vê ou visita. Não é assim de estranhar que, de novo, tenham sido requisitados como espaços de acolhimento de filmagens. Desta vez foi o espaço escolhido pela produtora Aquele Abraço para, a 3 de março, rodar algumas cenas da minissérie Volto Já, para a SIC-OPTO, protagonizada e realizada por César Mourão; no final deste mesmo mês, a 29, a Fundação recebeu Pedro Lamares e a produtora Até ao Fim do Mundo para realização de filmagens destinadas a 2 programas de Nada será como Dante, série sobre literatura poética semanalmente transmitida na RTP2.

Relatório de atividades e gestão - 2022 43

- Visitas de grupos escolares: do Colégio à Academia

Ao longo de todo o ano, para visita à Fundação, às exposições e aos jardins

Foram muitas as visitas realizadas: seja com o objetivo de explorar os jardins nas diferentes estações do ano, caso das crianças que frequentam o infantário do Colégio da Paz; seja para conhecer o espaço e a atividade da Fundação, caso das visitas técnicas dirigidas à OA e à RPAC (março); seja para reconhecer territórios afins, caso de familiares de Marques da Silva ou uma visita especificamente pensada para os colaboradores do Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardozo (junho); ou ainda visitas a estudantes dos cursos de arquitetura, caso de visitas dirigidas a alunos da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, do grupo orientado pelos arquitetos Egas José Vieira e Santa Rita (Universidade Autónoma de Lisboa) e do grupo de estudantes vindos de Leuven, orientado por André Tavares (novembro), sem contar com as visitas guiadas programadas pela instituição ou atendimentos mais personalizados a convidados e visitantes ocasionais. Foram assim múltiplas as oportunidades e perspetivas que se abriram a quem é dado percorrer este espaço.

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Quadro Síntese

Títulos/descritivo sumário Visita guiada Encontros / Conferências Outros

1 Bernardo Ferrão e as Artes Decorativas no Oriente e no Mundo 1 1 (encerramento do Congresso)

2 Uma Vida de Arquitecto

3 Doação dos Acervos de Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez / Junção dos Centros de Documentação FIMS e FAUP

4 2.º seminário CemRestore | Argamassas para a conservação de edifícios do início do século XX - Compatibilidade e Sustentabilidade

5 “Lá fora é imenso. Aqui dentro é como um útero”

Seminário

Lançamento de livro

Doação de acervos e cerimónia de Junção dos Centros de Documentação FIMS/FSUP

6 GANNO: Homenagem ao Arquiteto Octávio Lixa Filgueiras Sessão de homenagem

7 Alexandre Alves Costa, Arqumentos 1: em deriva

E ainda…

Lançamento de livro

Lançamento de Boletim e Projeção de filme

Lançamento de livro

8 Volto Já Filmagens

9 Nada será como Dante Filmagens

10 Visitas Guiadas

12

2. Trabalhar em rede: iniciativas fora de portas

Alberto Caeiro, no seu Guardador de Rebanhos, lembrava que “Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo.../ Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer, / Porque eu sou do tamanho do que vejo / E não do tamanho da minha altura[...]” A Fundação Marques da Silva, desde a sua instituição, tem tentado manter a sua atenção ao que se passa para além do seu espaço: para chegar aos outros, para aprender com a experiência de outros, para trazer os outros até si. Essa atenção, vontade de partilha e de aprendizagem contínua é também uma das linhas orientadores do seu plano estratégico e parte da sua missão. O que pressupõe disponibilidade para criar parcerias, participar em projetos e assegurar a transição tecnológica que nos permite encontrar um lugar próprio num mundo marcado pela globalização e pela circulação da informação à esfera planetária. Isto traduz-se em gestos de várias escalas e dimensões, sempre justificados pela relevância no contexto e circunstâncias distintivas desta Fundação.

Ao longo de 2022, isto significou colaborar em 15 projetos expositivos propostos e/ promovidos por outras entidades, nacionais e internacionais, sendo que, em pelo menos 4 houve um forte envolvimento da Fundação, com particular destaque para a exposição apresentada em Cesena, Itália, a partir dos desenhos de viagem de Fernando Távora; e propor e colaborar em mais 13 iniciativas de forte impacto na programação anual da instituição, caso das Conferências Marques da Silva, que em 2022 regressaram à Faculdade de Arquitectura

Relatório de atividades e gestão - 2022 45

da UP, com Paolo Zermani como conferencista, ou as atividades desenvolvidas com entidades parceiras sempre próximas da esfera da Fundação, como é o Caso da Ordem dos Arquitectos (Geral e Secção Regional Norte), ou mesmo a participação na Rede Portuguesa de Arte Contemporânea, um projeto liderado pela Direção Regional de Cultura do Norte

2.1 Exposições

Em 2022, a Fundação Marques da Silva esteve envolvida em 15 exposições, para além das que produziu ou acolheu na sua sede. Envolvimento esse que passou sempre pela cedência de conteúdos a expor, entre documentação original (material gráfico, fotográfico, maquetas, livros e peças de arte) e/ou conteúdos digitais. Isto significa um amplo e por vezes complexo número de operações a desenvolver, de forma articulada com o Centro de Documentação da Fundação, a Oficina de Conservação e Restauro de Documentos Digitais da UPorto Digital, prestadores de serviços externos e as entidades proponentes destes mesmos projetos expositivos. Sempre tendo em vista a necessidade de salvaguardar a documentação cedida (desde a seleção inicial ao seu regresso, após cedência externa), a creditação e controlo da sua utilização pública, não obstante a consciência da importância de mostrar esses mesmos materiais documentais que, no contexto desses projetos, ganham novas leituras e significado. Esta linha de operações pressupõe assim a identificação dos materiais, a fixação e formalização de condições de cedência com as entidades requerentes, o levantamento de necessidades de intervenção, restauro e montagem (acondicionamento para contexto expositivo e para transporte – sempre considerando o princípio de intervenção mínimo, tendo como base o respeito pelo material original e pela autenticidade dos objetos, assegurando a sua estabilidade estrutural e prevenindo a sua degradação), aferição das condições expositivas dos locais de realização, controlo das operações de levantamento e entrega, acompanhamento e divulgação dos projetos enquanto patentes ao público. Etapas que vão sendo acompanhadas por registos escritos e fotográficos, validados tanto pela Fundação quando pelas entidades proponentes dessas exposições.

Há, no entanto, a referir que, das 15 exposições referidas, 4 foram inauguradas ainda em 2021, mas em 2022 foram noticiadas e tiveram de ser asseguradas todas as operações inerentes às respetivas desmontagens/devolução de documentos. A listagem sumária de todos estes projetos é importante ainda para se perceber o alcance geográfico das mesmas, das temáticas em destaque às múltiplas entidades que as promoveram.

- At Play: Arquitectura e Jogo

Garagem Sul do CCB, curadoria de David Malaud / Nikolaus Hirsch, Cedric Libert, André Tavares e Ivo Poças Martins. Inaugurou 28 de setembro de 2021 a 30 de janeiro de 2022

A exposição At Play: Arquitetura & Jogo foi organizada pelo CCB/ Garagem Sul em colaboração com o CIVA, Bruxelas, e centra-se na ideia de «Criação de Mundos», na aproximação de duas personagens: o arquiteto e a criança. Nesta sua itinerância por Lisboa, integrou referências a projetos de Bartolomeu Costa Cabral, Fernando Lanhas, Manuel Graça Dias, Rui Goes Ferreira, Raúl Hestnes Ferreira e José Carlos Loureiro, conteúdos cedidos pela Fundação Marques da Silva, uma das suas entidades apoiantes.

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- 10 Atos 100 Anos

Salão Nobre do TNSJ, curadoria de Gabriella Casella e Francisco Providência Inaugurada a 22 de outubro 2021, prolongou-se até 31 de julho de 2022

Um projeto pensado por Gabriella Casella, com instalação expositiva de Francisco Providência para exibir as “curvas do tempo” que o Teatro projetado por José Marques da Silva no início do séc. XX foi reunindo. Uma história contada em 10 Atos onde, como não podia deixar de ser, o primeiro visa o projeto de Marques da Silva, inclusive as circunstâncias que o enquadram e explicam. A Fundação Marques da Silva apoiou esta iniciativa através do empréstimo de originais do projeto e registos digitais.

- What? When? Why Not?

Exposição e Colóquio

Casa da Arquitectura, curadoria de Jorge Figueira e Bruno Gil Inaugurou a 29 de outubro de 2021 e manteve-se aberta ao público até 24 de abril de 2022

A exposição What? When? Why not? Portuguese Architecture foi pensada no contexto do projeto de investigação (EU)ROPA – Rise of Portuguese Architecture, que tem na Fundação Marques da Silva uma das suas entidades parceiras. A exposição é reflexo público deste projeto de investigação que assim pretende identificar, problematizar e disseminar o conceito de “arquitetura portuguesa” no contexto nacional e internacional, confrontando a sua história, ideias e métodos, com um mundo em transformação, apresentando o tema em várias dimensões disciplinares e interdisciplinares, e convocando diversas sensibilidades. A exposição contempla a reprodução de múltiplos documentos provenientes do Arquivo da Fundação Marques da Silva, cedidos em momentos vários, e com mais 13 expressamente cedidos para este projeto expositivo. No âmbito desta exposição, aconteceram as seguintes iniciativas:

- a 30 de outubro | realização de um colóquio internacional, onde, depois da apresentação realizada na Fundação Marques da Silva, em julho de 2019, Jorge Figueira e Bruno Gil, os coordenadores de (EU)ROPA - Rise of Portuguese Architecture, e os investigadores nucleares Ana Vaz Milheiro, Carlos Machado e Moura, Carolina Coelho, Eliana Sousa Santos, Gonçalo Canto Moniz, José António Bandeirinha, Luís Miguel Correia, Nuno Grande, Patrícia Santos Pedrosa e Rui Lobo voltaram a partilhar os resultados alcançados em cada uma das respetivas linhas de investigação. Os oradores convidados para este momento em particular foram Hans Ibelings, Cristiane Muniz e Fernando Viégas.

- 5 de março | O 1.º Debate do Ciclo “Temas Contemporâneos na Arquitetura Portuguesa, organizado pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e pela Casa da Arquitectura em parceria com a Fundação Marques da Silva. A coordenação científica e moderação esteve a cargo de Jorge Figueira e Bruno Gil. Na sessão de abertura esteve presente a Presidente do Conselho Diretivo da Fundação, Fátima Vieira, juntamente com Nuno Sampaio, Diretor Executivo da Casa da Arquitectura. O programa reuniu os contributos de Ana Vaz Milheiro, José Pedro Monteiro, Ana Fernandes, sobre o tema “What Colonialism?”; Patrícia Santos Pedrosa, Jorge Figueira, Helena Souto e Zaída Muxi, sobre “What Women?”

- 2 de abril | O 2.º debate do ciclo “Temas contemporâneos na arquitetura portuguesa”, desenhado no contexto da exposição “What? When? Why not?

Portuguese architecture” reuniu Carolina Coelho, Bruno Gil, Mário Krüger e Gonçalo Byrne em torno da questão “What research?”.

