Pintura Portuguesa na Colecção de Arte da Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro

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INTURA

ORTUGUESA



Catálogo

Pintura Portuguesa na Colecção de Arte Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro

INTURA

Colecção Dionísio Pinheiro em Exposição Permanente no Museu Reservas em Exposição


Ficha Técnica Edição Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro Curadoria Vieira Duque Pintura Colecção de Pintura Portuguesa da Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro Design João Teixeira, Estagiário em Arte e Design, Escola Superior de Educação de Coimbra Fotografias António Santos Secretariado António Santos Apoio Técnico António Jesus ISBN 978-989-97586-3-6 Junho/2016




Introdução O coleccionismo tardo-romântico em Dionísio Pinheiro J. M. Vieira Duque Este tema é, na essência, uma reflexão sobre o percurso de Dionísio Pinheiro (Águeda, 24 de Setembro de 1891 – Porto, 07 de Outubro de 1968), que se pautou pelos cânones e axiomas do Tardo-Romantismo e a sua Colecção de Arte, da qual tratamos aqui com particular enfoque a pintura portuguesa, tão-só por ser esta esta publicação um catálogo da mesma. O objectivo deste trabalho de catalogação é multifacetado, se por um lado, funcionará como guia nas visitas ao Museu da Fundação, por outro, servirá como meio de divulgação das obras e dos seus autores, versando não só a colecção primitiva, aqui designada por Colecção Dionísio Pinheiro, mas também as reservas técnicas, no campo da pintura portuguesa, que ao longo dos 31 anos de existência física da sede da Fundação se foi construindo com cedências protocoladas ou ofertas dos artistas, de pessoas particulares e/ou de instituições, ou por aquisições feitas pelo Conselho de Administração; neste caso, esta selecção é designada por Reservas em Exposição. É impossível ignorar que entre a produção artística de uma determinada época e a situação social, cultural, religiosa, económica e política estão sempre presentes relações de íntima cumplicidade levando, no estudo da história de arte, a uma obrigatória abordagem e conhecimento do meio social em que surgem, na respectiva contemporaneidade. Então, a arte e o seu reflexo presente e futuro são um produto do diálogo entre ela e o ente social e o respectivo poder, sem determinismos últimos ou um condicionalismo fatal que lhe extrairiam qualquer autonomia imaginativa. Na sua vertente de coleccionista e filantropo, Dionísio Pinheiro instituiu, por herança, a Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro, que tal como a ele, pudesse vir a providenciar, na sua cidade natal de Águeda, objectivos duma vivência em princípios românticos: assistência social em percursos académicos e de instrução pela arte, sem hierarquização do saber e acesso democrático, livre de preceitos sociais e religiosos. Dionísio Pinheiro era de origem bastante humilde e desde muito jovem começou a trabalhar, logo após ter completado a 3ª classe; tendo vindo para o Porto aos 11 anos de idade, para trabalhar como marçano nos Armazéns Almeida e Cunha. Tornou-se sócio e, mais tarde, proprietário desses armazéns. Posteriormente funda a Fábrica de Tecidos de Rebordões, em Santo Tirso. Frequentou o Curso nocturno da Escola Comercial Raul Dória onde termina o Curso Comercial. Teve uma intensa actividade comercial e industrial que aliada a uma enorme sensibilidade, o conduziram a um grande enriquecimento material e cultural, desenvolvendo acções caritativas na sua terra natal e a constituir um valioso património artístico. Casou com Alice Cardoso Pinheiro (Caldas da Rainha, 28 de Maio de 1900 – Porto, 27 de Dezembro de 1974) no dia 28 de Abril de 1920. Dois anos após se terem conhecido e, exactamente, no dia 28 de Abril. Alice Cardoso Pinheiro tinha como passatempos tocar piano e a leitura, sendo o primeiro


praticado muitas vezes com o músico Cláudio Carneiro, amigo de longa data do casal, tal como o irmão, o pintor Carlos Carneiro, filhos do pintor António Carneiro, este, por seu turno, já amigo da família de Alice Cardoso Pinheiro, que desde cedo se enamorou pela cultura e pelas artes, colocando assim o marido em contacto com vultos da vida artística. Nos anos seguintes, Dionísio Pinheiro foi aumentando a sua acção empresarial, na Empresa Fabril de Vermoim Lda., Vila Nova de Famalicão; na Gomes e Compª, Porto; e sócio da Antiquália, em Lisboa, empresa que se dedicava ao comércio de antiguidades, proporcionando-lhe um enriquecimento financeiro que lhe permitiu uma inclusão na classe emergente da burguesia do final do séc. XIX, num tipicismo usual desse tempo, vem a estabelecer relações íntimas e de amizade com figuras de nomeada, tais como: 1º e 2º condes de Vizela, de quem se tornara vizinho na fábrica de Rebordões; Delfim Ferreira, de quem foi sócio; dos proprietários dos Armazéns Cunha; Agostinho Ricca, arquiteto responsável pelo projeto do edifício-sede da Fundação (projecto desenvolvido entre 1963 – 1967), cujo início da construção remonta aos finais da década de setenta do Séc. XX e o final em 1983, tendo sido inaugurada juntamente com o Museu no dia 28 de Junho de 1985; Armando Basto; António, Cláudio e Carlos Carneiro; Pedro Olaio; Acácio Lino; António Victorino; Martins Lhano; Augusto Ribeiro; conde do Ameal. Além destes, privou com Reynaldo dos Santos, Luís Reis-Santos e Flórido Vasconcelos, que foram seus conselheiros e intermediários na aquisição de grande parte a sua colecção de arte: objetos que percorriam o seu quotidiano na casa de habitação da Avenida dos Combatentes, Porto, ou em Águeda, na sua casa da Rua do Adro. Em Fevereiro de 1928, lê-se na Ilustração Moderna, edição nº 20, - revista publicada entre 1926 e 1932 e que reflecte o coleccionismo como uma prática cultural recente na cultura portuguesa do Porto, integrada numa actividade burguesa, herança de um oitocentismo influenciado pelo comercio do Vinho do Porto – uma crónica de Manuel de Moura sobre a exposição de Carlos Reis no Salão Silva Porto: “Prodigioso orquestrador da luz e da cor, artista adorável na escolha e recorte dos seus motivos picturais, poeta sem mácula no sentimento e na graça de que se embebe a sua obra, Carlos Reis bem merece de quantos o conhecem o enternecido afecto de que o rodeiam e tem jus a que todos aqueles que, porventura, ainda o não visitassem no salão Silva Porto, ali vão pressurosos, como em romaria, convencer-se e queimar no turíbulo das almas enlevadas o odorífero incenso tam grato aos deuses como aos homens que lhes são semelhantes.” Esta crónica é ilustrada pela pintura Vésperas de Boda, adquirida nessa exposição por Dionísio Pinheiro: colecionador de arte romântica e naturalista portuguesa e inscrito em valores e ideologia conservadores, num círculo de indivíduos, parafraseando Ricardo Manuel Mendes Beata, “na sua maioria burgueses, que procuram a ordem e a injeção dos valores em que acreditam numa sociedade instável, na transição da República para o Estado Novo, através da divulgação das suas colecções de arte académica, oitocentista, numa revista ideologicamente comprometida.” Continuando com palavras de Ricardo Beata, “Prática cultural recente, surgida no século XIX, o colecionismo é característico de uma sociedade burguesa que se quer afirmar, mas cuja consolidação é difícil em Portugal, e respondeu a necessidades da vida mundana, confundindo-se, sobretudo na sua génese, com o bricabraque e o diletantismo. (…) Importa referir que, no século XIX, na cidade do Porto, o gosto era dirigido pelos ingleses, estabelecidos aqui como uma incontornável colónia”. José-Augusto França afirma que, “tal como há uma arquitetura do Port Wine, há também uma vontade ou uma aptidão do colecionar que com o comércio do vinho do Porto se encontra também relacionada”1 . Entre

1

FRANÇA, José-Augusto - , 1990, p.415.


essas coleções, poderemos destacar as dos VanZeller, dos Forrester, dos Graham, dos Woodhouse ou as do português António Bernardo Ferreira, da família dos Ferreirinhas, também ela ligada à produção e comércio do Vinho do Porto. Mas verdadeiramente de referência é a coleção e o museu de João Allen, formada sob o espírito do Romantismo do início do século XIX e que deu origem ao primeiro museu português, o Museu Municipal do Porto. Ainda que ao coleccionismo portuense seja fundamental a cultura e a perseverança da comunidade britânica, a constituição de colecções e a abertura do Museu Municipal não deixarão de produzir os seus frutos. A sociedade portuense, do final do século XIX e das primeiras décadas do século XX, é dominada por uma burguesia ainda em processo de consolidação, endinheirada e activa na vida cultural da cidade. É de entre estes e das colecções por eles detidas, que Marques Abreu, o editor da revista Ilustração Moderna, irá colher o material para divulgar na sua revista. Dionísio Pinheiro é tão-só mais um burguês, dos “empenhados no governo da sua cidade, frequentadores da sua vida mundana, activos participantes na sua vida cultural, estes colecionadores são produto do século XIX.”2 O objeto de arte - hoje museológico - pode ser transformado pela ação da humanidade e da natureza, que lhe conferirá novos atributos estéticos e de funcionalidade. São estas metamorfoses que se operam nas coleções de arte. Mutações do objeto. Um crucifixo manterá o valor de culto, no entanto, ganha o valor de exposição. Permitindo, assim, o estudo entre a humanidade e a realidade. Sendo assim, os objectos comunicam, tal como outro bem cultural ou natural, estabelecendo relações díspares por entre o público que o admira, o examina, o ama, o deseja, o cultiva, o ignora. O objecto é também facto social, memória. Imagem e reflexo. Pertença de um património alegórico porque não tem valor intrínseco, porque não é apenas material. O património, em Dionísio Pinheiro, é um conjunto vasto de bens tangíveis e intangíveis, herdados, preservados, conservados e expostos, fazendo jus à qualidade de vida, cuja função ‘rememorativa’, como matriz de identidade, servindo de instrumento para o desenvolvimento e suporte social. Uma noção que assenta nas pessoas e no que uma dada geração considera dever ser deixado para o futuro. Como nos lembra Georges Duby, “não é estático. Move-se com o próprio movimento de Deus. Toda a experiência espiritual se vive como um avanço, como um progresso, que a música e a liturgia ao mesmo tempo acompanham e guiam, e que a arquitectura, a escultura, a pintura, embora por natureza imóveis, têm também por missão traduzir. Na verdade, este movimento é duplo. Por um lado, é circular. Os ritmos cósmicos, os percursos dos astros, o caminhar do dia e das estações, todos os crescimentos biológicos se ordenam em ciclos, e estes retornos periódicos devem ser interpretados como um dos sinais da eternidade.” A vida dos objectos implica a experiência ininterrupta do tempo cósmico, permitindo os seus movimentos circulares, evitando qualquer acidente suscetível de os perturbar, a comunidade alcança desde logo a eternidade, testemunho de memórias, contextos de humanidade e de

2 Beata, Ricardo Manuel Mendes - Coleções e colecionadores de arte na revista Ilustração Moderna (19261932). Ensaios e Práticas em Museologia. Porto, Departamento de Ciências e Técnicas do Património da FLUP, 2012, vol. 2, pp. 218-232


divindade. Colecção esta presente no Museu da Fundação da qual saliento, pois se inscrevem no período Romântico, os seguintes núcleos: O conjunto de mobiliário Boulle (1.º, 2.º e 3.º períodos: Première; Regência; Revivalista/ Império), exemplificativo das Artes Decorativas destinadas aos palacetes do Porto oitocentista; caso que se aplica aquando da aquisição da residência a familiares do Conde de Vizela por Dionísio Pinheiro, com algum recheio como mobiliário Boulle original. Os grupos de cerâmica: Paris-Velho, Limoges, Sévres, Berlim, Meissen, Vista Alegre e Delft, porcelanas Chinesas, estas últimas incontornáveis no coleccionismo – conhecidas por porcelanas Companhia das Índias - neste caso, a colecção de Dionísio Pinheiro é fantástica, no que se refere aos dois períodos essenciais: dinastias Ming e Quing, tendo desta última também alguns marfins (adornos femininos). O aprofundado conhecimento difundido por grandes catedráticos, em teses sobre esta área, aumentaram um gosto, já em si soberbo, tão europeu de há séculos e trouxeram para os museus actuais um manancial incrível de espécimes de porcelana artística; como também, apesar de em menor quantidade, de porcelana japonesa. No caso de Dionísio Pinheiro, estas peças não se limitavam ao decorativo, mas também ao uso social, nos jantares de convívio, como o serviço Folha de Tabaco, adquirido por ele ao Estado Português, num leilão, onde foi colocado para venda por António de Oliveira Salazar, após o seu uso no jantar em homenagem à Rainha Isabel II, de Inglaterra, no Palácio da Ajuda, oferecido pelo Presidente da República, Craveiro Lopes. Era tão-só o serviço de jantar utilizado pelo casal Pinheiro com o seu faqueiro em prata portuguesa adquirido entre o início do século XX e os anos 30, acompanhado pelo serviço de cristal português do início do século XX. Deambulamos, assim, por entre esmaltados azuis Ming, peças com heráldica, família verde, família rosa e decorações com cenas de exterior e místicas. De heráldica, saliento a travessa e o covilhete com as armas do Frei José Maria Fonseca e Évora (1690-1752), Bispo do Porto e o par de jarras com as armas do Monte de Nossa Senhora do Livramento, Convento do Carmo em Lisboa, chegadas a Portugal, em 1761, para redecorar o Convento após o Grande terramoto. Saliento também os esmaltes de Limoges de Bounnard, Martial Courteys, Pierre Bonnaud, Henry Doublet, Mestre da Eneida e outros antigos esmaltadores que se incluem neste tão específico revivalismo que se prolongou no decorrer do Séc. XX, com artistas como Martins Lhano, Porto, ao qual Dionísio Pinheiro adquiriu a última obra para a sua colecção, painel com Passos da Vida de Cristo, em Setembro de 1968. O próprio esmaltador lhe entregou a obra em casa poucos dias antes da sua morte, tendo-lhe ainda oferecido outro esmalte da sua autoria, Grito, numa estética e corrente mais modernista. Importantes núcleos são os vidros e cristais de Bacarrat, Boémia, Veneza e também portugueses da Real Fábrica da Vista Alegre, da Real Fábrica da Coina ou da Fábrica de Oliveira de Azeméis. Mas ainda espanhóis, alemães, e os coalhados franceses, tão comuns e ao gosto deste coleccionismo. Considerável colecção é a de Gravuras de Rembrandt – da Bibliothèque Royale de Paris e do Petit Palais, séc. XIX – prova do revivalismo romântico francês; adquiridas pelo Conde do Ameal que as trouxe nesse século e que em 1921 se encontravam no espólio do Leilão do Ameal, Coimbra; expostas, em Lisboa/SNI/1948, na Grande Exposição de Gravura Antiga,


organizada por Reis-Santos e vendidas entre 1956 - pela Leiloeira Leiria e Nascimento - e 1958 a Dionísio Pinheiro. Na pinacoteca referenciamos as obras alegóricas de Vieira Portuense - neoclássico, considerado o percursor do Romantismo em Portugal; a pintura de retrato de Domingos Sequeira; Tasso na Prisão, óleo de Francisco José de Resende, muito apreciado por Florido Vasconcelos; paisagem ultrarromântica de Cândido da Cunha, que percorreu a região de Águeda e a pintou num alor de saudade, o sentimento de precoce nostalgia experimentados, sob a ideia da morte mais ou menos próxima, por todos os espíritos que se deliciam perante a pulcritude das coisas”3 ; a herança em António Nunes Júnior; o Simbolismo em António Carneiro aos seus Sonetos Póstumos, este artista, assim como os seus filhos Cláudio e Carlos, o primeiro, um grande músico e, o segundo, um artista plástico, eram amigos, como família, do casal Pinheiro e assíduos na sua casa do Porto, sobre António Carneiro escreveu Júlio Brandão, também este grande amigo do casal: “As suas teorias sobre Arte não eram arquitectadas para exibição fria e impressionante de palradores e enfatuados e sépticos. Eram um acto de fé. Não conheci ninguém menos dado a atitudes. A não ser com os íntimos, falava pouco – exactamente porque podia dizer muito. Em tudo foi modesto e amável esse excelso e doce criador de Beleza, esse grande panteísta. Pertencia aquele grupo de artistas para os quais e sagrado o mundo inteiro.”4 ; de Carlos Carneiro disse Manuel de Moura aquando da exposição no Salão Silva Porto, em 1931, “O lápis de Carlos Carneiro vibra, frequentemente, na intenção e na acçao, como um músculo que nenhuma perturbação mórbida embarace no exercício da sua plena sensibilidade e força. Nas tintas de água, tem o artista em referência a afirmação de quanto vale neste género de pintura. Processos simples, dirigindo-se menos a consecução de efeitos tendenciosos do que ao fervor de trazer a superfície alguma parte do amago das cousas.”5 ; a litografia aguarelada de Forrester e o Castelo da Figueira-da-Foz, reflectindo um episódio da História de Portugal, assunto também trabalhado nestas colecções e discutido com estudiosos e especialistas em tertúlias tão frequentes no quotidiano citadino da época; José Malhoa, reconhecido como O Pintor de Portugal, pintando paisagens, cenas de género ou de costumes e retratos, fundador do Grupo do Leão em 1880, na nossa colecção os retratos por ele elaborados são de José Luciano de Castro e José Maria Alpoim, também estes figuras ímpares na História Social e Política na viragem do século; Carlos Reis, pintor predilecto e amigo de D. Carlos, com quem privou atelier, com uma pintura naturalista bastante cénica e até cinematográfica (convidando o público a entrar na composição e só assim alcançar toda a representação), onde atinge o auge na fase do vidro, dando ao Naturalismo português grande notariedade pelas transparências, nesta colecção presente em Plus de Vin ou Garrafão Vazio ; Falcão Trigoso, o poeta luxuriante do Algarve, Ar Livrista, mas que em 1929 apresenta no Salão Silva Porto os verdes das margens do Alva, pintura com as tonalidades beirãs e não o sol algarvio; Acácio Lino, pintor portuense, destacou-se na pintura naturalista e histórica, privou também com Dionísio Pinheiro que adquiriu várias obras suas, de entre as quais destaco Chô! Passarada, pintado e vendido no seu atelier em Travanca, trabalho de inspiração bucólica de um mundo rural da sua infância, sinal de proximidade foi a oferta do quadro de estudo para esta obra, fazendo parte integrante da Colecção de Dionísio Pinheiro, outra obra, Última Compra, representando um coleccionador que admira a sua última aquisição, espelho de uma prática que vivência: o coleccionismo, o artista na sua íntima relação cultural e artística com o objecto; João Reis, “O alvor languido, o clarão estonteante, o ar que refrigera e a lufada escaldante; as tonalidades embebidas de tons de alvorada e as manobras profundas alastrando em melancolias crepusculares, encontram na visão e no sentimento de João Reis um intérprete fiel e comovido”6 (Manuel de Moura); Alfredo Moraes; António Victorino; Moura Gyrão; Alberto de Sousa que se afirmou nas belas artes com a exposição de pintura na Escola Industrial Faria Guimarães, em 1930; Fausto MONTEIRO, Campos - in Ilustração Moderna, nº 7, 1926 Ilustração Moderna, nº 42, 1930 5 Ilustração Moderna, nº 50, 1931 6 MOURA, Manuel de, in Ilustração Moderna, nº 50, 1931 3 4


Sampaio, pintor da Bairrada de uma corrente nacionalista que lhe granjeou o título de Pintor do Império, pois que o retratou a óleo em toda a sua extensão, in loco todas as colónias ultramarinas numa corrente naturalista tão ao gosto nacional, mas saliento o retrato por ele executado de António Breda, figura aguedense de aristocrata linhagem, deixando prova de uma atitude na vida de responsabilidade comunitária, tendo sido um dos maiores amigos de Dionísio Pinheiro; o neorrealismo em Ricardo Navarro Poves, nos retratos a óleo e nas cenas urbanas espatuladas, espanhol mas que se apaixonou pelo Porto onde foi bastante apoiado por Dionísio Pinheiro, ficando na sua coleção bastantes obras suas – de diferentes técnicas – como Cena urbana do Porto com chuva, óleo espatulado, ou os retratos a óleo do casal Pinheiro, pintados ao vivo na casa burguesa do Porto no início da década de 60do Séc. XX, o apoio de Dionísio levou-o a realizar, por encomenda, vários outros retratos de ilustres, como para a Câmara Municipal de Águeda, o de António Breda. Pintura flamenga, francesa, húngara, holandesa, alemã, italiana também pode ser referenciada aqui como integrante deste rol. Ainda na pinacoteca se encontra pintura estrangeira como óleos sobre cobres atribuídos a Johann Wilhelm Baur, versando as Metamorfoses de Ovídio, 1639; outro da Escola de Ferrara; e, ainda, do Maneirismo Francês. Cena de Batalha do Barroco e Alemão, pelo pintor Philips Wouwerman, Holandês. Óleos sobre tela dos franceses Félix Clouet e Louis Guillaume Charles Busson, Séc XIX. Pintura Húngara de Tecler, do início do século XX. Do Romantismo Italiano representado por Giacomo Campi. E os Retrato-miniatura da Escola Alemã, Heinrich Friedrich Füger, Escola Francesa, Adèle Romany, e da Escola Inglesa, atribuida a George Engleheart. De grande destaque, a Epifania, c. 1530, pintura flamenga de importação e, O Tributo a César, esta do Séc.XVII Na escultura, Avelar Brotero, esculpido por Soares dos Reis, incontornável nestas questões que apresento, colecção enriquecida pelos estudos do mesmo escultor portuense, e ainda de Teixeira Lopes e discípulos. Exemplo de permanência é ainda a Sagrada Família da oficina de Machado de Castro e duas esculturas sacras, Stª Marina e S. Lourenço, em pedra calcária de Ançã do século XIV, da escola coimbrã e um exemplar da escultura-miniatura de Mafra Elias, onde representado está o momento histórico de D. Filipa de Vilhena a armar os filhos Cavaleiros na madrugada de 01 de Dezembro de 1640. E como simbolo institucional, os Bustos dos instituidores num madalhão em Bronze de Xavier Costa. Ainda nesta colecção em exposição, somos obrigados a referir o Mobiliário: contadores indo-portugueses e indo-italiano, Séc. XVII; cómoda Boudet, Séc. XVII; tamboretes filipinos; papeleira de alçado Indo-Portuguesa, de meados do Séc. XVIII, de estilo Inglês, fabricada em Vishakhapatnam (Vigazapatan), Costa Oriental da índia, em madeira exótica e embutidos de marfim, interiormente dividida em vários escrínios, sendo o corpo base constituído por sete gavetas e uma aba volante destinada a escritório - tanto esta parte como as vistas das referidas gavetas e as ilhargas acham-se profusamente ornamentadas por incrustações de marfim, cada uma das ilhargas traz incrustado um pequeno vaso entre dois tigres afrontados, donde se eleva a toda altura um arbusto exótico por onde se espalham diversos animais – e a frente do corpo superior é composta por duas portas ornamentadas em marfim embutido com idênticos motivos decorativos, passando ao interior de toda a papeleira, esta mantém o mesmo trabalho de embutidos em marfim e os compartimentos que alberga são igualmente trabalhados, no entanto os espelhos das gavetas são em casca de tartaruga castanha, as fímbrias exteriores são em pau-santo e as ferragens o par de chaves em prata gravada, no interior encontramos compartimentos secretos, destinados a guardar documentos importantes, por fim, os motivos vegetalistas e animais inspiram-se na tradicional Árvore da Vida, sendo os motivos assimétricos, consegue-se conjugar toda a simbólica desta concepção tradicional


Indo-Portuguesa, esta peça desde 23 de Outubro de 1953 está abrangida pelo disposto na Lei portuguesa como Património Nacional Português por carta da Direcção Geral do Ensino Superior e das Belas Artes, Ministério da Educação Nacional e publicado em diário do governo. Ainda no mobiliário observamos: um arcaz em vinhático do Séc. XVIII; conjuntos de cadeiras assinadas pelos fabricantes (Séc. XXVIII-XIX) de estilos D. João V, D. José e Dª Maria, a par de outros móveis das mesmas épocas e estilos como cómoda, papeleira, oratório de maquineta, mesas de jogo; mobiliário português renascença; peças soltas Arte Nova; e escritório em torcidos e tremidos de 1834, ano da criação do Concelho de Águeda. Incontornáveis são as colecções de ourivesaria e joalharia, tão a um gosto Romântico e burguês do período da primeira metade do Séc. XX: a prata quinhentista à oitocentista que acentuam mais uma vez a questão do revivalismo colecionista e do nacionalista. Salvas, faqueiros, peças religiosas ou de culto, caixas, gomis, bacias, lavandas, serviços e a excecional colecção de paliteiros do Séc. XIX, de grande parte dos ourives do Porto e Lisboa desse século. Na joalharia encontram-se peças dos séculos XVII, XVIII, XIX e XX, não para substituir estolas, rendas ou as tão agradáveis pérolas, mas na perspetiva de coleccionador. Esta colecção designaremos no futuro como Colecção Alice Cardoso Pinheiro. Na Capela do Museu, sendo o altar encomenda do instituidor - em 1943 a um artífice portuense de altares para a sua casa na Rua dos Combatentes - sobre o qual se encontram Missal, 1755, e Livro da Missa e da Confissão, 1888, e outras peças de arte sacra em talha de madeira estofada do Barroco português, poderemos admirar, da Colecção Dionísio Pinheiro, pintura portuguesa do Séc. XVI, incluindo uma Virgem a óleo sobre madeira do Círculo Diogo Teixeira; retábulos espanhóis, Séc. XVI; alto-relevo francês, Séc. XVIII, Nossa Senhora da Assunção, estilo Rococó; placa em marfim pintado em Goa com cena evangelizadora de Francisco Xavier; Capa de Asperges, Séc. XVI, em fios de seda e ouro. Contemplado na colecção, na secção dos têxtis: tapete proto arraiolos do século XVI. E alguns tapetes Persa. A colecção de marfins, em Dionísio Pinheiro, marca também um gosto nas colecções de arte portuguesas do início do Séc. XX, e oferece grande prestígio a este grupo o Cristo em marfim, trabalho italiano, Séc. XVII, com as medidas 870 x 610 x 160 (corpo em uma única peça), sobre cruz em pau-santo; ou o Cristo em marfim, trabalho francês, Séc. XIX, cujo cendal não apresenta nó. De registo também a imagem Salvatori Mundi, Cingalês do último quartel do século XVI; ou do início do Séc. XVII, a Nossa Senhora da Conceição sobre a meia-lua e o dragão com cauda bifurcada de sereia – Redenção – igual à oferecida ao Papa Paulo VI, em 1969, pelo Estado Português aquando da sua visita ao nosso País. Mas esta colecção é mais vasta incluindo não só imaginária religiosa dos séculos XVI – XIX mas também peças femininas e caixas decoradas, retratos-miniatura e outras peças de vitrina, também do ínicio do Séc. XX. Na relojoaria destaco: Relógio de Mesa francês, Séc. XVII, de Baltazar Martinot; Relógio de Caixa Alta inglês, séc. XVIII, de Thomas Bell; Relógio de Mesa inglês, séc. XVIII, de Peter Pohlmann; Relógio de Mesa com Pêndulo Boulle (francês/Império)), Séc. XIX. Na arqueologia, duas peças: Taça Apúlia de Figuras Vermelhas, c. 325 - 300 a.C. atribuído à Oficina do Pintor de Armidale (Grega, Terracota, 610x188x121); Oinochoe Apúlia de Figuras Vermelhas, finais do Séc. IV a.C. (Grega, Terracota 145x 95).


Não há o que foi, o que é, o que será, há o que desejo, e existirá se a minha força o criar. (Casais Monteiro)

Escolhi este verso como posfácio a esta nossa reflexão, cujo eixo foi Dionísio Pinheiro, colecionador tardo-romântico, num quotidiano urbano portuense onde de marçano passa a grande empresário e burguês, coleccionador nato, filantropo, self made man, dos inícios do século XX. Referência última ao piano ERARD, da colecção da Fundação, Romântico de estilo Vitoriano (c. 1881), num ambiente intimista e revivalista por entre patrimónios tangíveis e intangíveis de Memória. A sua colecção exprime a sua intimidade nas relações mais próximas, sociais e laborais, por entre elites económicas, intelectuais e artísticas. Relações que espelham um tempo e uma responsabilidade, ou seja, um estar na vida. De uma vida ficou uma Fundação cuja epígrafe poderá ser, de José Saramago, Somos a memória que temos e a responsabilidade que assumimos. Sem memória não existimos, sem responsabilidade talvez não mereçamos existir.


