Emoções Abstractas | Lopes de Sousa

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EXPOSIÇÃO DE PINTURA



Exposição de pintura

EMOÇÕES ABSTRACTAS Lopes de Sousa



Procurando dar à pintura a máxima liberdade, valorizando a espontaneidade, o improviso e o acidente. Todas estas obras, embora parecendo simples, quase sem trabalho, resultam afinal de um labor dedicado, complexo e sincero em que o artista mostra as suas dores, as suas alegrias, os seus medos e os seus Sonhos. Nestas obras e o que nelas se guarda, ficamos a saber que não estamos sozinhos no mundo. E que quando precisarmos de alegria, de um céu azul, de mistério ou de um arco-íris, podemos sempre passar tempo com elas e com os seus poderes mágicos. Esse é o tesouro que os curiosos, os de coração inquieto, irão sempre redescobrir! Lopes de Sousa


I. Somos o acidente!... Esbarrámos… talvez… e o rasgo era a cicatriz… cesura de um Tempo, de uma inquietude serena quase nostálgica, perto de uma inesgotável tristeza consciente… iterando instantes que são já passados que resgatamos… passado como reminiscências… património intangível e irrevogável… imutável… tal cicatriz de um Tempo… este… tão nosso!... o que me comove?... esta viagem do Tempo que somos… desta acção que já o foi… esta estação tão fria… o que somos?... um intervalo… um Intervalo na Vida do Mundo… Um acidente!... II. Sendo a Arte a condição humana mais visceral de comunicar e preservar latente o presente dos tempos, Abstracção de Lopes de Sousa reflecte uma identidade emergente no sentir do espaço hoje de consumo, heterogéneo e identitário, que se investiga tão-só porque urge pensar esse espaço sem ignorar o indivíduo, evitando a condenação a uma cabal não liberdade. Fugir ao absurdo! A poética está na dicotomia latente da imagem que contemplamos: espelhamos o nosso sonho em ser, como imagem de outro em nós, mas sobretudo nós em uníssono movimento de aspirar a algo numa abstacção repetida tal quotidiano que pulsa, sobrepondo-se. Parafraseando Simone Beauvoir, o tempo é irrealizável, pelo que aqui e provisoriamente, o tempo parou para mim, penso e articulo o meu sentir perante esta imagem como garante de um passado que abre o meu futuro, como instantes que se metamorfoseiam em intervalos de Tempo do que sou, conhecimento e ignorância de mim, do outro, com advérbios de comparação feitos imagens… justaposições… em permanência do já não ser, mas olhando… olhando-te… olhas-me… sobreposição do sujeito. O que olho? O que vejo? Momento ou instante que me instiga a falar-lhe… porque o diálogo é a permanência que reconheço na Arte, em contínuo movimento: Anamnese de Nós, tão simplesmente o íntimo do Eu e do Outro na simbiose produzida mecanicamente pela mestria das cores. O teu olhar no meu. Tão acidentalmente!


III. Adormecer… em encantos de olhares lânguidos de personagens que passam abaixo e escondem humores próprios de quem não reclama ser notado. Adormecer… chamando os sonhos de justos fazedores de uma qualquer realidade transpessoal entre o que somos e o que queremos mostrar… Personagens… eu sou!... e reclamo a paleta do meu sonho… e vou adormecendo… Adormecer… sobre a paisagem que espera ser enamorada… sem tempo, por entre motivos que despertam o descobrir do pormenor e a vontade de apreender, observando… Adormecer… na força motriz da Vida… Personagens… tão simplesmente… Adormecer reclamo! Urge-me a necessidade do querer tapar os olhos e vos não ver… Adormecer…tão simplesmente… adormecer… nesta abstracção tão nossa! Tal acidente!... IV. A Vida como painéis compostos por múltiplas telas… continuação ou fosso… fronteiras… barreiras… percursos… físicos ou mentais… rejeição versus aceitação ou morte… vida adiada… mas tão-só mitigação do Hoje transmitida pelo parecer sentir. Fantoches… somos… ou não!... Distensão do Nós no Eu, em Si!... A Vida contada como diásporas de gente anónima… maldita!... Medos e anseios por telas cobertas por óleos ou acrílicos, em pinceladas soltas ou contidas, comedidas, onde a fraternidade das matérias resgatam tramas de sonho e desilusão, de anseio e medo, de esperança e desilusão!... A Vida numa poética pictórica de um experiencialismo latente, onde cada um interage com o seu público e o interroga… desassossegando-o!... Convocando-o à Vida do Hoje!... A nossa Época: “Época que se esfarela como a areia e se solda como o metal, Época de nuvens como rebanhos, de placas de zinco, chamadas cérebros. Época de submissão e de miragens, de marionetes e de espantalhos, época do instante glutão, época de uma queda sem fundo.” (Adonis, in Seis notas do lado do vento; trad. Nuno Júdice; Publicações D. Quixote) Como um acidente!