Relatório de atividades e gestão - 2022 47

- In Conflict

Participação portuguesa na Bienal de Veneza, curadoria de Depa Architects e Miguel Santos Exposição e Catálogo Veneza (2021) e Lisboa (2022)

No âmbito da Representação Oficial Portuguesa da Biennale Architettura 2021, os curadores, o atelier depA architects (Carlos Azevedo, Luís Sobral e João Crisóstomo) e o curador-adjunto Miguel Santos, selecionaram dois projetos referentes a dois arquitetos da Fundação Marques da Silva: Manuel Teles (Bairro do Aleixo) e Sergio Fernandez (Bairro do Leal). A Fundação cedeu as digitalizações do projeto para o Bairro do Leal e apoiou a libertação dos direitos de utilização pública de documentação relativa ao Bairro do Aleixo. Depois de Veneza, a exposição foi apresentada em Lisboa, no piso nobre do Palácio Sinel de Cordes.

- Manuel Botelho. Projeto e Obra

Exposição, Galeria da FAUP, com curadoria de António Neves, Bruno Baldaia, Carlos Maia, Filipa Guerreiro e Duarte Belo De 26 de janeiro a 9 de março de 2022

Tratou-se de uma primeira iniciativa programada no contexto de um conjunto alargado de ações que tinham como propósito dar a conhecer o singular percurso de Manuel Botelho (entre 1980 e 2010, Manuel Botelho foi docente nesta Faculdade), um arquiteto cuja produção cruza os territórios da arquitetura, do design de objetos, a reflexão teórica vertida para a escrita e a docência. Assim se começou também a assinalar a salvaguarda do seu acervo profissional com a doação à Fundação Marques da Silva e da entrega da sua biblioteca à Escola de Arquitectura, Arte e Design da Universidade do Minho. Comissariada por António Neves, Bruno Baldaia, Carlos Maia, Filipa Guerreiro e Duarte Belo (Território Manuel Botelho), a Exposição, que decorre de um trabalho de identificação e inventariação da obra do Arquiteto Manuel Botelho levada a cabo pelos comissários com o apoio de Bruno Castro, João Costa e Rui Ferreira, bolseiros da Universidade do Minho, resulta de uma parceria entre a FAUP, a Fundação Marques da Silva, o Laboratório da Paisagem, Património e Território e a Escola de Arquitetura, Arte e Design da Universidade do Minho. - 23 de fevereiro |mesa redonda “Manuel Botelho. Professor” que reuniu seis arquitetos que, enquanto alunos ou docentes, se cruzaram com Manuel Botelho: António Neves (introdução), Jorge Reis (moderação), Conceição Melo, Eduardo Fernandes, Inês Beleza e José Manuel Soares.

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- Sound it: Rádio Antecâmara / “Livros Pedidos”

CCB – Garagem Sul, curadoria de Alessia Allegri e Pedro Campos Costa / Susana Ventura Exposição e instalação sonora de João Galante de 15 de março a 4 de setembro de 2022

Susana Ventura, a autora do podcast Aforismos Espaciais, foi uma das vozes convidadas pela Rádio Antecâmara para colabora neste projeto onde o som foi o protagonista. E foi com a participação desta arquiteta que foram evocadas memórias da mítica Casa de Albarraque, desenhada por Raúl Hestnes Ferreira. A sua residência no contexto da exposição Sound it: Rádio Antecâmara, tornou possível observar alguns registos pertencentes ao acervo deste arquiteto, cedidos pela Fundação Marques da Silva.

- Território Manuel Botelho

Exposição, Garagem Avenida (Guimarães), com curadoria de António Neves, Bruno Baldaia, Carlos Maia e Duarte Belo De 6 de abril a 18 de maio de 2022

Tratou-se do segundo momento do ciclo de diferentes exposições desenhadas em torno da obra e acervo do arquiteto Manuel Botelho, iniciado na FAUP. Aqui, cruzando dois olhares distintos que se intersectam e relacionam: por um lado o registo fotográfico documental, produzido por Duarte Belo (fotógrafo, arquiteto e antigo aluno de Manuel Botelho), do percurso pelo território de espaços construídos e de objetos do arquiteto bem como pelos espaços do seu quotidiano; por outro lado, através das Maquetes realizadas para esta mostra, pelos bolseiros da EAAD-UM (Bruno Castro, João Costa e Rui Ferreira), assim como desenhos e esboços e fotografias. Nela foram apresentadas 7 obras determinantes que permitem entender e caracterizar a produção do Atelier Manuel Botelho ao longo do tempo.

6 de abril | sessão de abertura com Paulo Cruz, Carlos Maia, Duarte Belo e Manuel Mendes

18 de maio | sessão de encerramento: visita guiada (Carlos Maia), apresentação do livro (Duarte Belo e Bruno Baldaia) e mesa-redonda (Filipa Guerreiro, Luís Tavares Pereira, Mariana Carvalho e Paolo Melis, moderada por João Cabeleira)

Relatório de atividades e gestão - 2022 49

- “Rememorar” | Igreja de São Carlos Borromeu de Angra do Heroísmo

I Estação do ciclo de exposições LUGARES DO SAGRADO, com curadoria de Diana Goncalves dos Santos 23 de abril a 24 de julho de 2022

A Nova Igreja de São Carlos Borromeu de Angra do Heroísmo, projetada, após o terramoto de 1980, por Fernando Távora e José Bernardo Távora, acolheu a primeira estação de um ciclo de exposições programadas pela Direção Regional de Cultura - Governo dos Açores para valorização do património cultural de temática religiosa dos Açores, num ciclo intitulado “Lugar do Sagrado”. A exposição concebida para este espaço - Rememorarapresenta o resultado de um trabalho de seleção de objetos com relevante valor simbólico e artístico para a comunidade de São Carlos, juntamente com um conjunto de documentação inédita relativa ao projeto, pertencente ao acervo da Fundação Marques da Silva. 28 de maio | Lançamento do catálogo

- NENHUM SÍTIO É DESERTO. Álvaro Siza: Piscina de Marés (1960-2021)

Galeria de Exposições da FAUP, com curadoria de Teresa Ferreira e Luís Urbano 18 de maio a 1 de julho de 2022

Esta exposição veio propor um olhar renovado sobre uma obra de referência no contexto da arquitetura mundial, a Piscina das Marés, ilustrando as suas múltiplas vidas através de um conjunto de elementos desenhados, fotográficos, audiovisuais, maquetas e objetos – muitos deles inéditos – que permitem reconstituir uma narrativa crítica do processo de projeto, construção e reabilitação do edifício ao longo das últimas seis décadas. Entre estes registos, constam alguns livros e periódicos cedidos pela Fundação Marques da Silva.

- Do que vejo. Aurélia de Souza

Museu da Quinta de Santiago, curadoria de Cláudia Almeida e Filipa Lowndes Vicente

De 9 de junho a 4 de setembro de 2022

A iniciativa insere-se na evocação do 1.º centenário da morte da artista, sendo parte de um programa mais extenso que congrega sete entidades parceiras e que culminará em maio de 2023, com o lançamento de um Catálogo Raisonné. A exposição parte do acervo da autarquia, uma série de 21 obras da artista que abarcam as várias temáticas desenvolvidas no decorrer da sua atividade artística, complementando este universo estético e visual com outras obras provenientes de coleções particulares e públicas, entre as quais, uma pintura proveniente da coleção de pintura de José Marques da Silva, cedida por esta Fundação, “Bebé e Lilita”.

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- Manuel Graça Dias: o Arquiteto Arquitetonicamente Incorreto

Círculo da Arquitetura, Oeiras, curadoria de António Faísca

22 de setembro a 12 de novembro de 2022

O Círculo de Arquitetura do Município de Oeiras, com o apoio da Fundação Marques da Silva, produziu esta exposição que “visa enaltecer e homenagear” o trabalho de Manuel Graça Dias, três anos passados sobre o seu prematuro desaparecimento. A exposição apresenta uma seleção de dezoito projetos, entre os quais se destacam o Pavilhão de Portugal para a Expo’ 92, em Sevilha, e o Teatro Azul, em Almada. Para além de esquissos e desenhos de projeto, a exposição integra ainda um conjunto de maquetes relativas a vários dos projetos expostos, quase totalmente pertencentes ao acervo doado à Fundação Marques da Silva.

25 de outubro e 8 de novembro | visitas guiadas por Egas José Vieira

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- I viaggi di Fernando Távora

Galleria del Ridotto, Cesena, Itália, curadoria de Antonio Esposito, Saverio Fera, Giovanni Leoni e Giorgio Liverani

23 de setembro a 11 de dezembro de 2022

No âmbito da Festa dell´Architettura 2022, o Departamento de Arquitetura da Universidade de Bolonha, em parceria com a Fundação Marques da Silva, apresentou na Galleria del Ridotto, em Cesena, a exposição I viaggi di Fernando Távora. Tomando como ponto de partida a seleção já feita em 2017 por José Bernardo Távora, foram agora expostos em Itália, pela primeira vez, mais de 80 desenhos originais da autoria do arquiteto Fernando Távora, realizados entre 1960 e 1997. No âmbito deste projeto foram realizadas as seguintes iniciativas:

- 23 de setembro | sessão de abertura com os representantes do Departamento de Arquitetura da Faculdade de Bolonha, Fabrizio Apollonio e Elena Mucelli, dos curadores e de Paula Abrunhosa e Ana Freitas

20 de outubro | conferências de Raffaella Maddaluno e de Giorgio Liverani

25 de novembro | apresentação dos livros Diario di bordo e Dell´organizzazione dello spazio com a presença dos tradutores, de Madalena Pinto da Silva e de Fernando Barroso

10 de dezembro | sessão de encerramento com a participação de Elisabetta Bovero, Luísa Távora, Antonio Esposito e Giorgio Liverani, seguida de uma visita à exposição.

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- António Carneiro, o poeta com pincéis

Museu da Quinta de Santiago (Matosinhos), curadoria de Cláudia Almeida 29 de outubro de 2022 a 26 de fevereiro de 2023

Esta exposição retrospetiva representou uma oportunidade única de redescoberta de António Carneiro, um artista nascido há 150 anos em Amarante, mas que residiu grande parte da sua vida na cidade do Porto, tendo encontrado no mar e nas praias de Leça inspiração para várias das suas aclamadas “paisagens”. Aqui se reúne um conjunto invulgar de quadros, alguns deles pela primeira vez apresentados lado a lado num mesmo espaço expositivo. São obras maioritariamente provenientes da coleção do Município de Matosinhos, mas também das coleções de várias instituições nacionais que se associaram a esta iniciativa, entre as quais a Fundação Marques da Silva, a quem pertence um retrato de Marques da Silva desenhado por António Carneiro, que tal como Marques da Silva foi professor da Escola de Belas Artes do Porto, em 1928.

- Vida e Segredo Aurélia de Souza 1866-1922

Museu Nacional Soares dos Reis, curadoria de Maria João Lello Ortigão de Oliveira de 24 de novembro de 2022 a 21 de maio de 2023

O Museu Nacional Soares dos Reis, em parceria com os Amigos do MNSR – Círculo Dr. José de Figueiredo, organizou a exposição Vida e Segredo Aurélia de Souza 18661922, mais uma das ações integradas no programa evocativo que tem vindo a percorrer e congregar um conjunto de entidades para assinalar o primeiro centenário desta artista. A Fundação Marques da Silva voltou a colaborar através do empréstimo da pintura a óleo sobre tela da autoria de Aurélia de Souza pertencente à coleção de José Marques da Silva, “Bebé e Lilita”, e da partilha de dados relativos a outra obra da autoria desta artista parte da coleção da Fundação Marques da Silva.

