Livro Festival Multiplicidade_2012

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“Use, é lindo, eu garanto.” ― Leonilson “Use it, it’s beautiful, I promise.” ― Leonilson


Dedic Dedicado ca a Mar aria ar a Arlete Gonça G çalves e Samara Werner Sam rn , que apostaram sta e enxergaram en gar antes o que ue ep po poderia vir a ser ser. ― Dedicated to Maria ia Arlete Gonçalves on and Samara Werne nerr who believed be and foresaw beforehand d that at w which could be. ―

“O O fu fut fut utur turo tur do o fu fut f op ― Mars rshall McLu McLuha M an “The future of the futu uture utu e is the present.” ― Marshall McLu Luhan Lu


www.multiplicidade.com info@multiplicidade.com

PatrocĂ­nio / Sponsorship:

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20 0 Ano 08

― Curad doria: d Zavareze


Conve Co nvergê nve rgênc rgê ênc ncias cias ias as s Experimen ntal al

Convergencies

Educaç ção

Form Formação

Ma apping Multimídia

Criação Cri

Rio o de d Janei an ro

Inusitado Novo ovo

8a anos

Ga ames es Brrasil

Divers são o

Dan ança ça a

Mundo Mu o

A te Ar e

Tecnolo T ogia

Ciên C Ciênci nc n nci cia

Design De gn

Teatro

Músi Mús Música

Web-arte e Poes sia sia Cinem ma

Artes tes s plást plásticas plá cas

Plu P ural Singular ng gular g u r

Exposiçã os sição siçã o Instalaç ção

Perfor erf rman nce Palest P alestra ra

Além-cinem ma Deb bate

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8 Years ear Rio de Janeiro an Brazil World Art Science Technology Music Visual Arts Performance Photography Poetry ry Theater at Exhibition hib Installation ns Speech Debate Entertainment Dance Design Web-arte Experimental Games Video eo Cinema em B ond-cinema Beyon -cin Plural Singular Inter eractivity Mulltimedia Ma Mapping Prrovo ocation Crreation Conne Co ection P Produ uction F mation Form on E cation Edu at C nvvi Conv viviality K wledge Know Kn Se ensorial New Un nprec n p cedented c ―

Fotog grafi fia fi Provocação Pr o ç

Interativida dade

Conhecimentto C

Senso ensorial en Convivência Convivênc viv

Conexão

Produção P

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Como ser original neste nosso tempo em que se tem a impressão de que tudo já foi criado? Como pensar em som e em imagem combinados ainda de modo surpreendente? Como promover encontros inesperados quando, aparentemente, todo mundo se frequenta, mesmo que seja através das chamadas “redes sociais”? Como ser um espectador “puro”, estando os olhos e ouvidos tão saturados de tanta informação? Todas essas questões têm sido respondidas, ano após ano, sempre de forma criativa, pelo Multiplicidade. O Multiplicidade chegou à oitava edição mantendo todo o frescor da primeira, quando, em 2005, nasceu junto com o Oi Futuro. O festival conseguiu, em 2012, repensar-se através de uma “volta em si mesmo”, ao apostar em uma discussão em torno do “analógico” e de suas inúmeras possibilidades.

How ow can we be eo original at a time when we are under nde the e im impression that everything has alreadyy bee be been created? How can we think about ut c combining om sound and image in a wayy th that is still astonishing? How can we promote unexpected encounters whe when, apparently, pparently, everyone knows everyone everyone, even if only through the so-called “social n network”? How can we be a “pure” spectator, tato since our eyes and ears have been so os saturated with information? All of these questions ues have been answered, year af after year, always in a creative way, by Multiplicidade. ipli Creating unique performances ances in which image and sound always s converge in a striking manner, fr from unusual sual artistic encounters, and still a amaze spectators: this has been the motiv motivation of the festival, and also the reason for its very existence.

Criar C riar espetáculos culos únicos, únicos s, on s ond o e sons se con nvergem m semp e re ed a im mp mpactante, pactante, a p partirr de de enco ontro o on ntro ro os artísticos icos os únicos, e ainda a da su urpr u pree preen p en nd de der err os s espectadores pectadores ectad cta ad es tê adore têm ê sid id do a motiv do moti tiiva vaç çã ção ç ão ã o – e a própria pri pr rria ia ra razão azão ão o de de se ser e –d do o fe festi ffes estiiiv val. l. Mais uma vez, o Multiplicidade se renovou e surpreendeu, como este bonito livro-catálogo pode provar. Boa leitura.

Multiplicidade has reac eached its eighth eac edition maintaining all th the freshness of the first, when it was born orn along with Oi Futuro in 2005. In 2012, the he festival has managed to rethink itself thr through a “self-reversal,” betting on a discuss ssion around the “analogic” and its s numerous ous us possibilities. Once ce again, Multiplicidade Mul has ren renewed it itself and astounded, as can n be be proved pr prove ro by this beautiful book-catalog.

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Enjoy yourr reading. re

― Roberto Gu Guim uim im marãe m rãe ães s Diretor d de Cu ulltu ltur tura ura do Oii F Futuro Futur uro ro o