“Desde tempos imemoriais que a criação artística nos tem convocado a uma verdadeira queda na estrada para Damasco, fazendo de todos aqueles, que a esse ponto de viragem se têm deixado avocar, seres mais ricos de sensibilidade, bem como, de perspectiva e enriquecimento a vários níveis e em todos os planos da nossa existência. A criação artística é uma capacidade exclusiva do ser humano e para o ser humano. Tem acompanhado a nossa história quase desde os nossos primórdios e, estamos convictos, fá-lo-á até ao nosso derradeiro dia.” Duarte Fiadeiro de Cifantes e Leão


Cenário para a Companhia de Bailado da Gulbenkian, 1971 Artur do Cruzeiro Seixas Aguarela e tinta-da-china s/ papel1062 380X275 N. Inv. 1062

Parafraseando Sánches Bugallo, Temos diante de nós a obra de um artista surpreendente que, apesar de ser um desconhecido para o grande público, é um claro expoente do surrealismo. Um surrealismo no seu estado mais poético e arriscado, evocador e nostálgico. Esta obra aqui exposta foi o estudo que realizou para o cenário do bailado Odisseia do Ser, interpretado pela Companhia de Bailado da Gulbenkian, em 1971, entre outros cenários que realizou para esta companhia. Cruzeiro Seixas, de nome completo, Artur Manuel Rodrigues do Cruzeiro Seixas é um homem que pinta e poeta português que nasceu a 3 de Dezembro de 1920 na Amadora. Frequentou a escola António Arroio, onde fez amizade com Mário Cesariny, Marcelino Vespeira, Júlio Pomar e Fernando Azevedo. No início aproximando-se do Neorrealismo mas logo se afastando e adrindo ao Surrealismo, Integrando o Grupo Surrealista de Lisboa. Com Cesariny, António Maria Lisboa, Carlos Calvet, Pedro Oom e Mário-Henrique Leiria. Participa na 1ª Exposição dos Surrealistas, Lisboa, em 1949. Todo o processo criador deste artista nos conduz a outro processo de comunicação intercorporal no reino da ambiguidade, com o único fluxo e refluxo da paixão. Tal é, neste sentido, a expressão plástica e poética com que nos encontramos na sua homenagem ao corpo como força motriz da natureza. Um processo que nos conduz a esse jogo de mundos contrapostos, mas ao fim ao cabo complementares, que propiciam uma realidade enigmática e por isso diferente, mas que nos aproxima do descobrimento de uma harmonia de sensações oníricas. Algo que não deve confundir-se com o fantástico, pois para Seixas o fantástico é algo que não lhe pertence, nem defende. Um processo que está definitivamente sustentado na imaginação do artista, que é algo muito diferente. A imaginação. (…) E a imaginação, com efeito, é o território da luz e das sombras. (…) Cruzeiro Seixas, a quem consideramos como o maior expoente do surrealismo português – injustamente desconhecido em grande medida fora do seu país – é um arquitecto de imagens que (…) levanta o edifício do seu universo criador sobre os elementos da poesia – a poesia da pintura e do verso -, com um grau de automatismo tal que liberta os conteúdos mais íntimos e autênticos do ser humano. E todo na mais estreita inter-relação entre o espaço corporal e o universo. Poesia plástica, poderíamos acrescentar, que nos proporciona a visão de um mundo em constante metamorfose, não como um espelho stendhaliano da vida, e sim como uma aventura do conhecimento. Uma aventura que nos conduz prazenteiramente a esse universo habitado por seres que convivem amorosamente no caleidoscópio dos impulsos que regem a natureza. (…) A sua obra é a expressão de uma atitude perante a vida. E é essa atitude, tão própria do surrealismo militante, apoiada no triângulo granelliano da liberdade, do amor e da poesia, a chave que nos leva a penetrar no seu planeta tão rico de sugestões e de evocações prodigiosas. Em suma, um universo mais feliz. Daí que a sua poesia pictórica ou literária seja muito mais do que uma metáfora. Paco López-Barxas


A linguagem poética de conversas por entre memórias e olhares penetrantes que inquietam, numa tarde chuvosa, em sua casa, Vila Nova de Famalicão. Divagámos por entre caminhos de arte e vivências, sempre com a noção, em mim, da excelência do meu anfitrião. Cruzeiro Seixas, poeta e artista surrealista, é, por si só, uma referência nacional na cultura e na responsabilidade artística que merece interlocutores no mundo e em cada um. 16 de Outubro de 2013

Sala de Entrada

Mestre Cruzeiro Seixas


Castello da Figueira, 1835 Joseph James Forrester – Barão de Forrester (1809-1861) Kingston upon Hull – Inglaterra Litografia Aguarelada/Colorida 295x420 Castello da Figueira; Plate 9; R. J. Lane direxit; George Childs Lith. – Oporto: J. J. Forrester: London: J. Dickinson New Bond St., 1835; Printed by Graf&Soret; - 1 Gravura: Litografia aguarelada, colorida; 295x420; dim. Da comp. s/ letra: 143/200. N. Inv. 1055

Gravura da autoria do Barão de Forrester, Castello da Figueira – 1835 -, Litografia colorida; obra de uma das figuras mais emblemáticas da história duriense, J. J. Forrester, um homem com uma visão grandiosa cujo contributo para o desenvolvimento do Douro Vinhateiro ainda hoje se faz sentir, nomeadamente na cartografia e na própria atividade vitivinícola. Nesta litografia está patente a importância da Figueira da Foz e o seu porto no incremento do Vinho do Porto no Mundo, num período contorbado de História de Portugal.


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Retrato de Cavalheiro , Séc. XVIII/XIX Domingos António de Sequeira (1768 – 1837) Óleo s/ madeira 313x231 N. Inv. 737

Grande Pintor dos séculos XVIII e XIX (1768-1837), de seu nome verdadeiro Domingos António do Espírito Santo, como consta do registo baptismal, havendo depois trocado o seu apelido pelo padrinho e protector, um rico tendeiro de Belém, chamado Sequeira. Também nascido em Belém, então arrabalde de Lisboa, foi discípulo de Joaquim Manuel da Rocha na Aula Régia de Desenho e Figura da Casa Pia de Lisboa, e, após a morte deste, ajudante de Francisco de Setúbal; finalmente em Roma, para onde foi pensionado por D. Maria I, seguiu o mestrado de Della Picola em composição e de António Cavalluci em pintura. Influência primeiro beneficamente pelo Vieira Lusitano através de Joaquim Manuel da Rocha, deixouse deslumbrar em Roma pela arte pomposa do Dominiquino e pelas harmonias musicais de Corrégio. Em Roma conheceu os seus primeiros êxitos, arrancando o segundo lugar, entre dezenas de poderosos rivais, em provas de aptidão para a Academia do Nu do Capitólio. Marca de transição do classicismo para o romantismo e, talvez por isso, Aarão de Lacerda lhe chamou «o nosso primeiro romântico». Fernando de Pamplona


Neste quadro a óleo s/ madeira está representado um Cavalheiro com uma camisa de gola branca com casaco preto e botões dourados, tendo um livro na mão. Exemplo da sua obra de transição do Neoclássico para o Romântico, bastante reconhecido por pintores da sua época como Eugéne Delacroix.

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Contam entre as produções mais elevadas da arte universal. Xavier da Costa


Representação da cabeça de um cavalo Simão da Veiga (1879 – 1963) Óleo s/ madeira 180x116 N. Inv. 0435

Simão Luís Frade da Veiga nasceu em Lavre a 8 de Junho de 1879 e faleceu em S. Jorge de Arroios a 19 de Março de 1963. Discípulo de Adolfo Greno, de José Malhoa e de Constantino Fernandes e ainda da Academia de Paris. Obteve a 1ª Medalha na 10ª Exposição da Sociedade Nacional de Belas Artes em 1913. No mesmo ano, concorreu ao Salon de Paris, onde obteve a 2ª medalha de Prata com um retrato de sua mulher, Constantina Rosa Martins. Cultivou a Paisagem e o retrato. Para Além de pintor foi toureiro o que o levou a representar touros e cavalos tornando-se um excelente animalista.


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Homem do Ribatejo, 1944 Fortunato Anjos (1908 – 2000) Óleo s/ madeira 215x157 N. Inv. 0436

Fortunato Anjos nasceu em 1908, Lisboa, faleceu em 2000, Lisboa. Foi discípulo de Mário Augusto. Expôs na Sociedade Nacional de Belas-Artes desde 1930. Recebeu os seguintes prémios: 1.ª medalhada em pintura na Sociedade Nacional de Belas-Artes; 2.º Prémio Silva Porto do Secretariado Nacional de Informação, 1945; Bolsa José Malhoa, 1945; 1.ª Medalha em Desenho na Sociedade Nacional de Belas-Artes, 1957. Pintor naturalista de uma sensibilidade na textura e na luz de gentes que vivem nas suas composições. Pinceladas de movimento.


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A Última Compra, 1945 Acácio Lino (1878 -1956) Óleo s/ madeira 400x495 N. Inv. 0008

Acácio Lino de Magalhães nasceu em Travanca, Amarante, a 25 de Fevereiro de 1878, tendo falecido no Porto, a 18 de Abril de 1956. Foi um pintor e escultor português. Estudou na Escola de Belas-Artes do Porto, terminando a sua formação com distinção, onde foi discípulo do pintor Marques de Oliveira, nos cursos de escultura, arquitectura, desenho e pintura, terminando a sua formação com distinção. Em seguida, estagia em França (com Jean-Paul Laurens e Carmon), Itália e Suíça. Depois do falecimento do escultor Teixeira Lopes, ocupa o seu lugar na Escola de Belas-Artes do Porto. Com uma aptidão inata e uma técnica apurada debulha Memórias, este pintor destacandose na pintura naturalista e histórica, enveredando também pelo retrato e temas religiosos.


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Paisagem com figura feminina e crianรงa ao colo, 1943 Acรกcio Lino (1878 -1956) ร leo s/ tela 650x800 N. Inv. 0009


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Chó! Passarada, 1943 Acácio Lino (1878 -1956) Óleo s/ tela 785x1058 N. Inv. 0007

Inspiração no bucolismo do mundo rural da sua infância, pois que nas férias trabalhava na Casa das Figueiras. Destacando-se na pintura naturalista, nesta obra conseguimos beber a genese de um ruralismo naturalista de um pintor de academia com um aptidão inata para o debulhar Memórias: criança com velho regador a afugentar os passáros da sementeira, tal toque de bombo. Ilustração de cena rural com inocência infantil a produzir barulheira.


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Paisagem (estudo para Chô! Passarada), 1943 Acácio Lino (1878 -1956) Óleo s/ madeira 180x160 N. Inv. 0010


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Homem do Mar (Claudyo, Filho), 1905 António Carneiro (1872-1930) Óleo s/ Tela 457x350 N. Inv. 0003

António Teixeira Carneiro Júnior nasceu em Amarante, 1872, morreu no Porto, 1930. Foi Pintor, Ilustrador, Poeta e Professor de Português. Foi o único pintor e poeta do simbolismo português explorando a espiritualidade e captando sentimentos, granjeando o título: Retratista das Almas. Aos 28 anos foi premiado na Exposição Universal de Paris, com a obra A Vida e a partir daí foi um suceder de prémios, tanto na Europa como nos Estados Unidos da América.


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Minhota, 1917 António Carneiro (1872-1930) Óleo s/ Tela 820x620 N. Inv. 0004

Na obra, Minhota, assistimos a uma cena de interior de retrato a corpo inteiro com uma figura Feminina trajando à moda do Minho, o modelo é a sua filha Maria (que faleceu em Janeiro de 1925), uma constante na obra deste artista. Uma composição pictórica exemplo de uma poética desenvolvida ao longo da sua vida como pintor e poeta, que exibe com pinceladas amplas um estado de alma: a cor dada pela fluidez da pincelada desmaterializa os elementos para os envolver numa sensação que conhece valores metafóricos, o subjectivo ponto de vista da meditativa figura que nos contempla e para a qual convergem as linhas da composição numa intimidade e cumplicidade familiar que os traços escorridos e algo indefinidos da pincelada atribuem um ar sonhador e sorridente à Minhota. Da sua paleta as cores Laranja, Violeta e Lilás são uma interpretação simbolista e metafísica. Como modelos utiliza frequentemente os seus filhos e a si, retratando-se em muitas pinturas de temas variados.


12 de Fevereiro Há um mês que partiu! Tam branca e linda - Flor única, entre as flores que ela amava! A urna – ai de nós – que A encerrava, Quando jazia nesta sala ainda

Enlançadas as mãos, num mundo anseio, A pobre Mãi e eu ali ficámos, O coração sangrando, aberto ao meio. Até que nos levaram… Despertámos… - Estava a Dor sentada de permeio… E ambos, lugubremente, nos fitámos… António Carneiro, 1925, in Solilóquios: Sonetos póstumos

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Era um canteiro – quási deleitava! E a Filha, num sorrir de graça infinda Murmurar parecia: - Sê bem vinda, Oh! Morte compassiva, que eu chamava…


Natureza Morta, Séc. XIX António Carneiro (1872-1930) Óleo s/ Tela 270x360 N. Inv. 0002


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Serra do Pilar, 1924 António Carneiro (1872-1930) Óleo s/ Tela 360x270 N. Inv. 0001

Nesta obra de António Carneiro assistimos a uma cena de exterior: paisagem sob a Serra do Pilar, Porto. Uma composição pictórica exemplo de uma poética desenvolvida ao longo da sua vida como pintor e poeta, que exibe com pinceladas amplas um estado de alma: a cor dada pela fluidez da pincelada desmaterializa os elementos para os envolver numa sensação que conhece valores metafóricos, o subjectivo ponto de vista da meditativa paisagem que contemplamos e para a qual convergem as linhas da composição numa intimidade e cumplicidade familiar que os traços escorridos e algo indefinidos da pincelada atribuem um ar místico no simbolismo do pintor, obra executada em 1924, onde explora nos tons de lilás, roxo e laranja a nebulosidade característica da cidade e em particular no pormenor desta curva que antecede a ponte D. Luís por sobre o Rio Douro. Carneiro foi o único pintor do simbolismo português explorando a espiritualidade e captando sentimentos, granjeando o título: Retratista das Almas.


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Os Ciganos, 1974 Arlindo Vicente (1906-1977) Óleo s/ Tela 1026x940 N. Inv.. 808

Arlindo Augusto Pires Vicente nasceu a 5 de Março de 1906 no Troviscal, Concelho de Oliveira do Bairro, tendo sido um Advogado e pintor português de personalidade multifacetada pintor autodidata - e militante antifascista, - opositor ao Regime do Estado Novo - destacou-se de modo particular no panorama político e cultural do nosso país entre as décadas de 1930 e 1950. Defendeu vários democratas e antifascista perante os tribunais da ditadura e contribuindo, pelo Movimento de Unidade Democrática para a candidatura de Ruy, Luís Gomes à Presidencial da República 1951, e integra a lista da Oposição Democrática à Assembleia Nacional, 1961, e no ano seguinte é candidato nas Eleições para a Presidência da República, desistindo da candidatura a favor de Humberto Delgado. Em 1961 é detido sob acusação de actos sobversivos, sendo condenado a 20 meses de prisão e 5 anos de inibição de direitos políticos. Arlindo Vicente morre a 24 de Novembro de 1977. Nos últimos anos trocou a advocacia pela Pintura. Participou no 1ºe no 2º Salão dos Independentes (SNBA, Lisboa, 1930 e 1931, na Exposição dos artistas modernos independentes (casa quintão, chiado, Lisboa, 1936), em quase todas as Exposições Gerais de Artes Plásticas (excepto 1954 e 1955), nos Salões da Sociedade Nacional de Belas Artes, onde desempenhou cargos directivos; realizou a primeira exposição individual na Sociedade Nacional de Belas Artes em 1970. Colaborou nas revistas Presença, Bandarra e Acção. Arlindo Vicente pegou em temas velhos e fez, de facto, obra nova, cantando, com as tintas de óleo, a epopeia do povo humilde nas suas telas que são documentos de uma época e de vidas sem glória e sem história. O social interessou-o, sendo este um dos capítulos mais válidos do seu percurso artístico. Os Ciganos, obra em exposição, representa um grupo de figuras numa cena de viagem: primeiro plano o cavalo com figura feminina e puxado por uma criança; segundo plano três outras figuras que ilustram este grupo social; terceiro plano o solo amarelado e seco. As cores quentes e fortes incutem nesta composição uma narrativa Neorrealista de uma marcha de nómadas sem destino certo que nos é transmitido por impressões, sugestões, estados de alma com muito de verdade, sentimento e poesia. Esta obra abriu a última exposição individual do Artísta, em vida, no ano de 1974.


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A Família, 1943 Manuel Filipe (1908-2002) carvão s/ papel1062 470x710 N. Inv. 1063

Nós, porém, nunca deixámos de honrar o artísta, de venerar a sua memória e, em todos os momentos, de enaltecer as suas qualidades de Homem e de pintor. Hoje, com toda a certeza e segurança por ter ele sido bom, justo, sofredor perante o sofrimento dos seres humanos, vítimas dos homens-lobo anafados e insensíveis, será também por isso, sempre lembrado e com os seus pares para sempre louvado em todos os dias de todos os séculos. Cláudia Ferreira

Manuel Filipe (Condeixa-a-Nova, 1908 - Lisboa 2002) traduziu de forma paradigmática o grito de revolta, a subversão, em criação artística. A sua designada Fase negra (19431945), marcadamente neorrealista, e de inspiração expressionista, do realismo socialista, e dos coevos mexicanos, é uma expressão dramática da temática social e da luta contra a opressão totalitária. Entre o humor ou o satírico e o drama da miséria humana, representa transfiguradamente, através dos traços negros sobre papel, os ideais por que pugna, a tomada de consciência dos homens avisados e inconformados. Esta é, sem dúvida, a leitura nesta obra: A Família, de 1943. Início da sua fase artística classificada como Fase negra. Uma obra autobiográfica Filho de um trabalhador rural e de uma pequena comerciante, ao mesmo tempo que ajudava o pai nas suas horas livres, no amanho da terra, dava os seus primeiros passos na Arte do Desenho quando ainda vivia em Condeixa; possivelmente, a (auto) imagem aqui retratada. Frequentou aulas particulares e posteriormente a Escola de Artes e Ofícios. Vai estudar para Coimbra, para o Curso Misto de Ciências, Letras e Artes, contudo a sua aprendizagem para professor está ligada ao desenho que insistentemente praticava. A irreverência que o caracterizava vale-lhe nos primeiros tempos da Ditadura um mês de prisão no Forte da Trafaria. Foi professor de Desenho no Ensino Liceal. Na sua carreira pedagógica, aquando das exposições individuais que realizou no Porto e em Braga, e da II Exposição Geral na SNBA, foi ameaçado pela PIDE de que se voltasse a expor seria demitido do cargo de professor. Nessas exposições, as suas obras consideradas de subversivas, foram retiradas, vandalizadas ou, mesmo, a mostra mandada encerrar pelo Governador Civil. Esta repressão, esta censura por parte do Estado Novo leva-o a abandonar a actividade artística até 1961, data de início de uma segunda, distinta e muito fecunda fase criativa. Este quadro foi oferecido pelo Pintor ao Filósofo e Professor da Universidade de Coimbra Joaquim de Carvalho, da obra sobre a Saudade.


A Mãe com os pés de quem segura e contém a Vida de quem segura com mãos que mais parecem as garras de um Águia: Força e Amor, símbolo do Evangelista São João, o que amou acima de tudo, o que sempre esteve presente, o que deixou testemunho do Supremo Amor e de uma mística que ultrapassa a racionalidade, tal como a acção absoluta da maternidade.

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Nas próprias palavras de Manuel Filipe podemos encontrar o sentido da sua arte dos meados do século vinte, quando afirma: a pintura neorrealista “deve ser esteticamente bela (…) [mas] tematicamente (…) tratando corajosamente problemas que possam melhorar a condição humana”. Reflexo de um humanismo ansiado, e também com certeza de uma guerra que lavrava no mundo, este artista mostra num expressionismo denso, mas sempre estético, a rudeza desta condição, quando representa figurativamente as mais gritantes injustiças sociais, os infortúnios da pobreza, da servidão e da brutalidade. As personagens que traça são no fundo, sobreviventes, de mãos e pés desconformes, numa desmesura de um olhar sempre aberto, para a consciência ou para um soabrir da esperança.


Paisagem com casario, 1916 José Malhoa (1855 -1933) Óleo s/ Tela 240x320 N. Inv. 0230

José Vital Branco Malhoa nasceu nas Caldas da Rainha, na Região do Centro de Portugal, em 28 de Abril de 1855 e faleceu em Figueiró dos Vinhos a 26 de Outubro de 1933. Com apenas 12 anos entrou para a escola da Real Academia de Belas-Artes de Lisboa. Em todos os anos ganhou o primeiro prémio, devido às suas enormes faculdades e qualidade artísticas. Realizou inúmeras exposições, tanto em Portugal como no estrangeiro, designadamente em Madrid, Paris e Rio de Janeiro. Foi pioneiro do Naturalismo em Portugal, tendo integrado o Grupo do Leão. Destacou-se também por ser um dos pintores portugueses que mais se aproximou da corrente artística Impressionista. José Malhoa foi indubitavelmente um dos mais emblemáticos pintores da geração finooitocentista, e dos inícios do século XX, cuja reputação e prestígio se estendeu bem da data da sua morte, em 1933.


Nuno Saldanha, in José Malhoa, 1855-1933 - A exaltação da luz

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Tanto a crítica, como a historiografia, não deixaram de prestar uma atenção especial a esta figura singular do panorama artístico nacional embora, no cômputo final, o pintor acabe por advir, simultaneamente, como protagonista e vítima do seu próprio sucesso. Malhoa não é certamente um pintor consensual, tornando-se alvo de diversas interpretações ao longo do tempo e, paralelamente, de valorizações críticas divergentes, que é sobretudo sintoma de “peso” irredutível que a sua figura ainda mantém, no panorama artístico nacional.


Retrato de José Maria Alpoim, 1899 José Malhoa (1855-1933) 640x510 s/ mold. e 932x805 c/ mold. Óleo s/ Tela N. Inv. 1013

Estas duas obras seguintes de retratos a óleo foram encomendadas a José Malhoa pelo Presidente da Câmara Municipal de Águeda em 1897 e entregues, pelo Pintor, a 04 de Julho de 1899; segundo apontamentos do próprio Malhoa, estas obras custaram à Câmara Municipal de Águeda o valor de 200$000: «Receita - Junho de 1899 16 – 2 Retratos pintados a oleo do presidente do Conselho de ministros José Luciano de Castro, e do José d’ Alpoim ministro da Justiça, que me foram encomendados pelo Dr. Manuel Homem da Mello da Camara, para a Camara municipal do conselho de Agueda – 200$000» (Transcrição, tão fiel quanto possível, do livro «Receita e Despesa» de José Malhoa referente à data indicada). Esta encomenda deveu-se tão-só aos esforços destes dois políticos para darem ao Concelho condições e infra-estruturas para o seu desenvolvimento e para o início do seu potencial industrial na viragem do século. Segundo uma crónica do Professor Adolfo Portela, ambos os retratos foram inaugurados na Câmera Municipal de Águeda no dia 06 de Agosto de 1899 com a presença de José Maria Alpoim num programa festivo com a duração de dois dias, de um riquíssimo engalamento e sumptuosidade, com pompa e circunstância, que deu origem, na região, ao termo Festas ao Alpoim, a quando se referem a festas com grande luxo e grande protocolo.


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José Maria Alpoim ( Mesão Frio, 1858 - Lisboa, 1916), Jornalista, Fundador do Correio Português, Deputado, Par do Reino, Administrador dos Concelhos de Mesão Frio e Lamego, Conselheiro de sua Majestade Fidelíssima, Ministro da Justiça, Ministro e Secretário dos Negócios da Justiça, Procurador-Geral da Coroa, Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo, Procurador-Geral da República, Delegado do Governo na Companhia do Niassa.


Retrato de José Luciano de Castro, 1899 José Malhoa (1855-1933) 640x510 s/ mold. e 932x805 c/ mold. Óleo s/ Tela N. Inv. 1014

Mas se José Malhoa era o nome eminente da pintura, José Luciano de Castro (1834 – 1914) apresentava-se, a volta de 1900, como um dos políticos mais influentes.O retrato foi uma das temáticas mais frequentes na obra de Malhoa, oscilando entre duas modalidades: o Luminismo e o Tenebrismo, daí resulte o seu grande sucesso tornando-se do agrado generalizado e promovendo uma resposta eficaz as oscilações do gosto. Foi com o Retrato que obteve alguns dos seus êxitos e galardões internacionais, mostrando-se devedor das influências dos mestres do passado, como Velásquez, Frans Hals, Rembrandt ou Murillo, mas uma obra que não deixa de indicar referências mais modernas, estilísticas ou técnicas. A corrente Luminista da arte do Retrato, atinge em Malhoa níveis excecionais, constituindo a vertente mais moderna da sua obra.


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José Luciano de Castro ( Oliveirinha, 1834 - Anadia, 1914), Advogado, Jornalista, Fundador do Partido Progressista, Deputado, Par do Reino, Presidente do Concelho de Ministros, Director Geral dos Próprios Nacionais, Vogal do Supremo Tribunal Administrativo, Ministro da Justiça e Cultos, Ministro dos Negócios Eclesiásticos, Ministro do Reino, Governador da Companhia Geral do Crédito Predial Português, Fundador e 1º Director da Revista O Direito, Fundador do Jornal a Imprensa, Sócio Correspondente da Real Academia de Jurisprudencia y Legislación, Sócio Honorário da Associação de Advogados de Lisboa.


José Luciano de Castro e José Maria Alpoim: Dois retratos antes do afastamento1 Nuno Rosmaninho 1. Os protagonistas Costuma-se dizer que uma imagem vale mil palavras. Mas olhando para estes dois quadros, atrevo-me a pensar que eles não as substituem. As imagens não se oferecem. Precisam de ser conquistadas. Os retratos que temos à nossa frente contêm uma história, fixam um momento, querem convencer-nos de alguma coisa. Vemos dois correligionários em pose de Estado, estáveis, consistentes, quase imutáveis. No entanto, quando foram executados por José Malhoa, em 1899, estes homens estavam no centro de uma acção política frenética e, mais do que tudo, instável. Para os realizar, foi escolhido José Malhoa (1855-1933), um artista consagrado pela opinião ilustrada do tempo, que via nele o «pintor mais português de Portugal», graças à sua inigualável capacidade para recriar o universo campestre. A Comédia de 2 de Junho de 1902 considerou-o o «mais nacional de todos os pintores portugueses, aquele que menos se deixou influir pelas imitações do estrangeiro, e que melhor interpreta o sentimento da nossa boa terra cantante e luminosa». E quase cinquenta anos decorridos, Egas Moniz escreveu que a sua «pintura é Portugal». Se José Malhoa era o nome eminente da pintura, José Luciano de Castro (Oliveirinha, 1834 – Anadia, 1914) apresentava-se, à volta de 1900, como um dos políticos mais influentes. Jurista, especialista em direito administrativo, deputado durante mais de três décadas, fora ministro da Justiça aos 35 anos e, em 1885, sucedera a Anselmo Braamcamp na liderança do Partido Progressista. Era presidente do Conselho quando se deu o Ultimatum inglês de 1890. O terceiro elemento deste conjunto é José Maria de Alpoim (Santa Cristina, Mesão Frio, 1858 – Lisboa, 1916), licenciado em Direito, deputado, ministro da Justiça (1898-1900 e 19041905), conselheiro e Par do Reino. Foi considerado o delfim de José Luciano de Castro. Na verdade, falta nesta equação uma quarta figura, que explicaria o motivo por que estes retratos foram realizados para a Câmara Municipal de Águeda. Não a conheço, porque não me foi possível realizar uma investigação específica para o efeito. Mas poderia muito bem ser Albano de Melo (1844 - Águeda, 1913), advogado, jornalista, vereador e presidente da Câmara Municipal de Águeda, governador civil de Castelo Branco e Aveiro, director-geral do Ministério da Justiça e conselheiro de Estado. Fundou a Soberania do Povo, jornal afecto a José Luciano de Castro. Ali ser encontram notícias sobre as suas actividades desde 1882: a excursão pelo Minho, os banhos nas Caldas da Felgueira, em Cascais e na Figueira, os seus problemas de saúde, as missas pelo seu restabelecimento, etc. Em 1900, noticia com pormenor a ida a Paris para uma intervenção cirúrgica. A correspondência depositada na Santa Casa da Misericórdia de Anadia mostra que Albano de Melo era adepto de José Luciano de Castro. Em 20 de Agosto de 1903, o jornal fala de Luciano de Castro como «nosso chefe e amigo». Para o círculo ficar completo, falta saber que ligação teve José de Alpoim a Águeda. E sobre isso, apesar de conhecer a existência de outras notícias circunstanciadas, noto que a


Soberania do Povo de 19 de Julho de 1900 antecipa para os dias seguintes a sua chegada a esta vila, ficando hospedado em casa de Albano de Melo. 2. O delfim de José Luciano de Castro No fim do século XIX, num tempo em que homens de cinquenta anos se diziam velhos, a sucessão de José Luciano de Castro começou a estar na ordem do dia. O problema desenhava-se sobre duas tendências dentro do Partido Progressista: Francisco da Veiga Beirão e José de Alpoim. Rui Ramos, na biografia do rei D. Carlos, publicada pelo Círculo de Leitores, contrasta-os do seguinte modo: «Beirão era um velho democrata austero, um verdadeiro “puro” ao jeito da década de 1860: recusava mordomias, concessões, intrigas. José Maria de Alpoim Cerqueira Borges Cabral, de 39 anos, era muito diferente. Tinha uma figura inconfundível, muito alto, muito gordo, muito louro, muito expansivo, muito agitado.» (p. 155) Foi nesta fase, marcada pela meteórica ascensão de José de Alpoim, que os quadros foram feitos. Eles contam-nos uma união de correligionários, é verdade. Mas parece quererem também antecipar o futuro: o velho Luciano de Castro junto do seu sucessor. É isto que estes retratos representam e era certamente isso que pensava José de Alpoim. Quer no governo, quer na oposição, uma das tarefas mais árduas de José Luciano de Castro dentro do Partido Progressista foi gerir a incompatibilidade cada vez mais acesa entre Veiga Beirão e Alpoim, que aumentava à medida que José Luciano de Castro ia ficando mais velho e doente. António Feijó, embaixador em Estocolmo, deixou, em 27 de Agosto de 1902, numa carta a Luís de Magalhães, uma expressão clara dos seus graves problemas de saúde. O que nem Alpoim nem ninguém contava era com a determinação de José Luciano de Castro ou, se se preferir, com o seu apego ao poder. Mesmo Alpoim subvalorizou a sua capacidade de resistência. Um historiador de arte de Coimbra, conhecido por Quim Martins, dá conta de uma interpretação por assim dizer mineralógica dos caracteres humanos. Depois de assistir a uma sessão na câmara dos deputados, perguntou a um amigo o que achara de Mariano de Carvalho. Este respondeu: - Mica! - E o Zé Luciano? - Silicatos! - E Emídio Navarro? - Substâncias estranhas de toda a espécie. O nosso Quim Martins nada percebeu. E deve ter cofiado a sua longa barba até ouvir a explicação: - O homem é de barro. És português, és cristão, és de barro… É por isso que a química explica os caracteres: o Mariano é barro com mica: muito brilho e pouco valor. Emídio Navarro: impurezas de toda a espécie. O Zé Luciano é um carácter duro, de pederneira, barro com silicatos de toda a espécie. (Adaptação de um texto de 1903, publicado em Bic-a-Brac)

E foi contra este homem que se desenhou a luta pelo poder. 3. O conflito Na Primavera de 1904, correram rumores de que José Luciano de Castro se encontrava às portas da morte. Hintze Ribeiro dissolveu as Câmaras para ajudar Alpoim a eleger mais


deputados e assim impô-lo como sucessor de José Luciano de Castro. Mas este recuperou, reagiu, ganhou e acabou por ascender novamente ao cargo de presidente do Conselho de Ministros. Devido às dificuldades de locomoção, «tornou-se o primeiro presidente do Conselho de Ministros sem pasta em 44 anos». (Rui Ramos, D. Carlos, p. 243.) Neste governo, José Luciano de Castro não esqueceu a maquinação de Alpoim e não lhe perdoou. Começou por lhe negar a pasta do Reino, que era praticamente um salvo-conduto para a chefia do Partido. Confiou-a a Pereira de Miranda, um velho sem aspirações. Alpoim, ministro da Justiça, fez uma campanha nos jornais contra ele, levando-o a demitir-se. Mas José Luciano de Castro, mais uma vez, preferiu outra pessoa, Eduardo José Coelho, com 70 anos. A desconfiança entre os dois tornou-se drástica. Rui Ramos conta que «José Luciano de Castro passou a interceptar as mensagens telegráficas de Alpoim. E este subornou um criado de José Luciano de Castro para saber com quem ele falava.» (Rui Ramos, idem, p. 244.) Uma questão acerca do monopólio dos tabacos levou tudo às últimas consequências. Alpoim atacou o chefe do governo, contando com o apoio do rei, e acabou exonerado a 1 de Maio de 1905. Saiu do governo e do Partido Progressista, levando consigo um grupo de deputados, que constituíram a chamada «Dissidência Progressista». 4. A radicalização de José de Alpoim Nos três meses seguintes, o Parlamento esteve fechado. A intriga foi enorme. Quando reabriu, em Agosto, enfrentaram-se num duelo verbal, em plena Câmara dos Pares, com muita assistência. «José Luciano de Castro acusou Alpoim de ter posto em causa a disciplina e coesão dos partidos, sem os quais o governo parlamentar era impossível.» – Resume Rui Ramos (ob. cit., p. 245) – «Alpoim respondeu que “defendo a existência de dois grandes partidos, como são exemplo o Tory e o Whig a que a Inglaterra deve tanta glória. Mas não admito partidos-castas, verdadeiras oligarquias, onde são abafadas todas as iniciativas. Não admito partidos em que os chefes, em vez de serem directores supremos, são apenas pastores que conduzem o submisso e servil rebanho”.» Alpoim e os Dissidentes entraram numa campanha a favor de uma «monarquia democrática e parlamentar». Uma campanha cada vez mais furiosa. É então que ele afirma: «Eu sou um político, com todas as suas paixões e com os ardis que cabem no meu temperamento». E que profere a sua frase mais célebre: «Eu quero e desejo o poder pelo poder; nada mais.» Alia-se aos republicanos e organiza protestos nas cidades. No Inverno de 1905-1906, Alpoim teve uma acção frenética, enquanto o seu ressentimento contra D. Carlos atingia níveis perigosos. Na intimidade, prometia incomodar o rei com tanta força como antes lhe «tinha sabido lamber as botas». Foi ele e os seus companheiros que criaram a campanha dos «chius». Quando o rei entrava nos teatros, em vez de se levantarem, recebiam-no sentados e gritavam «chiu» aos que se erguiam. Quando o governo de José Luciano de Castro caiu, Alpoim exultou. O velho, diminuído pelos seus adversários com a alcunha de bacoco, não voltaria a ser governo. Era a sua vez. Mas a história não lhe fez a vontade. Não sucedeu a José Luciano de Castro porque não lhe conseguiu roubar o protagonismo. Os seus ataques cresceram de radicalismo: contra José Luciano de Castro e contra João Franco, que ascendeu à liderança do governo para, em breve, protagonizar uma ditadura fatal.