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- Fernão Simões de Carvalho: Arquitetura 1960-1999 / O Moderno Brutalista

Círculo de Arquitetura, Oeiras, curadoria de Joana Malheiro e António Faísca

De 30 de novembro de 2022 a 18 de março de 2023

A exposição Fernão Simões de Carvalho Arquitetura 1960-1999 / O Moderno Brutalista, mais uma iniciativa do Círculo de Arquitetura de Oeiras, veio dar visibilidade ao percurso deste arquiteto e urbanista, nascido em Luanda, em 1929, com obra desenvolvida três países, Angola, Brasil e Portugal e cujo arquivo documental foi doado à Fundação Marques da Silva, uma das entidades apoiantes da iniciativa. A exposição, integrou ainda uma parceria com a Faculdade de Arquitetura de Lisboa e os contributos do CiAUD e do Arquivo Histórico Ultramarino. Uma programação paralela a decorrer em 2023, composta por visitas guiadas à exposição e a obras deste arquiteto, acompanha a exposição.

Em preparação

Já confirmada para 2023, está também a exposição La Ciudad en Disputa / The City in Dispute, a apresentar na Galeria La Virreína (Barcelona, Espanha), e na qual a Fundação Marques da Silva vai colaborar, preparando a cedência de documentação proveniente dos acervos de Sergio Fernandez, Alfredo Matos Ferreira e Alcino Soutinho. E também a exposição Políticas de Habitação em Lisboa: da Monarquia à Democracia, promovida pelo Arquivo Municipal de Lisboa e com curadoria científica de Gonçalo Antunes, para o Museu de Lisboa (Palácio Pimenta, Pavilhão Preto).

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2 10 Atos 100 Anos

9 NENHUM SÍTIO É DESERTO. Álvaro Siza: Piscina de Marés (1960-2021)

13

14

15

2.2 Outras iniciativas

A proposição e participação em iniciativas com outras entidades vai para além das exposições, com a participação ou divulgação de pelo menos 13 outras ações, num total que ultrapassa as duas dezenas de eventos, quando consideradas todas as iniciativas que se desenham em torno destas ações. No que se refere a ações presenciais, destaque para dois momentos, o regresso das Conferências Marques da Silva, após a interrupção forçada

Relatório de atividades e gestão - 2022 55 Quadro Síntese Títulos/descritivo sumário Visita guiada Encontros / Conferências Outros
Lisboa
1 At Play: Arquitectura e Jogo
Porto
Matosinhos 2 4 In Conflict Lisboa
Porto 1
Lisboa 7 Território Manuel Botelho Guimarães 1 1 2 Sessão de abertura e de encerramento
1 Publicação de catálogo
3 What? When? Why Not?
5 Manuel Botelho. Projeto e Obra
6 Sound it: Rádio Antecâmara / “Livros Pedidos”
8 “Rememorar” | Igreja de São Carlos Borromeu de Angra do Heroísmo Angra do Heroísmo, Açores
Porto
1 Publicação de catálogo
Arquitetonicamente Incorreto Oeiras 2
I viaggi di
Cesena, Itália 2 3 2
10
Do que vejo. Aurélia de Souza Leça da Palmeira, Matosinhos
11 Manuel Graça Dias: o Arquiteto
12
Fernando Tavora
Sessão de abertura e de encerramento António Carneiro, o poeta com pincéis Leça da Palmeira, Matosinhos Vida e Segredo Aurélia de Souza 1866-1922 Porto Fernão Simões de Carvalho: Arquitetura 19601999 / O Moderno Brutalista Oeiras

dos anos de pandemia. Uma iniciativa de periodicidade anual, lançada em 2008 e que desde então, entre conferencistas nacionais e internacionais, se assume como um fórum de reflexão e debate para temáticas diretamente relacionadas com a área programática da Fundação Marques da Silva. Mas também a presença, enquanto entidade parceira, em dois grandes Prémios de Arquitetura, o Prémio Fernando Távora, promovido pela OASRN, e um novo Prémio Manuel Graça Dias. E, em contínuo, a resposta a pedidos de outras entidades para além mesmo do âmbito estrito da Arquitetura, como é o caso da visita organizada com a Irmandade da Lapa ou da iniciativa Fora de Portas, com particular incidência no campo disciplinar da Engenharia. Da mais alta importância foi ainda a inclusão no projeto da Rede Portuguesa de Arte Contemporânea a Norte.

Mais uma vez, a listagem sumária destas iniciativas revela a extensão e relevância desta rede de parcerias e colaborações. Não contabilizadas nem listadas foram as várias iniciativas que a Fundação Marques da Silva divulgou, nas suas redes sociais e newsletter, a pedido das entidades que as promoveram, por não integrarem um envolvimento direto da instituição na sua realização para além do referido apoio. Inserem-se neste quadro, sobretudo, ações da FAUP e do Círculo Dr. José de Figueiredo, Amigos do MNSR.

- A presença de Marques da Silva no Cemitério da Lapa

29 de julho, visita guiada por José Pedro Tenreiro, Cemitério da Lapa

Esta visita guiada foi a terceira das cinco visitas propostas pela Irmandade da Lapa para o Ciclo de 2022 e contou com o apoio da Fundação Marques da Silva. José Pedro Tenreiro percorreu os lugares onde repousam várias gerações das famílias Marques da Silva e Lopes Martins, enquanto ia revelando as surpreendentes histórias que a partir deles e entre eles se podem contar. Um percurso iniciado no jazigo desenhado por Maria José e David Moreira da Silva, onde se encontra depositado José Marques da Silva, e que veio a concluir-se, depois de uma passagem pelos jazigos de Bernardo Marques da Silva e de António Lopes Martins, na capela mortuária projetada por Marques da Silva para Amélia Lopes Martins. Uma visita a demonstrar que há muito para dizer sobre este tema.

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- Paolo Zermani: Arquiteturas Italianas / Conferência Marques da Silva 2022

29 de novembro, 18:30, Auditório Fernando Távora (FAUP)

Depois de dois anos suspensas, as Conferências Marques da Silva regressaram ao Auditório Fernando Távora (FAUP) e trouxeram, pela primeira vez ao Porto, Paolo Zermani para falar sobre “Arquitecturas Italianas”. A apresentação ficou a cargo da arquiteta Ana Francisca Silva, autora de uma dissertação de mestrado sobre este professor e arquiteto que, em 2018, foi galardoado com o prémio Antonio Feltrinelli para a Arquitetura. A abertura foi assegurada por representantes das duas instituições organizadoras, o Diretor da FAUP, João Pedro Xavier, e o Vice-Presidente da Fundação Marques da Silva, Luís Urbano.

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- 18.ª edição do Prémio Fernando Távora

4 de abril, sede da OASRN, com Armando Rabaça, Maria Neto, Paulo Moreira e Susana Ventura Anúncio do vencedor da 18.ª Edição do Prémio

3 de outubro, sede da OASRN, Conferência de Margarida Quintã e Luís Ribeiro da Silva e Conversa com Maria João Seixas Trata-se de uma iniciativa da OASRN realizada em parceria com a Fundação Marques da Silva, a Câmara Municipal de Matosinhos e a Casa da Arquitectura, e com o patrocínio da Ageas Seguros. No júri desta edição, a Fundação Marques da Silva foi representada pelo Arquiteto José Bernardo Távora, filho de Fernando Távora e membro do Conselho Geral desta instituição. A vencedora da 18.ª edição foi Inês Vieira Rodrigues que agora irá empreender uma “Viagem às arquiteturas energéticas insulares”.

- 2.º Colóquio “Organizar, Preservar e Comunicar a Memória da Arquitetura: os Arquitetos e os Arquivos de Arquitetura de Portugal, Inglaterra e o Brasil” Webinar, 20 de abril, organizado pelo CIDEHUS

Luís Urbano, Vice-Presidente da Fundação Marques da Silva, foi um dos oradores do 2.º Colóquio Organizar, Preservar e Comunicar a Memória da Arquitetura: os Arquitetos e os Arquivos de Arquitetura de Portugal, Inglaterra e o Brasil, iniciativa com coordenação científica do investigador do Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades da Universidade de Évora (CIDEHUS) Paulo Batista. A sua participação, a segunda nestes encontros, debruçou-se sobre o processo de incorporação do arquivo do Arquiteto José da Cruz Lima. O colóquio, em formato webinar, foi transmitido em direto, via Facebook do CIDEHUS e permanece disponível online.

- Autofocus Blended Learning eSeminars

Conferências da neurocientista Kate Jeffery e do arquiteto-filósofo Gareth Griffths Webinar #3 e #4, 24 e 26 de maio /

Conferências de Alberto Pérez-Gómez, Juhani Pallasmas e Steven Holl #5, a 27 de junho, projeto coordenado por Pedro Borges de Araújo e Sérgio Amorim

A edição #3 e #4 dos Autofocus Blended Learning eSeminars (ABLeS) teve como tema Space. DIY [Do it yourself] e decorreu em maio; a edição #5, teve como tema Experience | Perception. O programa ABLeS, onde se cruzam Arquitetura, Filosofia e Ciências, resulta de uma parceria de três centros de Investigação: Instituto de Filosofia/Mind Language Action Research Group (FLUP); Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo (FAUP); e Centro de

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Investigação em Território, Arquitetura e Design/G1 (Faculdades de Artes e Arquitetura da Universidade Lusíada - Norte (Porto). Este ano, envolveram a participação de nomes de referência do panorama internacional como, Kate Jeffery, Gareth Griffths, Alberto PérezGómez, Juhani Pallasmas e Steven Holl. Trata-se de um projeto coordenado por Pedro Borges de Araújo e Sérgio Amorim.

- Inovação Fora de Portas – Engenharia Civil à mostra De maio a novembro de 2022

A iniciativa “Inovação Fora de Portas” procura revelar o conhecimento que sustenta muitas das obras e infraestruturas fundamentais para o desenvolvimento e modernização das cidades do Porto, Gaia e Matosinhos, e resulta da colaboração entre o Porto Innovation Hub, o Departamento de Engenharia Civil da FEUP (DEC/FEUP), o Município do Porto, a Reitoria da Universidade do Porto e a Gaiurb, tendo a Fundação Marques da Silva, a Casa da Arquitectura, a Ordem dos Arquitectos e a Ordem dos Engenheiros como instituições apoiantes.

28 de maio | Sessão sobre o Teatro Nacional São João. Conferência e Visita Guiada por Esmeralda Paupério e Ângela Melo, com moderação de Bárbara Rangel; lançamento da revista SBO #27, Bondade, dor, amor, ódio: acerca das fachadas do Teatro Nacional de São João; exibição de filme documental de Luís Martinho Urbano e Tiago Monteiro sobre o restauro das fachadas do TNSJ.

15 de julho | Sessão sobre a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, com Pedro Ramalho e Eduardo Marques, moderada por Bárbara Rangel; lançamento da revista SBO #28: Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, o concurso e a obra, 1988-2000; exibição de filme documental de Luís Martinho Urbano e Tiago Monteiro sobre a FEUP; visita guiada ao edifício.

5 de novembro | Sessão sobre o Terminal Intermodal de Campanhã, com Nuno Brandão Costa, Elza Mendes, Renato Bastos e Rita Guedes, moderada por Bárbara Rangel.