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“Não sa sab sabendo bendo end do que era impossível, foi f lá e fez.” ― Paulo Le P emins nsk Leminsk Eu sou sou ou um um curador cura cu rado dor or c co om um uma ma cu c urriio os sid idad de qu que nã que n ão ca c abe be e m Eu com curiosidade não cabe em m mi im,, sem ma pe ego go a lg lg gum um u maq uallq ua lque er pr p op pos ostta ta d e tr ran ansf a nsf sforrma açã ç o mim, apego algum qualquer proposta de transformação e com com co mu um ma fformação o aç ormaç ção transversal, tra tran transd disci ciip na por que meu uma transdisciplinar experiência. Sempre profissionalmente iinteresse nte ere ress sse é a ex expe periência. riência. Sempr S Sem p e foi assim p ao llongo ao on o ngo ngo go do dos ul ltimos lti s2 1 an nos os.... ultimos 21 anos.... Siint S nto falta falt fa alta ltta de de c urio ur io osi sida ida dad nas dade na p essoas, eu vibro com Sinto curiosidade pessoas, es stte ed es sej ejo jo de de c on o nh he ece er ma m is, de e ir em busca bus do qu nc n c este desejo conhecer mais, que nunca vi, is vi, vi iisso sso so m e in iinstiga nst stig stig ga a en e nxe xerg xerg rgar ga ga arr as belezas, bele ezas, mesmo me a as me enxergar aquelas que princípio desprezo muitas vezes q qu ue a p pr rin ri incíp cípi cí pio de d desp esp spre ezo oem uita uit ui tas ve tas vez zes at zes ze até té já odiei. Esta percepção do gosto coletivo perigosa Esta Es ta minha min inha nha ha p errc e rcepç cepç ce pção ão d o go g os sttto o cole c co olle eti tiv ivo vo é p erig er igos osa osa porque mostra uma escolhas eventos p po orq que em osttrra u os um ma tend ttendência te endên nd dên ênci cia de de e esc scol olha ha as ao aos s ev even ento tos to s espetaculosos massa. Direção oposta es e sp pe etac ta aculo loso oso sos s os de de m assa. as sa a. D Di ireçã ção op o pos osta osta ta para onde aponto meu olhar, minha pesquisa curadoria do festival. a ap pon onto om eu e uo lhar lhar lh ar, mi ar, m inh inh n a pe p esq squisa uisa ui sa e a c ura ur Minha ambição propor Festival Multiplicidade é am ambi m içã ão ao op ropor ro po or o F Fe stival M plataforma dinâmica, viva, critica por f rmar u fo formar uma m platafo plata f rrm fo ma di d inâ n m mica a, viva a, cr c rit iti ti e longeva, p isso meus projetos próprios para iis sso s eu u rrealizo ealiz izzo m izo me eus sp rro oje etos pr próp óp priios sp ara ar ra compreender nd a minha própria reinvenção. m mi nh ha pr róp óp pri ria re ri ein inve enç çã ão o. Estudei comunicação parar indústria Es dei comu Estud Es mun nicaç icaçã ção visu vvisual vi isu sual al e ffui uii p u arar arar ar ar na na in ndú dúst stri ria ria audiovisual, TV cinema, por anos, audi a au udi dioviisual,l,l, T V e ci c cin ine nema, nema ma, po ma p or 10 0a n s,, o no onde de em seguida estendida com bolsa Europa ttive ti ve uma fformação orrm o orm ma açã ção es ção e ste tend ndi did ida co ida om uma um ma b bo olsa na E urop pa das visuais. Estes primeiros anos me no o campo mpo p d as artes vvi isuai uais. E stes tes 10 0 prime permitiu assistente, em equipe, p ermi mit itiu ser assis ass ste ent nte,, trabalhar tra rabalh balh ba har ar e me eq qu uiipe ip pe e em pequenas produções autorais mega-gigantescas. p pr rod oduç duç çõe es au aut torai rais e outras mega me g -g gig gante an esc Eu sou um m “remix” deste cador que agora ““remi emix”” d estte lilliqüidifi iqü qü üid idifi id difi ific fic adorr do ad do q qu u ue e vi vvivi ivi vi e a go esta tudo go o mais dias atuais. melhor dizendo, um m mai ma ais is iintenso ntenso t nos os sd ia as at a atua tua uais is. O Ou um e ho el h r di diz nd sou uu antropófago aglutinando das coisas qu que a an trop tr póf ófag go ag gluti luti tina n nd ndo do in iinformações inf nfo formaç formaç açõ ões da õe d as c as u vejo nos na momentos n no os festivais, festtivai ais, n a TV, TV T V nos mome V, moment ntos os de de diversão, diive d ive o nas viagens que nos pacotes enviados pelos qu ue ffaço aço ç ou u no n s lillinks inkks e pa aco c te tes en viad vi ad dos os sp elos elo o artistas s interdisciplinares que desejam participar in ntte erd disci is sc ciipl ipl plin lin i ar a es sq u d ue esejjam mp arti ar ticipa tici cipar ci par do pa do ffestival. esti es stiva ttiiva va all.l. O Festival Multiplicidade é um projeto pr de que eu adoraria orar participar um dia como a artista, mas tive a oportunidade e o privilé privilégio o de propô-lo quando surgiu o primeiro prim i eiro centro de arte te e tecnologia no Rio de Janeiro h há 8 anos. Nascemos scemos junto juntos, tos, e posso dizer que crescem crescemos juntos ntos com co om uma geração geraçã ração que frequentou intensamente intensam o Futuro. Oi Futuro o. O nome sou no ome e Multiplicidade Multi lttiipl plic icid dade de é autorreferenc autorreferencial,, e eu eu s ou u exx p profi ssional espiritual desta avalanche um u m refl refl efl fle e pr rofi ofis s sion si onal al e e spir spir sp irit rittual ua u al de d dest est sta s ta av a val alan anch che he d de e informações. ter lhos in nffo orm rma aç çõe ões. es. s. Eu Eu sou so ou uma esponja e on a e ao te er filh hos os iisso sso s ss só ó aumentou conceitos que curti que a umentou mento ou ao reverr conceito concei os qu q u ue e já c urti ur ti e q ti ue ttiveram iver iv eram er am uma importância na formação muito antes dos um u ma im mpo portância ância n a minha formaçã fo ç o muit to ante tes do te os 21 de profi paixão essa meus 2 1 anos an nos os d e pr ofi fissão. ão. Eu venero de de pa aix ixão ixão o ttoda oda od da es ss sa a multiplicidade que estamos na vida nas artes m mu lti lt tiplililicidade li q ue e ue stam st amos s vvivendo iivvendo endo n en a vvi ida da e n as a as r te rt es s contemporâneas. c contemp co ontemp emporânea as.

