Newsletter ORSIES #1

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O R S I E S EM REVISTA

Gonçalo Gil Forum Estudante/ ORSIES

EDITORIAL

#1 · Junho · 2023

A newsletter que hoje lançamos, ORSIES em revista, tem como objetivo ser um meio de divulgação das atividades do Observatório, cujo trabalho desenvolvido desde 2017 tem aumentado de importância e de volume, fruto da evolução das IES no capítulo da Responsabilidade Social.

O caminho percorrido até agora fez-nos perceber que, para lá da curva, há muito mais caminho para percorrer, o que, em vez de nos desanimar, nos dá alento para enfrentar novos desafios e desbravar o terreno, sempre que necessário.

Neste sentido, torna-se fundamental dar nota e tornar visível a toda a Academia, a todo o universo do Ensino Superior em Portugal, todo o trabalho que o ORSIES desenvolve, para que o mesmo possa servir de exemplo, inspiração ou referência a todas as outras IES.

Mas não só. Como sabemos, muitas vezes as organizações pecam na comunicação interna, perdendo-se, por força disso, o valor imediato de um projeto, de uma atividade, de um avanço ou de uma conquista. É também para que isso não aconteça com o trabalho do ORSIES que esta newsletter é hoje lançada.

Ao longo de cada edição, teremos sempre o contributo das convidadas e dos convidados que participaram nos eventos, webinares ou conferências ORSIES, através do desafio de redigirem um texto sobre a sua participação ou o tema que desenvolveram. Neste primeiro número, contamos com a contribuição de Helena Gonçalves da Universidade Católica Portuguesa, Artur Patrício da NOVA FCSH, Sara Moreno Pires da Universidade de Aveiro, Afonso Borga da Auchan Portugal e Carmo Themudo da Universidade Católica Portuguesa.

O ORSIES em revista terá, tendencialmente, 3 edições por ano e, para além das Instituições membros do ORSIES, será distribuído aos Reitores e Presidentes de todas as IES nacionais, a outros membros da comunidade académica, docentes e não docentes, por nós identificados como tendo atuação na área da Responsabilidade Social na sua Instituição, bem como a outras personalidades da sociedade civil que tenham igualmente intervenção e atuação nesta área.

Bem hajam!

Membros do ORSIES

Parceiros do ORSIES

IV ENCONTRO NACIONAL SOBRE RESPONSABILIDADE SOCIAL E ENSINO SUPERIOR

No dia 24 de fevereiro de 2023, no Auditório da Biblioteca Orlando Ribeiro, em Lisboa, teve lugar o IV Encontro Nacional sobre Responsabilidade Social organizado pelo Observatório de Responsabilidade Social (ORSIES).

Rui Marques e Gonçalo Gil, em nome da Forum Estudante, na sessão de abertura, deram as boas vindas a todos os participantes e agradeceram aos membros do ORSIES todo o empenho no trabalho desenvolvido em conjunto ao longo de 5 anos.

Iniciando os painéis temáticos, Cristina Carita (coordenadora do ORSIES) apresentou os resultados do segundo Relatório Global dos Indicadores de Responsabilidade Social. Comparativamente com o primeiro autodiagnóstico, houve evoluções positivas relativamente às médias de avaliação dos 34 indicadores, em particular um aumento no número de instituições de ensino superior que participaram nesta segunda autoavaliação.

Patrícia Câmara, da Escola Superior de Enfermagem São José de Cluny, e Andreia Mendes, da Universidade do Porto, partilharam o seu processo de autodiagnóstico, o método de trabalho desenvolvido, as principais dificuldades, mas também os benefícios de ter sido definido um ponto de partida, identificadas prioridades e áreas de melhoria no que diz respeito à responsabilidade social.

