#318 Revista Forum Estudante - Setembro + Outubro 2019

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/Fama

datados. Tenho mais tendência para ver as coisas que se fazem agora, lá fora e cá.

Hoje, há glamour em torno dos humoristas? Há cada vez mais humoristas e mais palcos. Há mais pessoas interessadas em humor. É um fenómeno recente, em explosão. Nós, humoristas, só dependemos de nós para termos público e fazermos as coisas bem. Antes, o humorista era muito associado ao velho que está no bar, gordo, sujo, com bêbados a rirem-se à volta. Desde que comecei, que penso que o humorista é também um artista e pode ser uma estrela. Não precisa de ser o bêbado num comedy club com pouca luz.

O que é que te inspira? Sou muito de coisas que me acontecem. O que tem graça é a forma como conto essas histórias. Não gosto muito

Foto ©MGL

Desde que comecei que penso que o humorista é também um artista e pode ser uma estrela.

de fazer piadas com temas da atualidade. Gosto de pensar nas possibilidades e nos exageros das coisas que vejo. Apetece-me mais criar o meu tema do que falar no tema do momento.

Quanto tempo do teu dia dedicas à produção de humor? Tenho picos de atividade. Estou sempre a trabalhar e nunca estou a trabalhar. Mesmo numa festa com amigos, nunca aproveito a 100% o momento porque estou sempre a ver-me de fora e a pensar: “ya, quando um gajo está com os amigos, acontece isto e aquilo”. Estou sempre a tirar notas para telemóvel, sempre atento e alerta, mas isso também me dá prazer. Citando Sam

Kid: “Ter a profissão não é uma missão, é uma consequência”.

Licenciaste-te em Gestão. É o teu plano B para o futuro? Já não. Mas ajudou-me a ter um cérebro melhor, o que é útil em termos de organização. Por exemplo, tenho todas as atuações que já fiz num documento, com datas, local, cachet, etc. Isso prova que levo isto a sério. Alguns dos problemas dos humoristas da atualidade é quererem ser levados a sério, mas eles próprios não levarem a sério o seu trabalho.

Como se distingue um bom humorista de um mau? Tenho sempre esperança que as pessoas consigam distinguir o que é básico ou mau, que até pode ser visto como um guilty pleasure, daquilo que é original. Mas há várias dicas: se não cai em clichés, se é diferente e genuíno. Não devemos fazer “coisas que resultam”. Isso não existe: resulta se fizermos bem. Cada um deve ver qual é o seu forte: tenho lata para falar? Sou melhor em piadas escritas ou em acting? Também é importante darmos a conhecer o nosso projeto e, nesse sentido, o audiovisual é o melhor porque chega a mais pessoas. É encontrar o que se gosta, ser genuíno e acreditar nisso. Há que trabalhar e não se ser preguiçoso. A obsessão é um dos segredos e é uma das minhas características de que gosto mais.


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