O VA PL D

Já havia visto diferentes formatos de festivais ent s form ais na a Europa ― Sónar, Ars Electronica, Netmage,, Transmediale, sE sm sm Mapping, etc. O de desafi o, no Rio,, seria formatar e ar algo com originalidade. or orig rig gin nallidad idad id de. e

Festival Multiplicidade o compromisso de OF sti ti l M lti li id d tem t om i d preencher calendário ch um c en o de junho o a dezembro, sempre na ú última quinta-feira com um repertório plural lt quinta ra do mês, co sotaques, nacionais e internacionais, sem com muitos sot ue n on classificações óbvias do u universo da arte eletrônica, n construindo um encontro ntro singular ng ar e inusitado entre re e imagem e som. Isso mega-maratona exaustiva o é uma m a-ma au e prazerosa, mas s para poucos. Esta resistência cia é o que importância contribuição cultural acredito ser a maior iimp por ortâ ânc ncia e contribu c contribuiçã ç o cultura cu al que possa construindo. uma contribuição erros qu q ue po p ssa estar constr construi uind do. o Éu ma c ma o tribuiçã on ont tribui uç ui çã ão de de e r os rr s busca de algo novo tão carente. e acertos os em mb bus u ca d e al a g nov go ovo o num numa cidade cidad tã ão c ca arente. e e. ao encontro a um desejo A proposta ta do festival vem ma pessoal artístico e ao propor p ssoal artíst or uma plataforma cultural contemporânea com regularidade, g gu da , para fformar público co e fomentar a produção de conteúdo di digitall nestes st 8 anos de existência, não im imaginava o trabalho gi ra o que isso geraria. Obviamente para ra fazer ze com excelência, única ca condição que topei fazer. isso é muito cultura dos zer. Por or iss it dificil na c cariocas conscientizarmos que deveriamos ca arioc oc o cas (br ((brasileiros) bras a ililei eiros) ros c con o sc scie entizzar a mo mos s qu q e deveriam mos s ter uma formação mais profunda, até porque te er um ma ffo ormação m mai ais s profun pr r nda,, at té p té orque não existe muitas referencias continuadas de Nem vamos m mu uitas tas rre eferenci erencias sc con on o ntinu uadas as d e qualidade. N em m vam mos os entrar experimentação. nem se fa fala.. Por isso en nt no viés da ex mentação. Ai n so toda a área cultural ltur no Brasil (no teatro, no cinema, ma, nos eventos em geral) tem uma grande parce parcela majoritária de auto-didatas. As pe pessoas própria oas não investem em si p profissionalmente não investe em b busca do e e o publico nã desconhecido p por falta de curiosidade ou pr preguiça mental. Tudo é tão d duro, u dificilil que o cidadão não o quer fazer nada. Até porque não existem muitas valvulas de escape no A At té po té p rq que ue n ão e ão xisttem m uiita tas va val lvul lv ullas as d as ee es sca ape pe n o Brasil, principalmente quando necessário sair Br rasi asilil, pr as asil p rin inci cipa ipa p lm lmen e te te q uand ua ndo do é n ne ece c ss s ári ário io s aiir a ir do o llugar ug gar ar comum. por gritante, pois quem viajou estudou c co omum. E p orr iisso sso é g ss gr rit itan antte, po ois is q uem ue m vi iaj ajou jou o ee studou st ud u do ou u estrangeiro destaque na profi ssional, no n oe stra st rang gei eiiro ro o ttem em um dest estaq aque ue n a ce cena ena p rofi ro fiss s iona io al,l que convenhamos pode ser uma convenção o qu q ue co onvven enh hamo hamo ha mos s po p de d es er u er ma c ma onve onve on venç venç ção ão rrasa asa as sa para atingir êxito. não mas pa p ara ra a ting ting ti ngi gir ir ê xito. xi to. Is to Isso Isso so n ão o é rregra, eg eg gra ra, ma ra m as é re rrecorrente eco corr corr rren re en nte e mostra nossa de dialogos em algumas areas, m mo ost stra stra aan ossa llimitação ossa im mit itaç ação aç ão d e di d dial ial alog ogos ogos os e m al a algu lg guma gu uma m s ar a area rea eas, principalmente quando em novas linguagens p pr inciipallmentte in te q qua u nd ndo do se e ffalam alam al am me m no nova vas va s lling ng gua uag ge en ns s comtemporâneas. c omt mtem empo po p orâ râne eas s. “A arte rte vem de uma espécie de condição con experimental xperimental na qual alguém faz experiências com o viver.” e ― John Cage

quero que me surpreende se possivel Eu que Eu ero r vver er o q er ue u em e su surp preen reen ende de e s de e po p poss oss os ssivvel el rreplicá-las. ep e plilic cá-las. las. Muitas que surpreendem M uitas s vezes as únicas as coisas c sas qu q em me surpr p een ndem d m

não dentro do que Não nã n ã cabem md entro t d o que e eu s sou, do do q u eu faço. Nã ue N ão importa, continuo manter uma coerente, nti tinu ti nuo o a ma m anter ntter n e u m llinha ma in nha rreta e a e coer et coeren en nte te e,, mesmo que a tend tendência possa indicar outra direção. Nada nd dência a poss p po oss ssa in indica carr outr ca tra di tr d reçã reç çã ão ão. Nad ad da se compara experiência em mesmo que p àe xp per eriê riê iê ênc nc cia ae m si si,, me m sm mo qu ue exis exista a ttoda o a od uma qualquer conteúdo u um a facilidade fac faci fa ciilliid idade para acessar qu q alqu al q er tipo de con qu c on o nte teúdo o minha maior obsessão são experiências na a web. web b. A mi m nh ha ma m io or obse obsess são s ã pelas experiê ão iênc iê ncia as que m me para busco nas multissensoriais, soriais, isso q e pa ara ra e iisso sso ss so que que bu qu busc sco na as minahs rrealizações. e

Pouca limitações Po Pouc ouca prática p ática gera pr era fórmulas vi viciosas os s e llim mittaç açõ õe es artísticas. eventos efêmeros. a ar r tí t sttic cas as s.. Ou ue vve ent ntos n tos os e f mer fê me ero ros.