V. Aqui! Só isto. Apenas eu! Inerte. Contigo, Lopes de Sousa. Urge reinterpretar!... … adoptar, manter, actualizar, perpetuar… … reinterpretar a Vida, numa acção em liberdade e num puro exercício solitário, é premente hoje, enfoque do indivíduo que se questiona e procura um crescimento interior em urbanidade, para se dar de forma integra e apaixonada ao outro. Urge reinterpretar!... … como fruição de Vida, assim mesmo, leituras que se partilham sem barreiras ou preconceitos, em estéticas partilhadas que se interligam e se compõem em comunitário, devolvendo ao indivíduo, só… “Sufoco de ter só isto à minha volta! Deixem-me respirar! Abram todas as janelas! Abram mais janelas do que todas as janelas que há no mundo!” (Álvaro de Campos, in Ultimatum, 1917)

… e ao ouvir esta cadência de palavras… urge identificar o eco, o sopro, o cheiro, a repulsa pelo erro humano que maltrata, no seu não-entendimento, o humano sentir das Coisas Belas… sorrir, chorar, rir, beijar, bater, arrancar, abraçar… possuir cada coisa no olhar e, permitir o orgasmo físico da Vida, e… Orar… A Arte é, sem dúvida , o que nos perpetua e o que nos diferencia: de bestiais a bestas; de amor a ódio; de indiferentes a alguma coisa. Urge talvez merecermos a Felicidade que os profetas apregoam e a que tanto temos direito!... O olhar… …a Arte no olhar através do trabalho artístico de Lopes de Sousa: Génese do que nos permitis fruir: Respirar! Urge! “E o sangue jorrasse na tela do leito.” (Natércia Freire, in Liberdade Solar, Carta a um pintor) J.M. Vieira Duque, 2022


Detalhe da obra Abstracção #5, 2022 | Lopes de Sousa | Acrílico s/tela | 950x1400


Abstracção #5, 2022 Lopes de Sousa Acrílico s/tela 950x1400



Abstracção #1 | Quadrado, 2022 Lopes de Sousa Acrílico s/tela 1000x1000


Abstracção #3 | Quadrado, 2022 Lopes de Sousa Acrílico s/tela 1000x1000


Abstracção #2 | Quadrado, 2022 Lopes de Sousa Acrílico s/tela 1000x1000


Abstracção #4 | Quadrado, 2022 Lopes de Sousa Acrílico s/tela 900X900


“Procurando dar à pintura a máxima liberdade, valorizando a espontaneidade, o improviso e o acidente.”


Detalhe da obra Abstracção #4 | Quadrado, 2022 | Acrílico s/tela | 900X900


Abstracção #1 | Série verde, 2022 Lopes de Sousa Acrílico s/tela 900x750


Abstracção #2 | Série verde, 2022 Lopes de Sousa Acrílico s/tela 900x750


Abstracção #3 | Série verde, 2022 Lopes de Sousa Acrílico s/tela 900x750


Abstracção #4 | Série verde, 2022 Lopes de Sousa Acrílico s/tela 900x750


Abstracção #5 | Série verde, 2022 Lopes de Sousa Acrílico s/tela 900x750


Abstracção #6 | Série verde, 2022 Lopes de Sousa Acrílico s/tela 900x750


“Todas estas obras, embora parecendo simples, quase sem trabalho, resultam afinal de um labor dedicado, complexo e sincero em que o artista mostra as suas dores, as suas alegrias, os seus medos e os seus Sonhos.”