No Verão de 1907, José de Alpoim entrou numa conspiração que reunia todas as tendências, menos a de José Luciano de Castro. Onde estava um, parece que não podia estar o outro. O que se discutia? Tudo. Mesmo a possibilidade de matar o rei. O ambiente revolucionário endémico conduziu ao golpe falhado de 28 de Janeiro de 1908 e, logo a seguir, ao regicídio. A tentativa revolucionária, mal preparada e quase burlesca, apesar das bombas e dos vivas à República, levou à prisão e fuga dos responsáveis. Alpoim fugiu para Salamanca e foi aqui que soube da morte do rei. Estava com Miguel de Unamuno e ter-lhe-á dito: «já morreu o canalha!» Em 1914, vangloriou-se perante Raul Brandão que só duas pessoas sabiam tudo sobre o assunto: «eu e outra». E mais: «Só eu e o outro sabemos em que casa foi a reunião [em que se decidiu a morte do rei], quem a presidiu, e quem trocou ao Buíça o revólver pela carabina». «Mesmo para João Chagas, Alpoim era o regicida.» (Rui Ramos, D. Carlos, p. 332.) Depois do regicídio, Alpoim regressou de Espanha e, poucos dias depois, estava a ser recebido por D. Amélia e a acusar João Franco de ser o único responsável pela morte do rei e do príncipe real. Entretanto, José Luciano de Castro continuou com um papel determinante na acção política junto de D. Amélia, defendendo o afastamento de João Franco e dos franquistas e o retorno ao rotativismo. José Luciano de Castro voltava a vencer. 5. O fim Todas as histórias têm um fim. Nesta dissidência dentro da monarquia, José Luciano de Castro conseguiu manter-se sempre no topo, mesmo quando a doença o reduziu quase à imobilidade. Mas depois da implantação da República, enquanto o velho político abandonou a actividade e se refugiou no silêncio de Anadia, o intrépido José de Alpoim adoptou o credo republicano, empenhando-se na luta contra a entrada de Portugal na Primeira Guerra Mundial. Chegado a este ponto, já não sei dizer quem ganhou. Colocar estes dois homens lado a lado, por assim dizer para sempre, não é uma ironia da história. Mas é, como tentei sugerir, uma oportunidade de reflectir sobre ela.

O presente texto reproduz, em linhas gerais, a alocução feita na Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro, em Águeda, no dia 19 de Novembro de 2011, a propósito da apresentação dos retratos a óleo de José Luciano de Castro e de José Maria de Alpoim, da autoria de José Malhoa, cedidos pela Câmara Municipal de

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Águeda.


Retrato do Dr. António Breda, 1948 Fausto Sampaio (1893 – 1956) Óleo s/ Tela 737 x 604 N. Inv. 0693

Fausto Sampaio nasceu Alféolas, Anadia em 1893. A incapacidade auditiva que o atingiu aos 22 meses de idade tornou-o surdo-mudo mas isso não o impediu de ter uma grande sensibilidade para se exprimir através da pintura. Atinge o auge da sua carreira artística nas décadas de 30 e 40 do século XX, época em que realizou grande parte das suas obras nas províncias ultramarinas e que lhe valeram o título de Pintor do Império. Em algumas províncias esteve só de passagem, em Macau e S.tomé, demorou-se mais tempo e tornouse residente. Fausto Sampaio, artista singular do período naturalista de transição para o modernismo. Possuidor de grande mestria técnica e de uma enorme sensibilidade, tendo sido um impressionista de grande versatilidade e um paisagista nato, com obras únicas em que a rápida pincelada e a extrema facilidade de manejar a espátula, lhe permitiram captar a impressão dos momentos, instantes quase palpáveis, fazendo-os perdurar para sempre. Discípulo de Jules Renard, brilhou pelo uso apurado da cor e pela predominância das atmosferas embaciadas ou luminosas.


Sala de Pintura Portuguesa

Nesta obra temos representado o Dr. António Breda, pelo pintor, figura ímpar aguedense, nascido em 1880, Médico e grande benemérito desta cidade; grande impulsionador do Hospital Conde Sucena; amigo íntimo de Dionísio Pinheiro. Faleceu em 1964.


Os palheiros da Costa Nova, 1942 Fausto Sampaio (1893 – 1956) Óleo s/ Madeira 360 x 245 N. Inv. 0458

Esta composição manifesta através de crostas subtis, passagens de tonalidades de difícil execução, de uma riqueza na policromia um resultado de sensibilidade incrível, de grande mestria e experiência onde o decorativismo assume as cores portuguesas e especificamente nesta obra a praia da Costa Nova: Os Palheiros da Costa Nova. Executada em 1942, óleo s/ madeira. Esta praia com uma ligação muito forte à sua terra Anadia e a toda a região da Bairrada como destino de veraneio.


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Canto abandonado, 1948 Fausto Sampaio (1893 – 1956) Óleo s/ madeira 470x605 N. Inv. 0017

Esta composição com objectos de uso diário em tons terra, verdes secos, alaranjados e cinzas, através de crostas subtis, passagens de tonalidades de difícil execução, resultam uma sensibilidade incrível, resultado de grande mestria e experiência onde o decorativismo assume as cores portuguesas e especificamente da sua terra, Anadia – Bairrada.


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Vista do Forte de Diu, 1944 Fausto Sampaio (1893 – 1956) Óleo s/ Tela 460 x 600 N. Inv. 0014

Fausto Sampaio foi o Pintor do Império, pintando todas as ex-colónias portuguesas, demonstrando que essa presença nacional era palpável e concreta nessas distantes paragens, estabelecendo um elo cultural do Portugal Continental e das Antigas Colónias numa linguagem nacionalista, socorrendo-se do Naturalismo como corrente artística que, à época, assumia o espelho da Pátria. Um diálogo Ocidente-Oriente com cores de uma Globalidade de séculos. Aderindo assim ao Orientalismo.


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Rio Vouga no Poço de S. Tiago, 1946 Fausto Sampaio (1893 – 1956) Óleo s/ Cartão Prensado 470 x 610 N. Inv. 0015

Fausto Sampaio distingui-se como grande paisagista. Exprimia profundos sentimentos pela natureza, brilhou pelo uso apurado da cor e pela predominância das atmosferas embaciadas ou luminosas. Foi inexcedível na representação das terras do Vale do Vouga.


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Goa, 1944 Fausto Sampaio (1893 – 1956) Óleo s/ Tela 456 x 604 N. Inv. 0341

Fausto Sampaio foi o Pintor do Império, pintando todas as ex-colónias portuguesas, demonstrando que essa presença nacional era palpável e concreta nessas distantes paragens, estabelecendo um elo cultural do Portugal Continental e das Antigas Colónias numa linguagem nacionalista, socorrendo-se do Naturalismo como corrente artística que, à época, assumia o espelho da Pátria. Um diálogo Ocidente-Oriente com cores de uma Globalidade de séculos. Aderindo assim ao Orientalismo.


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Lourenço Marques, 1944 Fausto Sampaio (1893 – 1956) Óleo s/ Tela 460 x 600 N. Inv. 0016

Artista singular do período naturalista, de transição para o modernismo, a sua obra revela o conhecimento e admiração pelo Oriente, o que o levou também a aderir ao Orientalismo característico da pintura da sua época. As suas obras, fruto da vivência nas terras por onde viajou, como Goa, Diu, Damão ou Timor, mas também daquelas em que viveu, como Macau, exprimem a atmosfera, os contrastes, a paisagem, a luz, as fiiguras e as formas próprias de cada uma.


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Paisagem Outonal, 1927 Falcão Trigoso (1879-1956) Óleo s/ tela 410x510 N. Inv. 0006

João Maria de Jesus de Falcão Trigoso nasceu a 4 de Março de 1879, em Lisboa e faleceu a 23 de Dezembro de 1956. Era neto do poeta João de Lemos que lhe terá oferecido a primeira paleta. Frequentou a Escola de Belas Artes de Lisboa tendo sido discíplo de Simões de Almeida, Veloso Salgado e Carlos António Rodrigues dos Reis. Descendia pelo lado paterno dos Barões de Aldenberg e pelo lado materno dos Viscondes de Real Agrado. Foi o Director da Escola Técnica Vitorino Damásio, em Lágos, e posteriormente, Director nas Escolas Fonseca Benevides e de Arte Aplicada António Arroio, em Lisboa. Pelas paisagens do Algarve que pintava, baptisou ele a região como Costa de Oiro. Em 1954 recebeu o 1º Prémio Silva Porto; uma Medalha de Ouro na Exposição do PanamáPacífico, S. Francisco, Estados Unidos da América; o Prémio Anunciação em 1900, prémio em Homenagem ao pintor Tomás da Anunciação, premiando os alunos de pintura da academia das Belas Artes. Em 1948 foi galarduado com a medalha de honra pela Sociedade Nacional de Belas Artes. Adepto da corrente Ar-Livrismo. Composição a óleo com paisagem outonal: a árvore com os seus tons vermelho, amarelo, laranja e castanho marca a época do ano, na restante composição predomina o verde com apontamentos de branco e vermelho, o casario, azuis e branco, montes e céu, uma visão de quem tem tempo, perspectiva aristocrata de quem repousa os olhos por sobre uma paisagem com o gosto da contemplação, pormenorizada. Falcão Trigoso é um pintor bem representativo do período tardo-naturalismo português, do Grupo Silva Porto. E as suas obras transmitem uma alegria saudável, espelho da sua alma com hinos de luz e cor.


Sylvia Purwin de Figueiredo Falcão Trigoso

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Dos seus contemporâneos destinguem-se o pintor António Saúde o escultor Fernando Santos e o arquitecto Parente. Note-se que Mestre Carlos Reis que fora também professor de El Rei D. Carlos, foi-o de Falcão Trigoso. Tal era a admiração que este último tinha pelo seu mestre que em todos os seus catálogos fazia menção do seu nome e do que devia aos seus ensinamentos. Conclui o curso de Belas Artes com mérito e na altura formou-se o grupo Sociedade Silva Porto, constituído originalmente por Falcão Trigoso, António Saúde e Alves Cardoso.


Paisagem de Inverno, 1927 Falcão Trigoso (1879 – 1956) Óleo s/ Tela 475x605 N. Inv. 0005

Não é tão rica de autênticos valores a arte de hoje que a perda de uma figura como Falcão Trigoso possa deixar de ser classificada de muito grande. Curvamo-nos, reverenetes, ante a memória de quem com tão alto sentido do belo e tão expressiva dignidade soube pintar e viver. Artur Portela


in Jornal A Época, 24 de Dezembro de 1919.

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Tarde de Sol e de ontĂŠm, uma bela tarde de Dezembro, cheia de luz e transbordante de vida.


Azenhas do Mar, 1944 Machado da Luz (1903 – 1985) Óleo s/ madeira 452x332 N. Inv. 0067

Raimundo da Silva Machado da Luz (Ponta Delgada, 1903 — Lisboa, 1985) foi um pintor e professor de arte português. Machado da Luz destacou-se pela sua obra de pendor social precursora do neorrealismo português. Formou-se na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, cidade onde se fixou, ingressando na docência e depois na carreira de inspecção educativa. Foi discípulo de Carlos Reis e de Veloso Salgado. Recebeu a 1ª Medalha em pintura da Sociedade Nacional de Belas Artes em 1957. Paralelamente ensinou na Sociedade Nacional de Belas Artes, tendo sido director nos anos de 1959 a 1962, e Presidente do Grupo de Artistas Portugueses. Teve um percurso pouco convencional, não pactuando com os cânones artísticos do Estado Novo e produzindo uma obra onde avultam as pinturas tendo como tema as mulheres e as paisagens, tendo sido, de acordo com Fernando Pamplona, um dos nossos melhores e mais originais paisagistas modernos. Foi casado com Maria José Estanco, a primeira mulher que se graduou em arquitectura em Portugal.


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Paisagem de Avô, 1944 Machado da Luz (1903 – 1985) Óleo s/ madeira 452x332 N. Inv. 0066


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Galináceos, 1942 Portela Júnior (1898 – 1985) Óleo s/ madeira 233x317 N. Inv. 0062

Severo Portela Júnior (Coimbra, 10 de Setembro de 1898 – Lisboa, 08 de Julho de 1995). Logo no liceu foi aconselhado a matricular-se na Escola de Belas Artes de Lisboa e, aí cursou escultura e foi discípulo de Simões de Almeida (Sobrinho). Com apenas 22 anos, foi viver para Almodôvar, por ser a terra da pintora Maria José Carrilho Marreiros, que se tornou a sua esposa e, dedicou-se à pintura. Em 1933, foi ainda bolseiro da Junta de Educação Nacional para aperfeiçoamento de técnicas de pintura em Espanha, França e Itália. Em paralelo com a sua carreira artística, Portela Júnior foi um proprietário agrícola que desempenhou o cargo de Presidente do Grémio da Lavoura de Almodôvar e que foi Procurador à Câmara Corporativa por designação do Conselho Corporativo, na qualidade de artista plástico e, deputado na XI Legislatura, de 25 de Novembro de 1969 a 28 de Abril de 1973.


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O Meu Primeiro Ovo, 1914 José Girão (1840 - 1916) Óleo s/ tela 430x610 N. Inv. 0020

José Maria Sousa de Moura Girão ( LIsboa 1840 - Coimbra 1916)foi pintor dos séculos XIX e XX, discíplo de Anuncição e Lúpi, adaptando-se pouco a pouco aos processos realistas da pintura, destinguindo-se como animalista, segundo Fernando de Pamplona, Que representava com vivacidade e humor em cenas de certo sentido sentimental e erótico. Durante 36 anos foi Restaurador do Museu Nacional de Arte Antiga. Foi membro do Grupo do Leão, figurando no célebre quadro de Columbano que retrata este cenáculo de artistas. Expôs as suas obras nas exposições da Sociedade Promotora de Belas Artes, no Grupo do Leão, na Sociedade Nacional de Belas Artes e na Exposição Portuguesa no Rio de Janeiro em 1908. Esta obra de óleo sobre tela representa um grupo de galináceos na capoeira exultando o pormenor da galinha que acaba de por um ovo: O Meu Primeiro Ovo. Assim, apresenta a marca da maturidade do artista na vertente do Naturalismo animalista e tão-só no tema amado de Girão: Galináceos.


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Natureza Morta (Jarra de Flores), Séc. XX Fortunato Anjos (1908 – 2000) Óleo s/ madeira 450x560 N. Inv. 0063

Fortunato Anjos nasceu em 1908, Lisboa, faleceu em 2000, Lisboa. Foi discípulo de Mário Augusto. Expôs na Sociedade Nacional de Belas-Artes desde 1930. Recebeu os seguintes prémios: 1.ª medalhada em pintura na Sociedade Nacional de Belas-Artes; 2.º prémio Silva Porto do Secretariado Nacional de Informação, 1945; Bolsa José Malhoa, 1945; 1.ª medalha em desenho na Sociedade Nacional de Belas-Artes, 1957. Pintor naturalista de uma sensibilidade na textura e na luz de gentes que vivem nas suas composições. Pinceladas de movimento.


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Figura de velha com cântaro e cesto de frutos, 1945 Fortunato Anjos (1908 – 2000) Óleo s/ madeira 495x398 N. Inv. 0443


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Natureza Morta, SĂŠc. XIX at. Vieira Portuense (1765 - 1805) Ă“leo s/ tela 339x424 N. Inv. 0064


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Paisagem Outonal, 1895 Cândido da Cunha (1866-1926) Óleo S/ tela 355x270 N. Inv. 0018

António Cândido da Cunha nasceu em Barcelos, em 1866 e morreu no Porto a 16 de Outubro de 1926. António Cândido da Cunha, discípulo de João Correia, Jean-Paul Laurens e Benjamin Constant, subsidiado pelo Rei D. Carlos, destingiu-se como pintor elegíaco, enamorado das paisagens crepusculares, plenas da melancolia das sombras envolventes ou da tragédia do sol agonizante. Estas cenas majestosas de ocaso são transbordantes de lirismo nas suas tintas douradas e argênteas. Frequentou a Academia Portuense de Belas Artes, tendo sido aluno de António Sardinha em Arquitectura Civil de Marques de Oliveira em Desenho, de João António Correia em Pintura Histórica. Ganhou o prémio Soares dos Reis em 1892 e terminou o curso de Pintura Histórica com 18 valores e louvor. Entre 1896 e 1898 estudou na Academia Julien de Paris, soba portecção régia do rei D. Carlos e a expensias do Estado Português, aperfeiçoando a sua arte com Jean-Paul Laurens e Benjamim Constant. Foi admitido, e aclamado pela crítica parisiense, no Salon de 1898. É considerado um Ultra-Romântico. Um dos locais que elegeu representar foram trechos paisagísticos de Águeda, entre outras localidades.


Joaquim Costa, 1926

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A arte de Cândido da Cunha revela, na sua doce espiritualidade, quietação e nostalgia. Por isso, ele foi um admirável pintor de tonalidades crepusculares, dando-nos, nos seus melhores quadros, com surpreendente verdade, até as próprias sombras da noite.


Tasso na Prisão, 1854/5 Francisco José Resende (1825 – 1893) Óleo s/ tela 529x413 N. Inv. 0447

Francisco José Resende de Vasconcelos nasceu no Porto a 9 de Dezembro de 1825, tendo falecido na mesma cidade a 30 de Novembro de 1893. Foi pintor, escultor e Professor de Belas Artes. Nesta pintura apresenta-se o poeta Torquato Tasso, do Renascimento Italiano, autor do poema La Gerusalemme Liberata, de 1580. Francisco José Resende, pintor popular e conservadro, fiel à pintura romântica, escreve no verso desta obra: Fiz Presente do quadro original (grandeza natural) a El-Rei D. Fernando meu generoso protetor.


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Francisco José de Resende e Tasso na Prisão J. M. Vieira Duque Essa vida do Tasso não é muito interessante? Como esse homem sofreu! Quantas lágrimas de raiva deve ter derramado. Eugène Delacroix, Diário, 1819

1. O Pintor do Romantismo O “pintor insigne” – considerado assim por Camilo – é Francisco José de Resende (18251893), personagem incontornável do Porto Romântico. Controverso, indiscutivelmente uma figura popular, distinta pelo seu aspecto romântico e ímpar na cena artística portuense. Ingressou na Academia de Belas-Artes do Porto aos dezasseis anos e em 1848 participou, como aluno, na Exposição Trienal da Academia, onde conheceu o pintor suíço Augusto Roquemont (1804-1852), fazendo-se pouco tempo depois seu discípulo e enamorando-se das suas paisagens. A influência do mestre foi tal que abandonou a pintura academista e aderiu de imediato aos temas populares. Assim, liberto, como afirma Catarina Duarte, começa a utilizar um cromatismo vigoroso. Pelas palavras desta estudiosa: “Em 1849, lecciona a cadeira de Pintura Histórica, mas dois anos mais tarde parte para Paris, com bolsa de D. Fernando, onde frequenta as aulas do mestre (Adolphe) Yvon (1817-1893) (…). Regressa em 1855. Pouco expressivo na pintura de História, mas participa em várias exposições nacionais e internacionais, especialmente com uma temática de costumes e sentimentalista. Não gostava de retratos mas sobrevive como retratista para instituições e particulares.” É obrigatório ressalvar que essa estada em Paris a estudar com o mestre Yvon teve dois períodos, o primeiro foi curto por motivos de saúde graves que obrigaram Resende a regressar ao Porto e só voltar em 1854. Importante é também o episódio, para mim, que marcou o artista em todas as suas facetes humanas, a morte de Roquemont, em 1852, ferindo-o na alma e mergulhando-o definitivamente no inebriado “mundo romântico”, de uma estética poética ilustrada e partilhada connosco pela atitude de se fazer representar, por si mesmo, em desenho, de joelhos, junto à campa do seu mestre que venerava e, ainda, pelas seguintes palavras: “Sentimo-nos possuídos de dor quando nos lembramos que na idade de 45 annos baixou à sepultura este nosso virtuoso e leal amigo, que era ao mesmo tempo um talento raro, um espírito superior nas artes e nas sciencias, e um grande caracter. (…) Seremos eternamente gratos à sua memória.” A protecção a Resende por parte de D. Fernando acontece após o encontro que tiveram no Porto em 1852 e com o entusiasmo do rei pelo talento do jovem pintor, prometendo de imediato uma pensão para os seus estudos no estrangeiro. Resende, figura controversa, tanto no seu tempo como ainda hoje, sofre de uma crítica “esquizofrénica”, maldita, injusta, implacável. Na obra “Francisco José de Resende” de António Mourato, da Edições Afrontamento, 2007, podemos ler na respectiva introdução: “Em vida, a sua obra suscitou alguma polémica, mas também foi alvo de estrondosas ovações, chegando alguém a afirmar que ele era a «grande voga da arte no Porto». Contudo, trinta anos após o seu desaparecimento, já se dizia que essa «grande figura portuense» tinha sido lançada, pela «ingratidão dos homens», no maior esquecimento. Ressalva, ainda, o autor, nesta introdução, entre outras opiniões de estudiosos, a de


Flórido de Vasconcelos que classifica Resende como um «notável artista», e acrescenta Mourato: “(…) lamentando a modéstia do lugar que lhe tem sido atribuído na história da nossa Pintura”. Dionísio Pinheiro adquiriu, no Porto, “Tasso na Prisão” de Francisco José de Resende, 1854/55, para a sua colecção de Arte. Hoje, esta obra encontra-se em exposição permanente no Museu da Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro. Nesta pintura Resende apresenta Tasso na prisão, autor de “La Guerusalemme Liberata”, poema de 1580. A tela está pintada a óleo onde predominam os tons castanhos, objectivando a figura de um homem com barba, sentado, a corpo inteiro com braço esquerdo pousado numa mesa, num cómodo deveras delimitado por paredes claustrofóbicas e grade – representação do cativeiro – de onde emana um foco de luz e, por sobre a mesa, simplesmente, um papel e um porta-lápis. Cena imortalizada por Baudelaire no poema «Sobre “O Tasso na prisão” de Eugéne Delacroix». Francisco José de Resende, pintor popular e conservador, fiel à pintura romântica, escreve no verso desta obra: “Fiz presente do quadro original (grandeza natural) a El-Rei D. Fernando meu generoso protector”. Esta é a apresentação da obra “Tasso na Prisão”, de Resende, executada em Paris entre 1854 e 1855, mais tarde, inspiração de outra com o mesmo nome de maiores dimensões e oferecida pelo pintor ao rei D. Fernando, seu protector, em 1858, como refere a inscrição no verso da pintura, assinada pela própria mão, como era seu hábito. 2. Metapoesia Pictórica Nunca antes senti emoções tão intensas ao ler coisas tão boas; uma boa página deixa uma bela impressão em mim, que dura por vários dias. Detesto escritores irreais que só têm estilo e pensamento sem uma fonte verdadeira e sensível. Eugène Delacroix, Carta a Pierret, 1822

O diálogo entre texto e imagem foi uma busca constante pautada pela modernidade do Romantismo e grande preocupação para o encontro de concepções da imagem poética, reflexo intertextual entre a poesia e a pintura, atingindo a alma artística da poesia da imagem. Nesta perspectiva da Metapoesia Pictórica, a expressão por excelência está contida no Belo e não necessariamente nas palavras. Aqui o Poeta critica a obra do Pintor e reclama uma leitura própria da obra, também esta uma outra, recriando a obra de arte na génese e na forma; conteúdos ímpares de palavras omnipresentes que se entrelaçam e se transmutam na Beleza: cor, movimento, sensações, emoções. Inocência? Antes, o abrir das amarras do comum e saltar para o âmago de uma mise-en-scène de trocas entre a Poesia e a Pintura, construindo um diálogo entre a literatura poética e a estética pictórica, fecundando a alma do espectador com a semente do movimento artístico global, sempre transdisciplinar. Os ecos intertextuais entre Poesia e Pintura atingem uma nunca antes conseguida dimensão no poema de Charles Baudelaire (1821-1867) que presta homenagem à obra “ Le Tasse à l’ hôpital des fous” de Eugène Delacroix (1798-1863), representando o poeta do Renascimento italiano Torquato Tasso (1544-1595), autor do poema épico “La Gerusalemme Liberata”.


Não é desconhecida a incondicional admiração de Baudelaire por Delacroix e a sua pintura. Mas é, neste momento, que a labuta da poesia é fecundada pela energia do trabalho do pintor, motivando-o a conceber um soneto que se apropria da estética pictórica, convidando-a a entrar na literatura poética, por seu turno, importante como instrumento de criação literária. Assim, nasceu o poema – na sua primeira versão – «Sur “Le Tasse en Prison” D’Eugène Delacroix», obra exposta nas Galerias das Belas Artes, Bazar Bonne Nouvelle, 1844, que Delacroix pintara em 1839. Não se trata apenas de uma crítica sobre a obra em verso, mas antes, o transmitir de emoções, teia fabulosa de uma realidade passada – Torquato Tasso – despertando instintos essenciais para a imaginação criativa sobre uma personagem real, resgatada do século XVI para este período artístico do século XIX, como tantas outras personagens reais evocadas pelos Românticos. No entanto, este poema “cresce”, reescrito por Baudelaire – inspirado pela mesma obra de Delacroix, em 1855, patente na Exposição Universal de Paris – e publicado em definitivo na Revue Nouvelle em 1864. Nele encontramos um trabalho denso, maduro, de um olhar para uma cruel realidade, com personagens espectrais que atormentam o poeta e nos atormentam o espírito, personagens retiradas de um qualquer pesadelo e não simplesmente da obra pictórica, de preferência do que não é pictórico, mas sim da poética pictórica; elementos ausentes/presentes que pululam no olhar da consciência por intangibilidade sensorial. Sur “ Le Tasse en Prison” d’ Eugène Delacroix Le poëte au cachot, débraillé, maladif, Roulant un manuscrit sous son pied convulsif, Mesure d’un regard que la terreur enflamme L’escalier de vertige où s’abîme son âme. Les rires enivrants dont s’emplit la prison Vers l’étrange et l’absurde invitent sa raison; Le Doute l’environne, et la Peur ridicule, Hideuse et multiforme, autour de lui circule. Ce génie enfermé dans un taudis malsain, Ces grimaces, ces cris, ces spectres dont l’essaim Tourbillonne, ameuté derrière son oreille, Ce rêveur que l’horreur de son logis réveille, Voilà bien ton embleme, Ame aux songes obscurs, Que le Réel étouffe entre ses quatre murs!

Estamos, então, perante uma obra pictórica susceptível de conceber um tema eminentemente baudelairiano e apresentar-nos um Tasso, como herói, que transmuta, sonha e abarca a simbólica do sonhador que se evade em espírito das amarras físicas da prisão, para logo depois despertar para a miséria humana, sua condição última de ser humano. 3. Em modo de conclusão ou não… Não podemos ainda esquecer que tal como Baudelaire, teórico da arte, também Resende deixou numerosos textos críticos sobre arte.


Obra e autor, representado e obra, influências e confluências: Eugène Delacroix, Charles Baudelaire, Francisco José de Resende! Não pretendo aqui conjecturar sobre o desconhecido que foi a sua vida por Paris em termos de círculos de amizade, de vivência, de influências culturais; certo é que, no seu regresso, o desconforto no seu país foi real, basta lermos alguma da sua biografia e entendermos a sua movimentação espacial e artística, após a chegada a Portugal. Concluo, então, que a sua estada por Paris, embora breve, tenha sido intensa, (costume na época) e plausível para um ser com o temperamento e postura pessoal, social e cultural como Resende, que ali bebeu das correntes mais modernistas do Romantismo. Não obstante, cuidemos apenas nestes pormenores:

Resende em Paris (1852/1854): Resende torna-se discípulo de Adolphe Yvon. Adolphe Yvon era discípulo de Paul Delaroche (1797-1856). Paul Delaroche era amigo de Eugène Delacroix. Ambos foram amigos de Théodore Géricault (1791-1824). Os três formaram o núcleo de um grande grupo de pintores históricos parisienses. Eugène Delacroix é admirado e elogiado por Charles Baudelaire. 1839 - Eugène Delacroix pinta a obra “Le Tasse à l’Hôpital des Fous” ou “ LeTasse en Prison”. 1844 – Charles Baudelaire escreve o poema «Sur “Le Tasse en Prison” d’Eugène Delacroix” 1854/55 – Francisco José de Resende resgata também Torquato Tasso para a sua pintura “Tasso na Prisão”, em Paris. 1855 – Eugène Delacroix expõe novamente a sua obra “ LeTasse en Prison”, na Exposição Universal de Paris. 1855 - Charles Baudelaire reescreve o poema «Sur “Le Tasse en Prison” d’Eugène Delacroix”. 1864 – Charles Baudelaire publica o poema na Revue Nouvelle.