Multiplicidade não nunca, esta minha O Festival Multi idade e nã ão pa para nun un nca ca,, es sta ta é m inha in nha ha intenção,, gerar com os in rar cadeia de pensamento, ens ens nsam men ento to tr to, to ttrocar rroc o ar oc a c o o om s gestores culturais, conscientizar nova para novas cienti ntiza ar a no n v geraç va geração p arra no ara n ova ova vas vas portas, participar de intercambios, entrar academia, nte te e am mbios biios b os,, en ntr trar a na acad ac dem emia mia ia iia, a no o entretenimento e ir muito alem, mais em m, ma ais is ou menos como com a zzona on ona on Quero digital que está se sempre se rretro-alimentando. etro et o-ali al menttando. Q uero fazer e oferecer inusitado para nós fazedores culturais of fer ere ec cer um m universe u iverse iinu un nu usi sita tado ta do op arra nó ós fazedore faze es cu c cult ult ltura ltur urais ur co-autores os gestores, ttoda od da a equipe uipe que são os c o-autore re res es do do ffestival: esti es tiva tiva ti val: o s ge esttor o es e , os produtores, os burocráticos, políticos, empresários, dut du crát cr átic át cos s, o os s pol p olíít ol ític ic cos o , os e mp pre resá es sá ári rio os os os, os jornalistas, o publico,, os técn artistas. orn r técnicos cos e os arti tist stta s as s.

estrutura “A cultura não é uma ma estrut rutura definida e cristaliz cristalizada, aliz izada, mas ma m s um processo, um fluxo contraditório. A cultura ltur transformação, é sinônimo de transf rans ormação, orm de invenção, de ffazer a err az ação e reação, e refazer, de açã r uma teia contínua tín de todos, significados os e signifi sig cantes que nos envolve nvo a todos s, e que maior do que nós, por su sua extensão e s será sempre mp e m sua capacidade capacidad acid dade de nos abrigar, surpreender, ree iluminar e ― por que ue não? não ― identificar.” ― Gilberto G ilberto Gil.

Ninguem é menos ou mais nesta equação ou m ais ne ai ais nest sta st a equa e eq qua açã ão complicadérrima e isso eu clareza depois oe u só só ttenho enho en ho c lare lare la reza za d ep pois ois de oi de todas as armadilhas,, s sucessos decepções dos anos uces uc e so os e de d ece cepç pçõe es do d os 8 an a nos o de vida dos meus 21 a anos carreira. Cada um papel s de c arre ar arre reir ira ir ra. C ada ad a um te tem u m pa apel crucial para as c coisas existirem não morrerem. men ão m ão orrre o rre rere rere em. m.

Tudo mudar, porque não será possível T Tu udo do vvai aii m udar ud udar ar, p ar, porq po rque rq ue en ão s ão erá á po p oss ssív íve ív ível ell vviver iver iv e impassível sem amadurecer como disse escritor impa im mpass passí pa ss sív ível ível el s em ma madu ma ure rece ce er e c co omo d isse o e isse is scri scri sc rito rito or Rosa: Guimarães Rosa Ro sa a: “Viver é et cétera...”

possibilidades experimentais arte tecnologia As p As ossi os sib sibi sib si billiid idad dade da des ex des expe peri pe rime ime ent ntai ais da ai aa rrtte e te tec cno cn ollog ogia ogia ia são nitas. cultural nosso país sã ão infi iin nfini n nit ita tas. tas s. A vvocação oc ca aç ção ão c ultu ul ltu ura ral al de de n osso o os sso so p aíís a ís é tão tã ão rica rica ri ca que certamente poderia gerar uma pioneira grande q qu ue ce c cert ert rrtam tamen amen am ente te ep oder od eria er ia g errar e erar ar u ma p ma io one neir i ra e g ira gr ran and de social, de de ttransformação tr ransf an ns ns sfor sf for orma orma maçã ção so çã s soci oci cial cial al, is isso so oéd eu um m vvalor alor alor al or d e tr ttransformação ran ansf an nsf sfo orrma maçã ç o iincomensurável. in ncome co omens me m ens nsur suráv urávvel. ur

Adoro ideias projetar que Ad Ado A dor oro e oro escutar id deias i ep roje ro roje j tar algo allgo alg go q ue jjamais amai am ais ai is fo ffoii rrealizado. re ea alliizzad aliz a o. será um trabalho adentrará no Se S e iisso sso ss o se s erá áu m trabalh alho o pessoal ou se adentra adent ra ará rá n o festival, não importa. Não importe quem assine, que ival,, nã ão im mp po ort rta. a. Nã ão imp im por orte q uem ue m as sine ine,, ma mas qu q ue se realize. ea aliize e.