26 de novembro | Sessão sobre o i3S, com João Pedro Serôdio, Serôdio Furtado & Associados Arquitectos; Rui Furtado, afaconsult; Claudio Sunkel, i3S, moderada por Bárbara Rangel; lançamento da revista SBO #29: i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto; exibição de filme documental de Luís Martinho Urbano e Tiago Monteiro sobre o i3S; visita guiada ao edifício.

- Rede Portuguesa de Arte Contemporânea / Norte

A 20 de maio, na Casa das Artes, a RPAC – Norte (Rede Portuguesa de Arte Contemporânea), lançou o novo website que, para além das entradas correspondentes a cada um dos 13 Centros de Arte/Arquitetura que a compõem, disponibilizou ainda, graças à parceria entre a Google Arts & Culture e a Direção Regional de Cultura do Norte, o acesso a 14 exposições virtuais. Numa e noutra vertente, a Fundação Marques da Silva esteve presente, disponibilizando conteúdos. Assim como ainda a 2 de março, aqui se realizou uma das visitas técnicas programadas para apresentação da instituição a colaboradores das restantes entidades. De 17 de junho a 5 de agosto, todas as sextas-feiras, às 15:00, o projeto Norte Contemporâneo levou também à TSF as entidades parceiras da Rede Portuguesa de Arte Contemporânea (RPAC) - Norte. A Fundação, representada pela sua Presidente, Fátima Vieira, participou na emissão do dia 22 de julho. Foi ainda realizado o vídeo promocional, protagonizado pela Presidente e gravado na sua sede. Recentemente, já em 2023, a Fundação Marques da Silva foi reconhecida pelo Ministro da Cultura como membro da Rede Portuguesa de Arte Contemporânea.

Relatório de atividades e gestão - 2022 59

- Prémio Manuel Graça Dias dst - Ordem dos Arquitectos, Primeira-Obra e atribuição do título de Membro Honorário da Ordem dos Arquitectos à Fundação Marques da Silva

27 de outubro, Dia Mundial da Arquitetura, sede da Ordem dos Arquitetos, Lisboa

Este novo Prémio é uma iniciativa da Ordem dos Arquitetos que transporta a dupla intenção de revelar novos valores na arquitetura portuguesa e celebrar Manuel Graça Dias. Trata-se de um concurso bianual que se dirige a autores de obras de arquitetura que tenham sido construídas nos primeiros oito anos após a sua inscrição como membro na OA (nesta primeira edição, entre 2014 e 2021), com o autor(es) da obra distinguida a receber o valor pecuniário de 20.000€, o convite para uma apresentação e a ter uma oportunidade de a publicar através dos meios da OA.

A Fundação Marques da Silva é parceira institucional deste Prémio. Na mesma sessão onde foi anunciado o Prémio, foi também atribuído o título de Membro Honorário da Ordem dos Arquitetos à Fundação Marques da Silva. Um gesto de reconhecimento do trabalho e ações desenvolvidas nacional e internacionalmente pela Fundação “da investigação e produção de conhecimento científico, conferências, atividade editorial e reflexões disciplinares sobre os temas que prestigiam a arquitetura e o nosso património disciplinar e científico.”

- Saal – Miragaia

20 de novembro de 2023, Miragaia

Este projeto, um percurso por Miragaia, que resulta de uma residência do arquiteto Ricardo Medina ao longo do ano de 2022, foi produzido pelo Coletivo de Investigação Teatral

CONFEDERAÇÃO no âmbito do programa Cultura em Expansão/Câmara Municipal do Porto, para o Polo de Miragaia. Tendo como objetivo perceber o que aconteceu neste território no período que se seguiu ao 25 de Abril de 1974, nomeadamente os esforços, motivações e movimentações que tiveram lugar durante o tempo que decorreu o processo

SAAL – Serviço de Apoio Ambulatório Local, a investigação deste arquiteto cruzou-se com o trabalho desenvolvido pela Brigada Técnica de Miragaia - a equipa coordenada pelo arquiteto Fernando Távora (1923-2005), fundada em 1976 – e pela intensa colaboração mantida com a Associação de Moradores de Miragaia. A Fundação Marques da Silva foi uma das entidades apoiantes, cedendo conteúdos documentais.

Fundação Marques da Silva 60

- 50 anos ISCTE

ao longo de 2022

Em 2022, o ISCT celebrou a passagem de 50 anos da fundação do ISCTE, cujo Campus foi projetado por Raúl Hestnes Ferreira entre 1976 e 2012. Entre as várias iniciativas programadas, foi lançado um website e produzidos, por Ana Rita Mateus, vídeos com os testemunhos de Alexandra Saraiva e Bernardo Miranda. A Fundação Marques da Silva associou-se à efeméride, nomeadamente através da cedência de conteúdos para as duas iniciativas.

- Projeto Museológico do Centro Interpretativo e Etnográfico do Soajo

Junho de 2022

A Fundação Marques da Silva apoiou o projeto museológico que foi realizado pelo Centro Interpretativo e Etnográfico do Soajo, através da cedência de conteúdos pertencentes ao Arquivo Fernando Távora.

- Homenagem a Arquiteta Maria José Marques da Silva em Rio Covo Santa Eugénia

11 de setembro, Rio Covo, Barcelos

Com a presença da Presidente do Conselho Diretivo da Fundação Marques da Silva, a 11 de setembro, dia da freguesia de Rio Covo Santa Eugénia, a Junta promoveu uma sessão de homenagem à Arquiteta Maria José Marques da Silva, pelo contributo que, ao longo da sua vida, deu para o desenvolvimento desta freguesia.

- Montagem de Percurso expositivo no Super Bock Arena–Pavilhão Rosa Mota

A partir de janeiro, no Pavilhão Rosa Mota, Porto

A Secret Spots, desde janeiro de 2022, lançou um programa de visitas guiadas ao Porto Super Bock Arena

– Pavilhão Rosa Mota, no Porto. Para acompanhar e enquadrar os visitantes sobre a história daquele espaço emblemático da cidade do Porto, projetado por José Carlos Loureiro, foi montado um percurso expositivo onde se mostram peças desenhadas do projeto cedidas pela Fundação Marques da Silva.

Relatório de atividades e gestão - 2022 61

10 50 Anos Iscte

11 Projeto Museológico do Centro Interpretativo e Etnográfico do Soajo

12 Homenagem a Arquiteta Maria José Marques da Silva em Rio Covo Santa Eugénia - Barcelos

13 Percurso expositivo de suporte à visita guiada ao Super Bock Arena–Pavilhão Rosa Mota

3. Atividade editorial

A atividade editorial é uma das áreas estratégicas da Fundação Marques da Silva, enquanto instrumento privilegiado de valorização do património documental e enquanto reflexo de uma abertura e incentivo à prática da investigação. No seu conjunto, os já 59 títulos publicados (33 impressos e 26 em formato digital) têm em vista a construção e democratização do conhecimento que tem vindo e continua a ser alcançado nos campos disciplinares de ação prioritária desta instituição: Arquitetura, Urbanismo e Património. Concretizando, esta dinâmica editorial distribui-se por cinco linhas orientadoras: os livros que dão a conhecer ou se constroem a partir do património documental da instituição (caso das monografias sobre obras de Marques da Silva, das coleções em torno do acervo de Fernando Távora e dos vários catálogos publicados); livros que resultam de iniciativas

Fundação Marques da Silva 62 Quadro Síntese Títulos/descritivo sumário Visita guiada Encontros / Conferências Outros 1 A presença de Marques da Silva no Cemitério da Lapa 1 2 Paolo Zermani: Arquiteturas Italianas / Conferência Marques da Silva 2022 1 3 18.ª edição do Prémio Fernando Távora 2 4 2.º Colóquio “Organizar, Preservar e Comunicar a Memória da Arquitetura: os Arquitetos e os Arquivos de Arquitetura de Portugal, Inglaterra e o Brasil” 1 5 Autofocus Blended Learning eSeminars #3, #4 e #5 3 6 Inovação Fora de Porta – Engenharia à mostra 1 3 1 (vídeo e livro) 7 RPAC – Rede Portuguesa de Museus de Arte Contemporânea a Norte 1 Conteúdos para plataformas digitais 8 Ordem dos Arquitetos: Manuel Graça Dias dá nome a um novo Prémio e é atribuído o título de Membro Honorário da Ordem dos Arquitectos à Fundação Marques da Silva 1 Sessão do
Mundial
Dia
da Arquitetura
2
9 Saal – Miragaia
vídeos
website
e
Sessão comemorativa

promovidas pela Fundação (caso das Conferências Marques da Silva, da quase totalidade das edições em formato digital, etc.); livros com temáticas relevantes ou de autores que se inserem no âmbito da ação programática da Fundação (caso da publicação de teses de doutoramento, da coleção Giorgio Grassi Opera Omnia Sic, da coleção A Escolha do Porto, ou da mais recente publicação de Alexandre Alves Costa); assim como a colaboração com editoras de outros países para publicação de traduções ou de investigações que versam obras de autores portugueses. Com a publicação de Vill’Alcina, a Fundação abriu também uma nova linha de publicações, onde se explora uma vertente mais artística e ousada, seja do ponto de vista do conteúdo, seja do ponto de vista gráfico.

É de sublinhar que a materialização de uma grande parte destes projetos passa pelo estabelecimento de parcerias, com destaque para as Edições Afrontamento. Devem, contudo, ser ainda referidos outros projetos colaborativos, seja com a Circo de Ideias ou a U.Porto Press, mas também com editoras internacionais para publicação, nas respetivas línguas de origem, de obras traduzidas de Fernando Távora. Paralelamente, são cada vez mais os títulos publicados com o apoio da Fundação Marques da Silva ou com a inclusão de conteúdos por si cedidos, de catálogos de exposições a livros de atas de colóquios ou trabalhos autorais, muitos deles da autoria de investigadores cujas pesquisas passaram pelo Centro de Documentação da Fundação Marques da Silva.

Em paralelo, a instituição continua a apoiar todo um conjunto de outras publicações de outros autores e/ou editoras, que requerem a cedência de conteúdos documentais. Numa outra perspetiva, a Fundação Marques da Silva tem iniciada uma linha de produção de produtos de merchandising (cadernos de notas e puzzles) e apoiou a Reitoria da Universidade do Porto/Casa Comum para produção de um conjunto de artigos a partir de elementos gráficos inspirados no projeto de Marques da Silva para o Teatro São João. Tem, contudo, em vista a produção de uma linha autónoma.

Este esforço editorial tem sido acompanhado pela necessidade de garantir a difusão dos títulos por si editados a um público o mais abrangente possível. As edições das Fundações podem ser adquiridas presencialmente na sede da instituição ou através da loja online, onde também se encontram 20 outros títulos em consignação. Fora de portas, nos circuitos comerciais, a Fundação Marques da Silva tem 40 itens (entre livros e merchandising) distribuídos em regime de consignação por 25 pontos de venda.

Sempre que possível, a Fundação Marques da Silva participa em ações promocionais e/ou de divulgação editorial, bem como incentiva a criação de laços de cooperação com outras entidades, de forma a promover canais de comunicação e difusão das suas publicações. Em 2022, continuou a marcar presença nas Feiras do Livro: em Lisboa (de 25 de agosto a 11 de setembro), no Parque Eduardo VII, no Pavilhão da Blau e das Edições Afrontamento; e no Porto (de 26 de agosto a 11 de setembro) nos jardins do Palácio de Cristal, no Pavilhão da U. Porto Press e das Edições Afrontamento. Outros momentos de grande visibilidade passaram pela organização de sessões de lançamento que, em 2022, privilegiaram a opção pela Fundação Marques da Silva como local de realização. Uma opção validada pela forte afluência de público.

