Forum Estudante 314 - Abril 2019

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9 | Forum Estudante | abr’19

/Saberes

Político mas apartidário Foi cerca de um mês antes da greve que João Pacheco conheceu o movimento. “Vi uma story, no Instagram de uma amiga, informei-me e vi que estava de acordo com as ideias”, recorda. A partir daí, enviou um insta direct, dando conta do seu interesse em apoiar a organização. Como resultado, integrou um grupo do Whatsapp com estudantes que coordenaram a greve em Lisboa. Foram realizadas reuniões para pensar a comunicação e outros pormenores relativos a este momento. Quando João entrou, o grupo tinha 30 pessoas. Hoje, tem 120. Deste conjunto de estudantes locais, há dois representantes num grupo nacional. De megafone em punho, entre palavras de ordem, o estudante define as linhas do movimento: “Este é um movimento político e apartidário e vai ser sempre”. Nos cartazes, são visíveis críticas a António Costa ou a Marcelo Rebelo de Sousa. Contudo, ressalva João Pacheco, a lógica não é a de “um ataque ao sistema”, pretendendo “encontrar o consenso, de forma a garantir a sustentabilidade da Terra”: “A principal prioridade do Governo é a economia. Nós queremos que seja o planeta. Porque sem planeta, não há economia”.

Um primeiro passo (e os seguintes) Nas escadas da Assembleia da República, Aloísio Baldé procura fazer ouvir a sua voz. Depois de lhe ser emprestado um megafone, diz aos que o rodeiam: “temos de lutar por um futuro melhor”. Aloísio veio de Loures, da ES Dr. António Carvalho Figueiredo, por “reconhecer que é necessário mudar”. “Este é o primeiro passo para chegar aos jovens e a toda a sociedade”, realça o estudante de 17 anos. Na mesma área, duas estudantes do 8º ano empunham um cartaz. Matilde, de 14 anos, diz que, para a decisão de se juntar ao protesto,

“bastou ouvir o discurso da Greta Thunberg”. A seu lado, Francisca diz que este momento “pode fazer as pessoas abrir os olhos”. A mesma opinião é destacada por Daniela Ferreira, estudante do Ensino Superior: “Os adultos vão poder perceber que, se os seus filhos e netos estão preocupados com o clima, eles deverão preocupar-se também”. Foi ao início da tarde que os estudantes começaram a desmobilizar. Vários membros da organização abraçam-se com alegria. “Ganhámos uma batalha mas a luta não está ganha”, salienta Matilde Alvim, antes de concluir: “Foi, sem dúvida um primeiro passo importantíssimo. A partir de agora, vamos organizar-nos, para saber como dar continuidade a este movimento”.

As origens da Greve Estudantil pelo Clima Tudo começa a agosto de 2018, quando a jovem estudante sueca Greta Thunberg, então com 15 anos, decidiu faltar a um dia de aulas para se manifestar à porta do Parlamento Sueco. Durante as semanas seguintes, Greta voltaria a repetir o protesto. Na mão, levava um cartaz onde se lia “Greve Escolar pelo Clima”. Alguns meses depois, uma intervenção no Fórum Económico Mundial, em Davos, aumentaria a projeção mediática da sua mensagem. “Não quero que tenham esperança. Quero que entrem em pânico”, destacou a ativista, sublinhando a necessidade de ação imediata para diminuir a emissão de greenhouse gases (gases de efeito de estufa).


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