que assistir espetáculos, conversar, É claro o qu ue as assi ss sist stir irr a e s etác sp etá á ullos, vi vviajar, iaj ajar jar ar, co c onver onv nver nv ersa rs r, debater, mudar meus pensamentos ater, ruminar na e mud udar m ud eu e us pe p ens n amentos nt me e enriquecem, mas minha carência aqui Brasil quecem ec cem em, ma m as a m mi inh nha maior carê arência cia aqu ui no no B rasil ra a de projetos com qualidade. de é a regularidade re egu gula larida dade da de d de ep pr roj ojet je etttos o c os om qua qualid allidade. Falo d e 10 no minimo, se rregularidades re egu gula lari arrida riida dades dade s de de 1 0 an anos anos os n o minimo minim mo, de mo de 2 20 anos an nos os e s e possivel mais. Assim de (RJ) p poss po os ssiv ss siv ivvel el m el ais. ai s A ssim ss i como Pano Panorama d e Dança Da (R RJ) Video Brasil(SP) que possivel enxergar e como como co mo V ideo id eo B rasi ra asi sil(l(SP sil( SP) em SP) mq ue é p ue ossi os sivve el enx e en nxe ergar rgar rg ar a formação de geração ciando cardápio ffo orm rm maç ação aç od e uma ma ge g ra aç çã ão se beneficiand ão do deste ste card ard rd dáp ápio ápio o cultural. Interromper desperdício, muitas estupidez c cu ult ult ltur ural ral al. IIn al. nte nt terr err rrom rrom mper per é d pe de esp per erdí erdí díci cio, cio, ci o, m uita ui as ve vvezes zes es e estu sttu up piide ide dez longo prazo porque camos semi-analfabetos. a médio mé médi édi dio e lo ong go pr p ra azzo po p orq que ue fi fic cam a os s semi-ana semi-analfabe betto tos. s. preciso continuidade É pr p prec rec ecis iso so te tter er cont c co ont ntin n tiinui in nui uida dade de e fformação orma or maçã ção ão de e ttodos odos os od alicerces geram cultura. al a lic lic icer erces ces qu ce que q ue ge g era ram a cu ultura. u l tu lt Não podemos abrir mão profi ssional N Nã ão po p ode d mo mos ab bri riirr m ão de de fformação orma or o rm maçã ma ção çã o pr p ofi fis fi s sion si ion nal al artística; de calendário cultural nacional para ea ar tííst stic ca; a d e um um c alendá al dári á io cu c ult ltu urral u al n nac acio ac on na al e, e p arra a ara concluir, pesquisa esse último esteja conc co nc clu luir, ir, in iincentivar nce c nttiv ivar ar a p es e squi q iis qu sa (t ((talvez all ez es alve e sse eú ltim lt tim mo es e teja te ja intrinsecamente ligado aos dois outros). in ntr t in nse seca c me ment n e liliga nt iga gado oa os o sd ois oi is o ou utrros). conquistamos espaço ainda Já c Já onqu on quis sta tamo tamo mos m os um um e spaç sp spaç aço im iimportante, mportan r tan rt ante te, m te, ma mas as ai a aind ind nda da que percorrer, principalmente no aspecto há muito há muito uito ui to o q ue p ue erco er correr, rrer pr p incipalmen incipalmente te n o as a spe p ctto de de formação de público convergências científi ffo ormaç ação aç ão d e pú úbl blic ico e co onvverrgê gênc ênc nciia ias ci cien cie ien entí tífi tí fica cas. s. s.

― Batman Ba an Zavareze Di etor Diret ettor / C Curador Curado d ar artístico co do Festival F


* Leia no blog do Festival Multiplicidade o texto na íntegra:

http://mulhttp://mul tiplicidade ad de. com/blo og/ sob sobr 2/

8 YEARS MULTIPLICIDADE IP FESTIVAL STIVAL “Not knowing wing it was impossible, ossible, he went ahead ead and he di did it.” ― Paulo au Leminsk sk “Art is sort so of an experimentall s station in whic ch one e tries t out living.” ― John Cage “Culture is not a d defined and crystalized structure, but ut a process, a contradictory ry flow. Culture ure is synonymous to transformaation, invention, nvention, doing and redoing, action n and an a d reaction, ction, a continuous web of meanings and signifiers that involve every one of us us, and will always be greater than us because use of its extension and ability to shelter, amaze, maz illuminate, and, why not, identify us.” ― Gilberto Gil (…) as author Gui Guimarães Rosa has put it, “To live is et cetera…” er ― Batman tm Zavareze Director / Artistic curator of the Multi Multiplicidade_ Image_Som_Inusitados Festival al To read the full text, go to th the Multiplicidade Festival blog at http://multiplicidade.com/blog/ mul sobre-2012/

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1.. 1 430 43 4 30 3 0.. 0 00 0 00 0 0 ltilti i-pli p lici li ci da d ad de Em uma busca rápida no oG Google em 2013, a palavra m multiplicidade aparece 1.430.000 vezes e em ela aparece 11.900.000 m inglês i 00 vezes. Amplamente relacionada à arte, à cultura, às ciências e à educação, este número explicita a importância contemporânea do pensamento arraigado na ideia primordial do festival: multiplicidade em todos os sentidos. ―

On a quick google search in 2013, the word multiplicidade appeared 1,430,000 times in Portuguese and 11,900,000 in English (multiplicity). Widely related to art, culture, science, and education, this number highlights the contemporary importance of the thought THAT IS rooted in the festival’s basic idea: multiplicity in every possible sense. ―

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dança a ç V VJ J D DJ J Eletrôni Eletrô Eletrôn E et ô ôn c com mputer te a desenho s h debates deb d ba b a es e s clássico clássi clássic cl c lás ás ss s c con net et art a poesia p es a exposição exposiç ex e x o s iç çã ç o noise oi e sensores s e o es s instalação instalaçã instalaç ns n s al a l aç çã ç o circuit ci c ir rc c i it b bio bi io i art ar rt te e escultura esc es sc c t ra multi-telas multi m lti l t te t tela telas tel e as a rock ro r oc o ck bio io o m musica i música mú m ú s si i a samplers s sa a pl p l rs r s rap ra r ap a p software s f w ft wa a e celular c e lu l la r mixer m i x r hip hi h i h hop op p interativid n ra r ti i id d laptop la l p p fotografi foto fot fo f ot t to o gr r fi f i experimen experim experi exp ex xxp p r ri i envide deogame og m chips ch c h p tipografi tipo i ipo p ografi o og grafi g a i cenog cenogra ce c nog gr l live i e cin cinema i in m programadores pr ro r o r m design desi d s ign i g n mapping m ma app ping p ng low o t tech ec ch h15 músicos m i o pe percussão p e ercussão cu ã cu Electronic, classic, ss noise, circuit bending, rock, rap, ap, hip hop, experimental, scenography, ph mapping, projection, dance, drawing, raw poetry, sensors, sculpture, ulpture, music, mobile, DJ, VJ, debates, exhibition, installation, multi-screens, samplers, bile laptop, chips, programmers, musicians, usi n, in ers mixer, photography, typography, y, design, percussion, computer art, net art, vide video-art, bio art, bio music, software, pe re, interactivity, videogame, live cinema, em low tech, high tech.