Nesta segunda versão do poema, Tasso é uma personagem acabrunhada, símbolo de resistência estóica de uma alma que procura incansavelmente passar a fronteira longínqua do tangível. Assim, Tasso é descrito e enaltecido, na composição pictórica, pelo seu abandono e não propriamente pelo desalinho; o seu olhar é de angústia e não de demência, e um pouco alienado, pintado de forma assimétrica. As personagens que se vêem por detrás das grades, em Delacroix, agora são fantasmas, num êxtase de terror dum pesadelo acordado, entre quatro muros que retraem a realidade, e sempre… o manuscrito! Razão adiada! Acabarei com uma frase de Baudelaire extraída da sua obra “A Invenção da Modernidade”, e traduzida para português pelo poeta Pedro Tamen, editada em 2006 pela Relógio D’Água: “E assim vai, corre, procura. Que procura ele? Não há dúvida de que este homem, tal como o descrevi, este solitário dotado de uma imaginação activa, sempre viajando através do grande deserto de homens, tem um objectivo mais alto que o de um puro flâneur, um objectivo mais geral, que não o prazer fugidio da circunstância. Procura aquela qualquer coisa a que irão permitir-nos chamar a modernidade; porque não se nos depara melhor palavra para exprimir a ideia em questão. O que ele pretende é retirar da moda o que ela pode conter de poético no histórico, extrair o eterno do transitório.” Descrição da personagem/homem, do romântico/moderno, do Poeta/Pintor, do executor /teórico, do Grande/Ímpar, do excelente exemplo francês/português, Delacroix/Resende! Deus não semeou talentos como o agricultor semeia trigo.

Francisco José de Resende, Madrid, 1871


Velho Atalho, Ericeira, 1925 João Reis (1899 – 1982) Óleo s/ tela 400x470 N. Inv. 0019

João Reis nasceu em Lisboa a 15 de Fevereiro de 1899 e faleceu a 02 de Março de 1982. Tendo sido aluno do pai, Carlos Reis, na Escola das Belas Artes de Lisboa, foi um pintor paisagista, Ar Livrista, tardo-naturalista. Esta obra, Velho Atalho (Ericeira), foi adquirida por Dionísio Pinheiro na exposição de pintura de João Reis no Salão Silva Porto, que se realizou de 21 a 31 de Janeiro de 1946, Porto. Para uma melhor contextualização da obra de João Reis, apresentamos dois excertos de notícias sobre o seu trabalho publicadas no ano desta exposição: Que luminosa safra artística, a de João Reis, este ano! Para ele, a Pintura, não tem intercadências. É uma vocação constante, uma exaltação ansiosa, um trabalho sôfrego a que ele entrega a vida, com as mais duras disciplinas de espírito. Gostaríamos, se possível fosse, que mestre Carlos Reis se reanimasse no seu túmulo, de imortal de glória, para contemplar esta exposição do filho, ardente e exuberante, em que a sua melhor lição, o que havia nele de talento inspirado de certezas, lhes passou às mãos num dom supremo e inalienável. João Reis, (…), não continua, apenas, a obra do pai. Como que a aumenta, a engradece, dando-lhe novos horizontes e outras tantas expressões de arte. Hoje, reverentemente, podemos dizer que João Reis é um artista completo. Não tem uma modalidade plástica, mas todas, o retrato, a paisagem, a marinha – isto tudo numa expressão nitidamente portuguesa. … Com maestria, num alto sentido decorativo, a pincelada fácil, espontânea visibilidade e de efeito, (…). Há uma euforia da natureza, um latejar de seivas, uma luz criadora de alegrias… que João Reis… atira criadoramente para os seus quadros… aquele poente acobreado, batendo na praia da Ericeira, refulgente de púrpuras e deslumbrante de oiros, que parece queimar a retina, dando-nos uma estranha visão levantina. …Em contraste, retalhos de mar cabedelo, onde a tormenta ruge em cóleras lívidas e desgrenhadas. São instantes difíceis de surpreender, e mais difíceis de pintar, mas o artista, vigorosamente, sabe reproduzi-los na sua expressão natural. Diário de Lisboa, 02 de Maio de 1946, in João Reis Retratista e Paisagista na Sociedade de Belas Artes


Pintor largo, despreocupado e instintivo, cenográfico e entusiasta, João Reis continua, este ano, numa fuga para o mar, as suas peregrinações pelas terras pátris. Há que dizer, apenas, de novo, que o artista se domina mais agora e que procura, com mais calma, o rigor da forma e do volume donde alguns dos seus retratos atingem a melhor técnica de toda a sua vasta obra …na paisagem e na marinha, João Reis entoa, como mestre podendo algumas das suas largas manchas do mar e das costas, apresentar-se como dos mais invulgares documentos da nossa actual pintura de ar livre… O Século, 04 de Maio de 1946

Sala de Pintura Portuguesa

Cor, cor admirável, saudável, quente, rica, fina e dúctil é esta, de João Reis, discípulo dilecto do pintor que deixou arquivada a mais bela soma de fisionomias da terra portuguesa: Carlos Reis.


Os Pobres, 1901 Carlos Reis (1863 – 1940) Óleo s/ tela 995 x 545 N. Inv. 0012

Carlos Reis acrescentou ao naturalismo lírico de Silva Porto, a vibratilidade da luz, legando-nos a verdade autêntica da natureza que retratou.

Diogo de Macedo

Carlos Reis nasceu a 21 de Fevereiro de 1863 em Torres Novas e faleceu em Coimbra a 21 de Agosto de 1940. Discípulo de Silva Porto na Escola de Lisboa; em 1889, foi para Paris como pensionista do Estado e ajudado pelo Rei D. Carlos; foi aluno do famoso retratista Bonnat e P.J. Blanc, decorador oficial. Em 1895 regressou a Portugal, para no ano seguinte concorrer com Ramalho e Artur Melo à cadeira de Paisagem da Escola, vaga pela morte de Silva Porto. Pintor naturalista, optando essencialmente por motivos populares e rurais, tão preferido por este artista de aristocrática linha, nobilíssima figura e elegante espírito como era caracterizado. Confirma-se a energia insubmissa, o talento inconfundível, o pincel formidável de Carlos Reis, artista do Grupo Silva Porto, admirado e protegido pelo Rei D. Carlos.


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Vésperas de Boda, 1926 Carlos Reis (1863 – 1940) Óleo s/ tela 1285x1520 N. Inv. 0011

Véspera de Boda, 1926, de óleo sobre tela, é uma das grandes obras de Carlos Reis, considerada das melhores da vasta galeria do eminente pintor naturalista, que utiliza uma iconografia de costumes de opulenta composição e graça que lhe deram reputação mundial: transparências soberbas e equilíbrio magnifico que esbarra numa melancolia berrante que domina o centro com mulheres a depenarem aves, sentadas no chão e ainda uma outra sentada com uma canastra aos joelhos. Uma obra que pressupõe uma tridimensionalidade, cénica e de subtil tratamento, que nos convida a uma observação e estudo atentos para vislumbrar o pano de linho ao vento por sobre um muro de pedra. Esta obra, de inestimável valor, confirma a energia insubmissa, o talento inconfundível, o pincel formidável de Carlos Reis, artista do Grupo Silva Porto, admirado e protegido pelo rei D. Carlos.


Sala de Pintura Portuguesa

Do mestre Carlos reis há seis trabalhos e entre eles não existem distinções: Vésperas de Boda, enorme nas proporções artisticas, é uma composição de tintas frescas e mocidade radiosa. Dir-se-ia que o artista há medida que os anos passam, rejuvenesce a forma e a realização. Jornal Républica, 04 de Maio de 1940


Plus de Vin ou Garrafão Vizinho, 1932 Carlos Reis (1863 – 1940) Óleo s/ tela 1310x1510 N. Inv. 0013

Plus de Vin ou também conhecido O Garrafão Vazio é uma das grandes obras de óleo sobre tela de Carlos Reis considerada das melhores da vasta galeria do eminente pintor. Representa, o quadro, um fim de jantar, de festa na aldeia, pois os motivos populares e rurais são preferidos por este artista de aristocrática linha, nobilíssima figura e elegante espirito, como era caracterizado este pintor Naturalista. Nesta composição pictórica, os convivas debandam numa euforia, num desenho e expressão admiráveis, sem dúvida, o seu grande quadro e faz parte da campanha do vidro, fase pitoresca do artista; uma iconografia de costumes de opulenta composição e graça que lhe deram reputação mundial: transparências soberbas e equilíbrio magnífico que esbarra numa melancolia berrante que domina o centro com uma toalha branca de dobras e uma luz singela e perfeita; o remate de cor e relevo desta composição é conseguido com uma pintura realista de frutas, salientando a melancia aberta; as louças grosseiras e os barros vidrados completam o diálogo presente num sibarita da aldeia que contempla os copos, as garrafas vazias e o garrafão vazio, que segue para o ar livre, ao fundo do cenário, com os demais convivas também de notáveis feições: a boca seca como ponto final desta narrativa popular; caindo o pano com luz que salpica a cabeça da gente que vai para fora, ou de uma nova nota luminosa e discreta fecha a vivacidade do quadro. Esta obra, de inestimável valor, confirma a energia insubmissa, o talento inconfundível, o pincel formidável de Carlos Reis, artista do Grupo Silva Porto, admirado e protegido pelo rei D. Carlos.


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Paisagem com casario, 1943 José Bastos (1924 – 1996) Óleo s/ madeira 142x191 N. Inv. 0457

José Bastos nasceu em 1924 no Porto e faleceu em 1996. Foi um pintor e aguarelista autodidata português.


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Paisagem marítima, 1918 Joaquim Marinho (Séc. XIX – XX) Óleo s/ madeira 142x274 N. Inv. 0437

Joaquim Manuel Teixeira Marinho foi discípulo de Guilherme António Correia, Soares dos Reis e Francisco José de Resende. Obteve a medalha de oiro na Exposição do Palácio de Cristal, no Porto, em 1889. Figurou com pintura na Exposição Portuguesa no Rio de Janeiro, em 1908.

Nesta obra, a óleo sobre madeira, representando uma paisagem com cena marítima, observa-se, em primeiro plano, uma praia com um rochedo onde se encontra uma figura humana observando no lado esquerdo outra figura em pé e em frente a um casebre, de telhado vermelho, com uma árvore de um lado e duas galinhas do outro. À beira do mar encontram-se dois barcos, na areia. Predominância das cores: vermelho, azul, verde e ocre.


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Cena infantil, 1893 António Nunes Júnior (1840 – 1905) Óleo s/ tela 482x291 N. Inv. 0442

António José Nunes Júnior nasceu em Lisboa a 22 de Outubro de 1840 e aí faleceu no dia 9 de Março de 1905. Em 30 de Outubro de 1856, matriculou-se como discípulo ordinário nas aulas de Desenho Histórico e de Desenho de Arquitectura Civil da ABAL. Nos concursos anuais da Aula de Desenho Histórico dos anos lectivos 1857- 58 e 1859-60, foi premiado com o partido de 20$000 réis, na secção de desenho de estátua e desenho modelo vivo e panejamento, respectivamente. Teve como mestres, Tomás da Anunciação, Vítor Bastos, Joaquim Pedro de Sousa e João Pires da Fonte. Concluídos os seus estudos em Desenho passou por ao estudo superior da Pintura Histórica, onde teve como mestre António Manuel da Fonseca e Marciano Henriques da Silva. Em Outubro de 1863, foi autorizado a frequentar a Aula de Gravura Histórica, que tratou de conciliar com o estudo da Pintura Histórica. Na aula de gravura, recebeu lições de Joaquim Pedro de Sousa. No ano de 1871, candidatou-se ao lugar de pensionista por conta do Estado para o lugar de pensionário na especialidade de Gravura a Talhe Doce, onde foi candidato único, aprovado com a maioria dos votos do júri. Nesse ano seguiu para Paris e em 17 de Março de 1874 foi admitido como discípulo do pintor Henriquel Dupont (1797-1892) na École Nationale & Spéciale des Beaux Arts, na secção de gravura. Na escola francesa, foi lhe adjudicada no ano de 1874, uma medalha no concurso da cadeira de Perspectiva, outra da 3.ª classe, em desenho do ornato e uma menção honrosa um prémio monetário, pelos seus trabalhos de atelier. No ano de 1875 foi decretado pelo Governo Português, uma portaria de louvor ao artista. Em 1877 e 1878, foi-lhe conferida uma menção honrosa pelos seus trabalhos de atelier e foi nomeado académico de mérito da ARBAL. Foi professor da 7.ª Cadeira – Gravura a Talha-Doce. Em 1894, foi nomeado para substituto do Director da EBAL, e no ano de 1896, como substituto do Inspector da EBAL no estrangeiro. Nesse ano, foi também indicado para assumir funções de Director da EBAL e do Museu Nacional de Belas-Artes. Para além das suas funções académicas, foi vice-presidente do Grémio Artístico e secretário da Sociedade Promotora de Belas Artes.


Sala de Pintura Portuguesa

Relativamente à sua carreira artística, sabe-se que foi premiado em exposições no estrangeiro – Exposição Internacional do Rio do Janeiro, Madrid e Barcelona; colaborou com retratos de sua autoria, na obra de Fonseca de Benevides – O Real Teatro de S. Carlos. Uma das obras mais significativas da sua carreira, foi a reprodução em gravura, do quadro – A Ceia - existente no Convento de Refoios de Lima.


Retrato de Rapariga Tomaz Pelayo (1898 – 1968) Carvão s/ papel 350x250 N. Inv. 0462

Tomaz Pelayo nasceu em Santo Tirso a 20 de Maio de 1898. Desde cedo que Tomaz Pelayo demonstrou gosto pela pintura. Em 1919 foi encaminhado para a Escola de Belas-Artes do Porto, com o apoio do Monsenhor Gonçalves da Costa, pároco de Santo Tirso. Entre 1925 e 1932 passou temporadas em Paris, onde recebeu ensinamentos dos mestres que leccionavam nas escolas de Taul A. Laurene e E. Renard. Em Abril de 1927 foi admitido no Salonde Paris. No ano seguinte expôs na Galeria Levieli (de 16 a 30 de Novembro) cerca de sessenta quadros inspirados em motivos portugueses e parisienses. Em 1930 foi novamente admitido no Salon, tendo participado na exposição com um auto-retrato. Nesse ano, durante o mês Abril, expôs vinte e cinco quadros no átrio da Misericórdia do Porto. Leccionou em várias escolas secundárias do país: na Escola Industrial Infante D. Henrique, no Porto, de 1923 a 1924; na Escola Industrial e Comercial de Madeira Pinto, em Águeda, no ano de 1933; na Escola Industrial Marquês do Pombal, em Lisboa, de 1933 a 1937; na Escola Industrial e Comercial, em Braga, entre 1937 e 1945; entre 1946 e 1950 deixou temporariamente de ensinar para se dedicar à pintura e, em 1950, voltou a leccionar na Escola Industrial e Comercial Carlos Amarante, em Braga, escola onde se manteve até 1957. Tomaz Pelayo recebeu um prémio da Sociedade de Belas-Artes de Lisboa. De 1957 até à sua morte, em 1968, viveu em Santo Tirso, onde trabalhou na Escola Industrial e Comercial.


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Retrato de Ilda Pereira de Almeida Cardoso (irmã de D. Alice), 1921 António Carneiro (1872-1930) Sanguínea s/ papel 549x490 N. Inv. 0050

António Teixeira Carneiro Júnior nasceu em Amarante, 1872, morreu no Porto, 1930. Foi Pintor, Ilustrador, Poeta e Professor de Português. Foi o único pintor e poeta do simbolismo português explorando a espiritualidade e captando sentimentos, granjeando o título: Retratista das Almas. Aqui representada a sanguínea sobre papel está a irmã de Alice Cardoso Pinheiro, que faleceu ainda jovem, Ilda Pereira de Almeida Cardoso.


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Cata-Lixo, 1944 Alfredo Azevedo (1876 – ?) Pastel s/ Cartão 660x510 N. Inv. 038

Alfredo António de Azevedo, nascido em 1876, começou a sua carreira artística tarde, foi discípulo de Joaquim Lopes. Foi agraciado com a Primeira Medalha em Pastel pela Sociedade Nacional de Belas- Artes. Neste pastel intitulado Cata-lixo; está representado em grande plano um homem de semblante carregado, de vestes rotas que carrega ao ombro um saco de serapilheira: figura típica de Águeda.


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Retrato de Mulher, 1961 Carlos Carneiro (1900 – 1971) Aguarela s/ papel 598x477 N. Inv. 0040

Retrato de Mulher, aguarela do pintor Carlos Carneiro, aguarelista e desenhador contemporâneo, discípulo de seu pai António Carneiro e também de marcos de oliveira. Nasceu no porto em 1900 e aí faleceu em 1971. Estamos perante uma mulher sentada numa mesa redonda a escrever, composição de uma riqueza cromática onde sobressai o azul da camisola e o amarelo do candeeiro por sobre a mesa, confessando uma sensibilidade que mais sugere do que representa os seus motivos, num traço nervoso e incisivo; Carlos Carneiro é na aguarela que conta com as obras mais apreciadas e premiadas.


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Praia do Norte, Ericeira Carlos Carneiro (1900 – 1971) Aguarela s/ papel 341x247 N. Inv. 0041


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Paisagem, 1961 Carlos Carneiro (1900 – 1971) Aguarela s/ papel 350x271 N. Inv. 0042


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Arco (Eira de Santa Luzia), 1925 Carlos Carneiro (1900 – 1971) Aguarela s/ papel 244x311 N. Inv. 0044


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Barca no Tejo (Casa do Chaves), 1943/44 Carlos Carneiro (1900 – 1971) Aguarela s/ papel 272x350 N. Inv. 0043


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Azenha do Arquinho, Melheiros, Porto, 1942 Francisco da Cruz Louro (1903 – Séc. XX) Tinta-da-China s/ papel 330x225 N. Inv. 0463

Francisco da Cruz Louro nasceu em 1903 em Vila Nova de São Bento. Graduou-se na faculdade de Belas Artes do Porto, formando-se em artes plásticas. Ensinou desenho e artesanato no ensino secundário. Viveu e ensinou em Portugal, Índia e Moçambique. Passou a maior parte do seu tempo livre tentando não seguir um movimento artístico particular, preferindo gravar as coisas que viu e os lugares que visitou. Como Cruz Louro descreve no seu livro de 1973, Álbum Ilustrado – Terras de Portugal, a pintura surge apenas para alimentar o meu espírito, satisfazendo assim a necessidade com que procurava completarme. E o seu estilo evoluiu sem qualquer preocupação de seguir uma escola ou imitar A, B ou C, seguia indiferentemente ao que no mundo se desenrolava nos variadíssimos campos das Artes Plásticas, o meu caminho ou destino, sem qualquer ambição ou preocupação que não fosse aquela de conseguir realizar aquilo que os meus olhos viam e os meus sentidos apreciavam. Os últimos anos da sua vida foram totalmente dedicados à sua terra natal, trabalhando arduamente para concretizar o seu último grande sonho: a criação de uma Biblioteca e Casa Museu que contribuíssem para a divulgação e engrandecimento de Aldeia Nova de São Bento e do Alentejo.


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Romaria da Srª da Agonia (Viana do Castelo) Alfredo Moraes (1872-1971) Aguarela s/ papel 380x270 N. Inv. 0047

Alfredo Januário de Moraes nasceu a 19 de Setembro de 1872, em Lisboa, tendo sido um dos mais prolíficos ilustradores portugueses. Estudou na Escola de Belas Artes e foi chefe de litugrafia da Imprensa Nacional e um dos fundadores da Sociedade Nacional de Belas Artes, onde leccionou gratuitamente durante 20 anos. Ilustrou, entre outros, a primeira edição dos Serões no Japão, de Wenceslau de Moraes e uma tradução do D. Quixote. Expôs na V Exposição do Grémio Artístico em 1895 e nao I Exposição da Sociedade Nacional de Belas Artes em 1901; tendo sido galarduado com a Medalha de Honra da Sociedade Nacional de Belas Artes e a Medalha de Ouro no Rio de Janeiro. Trabalhou em parceria com Roque Gameiro. Por vezes usou o pseudónimo de Fauno. Morreu a 06 de Fevereiro de 1971, em Lisboa. Como aguarelista foi também ambicioso com composições ricas em elementos, como neste caso: Romaria da Senhora da Agonia, Viana do Castelo, estamos perante uma cena de romaria minhota com várias figuras em trajes locais tradicionais em primeiro plano, assim com o carro de bois e uma vendedeira de barros; a igreja para onde o povo se dirige encontra-se num segundo plano. Esta obra faz jus ao jeito ilustrativo de cenas rusticas e tipos populares de colorido vivo e de gosto plebeu do aguarelista discípulo de Ramalho e de Alfredo Keil.


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Esboço de perfil de Dionísio Pinheiro, Séc. XX António Carneiro (1872 – 1930) Lápis s/ papel 150x240 N. Inv. 0588

Este esboço, em exposição, é a partir do perfil de Dionísio Pinheiro


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Estudo para Interior da Igreja de São Bento da Victória, Porto, 1925 António Carneiro (1872 – 1930) Lápis s/ papel 335x245 N. Inv. 0589

A partir da morte da filha, Maria, que aconteceu em Janeiro de 1925, o Pintor António Carneiro passa a trabalhar preferencialmente em Igrejas, onde passa os dias. Nesta obra a Igreja de São Bento daa Vitória, Porto, uma das predilectas.


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Interior da Igreja de Nª Srª do Pópulo, Caldas da Rainha, 1944 António Victorino (1891-1973) Aguarela s/ papel 381x535 N. Inv. 0048

António Victorino nasceu nas Caldas da Rainha, onde frequentou a Escola de Desenho Rainha D. Leonor. Dedicou-se à cerâmica, tendo tido como mestres Rafael Bordalo Pinheiro e Costa Mota. Foi também um aguarelista atento aos pormenores pitorescos após ter estudado esta técnica com António de Souza. Destacou-se em Coimbra como um artista muito activo sobretudo ao nível da docência na Escola Industrial Avelar Brotero. Foi galardoado várias vezes como aguarelista pela Sociedade Nacional de Belas Artes. António Victorino interpreta com realismo incontornável o Interior da Igreja da Nossa Senhora do Pópulo (antiga Igreja Matriz), Caldas da Rainha, nesta aguarela de 1944, onde observamos um altar lateral no transepto de uma igreja, sobressaindo os revestimentos das paredes em azulejos e da mesa do altar onde está a imagem de Nossa Senhora de Fátima e de Santo António; no pequeno nicho a imagem de Santo Izidoro; a encimar o arco, o canto do tríptico da Paixão, sendo possível observar a deposição de Cristo com Nicodemos e de José de Arimateia; espectaculares são os feixes de luz que entram pela janela superior.


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Neste altar foi a Baptizar Alice Cardoso Pinheiro.


Porta Regral do Convento de Stª Clara no Porto, 1954 Alberto de Souza (1880 - 1961) Aguarela s/ papel 380x490 N. Inv. 0049

Alberto Augusto de Souza nasceu em 1880 em Lisboa. Tendo sido um notável aguarelista ilustrador e desenhador português; foi discíplo de Nicola, Bigaglia e de Manuel de Macedo. Colaborou em jornais como A Capital, O Mundo, Novidades e A República, e internacionais no L’ Illustration e Illustrated Londed News . Ilustrou livros como Pátria Portuguesa de Júio Dantas, e Olivença de Matos Sequeira e Rocha Júnior. Fundou a revista Terra Portuguesa com Sebastião Pessanha e Virgilio Ferreira. Registou trajes tradicionais de Aveiro e como aguarelista pintou, entre outros assuntos, capelas, pórticos e claustros. O Artista faleceu em 1961 em Lisboa. Alberto de Souza, aguarelista, distinguiu-se, como prova esta composição, na aguarela: Porta Regral do Convento de Santa Clara, Porto, de 1954, pela firmeza do desenho, pela limpidez da cor, pelo sentido da luz. Foi sobretudo notável como intérprete de trechos arquitectónicos, plenos de solidez e dignidade em seus excelentes cartões.


JĂşlio Dantas

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Grande Artista! Alberto de Souza realizou toda a sua obra de olhos voltados para Portugal sem os desviar um momento da terra que lhe foi berço.


Casa da Moleira de Paula Campos (1884 – 1943) Aguarela s/ papel 399x486 N. Inv. 0046

Emílio de Paula Campos nasceu a 06 de Outubro de 1884 e faleceu em 14 de Junho de 1943. Estudou escultura na Academia de Belas-Artes, o que lhe permitiu concorrer, por exemplo, ao concurso para o monumento ao Marquês de Pombal, onde obteve o 3ª prémio. Entretanto, passou a dedicar a sua actividade à pintura, nomeadamente como aguarelista. Foi professor na Escola de Arte Aplicada António Arroio. Expôs muito pouco, tendo no entanto, sido realizada uma exposição de trabalhos seus na Sociedade Nacional de Belas-Artes, organizada por outros artistas. Após a sua morte, foi criado em sua homenagem a Sala-Museu Paula Campos, nas Azenhas do Mar, entretanto extinta.


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Trecho das Azenhas do Mar de Paula Campos (1844 – 1943) Aguarela s/ papel 330x448 N. Inv. 0045


Sala D. Alice


Natividade, Séc. XIX ass. Jozé F. R. (desc.) Óleo s/ liga metálica 395x515 N. Inv. 0029


Sala D. Alice


Retrato Miniatura de Jovem, Séc. XVIII Autor desconhecido, portugês Gouache s/ marfim 75x60 N. Inv. 0036

Os retratos em miniatura, bem como outros géneros em miniatura, desenvolveram-se a partir do século XVI. Consistiam em retratos ou pequenos quadros encaixados em diversos objectos como medalhões, relógios, guarda-joias ou outros objectos similares. O marco dos retratos, com frequência é um medalhão ovalado. Este tipo de pintura em miniatura realizava-se numa grande variedade de técnicas pictóricas como óleo sobre cobre, estanho, esmalte ou marfim, aguadas sobre pergaminho ou cartolina, ou desde o Século XVIII, aguarelas ou aguadas sobre marfim. No século XIX, com o desenvolvimento da fotografia iniciou-se a decadência desta arte.


Sala D. Alice


Santa Catarina de Alexandria, Séc. XVII Autor desc. / Barroco Óleo s/ tela 1130x890 N. Inv. 0028


Sala do Aparato


Gratia Plena, Séc. XIV/ XV Autor desc. / Tardo-Gótico Óleo s/ tela 940x782 N. Inv. 0453

Pintura representando Nossa Senhora com o Menino ao colo, panejamento vermelho com debruns dourados, pedras policromadas e auréolas douradas. Nossa Senhora apresentase com manto azul-escuro debruado com galão dourado e ostentando, presas ao braço flores: rosas. Em rodapé: Gratia Plena. Tema religioso incontornável na arte portuguesa deste período tão rico em técnica, elementos e estética espelhando um gosto que enraíza e sobressai uma ascensão económica de um Povo.


Sala do Aparato


Ceia de Emaús, Séc. XVII Autor desc. / Barroco Óleo s/ tela 1070x1555 N. Inv. 0026

A Ceia de Emaús representa bem o Barroco português numa concepção a partir de um triângulo formado pelas três figuras representadas; com uma luminosidade dada pelas roupagens brancas de uma das figuras, pelo centro da mesa onde está o pão e por um feche de luz à direita da composição, que contrasta com o fundo escuro e os tons acastanhados e vermelhos dos panejamentos de Jesus Cristo. Uma obra portuguesa do Séc. XVII, com disposição teatral e dinâmica do assunto retratado que valoriza o movimento e o realismo de um tema sacro que se quer comunicar aos fiéis, convencendo e impondo admiração.



Cabeça de Golias, Séc. XVIII Vieira Portuense (1765-1805) Óleo S/ Tela 495x625 N. Inv. 0449

Vieira Portuense, pintor português da segunda metade do Séc. XVIII, representa o culminar da estética Neoclássica e anuncia a transição para o Romantismo, fruto da sua dupla formação inglesa e italiana. É um dos mais importantes pintores desta fase, e o seu nome próprio é Francisco Vieira. Iniciou a sua formação com o pai, Domingos Francisco Vieira, e em seguida com Glama Stroberle e Jean Pillement, aquando da passagem deste último pelo Porto; frequenta a Aula de Joaquim Mendes da Rocha, em Lisboa. Viajou em 1789 para Roma, com bolsa, onde teve como mestre Domenico Corvi e nesta cidade estabelece a sua oficina. Em 1793 inicia uma grande viagem pela Europa percorrendo os principais centros culturais, mas é em Parma, onde estuda a obra de Correggio, que desenvolve a sua majestosa actividade publicamente reconhecida e reconhecida pela nomeação como académico da Régia Academia Parmense, apesar do périplo por Berlim, Dresden e Potsdam. Em 1798 estabelece amizade com os pintores Reynolds e Bartolozzi, estabelecendo residência em Londres. Quando regressa a sua cidade natal, traz consigo todo um conjunto de conhecimentos e influências que o tornam prolixo, permitindo-lhe o abordar de temáticas diferenciadas como a figura histórica e religiosa, a paisagem e o retracto; e se as suas primeiras obras revelam um estética marcada por uma formalização Barroca e Rococó, embora informada por esquemas compositivos e gramaticais neoclássicos, de derivação italiana, o final da sua carreira apontam claramente para uma sensibilidade e uma orientação criativa préromântica que lhe concede o título de Pai do Romantismo Português. Nesta magnífica obra podemos ver representada a alegoria de Golias, com o título Cabeça de Golias, que faz parte do conjunto de três alegorias, todas em exposição neste Museu, que o pintor terá pintado ainda em Parma, cuja temática é constante, são elas: Cabeça de S. João Baptista e Cabeça de Holofernes. Representam o período alegórico de Vieira Portuense e são consideradas as obras de maior relevo neste tipo de composição deste autor.


Sala do Aparato


Cabeça de São João Baptista, Séc. XVIII Vieira Portuense (1765-1805) Óleo S/ Tela 495x625 N. Inv. 0451


Sala do Aparato


Cabeça de Holofernes, Séc. XVIII Vieira Portuense (1765-1805) Óleo S/ Tela 495x625 N. Inv. 0449


Sala do Aparato


Pescador, 1945 Ricardo Navarro Poves (? – 1967) Óleo s/ tela 550x464 N. Inv. 0075

Ricardo Navarro Poves. Pintor neomodernista espanhol, nascido em Valência e falecido no Brasil em 1967. Seguiu uma corrente de estrutura clássica, mas de simplificação moderna, atingindo o seu ponto mais alto no retrato, onde conseguia imprimir as almas dos retratados na própria tela, tornando-os fascinantes e misteriosos, especialmente nos retratos femininos. Pintou também paisagens soberbas do Porto e de Paris. Embora tenha sido um artista pouco conhecido no seu país natal, teve algum renome na cena artística do Porto. Privou e retractou Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro.