Relatório de atividades e gestão - 2022 63

3.1. Projetos desenvolvidos no âmbito da Fundação

Em 2022, a Fundação Marques da Silva promoveu o lançamento de 3 novos títulos, viu ser lançada uma versão em língua italiana do Diário de Viagem de Fernando Távora em Cesena, um novo Mapa de Arquitetura sobra a obra de Rui Goes Ferreira, na Madeira, e deixa em fase avançada de publicação 6 novos projetos editoriais. Ficam ainda preparadas as bases contratuais para publicação da versão em francês e em inglês do livro de Fernando Távora Da Organização do Espaço

Sessões de lançamento de livros realizada em 2022, na Fundação Marques:

- Uma vida de arquiteto, de Giorgio Grassi e com tradução, notas e prefácio de José Miguel Rodrigues, o terceiro volume da coleção Giorgio Grassi, opera omnia sic a ser publicado em parceria pela Fundação Marques da Silva e Edições Afrontamento. Neste livro, o autor faz uma análise retrospetiva da sua vida, fazendo-a acompanhar de um registo da obra projetada e construída, uma espécie de guia explicativo do seu trabalho, e por um álbum de amigos. O seu lançamento decorreu a 25 de março de 2022, na presença do autor e do tradutor. A apresentação esteve a cargo de Luca Ortelli e Nuno Brandão Costa.

- Vill’ Alcina, de Germana Lópes Souza, editado pela Fundação Marques da Silva. Escrito na primeira pessoa, num tom poético, este livro com acabamento personalizado, relata a experiência de conhecer a casa Vill’Alcina, projetada pelo arquiteto Sérgio Fernandez e construída em 1974 em Caminha, norte de Portugal. A sessão de lançamento decorreu a 28 de junho, na presença da autora e do arquiteto. A apresentar esteve Maria Manuel Oliveira.

- Argumentos 1: em deriva, de Alexandre Alves Costa, editado pela Fundação Marques da Silva em parceria com a U. Porto Press, o primeiro de um díptico integrado na Coleção Transversal. São textos “em deriva”, textos que expressam o desejo de experiência da beleza, da justiça e da liberdade. O lançamento decorreu a 3 de dezembro, na presença do autor e com apresentação de Francisco Louçã.

Fundação Marques da Silva 64

Lançamento de outros projetos editoriais:

- Mapa de Arquitetura Rui Goes Ferreira, o primeiro sobre o território madeirense, em formato digital e impresso, publicado pela Secção Regional da Madeira da Ordem dos Arquitectos, em parceria com a Fundação Marques da Silva e com o apoio da Secretaria Regional de Cultura da Madeira. A coordenação do projeto coube a Madalena Vidigal, arquiteta e investigadora, neta de Rui Goes Ferreira. O lançamento deste roteiro que percorre 22 obras deste arquiteto, decorreu a 4 de outubro, no Museu de Fotografia da Madeira

- Fernando Távora, Diario di bordo, tradução para língua italiana do Diário da viagem de 1960, com tradução e textos introdutórios de Antonio Esposito, Giovanni Leoni e Raffaella Maddaluno. Esta edição da LetteraVentidue, contou com o apoio da Fundação Marques da Silva e da família Fernando Távora. O seu lançamento decorreu em Cesena, a 25 de novembro, no âmbito da exposição I Viaggi di Fernando Távora. Na apresentação, para além dos tradutores/autores, estiveram presentes Madalena Pinto da Silva e Fernando Barroso. Nessa ocasião, fez-se também uma apresentação em Cesena do livro Dell’ organizzazione dello spazio, de Fernando Távora, a tradução para italiano, por Carlotta Torricelli, do livro de Fernando Távora, Da organização do espaço, lançado em 2021 pela editora Nottetempo com o apoio da Fundação Marques da Silva e da família Fernando Távora.

Em preparação

- A Escrita do Porto: Construção de uma Identidade, de Eduardo Fernandes, o segundo fascículo a editar no âmbito da coleção A Escolha do Porto, contributos para a actualização de uma ideia de Escola. O livro, com prefácio de Jorge Correia, à imagem do anterior, será editado em parceria pela Fundação Marques da Silva, as Edições Afrontamento com o apoio do Lab2PT- Laboratório de Paisagens, Património e Território da Universidade do Minho e do Centro de Documentação da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto. Nele serão abordadas as questões que o autor associa à génese da “Escrita do Porto”, indissociável da figura de Fernando Távora e da sua obra teórica, desenhada e construída.

- Teoria e Desenho da Arquitectura em Portugal, 1956-1974: Nuno Portas e Pedro Vieira de Almeida, de Tiago Lopes Dias, livro a publicar pela Fundação Marques da Silva em parceria com as Edições Afrontamento. Este livro representa a passagem a livro da tese de doutoramento do autor, apresentada na Universidat Politècnica de Catalalunya, em 2017. Trabalho de investigação que partiu de uma hipótese que pretende questionar as leituras canónicas da arquitetura portuguesa como prática essencialmente empírica e intuitiva, mas não independente de uma estruturação teórica que conheceu um desenvolvimento ímpar nos anos 1960.

Relatório de atividades e gestão - 2022 65

- Paolo Zermani: Arquiteturas Italianas, projeto que fixará em livro a conferência proferida por Paolo Zermani para o Ciclo Conferências Marques da Silva em 2022. A publicação será lançada em língua portuguesa pela Fundação Marques da Silva e será o 8.º título a ser publicado nesta coleção.

- O tomo II do volume 1, do projeto editorial As raízes e os Frutos. palavra desenho obra (1937-2001), com investigação, organização e notas de Manuel Mendes.  Este segundo livro dá notícia do estudo compreendido por Fernando Távora entre 1944 e 47, e registado em manuscritos próprios e em anotações de livros da sua biblioteca. Este projeto editorial é materializado pela parceria estabelecida entre a Fundação Marques da Silva, a FAUP e a U. Porto Press.

- No âmbito do projeto Giorgio Grassi Opera omnia sic, que tem em vista traduzir para português toda a obra escrita de Giorgio Grassi, com coordenação científica, tradução e notas de José Miguel Rodrigues, estão em preparação mais dois volumes: #1 A construção lógica da arquitectura e #2 A arquitectura como ofício, seguido de Heinrich Tessenow, Observações Elementares sobre o Construir. Esta coleção é coeditada pela Fundação Marques da Silva e as Edições Afrontamento.

- Novo Antigo, coordenado por Teresa Cunha e com a participação de David Ordoñez e Eleonora Fantini, a publicar em coedição pela FAUP, Fundação Marques da Silva e Edições Afrontamento. É um projeto que pretende introduzir um novo e mais profundo olhar sobre práticas de intervenção no construído, ao documentar todo o seu processo (o antes, durante, depois) e não apenas o resultado final, como é prática frequente nas publicações da especialidade. A investigação já realizada centra-se na obra de Fernando Távora e Alcino Soutinho.

- Tradução para língua inglesa dos escritos de Fernando Távora Da Organização do Espaço e O Problema da Casa Portuguesa, projeto a desenvolver pelo Politécnico de Milão, Polo Territoriale di Mantova, com a editora Franco Angeli, e que conta com o apoio da Fundação Marques da Silva e da família de Fernando Távora.

- Tradução para língua francesa do texto de Fernando Távora Da Organização do Espaço com tradução de François Dufaux, projeto a desenvolver pela editora Parenthèse com o apoio da Fundação Marques da Silva e da família de Fernando Távora.

Fundação Marques da Silva 66

1 7 chancela IMS (2 títulos esgotados)

2 7 Conferências Arquiteto José Marques da Silva (1 título esgotado)

3 4 Monografias José Marques da Silva

4 3 Fernando Távora: ‘minha casa’ (1 reeditado)

5 3 Giorgio Grassi, opera omnia sic

4 mapas de arquitetura (2 reeditados, 1 novo título)

6 Litografias IMS (1 esgotada)

2 catálogos 2 cadernos de notas (1 reeditado)

1 Espanhol (Da Organização do Espaço)

2 Italiano (Da Organização do Espaço) + (Diario)

5 centenário da Avenida 1 puzzle 1 Inglês (Da Organização do Espaço)

10 textos de conferências/ comunicações

3 textos soltos

6 1 As raízes e os Frutos 1 Roteiro de viagem

7 1 A escrita do Porto 1 tese

8 5 Trabalhos académicos/ livros de arquitetura

9 1 Argumentos 1

10 1 Outros

1 1 A escrita do Porto 1 Francês (Da Organização do Espaço)

2 2 Giorgio Grassi, opera omnia sic 1 Inglês (Da Organização do Espaço)

3 1 As raízes e os frutos

4 1 Trabalhos académicos/ livros de arquitetura

5 1 Novo/Antigo. Fernando Távora

6 1 Conferência Marques da Silva

Relatório de atividades e gestão - 2022 67 Quadro Síntese Edições Impressas -33-
Digitais -26Merchandising -9Traduções F.T. -3-
Edições
preparação Edições Impressas -7Edições Digitais Merchandising Traduções -2-
Em

3.2. Distribuição comercial e ações promocionais

A Fundação Marques da Silva continuou, ao longo de 2022, a garantir a circulação das suas edições através de uma rede que conta com 25 pontos de distribuição (14 no Porto, 8 noutros locais e 2 em livrarias virtuais), nos quais se inclui a própria Fundação, com um ponto de venda físico e uma loja online. No total, a Fundação Marques da Silva mantém 41 itens em consignação (entre livros e merchandising), traduzidos em 677 exemplares distribuídos pelos seguintes pontos de venda:

Quadro Síntese:

Ref.ª Porto (cidade/distrito) Lisboa Outros locais Livrarias Virtuais

Títulos/ exist. Pontos de venda Títulos/ exist. Pontos de venda Títulos/ exist. Pontos de venda Títulos/ exist. Pontos de venda

1 27 / 66 AEFAUP 13 /27 A+A 1 /19 CES (Coimbra) 10 /16 Quântica

2 15 / 39 Serralves 23/66 BLAU 1 /7 CAPC (Coimbra) 2 /2 mbooks

3 7 /30 CP 1 /2 TDM II 1 /16 Theatro Circo (Braga)

4 9 / 9 I2ADS 16/69 DGLAB 3 /10 Museu Ferroviário (Entroncamento)

5 14 /36 Circo de Ideias

6 1 /9 DGLAB ADP 7 25 /52

2 /79 U.Porto Press

11 11 /25 OASRN

12 14 /19

13 11 /23

14 19 /22 Livraria Juvenil

Na Loja da Fundação Marques da Silva, para além dos títulos, cadernos de notas, cartazes e puzzle com chancela da instituição, disponibiliza, em regime de consignação, 20 outros títulos sobre temas ligados a arquitetos ou à arquitetura portuguesa, dos seguintes autores/editoras:

J. Carlos Loureiro (1); Ana Cotter (1); editora Dafne (6); livraria A+A (5); Edições Afrontamento (1); da editora “a.mag” (1); de Álvaro Leite Siza (1); AMDJAC - A Mochila do João, Associação Cultural (1); Tchoban Foundation (1); Circo de Ideias (2).