“Noite eterna...” ― #Tom Zé

“É o mundo dos sonhos para os artistas” ― #O Grivo “Foi muito o especial es ial tudo, obrigado gado!!!” ― #Pedro Sá á “GREAT... please echo ho these th sentiments to everyone ever involved.” ― #Rob Robert Krevolin

“EXCELLENT! Congrats.” ― #Paul Hertz

“...superevento. Vanguarda como tudo que faz.” ― #Gabriela Mafort

* twitter.com/multiplicidade_

“Me surpr pree eende pela forma com mo se reinventa” ― #Ju Julia R Ribeiro


13 1 3..0 3.0 3 ..00 000 0 00 00 0 0

Pess Pe ess soa oas oa as p a passa ss ra ram m elo lo o Mul Multiplicid ipl cid dade ad 7.000 0p pessoas passaram pelo Festival est Multiplicidade no Oi Cas Casa Grande. 4.000 Festival Multiplicidade no Oi F Futuro Flamengo. 00 pessoas passaram pelo oF 2.000 Outros espaços. 2 97% de lotação média ia nos 8 anos de festival. ―

13,000 people ple 7,000 pe people at Oi Casa Grande. 4,000 00 people at Oi Futuro Flamengo. 2,000 other spaces. 2,0 97% average attendance in 8 yyears of festival. ―


eram am m o festival stival t al B Boca a boca . 15% 1 Promos mo . 9% % Mídia aE Espontânea tân . 25% 5% Impresso . 55 55% Web . 35% TV . 7% Rádio . 3%

Oi Futuro O ro . 11% Internet ter . 20 20% Artistas A s . 20% % 20

Cerv C errv er veja ejas consu cons co sum umidas midas s:: s

13 13 3...65 .6 65 6 50 5 0 litro lit tros r s

How they ey found out about the festival: Word ord of mouth . 15% Promos . 9% Pr Spontaneous media . 25% (Printed nte . 55% / Web . 35% / TV . 7% / Radio – 3%) Oi Futuro - 11% Internet – 20% Artists – 20% ―

13,650 liters s of beerr c consumed = 39, 39 9,000 beer eer cans an ―

=3 33.0 33.000 3..0 00 00 0 lla ati ttinhas tin in nhas

21 21


11.000 (2006)

* cada ast stre re-se: -se: info@ @mu @m mult ltip ipli liciida ade.c de.co om om 1,7 1 760,000 76 60,000 0 newsl wslett wsl etters ett ers rs s se ent nt

9.000 (2005)

Networ orrk: k 2005 200 5 . Ma Maili iling: ili ng: 600 pe ng peopl peopl pe pl 201 12 . Mailing: ng: ng g: 35, 35,000 000 p pe eopl ople e * Regi Registe ste er at: at: inf nfo@ nf o@m o@ @multip ult ltipl ipliciidad ad de.c e.c com ―


4.40 4 .4 40 4 00 0 0

Formatação do Fo op projeto jeto . 10% Reuniões . 1 15% Captação pta . 20% Pe esquisa e esq sq . 10% Prod dução . 10% 0%

Time to undertake ake the festival: Formatting g.1 10% Meetings Meeting gs . 15% Fundraising rai . 20% Research se . 10% Production . 10% P Artists . 15% Rehearsals . 12% Stress . 8% (Productive: 25 25% / Unnecessary: 60% / Leg Legitimate: 15%) ―

Artist stas . 1 15% Ensaios aios . 12% Stress tre . 8% % Produtivo . 2 25% 5% Desnec ne ecessário . 60% Legítimo o . 15% 1

Multiplicidade ici é igual ig gua a: Multiplicidade equals: ual

Transpiração nsp ção . 91% Outros fatores . 9% Ou

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(Inspiração, criatividade, ativ paixão e pura as sorte) * * Batman Zavareze, eze texto do Catálogo Multiplicidade e2 2008. Pág. 17.

Perspiration . 91 91% Other factors act (Inspiration, creativity, passion, on and she sheer luck) . 9% * * Batman Zavareze, text of the Mul Multiplicidad ade Catalogue 2008, pg. 17. ―

ras rras abalha ab alh ha h adas ad as “O Futuro ut do trabalho aba é regido gid po por: Conceito Con to, Capacidade, da Conexão, o,, C Curiosidade ad , Confianç ça, Coordenação de e Colaboração.” ola o” ― Silvio Me eira eir

14,400 Ho ours Worrke ked “The future e of the e worker is governed by: Concept, C Capacity pac y, Connection, Curiosity, Confidenc ce e, Coord dination, and Coope operation.” ― Silvio Meira S


83 8 3H Horas Ho ora o ras ra as s 15 1 5M Miin inut uto uto os o s m mances es s ões

83 hours 15 minutes ut of music = 3.6 straight days ys 111 Performances ma 03 Lectures ure 2 Exhibitions ib ―

de M d Música úsi a 3.6 .6 Di Dia Dias ias ia inint in nterr nt rru rr


+ de 1. 1.000 000 + de 60 600 00 0 projetos pr rojeto os artistas artist a ar tis sttas s recebidos cebid dos em e m 8 an anos nos os o s re * envie seu projeto: curadoria@multiplicidade.com mul

Over 600 artists in 8 years ―

BRASIL SIL

/ Brazil:

RIO DE JANEIRO / SÃO SÃ Ã PAULO / RECIFE CIF F / MACEIÓ / NATAL AL / JOÃO PESSOA SO / BELO HORIZONTE O / PORTO RTO O ALEGRE / SA SALVADOR.