Sala do Aparato


Pureza, 1946 Ricardo Navarro Poves (? – 1967) Óleo s/ tela 325x260 N. Inv. 0072


Sala do Aparato


Cena Portuária Ricardo Navarro Poves (? – 1967) Óleo s/ tela 350x272 N. Inv. 0071

Trabalho a óleo espatulado sobre tela, criando uma composição com movimento, como é habitual junto a um qualquer porto, com mulher com guarda-chuva e criança pela mão.


Sala do Aparato


Cena urbana com chuva Ricardo Navarro Poves (? – 1967) Óleo s/ tela 350x272 N. Inv. 0070

Cena Urbana do Porto com Chuva é uma obra do mestre espanhol, que viveu e trabalhou nesta cidade, Ricardo Navarro Poves, Neomodernista no panorama artístico da sua vivência em Portugal. Neste trabalho de técnica de espatulado o artista apresenta-nos uma rua da cidade do Porto em dia de chuva, à direita a parede do edifício e o pé de um clássico candeeiro de rua, por onde podemos observar a figura de uma mulher com um guarda-chuva aberto a passar por sobre o passeio. A sua arte continua viva e actual, arte de estrutura clássica mas de simplificação moderna.


Sala do Aparato


Virgem e o Menino, Séc. XVI Círculo Diogo Teixeira Óleo s/ madeira 425x330 N. Inv. 0025

Diogo Teixeira é o mais operoso pintor português do último quartel do século [XVI], e autêntico chefe-de-fila do Maneirismo oficial na sua feição mais fielmente conservadora e tridentina. Ele e a sua oficina responderam as encomendas para todo o país, desde igrejas e conventos a Misericórdias e irmandades religiososas traduzindo um formúulário que colheu geral aceitação da clientela, sendo por isso replicado pelos diversos colaboradores e discíplos que deram continuidade ás suas propostas. (...) os figurinos alteados e esbeltos denunciam uma finura de pincel apreciável. Vítor Serrão, in A Pintura Maneirista em Portugal


Capela


Nossa Senhora da Piedade, Séc. XVI Autor desc. Óleo s/ Madeira 336x239 N. Inv. 0456


Capela


Êxtase de São Francisco Xavier, Séc. XVI Autor desc. Óleo s/ tela 520x410 N. Inv. 0033

Esta obra a óleo sobre tela representa O Extâse de São Francisco Xavier e está emuldurada com uma excelente moldura em talha dourada à época.


Capela


Sonho de Jacob, Séc. XVI Autor desc. Óleo s/ tela 520x410 N. Inv. 0032

Esta obra a óleo sobre tela representa Sonho de Jacob e está emuldurada com uma excelente moldura em talha dourada à época.


Capela


Retrato de Manuel Ribeiro de Figueiredo, D. Abade d’Anta, séc. XIX Autor desconhecido Óleo s/ tela 1150x900 N. Inv. 1547

Manuel Ribeiro de Figueiredo, D. Abade d’Anta e pregador Régio, nasceu em Águeda a 31 de Agosto de 1835. Foi Professor de Latim, Latinidade, Capelão da Casa Real. Retrato a óleo (Séc. XIX) cedido pelo Dr. José Dionísio Figueiredo Manahu, seu sobrinho bisneto.


Capela


Natureza Morta, 1963 Adriana (? -?) Ă“leo s/ tela 390x490 N. Inv. 0444


Sala da Cerâmica


Passos da Vida de Cristo, 1967 Martins Lhano (1926-1987) Cobre esmaltado (estilo Limoges) e granadas 489x645 N. Inv. 0480

Neste painel, inspirado na obra de Pénicaud II, em cobre esmaltado estilo Limoges (Séc. XVI), composto por 28 placa rectangulares e cada uma com um episódio da vida de Cristo, Lhano, no seu traço modernista, superou largamente a contingência meramente joalheira da maioria dos trabalhos dos esmaltadores e deixou o suficiente para se catapultar para outro patamar de reconhecimento. Assim, não se trata de um decalque mas antes de uma reinvenção artística de um tema bastante comum com a inclusão da “Ressurreição de Lázaro” e “Multiplicação dos Peixes”; partindo de uma figuração geométrica um pouco no caminho do figurativismo clássico para encontrar efeitos plásticos expressivos de execução, mestria e leitura. Na valia cromática, o artista sonha encontrarse e obter uma riqueza de tonalidades que torna os seus esmaltes verdadeiros encantos de cor. Nos azuis, o artista conseguiu autênticos prodígios, de uma clareza admirável que mais enriqueceu as obras. A luz, do mesmo modo, é de belos efeitos e isto só se consegue mercê de uma técnica apurada. Com tudo isto atingiu um grau de maturidade que o coloca entre os pintores do género, trabalhando com o fogo, o esmalte sobre cobre, como muitos ainda não o haviam feito. Esta obra é enriquecida com um dourado constante em todas as placas e decorando a própria moldura de madeira com a “Coroa de Espinhos”. Esta foi a última obra adquirida em vida por Dionísio Pinheiro para esta nossa Colecção; para fraseando Valter Hugo Mae, O esmalte nunca espera ser assim, mas o esmalte sonha sempre ser assim.


Sala da Cerâmica


Martins Lhano Valter Hugo Mãe in Jornal de Letras, 10 de Julho de 2013

Quando, em 1968, se expuseram na capital os esmaltes de Martins Lhano, terá exclamado um ministro da nação perante o preço de um quadro: ui, que caro, 200 contos! Ao que o artista respondeu: e o senhor ministro faria o mesmo pelo dobro? Assim conta o episódio a dona Maria do Carmo, viúva do artista, numa risada cúmplice e malandra. Uma risada orgulhosa. O mesmo quadro, mais tarde, cobiçado por muitos mas tão precioso quanto proibitivo, acabaria por ser levado a casa de Dionísio Pinheiro, um conhecido e exigente colecionador de Águeda. A dona Maria do Carmo lembra-se bem do homem como um pedacinho de corpo, muito magrinho, só esqueleto e branco de papel. Doente e mais doente. Vivia numa casa grande cheia de boa arte, milionário e religioso. Martins Lhano assim lhe mostrou a obra. Delicado nos infinitos detalhes, belo, o trabalho intitula-se Passos da Vida de Cristo e inspira-se numa peça em esmalte de Jean Pénicaud II, pertença do Museu Soares dos Reis. Importa atentar que Martins Lhano não decalcou o trabalho do artista do século XVI, sendo que o decalque foi sempre coisa muito comum na maioria dos esmaltadores. O seu quadro apresentaria mesmo imagens alusivas aos milagres da multiplicação dos peixes e da ressurreição de Lázaro, episódios que Pénicaud II não escolheu. Dionísio Pinheiro perplexo com tamanha qualidade, terá pedido: ponha-mo aqui adiante. Nos dias que me restam, quero poder apreciar a beleza deste quadro. Assim o adquiriu, pelos famosos 200 contos, e assim faleceu, poucos dias mais tarde, deixando criada uma importante fundação que perdura vivaz e fundamental na dinâmica cultural da região de Águeda. No passado dia 29 de junho, a Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro inaugurou, por mão do atento conservador Vieira Duque, a exposição pública do quadro de Martins Lhano num evento que contou com a presença da dona Maria do Carmo e de duas das filhas do casal, também artistas plásticas, Isabel Lhano e Bárbara Martins. Na parede de uma das salas da antiga casa do fundador, vê-se agora a impressionante mestria de um artista que começou por ser um autodidata e se tornou dos mais valiosos esmaltadores portugueses do século passado. Pude ouvir as histórias acerca da agressividade do esmalte. O que o admirador da arte não vê. A perigosidade da sua elaboração, uma química indutora de cancros e sempre passível levar às falhas. A família do artista lembra bem o modo como demoravam meses de obstinação a criação de determinadas obras que, no momento de saírem dos fornos, se viam rachadas, destruídas na perfeição necessária. Eram meses de uma dedicação alienante que se viam como que desperdiçados por uma aposta de sorte, a sorte de um forno não devorar a meticulosa construção das imagens no estranho pó que é o esmalte. O esmalte é uma ourivesaria. Ele é tão exigente na sua manufatura que parece que parece tender para o tesouro diminuto. É quase sempre bastado às joias, para adoração de santos ou entes queridos. O que manifesta mais ainda a exceção imperdível de Martins Lhano, que compunha trabalhos de dimensões de outro aparato, criando arcas inteiras, para as quais ele mesmo concebia as estruturas de madeira, os forros, os modos de fechar. E por isso é tão importante que agora se veja a sua vida de Cristo, composta por 28 partes distintas, montadas numa moldura que ele próprio fez, talhada e ornada por si. O esmalte


nunca espera ser assim, mas o esmalte sonha sempre ser assim. Com este gesto da Fundação de Águeda, espero eu que outras obras do mestre Martins Lhano se acusem. A dispersão e a pouca perceção do valor dos esmaltes engana muita gente. As obras que fui podendo apreciar já me convenceram. Com o seu traço ainda modernista, Martins Lhano conseguiu superar largamente a contingência meramente joelheira da maioria dos trabalhos dos esmaltadores e deixou o suficiente para se catapultar para outro patamar de reconhecimento. Ele está, tem de estar, entre os grandes artistas. Falta perceber onde se guardarão as várias arcas que se fez. Era bom que os outros núcleos museológicos e coleções públicas pudessem aceder a mostrar essas peças, nem que seja para motivação bastante de quem possa devolver o esmalte português para estas dimensões, para esta categoria artística. Nos anos 80, Martins Lhano viria a falecer com o mesmo cancro que vitimou Dionísio Pinheiro. Não há mais do que uma coincidência, é certo, mas não deixa de ser irónico que o esmaltador se volte a ver falado exatamente por causa daquela vida de Cristo e do homem de Águeda. A dona Maria do Carmo, sem perder o sorriso que os anos não lhe souberam roubar, fez sentir que os acasos são um destino. Talvez nas sortes que escolhemos e no talento que conquistamos esteja contido um código secreto que nos faz andar em círculos que percebemos apenas no fim. Por outras coincidências, ao cair o pano que cobria o quadro na fundação, outros círculos se iniciam. Subitamente o nome de Martins Lhano subiu do silêncio e a sua morte recuou.


Grito, 1968 Martins Lhano (1926-1987) Cobre esmaltado 355x140 N. Inv. 0690

Esta obra, Grito, foi oferecida por Matins Lhano a DionĂ­sio Pinheiro, em Setembro de 1968.


Sala da Cerâmica


Rua da Venda Nova, 1983 Cândido Teles (1921 – 1999) Óleo s/ madeira 570x530 N. Inv. 1098

Cândido Teles nasceu em Ílhavo em 1921 e faleceu em 1999 e identifica-se como um grande pintor da Ria de Aveiro, da Costa Nova e das suas fainas marítimas e lagunares. Ainda jovem, o artista fez o seu aprendizado, através do convívio dos seus familiares mais próximos, que na época, trabalhavam como pintores na Fábrica da Vista Alegre. A sua faceta de artista está também ligada com o seu pai, Amadeu Simões Teles e José Patoilo, seu avô. Com 18 anos conheceu o pintor Fausto Sampaio e começou por acompanhá-lo, primeiro para ver o trabalho e, por último, a trabalhar ao seu lado. Por influência de Fausto Sampaio começou a pintar a óleo. Em 1938, fez a sua primeira exposição no salão Arrais Ançã, na Costa Nova. Em 1944, foi mobilizado para os Açores, onde começou a pintar a figura humana. Em 1951, foi para Angola, onde procurou as figuras enquadradas na arborização original. Voltou à Metrópole, ingressando no curso Estado Maior. Em 1962, viajou para a Madeira onde conheceu Júlio Resende. Mais tarde, foi mobilizado para comandar um batalhão em Angola. Cândido Teles regressou à pátria natal, mais concretamente a Évora. Aí colheu ensinamentos profundos de Júlio Resende. As cores das duas telas mudam: deixou as cores negras e começou a pintar com muita luz. Mais tarde, volta novamente para a guerra. A paleta escurece novamente. Fez quadros onde aparecem figuras maltrapilhas, pobres, doentes, mutiladas. Mas, na Ilha de Moçambique, tornou a pintar marinhas com muita cor, trabalhando exclusivamente a figura humana. De regresso a Ílhavo, fez a sua reintegração e empenhou-se em buscar a arte xávega, os temas da pesca na ria, da faina do moliço que procurou reviver. Retornou também à cerâmica, arte a que desde os primeiros contactos do tempo do avô nunca deixou de se entregar. Interpretou na tela, ambientes distintos: Aveiro, Ílhavo, Açores, África (Angola, Guiné, S. Tomé e Moçambique), Madeira, Alentejo, Algarve, tendo, em todos eles, uma influência dos meios humano e paisagístico. Ao longo da vida, recebeu várias distinções e a sua obra está representada em diversos museus nacionais e coleções públicas e particulares.


Caminhos de Memรณria


As Lavadeiras do Rio Alfusqueiro, 1983 Cândido Teles (1921 – 1999) Óleo s/ madeira 710x1100 N. Inv. 0078

Cândido Teles nasceu em Ílhavo [e com] o passar dos anos, a criança que brincava com o barro e tintas, começou a interessar-se pelos arcos, aprendendo os nomes e as características das diferentes embarcações que tinha por vizinhança. (…) Conheceu Fausto Sampaio, pintor de Anadia, que generosamente o animou e ensinou a pintar com mais desenvoltura o que já aprendera com o seu pai e seu avô. (…) Em 1993, em Setembro, faz a sua primeira exposição de Pintura na Costa Nova do Prado. O gosto pelos barcos e pela Ria que considera “toda sua” fez com que elegesse a “marinha” como modalidade de pintura de sua predilecção e de que Fausto Sampaio, exímio marinhista lhe transmitiu todos os segredos. Tornou-se um “expressionista de ar livre”, um “marinhista” apaixonado pela Ria de Aveiro, pelos azuis dos Céus e das águas, pelo rosa-névoa das madrugadas ou pelos dourados de um Sol tentando romper as neblinas tão frequentes na sua Costa. Até 1951 seguiu sempre o Grande Mestre. Mas parte para Angola. Aí encontra novas cores, novos horizontes, novas terras e novas gentes e tem de “voar” sozinho. (…) Em 1977 volta, feliz, às raízes. Voltou à Ria que nunca esqueceu, às embarcações que fizeram feliz a sua infância, aos azuis das suas águas, às cores das suas madrugadas ou poentes e às neblinas que tão bem sabe pintar. Cândido Teles é sem dúvida, o grande intérprete da Ria de Aveiro! Maria Agualuza, in O que perdi de mim mesmo… Sessenta anos de pintura


Caminhos de Memรณria


Desenho Homem, 2014 JosĂŠ Rodrigues (1936 - ) Caneta s/ papel 400x500 N. Inv. 1567


Um almoço na sua Fundação revela a singularidade de um espaço e de um respirar de arte humanizada: GENTE! A suavidade da mão do Mestre sentida na minha pele, paixão por entre escutares, silêncios e conversas em tons de tranquilidade, daquele que toca o supremo e que transcende a própria carne, trazendo em matéria a gnosticidade de um demiurgo que não reclama o folego a este Homem Ímpar. A exclusividade de uma genialidade em abraços francos por entre o desfile de uma Colecção de Arte de uma vida: a Sua, que gratuitamente divide connosco. 16 de Setembro de 2014.

Caminhos de Memória

Mestre José Rodrigues


Desenho Mulher, 2014 José Rodrigues (1936 - ) Caneta s/ papel 400x500 N. Inv. 1568

Nasceu em Luanda, em 1936. Formado em Escultura pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto. Foi fundador e Presidente da Direcção da Cooperativa Árvore, Porto. Em 1994, foi condecorado com o grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Já executou mais de 100 medalhas para diversas entidades, encenou várias peças de teatro em Portugal e no estrangeiro, colabora com poetas e escritores na ilustração de livros. Tem realizado vários monumentos e esculturas em Portugal e no estrangeiro: Paços de Ferreira, Arcos de Valdevez, Paredes de Coura, Macau, New Bedford, Porto, Viana do Castelo, Vila do Conde. Expõe individualmente desde 1964. Participa, desde 1973, em várias exposições colectivas em Portugal e no Estrangeiro nomeadamente em S. Paulo, Viena, Madrid, Veneza, Budapeste, Washington, Índia, Porto, Lisboa, Bremen, Düsseldorf, Kassel, Caminha, Luxemburgo. Foi premiado diversas vezes, destacando-se: Prémio Amadeo Souza-Cardoso; Prémio da Imprensa pelo melhor espaço cénico realizado em Lisboa (1972); Prémio de Escultura da Bienal de V. N. de Cerveira (1980); Prémio Soctip “Artista do Ano” (1990); Prémio “Tendências de Arte Contemporânea em Portugal” atribuído pela C. M. de St.ª M. da Feira (1994); Prémio de Artes Casino da Póvoa (2010). Está representado em várias colecções particulares e museus, no país e no estrangeiro.


Caminhos de Memรณria


Natureza Morta, Séc. XIX Autor desc. Óleo s/ tela 335x474 N. Inv. 0446


Caminhos de Memรณria


Natureza Morta, 1944 Albino Armando (1892 – 1950) Óleo s/ madeira 396x500 N. Inv. 0065

José Albino Armando Costa (1892-1950) Pintou o retrato, a paisagem e a natureza-morta. Foi discípulo de José Malhoa, Constantino Fernandes, Alves Cardoso, Sousa Lopes e Armando de Lucena. Prémios: Prémio Rocha Cabral, da Academia Nacional de Belas-Artes, em 1935; 2º Prémio Silva Porto, da Secretaria Nacional de Informação; Bolsa de viagem ao estrangeiro, da Sociedade Nacional das Belas-Artes; 1ª Medalha de Pintura na Sociedade Nacional de Belas-Artes. Encontra-se representado: Museus de Arte Contemporânea de Tomar, de Sintra, de Coimbra e de Vila Real, no Palácio Foz (Lisboa), na Casa de Bragança. Cultivou o retrato, a paisagem e a natureza morta.


Caminhos de Memรณria


Paisagem de Águeda, 1958 Augusto Ribeiro da Silva (1876 - ?) Óleo s/ madeira 370x590 N. Inv. 1402

Augusto Ribeiro da Silva, nascido em Águeda, pintor paisagista, foi discípulo de Silvestre Silvestri, Marques de Oliveira, José de Brito, Teixeira Lopes. Expôs Individualmente no Porto e Lisboa. Participou em Exposições colectivas na Sociedade Nacional de Belas Artes, Porto, Braga, Matosinhos. Encontra-se representado em vários museus e colecções particulares.


Caminhos de Memรณria


Vielas dos Gatos (Travessa de São Sebastião), Porto, 1954 Augusto Ribeiro da Silva (1876 - ?) Óleo s/ madeira 370x275 N. Inv. 0439


Caminhos de Memรณria


Vielas dos Gatos (Travessa de São Sebastião), Porto, 1954 Augusto Ribeiro da Silva (1876 - ?) Óleo s/ madeira 370x275 N. Inv. 0438


Caminhos de Memรณria


Paisagem c/ casa e caminho, Águeda, 1944 Albino Armando (1892 – 1950) Óleo s/ madeira 400x495 N. Inv. 0451

José Albino Armando Costa (1892-1950) Pintou o retrato, a paisagem e a natureza-morta. Foi discípulo de José Malhoa, Constantino Fernandes, Alves Cardoso, Sousa Lopes e Armando de Lucena. Prémios: Prémio Rocha Cabral, da Academia Nacional de Belas-Artes, em 1935; 2º Prémio Silva Porto, da Secretaria Nacional de Informação; Bolsa de viagem ao estrangeiro, da Sociedade Nacional das Belas-Artes; 1ª Medalha de Pintura na Sociedade Nacional de Belas-Artes. Encontra-se representado: Museus de Arte Contemporânea de Tomar, de Sintra, de Coimbra e de Vila Real, no Palácio Foz (Lisboa), na Casa de Bragança. Cultivou o retrato, a paisagem e a natureza morta.


Caminhos de Memรณria


Depois da Recolha do Milho, Águeda, 1944 Albino Armando (1892 – 1950) Óleo s/ madeira 398x495 N. Inv. 0452


Caminhos de Memรณria


Vistas de Rua de uma Aldeia, 1945 Pedro Olaio (1903 – 1997) Óleo s/ madeira 269x143 N. Inv. 0459

Pintor nasceu em Coimbra a 16 de Julho de 1903. Distinguiu-se pelos seus quadros de aspectos nocturnos, paisagens e trechos citadinos. Exposições individuais e colectivas em Coimbra, Porto, Caldas da Rainha, Famalicão, Aveiro, entre outras. Morreu em 1997. Destingue-se com os seus quadros nocturnos, louvados por intelectuais e poetas, como Afonso Lopes Vieira. Fernando de Pamplona, in Dicionário de Pintores e Escultores Portugueses IV


Caminhos de Memรณria


Paisagem com casario, 1945 Pedro Olaio (1903 – 1997) Óleo s/ madeira 300x360 N. Inv. 0440


Caminhos de Memรณria


Paisagem com casario, 1945 Pedro Olaio (1903 – 1997) Óleo s/ madeira 260x365 N. Inv. 0441


Caminhos de Memรณria


Rio Vouga, 1988 Pedro Olayo (Filho) (1930 - ) Óleo s/ madeira 220x270 N. Inv. 0694

Nasceu a 2 de Setembro no ano 1930, em Coimbra e teve como mestres José Contente e Edmundo Tavares. Nas suas muitas viagens toma contacto em Madrid com o espólio do museu do Prado e do Museu Sorolla. Em Paris estuda os grandes mestres da pintura impressionista e promove exposições ao ar livre que chamam a atenção da crítica ao ponto de lhe assegurar honrosa representação na galeria Stibel.Prossegue então os seus estudos em Itália, licenciando-se em Belas Artes, pela Academia Araldica Internacionale IL MARZOCCO, Firenze, Itália. Espatulista de valor europeu, afirma-se também na aguarela. Revelando uma sagacidade conseguida na experiência e pesquisa, denota nos seus trabalhos as capacidades inatas e extraordinárias que consagram no mundo das artes. As obras resultam duma profunda introspecção que assinala o resultado duma elaboração mental conscienciosa imbuída das vertentes indispensáveis à obra de vulto. Insatisfeito valoriza no dia-a-dia, a criação que pinta impregnando o quadro das virtualidades da inovação da técnica e da investigação permanente.


Caminhos de Memรณria


Natureza Morta Margarida Tamegão (1901 – 1991) Aguarela s/ papel 595x360 N. Inv. 0445

Margarida Yolanda Botelho de Macedo Tamegão nasceu em Lisboa a 16 de Abril de 1901. Faleceu no Porto a 02 de Fevereiro de 1991. Pintora, desenhadora, aguarelista e gravadora, começou a estudar artes aos 13 anos de idade com o pintor espanhol Ximénes, e posteriormente com Fernando Galhano e de Abel Santos. Percorreu toda a Europa em viagens de estudo, durante as quais foi desenhando e pintando o que ia vendo. Fez parte do movimento artístico Gávea, criado nos finais dos anos 60, nos Açores. Nesta aguarela sobre papel, vemos espelhada a faceta figurativista da pintora, numa natureza morta de cores outonais representando um galho de carvalho com bugalhos.


Caminhos de Memรณria


Aguadeira de Mira, 1955 José Contente (1907 – 1957) Carvão s/ papel 320x420 N. Inv. 1404

José de Campos Contente (1905 - 1957) nasceu em Coimbra, onde viveu regularmente. Discípulo de A. Augusto Gonçalves e aluno da Escola Industrial Avelar Brotero, foi posteriormente discípulo de Carlos Reis, Veloso Salgado e Varela Aldemira na escola de Belas-Artes de Lisboa. Fez também estudos superiores em Paris, sendo discípulo de Lucien Pénat e Jaques Beltrand. Cultivou a pintura, mas distinguiu-se particularmente no desenho e na gravura. Obteve vários prémios em exposições da Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa e em outros certames. Está representado no Museu Nacional de Arte Contemporânea (Lisboa), Museu Nacional de Machado de Castro (Coimbra), Museu de Grão Vasco (Viseu), na Pinacoteca do Rio de Janeiro, Museu de Parma (Itália), bem como em colecções privadas portuguesas e estrangeiras. in Jornada de Arte, Artistas de Coimbra


Caminhos de Memória

Nesta obra a carvão sobre papel o tema é a aguadeira de Mira, mulher com bilha de água na Praia de Mira e ao fundo um conjunto pictórico representando a arte xávega – arte de pescaria característica nesta zona costeira de Portugal, que utilizava como tracção a força de Bois.


O Lente, 1941 José Contente (1907 – 1957) Carvão s/ papel 305x235 N. Inv. 1406


Caminhos de Memรณria


Caras Mário Silva (1929 - ) Óleo s/ tela 275x275 N. Inv. 0791

Nasceu em Coimbra em 1930. Vive e trabalha na Figueira da Foz. Pintor neofigurativo, também escultor, desenhador, ceramista e ilustrador, consagra a existência a uma acção cultural humanística e libertária, de contestação ao establishment. Possui inúmeros prémios nacionais e internacionais, nomeadamente em Itália, Holanda e Portugal. Relacionado com inúmeros artistas, homens de letras e cientistas de múltiplas escolas e movimentos de todo o mundo, tem promovido a divulgação interdisciplinar da arte, em diálogo permanente com as gerações mais jovens.


Caminhos de Memรณria


Paisagem com cena dos Alpes, 1954 António Batalha (1911 – 1992) Óleo s/ madeira 600x740 N. Inv. 0074

António Batalha nasce a 10 de Setembro de 1911, em Almeida, pouco depois a família muda-se para Viseu, onde o seu pai, Joaquim Monteiro Batalha, funda a Fotografia Batalha, em 1912. Pintor Autodidacta, António Batalha teve o seu Atelier na Rua Direita, em Viseu. Destacou-se essencialmente na pintura de retratos, apesar de também ter da do especial relevo à paisagem, na qual assume a ruralidade regional, como o cosmopolitismo das cidades que visita. Trabalhou também como fotógrafo em Lisboa e no Porto, antes de na década de 50, se fixar em Viseu, onde deu continuidade à Fotografia Batalha. Participou em inúmeras exposições individuais e colectivas, tendo recebido, em 1957, o 3º prémio da Sociedade Nacional de Belas Artes. António Batalha não tem descendentes directos, pelo que em 1992, quando morre, deixa o seu legado a Maria Lisete Antunes, funcionária da loja de fotografia desde os 14 anos.


Caminhos de Memรณria


Auto-retrato, 2000 Levi Guerra (1930 - ) Óleo s/ tela 1300x1000 N. Inv. 1566

Professor Doutor Levi Guerra, natural de Águeda, médico, Professor Jubilado da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, e reformado como Diretor de Serviço do Hospital de S.João, especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Ordem dos Médicos; fundador e ex-Director dos Serviços de Nefrologia do Hospital de Santo António e do Hospital de S. João; ex-Director do Hospital de S. João; “fellow” do American College of Physicians, membro honorário da Academia Brasileira de Medicina, da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e da Sociedade Portuguesa de Nefrologia; Presidente da Direcção do Instituto Cultural D. António Ferreira Gomes, no Porto. “Prémio Nacional de Saúde 2013” do Ministério da Saúde, “Prémio de Saúde do Jornal Veritas 2014” e “Prémio Envelhecimento Ativo Drª Maria Raquel Ribeiro 2015”, da Associação Portuguesa de Psicogerontologia. Percurso artístico: 22 Exposições individuais de pintura; 2 livros de poesia publicados. Esta obra foi doada à Fundação pelo autor a 28 de Novembro de 2015, pela homenagem prestada a si e à sua Carreira Académica, ao seu percurso pessoal e ao valor como Pessoa de Cultura e das Artes. Primeiro ano do evento Caminhos de Memória.