De seguida, Rita Paiva e Pona, da Universidade Católica Portuguesa, partilhou as atividades desenvolvidos pelo grupo de trabalho Aprendizagem-Serviço (ApS), sob a coordenação de Ana Oliveira e Carmo Themudo. Em especial os mais de 40 membros do grupo de trabalho e as formações/reflexões levadas a cabo. Mas também o projeto de institucionalização da ApS que a Universidade Católica Portuguesa está a desenvolver.

Isabel Ribeiro, da Escola Superior de Enfermagem do Porto, e Georgette Lima, do Instituto Politécnico de Santarém, partilharam a sua experiência com a Aprendizagem-Serviço e a importância que o grupo

de trabalho teve na aquisição de conhecimentos e na partilha de aprendizagens.

O terceiro painel dedicou-se à apresentação do projeto sobre Práticas Inspiradoras de Responsabilidade Social (PIRS). Contou com a apresentação de Filipe Rocha, da Universidade de Coimbra, Paula Morais, da Universidade Portucalense, e Cristina Carita, do ORSIES. Este trabalho foi desenvolvido ao longo de 2022, por um Comité Coordenador, de que também fazem parte Ana Sofia Rodrigues, do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, e Gonçalo Gil, da Forum Estudante. Foram validadas 23 PIRS, consideradas Inspiradoras pelo seu carácter de Gestão e Transferência de Conhecimento, de Resultados e Impacto, de Replicabilidade e de Sustentabilidade.

Isabel Mourato, do Instituto Politécnico de Portalegre (IPP), partilhou a prática inspiradora da sua instituição e como foi o seu processo de seleção, para além do trabalho desenvolvido ao longo do tempo no que diz respeito à responsabilidade social.

Por fim, Gonçalo Gil e Janina Morgantini apresentaram o projeto Transforma Portugal, as várias plataformas desenvolvidas pelas instituições de ensino superior e os microprojetos financiados no segundo ciclo de financiamento direcionado a estudantes refugiados e em situação de vulnerabilidade.

Paula Guimarães (a nova coordenadora do ORSIES a partir de março), no final de cada painel, apresentou o plano de atividades a desenvolver durante o biénio 2023/24.

Na sessão de encerramento, Gonçalo Gil agradeceu a presença de todos e referiu que o Relatório Global dos Indicadores de Responsabilidade Social e as Práticas Inspiradoras de Responsabilidade Social estariam no site para consulta e para download das publicações.

ÉTICA NO LOCAL DE TRABALHO

Ética no local de trabalho foi o nome da reflexão efetuada na reunião de 25 de janeiro do ORSIES que é também o nome do estudo “Ethics at Work”1, que se apresenta nesta breve nota.

Nessa reunião começamos por clarificar conceitos chave, como as diferenças entre ética e compliance — áreas que se complementam e se reforçam mutualmente — ou o fudge factor — a margem moral ou de indulgência, um racional que suaviza e enquadra as nossas ações de um modo benevolente. Reforçamos os resultados deste estudo com reflexão adicional sobre retaliação, que continua a ser uma (enorme) preocupação global. Terminamos a reunião dando conta do estudo anual do Fórum de Ética da Católica Porto Business School, em 2022 dedicado ao trabalho híbrido, que contou com o inquérito “Ética e Trabalho Hibrido: no Rescaldo da Pandemia” e com a versão digital do livro Coletivo “Ética e Trabalho Hibrido: Proximidades e Distâncias”, cuja versão impressa será apresentada no próximo dia 16 de maio, a par com o documentário “O Melhor de Dois Mundos”.

Em 2021, os trabalhadores portugueses consideraram as suas empresas mais honestas (2 pontos percentuais) do que a média dos trabalhadores dos 13 países analisados, mas sentiram-se mais pressionados a comprometer a ética (10 p.p.) e observaram mais más condutas (2 p.p.), embora as tivessem reportado menos (-8 p.p.).

Um em cada cinco (21%) já se sentiu pressionado a comprometer os atuais princípios e normas de atua-

ção ética da organização, o valor mais elevado entre os países analisados. As principais pressões sentidas para atuar de forma não ética foram o “tempo” e “cumprir as ordens” (39%), seguidos pelo “cumprimento de objetivos ou prazos irrealistas” e pela “pressão por parte de colegas para trabalhar em equipa” (27%).