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MUNDO

/ Wor Worldwide:

NOVA IORQUE QU (EUA) / RENNES NE E (FR) / LOS ANGELES GE (EUA) / BARCELONA AR R (ESP)) / BUENOS NO AIRES (ARG) G)) / COPENHAGUE E (DIN) ( / PARIS AR (FR) / GENEBRA EB (SUI) / AMSTERDÃ (HOL) HO / LONDRES (GB) (GB / PARIS (FR) / NOVA N ORLEANS S (EUA) ( / MILÃO (ITA) (ITA / BERLIN (ALE) LE) / JOANESBURGO (ÁFRICA NE RIC DO SUL) / LISBOA (POR) / COLÔNIA (ALE) / IS OL VIENA (AUS) / NOVA NO JERSEY (EUA) EUA / TÓQUIO (JAP) / AP / FRANKFURT T (ALM) (A DRESDEN EN (ALM) / BELFAST ST (GB).

Over 1,000 0p projects received. *send your project oje to curadoria@multiplicidade.com de. ―


719.036 Km viajados pelos artistas Equivale uivale a 17,94 voltas na te terra ou 1 passagem sem volta pa para a lua.


O Fe Festival F estiva estival e es s va Mu M ultip ult ul plicidade p pl cidade na ac na cademia c demia de mi O produtor pr co com omo autor; o digital git como ferramenta, me fetiche e estética. es

I i erânc Itinerânc Iti cias: cia a as Tonomundo 20 2006 . Brasil / Natal al (Brazil / Natal)l) SESC Pompeia mp 2008 . Brasill / São Paulo (Brazil / São ão Paulo) Pau Next Wave av 2008 . EUA / No Nova Iorque (USA / Neww York) Y Netmage mag 2008 . Itália / Bolonha B (Italy / Bologne) Mapping app 2009 . Suíça íça / Genebra (Switzerland an / Geneva) Netmage 2010 . Itália Ne tá / Bolonha (Italy / Bologne) B Pitti Imaginne 20 2011 . Itália / Florença ren (Italy / Florence) Festival Panorama no 2012 . Brasil as / Rio de Janeiro ro (Brazil / Rioo de Janeiro)

The e producer p as author; or; the digita tal as a tool, a fe etish, and d ae aesthetics

― Tatiana na Braga Bac cal Tese ese ed de Doutorado em 2010 10 0 em e Sociologia S e Antropologia pol no Instituto de Filosofi os a e Ciências Sociais sd da a Univers Un rsidade Federal do Es Esta ado do d Rio de Janeiro. o. 2010 Sociology gy and Anthropology olog doctorall thes sis, Philosophy and nd Social Sciences Institute, Federal al U University of the State of Rio de Jan Janeiro.

Multiplicidade: lic de: o tempo te o d das artes contemporâneas em Multiplicity: ty: the time of contemporary arts s

― Kenny Neoob de K eC Carva alho Tese de Doutorado em 2011 em Arte es Cênicas as n na Universidade Federal al d do Estado do Rio de Janeiro nei (UniRio). Scenic Arts doctoral thesis, hes Federal University of o th he State eo of Rio de Janeiro (UniRio).

Dispositivos Dis po itivos para im improvisaçã pro ov ção da imagem ag em movimento: ent aproximações es aos s processos p cessos e redes ed cr criativas ivas de cin cinemas ao vivo no Brasil. Moving image ge impro rovisation devices: vic an approach to the he live cinema ma creative processes and networks ks iin Braz Brazil

― Júlio Césa sa ar Fernandes ar s Lira a Tese de Mestrado est o em e 2012 no Prrograma grrrama a de Pós-Graduação oe em Comunicação Comunicaç da Uni Universidade Federal do Ceará, rá, Instituto tuto de e Cultura e Arrte. 2012 Master’s M thesis is, Comm munication Gra Graduate e Program, m, Culture and Art Institute, nst Federal University of Ceará. Ce á.

3 32

O Fe Fest estival est stival Multiplicida dade da a foi citado em m tteses acadêm micas cas de mestrado e doutorado, do ou roda o mu mundo com parcerias, eria participações es s e cocuradorias em e m outros festivais. ais The Multiplic licidade Festival val has been quoted in Master’s and dd doctoral academic thesis, and has sb been around the t world as a guestt in other festivals throu ugh partnerships, pa participations, atio and co-curatorships. ―

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8 C COIS CO OISA OI OIS O IS ISA IISAS SA S AS AS MANE MA M ANE A NEI NE EIRA EI EIR E IR RA R AS A S de NO N OSS OS O SSO S S O LEG LE L EGA EG E GAD G GA AD D DO O 1. Pi 1 Piio Pio ion on oneirismo ne n eiri eiris e iris rrismo ris smo sm s mo / 2 mo 2. At Atrev ttrev ev vime v iim mento m ento e ntto o/ 3 Est 3. Est stím ttímu mulo mu u o / 4. 4 IInus nus usita u us sita tado o/ 5. S Sine ne es ste s tesia te esiia a / 6. 6. Ap Apre Apren rend re en end e ndiz n diza diz zage zza gem ge em m 7. Co 7 Com mprom m mp prom rromet omet metime mento men m me en e nto n to / 8. Praz 8 razer ra ze err 8 cool things of our legacy

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1 . Groundbreaking / 2 . Boldness / 3 . Stimulus / 4 . Unconventional / 5 . Synesthesia / 6 . Learning / 7 . Commitment / 8 . Enjoyment

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“Go Good Go od des d ign design 1º e goe g oe es to he heave aven ave ven v n. ab brri Bad B ad d des design gn go goe es s every ev rywhere.” ry wh herre

“A marc arca principa arc al é a borboleta no box. E não é uma só. São oi oito versões que rep epresentam gra ep aficamente o m movimento giratório. Aliás, vc deve estar pens nsando o porquê da borboleta ns eta, né? Primeiro ela era a forma eta rm negativa na vversão anterior da co ve ombinaçã ção da letra ‘M’ com a letra ‘X’. çã X’.