Reconhecendo, apesar do esforço que tem vindo a ser empreendido, que as estruturas de venda ainda revelam uma escala contida de circulação comercial, não deixa de ser significativo que, ao longo de 2022 tenham sido vendidos 222 livros, 60% das vendas a serem realizadas na ou pela Fundação e os restantes 40%, através das consignações em vigor.

Fundação Marques da Silva 68
Loja
ACA
Museu do Carro Elétrico 10
UP 8 11 /22
9 6 /12
Unicepe
Helda Mendes

3.3. Apoios a projetos editoriais externos

A documentação contida nos acervos à salvaguarda da Fundação Marques da Silva é frequentemente requisitada para cedência de imagens digitais para publicações de caráter científico ou de divulgação, académicas ou para finalidade comercial, de caráter nacional e internacional. Só em 2022, cerca de uma centena de investigadores, seja para realização de trabalhos académicos, apresentação de conferências ou projetos expositivos em curso requisitaram conteúdos digitais. Mas também para os mais diversos projetos editoriais, nacionais e internacionais. Aqui se destaca, para além de artigos para revistas digitais de Alexandra Saraiva, Mariana Couto, Eduardo Fernandes, a cedência de conteúdos para 8 dos que foram, entretanto, publicados:

- SBO #27, “Bondade, dor, amor, ódio: acerca das fachadas do Teatro Nacional de São João”, lançada em maio, editada pelas Edições Afrontamento e pela FEUP no contexto do projeto Fora de Portas – Engenharia Civil à Mostra;

- Domingos Tavares, Fernando Távora em Aveiro - O Edifício Municipal, coeditado pela Dafne Editora e pelo Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto;

- Elli Mosayebi, Michael Kraus (coord.), The Renewal of Dwelling. European Housing Construction 1945-1975, publicado pela Triest Verlag

- Maria do Rosário Monteiro, Mário Ming Kong e Maria João Pereira Neto (ed.), Tradition Innovation. Leiden: CRC Press/Balkema, 2021. (Livro de atas do VI colóquio internacional PHI, com os artigos de J. M. Couto Duarte & M. J. Moreira Soares, “Fernando Távora’s Japan through books: a fascination with tradition in search of innovation”, e de R. Maddaluno, “The Italian Tradition of the practice of design: Alcino Soutinho and the Gulbenkian journey of 1960-1961”).

- Cláudia Almeida, Filipa Lowndes Vicente, Do que vejo. Aurélia de Souza Catálogo da Exposição. Matosinhos: CMM, 2022.

- Diana Gonçalves dos Santos (coord.), REMEMORAR: I Estação, Igreja de São Carlos Borromeu. Catálogo da Exposição. Angra do Heroísmo: SREAC/DRAC, 2022.

- Jesko Fezer, Umstrittene Methoden: Architekturdiskurse der Verwissenschaftlichung, Politisierung und Partizipation im Umfeld des Design Methods Movement der 1960er Jahre. Hamburg: adocs, 2022.

- Pedro Carrilho e António Abreu (coord. ed.), Manuel Graça Dias: arquitetura 1985-2018 / O Arquiteto Arquitetonicamente Incorreto. Catálogo de exposição. Oeiras: Município de Oeiras, 2020

Relatório de atividades e gestão - 2022 69

4. Através do mundo digital: produzir, noticiar, partilhar

O desenho de estratégias e a criação de condições para dar a conhecer ao maior número de pessoas, e não apenas aos investigadores ou público especializado no domínio da Arquitetura, implica divulgar e informar o trabalho desenvolvido nas suas várias frentes, com a maior eficácia possível, na circunstância dos meios que tem à sua disposição. Pressupõe que a informação divulgada permita sensibilizar para a relevância das temáticas e ações que se vão abordando ou desenvolvendo, e que seja feito um esforço consciente de harmonização dos vários suportes informativos que a instituição consegue gerir e onde os canais digitais, num mundo cada vez mais acessível e global, adquire uma particular relevância.

O eixo central da informação veiculada pela instituição sustenta-se nos projetos que a instituição vai desenvolvendo, na riqueza dos acervos da instituição e na singularidade dos espaços onde se encontra sedeada. Numa instituição onde cuidar a memória é uma ideia basilar, regra geral e sempre que possível, a informação relativa a muitos eventos é também acompanhada, após a sua realização, de registos que fazem o seu balanço. É ainda uma prática continuada da instituição, a produção de novos conteúdos, sempre difundidos através das várias plataformas digitais: Site, Facebook, Instagram, Twitter, Youtube e Vímeo. As Newsletters, para além de destacarem momentos específicos da programação interna, são outro canal importante de divulgação, muitas vezes complementado pelo envio de emails direcionados para a divulgação e/ou convites de iniciativas específicas. Assim, à imagem dos anos anteriores, manteve-se, em 2022, na Fundação Marques da Silva, a prática de sinalizar as atividades programadas pela Fundação ou que contam com a sua participação, os atos de doação ou de receção da nova documentação; a realização de campanhas de higienização e digitalização; a sinalização de efemérides como sejam o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, o Dia Internacional dos Museus ou as Jornadas Europeias do Património, mas também a evocação do Dia Mundial do Livro, da Poesia, do Teatro, da Dança, da Fotografia e da Arquitetura; ou outras efemérides, como a já tradicional referência às datas de nascimento dos arquitetos representados na instituição através da divulgação de documentos e/ou informação sobre o seus percursos, pessoais e/ou profissionais (31). Foi ainda dada continuidade aos dois podcasts que a Fundação Marques da Silva produz, com o apoio da Casa Comum para a sua gravação e difusão, Escritos Escolhidos e Passa-a-Palavra: falemos de arquitetura, com a publicação de 11 novos programas. Transversal a esta prática de difundir, promover, partilhar conhecimento e a atividade da instituição é a procura de nunca se abdicar de um sentido de rigor e de sintonia com o tempo que se vive. Grosso modo, e para além de todos planos de comunicação desenhados em torno das exposições e iniciativas já enunciadas neste Relatório, pode-se ainda sistematizar a ação desenvolvida em 2022, com a referência aos seguintes núcleos:

- Doações

Foram publicadas notícias relativas às doações de acervos de arquitetura e/ou bibliográfico dos arquitetos Margarida Coelho, Germano de Castro Pinheiro, Domingos Pinto de Faria, Manuel Botelho, Filipe Oliveira Dias, sempre contextualizadas face aos seus percursos pessoais e profissionais com uma apresentação sumária dos conteúdos doados.

Fundação Marques da Silva 70

- Campanhas de higienização, reacondicionamento e digitalização

Foram sendo produzidas, ao longo do ano, notícias que permitiram dar a conhecer e acompanhar as várias campanhas em larga escala de higienização e digitalização (interna e externa) de documentação pertencente à Fundação Marques da Silva. O que permitiu, a quem segue as redes sociais da Fundação, saber a relevância dessas ações, conhecendo que acervos estavam a ser contemplados e o alcance do trabalho realizado. Notícias que foram sendo acompanhadas de registos fotográficos sobre o trabalho em si ou sobre documentação que estas operações foram revelando. Informações importantes para divulgar boas práticas de salvaguarda documental, mas também relevantes para quem as pretende consultar e manipular.

- Podcasts

Durante o ano de 2022, a Fundação Marques da Silva continuou a produzir conteúdos próprios para divulgação através dos dois podcasts produzidos em parceria com a Casa Comum da Reitoria da UP: Escritos Escolhidos e Passa-a-Palavra: falemos de arquitetura. O primeiro, com o foco na produção escrita dos arquitetos representados no Centro de Documentação da instituição, contabiliza, no final do ano, 28 programas. O segundo, com 19 edições lançadas, Passa-a-Palavra: falemos de arquitetura é feito a partir e para a comunidade de arquitetos. Estes programas foram idealizados e produzidos por Paula Abrunhosa com o apoio técnico de Paulo Gusmão. Estes programas encontram-se disponíveis no canal da Casa Comum e em Spotify. Em 2022, com 11 novos programas, foram estes os temas:

Escritos Escolhidos:

#23: Mário Bonito: Da arquitectura abstracta à arquitectura realista (1956)

#24: Agostinho Ricca: Somente duas palavras (2001)

#25: António Cardoso: Laranjo: uma poética de libertação e de rigor (1985)

#26: Manuel Graça Dias: Ruas e Estradas (2005)

#27: Manuel Botelho: Da Poética na Arquitectura (2005)

#28: Nuno Portas: Do síndroma da Torre à confusão post na arquitetura (1984)

Relatório de atividades e gestão - 2022 71

Passa-a-Palavra: falemos de arquitetura:

#15: Gonçalo Byrne: La Petite Maison du Lac, Lago Léman, Le Corbusier - Corseaux

#16: Manuel Aires Mateus: San Carlo alle quatro fontane, Francesco Borromini - Roma

#17: Ricardo Bak Gordon: Ponte sobre o Tejo ou Ponte 25 de Abril - Lisboa

#18: Ricardo Carvalho: Casa Barragán, Luis Barragán - México

#19: José Adrião: Caminhos para a Acrópole, Dimitris Pikiomis - Atenas

- Aniversários de arquitetos

Ao longo de 2022 foram sinalizados os aniversários de 31 arquitetos, num gesto que tem como objetivo primeiro divulgar algo sobre os seus percursos pessoais ou sobre a obra por eles desenvolvida, ao mesmo tempo que se revelam documentos ou peças constituintes dos acervos doados e, portanto, pertencentes ao Centro de Documentação da instituição. Pretende-se, assim, simultaneamente, suscitar o interesse pela investigação destes mesmos núcleos. Aqui se contam histórias, se procuram factos menos conhecidos ou até desconhecidos do público, num olhar transversal a todos, independentemente do seu maior ou menor reconhecimento público. Assim, em 2022 falou-se de: Manuel Marques de Aguiar (a partir de trabalhos desenvolvidos ao longo da década de 50), Carlos Carvalho Dias (com a notícia da abertura de Sistema de Informação no Arquivo Digital da Fundação) e David Moreira da Silva (revelando correspondência com Juan Honold Dünner), em janeiro; Alexandre Alves Costa (publicando o desenho “Arquitetura: Energy - Marina Abramovic”) e Bartolomeu Costa Cabral (partilha do vídeo sobre o atelier da Rua da Alegria), em fevereiro; Alfredo Matos Ferreira (frames sobre as filmagens durante o período do SAAL); Luiz Botelho Dias (uma caricatura feita por Manuel Marques de Aguiar), Mário Bonito (lançamento do #23 de Escritos Escolhidos: Da arquitectura abstracta à arquitectura), e Maurício de Vasconcellos (com um desenho sobre a requalificação do Coliseu dos Recreios, em Lisboa) em março; Manuel Graça Dias (falou-se do encontro das cores no desenho para a nova sede do Expresso/Sojornal na rotunda da Bela Vista, em Lisboa), Manuel Teles (notícia da sua participação na equipa de Niemeyer para o projeto do Casino Park Hotel, na Madeira), Sergio Fernandez (citação do elogio proferido pro Jorge Figueira durante a cerimónia de doação) e António Menéres (publicação da fotografia que foi o passaporte para a sua participação no Inquérito), em abril; Luiz Alçada Baptista (um desenho do CODA: uma habitação na Serra da Estrela) e João Queiroz (a placa do atelier com informações sobre o lugar de origem), em junho; Octávio Lixa Filgueiras (o alçado poente das instalações fabris da SONAE, na Maia e Fernando Távora (um mapa-múndi desenhado por Távora com roteiros de viagens assinalados), em agosto; Maria José Marques da Silva (mulher-arquiteta entre homens, como duas fotografias, como aluna e à frente da Associação de Arquitetos, o confirmam), José da Cruz Lima (os vários cineteatros projetados por este arquiteto) e Fernando Lanhas (desenhos do projeto para o Museu Monográfico de Conimbriga) e Nuno Portas (fotografia da Seminário de Metodologia do Desenho, que deu em Sevilha) em setembro; José Porto (notícia de um ainda pouco conhecido Anteprojeto para um estádio distrital no Porto), José Marques da Silva (o polémico projeto para o Concurso ao Monumento ao Marquês de Pombal, em Lisboa) e Fernão Simões de Carvalho ( a singularidade da casa de Queijas), em outubro; Alcino Soutinho (um desenho da viagem ao Norte de África), Rui Goes Ferreira (o Bloco Comercial do Largo da Igrejinha., como exemplo de posicionamento sobre o património), Francisco Granja (o CODA: hotel à

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beira-mar) e Raúl Hestnes Ferreira (o “apelo ao sol”, desenho dos seu tempo de formação no Porto), em novembro; José Carlos Loureiro (uma casa “presente como um reino”, do CODA à construção e vivência da casa para si projetada), Alfredo Leal Machado (a escola de regentes agrícolas em Coimbra, como sinal do que haverá ainda para descobrir sobre a obra deste arquiteto) e Manuel Botelho (a vertente poética da Casa em Ponte da Barca, patente numa fotografia do próprio autor do projeto), em dezembro.