Os portugueses estão entre os que mais afirmam ter tido conhecimento de condutas que violaram a lei ou as normas éticas da organização (20%): abuso de autoridade (40%); declaração incorreta do número de horas trabalhadas (31%); bullying / assédio (29%); práticas de contratação inadequadas por favorecimento de familiares ou amigos (29%); utilização indevida de dados, quebra de confidencialidade ou violações de privacidade (21%); e discriminação por etnia, género ou idade (21%).

Continuamos com muita dificuldade em reportar más práticas: em 2018, apenas 51% dos que tinham observado más práticas éticas no local de trabalho tinham sido capazes de as reportar; em 2021 ficámos pelos 46%, um dos mais baixos dos países estudados. O peso histórico da palavra denúncia poderá ser uma das razões, mas a principal razão foi a perceção de que não há consequências, de que nada acontece por alguém ter assumido o risco de reportar. Aliás, é em Portugal que menos trabalhadores referem que a organização “pune os colaboradores que violem os princípios e normas de atuação ética da organização” (56% vs 63% a nível global) e que as pessoas são por isso responsabilizadas (60% vs. 68%).

Acresce que após reporte, menos de metade (46%) afirma estar satisfeito com os resultados dessa denúncia, o pior dos 13 países, muito abaixo da média global (62%) e a larga distância do EUA (75%), os mais satisfeitos com as consequências retiradas pela organização.

1 Ethics at Work: 2021 Survey of Employees, estudo desenvolvido pelo Institute of Business Ethics (IBE) e aplicado em 13 países – Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha, Suíça, Reino Unido, Irlanda, EUA, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul. Neste estudo trienal, pela segunda vez, os resultados nacionais contaram com o apoio do Fórum de Ética da Católica Porto Business School - Ethics at Work Survey 2021 | Portugal

Que tipo de pressões comprometem a ética?

Comparando os resultados globais, em organizações com e sem programas de ética verifica-se uma grande diferença da taxa de reporte, 72% vs. 36%, e ainda maior a da satisfação com o reporte, 80% vs. 26%.

Acreditamos por isso que é crucial implementar, entre outros:

 Mecanismos de speakup: reforçar e divulgar canais de aconselhamento e canais de denúncias de acordo com a Lei 93/2021 que, transpondo a diretiva europeia, pretende normalizar os canais de denúncia em organizações públicas e privadas, com 50 ou mais trabalhadores.

 Provar que acontece alguma coisa: elaborar (interna e externamente) relatórios sobre o desempenho do canal de denúncias e do sistema de gestão da ética da organização, a par de mecanismos de responsabilização e punição.

 Compromisso com a não-retaliação: criar e/ou divulgar a (política de) não retaliação, a par com espaços de reflexão, sensibilização e formação regulares.

Portugal tem a pontuação mais baixa (76,6), no Ethics at Work Index, que integra 4 indicadores: capacidade da alta direção levar a ética a sério; exemplaridade das chefias intermédias sobre comportamentos éticos; atuação responsável da organização (com clientes, fornecedores e parceiros); responsabilização das pessoas quando quebram princípios e normas de atuação ética.

Este estudo pode e deve ser aplicado em qualquer organização, designadamente em instituições de ensino superior, enquanto exemplos de organizações responsáveis, para avaliar a perceção de evolução da cultura ética e para se comparar a nível (inter)nacional. São muitos os resultados sobre os quais vale a pena refletir para se tomar as medidas adequadas:  que más práticas são observadas, que pressões sentem os trabalhadores, como avaliam as suas hierarquias relativamente à ética, que diferenças de perceção existem em função da idade ou do género.

