7 minute read

Figura 20 - Brascan Century Plaza

O Central Saint Giles Building está localizado em Camden, um distrito no centro de Londres, no Reino Unido. O projeto, datado de 2010, tem como proposta tornar a quadra que antes dava lugar a um único edifício abandonado, em um complexo de uso misto com escritórios, comércios, restaurantes e residências de interesse social. O projeto possui uma escala compatível com os edifícios do entorno. O térreo ativo possui uso público, mesclando comércios e áreas livres. Os blocos são independentes e cada uma das fachadas são únicas em altura, orientação, cor e relação com a luz natural. No centro da quadra há um grande pátio, que concentra a atividade pública, é neste espaço que a vida social é gerada, reforçando a identidade urbana do conjunto.

Figura 16: Central St. Giles Court. (Foto: Michel Denance, 2015) Figura 17: Planta baixa do térre- St. Giles Court. (Foto: RPBW – Planta, 2015)

Advertisement

Figura 18: Central St. Giles Court. (Imagem: Joost Moolhuijzen, 2015)

BRASCAN CENTURY PLAZA - JORGE KONIGSBERGER E GIANFRANCO VANNUCCHI, São Paulo, Brasil, 2000 (Figuras 19 a 23) O quarto exemplo é o Ed. de uso misto Brascan Century Plaza, que está localizado no bairro Itaim Bibi, em São Paulo. O lote anteriormente abrigava uma fábrica abandonada, e foi incorporado pela Brascan que em parceria com o escritório Konigsberger Vannucchi Arquitetos Associados definiu que ali se tornaria um empreendimento de quadra aberta de uso múltiplo agregando os seguintes usos: hospedagem, escritórios, complexo cultural, lazer e serviços (MOREIRA, 2016). Um dos principais objetivos era suprir a carência de espaços públicos e de centralidade marcante que existia no bairro, adotando assim o empreendimento como privado, mas com espaço público de uso coletivo. O espaço público amplo foi possibilitado pela verticalização do edifício, que se concentrou em 3 torres com 31 andares, liberando área para designação pública (MOREIRA, 2016).

Figura 19: Planta baixa do térreo - Ed. Brascan Century Plaza. (Fonte: http:// vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/04.044/2397 - Acesso: 01/06/2021r)

O térreo é constituído em um grande jardim que ocupa quase toda a área livre do terreno. Nessa área a dinâmica é garantida pelo acesso às lojas, cafés, cinemas e às torres. Desta forma, o projeto se abre para a cidade enquanto promove segurança e vitalidade.

Figura 20 e 21: Brascan Century Plaza. (Foto: Nelson Kon, 2016)

Figura 22 e 23: Brascan Century Plaza. (Foto: Veja SP, 2016)

PRAÇA E EDIFÍCIO SEAGRAM BUILDING, PARK AVENUE, NY - MIES VAN DER ROHE E PHILIP JOHNSON, Nova York, USA, ANO ??? (Figuras 24 a 26) Esse exemplo foi incentivado pela política dos espaços livres públicos de propriedade privada - –“Privately Owned Public Spaces (POPS)” que surgiu a partir de uma revisão na legislação urbana de Nova York em 1961. Os POPS são um sistema de bonificação utilizado em NY para a criação de espaços de propriedade privada de uso coletivo, que contribuem para a formação de um sistema de espaços livres e enobrecem a paisagem urbana local, devido a permeabilidade visual gerada (OLIVEIRA E PISANI, 2017). O Edifício Seagram é um dos primeiros POPS construídos na cidade. O conjunto alinhado de 38 andares foram implantados com recuo de 31 metros da calçada, criando uma praça junto à esquina. Inaugurado em 1958, ele se tornou uma referência para os edifícios erguidos em seu entorno, e ainda hoje é referência projetual como edifício promotor da vitalidade urbana e da política dos POPS (VILAÇA, 2015). A ocupação do edifício com o espaço livre foi elevada em três degraus acima da calçada da Park Avenue com o intuito de criar o simbolismo de um oásis em meio a uma avenida turbulenta. A proposta do térreo ocupado por uma galeria de arte e as calçadas largas favorecem as exposições do Seagram Building que criam uma identidade de uma praça como um lugar de arte para o público onde se pode pausar ao ar livre da vida do escritório e da cidade. O térreo abriga também um conjunto de restaurantes e Brasseries (VILAÇA, 2015). A praça foi criada para ser de acesso público, como parte da Resolução de Zoneamento de 1961 de NY, que substituiu a Resolução de zoneamento de 1916 e ofereceu incentivos para os empresários da construção civil instalarem os POPS como contrapartida para aumentar o coeficiente de aproveitamento do edifício. Em suma, o Seagram destaca-se tanto pela sua arquitetura quanto pela sua inovação social ao disponibilizar parte de seu terreno como área livres de uso público para os habitantes de Nova York. O projeto consolidou a imagem da corporação para a qual foi construído e ao mesmo tempo sua eficiência no desempenho da sua função como centro de escritórios e de espaço público que se mantém até os dias de hoje. Apresenta-se assim como um monumento atemporal de elegância, tecnologia e eficiência.