Detalhe da obra Abstracção #7 | Cinza, 2022 | Acrílico s/tela | 900x750


Abstracção #7 | Cinza, 2022 Lopes de Sousa Acrílico s/tela 900x750


Abstracção #8 | Cinza, 2022 Lopes de Sousa Acrílico s/tela 900x750


“Nestas obras e o que nelas se guarda, ficamos a saber que não estamos sozinhos no mundo. E que quando precisarmos de alegria, de um céu azul, de mistério ou de um arco-íris, podemos sempre passar tempo com elas e com os seus poderes mágicos.”


Detalhe da obra Abstracção #44, 2022 | Acrílico s/tela | 670x670


Abstracção #40, 2022 Lopes de Sousa Acrílico s/tela 670x670


Abstracção #44, 2022 Lopes de Sousa Acrílico s/tela 670x670


Abstracção #45, 2022 Lopes de Sousa Acrílico s/tela 670x670


Abstracção #46, 2022 Lopes de Sousa Acrílico s/tela 670x670


Abstracção #48, 2022 Lopes de Sousa Acrílico s/tela 670x670


Abstracção #49, 2022 Lopes de Sousa Acrílico s/tela 670x670


“Esse é o tesouro que os curiosos, os de coração inquieto, irão sempre redescobrir!”


Detalhe da obra Abstracção #45, 2022 | Acrílico s/tela | 670x670


Abstracção #2, 2022 Lopes de Sousa Acrílico s/tela 950x1400



Lopes de Sousa, natural de Aveiro, Portugal. Frequentou a Academia de Belas Artes S. Paulo, Escola de Artes Álvaro Torrão em Lisboa, e a Cooperativa “Árvore”no Porto nos anos 70 na área da pintura e escultura. Frequentou a Escola Industrial e Comercial de Aveiro (EICA). Dedica-se às artes desde o ano de 1975. Realizou cerca de 300 exposições,tanto Nacionais como Internacionais. As suas obras encontram-se em várias coleções privadas e públicas tanto Nacionais e Internacionais. 1975|Realiza as suas primeiras exposições |Salão Cultural de Aveiro, Associação Comercial de Aveiro, Cine Teatro Aveirense ( Salão Nobre). Galeria M. de Ilhavo, Galeria das Termas de S. Pedro do Sul ( Rainha D. Amélia). Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro. 1976| Começou a expandir-se por vários Museus e Galerias tanto Nacionais como e Internacionais onde obteve grandes êxitos. Destaques | Seleção | Museu Teixeira Lopes, Museu Sousa Cardoso, Museu Municipal de Lamego, Museu da República de Aveiro, Museu Rio Grande do Sul-Brasil, Museu do Tropeiro - Brasil, Museu Regional de O.de Azeméis, Museu de Ovar, Gallery Twenty Four- Berlim e Paris, Galeria |INCA|Venezuela, Galeria Casa dos Crivos - Braga, Galeria da Restauração-Porto, Galeria dos Loios-Porto, Galerias Vandoma - Porto, Galeria Sol Verde - Espinho (Casino), Galeria Almedina - Coimbra, Galeria do Mutualismo - Coimbra, Galeria do Turismo - Leiria, Hotel as Américas-Aveiro, Embaixada de Bruxelas, Centro de Congressos de Aveiro, Galeria Évorense - Évora, Galeria do Primeiro de JaneiroPorto e Coimbra, Fundação Antº Eugénio de Almeida -Porto, Centro Unesco-Porto, Galeria da Biblioteca de Cacotá – Rio de Janeiro, Academia de Belas Artes - S. Paulo, Galeria Casa de Camões - S. Paulo, Galeria Sala Aberta - Maiorca - Espanha, Galeria do Arco - Évora, Galeria Samora Correia - Albufeira, Galeria Municipal de Óbidos, Centro de Cultura da Nazaré, Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro - Águeda, Galeria do Turismo - Torreira, Galeria Paços do Concelho de Aveiro, Academia de Santa Ana - S. Paulo, Fundação Carlos Drummond de Andrade – Minas Gerais - Brasil, Galeria da Pedricosa de Aveiro, Casa da Cultura - Bahia - S. Salvador, Sala Nobre das Caves Sandeman- V.N.Gaia, Galeria Mirita Casimiro - Viseu, Galeria da Diocese de Lamego, Casa da Cultura de Estarreja, Hotel de Belo Monte, Galeria Municipal de Arte-O.do Bairro. Exposições na KASARIO LUNAR |8º e 11º Aniversários da casa. 2019|Galeria do Edifício da antiga Capitania de Aveiro. (ASSEMBLEIA MUNICIPAL).