Caminhos de Memória

O médico: a bata com o fonendoscópio no bolso, os doentes e a especialidade médica, a Nefrologia, simbolizada no rim. O professor universitário: a toga negra, na sua dignidade própria; a faixa amarela, a cor da Medicina qual mini-capelo de que pende a medalha da Faculdade, a medalha dourada da Academia Brasileira de Medicina, presa ao colar de anéis dourados. O investigador: a tese de doutoramento e os “Arquivos de Medicina, Revista de Ciência e Arte Médicas”, fundada e dirigida durante catorze anos por si. O cristão católico sempre ligado ao Cristo Crucificado, símbolo da imolação pela liberdade, pela compaixão e pelo amor. Levi guerra


Que é pintar? Pintar é também investigar… Mas é mais que investigar, Porque é criar! É inovação! Nunca reprodução! É termómetro de emoções, E produto de tenções… É espelho dos anímicos interiores E alívio dos súbitos terrores… É registo do que do homem transpira, Do que o afaga e do que o fira… Do que lhe ocorre e imagina, E do que lhe acontece, por sina! Afinal, tem muito de mistério, E é um reconfortante refrigério. A Minha Arte Arte, o que é em mim? O que me traduz! O meu pensar, O meu crer, O meu amar, O meu sofrer, O que recebi de luz… Que foi, Oh! Vida!, o plasmar-te!... Longos dias, E anos, muitos, À janela Aberta ao mundo, Memórias fixadas, Danos recordados, Visões retidas, Sensações vividas, Ousadias sonhadas, Paisagens contempladas, Paixões sofridas, Alegrias experimentadas E as dores de derrotas tidas, E as evocações das vitórias conseguidas… Tudo o que me tocou fundo Na tela, ou no papel, gravei Porque partes do meu mundo Que vivi e não sonhei… Levi Guerra


HOMENAGEM A LEVI GUERRA Nassalete Miranda Texto lido na Fundação Dionísio Pinheiro, Águeda, em 28 de Novembro de 2015

Boa noite. Sr. Engº Mateus Augusto Anjos, ilustre presidente desta Casa, Dr. Miguel Vieira Duque, irrequieto e criativo conservador do Museu que esta Fundação acolhe, senhor Prof. Levi Guerra, meu ilustre Amigo, senhoras e senhores: Permitam-me que felicite vivamente todos os promotores da sessão de hoje e, particularmente, esta que abre os Caminhos da Memória. Não escondo, nem pretendo esconder, a emoção e a responsabilidade que senti quando aceitei o convite para aqui estar e neste lugar falar do nosso homenageado. Assumo a amizade que me liga há anos a este aguedense, portuense, português e cidadão do mundo, que é o prof. Levi Guerra. Assumo a grande admiração e respeito que me inspiram a sua vida profissional e cultural e conto com a generosidade de V. Exas para não conotarem esta minha amizade com as palavras elogiosas que, merecidamente aqui deixarei! O Prof. Levi Guerra, que ontem recebeu a medalha de mérito da Ordem dos Médicos – mais uma justíssima distinção de reconhecimento pelo seu desempenho científico e médico que junta ao Prémio Nacional de Saúde 2013 e ao Prémio Envelhecimento Activo Dra. Maria Raquel Ribeiro 2015, da Associação Portuguesa de Psicogerontologia – é um dos homens que não se afasta das suas convicções e valores em nome de vãs mudanças e múltiplas modernidades. Para a história que hoje se faz na terra que o viu nascer, é determinante que se escreva na pedra que o verbo, a poesia, a pintura, a ciência, a medicina, a cidadania, tudo se funde num só sopro nesta pessoa que tal como o outro poeta – o Fernando – terá “pensamentos que se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens”. Escrevi em Janeiro deste ano, aquando da homenagem ao Prof. Levi na Ordem dos Médicos no Porto, que o nome Guerra assenta-lhe bem. Disso é testemunha a sua vida – um movimento diário de luta por tudo em que acredita. Para nosso bem, o Prof. Levi é um inconformado que entre a presidência do ICSFG, as consultas médicas, a pintura, as crónicas, os textos científicos, as intervenções cívicas e culturais, os poemas, os projectos com a Santa Casa da Misericórdia do Porto, de que destaco aquele que envolve os Seniores Activos e que abraça com a determinação que lhe é peculiar, a ginástica (porque o corpo tem de manter-se são como a alma), a atenção à família com preocupação maior pelos netos, o nosso (não resisto ao sentido de posse), o nosso Professor Levi inventa sempre tempo para o café solicitado por voz amiga. É assim: há um tempo diferente em quem é verdadeiramente grande e ocupado e todos os outros que se assumem ocupados em permanência!!! Para Giles Deleuze, filósofo francês, a Amizade (palavra escrita em maiúsculas), é essencial ao pensamento. António Damásio descobriu cientificamente a importância dos afectos no funcionamento do cérebro. Aqui está um dos elementos responsáveis pelo grande êxito do prof. Levi Guerra - o afecto


– movimenta-se pelo afecto e pela convicção de que este tem de estar na base de todos os projectos. Tenho tido o privilégio de partilhar em cumplicidades várias os últimos anos de intervenção cultural e cívica do nosso homenageado. Têm sido dias extraordinários de aprendizagem e crescimento intelectual. O professor não se afasta da pessoa. Há em tudo o que faz um sentido pedagógico que nos prende. O seu curriculum é vastíssimo e de uma riqueza ímpar e não cabe nos quinze minutos desta intervenção, no entanto terei de destacar a honra que é para Portugal e para Águeda o seu percurso pioneiro na medicina na especialidade de nefrologia. Professor Jubilado da Faculdade de Medicina do Porto, especialista em Medicina Interna e Nefrologia foi fundador e ex-director dos de Nefrologia do Hospital de Santo António e S. João. Lembro, a propósito, que é aqui, em Águeda, que está sedeada a clínica de Diálise do Vouga, que em 2012 recebeu o prémio de Melhor Clínica do Mundo de assinatura Diaverum. Entre os critérios avaliados destacam-se a qualidade médica do tratamento e os seus resultados clínicos. É lá que encontramos o Prof. Levi Guerra. O Instituto Cultural D. António Ferreira Gomes nasceu consigo e é hoje um marco no Ensino e em intervenções cívicas e culturais de referência na cidade do Porto. Como pintor são inúmeros já os seus seguidores e admiradores. O auto-retrato, que a partir de hoje figurará nas paredes e património deste Museu, mostra o Homem no seu todo e revela uma capacidade ímpar no jogo policromático, no movimento e musicalidade do gesto e na mensagem que o artista envia através de traço irrequieto mas preciso. Mensagem que nos desafia para mundos diversos onde as emoções se cruzam e se desnudam. Há mais de 30 anos que se prolonga nas telas e conta já com 22 exposições individuais e várias colectivas. Sérgio Mourão, crítico de arte, considera-o “inconfundível” no que respeita ao estilo, idoneidade e coerência. Como poeta, tenho a subida honra de associar o meu nome, enquanto coordenadora editorial, aos seus dois títulos: “De Sempre…para Sempre” e “Odes e Apelos”, que se encontram à venda a partir de hoje aqui na Fundação. O Prof. Levi Guerra diz não saber desde quando faz poesia…”Versos, faço-os desde há muitos anos! Mas poesia? – diz – Poesia. Não sei? Quem sabe, Desde sempre, talvez desde aquele tempo em que sonhava e não escrevia…e era criança…depois…bem depois escrevi os sonhos”. E continua a escrever e acredito que o faz como Agustina Bessa Luís – para quem “escrever é isto: comover para desconvocar a angústia e aligeirar o medo”. Estimadas senhoras e senhores, o mundo só se transforma pelos que não se resignam. O nosso homenageado de hoje é um desses homens a quem agradecemos por ser como é! Senhor professor, querido Amigo, não o imaginamos de outra forma: inconformado e sempre em movimento! O Grémio Literário será a próxima paragem a 3 de Dezembro. Aí será apresentado o livro Rim Artificial – uma história de afectos – que tem a particularidade de ter sido escrito


a quatro mãos – Professor Levi e Dra. Margarida Negrais - e ilustrado pelas mãos do Mestre José Emídio – obra excelente que ajuda doentes e cuidadores e que também aqui se encontra à venda. O Grémio acolhe ainda uma exposição de ambos – prof. Levi e José Emídio. Há vidas assim, que não se esgotam no espaço e no tempo! A sua, senhor professor, é um hino à alegria, à generosidade, ao afecto e à excelência. Bem-haja pelo que nos dá e pelo seu legado! Dizem que está frio. Não esta noite!


Retrato de Dionísio Pinheiro, c. 1963 Ricardo Navarro Poves, (? – 1967) Óleo s/ tela 611x503 N. Inv. 0077

Dionísio Pinheiro nasceu em Águeda, a 24 de Setembro de 1891 e faleceu Outubro de 1968, no Porto.

em 7 de

De origem bastante humilde, Dionísio Pinheiro desde muito jovem começou a trabalhar, tendo ido para o Porto aos 11 anos de idade, para trabalhar como marçano nos Armazéns Cunha, revelando as suas capacidades intelectuais e laborais, levando-o mais tarde a ser convidado para sócio dos mesmos. Frequentou o Curso nocturno da Escola Industrial e posteriormente funda uma fábrica de tecidos em Rebordões, Santo Tirso. Teve uma intensa actividade comercial e industrial que aliada a uma enorme sensibilidade, o conduziram a um grande enriquecimento material e cultural. Os frutos da sua vida permitiram-lhe desenvolver acções caritativas na sua terra natal e constituir um valioso património artístico. Por testamento, Dionísio Pinheiro instituiu esta Fundação que nasceu a 05 de Maio de 1969. As suas disposições testamentárias são de que a sua sede seria em Águeda, para albergar e divulgar a sua colecção de Arte tendo como finalidades a Cultura e a Educação. O edifício foi construído na Quinta de São Pedro, propriedade de Dionísio Pinheiro; e o projecto da responsabilidade do arquitecto Agostinho Rica. O Museu da Fundação Dionísio Pinheiro, foi inaugurado a 28 de Junho de 1985. Este retrato foi executado por Ricardo Navarro Poves. Pintor neomodernista espanhol, nascido em Valência e falecido no Brasil em 1967. Seguiu uma corrente de estrutura clássica, mas de simplificação moderna, atingindo o seu ponto mais alto no retrato, onde conseguia imprimir as almas dos retratados na própria tela, tornando-os fascinantes e misteriosos, especialmente nos retratos femininos. Pintou também paisagens soberbas do Porto e de Paris. Embora tenha sido um artista pouco conhecido no seu país natal, teve algum renome na cena artística do Porto. Privou e retratou Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro.


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Retrato de Alice Cardoso Pinheiro, c. 1963 Ricardo Navarro Poves, (? – 1967) Óleo s/ tela 810x660 N. Inv. 0076

Alice Cardoso Pinheiro nasceu a 28 de Maio de 1900, nas Caldas da Rainha e faleceu no dia 27 de Dezembro de 1974, no Porto. Este retrato foi executado por Ricardo Navarro Poves. Pintor neomodernista espanhol, nascido em Valência e falecido no Brasil em 1967. Seguiu uma corrente de estrutura clássica, mas de simplificação moderna, atingindo o seu ponto mais alto no retrato, onde conseguia imprimir as almas dos retratados na própria tela, tornando-os fascinantes e misteriosos, especialmente nos retratos femininos. Pintou também paisagens soberbas do Porto e de Paris. Embora tenha sido um artista pouco conhecido no seu país natal, teve algum renome na cena artística do Porto. Privou e retractou Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro.


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Carta de Armas a Manoel Gomes Faia, 1651 Pelo Rei D. João IV Pergaminho 700x530 N. Inv. 1548

Carta de Armas doada à Fundação pelos herdeiros do Dr. António Breda.


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Transcrição por Cristovão da Mata Lisboa – 1651, 30 de Janeiro: Carta de brasão de armas e fidalguia passada a Manuel Gomes Faia, natural da vila de Esgueira e capitão-mor dela, contendo a sentença do cartório da nobreza datada de 16 do mesmo mês1 . Portugal Rey de Armas nestes reynos, e senhorios de Portugal, do muito alto, e muito poderozo rey Dom João o 4.º do nome nosso senhor per graça de Deus rey de Portugal, e dos Algarves, daquem, e dalem mâr em Africa senhor de Guine, e da comquista navegação, comercio de Ethiopia, Arabia, Perçia, e da India e etc. Faço saber aos que esta nóssa carta de certidão, e brazão de armas de nobreza, e fidalguia de linhagem digna de fee e crença virem que Manoel Gomez Faya morador na villa de Esgueira e governador das armas das companhias de ordenamça della me fez petição per escrito. Dizendo, que pella sentenca junta da<da> no Juizo da Corte do Civel sobre limpeza de sangue de sua geração nobreza, e fidalguia della se mostrava estar ele suplicante julgado por filho legitimo de Bartolomeu Afonso Picado, e de sua molher Maria de Basto, e netto por linha mascolina de outro Bartolomeu Afonso Picado, e de sua molher Izabel Dias Saraiva; e pella femenina de Andre Pirez Feiio, e de sua molher Margarida Rodrigues de Bastos, os quais forão fidalgos muito honrados e limpos de sangue, e como esses conservarão sempre sua fidalguia tratandosses com seus cavalos, armas, escravos, e outra gente de seu servisso, e prestes ao servisso dos senhores reys deste reino como ó tinhão feito seus tios nas partes da India servindo cargos mui authorizados, de quem os VizReys sempre tíverão sempre grande satasfação. E que elle suplicante procedia por linha mascolina, como por femenina sem bastardia dos verdadeiros tronquos, e gerações dos Afonsos, Fayas, Bastos, e Feiios, e outras, que neste reino erão fidalgos com _ de antigua linhagem, cotta darmas; e elle se sustentava no mesmo predicamento, e foro de seus progenitores, que quanto mais pera tras forão milhores: pellos quais fundamento lhe competião, e tocavão as armas, e brazões de fidalguia das dittas familias, e de outras de quem estava julguado por verdadeiro descendente dellas. Pedindome a conclusão de sua petição lhe mandasse passar brazão de sua fidalguia, e nobreza para delle constar, e poder usar das honras das armas das dittas linhagens, que pellos merecimentos dos servissos dos seus antepassados lhes forão dadas, e comçedidas no que Real Mercê _. E sendome logo apresentada a ditta petição, e sentenca, que vista por mym nella achei ter o suplicante relatado verdade do que em sua petição dezia, a qual foi promulgada pello doutor Antonio de Siqueira do Dezembargo do dito senhor, e seu dezembarguador, e corregedor com alcada dos feitos, e cauzas civeis nesta corte, e Caza da Suplicação, que sendolhes os auttos levados concluzos afínal nelles pronunçiou a sentenca do theor seguinte. Vistos os auttos petição do suplicante Manoel Gomez Faya justificações, e certidões juntas, mostrasse ser natural, e morador na villa de Esgeira, e filho legitimo, e de legitimo matrimonio de Bertholameu Afonso Picado, e de sua molher Maria de Basto, e netto por parte de seu pay de outro Bartolomeu Afonso Picado, e de sua molher Izabel Dias Saraiva moradores, que forão na vila de Aveiro; e por parte da dita sua may he netto de Andre Pirez Feiio, e de sua molher Margarida Pires de Basto moradores que forão na villa de Esgeira, os quais todos forão pessoas nobres tratandosse sempre como taes a ley de nobreza com suas armas cavalos, criadas, escravos, e outra muita gente de seu servisso por serem muito ricos, e abastados; servindo nas terras de suas moradas os mais, e authorisados cargos dellas: e erão christãos velhos legítimos sem raça algũa de mouro, judeu, mulato, nem outro máo sangue, ou nasção _ sempre prestes ao servisso dos senhores reys deste reino; e o mesmo fizerão seus tios nas partes da India com grande satisfação omde morrerão (?) Propriedade da Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro (Águeda). Seguimos nesta transcrição as regras enunciadas em Costa, Avelino Jesus da – Normas gerais de transcrição e publicação de documentos e textos medievais e modernos. [3.ª Edição] Coimbra: Instituto de Paleografia e Diplomática, 1993. 2 Esta passagem encontra-se imperceptível; todavia, a crermos em Francisco de Moura Coutinho, são estes os nomes dos tios maternos de Manuel Gomes Faia que serviram na Índia – cf. Coutinho, Francisco de Moura – “Picados, Pericões e Migalhas de Aveiro” in Arquivo do Distrito de Aveiro. Volume XI (1645), p. 95. 1


[João André Feio, André Pires Feio, Manuel]2 Gomez Faya e Christovao Feiio sendo capitaes da fortaleza e dos navios, de que os VizReys fizerão muita conta todos que [rasgado] irmãos inteiros, e legitimos da dita sua may _ por assy ser descendente elle suplicante dos dittos seus pais, avos, vísavos, e mais ascendentes assy paternos como maternos por linha dereita sem bastardia dos verdadeiros, e gerações dos Pintos, Feiios, Afonsos, Fayas, Bastos, Gomez, e outras, que neste são fidalgos de geração, e cotta darmas, e que elle suplicante conserva a nobreza, e antigua fidalguia dos dittos seus antepassados tratandosse sempre da mesma maneira, sendo muito rico, e abastado para o bem poder fazer, e governador das armas das companhias da dita vila de Esgeira como se vê de sua patente junta ô julgo por verdadeiro descendente das ditas gerações, e como tal lhe competir poder tirar as armas, e brazões dellas, que possa gozar dos privilegios, e a ellas conçedidos na forma de sua petição, e pague as custas dos autos.Lixboa 16 de Janeiro de 1651. [Assinatura:] Ambrozio de Siqueira. A qual sentenca sendo assy dada tão larga, e compridamente pello ditto corregedor a pedimento do suplicante foi tirada do proçesso, que sendo feita em nome de Sua Magestade, que Deus guarde foi pasada pella chançelaria, e a ella me reporto em todo, e por todo, e fiqua no cartório da nobreza do escrivão della, que esta sobescreveo. E sendome requirido pello suplicante da parte do dito senhor que pois tinha mostrado sua fidalguia, e nobreza queria pela memoria de seus antecessores se não perder hum escudo com as armas que as dittas gerações pertencem, e a elle de direito para dellas poder usar. Pello que provendo a seu pedimento e requirimento em virtude da dita sentenca pela qual està julguado por verdadeiro das dittas gerações como ditto he. Busquei os livros da nobreza a antiga fidalguia deste reino, e nelles achei asentadas, e registadas as armas das nobres gerações dos Afonsos, Bastos, Feiios, e Fayas, que neste reino são fidalgos de geração, e cotta darmas, e nestas lhas <dou> _, e iluminadas com ôs metaes, e cores que a eles pertencem segundo regras darmaria. _ (Scilicet?) Hum escudo posto ao balon esquartelado. O 1.º dos Afonsos partido em pala, a primeira em faxa, no 1.º de verde com hũa torre de prata lavrada de preto; o 2.º douro com huma aguia negra de duas cabeças estendida armada de vermelho; a segunda pala de prata com hum leão vermelho ronpente armado do mesmo; e por timbre o mesmo leão. Ao 2.º quartel de todo o escudo dos Bastos em campo douro tres troços de paos de sua côr com nós postos em banda. Ao 3.º dos Feiios de azul com tres bandas sangradas acotiçadas douro; ao 4.º dos Fayas em campo de prata hũa faya de sua côr, e ao pé della hum lobo negro , e por differenla hum crescente de prata. Elmo de prata aberto garrido douro paquife dos metaes, e cores darmas, e porque estas são as armas, que as dittas linhagens pertençem lhas dei, e ordenei aqui com ô poder, e authoridade, que de meu nobre, e real officio para isso tenho, para dellas usar, e gozar e com o autto, e prerroguativa de sua nobreza, e fidalguia; e com ellas podera entrar em batalhas, campos, duelos, reptos, desafios, justas, e torneos, e exerçitar todos os mais auttos nobres assy de de guerra como de pax que liçitos, e honestos forem, e trazelas em seus reposteiros, firnaes, aneis, signetes, e mais couzas de seu servisso donde liçitamente estejão, e pollas nos portaes de suas cazas, quintas, e edifícios, e deixalas sobre sua própria sepultura, e finalmente servirsse, honrarsse, e aproveitarsse dellas como suas, que são, e a sua nobreza, e fidalguia convem. Pello que requeiro a todos os desembargadores, corregedores, ouvidores, juízes, e mais justiças de Sua Magestade da parte do dito senhor, e da minha peço por bem do officio da nobr[eza] que tenho deixem trazer, lograr, e possuir ao dito Manoel Gomez Faya somente as dittas armas, e lhe guardem todos privilegios, mercês, isenções, e mais liberdades comçedidas as dittas armas, e de que gozão, e devem gozar os nobres, e antigos fidalgos de geração e cotta darmas. E assy mando aos offiçiaes da nobreza como juiz que sou della rey darmas, arautos, e passavantes, o cumprão, e guardem como se nesta conthem, sem duvida, nem embargo algum, que a ello lhe seja posto. Em fê do que lhe mandei passar a prezente por my assinada com ò signete do nome do meu officio de que uso nos brazões. Dada nesta corte, e cidade de Lixboa aos 30 de Janeiro de 1651. Francisco Mendes â fez pello capitam Francisco Luis Ferreira escrivão da nobreza nestes reinos e senhorios de Portugal por sua Magestade que Deus guarde. Leu Francisquo Luiz Ferreira _[Assinatura:] Rey darmas.


Retrato Dr. António Breda, S/D (c. 1960) Ricardo Navarro Poves (?- 1967) Óleo S/ Tela 655x810 N. Inv. 1545

António Pereira Pinto Breda nasceu a 27 de Abril de 1880, no Sardão, município de Águeda. Ilustre benfeitor, grande amigo e companheiro na magnificência de Dionísio Pinheiro, relação esta, que persiste no município em termos de Memória de Amizade, espelhada nos feitos ainda presentes nos dias de hoje. Licenciou-se na Escola de Medicina do Porto em 1905 e especializou-se em Oftalmológica de Conjuntivites Agudas na Escola Médico Cirúrgica do Porto. António Breda foi um dos fundadores da República, mas recusou sempre os convites para qualquer cargo político. Antes da inauguração do Hospital Conde de Sucena, o espaço serviu como Sanatório Militar para o Corpo Expedicionário Português, desde 1917. Com a sua inauguração como hospital, em 1922, António Breda, já cirurgião renomado, ficou com o cargo de dar uma nova orientação e formação à equipa hospitalar, tornando o Hospital Conde de Sucena num dos hospitais de referência da zona Centro do país. Casou com Léa Emelin Breda em 1931 e faleceu a 10 de Junho de 1964. Este retrato foi executado por Ricardo Navarro Poves. Pintor neomodernista espanhol, nascido em Valência e falecido no Brasil em 1967. Seguiu uma corrente de estrutura clássica, mas de simplificação moderna, atingindo o seu ponto mais alto no retrato, onde conseguia imprimir as almas dos retratados na própria tela, tornando-os fascinantes e misteriosos, especialmente nos retratos femininos. Pintou também paisagens soberbas do Porto e de Paris. Embora tenha sido um artista pouco conhecido no seu país natal, teve algum renome na cena artística do Porto. Privou e retractou Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro.


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Elogio Póstumo do Senhor Doutor Breda António Faria Gomes Palestra proferida na Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro, em homenagem ao Dr. António Breda Águeda, 27 de Setembro 2014

Após um percurso já longo de vida, em que mais uma vez e por momentos de tempos idos inesquecíveis é para mim uma coincidência feliz falar um pouco do Sr. Dr. Antonio Pereira Pinto Breda, apenas conhecido em toda a sua existência, carinhosamente, por Dr. Breda. Não é fácil tipificar esta ínclita figura de outrora que sem dúvida, como simbolismo da vida aguedense de antanho, em desassossego constante nas vertentes de uma vida cheia, profissional, politica, de cidadão comum que o haviam de protagonizar e perpetuar em tudo o que melhor de si soube dar. Licenciado pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto recusa vários convites de ascensão académica, como aluno brilhante que foi, num conselho que soube transmitir numa simples frase “aquilo é um vespeiro de invejosos com o qual não se dava o meu feitio irreverente e inquieto, a bem da verdade”. Além deste sentir também não é estranhar outra perspectiva e que sempre o atraiu: o seu burgo, as suas gentes, os seus doentes que sempre viveu numa vida intensa de dedicação. Mais conhecido por um hábil cirurgião que foi sem dúvida, em nossa opinião é no domínio do diagnóstico clinico em que todas as suas capacidades mais se evidenciam e o identificam como médico excepcional, dada a sua vasta cultura médica, associada a uma acutilância notável e inexcedível na interpretação dos sinais clínicos observados e colhidos. Após a edificação do Hospital Asilo Conde Sucena, construído a expensas próprias e únicas do Sr. Conde de Sucena, é o Dr. Breda o grande timoneiro ao leme daquela Unidade de Saúde; agora vilipendiada pela irresponsabilidade dos políticos, incapazes de harmonizar o que estava, com as transformações necessárias à evolução actual das ciências médicas. A esta figura proeminente da medicina portuguesa se deve a descentralização da prática cirúrgica, até então feudo dos catedráticos dos grandes centros de Lisboa, Porto e Coimbra, valorizando-a assim, no primeiro hospital de província na sua concretização. Sempre irrequieto e estudioso cria em Águeda, dentro dum estilo de linguagem compreensiva e acolhedora, uma verdadeira equipa exemplar de colegas, orientando-os nas várias valências médicas; sempre determinado no sentido de uma maior valorização, permanente e actual, não perde o contacto com os vários centros médicos de então, com destaque para França, que era então a proa do que melhor havia na evolução médico-cirúrgica, como também com Madrid, numa grande amizade com o cirurgião madrileno Dr. Bueno, que ainda tive o prazer de conhecer por intermédio do nosso querido Amigo. Dentro de um agnosticismo por formação, a que não é alheia a influência anteriana, nada o impede de trazer de Paris, para melhoria assistencial, as Irmãs Vicentinas, sendo o próprio a ir buscá-las à fronteira. Este gesto revela bem a grandeza de alma, a tolerância e o respeito que sempre manteve por outras correntes de pensamentos e que tão bem o caracterizam. Se tivermos em consideração o facto de ser oriundo de família monárquica,


e apesar de abraçar os ideais republicanos, manteve sempre as melhores relações de amizade e respeito pelos seus adversários políticos. Como republicano que foi, não só a nível local como nacional, esteve envolvido activamente no processo de difusão dos referidos ideais, bem como no derrube e advento da República, já que foi membro pioneiro em Águeda da Maçonaria e Carbonária, o que lhe permitiu conhecer e criar grandes amizades com várias personalidades da alta-roda política, com destaque para Antonio José de Almeida e Gentil Martins. Já dentro da ditadura de António Salazar continua na defesa e consolidação dos ideais porque sempre pugnou, o que lhe valeu, face à acusação torpe e sórdida, à perseguição da polícia política PIDE-DGS e que só não causou incómodos maiores devido à rápida intervenção de amigos, como Byssaia Barreto e Cancela de Abreu. Foi o primeiro presidente da Câmara Municipal de Águeda após a Implantação da República. Ao abordarmos o seu aspecto peculiar de cidadão deparamo-nos com um marear de intervenções, impossíveis de caracterizar e descrever. Além do seu hospital é de alta relevância o apoio às instituições. Ainda há pouco encontramos nos nossos escaninhos um folheto a concitar os aguedenses à ajuda da corporação de Bombeiros, onde se lê e se transcreve: “contribuir para a Associação dos Bombeiros Voluntários de Águeda, é colaborar numa das mais belas realizações em prol da Humanidade, é fazer parte duma grande Cruzada do Bem - ligai, pois, o vosso nome a esta grande Obra.” É um simples exemplo como também, em tempos difíceis muito apoiou o povo carenciado das Terras de Barrô que adotou como suas, de tal modo que este seu carácter caritativo e esmoler sempre se traduziu em vários gestos de apoio, tendentes a suavizar um pouco as dificuldades vividas em tempos de outrora tão difíceis e penosos; este seu cunho invulgar o deixou bem expresso, para além da morte, nesta referência incerta no seu testamento: “Distribuir oitenta quilos de pão de milho pelos pobres de Barrô e de igual quantidade pelos do Sardão, quer no Natal quer na Páscoa.” Simples exemplos já que muito mais haveria para dizer sobre este ponto de vista desta nossa personalidade. É bem clara a sabedoria indígena africana expressa no aforismo “Quando morre um ancião desaparece mais uma biblioteca”. É de considerar o caminho percorrido na base da experiência feita, pelos indivíduos no seu percurso evolutivo. É o caso do nosso visado. A ele me referia, ainda há pouco tempo pelo papel preponderante que homens calejados, experientes, cultivados ao longo dos anos, como o nosso querido Dr. Breda, têm-no como elo de ligação entre o passado, o presente e o futuro. A experiência adquire-se, mas a sabedoria dos mais idosos é fundamental na formação dos jovens e que hoje, infelizmente, não são muitos os que o sabem colher. É muito disso, dessa fonte inesgotável de conhecimento e sentimentos, a sabedoria, que muito me ajudaram na minha formação jovem de então e de tantos outros. No convívio, na amizade, no respeito que sempre tiveram ao ouvir, aceitar, reter o que muito veio desse manancial do conhecimento, veiculado pelo Sr. Dr. Breda, que só como ele sabia cultivar, transmitir, aconselhar, numa vivência social diária, no carinho que sempre dedicou aos mais jovens. Cidadão impoluto, além de uma cultura médica vastíssima como vimos, “mantém uma inquieta curiosidade nas letras, nas artes e nas ciências, fazendo amizade com grandes vultos como Amadeo de Sousa Cardoso, Picasso, Modigliani, Aquilino Ribeiro”. Ao referir-se Amadeo de Sousa Cardoso sugere-nos o seguinte episódio. Em 1962 fui para


Paris para um estágio de seis meses, no serviço de maxilo-facial, no Hospital de S. Louis. À nossa partida Dr. Breda disse-me “se tiveres alguma dificuldade vai à Casa de Portugal e pede para falar com Madame Lucie“ e nada mais me referiu acerca daquela personagem; logo que me foi possível fiz a visita a esta senhora tão estranha para mim. Assim que lhe disse ser de Águeda retorquiu-me: “já vi que deve ser um grande amigo do meu bom e querido Amigo Dr. Breda”. Longa conversa tivemos e finalmente fiquei a saber que esta figura, tão enigmática para mim, era a esposa do pintor, Amadeo de Sousa Cardoso, pertencente á geração de pintores modernistas portugueses, artista de alto valor na divulgação do cubismo/impressionismo que a morte arrebatou aos trinta anos de idade. Em 1908 conhece e casa sete anos depois, com a nossa enigmática de então, Lucie Meynardi Pecetto. Em situação económica difícil os abutres mercadores de pinturas assediam-na para venda das obras de seu marido. Claro, que a qualquer preço; o Dr. Breda não esquece o amigo, aliás amigo convictamente monárquico, note-se bem, aconselhando a viúva a que não venda e envida todos os esforços no sentido de lhe conseguir algo que lhe permitisse viver com uma certa dignidade. Assim, através das suas amizades políticas consegue-lhe emprego na Casa de Portugal em Paris, onde se mantém até à aposentação. É evidente que o espólio do seu marido veio mais tarde a ter a cotação de valor a que tinha jus. A minha amizade por esta senhora, um encanto de senhora que mais passei a venerar, ao saber que nas suas disposições finais deixou expresso que o seu corpo fosse transladado para Amarante, a fim de ser inumado junto de seu marido que tanto amou. Note-se que além de francesa sempre viveu em Paris e a Portugal só de visita ao Dr. Breda. Não poderia terminar estas referências a esse grande vulto aguedense e da medicina nacional sem uma referência a Dionísio Pinheiro. Porque estamos aqui, neste Museu? Seria vontade do doador deixar este legatário valioso a Águeda? Creio que sim. Todavia vivia no Porto e as pressões existiram para que legasse o seu espólio à cidade. Porque então Águeda? É certo que nunca perdeu o elo de ligação à terra que o viu nascer, aos seus amigos de sempre. O próprio Dr. Breda, dentre estes, a ele recorria sempre que os níveis económicos baixavam na tesouraria do hospital. É um facto que muito da sua abastada fortuna socorreu as horas difíceis daquela instituição, numa parceria notável Dr. Breda / Dionísio Pinheiro. Ora, ao aproximar-se o fim do seu ciclo vital, naturalmente, até porque vivia no Porto, a cidade envidasse todas os seus trunfos para que o seu valioso espólio fosse legado à Invicta Cidade. É aqui que é de todo o dever, dos que recordam esse tempo, transmitirem aos vindouros o esforço dos grandes influentes, amigos de Dionísio Pinheiro, para que o recheio que hoje ostenta este significativo Museu, ao convencer, utilizando os elementos mais persuasivos, naturalmente, aquele aguedense da doação dos seus valiosos bens á terra da sua naturalidade, dos seus ancestrais. São esses influentes, Dr. Breda, Juiz Conselheiro Cura Mariano e Dr. Mateus que urge não esquecer e trazê-los à ribalta num agradecimento sentido pelos esforços envidados na prossecução da casa que hoje nos acolhe, na homenagem dos 123 anos do nascimento do doador. Permitam-me, ao concluir, como humilde amigo devotado, da importância de homens como o Sr. Dr. Breda, deixar bem claro que dados os seus merecimentos cívicos, a sua


sobrevivência estará garantida, perdurarão engastados na nossa memória, como tão bem expressa Fernando Pessoa A morte é a curva da estrada Morrer é só não ser visto Se escuto, eu te oiço a passada Existir como eu existo E porquê? Porque ao libertarem-se da lei da vida deixaram um rasto, em todo o seu aspecto esplendoroso, do quanto foram úteis, cultores da ideia, organizadores da vida e finalmente o quanto souberam contribuir para o almejar de um mundo melhor no culto do respeito e da amizade. Assim no-lo exige o respeito pela sua imperecível memória que o tenhamos sempre connosco, no seu exemplo de cidadania, da sua coerência, da sua dignidade, da sua tolerância, do seu aprumo. Obrigado Dr. Breda, pela magnífica lição que nos legaste, em que nada foi em vão ou inútil.


