9 minute read

Mapa 11 - Infraestrutura e equipamentos urbanos do bairro Divino Espírito Santo

O gabarito do bairro é majoritariamente ocupado por edifícios entre 1 e 3 pavimentos, isso ocorre devido a grande quantidade de casas unifamiliares ou multifamiliares de pequeno porte e dos edifícios comerciais baixos. Esse conjunto de mapas demonstra que a área é pouco adensada em relação aos bairros mais litorâneos e centrais do município. Essa morfologia torna-se atrativa a futuras especulações imobiliárias o que aumenta a tensão sobre os critérios de ocupação que possam melhor favorecer a qualidade de vida urbana da região. No mapa 08 as vias dos bairros estão identificadas na cor preta e os lotes na cor branca com o objetivo de melhor ilustrar a tipologia da malha viária para análise do desenho. A partir deste mapa, é possível perceber a predominância de um traçado irregular que tende para uma malha ortogonal. A análise da Figura-fundo da malha viária indica uma grande quantidade de vielas e ruas sem saída e estreitas e outras, com continuidade interrompida. Tais características sugerem uma evolução a partir de uma ocupação informal com a ocorrência de irregularidades verificadas até hoje por meio dos aglomerados subnormais ilustrados no plano de regularização fundiária do município de Vila Velha (VILA VELHA, 2019), verificadas na figura 34.

Mapa 8 - Figura fundo da malha viária do bairro Divino Espírito Santo. Fonte: Elaborado pela autora baseado em dados da GEOWEB e pela PMVV, 2021. Como pode ser observado na Figura 34, a rua Manoel Freitas Dias, assim como muitas outras dentro do perímetro do bairro, sofrem com a descontinuidade, tornando-se ruas estreitas e sem saída, e no caso dessa rua em específico, essa formação viária ocorreu com resíduo, em decorrência da implantação do Shopping Vila Velha. O referido padrão de ocupação se confirma ao comparar o mapa 08 (Figura-fundo da malha viária) ao mapa 09, da classificação viária do bairro Divino Espírito Santo. É possível constatar, a partir da observação desses mapas, uma malha viária cuja hierarquia favorece a movimentação na região, confirmada pela concentração de usos comerciais e institucionais ao longo desses eixos viários, com a presença de vias arteriais (roxo e vermelho) e vias coletoras (amarelo). A região mais central do bairro é caracterizada pela predominância de vias de caráter local (rosa). O perfil viário das ruas não possui padrão regular, e apresentam uma infraestrutura pouco satisfatória, como pode ser visto nas figuras abaixo.

Advertisement

Figura 35 e 36 – Indicação de área que carece de regularização fundiária; Manoel Freitas Dias. Fonte: Imagem extraída do Google Maps, 2021.

Mapa 9 - Classificação viária do bairro Divino Espírito Santo. Fonte: Elaborado pela autora baseado em dados da GEOWEB e pela PMVV, 2021. 48

Figura 37 - Perfil Viário esquemático: Rua Emília Espírito Santo. Fonte: FERREIRA, 2017.

Figura 38 - Perfil Viário esquemático: Rua Getúlio Freire Nunes. Fonte: FERREIRA, 2017.

Figura 39 - Perfil Viário esquemático: Rua Juscelino Kubitscheck. Fonte: FERREIRA, 2017. Dentro do perímetro do bairro existem diversos eixos de transporte público, na maior parte das vezes localizados em vias de caráter coletor ou arterial, ou próximos aos edifícios de maior porte e atração. Duas operadoras de transporte urbano atendem ao bairro, a Sanremo e o Transcol, e essa última, possui um terminal rodoviário, o Terminal Vila Velha, possibilitando acesso rápido a transporte para outras cidades da RMGV. Apesar da disponibilidade de acesso a diversos pontos distribuídos ao longo da Av. Luciano das Neves, a forma de ocupação do tecido urbano em direção a porção oeste do bairro, compromete a fluidez do pedestre que se vê inibido pelas condições impostas pele desenho urbano local. Trata-se de um trecho sem capilaridade para o pedestre que precisa percorrer distâncias maiores para terem acesso aos serviços disponibilizados ao longo do referido eixo viário.

Mapa 10 - Características da mobilidade urbana do bairro Divino Espírito Santo. Fonte: Elaborado pela autora baseado em dados da GEOWEB e pela PMVV, 2021. Dentro do Divino Espírito Santo são identificados 10 estabelecimentos de ensino. Sendo destes, 2 universidades, 4 escolas de ensino fundamental e médio público, 2 escolas de ensino fundamental e médio privado, 1 centro de educação infantil particular e 1 Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais - APA. Segundo dados levantados pelo Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado (PDUI), toda a extensão do bairro possui cobertura de esgoto, água tratada, iluminação pública e coleta de lixo. Segundo dados da base do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) dentro do bairro não existe nenhuma unidade de saúde pública, apenas o Hospital Vila Velha, que é uma instituição privada. Além disso, dentro do perímetro do bairro não é identificado nenhum tipo de serviço de policiamento, apenas em regiões próximas, como pode ser visto no mapa 11.

