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LESÕES NO KITE!
Entorses
As entorses são muito frequentes na prática de atividade física, de praticamente qualquer modalidade esportiva. Elas se caracterizam por perda brusca do alinhamento entre dois ossos de uma articulação e por adotar um desvio angular entre eles, o que faz com que as estruturas ligamentares estabilizadoras sejam estiradas ou rompidas. Portanto, a entorse, de qualquer articulação do corpo, tem o potencial de se apresentar como uma lesão grave. Sem dúvida, as entorses dos joelhos são os mais temidas, uma vez que os ligamentos intrínsecos (internos) quando rompidos, tendem a ter prognóstico ruim (muitas vezes até necessitando de abordagem cirúrgica no seu tratamento). E no caso do kitesurf, isso pode ser potencializado com o fato de algumas modalidades do esporte exigirem o uso de alças nos pés, fixando-os na prancha e fazendo com que o membro inferior todo gire em torno de seu próprio eixo e sobrecarregue assim, a articulação dos joelhos.
Não menos temidas, mas também muito frequentes, temos as entorses dos tornozelos. Esta articulação é responsável pelo primeiro contato dos membros inferiores com o solo, em qualquer tipo de pouso, queda e frenagem. Isso torna essa articulação muito vulnerável às lesões. Seu potencial de gravidade também é considerável, isso porque estas lesões estão diretamente associadas às fraturas ósseas adjacentes (fratura dos maléolos, lateral e medial). E quando ocorrem (mesmo sem a presença de fraturas) levam um tempo considerável de reabilitação.
CONTUSÕES (TRAUMAS SIMPLES)
Contusão é o nome que se dá quando sofremos um trauma em um membro, e este não sofre fratura, luxação ou lesão ligamentar considerável. São muito comuns e muitas vezes passam quase despercebidas, se apresentando apenas com desconforto local. Ocorrem constantemente nos dedos das mãos, dos pés, nas coxas ou nos braços. São rotineiras e sem repercussão clínica significativa.
Porém, quando acometem alguns seguimentos especiais, podem ser dolorosas e limitantes, como oque acontece no crânio e nos arcos costais (costelas). Outras contusões em tecidos moles, como a lateral da coxa, também podem trazer bastante desconforto, seguido de edema (inchaço) e hematoma local. Todos os membros do corpo são passiveis de sofrer contusões, uma vez que não estamos utilizando equipamentos de proteção por toda parte do corpo. E geralmente a contusão ocorre contra a prancha, o solo, a água e até mesmo contra outro atleta.
Estiramentos
Os estiramentos são lesões exclusivas dos tecidos moles, cursando com rompimento de fibras musculares, estruturas ligamentares e tendinosas. Isso ocorre em situações dos tipos: movimentos bruscos de flexo-extensão dos membros; frenagens (associado à contração muscular excêntrica) ou hiperextensão articular. Trazem bastante desconforto, limitação do movimento do membro e edema local (inchaço). Muitas vezes, quando a lesão tecidual é de tamanho considerável, um grande hematoma se forma na região machucada. Geralmente é bastante limitante, e a pessoa passa a claudicar (mancar) ou evitar o apoio do membro ao solo. Isso porque elas ocorrem com muito mais frequência nos membros inferiores.
Fraturas E Luxa Es
As fraturas ósseas são algumas das lesões mais temidas, uma vez que a sensação de quebrar um osso traz bastante dor e ansiedade ao atleta. São extremamente limitantes quando ocorrem, e muitas vezes exigem urgência em seu tratamento. Podem ser pequenas, como as fraturas de falanges dos ossos da mão, porém podem ser graves, como as fraturas expostas da tíbia. Então, o prognóstico desse tipo de lesão é bastante variável. As vezes exigem afastamento do esporte por período considerável, longo tempo de uso de imobilizações e programa de reabilitação (fisioterapia) em seu tratamento. Outras vezes elas são discretas, sem grandes repercussões clínicas. Praticamente todas elas exigem afastamento temporário do esporte, imobilização provisório e uso de analgésicos.
Já as luxações representam a perda da congruência articular, ou seja, quando um osso se desloca de seu sítio de origem e passa a assumir posição ou espaço não usual. Para ficar mais fácil a compreensão, só lembrarmos da luxação do ombro, que é muito comum, e representa o “desencaixe” do braço na região do ombro (perda da congruência articular entre o úmero e a glenoide). Se tratam de lesões extremamente dolorosas e incapacitantes, exigindo conduta apropriada imediata. Enquanto o membro permanece luxado (“fora do lugar”) a pessoa experimenta um quadro doloroso intenso, que só será aliviado quando então “reduzido” (colocado novamente no lugar), seja pelo
Dor Cr Nica
Já as lesões crônicas são aquelas representadas pela prática contínua e frequente do esporte, com ouso repetitivo das grandes e pequenas articulações, como os ombros, cotovelos, punhos, joelhos, tornozelos e o esqueleto axial (coluna lombar e coluna cervical). Acometem principalmente os tecidos moles do corpo, como os músculos, tendões e ligamentos.

Na região da coluna lombar temos as lombalgias (ou lombociatalgias) que são dores muito frequentes devido à posição de semi-flexo dos joelhos (uma espécie de semi-agachamento) adotada pelo atleta em cima da prancha. Assim como temos as cervicalgias (dores na coluna cervical e pescoço) que, por sua vez, é oriunda da persistente posição do pescoço do atleta quando o mesmo insiste em olhar para cima em direção à pipa. Mais comum em atletas iniciantes do que em relação à atletas experientes.
Tendinites E Bursites
Enquanto isso, as tendinites e as bursites crônicas são as queixas mais frequentes entre os praticantes. É muito comum na prática clínica o médico ouvir queixas do tipo “tendinites” no cotovelo (epicondilites), “tendinites” nos ombros (síndrome do impacto), “tendinites” nos joelhos (tendinopatia do tendão patelar), “tendinites” do calcanhar (tendinopatia do tendão de Aquiles), “tendinites” nos punhos (tenossinovite de Quervain), dentre outras patologias articulares, tendíneas e ligamentares. Um tipo de tendinite se destaca dentre as outras, que são as epicondilites dos cotovelos. Isso porque, a posição em “pegada pronada” (pegada com a palma da mão voltada para baixo) adotada pelo atleta na barra de comando da pipa, exige muito das estruturas ligamentares locais.