Retrato Visconde de Aguieira, s/d Christiano Leal (1841 – 1911) Óleo S/ Tela 570x735 N. Inv. 1539

Joaquim Álvaro Teles de Figueiredo Pacheco nasceu a 16 de Abril de 1816 e faleceu a 16 de Maio de 1895. Foi senhor da casa da Aguieira e era Bacharel formado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Foi administrador do Concelho de Águeda em 1862 e Presidente da Câmara Municipal de Águeda. Foi eleito deputado em 1878. Foi Fidalgo-Cavaleiro da Casa Real por Alvará de 04 de Outubro de 1863. Por decreto de 19 de Setembro e Carta de 05 de Dezembro de 1872 de D. Luís I de Portugal foi agraciado com o título 1º Visconde de Aguieira. Casou a primeira vez com a sua prima Maria Mascarenhas Bandeira Teles de Mancelos Pacheco (1838-1851), sem descendentes. Casou segunda vez a 29 de Abril de 1868 com Maria Inês Caldeira Pinto Geraldes de Bourbon (1842 - ?), filha do 1º Visconde da Borralha, sem descendentes. O retrato foi executado por Christiano Vicente Leal, pintor, retratista e fotógrafo, nasceu em 1841 e faleceu em 1911. O pai era criado do rei D. Carlos. Residiu em Albergaria-a-Velha. Teve atelier Albergaria-a-Velha e no Porto.

em

Foi autor de muitas dezenas de retratos espalhados pelos distritos de Aveiro, Porto, Viseu e Guarda.


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Retrato Dr. Albano de Melo Ribeiro Pinto, 1903 Christiano Leal (1841 – 1911) Óleo s/ tela 812x945 N. Inv. 1540

Albano de Mello Ribeiro Pinto nasceu em Águeda a 19 de Março de 1844 e faleceu na mesma cidade a 27 de Março de 1931. Bacharel formado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, foi Director Geral do Ministério da Justiça, Governador civil do Distrito de Aveiro e de Castelo Branco, Deputado, Advogado e Conselheiro de Sua Majestade Fidelíssima. Foi fundador em 1879, em Águeda, e director até à sua morte do jornal Soberania do Povo. Casou-se com Maria Augusta Homem de Macedo da Câmara da qual teve dois filhos, Manuel Homem de Mello da Câmara (1866 – 1953), 1º Conde de Águeda, e António Homem de Melo de Macedo (1868 – 1947). O retrato foi executado por Christiano Vicente Leal, pintor, retratista e fotógrafo, nasceu em 1841 e faleceu em 1911. O pai era criado do rei D. Carlos. Residiu em Albergaria-a-Velha. Teve atelier em Albergaria-a-Velha e no Porto. Foi autor de muitas dezenas de retratos espalhados pelos distritos de Aveiro, Porto, Viseu e Guarda.


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Retrato de Albano Baptista da Cunha, 1902 Christiano Leal (1841 - 1911) Óleo S/ tela 785x600 N. Inv. 1541

Albano Baptista da Cunha foi presidente da Câmara Municipal de Águeda, advogado, pintor e escultor. Nasceu em Paradela em 1858 e faleceu em 1936. Teve 6 irmãos, de entre eles, Dom Manuel Arcebispo de Braga. O retrato foi executado por Christiano Vicente Leal, pintor, retratista e fotógrafo, nasceu em 1841 e faleceu em 1911. O pai era criado do rei D. Carlos. Residiu em Albergaria-a-Velha. Teve atelier em Albergaria-a-Velha e no Porto. Foi autor de muitas dezenas de retratos espalhados pelos distritos de Aveiro, Porto, Viseu e Guarda.


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Retrato Conde de Sucena, 1904 Christiano Leal (1841 - 1911) Óleo S/ Tela 630x775 N. Inv. 1542

José Rodrigues de Sucena, Conde de Sucena, nasceu na Borralha a 13 de Abril de 1850, era filho de António Rodrigues de Sucena e de Emília Rosa de Oliveira. Cresceu num ambiente modesto numa modesta família de lavradores. O desejo de seu pai de um futuro eclesiástico fez com José aprendesse a ler e se tornasse um jovem letrado. Com o passar do tempo e chagando à tenra idade dos seus 17 anos conclui que a sua vocação não era essa, partindo para o Brasil, levando no bolso a documentação para o negociante Alves Machado, homem de muito crédito e de mais fortuna. Em 1872 ingressa numa casa comercial que se dedicava ao negócio de artigos religiosos, bastante experimentado mas ainda jovem, muito trabalhador, astuto e disciplinado, participa já na empresa como sócio Mais tarde procede à construção de um vasto edifício na rua da Quitanga no centro do Rio de Janeiro para o desenvolvimento dos negócios de vestuário e de artigos religiosos (com uma vasta capela artisticamente decorada, que merece a bênção especial do Papa Leão VIII, por Breve de 10 de Maio de 1892 e autorização para celebração do Santo Sacrifício da Missa). Os negócios de J. R. Sucena conheceram uma autêntica explosão levando o mesmo a deslocar-se frequentemente a Europa tanto a Roma, onde era recebido pelo Papa, como a Paris, onde expirava a sua estratégia comercial de crescimento. A sua fortuna crescia e José Rodrigues de Sucena subsidiava no Brasil muitas instituições religiosas de beneficência, o que era apreciado com louvor no Vaticano, aliás, Leão VIII que visitava com frequência, distingui-o com a mercê de Cavaleiro de São Gregório Magno. Era também Comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, e de Cristo (1904), e foi agraciado por despacho do Rei D. Carlos, em primeiro com o título de Visconde de Sucena (1899), e depois em 1904 com o de Conde de Sucena. Já nos finais do Séc. XIX, José Rodrigues de Sucena, dotado de uma alta sensibilidade humana, nas suas deslocações a Portugal, deixava múltiplos auxílios pela população de Águeda e Borralha. Na sequência dos seus propósitos humanistas, o então Visconde de Sucena, tomava posse do cargo de Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Águeda, a 23 de Agosto de 1899, cargo que manteve até 1910. Nessa qualidade, levou a cabo, entre outras actividades, a construção do edifício destinado ao hospital da então vila de Águeda, inaugurado em 1922. Mas homem de uma tal experiência, relacionamento e fortuna, não poderia confinar-se a provedoria da Santa Casa da Misericórdia. Daí o chamamento à gestão da Câmara Municipal, e à Câmara dos deputados em 1905. Entre as dezenas de milhares de acções de benemerência efectuadas junto das populações locais podemos destacar a ponte para Falgoselhe (1907/1909), Fundação de uma escola agrícola Conde de Sucena na Borralha e também de uma escola agrícola denominada


Casou-se com Dona Rufina Gomersor, uma destinta senhora, sobrinha do Presidente da República do Uruguai, fez erguer na sua terra natal uma vasta propriedade que domina a encosta da Borralha, um magnífico palacete. Desse casamento nasceu um filho com o mesmo nome do pai, 2º Conde de Sucena. Faleceu em 15 de Abril de 1925, tendo sido o seu testamento elaborado pelo Dr. António Breda, no qual contemplou sobretudo a Misericórdia. O retrato foi executado por Christiano Vicente Leal, pintor, retratista e fotógrafo, nasceu em 1841 e faleceu em 1911. O pai era criado do rei D. Carlos. Residiu em Albergaria-a-Velha. Teve atelier em Albergaria-a-Velha e no Porto.

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Condessa de Sucena (1906), entrega ao estado de um conto de reis para a construção da estrada de ligação à Borralha, entre outros.


Retrato de Fernando Caldeira, s/d Christiano Leal (1841 - 1911) Óleo s/ tela 610x480 N. Inv. 1538

Fernando Caldeira nasceu na Borralha (Palácio da Borralha) a 7 de Novembro de 1841. Filho de Francisco Caldeira Leitão Pinto de Albuquerque de Brito Moniz (1º Visconde da Borralha) e de D. Inês de Vera Geraldes de Melo Sampaio e Bourbon. Foi escritor, poeta e dramaturgo, sendo o patrono da Escola E. B. 2/3 de Águeda. Foi educado nos valores da nobreza tradicional, e conhecido como um gentleman. Bacharel de Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra em 1861. Fidalgo de Casa Real por direito familiar, não ficou indiferente às movimentações políticas da época, entrando jovem na política e eleito deputado entre 1865-1868 e 1880-1884. Ocupou o cargo de Governador Civil de Aveiro em 1870. Colaborou como jornalista para os jornais “Diário da Manhã” e “Tempo”. Foi sem sombra de dúvidas um excelente homem de letras. Escreveu entre outras obras “O Sapatinho de Cetim”, uma comédia, representada no Teatro da Trindade. Depois desta obra escreveu várias entre as quais: “A Varina”, “Os Missionários”, A Chinela”, As Nadadoras”, “A Mosca” e “O Burro do Sr. Alcaide”. Como poeta lírico publicou apenas um livro, em 1882, “Mocidades”. Faleceu a 02 de Abril de 1894. O retrato foi executado por Christiano Vicente Leal, pintor, retratista e fotógrafo, nasceu em 1841 e faleceu em 1911. O pai era criado do rei D. Carlos. Residiu em Albergaria-a-Velha. Teve atelier em Albergaria-a-Velha e no Porto. Foi autor de muitas dezenas de retratos espalhados pelos distritos de Aveiro, Porto, Viseu e Guarda.


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Retrato de Adolfo Portela, 1954 António Alves (1916 – 1984) Óleo s/ Tela 540x695 N. Inv. 1544

Adolfo Rodrigues da Costa Portela nasceu em Recardães, Águeda, a 16 de Agosto de 1866, e faleceu no Fundão a 17 de Novembro de 1923. Foi escritor, poeta, dramaturgo, músico, compositor, tradutor (traduziu os livros Papa Negro, Sciencia da Educação, os Martyres da Sciencia e Papisa Joana), crítico literário, contista, ensaísta e jornalista. Filho de José Rodrigues Pinto e Maria de Jesus e Silva, formou-se em Direito na Universidade de Coimbra, tendo sido advogado e tesoureiro da Fazenda Pública em Águeda e no Fundão, administrador dos Concelhos de Guarda e Castelo Branco. Casou em 26 de Abril de 1890 com Isabel Joaquina Robalo natural do Fundão. Monárquico convicto, acabou ostracizado devido às suas convicções políticas. O seu humanismo levou-o com um grupo de amigos a fundar a “Cantina dos Pobres” em 1912. Organizou vários grupos de teatro, levando à cena peças de teatro da sua autoria baseadas em costumes da região, com muito êxito não só no Fundão como em Águeda. Como poeta deixou as obras: Orvalhadas (1895), Sol Posto (1896) e Pela África (1896). Na prosa escreveu: Contos e Baladas (1891), Boémia Lírica (1893), Jornal do Coração (1897), o País do Luar (1902), Por Bem de Águeda (1903) e Águeda – Crónica, Paisagens, Tradições (1904). Como dramaturgo, escreveu A Festa do Pão, Manga do Frade, A Noiva de João, A Flor de Linho, e Tambor e Folia. Estas peças, embora não tenham sido publicadas, foram encenadas diversas vezes, como aconteceu em Maio de 2006 no Cineteatro São Pedro, Águeda. Na área do Jornalismo conhece-se a colaboração da sua autoria na revista Branco e Preto (1896-1898), vários jornais no Fundão e em Águeda, e no “Almanach da Beira”. O retrato foi executado pelo pintor António Alves, nasceu em Santa Maria Maior a 25 de Setembro de 1916 e faleceu em Viana do Castelo a 26 de Março de 1984. Era um homem simples, comunicativo e conversador. Imprimia às suas obras naturalismo e descobria beleza onde outros ainda não a tinham descoberto, transmitindo a sua fina sensibilidade de artista para a posteridade. Foi discípulo do Mestre Joaquim Lopes e frequentou a Escola de Belas Artes do Porto.


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Retrato do Padre Marques Castilho, 1989 Alexandre Baptista (1969 -) Óleo s/ tela 650x550 N. Inv.1546

José Marques de Castilho nasceu a 3 de Janeiro de 1869 e faleceu a 29 de Agosto de 1949, em Águeda. Foi um padre católico, publicista e professor. Concluiu o Curso de Teologia em 1887 em Coimbra, e iniciou a sua carreira como docente em 1893, tornando-se professor no Liceu de Aveiro do qual foi director até 1910. Deu aulas na Escola de Ensino Normal de Leiria e na Escola de Ensino Normal de Viseu. Em 1827 foi designado director e docente da Escola Industrial e Comercial de Águeda, (que em 1987 adquiriu o nome Escola Secundária Marques de Castilho) cargos que deixou em 1938. Recebeu o grau de Oficial da Ordem de Instituição Pública, em 1838, pelo seu empenho e dedicação nas actividades educativas e pedagógicas. Do seu trabalho pedagógico destaca-se as preocupações em democratizar o ensino, em modernizar a região de Águeda e em formar profissionalmente os alunos. Colaborou em jornais e revistas, demonstrando interesse por assuntos regionalistas, históricos e filológicos. Foi sócio correspondente da Academia das Ciências e do Instituto Arqueológico do Algarve e sócio efetivo do Instituto Histórico do Minho. De referir ainda que o Padre Marques Castilho fundou o Instituto Etnológico das Beiras, em Viseu. Este retrato foi executado por Alexandre Baptista. Nasceu a 17 de Março de 1969. Licenciado em Artes Plásticas - Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Desde 1990 desenvolveu diversos trabalhos de Design Gráfico. Leccionou as disciplinas de Desenho e Educação Visual no ensino secundário. Expõe desde 1988, começando com uma exposição colectiva e em 1989 realiza a sua primeira exposição individual. Desde então, tem participado em inúmeras exposições, quer individuais quer colectivas, em Portugal e no estrangeiro. Em 1997 foi-lhe atribuído o prémio de Desenho “Montepio Geral” no X Salão de Primavera do Casino Estoril, com a obra “Tacto”. A sua obra está ainda documentada em diversos livros e catálogos, bem como está representado em várias colecções particulares em Portugal e estrangeiro.


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Retrato do Conde de Águeda, 1953 Nuno Diniz (? - ?) Óleo s/ tela 812x945 N. Inv. 1543

Manuel Homem de Melo da Câmara nasceu em Águeda a 2 de Janeiro de 1866 e faleceu em Lisboa a 14 de Julho de 1953. Filho de Albano de Melo Ribeiro Pinto e de Maria Augusta Homem de Macedo da Câmara. Bacheral em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, foi Delegado do Procurador Régio, Deputado, Governador Civil do Distrito de Aveiro. Em 1908 foi Membro da Comissão encarregada de rever a organização judicial e administrativa decretada por João Franco e depois seu Relator. Foi Senador no período presidencial de Sidónio Pais e, de 1923 a 1925, Presidente da Câmara Municipal de Águeda. Era Senhor e foi um dos últimos proprietários da Quinta da Aguieira, em Águeda, e da Casa Solar nela existente do século XVII, herdando-a por testamento de Guilherme Teles de Figueiredo Pacheco, morto em 1902. Após a morte de seu pai tomou a direção do jornal Soberania do Povo, que dirigiu até à sua morte, em colaboração com seu irmão, Dr. António Homem de Melo de Macedo, e depois dirigido por seu filho primogénito. O seu retrato foi inaugurado nos Paços do Concelho, a 12 de Julho de 1953, por ocasião duma grande manifestação de que foi alvo e que antecedeu de dois dias a sua morte. 4.009.º Comendador (1909) e 889.º Grã-Cruz (1909) da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e Comendador da Ordem de Carlos III de Espanha. O título de 1.º Conde de Águeda foi-lhe concedido por Decreto de D. Carlos I de Portugal de 4 de Fevereiro de 1905. Casou a 14 de Outubro de 1915 com Maria José Archer Crespo de Figueiredo (1898 1968) tendo deste casamento nascido dois filhos: Manuel José Archer Homem de Melo e Maria José Archer Homem de Melo. O retrato foi executado pelo pintor Nuno Diniz.


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A Hora do Pecado, 1921 António Soares (1894 - 1978) Desenho Original publicado no Diário de Lisboa, Maio/1921 Estudos, 2014 Catarina Lopes Prova de Impressão I/II – Serigrafia editada no âmbito das comemorações do 120º aniversário de nascimento de António Soares 1894/2014 500x350 N. Inv. 1572

António Soares nasceu em Lisboa em 1894 e morreu em 1978. Viveu numa época em que o naturalismo era ainda amplamente aceite movimento artístico e apreciado em Portugal, que as propostas estéticas modernistas de Amadeo Sousa Cardoso, Santa Rita, Eduardo Viana e Almada Negreiros tentaram impor. Contemporâneo de Sá Carneiro e Fernando Pessoa, também acompanhou a mudança de sentido no campo literário. Sem qualquer formação académica, foi como ilustrador que ele começou sua carreira artística. Dedicou-se geralmente às Artes Gráficas, muitas vezes trabalhando para revistas como Revista Bertrand e ABC, desenho e pintura para capas de livros, cartazes e anúncios, a impressão de um gosto moderno em suas obras e rivalizando neste domínio com outros artistas que no seu tempo tinham percurso idêntico. António Soares também trabalhou como arquiteto, decorador e cenógrafo de cinema e teatro. Catarina Lopes Licenciada em Gestão do Património pela ESE/IPP. Orienta o Laboratório de Serigrafia na ESAD, Matosinhos, desde 2009. Tem oficina de serigrafia artística na Fundação Escultor José Rodrigues onde executa edições para a Fundação e sob encomenda. Desenvolveu parte da sua atividade como serígrafa na Cooperativa Árvore, Porto (1989 a 2007), onde executou edições de serigrafia artística, baseadas em originais de autores como Siza Vieira, Souto Moura, José Rodrigues, Ângelo de Sousa, Graça Morais, Malangatana, entre muitos outros. Orientou vários workshops sobre serigrafia: EsadLab em Matosinhos; Esc. de Artes Visuais em Maputo; Boatirar CCBombarda no Porto e na Fundação Escultor José Rodrigues no Porto. Serígrafa desde 1987.


Espaço Ágora

É um desenho característico do traço de António Soares que a Fundação Escultor José Rodrigues elegeu para ser a serigrafia comemorativa do 120º aniversário do autor.


After gowy, 2013 Alexandre Rola (1978 - ) Técnica mista s/ camadas de cartazes publicitários 960x670 N. Inv. 1499

Alexandre Rola nasceu em 1978, Porto, vivendo e trabalhando ainda nesta cidade. Na ESAD concluiu o mestrado em Intervenções Urbanas; é licenciado pela Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos em Economia e Design Gráfico. Inicia a sua actividade expositiva no início do século XXI. Ganhou Prémios como: MostraPorto 2012; Prémio IX Bienal Eixo Atlântico 2011; 1º prémio de fotografia Black&white- Festival Internacional Audiovisual; 1º prémio de fotografia Argo, Rio Tinto, 2008; Prémio de pintura Desigual, Espanha, 2007.Algumas exposições individuais: O Mergulho, We Art - Agência de Arte, Aveiro Business Center; Instalação Lágrimas de Portugal, 17ª Bienal de Cerveira; Panen et Circenses, Galleryhostel, Porto; Circus, Trofa. A natureza do processo criativo de Alexandre Rola assenta na apropriação, descontextualização e reinterpretação de objectos humildes e pouco convencionais existentes no quotidiano, como a utilização dos cartazes publicitários que invadem as nossas cidades sem pedir permissão. Vagueia pelas ruas como um Flâneur, observa, fotografa, rasga e arranca a “pele” urbana constituída por camadas de cartazes publicitários como mapa antropológico, palimpsestos de marcas, intervenções anónimas como na Arte Rupestre. O acto de arrancar cartazes é um protesto por si só. Surge um fundo caótico, onde se formam novas imagens, texturas e incoerências cujo resultado é imprevisível como a vida. Esta fragmentação, segundo o artista, é fundamental para a tensão existente entre o fundo e a pintura. Para si, a pintura funciona como catarse e afirmação social. Uma espécie de ampliação do humano num sentido emancipatório e plural, materializado na solidariedade. É uma arte de diálogo, experimentação e apropriação de materiais pobres em que, à primeira vista reflecte o caos e que, ao mesmo tempo, nos torna mais humanos. Esta obra, “mergulho”, prende-se com a situação do país e do mundo, a crise e à situação difícil que as pessoas estão a passar. Um “salto” torna-se a última hipótese das pessoas que, precipitam-se no derradeiro “mergulho” para uma busca de melhoria de vida ou para o abismo. O “mergulho” não é mais do que um grito de luta ou desespero.


Reservas em Exposição


Retrato do Sr. Dionísio Pinheiro, 1992 Américo Geraldes (1949 - ) Sanguínea s/ papel 720x515 N. Inv. 0764

Nasceu a 16 de Abril de 1949 no Porto. Muito cedo iniciou a sua carreira artística, pintando e desenhando os mais variados temas. A sua vivência em locais e ambientes diversos, levam-no a determinar o seu estilo e técnica. Para além da sua formação artística, notam-se influências dos pintores e escultores com quem mais privou em Portugal e África, tendo sido Neves e Sousa quem mais profundamente o marcou, tanto no rigor do traço como no jogo cromático. Como retratista está representado em várias colecções particulares em Portugal e noutros países da Europa e Áfarica. Em algumas escolas e locais públicos está representado com trabalhos de escultura.


Reservas em Exposição


Águeda Antiga, 1993 Américo Geraldes (1949 - ) Carvão s/ papel 630x410 N. Inv. 0771


Reservas em Exposição


Natureza morta com violoncelo, 2016 Colectivo Atelier 26 Acrílico s/ tela 1000x800 N. Inv. 1576

O ATELIER 26 é um espaço partilhado por um colectivo de amigos que sob a orientação do artista plástico mestre Alberto Péssimo, produz desenho e pintura a óleo ou em acrílico, cerâmica e outros suportes, através da troca de experiências e conhecimentos, numa perspectiva de formação contínua. Funcionando de forma ininterrupta há mais de 10 anos, o ATELIER 26 produziu inúmeras exposições, quer individuais quer colectivas. Algumas destas exposições colectivas têm obedecido a temáticas específicas, nomeadamente na área da homenagem a escritores ou outros artistas, ou respondendo a solicitações de entidades organizadoras. Outra importante faceta da sua produção tem sido a elaboração de painéis de grandes dimensões que podem ser admirados em vários locais públicos. Têm sido também desenvolvidas outras actividades artísticas, evidenciando o ecletismo do colectivo, como publicação de livros de poesia, de contos, de teatro, assim como ilustração de livros, plaquetes, etc. De referir ainda a montagem e apresentação de peças de teatro e recitais de poesia. O propósito do ATELIER 26 é fruir da Arte e da Cultura através do constante aperfeiçoamento para melhor partilhar com o público o fruto das suas experiências e conhecimentos. Uma natureza lançada assim na tela, na livre liberdade da Primavera num gesto sublimado com o melódico gemer do violoncelo, aguarda a rápida maturação das cerejas. As crianças que saem espantadas do sonho vivem à sombra do mar, recuperam das tempestades o secreto desejo alquímico de soprar o vidro. São dias e noites decorridos sem dormir, lendo os infatigáveis clássicos, cujo enredo se repete parcimoniosamente no decurso da história destas guerras de consciências aflitas, entre os diversos deuses aguerridos, com as suas legiões de indefectíveis seguidores, moldando o mapa do petróleo em função dos créditos das suas armas. Para um violoncelo mais vale solo que mal acompanhado. José Queiroga


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Simetrias – Fernando Pessoa, 2014 Aurora Pinho (1964 - ) Óleo s/ tela 400x500 N. Inv. 1500

Nasceu no Porto, 1964, e reside na Maia, onde dispõe de ateliê. Desde 2001 tem realizado exposições individuais e colaborado em muitas outras exposições colectivas de pintura na Maia, Guimarães, V.N. de Gaia e em espaços nobres da cidade do Porto, tais como a Ordem dos Médicos em 2004 ou o Centro UNESCO do Porto em 2005; tendo sido distinguida com alguns prémios. Recentemente tem participado em diversas exposições colectivas, nomeadamente na 2 ª Bienal Mulheres d’ Artes, no Museu de Espinho e na Galeria do Café Majestic, Porto e foi uma das artistas portuguesas presentes na “Exposición Internacional de Pintura y Escultura” em Madrid, 2013. Em 2014 participou na exposição comemorativa do Dia Internacional da Mulher em V.N de Gaia e participa no Shair Project, pelo que foi convidada a expor em Setembro na Galeria Emergentes, Braga. Os seus trabalhos estabelecem, por norma, estreita relação com temas que a fascinam, tais como a mitologia clássica e a literatura, e as suas pinturas mais recentes abordam o mundo pessoano, numa multiplicidade de construções que recorrem à carismática figura do poeta e a determinados objectos de expressivo valor icónico. O apelo da contemporaneidade orientou a autora para uma recriação de imagens tradicionais do poeta, as quais procurou revestir de um halo de modernidade, traduzido na expressividade de certas tonalidades e estimulado pelo desafio de desvendar imageticamente o mundo literário em que essa figura maior da modernidade se moveu. O quadro Simetrias – Fernando Pessoa – procura reflectir os espaços/tempos pessoanos, inscrevendo-se nele uma alusão outonal representativa da fugacidade da vida do poeta. Os tons escolhidos apontam igualmente para a ideia da mudança de estado, remetendo para a passagem, para um tempo de tácita aceitação final dos dissabores e dos pequenos prazeres do mundo, temática tão do agrado do escritor.


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Afrodite, 2012 Conceição Mendes Acrílico s/tela 1000 x 1200 N. Inv. 1573

Conceição Mendes nasceu em Nova Lisboa, actual Huambo, Angola. Mestre em Comunicação Estética, Pós Graduada em Comunicação Estética e Licenciada em Pintura, pela Escola Universitária das Artes de Coimbra – EUAC. Licenciada em Educação do Ensino Básico, tendo exercido a docência até 2002. Formação em Decoração de Interiores, pelo Instituto Luso-Brasileiro (Angola). Docente da cadeira de Pintura na Universidade Livre – ANAI – Coimbra Participa com frequência em bienais e exposições individuais e colectivas em Portugal e no Estrangeiro, em Museus, Centros de Arte e Galerias. Participa e colabora regularmente em projectos diversificados no âmbito das Artes Plásticas. Está representada em diversas Instituições e colecções particulares em Portugal e no estrangeiro. Prémio de Pintura “MONDEGO 2010” – Museu da Água, Coimbra Prémio de Pintura “V CERTAMEN DE PINTURA” 2007 – Villafranca de Los Barros, Badajoz, Espanha


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Vertigo, 2010 de Matos (1942 - ) Acrílico s/ tela 900x700 N. Inv. 1495

António de Matos Ferreira [nascido a 16 de Abril de 1942, em Cantanhede] começou – e, mais recentemente, recomeçou- a pintar… por roda dos anos setenta. À distância de três décadas solares, no limiar do século XXI. Vocacionado para a descoberta experimental – entre a realidade e o sonho, na antevéspera de uma (re)invenção imagética do fantástico – iniciou-se no desenho ( exercitou na técnica do pastel), sendo beneficiário da tecnologia industrial que produziu e industrializou a inovação tecnológica das tintas ‘acrílicas’. A esse fenómeno (da História e do trivial) da economia contemporânea ficará devendo a permissão de vencer, a salto, a pintura convencional e traditiva – a aguarela e o guache, o óleo e a têmpera – com quanto vencido pelo imperativo material de um suporte ancestral: a tela engrada, costumeira e vulgar, de cavalete… À sua mundivivência euroafricana, a uma convivialidade socioprofissional e afectiva múltipla e heterogénea, dever-se-á a essência – bipolarizada pelo obrigatório disciplinar do quotidiano… e por uma natureza intimista lateral, evasiva, intercomplementar da sua vocação identitária – do seu ‘fazer Arte’, e da sua auto-(en)formação autodidáctica (passem os pleonasmos) nas horas de solitude e da partilha dos seus “eus”, devaneantes ou fugitivos da memória dos dias… e das noites da felicidade vivida. Olhar e apreciar os teus quadros, poderá não ser compatível a uma lógica imediatista de redutibilidade ao seu substrato ontológico mas, seguramente, proporciona uma viagem ao fantástico onde a matéria e o movimento se conjugam e tendem para fundir, em simplicidade, a percepção e a intenção de visibilizar paisagens sem tradução, flashes instantâneos captados de uma ponte entre nós e os teus mundos. José-Luís Ferreira


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Alga, 2010 Edite Melo (1947 - ) Acrílico s/ tela 600x900 N. Inv. 1503

Edite Melo nasceu em Torres Vedras, 1947. Vive e trabalha em Lisboa e Torres Vedras. É bacharel em Organização e Gestão de Empresas e, desde cedo, paralelamente ao seu percurso profissional, dedicou-se à pintura, explorando vários materiais e técnicas. Frequentou vários seminários com artistas nacionais e estrangeiros. Existem trabalhos seus em várias instituições e colecções particulares, em Portugal e no estrangeiro. Tem exposto regularmente, individual e colectivamente desde 1987. Iniciou uma nova fase na sua pintura a partir de 2001, encontrando no abstracto a sua expressão e identidade. Em Junho de 2013, em parceria com a poetisa São Gonçalves, lançou o livro A Alma da Cor. Os seus trabalhos têm sido fonte de inspiração de vários poetas.


Sérgio Gorjão, Historiador de Art

Sinto que os riscos, os toques na tela, não surgem ao acaso. Traçam, instigam, excitam, fustigam ou acariciam percursos de sentidos e sentimentos. São marcas gravadas na superfície, que perde assim a alvura, mas não a pureza. Ana Souto DeMatos

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A obra de Edite Melo é fortemente marcada pela abundância e generosidade de cores e convida-nos a mergulhar num mundo imaginário. Num cenário abstracto a estrutura de comunicação de Edite Melo remete-nos para a grandeza de espaços, para um turbilhão de luz e para uma relação activa com o observador. Dotada de grande sensibilidade manifesta na sua obra uma personalidade e conhecimento artístico livre, talvez por esse motivo as suas criações passaram além-fronteiras.