Mapa 11 - Infraestrutura e equipamentos urbanos do bairro Divino Espírito Santo. Fonte: Elaborado pela autora baseado em dados da GEOWEB e pela PMVV, 2021. Em relação aos aspetos ambientais do bairro, vale destacar a relevância histórica dos rios, hoje canalizados, que possuíam uma função de subsistência e lazer à população local (SANTOS, 2011). Atualmente eles se encontram em uma situação de abandono e descuido por parte do poder público e dos moradores. Na imagem 38 pode ser visto um trecho do canal Bigossi, na altura da Av. Gonçalves Lêdo, que recebe uma grande quantidade de esgoto. Em decorrência dessa situação, toda a região próxima aos canais Bigossi e da Costa (mapa 12) sofrem com os fortes odores desagradáveis que emanam dos mesmos.

Figura 40 - Canal na Av. Gonçalves Lêdo. Fonte: Imagem extraída do Google Maps, 2021. Segundo Sartório (2018), a recorrente ação antrópica sobre os referidos corpos hídricos provocou alterações nos sistemas associados ao ciclo hidrológico desta bacia. A consequência deste efeito causa um desequilíbrio na dinâmica do ambiente natural preexistente responsáveis pelas ocorrências de alagamentos verificados na região (Figura 39). Segundo dados da Secretaria Nacional de Defesa Civil (SEDEC), entre 2003 e 2015 o bairro sofreu com 7 grandes inundações. Essa situação ocorre devido ao perfil topográfico do bairro, as formas de ocupações promovidas na região e também aos estreitamentos e modificações que os canais da região sofreram ao longo dos anos. No perímetro do bairro, além da ocorrência de alagamentos, a SEDEC não identifica áreas com riscos de desmoronamentos ou outros riscos geológicos.

Mapa 12 - Percepção ambiental do bairro Divino Espírito Santo. Fonte: Elaborado pela autora baseado em dados da GEOWEB e pela PMVV, 2021. O bairro apresenta alguns visuais significativas de seu entorno possibilitados pela escala horizontal predominando da região. Tanto a Pedra dos dois olhos, localizada no município de Vitória, quanto o Convento da Penha, ainda podem ser vistos de diferentes pontos do bairro. Entretanto, a inserção de edifícios com gabaritos acima de 6 pavimentos começa a ameaçar tais visuais que precisam ser mapeadas para serem preservadas através da ampliação do cone visual do PDM, hoje limitado a um eixo de aproximação do Convento da Penha. Esta iniciativa pode contribuir para a preservação de marcos visuais relevantes para a composição da paisagem local. Enquanto isso, alguns equipamentos edificados de grande porte consolidam-se como fragmentos isolados que contribuem pelo afastamento da cidade x natureza, como: o Hospital Vila Velha, o Shopping Vila Velha e o Terminal Vila Velha.

4.4 MAPEAMENTO DAS RUPTURAS No tópico 4.3, são identificadas as rupturas urbanas que fazem parte do bairro Divino Espírito Santo a partir das informações produzidas pela pesquisa “O Direito de se viver com Dignidade nas Cidades. Mapeamento e Qualificação das Rupturas no bairro Soteco, Vila Velha, E.S”, do Grupo de Pesquisa Dignidade Urbana, coordenado pela Professora Ana Paula Rabello Lyra. O mapa 13 tem como foco a identificação dos vazios urbanos enquanto rupturas urbanas, ou seja, quando sua dimensão e característica inibe ou impede a livre fluidez do pedestre. Para esse levantamento foi levado em conta os vazios localizados dentro do perímetro urbano do bairro, que ocupam mais de 50% da face da quadra, pois infere-se que nestes casos a junção com a área adjacente introspectiva constitui uma frente contínua com mais de 150m de extensão linear, ou nas próprias frentes de vazios que apresentam mais de 150m.. Neste caso, foram considerados os lotes sem uso ou desocupados, os lotes sem elementos construídos ou subutilizados e os espaços vazios sem destinação à preservação paisagística e natural ou a atividades de lazer para integração da comunidade. Foram levados em conta os lotes únicos ou contíguos, cuja dimensão de área sem ocupação conectada corresponda aos itens citados anteriormente. Vale destacar que a referência dos 150m de extensão linear foi feita com base nos critérios de dimensão de quadra do índice de caminhabilidade do ITDP (2019) Durante o processo de mapeamento dos vazios urbanos não foi identificado nenhum vazio urbano do tipo edifício abandonado, situação que está relacionada com o caráter de ocupação recente do bairro. Os vazios urbanos encontrados concentram-se próximos à instalação do hospital Vila Velha ao norte e a oeste do Shopping Vila Velha na parte sul, sendo esses dois edifícios caracterizados como rupturas urbanas do tipo enclaves fortificados, por apresentarem ocupações introspetivas com dimensões de lotes que também comprometem a livre fluidez do pedestre, e consequentemente, sua caminhabilidade (Mapa13).

Hospital VV

Shopping Vila Velha

Mapa 14 - Rupturas - elemento natural. Fonte: Elaborado pela autora baseado em dados da GEOWEB e pela PMVV, 2021. O mapa 14 ilustra as rupturas do tipo cidade x natureza, caracterizada por aquelas em que as características do elemento natural impedem a permeabilidade do pedestre (Lyra, 2020). Neste caso, podem ser identificadas duas extensões de corpo hídricos que se caracterizam como rupturas, pois possuem extensões contínuas sem opções de transição transversal entre espaços constituídos por distâncias de 150m. Tais corpos hídricos também apresentam péssima balneabilidade, já que se trata de um curso d'água com concentração de esgoto de despejo e forte odor.