- Efemérides

Em 2022, foram sinalizadas as seguintes efemérides: a 8 de março, o Dia da mulher, com uma notícia sobre os testemunhos de mulheres arquitetas para o podcast Passa-a-Palavra; a 27 de março, o Dia mundial do Teatro, com um desenho de Maurício de Vasconcellos, do Coliseu dos Recreios; a 23 de abril, o Dia Mundial do Livro, com uma notícia sobre livros antes de serem livros, a partir do acervo de Raúl Leal; a 29 de abril, o Dia Mundial da Dança, com a publicação de um desenho para o Hotel Bergere, de José Porto; a 18 de maio, o Dia Internacional dos Museus, notícias sobre as exposições patentes ao público, nesse dia de entrada livre; e 19 de agosto, o Dia Mundial da Fotografia, com uma fotografia de Francisco Ascensão sobre a obra de restauro e requalificação do edifício “A Nacional”.

- Postal de Natal

Como é já tradição, na Fundação Marques da Silva, o postal de natal é sempre uma composição gráfica feita a partir desenhos ou documentos provenientes dos acervos do Centro de Documentação. Este ano não foi exceção, tendo sido usado como base um esquisso do interior do Cinema Batalha, pertencente ao projeto de requalificação do Cinema Batalha, da autoria do Atelier 15, obra concluída e inaugurada exatamente a 9 de dezembro deste ano.

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- E muito mais

Considerando as plataformas virtuais de divulgação e os conteúdos nelas veiculados, os campos elencados não cobrem a totalidade das publicações, desde logo plasmados nas 6 newsletters e em muitas outras notícias que dão conta dos projetos editoriais em curso, de ofertas para a Biblioteca corrente, assim como notícias relativas à atualidade (da condecoração atribuída ao arquiteto Bartolomeu Costa Cabral, ao falecimento de figuras relevantes para a instituição: António Cardoso, José Carlos Loureiro, Francisco Laranjo ou Luís Ferreira Alves); ou mesmo, em resposta a pedidos de apoio à divulgação emitidos por outras entidades, maioritariamente provenientes da FAUP e do Círculo Dr. José de Figueiredo, Amigos do MNSR.

É importante referir que a Fundação Marques da Silva registou 262.516 entradas no seu Site, num ano em que foram publicados 177 destaques, na sua grande parte com desenvolvimento em campos internos, desde logo em “Outras Iniciativas”, “Exposições” e “Visitas Guiadas”. No Facebook, Instagram e Twitter, as publicações alcançaram um número superior, com o Facebook a contabilizar 188 destaques, excluindo eventos e álbuns. Em termos de seguidores das redes sociais, contabilizam-se os seguintes números, que, em todas as plataformas, mesmo sem recurso recorrente a campanhas promocionais, revelam uma tendência de crescimento:

Facebook – 7.200

Instagram – 1.805

Twitter – 414

A avaliação destes resultados não pode, contudo, deixar de ser enquadrada pelo número de visitantes presentes em visitas às exposições, o número elevado de participantes em iniciativas pontuais não contabilizados e as circunstâncias em que este trabalho se desenvolve: com recursos humanos e tecnológicos limitados e sem orçamentos significativos direcionados para este domínio.

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III. PATRIMÓNIO EDIFICADO

A Casa-Atelier José Marques da Silva e o Palacete Lopes Martins são dois imóveis localizados na zona oriental da cidade do Porto com um reconhecido valor patrimonial material, decorrente da sua arquitetura. Mas a sua importância imaterial é igualmente reconhecida: pelo arquiteto que os projetou ou intervencionou; por quem neles habitou e os habita no presente; como conceito este que não só abrange a Fundação, enquanto projeto institucional, como todos aqueles que, ao doarem os seus acervos, têm a memória dos seus percursos e obra aqui preservados; e todos aqueles que a intervencionaram recentemente para que possa responder aos desafios de uma nova funcionalidade. Aberto a um público cada vez mais abrangente, estes espaços, entre lugares construídos e jardins, continuam a ser a pedra basilar para a sustentação da Fundação Marques da Siva. No horizonte está, como vem sendo noticiado, a construção de um novo edifício nos jardins das Casas-sede, para acolher o Centro de Documentação e reunir fisicamente o património documental da Fundação Marques da Silva e da FAUP.

Estas casas são, contudo, o eixo principal de um conjunto mais alargado de imóveis que a Fundação Marques da Silva tem sob sua gestão e que para ela concorrem, enquanto principal fonte de rendimento financeiro, ainda que também exerçam uma função simbólica, no caso dos imóveis que foram projetados por José Marques da Silva, o edifício das Quatro Estações, nas Carmelitas e o edifício da rua Alexandre Braga (com projeto de requalificação distinguido com o Prémio João de Almada); e por José Marques da Silva e Maria José Marques da Silva, em Barcelos (o edifício situado na rua Barjona de Freitas). Os restantes imóveis encontram-se situados no Porto, na rua Ferreira Borges, Comércio do Porto e na rua Visconde de Setúbal, com este último a ser equacionado, pela sua proximidade à sede e atual situação de desocupação, como espaço de ampliação e acolhimento de depósitos. Garantir a sua manutenção, valorização e preservação arquitetónicas, modernização e rentabilização, é, portanto, uma preocupação essencial para a consecução deste projeto institucional.

A Fundação Marques da Silva continua ainda a manter um olhar atento à dinâmica de transformação do espaço urbano, bem como a obras de arquitetura da autoria de arquitetos representados nesta Fundação, através da elaboração de pareceres e proposição de processos de classificação patrimonial ou através da promoção de espaços de diálogo que potenciem uma outra consciência e atuação sobre o património arquitetónico. Em 2022, viu finalmente concluído o processo de classificação do Posto Duplo de Abastecimento de Combustíveis, em Guimarães, a Monumento de Interesse Público, um processo por si iniciado em 2014.

1. Casas-Sede da Fundação Marques da Silva

A sede da Fundação Marques da Silva encontra-se concentrada em dois espaços: a Casa-Atelier José Marques da Silva e o Palacete Lopes Martins, assim designado em reconhecimento da família que o compra em 1886 a Narciso José da Silva e à qual pertencia Júlia Lopes Martins, futura mulher de José Marques da Silva. Estes dois imóveis estão localizados no lote delimitado pela Rua de Latino Coelho, a sul, a Rua de Gil Vicente, a este, a Praça do Marquês de Pombal, a oeste, e construções existentes, nomeadamente a antiga sucursal da Caixa Geral dos Depósitos, a norte. Para a história arquitetónica destes espaços acrescem as posteriores intervenções de que têm vindo a ser alvo nos tempos mais recentes, ou seja, após 2009, ano da reconversão em Fundação do projeto institucional que assumiu a sua gestão em 1995, o Instituto Arquitecto José Marques da Silva. Surgem assim, associados aos nomes de José Marques da Silva e do casal Maria José Marques da Silva e David Moreira da Silva, os nomes de Francisco Barata Fernandes e Nuno Valentim (CEFA, 2009), de Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez (Atelier 15, 2011, 2014 e 2019). Nos jardins que enquadram estas casas, indissociáveis do espaço construído e onde se destacam mais de seis dezenas de japoneiras, situa-se ainda um Pavilhão, reconvertido por Francisco Barata e Nuno Valentim (CEFA, 2008) em depósito de documentação de arquitetura e área de trabalho, atualmente com a área total de ocupação destinada a depósito.

Enquanto base operacional de ações, as Casas acolhem os espaços técnicos, administrativos e públicos requisitados pela natureza desta instituição, isto é: áreas de depósito, áreas de limpeza e restauro, gabinetes de trabalho e de reunião, serviços de consulta, áreas expositivas e espaços com funções de auditório. A manutenção dos jardins, enquanto aguardam um projeto de requalificação, é igualmente fundamental, seja pelo que decorre da obrigação de os cuidar, enquanto componentes de caracterização deste conjunto, seja porque são lugares de visita e de acolhimento de iniciativas que vão assumindo as mais variadas formas.

Em 2022, foram efetuados diversos trabalhos de manutenção destes espaços e realizado todo um conjunto de intervenções relacionadas com operacionalização dos projetos expositivos nelas apresentados (a apresentação de exposições implica sempre a adequação diferenciada dos espaços em função de cada projeto, assim como intervenções posteriores à respetiva desmontagem).

No dia 24 de maio de 2022 foi ainda entregue na Câmara Municipal do Porto o projeto de licenciamento do novo Centro de Documentação da Fundação, com projeto de Álvaro Siza, a construir nos terrenos da sua sede na Praça do Marquês de Pombal, pedido entretanto aprovado.

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2. Outros imóveis: Porto e Barcelos

O crescente número de doações de acervos documentais e bibliográficos à Fundação Marques da Silva não permite aguardar tranquilamente a definição do quadro viabilizador da construção de um novo imóvel destinado a acolher o Centro de Documentação, pelo que a desocupação do imóvel da Rua de Visconde de Setúbal, n.º 70, localizado na proximidade geográfica da sede, permitiu equacionar a sua utilização enquanto extensão dos depósitos. Assim, em 2022, deu-se início à construção de uma estrutura capaz de responder aos requisitos principais de espaços de acondicionamento e conservação documental, designadamente ambientais, ao nível do controlo de humidade e estabilização de temperatura.

O desgaste imposto pela passagem do tempo e utilização dos restantes imóveis, na sua quase totalidade arrendados, dita sempre a obrigatoriedade de se intervir, seja numa ótica de reparação de danos ocorridos, seja numa perspetiva de valorização patrimonial dos mesmos. Em 2022, realizaram-se intervenções de manutenção, na sequência de pedidos emitidos por vários inquilinos, nos prédios da Rua das Carmelitas, Rua de Ferreira Borges e Rua de Alexandre Braga, no Porto, e no prédio Rua de Barjona de Freitas, em Barcelos.