Separated Land #29, 2015 Fernando Gaspar (1966 - ) Acrílico s/ madeira 1200x1200 N. Inv. 1575 TERRA SEPARADA A história da conquista e posse de território é a história da vida e nela, a da espécie humana. Desde a mais remota consciência da noção de lugar - espaço ocupado, de contornos determinados por circunstâncias naturais ou provocadas - e para além das suas determinantes biológicas, se tem desenvolvida na mente humana em todas as suas manifestações racionais ou sensiveis, a necessidade de estar ligado ao meio, dele fazer parte, a si o adaptar, por si o dominar. Para este ser emergente, mas inteligente e determinado, este processo, não raras vezes impetuoso, implica a constante marcação do espaço e a sinalização dos limites/fronteira, assumindo esta, como tarefa de vital importância práctica e simbólica. É partindo da construção simbólica das noções de espaço, lugar, da significância do “dentro/pertença”, e do “fora/não pertença”, do que está contido e do que é contentor, que fica de alguma maneira estabelecida a noção de segurança e abrigo, com todas as consequências que essa apreensão desencadeia no meio e com os demais seres que o habitam e dele fazem parte. A “presença” dominante em contraponto com a “ausência” pela dominação, o outro como finalidade a alcançar, tomando, incorporando ou anulando, ou o outro como a nossa medida, o aferidor das nossas reais proporções, como o fim ou linha limite do nosso alcance apropriativo. O que em nós, individuos, começa por genético impulso, transforma-se, no colectivo, em fenómenos de identidade territorial, conceitos de espaço/nação, pertença, grupo, ligação. Definir o homem, foi, é e também será pelo que ele faz no permanente uso de uma rede complexa de linguagens e códigos, elegendo cores, materiais, grafismos e objectos que reforçam essa marcação, enfatizando as semelhanças e denunciando as diferenças, numa primária e incontrolável apropriação de valores e direitos. Esta é uma questão inquietante, vibrante e não resolvida em cada um de nós, tanto na nossa confinada dimensão pessoal como na ampla dimensão colectiva; terra separada; daqui parto, daqui saio atravessando delicadamente os lugares de fora, encontrando o outro. Fernando Gaspar, 2015


Fernando Gaspar

Artista visual, autodidacta. Iniciou o seu percurso pelo desenho e prática da aguarela. Inteiramente dedicado à actividade desde 1986, tem no seu percurso alguns prémios nacionais, participações colectivas e mais de 50 exposições individuais em Portugal e no estrangeiro. Ao longo destes 30 anos, tendo como prática a constante renovação de suportes, materiais e técnicas, a plasticidade do seu trabalho tem evoluído no sentido de uma abordagem crescentemente reflexiva e contemporânea. www.fernandogaspar.com

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n.1966 Portugal


Camponesa, 2012 Filomena Fonseca Pastel s/ papel 570x450 N. Inv. 1506

Filomena Fonseca nasceu em Landim, V.N. de Famalicão. Licenciada em Estudos Artísticos e Culturais pela Universidade Católica Portuguesa. Frequentou a ESBAP e o Curso de pintura da Cooperativa Árvore, Porto. Estagiou em França com Pierre Cayol. Expôs pela primeira vez em 1983. Pinta principalmente a óleo e a pastel. Como retratista, pintou várias figuras de relevo. Ilustrou diversas capas de obras literárias e colecção de 10 livros de poesia infantil. Em 2013 foi pintora convidada no “Encontro de Arte - Amor em mim”, Auditório Douro Azul, o Porto; VI Bienal de Artes Plásticas do Rotary Clube, Maia. Recebeu os seguintes prémios: 2005, 2º Prémio no II Concurso de Artes Plásticas de Penedono; 2006, Medalha de Prata Internacional, Exposition Internacional des Arts, A.E.A., Paris, França; 2007, 1º Prémio no Concurso Internacional de Arte s/ Tela - “As Cores da Idade”, Porto; Medalha de Prata - Concours International - A.E.A, Gembloux, Bélgica. Realizou dezena e meia de exposições individuais e participou em mais de uma centena de exposições colectivas no país e no estrangeiro: Pontevedra e Oviedo, Espanha; Paris, França; Gembloux, Bélgica; Izmir, Turquia; Viena, Áustria. Está representada em colecções particulares em Portugal, Espanha, França, Suécia, Alemanha e Brasil.


Filomena Fonseca

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Pintada a pastel, a obra é representativa de uma imagem real, reconhecível, possível de se encontrar em qualquer aldeia do interior. Vi-a no concelho de S. Pedro do Sul. É símbolo do trabalho árduo, que marca no corpo e na alma a sua dureza. Segurando uma enxada velha e gasta, saliento-lhe a mão inchada de artropatia que atraiu a minha especial atenção. Marcas da vida difícil, sem preocupação estética, dúvida ética ou política. A nostalgia do seu olhar, apela à visão para o seu interior, pressupondo uma ocultação de sentimentos prensados e divididos entre o tempo e o saber, num silêncio perturbador. Um estado de alma, onde parece convergir sensibilidade e alguma inquietação, juntamente com sonhos, recordações e anseios de esperança. Um Outono da vida. Contrastes na natureza, prefigurando mistérios entre as rugas e as sombras dos espaços rurais. É talvez uma justa homenagem à mulher campesina que sonha, luta, sofre e persiste. Parte integrante da nossa identidade cultural, do povo agrícola. Uma linguagem plástica de referência aos valores humanos do trabalho braçal, realizado com honradez e sem falsa demagogia. Uma incursão pelo mundo das emoções ou a quem nele vive ou sobrevive.


Manhattan, 1995 Gina Marrinhas (1950 - ) Óleo s/ tela 320x450 N. Inv. 0785

Gina Marrinhas nasceu em 1950 em Macinhata do Vouga, concelho de Águeda, distrito de Aveiro. Estudou em Aveiro e Lisboa. A sua necessidade de aperfeiçoamento, levaram-na até à Fundação Caloust Gulbenkian em Aveiro, e até à Cooperativa Artística Árvore, onde frequentou durante cinco anos, aulas de pintura com o Mestre Alberto Péssimo. Frequentou o atelier do mestre. É sócia do Aveiroarte.


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O Concílio, 1999 Gina Marrinhas (1950 - ) Óleo s/ tela 450x540 N. Inv. 0795


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Juncos, 2011 Isabel Lhano Acrílico s/ tela 800x800 N. Inv. 1508

Isabel Lhano, natural de Vila do Conde, é licenciada em Pintura pela Faculdade de Belas Artes do Porto e foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian nos anos 1971 e 1972. É Professora efectiva de Educação Visual na Escola E.B. 2/3 Frei João, de Vila do Conde. É autora de projectos como “Mom’arte” ou “Homenagem a Sónia Delaunay” da C. M. de V. do Conde, onde o design da edição é também da sua autoria , foi co-responsável pela organização e membro do júri de selecção e premiação - Convento do Carmo, V. do Conde, 1998. Em 1992, foi responsável pela programação e direcção artística da Galeria do Auditório Municipal de V. do Conde. Desde 1974 tem intervindo na área das Artes Gráficas e Comunicação Visual - Murais Urbanos; cenografia; painéis de interior; design de cartazes; maquetagem gráfica de catálogos de exposições; design têxtil e ilustração de livros escolares. Desenvolve desde 1994 formação artística particular a alunos, no seu atelier. Directora Artística da Galeria Delaunay, V. do Conde, de 1996 a 1999. 1º Prémio do Concurso Gráfico da Sarrió, com o catálogo da exposição “Acto do Corpo”, SNBA. Edição de serigrafia pelo Centro Português de Serigrafia, Lisboa, 1999. Representada nos Museus: Amadeo de Souza-Cardoso; Arte Contemporânea, V. N. de Cerveira. Encontrase representada ainda na Delegação Norte do Ministério da Cultura e na Fundação Eng.º António Almeida, Porto. Edição em 2000 de serigrafia, a convite da Delegação Norte do Ministério da Cultura. Em 2001, a convite do H. Arte 01, organizou a Exposição Colectiva no Planetário do Porto. Autora das capas de livros: Editora Campo das Letras, “Estou escondido na cor amarga do fim da tarde”, Valter Hugo Mãe; Editora Quasi, “Súmula da Negação”, João Rios; “No Parapeito”, Rita Ferro Rodrigues; “Malva 62”, Daniel Maia Pinto Rodrigues; Editora QuidNovi, “O Nosso Reino” (2.ª Edição), Valter Hugo Mãe. Em 2004 participou no livro de aniversário da Quasi Editora “Afectos e outros afectos” com prefácio de Mário Soares. 2007 - Participação no júri da “Erótica” - Auditório de Gondomar, Porto. Capa e ilustrações do CD “Maldoror” dos Mão Morta. Prémio Erótika 2009 - Bienal de Arte Erótica de Gondomar. Ilustrações do livro juvenil “O Rosto”, Valter Hugo Mãe.


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Porto da Carrasqueira, 1989 J. Eliseu (Filho) (1951 - ) Óleo s/ tela 360x520 N. Inv. 0733

J. Eliseu (filho) - Coimbra/1951 – www.eliseu.com Actualmente gerente da Artes & Restauros, empresa vocacionada para a criação, conservação e restauro de obras de arte, dando seguimento a uma tradição familiar com séculos de experiência. A par deste trabalho surgiu a paixão pela pintura paisagística, retratos de um Portugal quase desaparecido, costumes do mundo rural praticamente inexistente, descambando de quando em vez por outros temas, desde o retrato ao monumental consoante a necessidade de evasão e de inspiração, fazendo por vezes algumas “surtidas” ao campo da pintura intervencionista. Homenageado no ano 2000 pela Câmara Municipal da Lousã pelos seus 25 anos de Carreira Artística e, mais recentemente no ano 2015, pelos seus 40 anos. Encontra-se representado no Museu Sarah Beirão, na Universidade de Coimbra, no Turismo de Pombal, Tokushima - cidade geminada com Leiria no Japão, Museu Álvaro Viana de Lemos, Instituto Superior de Viseu, Museu Díonisio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro, Biblioteca de Tomar, Presidência da República portuguesa, assim como em numerosas colecções particulares, tanto nacionais como estrangeiras, designadamente: nos E.U.A., França, Espanha, Brasil, Canadá e Noruega. Prémios: - Lausus 2012 - Atribuição do Prémio Carlos Reis (Artes Plásticas, Design e Arquitetura) Câmara Municipal da Lousã


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Senhora, 2013 Levi Guerra (1930 - ) Acrílico s/ tela 1300x1000 N. Inv. 1509

Professor Doutor Levi Guerra, natural de Águeda, médico, Professor Jubilado da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, e reformado como Diretor de Serviço do Hospital de S.João, especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Ordem dos Médicos; fundador e ex-Director dos Serviços de Nefrologia do Hospital de Santo António e do Hospital de S. João; ex-Director do Hospital de S. João; “fellow” do American College of Physicians, membro honorário da Academia Brasileira de Medicina, da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e da Sociedade Portuguesa de Nefrologia; Presidente da Direcção do Instituto Cultural D. António Ferreira Gomes, no Porto. “Prémio Nacional de Saúde 2013” do Ministério da Saúde, “Prémio de Saúde do Jornal Veritas 2014” e “Prémio Envelhecimento Ativo Drª Maria Raquel Ribeiro 2015”, da Associação Portuguesa de Psicogerontologia. Percurso artístico: 22 Exposições individuais de pintura; 2 livros de poesia publicados.


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Rio Águeda, 1994 Lopes de Sousa Óleo s/ tela 230x180 N. Inv. 0778

Lopes de Sousa, natural de Aveiro-Frequentou o Instituto Universal Brasileiro e a escola Álvaro torrão nos anos 70. Dedica-se à pintura e escultura desde o ano de 1975. Sócio e artista de várias associações nacionais, nomeadamente da (ANAP) Associação Nacional dos Artistas Plásticos/Portugal. Participou em diversas exposições individuais e coletivas, nomeadamente algumas de grande destaque: Museu Teixeira Lopes - V. N. Gaia, Museu Amadeo Sousa Cardoso Amarante, Museu de Lamego, Museu de Arouca, Museu da República - Aveiro, Museu de Vouzela, Museu da Diocese de Lamego, Fundação Eugénio de Almeida - Porto, Centro da Unesco - Porto, Galeria o Primeiro de Janeiro - Porto e Coimbra, Galeria da Restauração - Porto, Galeria Vandoma - Porto, Galeria Vieira Portuense - Porto, Galeria Almedina Coimbra, Galeria da Mutualidade - Coimbra, Galeria Éborense - Évora, Galeria Samora Correia - Albufeira, Galeria Paços do Concelho - Aveiro, Galeria paços do concelho - Viana do Castelo, Câmara M. de Arcachon – França, Galeria Inca - Venezuela, Galery Twenty Four - Berlim, Paris e Atlântida, Galeria Casa dos Crivos - Braga, Academia de Belas Artes - S. Paulo, Galeria sala aberta - Maiorca - Espanha, Galeria sala de Camões - S. Paulo, Embaixada de Bruxelas, Museu da Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro - Águeda, Museu de O. de Azeméis, Centro de Congressos de Aveiro, Museu do tropeiro - Brasil, Fundação Carlos Drummond de Andrade - Brasil. Bienais Internacionais: Vendas Novas,510 anos de descoberta do Brasil, Academia de Belas Artes Sant`Ana - S. Paulo, Palcos Cruzados - Museu de Arouca, Feira Internacional de Berlim (Designer). Prémios: Feira Internacional em Berlim (designer) - 1999, platina, ouro e prata - Artes pelo Mundo - “S.MOLINERO” - 2010, Artmageur-França-prata-2009 e 2010. Menções honrosas e certificados de presença (vários). Os seus trabalhos já provocaram reportagens em diversos programas de TV -SIC“Regiões”, TV - Itabira - Brasil, em diversos jornais e revistas Nacionais e Estrangeiras bem como das rádios nacionais e estrangeiras.


Seguidamente viajou para o Brasil em 2011 e 2012,onde realizou várias exposições nas quais algumas de destaque: Fundação Carlos Drummond de Andrade – Vídeo - Youtube - Exposição prelúdio de Portugal 2015-Organizou os seus 40 anos na arte na Galeria Municipal de Oliveira do Bairro; Exposição no Museu Etnográfico de Mira e em várias coletivas do Aveiro - Arte.

Reservas em Exposição

No ano de 2006 e 2009 – Venezuela - realizou viagens de estudo, onde teve contactos com várias entidades ligadas às artes (Instituto Municipal Cultura y Arte).


Paisagem com Rio, 1993 Lopes de Sousa Óleo s/ tela 280x380 N. Inv. 0768


Reservas em Exposição


Margem do Rio Águeda, 1994 Lopes de Sousa Óleo s/ tela 550x460 N. Inv. 0775


Reservas em Exposição


Paradigmas, 2013 Luís Pedro Viana (1943 -) Acrílico s/ papel Canson 650x500 N. Inv. 1510

Luís Pedro Viana da Cunha Firmino nasceu em Viana do Castelo, 1943. Formouse na área da Engenharia. É autor de diversas pinturas e poesias desde 1964, com intervenções na ilustração. Expôs em diversas galerias e museus, com exposições individuais e colectivas.


Reservas em Exposição


Folha caídas, 2011 Luísa Prior Acrílico s/ papel 450x300 N. Inv. 1496

Nasceu em Santa Marta de Penaguião. Reside e tem atelier em V. N. de Gaia. Tem cursos de Técnicas de Desenho da F.B.A.U.P., Pintura e Desenho na UATIP e Oficina de retrato da Casa Museu Marta S. Ortigão (Porto). É membro de diversas associações artísticas. Está representada em espaços como os Municípios de Guimarães, V. N. de Gaia, Sta. Marta de Penaguião e Vila Real; Museu de Mira; Fundação Eng.º António de Almeida; Clube Literário do Porto; Casa da Beira Alta; Ordem dos Médicos e Ordem dos Engenheiros; Galeria Majestic; Teatro Municipal de Vila Real; Casa de Portugal, Paris; Livraria Orpheu, Bruxelas; em colecções particulares em Espanha, França, Bélgica, Itália, Ucrânia, México, Holanda, Suécia e E.U.A.. Foi artista convidada nas Exposições: “1000 Anos de História”, Leça do Balio; “Quinzena Cultural”, S. Mamede de Infesta; Exposição Internacional “Movement”, Biblioteca Sta. Maria Feira; VI Bienal de Artes Plásticas Rotary Club, Maia. Foi homenageada em Sta. Marta de Penaguião, 2008; comissária nas exposições “De mãos dadas com a arte”, Fundação Inatel, Porto, “Despertar das Artes” e comissária de honra na “2ª Bienal Internacional Mulheres D`Artes”, Museu Municipal de Espinho e Artista convidada no “Encontro de Arte - Amor em mim” Auditório Douro Azul, Porto, 2013. Artista convidada pela Galerista Olga Santos para Arts Talks world fine Arts Festival na Cordoaria Nacional. Participou em mais de 50 exposições individuais e mais de uma centena meia de exposições colectivas, em diversos locais de Portugal e no estrangeiro como em Santiago de Compostela e Poyo, Toledo Castelo Medieval Oropesa (Espanha), Estocolmo (Suécia), Paris (França), Bruxelas (Bélgica), Viena (Áustria) e Izmir (Turquia). Recebeu o Prémio Literarte Internacional de Escultores e Artistas, Museu do Oriente, 2014.


Luísa Prior

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Tal como a face da folha caída com o vento, ao desprender-me, sou como penso? Ou como me apresento? Ou como me vêem?!... Despida da árvore e de toda a beleza que a mesma me atribuía… No decorrer da queda até pousar no solo, aí me dei conta de quanta inquietação me surpreendeu.


Rio Águeda, 2014 Maria dos Santos (1960 -) Óleo s/ tela 600x700 N. Inv. 1514

Nasceu em 1960 e desde muito jovem manifesta a sua vocação para as Artes Plásticas, nomeadamente na pintura de cenários e cartazes de eventos socioculturais, alguns deles efectuados no atelier do Teatro Sá da Bandeira,1980. Licenciada em Direito, abandona a perspectiva de uma carreira jurídica para se dedicar exclusivamente à pintura a partir de 1992. Estudou Desenho e Arte Publicitaria no Atelier de Francisco Nunes e especializouse nas técnicas e métodos de Betty Edwards. Tem formação em Arte e Espaço Público, História de Arte Contemporânea Portuguesa, Gravura e Litografia na Escola Superior Artística do Porto – ESAP.


Uma primeira mancha, intuitiva, nascia na tela, seguindo-se-lhe uma outra, reflexiva, e outras, mais conscientes, originando um jogo de formas que, a passo e passo, se definiam. Foi fundamental a harmonia tonal para tornar possíveis os movimentos expressivos da obra. Os tons negros da terra e da água são similares no isolamento e no repouso. O Vazio aparente da ausência de personagens implica a plenitude da presença. Elas estão implícitas no silêncio, onde se torna possível o sentir e o pulsar das inquietudes. Maria dos Santos

Reservas em Exposição

A iniciativa de pintar a obra de título “Rio Águeda”, deveu-se à vontade de, humildemente, homenagear a cidade, através do projecto Estações de Arte participando na colectiva de título Outonos Inquietos, na Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro. Esta obra irá fazer parte do espólio da Fundação.


E por vezes as noites duram meses..., 2012 Maria Guia Pimpão (1945 -) Acrílico s/ tela 730x930 N. Inv. 1515

Nasceu em 1945, natural de Peraboa (Covilhã) e reside em Coimbra. Frequentou o Círculo de Artes Plásticas em 1971/72 e, desde 2007, frequenta a Oficina Livre de Pintura da Árvore, Cooperativa de Actividades Artísticas, Porto, com orientação do Mestre Alberto Péssimo. Expõe desde 2004, tendo realizado cerca de 40 exposições individuais. Participou em mais de 60 exposições colectivas nacionais e internacionais. Obteve Menção Honrosa de Prata 2012, e Menção Honrosa de Ouro 2014, no “Prémio Mário Silva”, pela Associação da Amizade e das Artes Galego-Portuguesa. Ilustrou a acrílico a obra poética de Leocádia Regalo, Lia no País da Poesia, Palimage. A sua pintura é sobretudo figurativa. As cores intensas e a vertente humana dominam a sua obra. É uma pintora de afectos: Pinceladas ritmadas e leves que provocam a sombra e a vida cândida e bucólica perspectivada nos animais quando presentes; exercício mediúnico que nos dá o universo artístico e amoroso, transportando-nos de forma cénica ao palco duma historicidade presente e latente em movimentos circulares, moldando sonhos que comprometem o espectador.


Inspiração no poema E POR VEZES de David Mourão-Ferreira:

E por vezes encontramos de nós em poucos meses o que a noite nos fez em muitos anos. E por vezes fingimos que lembramos. E por vezes lembramos que por vezes ao tomarmos o gosto aos oceanos só o sarro das noites não dos meses lá no fundo dos copos encontramos. E por vezes sorrimos ou choramos. E por vezes por vezes ah por vezes num segundo se evolam tantos anos.

Reservas em Exposição

E por vezes as noites duram meses E por vezes os meses oceanos E por vezes os braços que apertamos nunca mais são os mesmos.


Moliceiros I, 1989 Mário Matos (1931 - ) Óleo s/ tela 503x814

Mário Matos nasceu em Vagos, distrito de Aveiro, a 10 de Julho de 1931. Estuda pintura durante vários anos, quatro dos quais foram dedicados exclusivamente ao desenho, tendo por professor Jean Cazaux, consagrado mestre da Vista Alegre. Foi emigrante durante vinte anos no Brasil e Estados Unidos da América. Regressa a Portugal e a pedido de alguns amigos, volta a pintar. Faz várias visitas de estudo no estrangeiro, daí os seus muitos motivos de outros países. Está representado em inúmeras coleções particulares um pouco por todo o Mundo (Portugal, Espanha, França, Bélgica, Holanda, Alemanha, Brasil, Estados Unidos da América e Japão) e em museus nacionais.


Reservas em Exposição


Next, 2013 Raquel Rocha (1976 -) Caneta s/ papel 200x280 N. Inv. 1519

Nasceu no Porto, 1976. Concluiu o Curso de Desenho em 1998 na Escola Superior Artística do Porto. Colaborou ilustração do livro “Histórias da Ajudaris”, 2012 e 2013. Pontualmente faz Arteterapia em diversas IPSS. Publicada na revista OjOs com um estudo sobre a Arte Erótica. Algumas exposições colectivas: Arte - Assistência. 15 artistas para AMI(gos), Galeria Perve, Lisboa, 2014; AMI Art, Lisboa, 2014; Arte Urbana, Lisboa, 2014; XVI Contemporâneos, Museu Municipal de Espinho, 2014; (Con)Tributos da Liberdade a Joan Miró, Porto, Lisboa e Londres, 2014; 14º Aniversário da Galeria Perve, Lisboa, 2014; India ArtFair, Nova Deli, 2014; Colectiva de Verão, Galeria Zeller, Espinho, 2013; Arte e Eros “O Lugar do Erotismo na Arte”, Fábrica Braço de Prata, Lisboa, 2013; 2ª Bienal Internacional Mulheres d’ Artes, Museu Municipal de Espinho, 2013. Algumas exposições individuais: Galeria Olga Santos, Porto, Fundação Escultor José Rodrigues, Porto, Galeria Arte-Imagen, Corunha, 2014; em 2012, Galeria da UNICEPE, Porto, Space Feng Shui, Braga; em 2011, Galeria de Arte da PT Comunicações, Porto; em 2009, Mestre’s Sex Shop, Porto; em 2004, Galeria Casa de Eros, Porto, Associação Nacional de Jovens Empresários do Porto. Está representada em colecções públicas e privadas, incluindo o Museu de Arte Erótica Americano.


Reservas em Exposição

Com meios tão simples como são o papel e a caneta, mergulho na temática do erotismo mostrando tudo de uma forma suave, tornando este tema mais agradável aos sentidos. Recorrendo a um desenho meticuloso de minúsculas personagens extrovertidas, extremamente construído, trabalhado, a partir de uma memória visual, embora a tendência simplificadora da minha mente altere por nivelamento as imagens que registo e a minha emoção exagera alguns aspectos. É um desenho desafiante, invasivo, constituído por imagens que remetem para uma capacidade do cérebro, que é a de sentir prazer em decifrar estímulos enigmáticos. Raquel Rocha


Cornucópia, 2012 Rik Lina (1912 - ) Óleo s/ tela 500x400 N. Inv. 1561

Nasceu na Holanda, 1942. Estudou pintura e litografia na Gerrit Rietveldt Academie, Amsterdão, entre 1960 e 1965. Em 1972 integrou o Grupo Surrealista International MOUVEMENT PHASES (relações de amizade com Artur Cruzeiro Seixas e Mário Cesariny). Viveu, trabalhou e exibiu os seus trabalhos na Turquia, Espanha, Caraíbas, Chile, Brasil, Indonésia, USA, e desde 1973 em Portugal. Participou na exposição retrospectiva “O Surrealismo Abrangente – Colecção de Artur Cruzeiro Seixas”, Famalicão e Lisboa, 2004; Exposição International “Surrealismo e Pintura Fantástica” organizada por Mário Cesariny, Lisboa, 1984. Presentemente Rik e sua esposa, a ceramista Elizé Bleys, vivem em Tavarede, onde fundaram juntos, com o poeta Miguel de Carvalho, o grupo “Cabo Mondego Section of Portuguese Surrealism” em 2008.


Reservas em Exposição


A Capa do Bispo, 2014 Seixas Peixoto Tinta acrílica, tinta-da-china, ouro relevo e folha de ouro de 18 kl sobre tela de linho. 1000x1000 N. Inv. 1524

Seixas Peixoto desenvolveu áreas tão variadas como a arquitectura, o design de moda e a publicidade, optando definitivamente pela Pintura e Escultura. Foi professor de desenho e vem fazendo várias incursões na área da Expressão Plástica nas Escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico, em Portugal, Açores, Madeira, Brasil e Cabo Verde “Primeiras experiências plásticas”, com o intuito de escrever um documento sobre a arte infantil. Fundador do Centro de Arte de Buarcos e Galeria Má Língua, “Pintores sem Limites” e Membro do “Cabo Mondego Section of Portuguese Surrealism”. A sua obra tem sido exposta frequentemente no país e no estrangeiro conta com 50 exposições individuais, mais de 100 colectivas, algumas esculturas públicas, presença em bienais e performances de pintura onde já arrecadou alguns prémios, contribuindo assim para enriquecer o seu curriculum. Está representado em diversas colecções particulares e de organismos públicos nacionais e estrangeiros. Foi galardoado com os seguintes prémios: 1.º Lugar Concurso Imagem da Europeade 92; 2.º Lugar Ex Aequo Concurso Nacional de Cooperativas; Vencedor por várias vezes de concursos para cartazes e medalhística; Troféu Pinheiro do Paraná para escultura comemorativa dos 500 Anos do Descobrimento do Brasil.


Miguel de Carvalho

Reservas em Exposição

Seixas Peixoto prossegue e vai mais além em Ouro sobre Azul. (...) continua com a máxima bretoniana “procuro o ouro do tempo”. Desta feita, vai buscar de forma experimental o lado erudito e sofisticado, da excentricidade bizarra do barroco para a casar com a antiga filigrana, numa profunda cumplicidade e compromisso do ouro.


Personagem 15, 2015 Teresa Ricca Acrílico s/ xisto 420x420 N. Inv. 1565

A vida de Teresa Ricca começou em Braga nos anos sessenta. A formação artística, pouco depois, no curso de “Desenho têxtil e arte dos tecidos” na Escola Carlos Amarante. A actividade criativa tornou-se imperiosa e leva-a, eleger as tintas e os pincéis, e mais tarde a máquina fotográfica, como canais privilegiados para o seu trabalho. A dominante comum a todo o seu percurso está na constante procura de formas e recursos técnicos. Durante muitos anos, o seu trabalho fechava-se em espaços particulares, mas desde 2009 com o primeiro convite para integrar a bienal d’ArtVez que se tem apresentado de forma regular em espaços públicos, quer por participar em iniciativas colectivas quer com exposições individuais tanto de pintura como de fotografia.


Vieira Duque

O trabalho da Teresa é muito como ela própria. O que se espera de cada artista é que nos revele o seu universo próprio. A Teresa Fá-lo sem qualquer tipo de censura. Domingos Júnior

Reservas em Exposição

Máscaras sobre xisto ou xisto sob máscaras? Máscaras ou xisto? - Arte! Porque, simplesmente, comunicam com o que fomos, somos ou seremos: representações de um real cénico que por sob nós existe, para o possível diálogo de um sobre nós!


A dança, 2005 Xavier (1947 - ) Acrílico s/ tela 800x1000 N. Inv. 1523

Xavier nasceu em S. Tomé e Príncipe, 1947. Completou o curso de Pintura da E.S.B.A.P. em 1976. Bolseiro de S. Tomé e Príncipe em 1971-1976. Ilustrou livros didácticos para Angola em 1973. É professor aposentado. Está representado em várias colecções particulares em Portugal e no estrangeiro; nas Câmaras Municipais de V. N. de Famalicão, Aveiro, Amadora, V. N. de Gaia e Barcelos; Fundação Eng. António de Almeida; Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física do Porto; Grupo BCP; Grupo Totta; Mercado Municipal de Tavira - Painel em ferro e cerâmica. Expõe individual e colectivamente desde 1980. Realizou treze exposições individuais sendo as mais recentes: Galeria “Domvs Varivs”, Lisboa, 2000; Galeria Municipal Artur Bual, Amadora, 2001; Biblioteca Pública Municipal de V. N. Gaia, 2004; Cooperativa Árvore, Porto, 2005; Galeria Municipal de Arte de Barcelos, 2007; Biblioteca Pública Municipal de V. N. Gaia, 2009; Casa-Museu Teixeira Lopes, V. N. Gaia, 2013. Participou nas Bienais: Artes Plásticas de V. N. de Cerveira; Gravura da Amadora; Artes Plásticas da Maia; Culturas Lusófonas de Odivelas; Artes Plásticas, Festa do Avante; II Arte na Planície, Montemor-o-Novo; Festivais Internacionais de Gravura de Évora. Participou em dezenas de Exposições Colectivas em Portugal e três em Espanha, duas em Barcelona e uma em Valência. É citado nos livros: “Artes Plásticas Portugal - O Artista, seu Mercado”; “Anuário das Artes Plásticas”, nº 2, Estar Editora; “50 Anos de Pintura, Escultura em Portugal”, Universitária Editora, Ldª. Participou com uma obra na ilustração de “Os Lusíadas” – projecto concebido e desenvolvido pela GSPIE – Global Systems Publicity – Lisboa.


Reservas em Exposição


Undressed, 2015 Jaír Anjos Acrílico s/ papel 650x500 N. Inv. 1581

Masculino, 2015 Diogo Araújo Carvão e grafite s/ papel 670x520 N. Inv. 1582


Prémios Artísticos Mateus A. Araújo dos Anjos / 2015



Catálogo desenvolvido em contexto do Estágio Curricular em Arte e Design, da Escola Superior de Educação de Coimbra, sob orientação dos professores Bartolomeu Paiva e Chuva Vasco, do aluno João Teixeira, na Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro, sob tutoria do Conservador Vieira Duque. Tendo sido o trabalho final. Prémio Artístico Mateus A. Araújo dos Anjos / 2016.




Praรงa Dr. Antรณnio Breda, nยบ4 3750-106 ร gueda Telefones: (+351) 234 623 720 | (+351) 234 105 190 (+351) 913 333 000 Fax: (+351) 234 096 662 www.fundacaodionisiopinheiro.pt info@fundacaodionisiopinheiro.pt conservador.museu@fundacaodionisiopinheiro.pt https://www.facebook.com/fundacaodionisiopinheiro/


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