Acreditamos que este é um tempo de oportunida-

des: se as organizações, aproveitando a obrigatoriedade de implementação de canais de denúncia, complementarem o compliance com um Programam de Ética, com formação, sensibilização e espaços regulares de reflexão sobre ética, talvez Portugal possa deixar de ser, em 2024, o pior país do Ethics at Work Index.

PARA SABER MAIS… Pode descarregar a apresentação aqui.

Áreas do estudo
Honestidade
Más condutas
Pressões
Em síntese
Ethics at Work Index

A SUSTENTABILIDADE NA NOVA FCSH

O Dia da Sustentabilidade da NOVA FCSH, comemorado este ano pela primeira vez a 21 de março, constituiu uma oportunidade para desenvolver uma consciencialização relativamente a questões sociais, energéticas, económicas, culturais e ambientais sustentáveis para a construção de uma sociedade mais comprometida com a preservação do planeta. Foi pensado de e para toda a comunidade, em dois eixos principais - o Auditório e o Jardim. A presença de diversas entidades convidadas permitiu, com atividades e diálogos dinâmicos, abordar diversos pontos de ação de intervenção sustentável em torno de temas relevantes, alinhados com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS).

No Auditório, foram dinamizadas mesas-redondas sobre temáticas atuais - Sustentabilidade, Globalização e Humanidade; Ensino e Investigação; Sustentabilidade: Intervenção Humana. Temas que permitiram debater os desafios permanentes que envolvem a complexidade de conceitos e de práticas essenciais na preservação do meio ambiente e na utilização consciente dos recursos naturais, tendo-se destacado os 5’Ps - Pessoas, Planeta, Prosperidade, Paz e Parceria e a política dos 3r’s - Reduzir, Reutilizar e Reciclar.

No Jardim, foi desenvolvida uma programação de atividades que envolveram os participantes de forma mais interativa. Iniciativas que passaram por uma “Feira de trocas” de artigos por bens alimentares que foram doados ao Banco Alimentar contra

a Fome, aula de Yoga, Workshop de Compostagem, plantação de uma árvore e pela Inauguração do Mural Arte Urbana da artista Joana Pitanga referenciando o ODS 13.

O envolvimento da comunidade educativa foi fundamental para o sucesso desta iniciativa. Nos estabelecimentos de ensino podemos cultivar a importância da sustentabilidade nas suas diversas variáveis. Foi nesse sentido que o dia foi desenhado, com atividades que visam a redução do consumo de energia e de recursos naturais, que promovem a reciclagem e a reutilização de materiais, de práticas de conservação do meio ambiente e de hábitos de transporte sustentáveis, que buscam a equidade social, como a promoção da igualdade de género, o combate à pobreza e a exclusão social, que fortalecem a saúde física e mental, como o desporto e a meditação.

Pretendeu-se consciencializar a comunidade em geral, da necessidade de se adotarem práticas sustentáveis no dia-a-dia, através da criação de parcerias com entidades que apostam na sustentabilidade e que podem contribuir com recursos e conhecimentos adicionais para a construção de uma cultura sustentável, na qual a NOVA FCSH deseja ser um exemplo.

A ideia de termos um dia dedicado à sustentabilidade surgiu devido às diferentes linhas de ação em que a NOVA FCSH está empenhada, numa continuidade do projeto mãe EcoCampus, que permitisse o envolvimento da comunidade educativa com o meio ambiente e as gerações futuras, tendo em conta a promoção da consciência sustentável. Matérias que levarão à realização de novas iniciativas em parceria com as entidades que estiveram presentes, até porque o conceito necessita veementemente da consolidação da idealização de Aldeia Global de Marshall Mcluhan, em que a aproximação dos diferentes povos é crucial para a Sustentabilidade global.

PARA

Pode descarregar a apresentação aqui.