Figura 26: Planta baixa do térreo - Ed. Seagram. (Foto: Stier, 2012)

3.3 CORRESPONDÊNCIA DA FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E PROJETUAL CONJUNTO PRAÇA DAS ARTES O projeto Praça das Artes converge com as diretrizes teóricas estudadas ao propor um espaço permeável, livre, que promove segurança, diversidade de uso e caminhabilidade. A implantação desse equipamento cultural, além de atender à histórica carência de espaços para o funcionamento do Teatro, desempenha papel indutor estratégico na requalificação da área central da cidade, uma vez que o rico e complexo programa de uso, focado nas atividades profissionais e educacionais de música e dança, está fortemente marcado por funções de caráter público, voltados à convivência e vida urbana. A relação do entorno é uma das potencialidades do projeto, com a criação de passarela aberta entre os edifícios, a criação de uma continuidade com os edifícios, a retenção dos transeuntes, o descanso e a convivência e a continuação da cidade.

Figura 27: Conexão do Conjunto das Artes (Foto: https://pt.slideshare.net/JulianaCarvalho18/praa-das-artescentro-spaulo-sp)

CENTRAL SAINT GILES BUILDING Uma das principais características do edifício é a busca pela inserção de atividade mista na área, fornecendo variedade de usos, particularmente lojas, restaurantes e habitação, introduzindo vigilância diurna e noturna. O desenho do edifício é de volumes complexos, que são pensados de maneira cinzelada, fragmentada e com escala reduzida para se encaixar no contexto do entorno. Em cada circunstância, as fachadas usam de uma cor que corresponde ao edifício circundante, integrando o conjunto ao seu ambiente urbano imediato. BRASCAN CENTURY PLAZA O projeto se baseia na quadra aberta defendida por Christian de Portzamparc (1997) em “A terceira era da cidade”, onde o autor sintetiza que esse modelo permite a reinvenção da rua, se tornando legível, permeável e de fácil visualização, realçada por visuais e pela luz do sol. Além disso, essa tipologia torna possível a integração do edifício privado com o espaço público, com áreas particulares se articulando com as áreas livres da cidade. É possível observar grandes diferenças entre o Brascan Century Plaza enquanto espaço público e privado, mas essas diferenças não prejudicam a percepção do elemento urbano que os aproxima e une: a permeabilidade do solo, que possibilita a integração de edificações privadas com o espaço público que os envolve. Pode-se observar também a partir desta análise que essas diferenças demonstram que a tipologia urbana "quadra aberta" não é exclusiva de determinados padrões socioeconômicos ou princípios estéticos, mas uma possibilidade potencial de inclusão e reconciliação entre o público e o privado. Uma das principais características do edifício foi a preocupação com a escala humana e a cidade, ampliando o espaço coletivo, quebrando possíveis barreiras entre espaço público e privado, tornando-se um local de convivência e permanência. PRAÇA E EDIFÍCIO SEAGRAM BUILDING, PARK AVENUE, NY - MIES VAN DER ROHE E PHILIP JOHNSON O conjunto Seagram possui importantes características com espaços térreos predominantemente livre de uso público e coletivo, e com parte construída ocupada por galeria, ainda sendo acessível ao uso coletivo. Além disso, uma das características do edifício foi a promoção de melhorias para a iluminação natural e aeração de uma área de alta densidade de ocupação comercial e residencial, para amenizar o caráter predominantemente rígido e verticalizado (OLIVEIRA E PISANI, 2017). A quebra desse adensamento proporciona a permeabilidade da quadra, além de promover espaços de permanência e contemplação. Esses novos espaços criam uma conexão com os outros espaços públicos, formando uma paisagem urbana que mescla propriedades e usos. A praça é aberta e convidativa a partir da calçada, e possui assentos e caminhos largos e é capaz de promover o sentimento de proteção e segurança, sendo bem iluminada, visualmente ligada a outros espaços públicos. Os assentos do espaço público acomodam lugares confortáveis, assentos fixos e móveis com agrupamentos diferentes promovendo flexibilidade (OLIVEIRA E PISANI, 2017). O projeto adota os parâmetros estabelecidos por Gehl (2015) para as qualidades dos espaços de uso público relacionadas aos atos de: acessar (facilidade ou não de acesso a espaço público), ver (visibilidade entre o interior do espaço público e o exterior) e permanecer (a existência de assentos).