Bienais Nacionais e Internacionais: 4ª Bienal Internacional de Belas Artes 2017 no Museu da Província de Shaanxi | THE FOURTH SILK ROAD INTERNATIONAL ARTS FESTIVAL onde se encontra representado no catálogo editado |china|. Bienais Internacionais|100 Artistas |Gondomar | Sala `D Ouro - Multiusos de Gondomar|2017|2018. Bienal Internacional RI-Lisboa, Bienal Internacional Palcos Cruzados| Casa da Cultura de Arouca | Museu. Bienal na Galeria Municipal de Viana do Castelo - Artistas nacionais. Bienais Internacionais de Vendas Novas X e XI Exposições. Bienal dos 25 anos dos Artistas da Bairrada | Museu do Vinho|Anadia. Representações: Encontra-se representado no catálogo de Artes entre o século XIV a XXI- Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro-Águeda(Pintura Portuguesa). Representado na Câmara M. de Arcachon –França. Museu Teixeira Lopes |V.N. Gaia, Fundação Antº Eugénio de Almeida, Câmara Municipal de Aveiro, Associação Comercial de Aveiro. Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade - Brasil, Museu do Tropeiro-Brasil, Embaixada de Bruxelas, Câmara Municipal de O. de Azeméis, Museu Regional de O. de Azeméis, Academia de Belas ArtesS. Paulo, Casa de Camões - S. Paulo, Academia de Santa Ana- S. Paulo, Representado no espólio D. Duarte Pio de Bragança. Comemorações: 10 anos de pintura | Galeria o Primeiro de Janeiro-Porto. 15 anos de pintura | Centro de Congressos de Aveiro. 20 anos de pintura | Museu Teixeira Lopes| V.N.Gaia. 25 anos de pintura | Galeria de S. António- Aveiro. 30 anos de pintura | Galeria Almedina| Coimbra. 35 anos de pintura | Fundação Antº Eugénio de Almeida | Porto. 40 anos de pintura | Galeria da Pedricosa | Aveiro. 45 anos de pintura | Kasario Lunar- Aveiro. Prémios: 1999| Premiado na Feira Internacional em Berlim em Designer. Outros Prémios: Vários. Menções honrosas: Várias. Exposições Coletivas: Várias. Entrevistas em direto TV, rádio e imprensa: Várias. Ilustrações em livros: Várias. Viagens de estudo: Várias.



Ficha Técnica Curadoria: Vieira Duque, Conservador e Membro da Comissão Executiva Edição: Fundação Dioníso Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro Design: Joel Almeida Fotografia: Joel Almeida Textos: Vieira Duque Lopes de Sousa Apoio: Ana Maria Pereira Raminhos (Estagiária do Curso Técnico

de Organização de Eventos da Escola Profissional de Aveiro) Ana Pinho (Estagiária do Curso Design Gráfico da Escola Secundária Marques de Castilho)

Catarina Martins

Nota: Alguns textos não seguem as regras do acordo ortográfico de 1990 por vontade dos autores

Praça Dr. António Breda, nº4 3750-106 Águeda Telefones: (+351) 234 623 720 | (+351) 234 105 190 (+351) 913 333 000 www.fundacaodionisiopinheiro.pt info@fundacaodionisiopinheiro.pt conservador.museu@fundacaodionisiopinheiro.pt https://www.facebook.com/fundacaodionisiopinheiro/





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