SABER MAIS…

CALCULADORA DA PEGADA ECOLÓGICA

DAS UNIVERSIDADES: FERRAMENTA DIGITAL

INOVADORA PARA AVALIAÇÃO DA

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DAS IES

Quatro Universidades Europeias e uma Organização Não Governamental Internacional desenvolveram o projeto Erasmus+ EUSTEPs (Enhancing Universities’ Sustainability Teaching and Practices), que ao longo de três anos (2019-2022) preparou novas abordagens pedagógicas para o ensino da sustentabilidade em toda a comunidade académica (estudantes, docentes e pessoal técnico, administrativo e de gestão) e criou uma ferramenta inovadora de avaliação de sustentabilidade ambiental das Instituições de Ensino Superior (IES). O EUSTEPs foi liderado pela Universidade Aristóteles de Salónica, na Grécia, e envolveu a Universidade de Aveiro e Universidade Aberta de Portugal, a Universidade de Siena de Itália, e a Global Footprint Network, a casa da metodologia e aplicações da Pegada Ecológica. Todos os resultados do projeto estão disponibilizados em acesso aberto em quatro idiomas (Inglês, Português, Italiano e Grego) e podem ser acedidos na sua página oficial (www. eusteps.eu). O projeto foi reconhecido como inspirador pela UN Sustainable Development Solutions Network e incluído 2021 no Guia Accelerating Education for the SDGs in Universities.

ferramenta permite identificar principais áreas críticas de intervenção, auxiliando assim os responsáveis pelos processos de tomada de decisão na formulação de estratégias para a transformação sustentável das Instituições.

Reconhecendo que as IES são instituições impulsionadoras da criação e disseminação de conhecimento sobre sustentabilidade na sociedade, e que assumem um papel essencial na transformação de comportamentos e no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, a par com o ensino e a investigação em torno destes tópicos, torna-se crucial que se comprometam a implementar práticas mais sustentáveis, e assim a equipar-se com ferramentas que sejam capazes de medir o impacto que têm no ambiente, na economia e na sociedade. Este foi o mote para a criação da Calculadora da Pegada Ecológica das Universidades. Até janeiro de 2023, a Calculadora já foi testada em mais de 100 IES de 22 países e algumas têm incluído os resultados em Relatórios de Sustentabilidade.

A par do desenvolvimento da Calculadora, o projeto produziu um Manual do Utilizador e um Guia com recomendações de redução da Pegada Ecológica para as IES nas diversas áreas da Calculadora. A utilização desta ferramenta tem o poder de alterar o paradigma dentro das Instituições e servir como ponto de partida para que estas se alinhem com os princípios da sustentabilidade e com os ODS.

Um dos resultados que mais tem recebido a atenção internacional é a Calculadora da Pegada Ecológica das Universidades. Esta ferramenta digital aberta permite às IES avaliar o consumo de recursos naturais e serviços dos ecossistemas que advém das suas atividades e operações nas áreas do ensino, investigação e cooperação com a sociedade. Baseada na abordagem metodológica padronizada da Pegada Ecológica, especificamente adaptada para ser aplicável às Instituições de Ensino Superior, a Calculadora da Pegada Ecológica das Universidades é um instrumento interativo e didático para a consciencialização e compreensão do impacto ambiental das IES. Para além da visão geral deste impacto, a

A Calculadora da Pegada Ecológica das Universidades: uma nova ferramenta de avaliação de sustentabilidade para Instituições de Ensino Superior

PARA SABER MAIS… Pode descarregar a apresentação aqui.

O VOLUNTARIADO UNIVERSITÁRIO NA PRIMEIRA PESSOA

O Voluntariado esteve presente no meu percurso académico desde muito cedo, logo no Ensino Secundário e depois, de forma mais regular e formal no Ensino Superior, a partir do meu primeiro ano de licenciatura em Serviço Social. Costumo referir inclusive que parte da minha licenciatura foi feita através das múltiplas experiências de voluntariado que fui desenvolvendo, primeiro no CASA, no apoio a pessoas em situação de sem-abrigo; no GASNova, uma ONGD com projetos de voluntariado e desenvolvimento comunitário em Portugal e nos PALOP; depois na Cáritas, no apoio social a famílias; e, por fim, na Gap Year Portugal, que apoia estudantes e jovens portugueses a realizarem o seu gap year

meu desenvolvimento enquanto estudante e cidadão, nomeadamente:

1. “Humanização” da experiência académica. O voluntariado permitiu o contacto com realidades diferentes, fora da minha “zona de conforto”, levando a que pudesse ter uma experiência de contacto social mais aprofundada, para além de um contacto mais direto com as comunidades envolventes do espaço físico da Universidade;

2. Desenvolvimento de competências. Através do voluntariado identifico um conjunto de competências que pude desenvolver, também designadas por “soft skills”, nomeadamente competências relacionadas com a liderança, inteligência emocional ou empatia.

3. Preparação para mercado de trabalho. As várias experiências de Voluntariado que fui tendo contribuíram de forma muito direta para uma maior preparação para o mercado de trabalho, não só pelo desenvolvimento de competências referidas acima, e em particular das competências relacionadas com trabalho de equipa e gestão de equipas, mas também por permitirem uma maior consciencialização da realidade social que me envolve e uma maior aquisição de valores relacionados com a responsabilidade social e cívica de cada um.

Também em contexto Universitário, desenvolvi uma importante experiência através do Associativismo, nomeadamente no Núcleo de Estudantes de Serviço Social, do qual fui Presidente. Importa realçar a experiência associativa, uma vez que a base do voluntariado jovem se inicia na generalidade dos casos pelo associativismo.

De forma geral, identifico três principais contributos que o voluntariado em contexto universitário teve no

Ainda que o voluntariado possa partir, na maioria dos casos, do interesse e vontade individual de cada um, as instituições de ensino têm uma responsabilidade acrescida de promoção do voluntariado, ao contribuírem ativamente para a formação dos seus alunos, não bastando conceder as competências científicas e técnicas específicas de cada área, mas sim a formação de cada aluno enquanto cidadão consciente, participativo e socialmente responsável.

O Voluntariado na primeira pessoa

SABER

Pode descarregar a apresentação aqui.

PARA
MAIS…
AFONSO BORGA
GASNova
Grupo de Ação Social Universidade NOVA
(Vendas Novas e São Tomé e Príncipe)
CASA
Centro de Apoio ao Sem Abrigo (Lisboa)
NSS Núcleo Serviço Social
ERCI (Lesbos - Grécia)

CASO – UM PROGRAMA DE VOLUNTARIADO NO ENSINO SUPERIOR

A CASO – CAtólica SOlidária - é o núcleo de voluntariado da Universidade Católica Portuguesa no Porto (UCP – Porto), que gere e acompanha um programa de voluntariado há 20 anos.

Os seus voluntários são maioritariamente estudantes, mas também podem ser colaboradores docentes e não-docentes e antigos alunos. Está, desde 2008, inserido na Unidade para o Desenvolvimento Integral da pessoa (UDIP) e promove o voluntariado na comunidade académica como “marca educativa que transforma para a vida”, fortalecendo as ligações entre a Universidade e a sociedade envolvente. A CASO nasceu em 2002 com quatro instituições parceiras de voluntariado, nas quais participaram 15 estudantes da Universidade a fazer voluntariado regular (1,5h por semana) durante um ano. Hoje, são 7 áreas de voluntariado, mais de 35 instituições parceiras e mais de 150 estudantes que anualmente participam em atividades regulares de voluntariado. Apresenta um programa de gestão de voluntários, dinâmico, exigente e formativo

que cresceu com dificuldades e fez um percurso de aprendizagem permanente. Ao longo destes 20 anos registaram-se mais de 67 000 horas de voluntariado, realizadas por mais de 1.500 estudantes.