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3. Classificar para salvaguardar

Tendo a Fundação Marques da Silva um acervo onde se encontram representados nomes referenciais da arquitetura portuguesa, é natural que a instituição tente acionar mecanismos disponíveis de prevenção de risco e preservação patrimonial quando património cujo valor intrínseco e para a comunidade seja incontestável se encontre em risco de perda ou dano irreparável. Neste âmbito, a abertura de processos de classificação instrumento representam caminhos válidos de prevenção e salvaguarda ou dissuasão de práticas danosa da integridade desse mesmo património construído. Em 2022, a Fundação Marques da Silva pôde registar a conclusão de um desses processos e a confirmação de abertura de um novo.

A 8 de abril de 2022, foi publicada em DR (Anúncio 68/2022), a decisão de classificação do Posto Duplo de abastecimento de combustíveis projetado por Fernando Távora para o lugar de Covas/Guimarães a monumento de interesse público (MIP). O processo viria a concluir-se no dia 22 de novembro, com a publicação da Portaria n.º 814/2022, no DR n.º 225/2022. Esta decisão tem em vista a preservação deste testemunho do pensamento arquitetónico, paisagístico e urbanístico de Fernando Távora, numa altura em que a harmonia, equilíbrio compositivo, formal e plástico do projeto original, datado de 1959, se encontravam ameaçados.

Ainda em janeiro de 2022, a Fundação Marques da Silva recebeu, da DGPC, a informação relativa à abertura do procedimento de classificação do Palácio do Comércio, na rua de Sá da Bandeira, na rua do Bolhão, da rua da Firmeza e na rua de Fernandes Tomás, no Porto, edifício projetado por David Moreira da Silva e Maria José Marques da Silva, em resposto a um requerimento apresentado pela Fundação Marques da Silva em 2018. Aguardam-se agora futuros desenvolvimentos.

Mas a Fundação Marques da Silva, sempre que possível, também acompanha e apoia intervenções de restauro ou requalificação em imóveis de referência, tanto para a Fundação, quanto para a cidade, como é o caso da Estação de S. Bento que, em março de 2022, viu concluído o projeto de restituição da cor original ao teto do hall de entrada, uma ação inserida nas obras de Reparação do Teto, Cobertura e Instalação de Passadiços recentemente empreendidas pela Infraestruturas de Portugal. A opção de coloração decorreu de um aprofundado trabalho de pesquisa que contou com o apoio da equipa técnica da DRCN. No seu conjunto, as intervenções materializadas nesta Estação projetada por José Marques da Silva tiveram em vista melhorar as condições de segurança para pessoas e bens, mas também preservar e valorizar a imagem de um equipamento público de reconhecida importância patrimonial.

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IV. CONTAS

O ano de 2022 foi marcado por uma situação de guerra no continente europeu que teve como consequência a escassez de matérias-primas e o consequente crescimento das taxas de inflação e das taxas de juro.

Ao nível da receita, verificou-se um aumento das prestações de serviços, nomeadamente nos ingressos nas exposições e cedência de espaços.

Houve um impacto positivo na receita de 49.011 € devido à indemnização recebida da seguradora pelo incêndio ocorrido no imóvel da Rua de Visconde Setúbal, 76, no Porto, em 2021. Apesar da decisão de desocupar o imóvel, recuperando-o para albergar temporariamente alguns bens da Fundação com a consequente perda das rendas, verificouse um aumento global da receita com rendas de 6.213 € fruto de algumas renegociações de contratos de arrendamento.

Houve um impacto bastante negativo nos aumentos/reduções de justo valor devido à desvalorização de (-63.784,29 €) do fundo de investimento que mantemos na Caixa Geral de Depósitos devido à perda de valor dos ativos financeiros nos mercados mundiais provocados pela situação de guerra que se vive no continente europeu.

Ao nível da despesa, prosseguiu o esforço no reforço dos meios de divulgação digitais e na realização de trabalhos de higienização, conservação, restauro e digitalização dos acervos, que permitiu e irá permitir no futuro a sua disponibilização por meios digitais.

Os gastos com pessoal mantiveram-se praticamente ao nível do ano de 2021, com um ligeiro aumento de 3.508,16 €.

Nos fornecimentos e serviços externos manteve-se um elevado nível de despesa, devido ao aumento da capacidade de tratamento técnico dos acervos incorporados no decorrer do exercício, à manutenção do serviço de exposições e às campanhas de higienização, conservação, restauro e digitalização de documentação, para permitir a sua disponibilização por meios digitais. Assim, os custos com fornecimentos e serviços externos sofreram um aumento de 20,86 % face ao ano de 2021, totalizando 203.394,01 €.

Os gastos de amortização aumentaram significativamente para 133.312,72 € devido à transferência dos imóveis da Herança de Maria José Marques da Silva Martins e David Moreira da Silva da Universidade do Porto para a Fundação nos finais de 2021. A Fundação teve que inscrever esses imóveis nas rúbricas de “Ativos Fixos Tangíveis”, as casas sede, e “Propriedades de Investimento”, os restantes imóveis, pelos valores transitados da Universidade do Porto, considerando que a Universidade do Porto e a Fundação consolidam contas.

O resultado líquido do exercício foi bastante inferior ao de 2021 (-200.374,93 €), apresentando-se um resultado operacional (EBITDA) negativo de (-68.596,42 €). No entanto, se descontarmos a desvalorização do fundo de investimento da Caixa Geral de Depósitos, cuja perda ou ganho só se efetivará quando forem vendidas as unidades de participação, o resultado operacional (EBITDA) seria de (-4.812,13 €).

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V. PERSPETIVAS FUTURAS E EVENTOS SUBSEQUENTES

O Conselho Diretivo considera que, apesar da atual situação de guerra no continente europeu, o princípio da continuidade é o mais apropriado na preparação das demonstrações financeiras reportadas a 31 de dezembro de 2022.

Porém, a Fundação está a viver um ciclo de forte expansão, com uma assinalável entrada de novos acervos, uma crescente afluência de público e um expressivo aumento de procura externa para acolhimento de projetos, estabelecimento de parcerias e apoios. Tendência que a maior visibilidade alcançada, com a celebração dos centenários de Fernando Távora e Fernando Lanhas e algumas candidaturas a projetos internacionais de investigação, continuará seguramente a reforçar-se em 2023. Resultados que refletem, por um lado, a consolidação e maturidade do projeto fundacional, e por outro, o rumo acertado das linhas estratégicas que têm vindo a ser implementadas. Um quadro que, em contraponto, acentua o difícil equilíbrio entre os recursos financeiros, logísticos e humanos disponíveis face aos desafios que tem de enfrentar. Os três grandes núcleos - Centro de Documentação, Comunicação e Gestão Patrimonial – e o seu funcionamento articulado continuam a ser a via adequada para o cumprimento da missão subjacente à instituição, mas a reformulação da utilização do espaço físico existente e o delinear de outros espaços ou estruturas que ampliem a atual capacidade de depósito continua a impor-se como um problema de urgente resposta, agora pressionado pela formalização da junção futura do Centro de Documentação da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Questões que têm relação direta com a sustentabilidade desta Fundação, a envolver a tomada de decisões por parte da própria Universidade do Porto, e que devem ser encaradas sem concessões à capacidade de manter e reforçar a dinâmica que tem vindo a ser alcançada, interna e externamente, no tratamento documental, nas redes de investigação e de cooperação, na proposição de iniciativas que permitam mostrar e valorizar este património – arquitetónico e documental -, afirmando e promovendo uma imagem institucional de referência.

CONCLUSÃO

Um olhar retrospetivo ao ano de 2022 é, perante as ações registadas ao longo deste relatório e os números que as acompanham, revelador do caminho sólido que a Fundação Marques da Silva tem vindo a percorrer para cumprimento da sua missão e da coerência das linhas estratégicas que têm orientado a sua atuação. Os resultados indicados demonstram a experiência e reconhecimento do trabalho desenvolvido ao nível do acolhimento, preservação, tratamento e disponibilização do património arquivístico, bibliográfico e museológico gerido pelo Centro de Documentação. Revelam também a dimensão e validação do apoio dado à investigação por esta instituição, que, paralelamente, e com recursos muito limitados, conseguiu manter e ampliar a proposição e alcance de ações que visam dar a conhecer esse mesmo património, tanto quanto o que a partir dele se pode refletir ou o conhecimento que se pode alcançar. Basta olhar para o número de exposições e das iniciativas enumeradas, realizadas interna ou externamente, para a dinâmica da sua linha editorial, para o investimento continuado na produção de conteúdos e na sua consequente divulgação. Esforço que é acompanhado de um consistente trabalho em rede, entre parceiros cada vez mais diversificados, nacionais e internacionais, não obstante a ligação intrínseca e privilegiada com a Universidade do Porto, a Faculdade de Arquitectura da UP ou a Ordem dos Arquitectos (nacional e delegações regionais). As limitações impostas por um orçamento contido, por espaços em diferentes estados de requalificação da sua arquitetura, onde se luta em permanência por adequar a sua domesticidade original a novas funções, e um reduzido número de recursos humanos foram compensadas pelo empenho e versatilidade da equipa, pela disponibilidade dos investigadores associados a esta “casa”, pela fidelidade a princípios de rigor e qualidade, técnica e científica, pela confiança publicamente conquistada numa imagem cada vez mais clara de referência. Resultados que permitem não vacilar perante os problemas que continuam a colocar-se à instituição: garantir os investimentos que se anunciam; manter e reforçar as dinâmicas construídas; e assegurar a sustentabilidade futura.

Pode assim concluir-se que, nos vários domínios por onde se estende, incluindo a intervenção e salvaguarda do património construído, a Fundação Marques da Silva continua a afirmar-se como território de pesquisa e criação fundamental para estudantes, historiadores, arquitetos, críticos, curadores, especialistas das ciências da informação, artistas e editores. Território esse que, por sua vez, configura práticas metodológicas modelares, novas leituras e espaços de debate onde se ajuda a pensar, a elaborar e a propor desafios renovados que contribuem para o reconhecimento da importância do papel que os arquivos de arquitetura e o trabalho sobre eles realizado representa para a compreensão da Arquitetura, lato sensu, no mundo contemporâneo.

Numa nota final, neste Relatório onde se dá conta da atividade realizada ao longo do ano 2022, uma menção de reconhecimento e homenagem às figuras que, sendo parte da história desta instituição, nos deixaram fisicamente: António Cardoso Pinheiro de Carvalho (desaparecido ainda em 2021, mas alvo de uma exposição celebratória em 2022); António Cardoso, Presidente do Conselho Geral, José Carlos Loureiro, cujo arquivo foi doado a esta instituição em 2013; e Francisco Laranjo, que mesmo sem ter ocupado funções nos órgãos sociais foi sempre solidário e colaborador ativo deste projeto único que é a Fundação Marques da Silva.

Por todo o exposto, é convicção do Conselho Diretivo da Fundação Marques da Silva que o Relatório de Atividades e Gestão e os demais documentos da prestação de contas, elaborados de acordo com o SNC-AP e as normas e os princípios contabilísticos geralmente aceites, reproduzem de uma forma verdadeira e apropriada o resultado das operações da Fundação, pelo que se propõe que sejam aprovados.

Propõe-se que o resultado líquido negativo apurado no exercício de 2022, no montante de (-200.374,93 €), seja transferido, na sua totalidade, para a conta de resultados transitados.

Porto, 4 de abril de 2023

O Conselho Diretivo

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