A CASO desenvolve iniciativas de voluntariado regular, pontual e internacional. O voluntariado regular assume um caracter formativo, onde há um compromisso anual por parte do voluntário de fazer pelo menos 1,5h semanal de voluntariado. Neste tipo de voluntariado existem 7 Áreas SER+: Ambiente; Abrigo; Especial; Exemplo; Profissional; Sabedoria; Vida. Este ano foi criada a área SER + Cultura. Esta nomenclatura (áreas SER +) surge por se acreditar que o processo de voluntariado poderá contribuir para o desenvolvimento integral da pessoa, através de uma dinâmica de partilha de saberes recíproca. Voluntários e destinatários poderão potenciar entre si aprendizagens para “ser+”. Há ainda um acompanhamento regular do voluntariado por parte da coordenação da CASO e/ou de um aluno voluntário, responsável de área. Neste tipo de voluntariado há emissão de um certificado “CASO +”, com o nº de horas cumpridas, área de voluntariado e tipo de atividade desenvolvida.

O voluntariado pontual, está normalmente ligado a iniciativas pontuais, de curta duração, tais como campanhas de recolha, peditórios, atividades de limpeza, bancas de divulgação…. No final de cada atividade é emitido um certificado de participação.

O voluntariado internacional é promovido através de dois programas, o GAS África e o FLY, que proporcionam aos alunos oportunidades de voluntariado internacional nos meses de verão, depois de um período de formação ao longo do ano letivo.

O GAS’África – Grupo de Acção Social em África e Portugal – nasceu em 1989. É uma iniciativa de base católica. É constituído por jovens dos 18 aos 35 anos, que disponibilizam dois meses de verão

Cuidado de Pessoas e Comunidade, num total de 40 possibilidades.

As parcerias estabelecidas com instituições da comunidade são uma peça-chave para o sucesso de todo o programa da CASO. Os laços que se criam entre Universidade e Parceiros resultam na confiança e segurança no trabalho de ambas as partes. É importante na escolha dos parceiros ter em conta vários fatores tais como o alinhamento com

para partir em missão para Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, depois de um ano de formação quinzenal. As missões consistem na promoção do desenvolvimento integral das comunidades locais, através de ações de formação e outras atividades que respondam às necessidades identificadas pelas comunidades. Desde o seu nascimento foi já possível levar a cabo missões em Portugal, Angola, Moçambique, Cabo-Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe.

O FLY é um programa coordenado pelas Universidades Jesuítas de Espanha: Comillas (Madrid), Deusto (Bilbao) e ESADE (Barcelona) ao qual se juntaram as Universidades Loyola (Andaluzia), LUMSA (Roma, Itália), Mateja Bela (Banská Bystrica, Eslováquia) e a Católica (Portugal). O Campus Porto coordena o FLY na UCP. Cada universidade envolvida apresenta projetos de voluntariado e/ou de aprendizagem-serviço no país de origem, com a possibilidade de receber estudantes de outras universidades parceiras. Ao mesmo tempo tem a possibilidade de enviar alunos para projetos das outras universidades parceiras. Os projetos estão divididos em 3 grandes grupos de trabalho: Pessoas Migrantes, Pessoas em Risco de Exclusão e

a missão da Universidade, a proximidade geográfica, a pertinência das propostas de voluntariado, a compatibilidade dos horários com os estudantes, entre outros. O contacto com as instituições é realizado no início do ano, de preferência de forma presencial, e ao longo do ano através de email/ telefone/presencialmente se necessário. No final do ano é feito um encontro presencial de celebração e balanço.

É ainda de salientar, pelos testemunhos recolhidos ao logo dos anos, o desenvolvimento de competências que a CASO proporciona aos voluntários tais como: Gestão do tempo, Capacidade de organização, Adequação de expetativas, Resistência à frustração, Capacidade de comunicação, Trabalho em equipa, Resolução de problemas, Gestão de conflitos, Criatividade e Crescimento Pessoal.

Uma das maiores riquezas do trabalho com voluntários no ensino superior é testemunhar o seu crescimento e transformação enquanto pessoas. Inicialmente é a Universidade a agradecer a disponibilidade, no final são os estudantes que agradecem a oportunidade de aprendizagem que lhes foi proporcionada!

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