― Everyon one is a desig on igne ign ner! er! Manif nifest forr desig nif sign sig gn econom omy my. my m Rev evista Emigr ev gre gr

Não descartei a ideia eia, e sim a adaptei para realmente eia lm ser percebida como uma borboleta digita ta all. Conceitualmente, achei su superforte a ideia porque expressa várias co coisa as. Desde a beleza e delic licadeza do voo da borboleta, lic ta, movimento à te teoria do caos. A expressão oe efeito borboleta é usada para ara denominarr u um fenôm meno no qual um sim simples bater de asas de uma ma b borboleta pode caus ausar um tufã aus ão no outro lado od do mundo. É ação e reação, o, e essa analogia pode es ser bastante ap propriada e afinada com os objetivos do op projeto. Por esse pon onto de vista, multip on plicidade é uma pequena experiência aq que irá provocar grandes transformaç g ções nos os espectadores. A variedade de com ombinações possíveis, a utilização om iza de uma gama variada a de cores, a elegânci ncia nci a, a potencialidade em se cr criar texturas, grafismos e movimento, a apa parên ncia meio genérica e atem temporal, são todos fatores qu tem que fortalecem e constro c oem a marca. Segu guem também gu m umas imagens ns só pra vc sentir o clima. Ab Abs. Billy Bacon B Direç reção de Arte e De esign gn Nú-Dës ës ―

1st e-mail: l: a april 2005 “The main trademark is a butterfly in a “T box And it’s not just one. The box. ere are ee eight versions that graphically reprresent en the critter’s gyrating movement. By B the way, you must be asking yourself why hy the t butterfly, aren’t you? At first, in the ee earliier version, we used a negative shape pe resultiing from the combination of the e lletters ‘M’ and ‘X.’ I did nott di discard the idea, but adapted it so that it wo would really be perce eived as a digital tal butterfl fly. Conceptually speakiing, I thought ht tthe idea a was w awfully strong becau use it expresses pre several things. From the beauty and sev ds subtlety of the butterfly’s flight and mo ovement me to the chaos theory. The expression n ‘b ‘butterfly effect’ is used to name a phenomeno menon in which the simple flapping of a butterfl ter y’s s wings can cause a typhoon on the other her side of the world. It is action and reaction, on, and this a analogy can be very appropriate te and attuned to the goals of the project. From Fr this point off view, multiplicity is a smalll experience ex that can generate huge ge transformations orm in the audienc ce. The variety of possible combinations; na the use of an assorted range off colors; co the elegance; the potentiality to cre create textures, c graphisms, and movement; nt; th he somewhat generic and timeless appeara pp ance: these are all factors that strengthen gt and d establish the trademark. I’m enclosing los a few image es so you can feel the atm atmosphere.” Hugs, gs Billy Bacon Bil Art and Design Direction Nú-Dës” ―

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In 00 Te au 5 e le gu . 1 te m ra 1 cn ar çã /0 ol , 1 o 5 o º d 20 gia d esp o Ce M 0 o aç nt in ar 5 Ri o ro c au o . o d C 20 1 de e u g ur s C 8/ La 0 Ja arte ltu a 0 h no nç 6 m a 5 ra ne . v o e l Fe am 1 i r s F o. st en 7/ e e s iv to 0 tiv Af 8 al . da al ro M L C 20 ul at O To 0 tip a L O 6 e m lic R r . et Zé 2 id 20 S ad o A La 0 rn pa 8/ M e. 0 nç 7 ar r t 9 A á ic Z am . 1 O pa ip N en 9/ ra a d IA to 04 en o F do ce e 2 rra sti 1º G 00 r a val l i u vr Fe ia 7 ed pe o 2 st Ti . 1 do iç la p iv m 0 N 00 ão r al e /1 Fe C etm 8 co O 0 de ime st re he a . 2 u m t iv pe lp g 4 2 0 i ra al o co te a F e (F /0 12 ve d i m m es em er e 1 . z p c ta ir ro st re 2 i q c s 2 01 , c va ue ul so aç Sé 00 1 om l in c em ul ão O rie 8 co c te tu m iC d . 20 3D m ura rn 1 ra u O 0 as e 4 C d ac . ld n ao or io es Fe 8 a gra /1 o dia G n 0 i a ap pe st . 1 n R G d a ra d io l ci ui o l re tá iva 7 nd es m F de de ta se cu l M /1 e es ar es L nt lo u 1 Ja o ( ãe tiv iv re pe ad N ltip ne a e s al M o EW lic liz tác iro 20 e .O n a i u e O c d o W da do lo . A 0 r B G A de on ia in na 9 s sn A V r 20 ) a a i M E, a m u ld . 1 vo vit ap té o B 0 ap gu o 5 (B co ssi . e s re 20 Va LIN 9 ro m na pi ra An /0 e se 1 ng m t 9 o sc D D . 1 0 d nt kl ire a d ) . a on A 0/ na o O une yn ç ire s ce TE 11 ã i f ç a A o F ch u + E ca m ão lo : ap s a ad tur d de us de 20 g g + ã a o a m ica ar O 1 Ra o co Ip rd y l d te do Fe 1 m an S ul du of e d . s c r 20 e o M jo tiv 2 a M K o br m an or nte rn a 9 Pa 1 us as a d a / al l o 0 ão o Be rc 2 s , c ur ic sin 6 O d c om ra )/ , lfa eri . 2 + Sh u e G p Le o NY Vi p + st a c 2 lo a w / k ro M o pa om 1 bo a c . d M a 1 j D eç rc ra S o . ap u o N ni ão ia m a a A a 2 z. d X pe R in n do Em 01 á g e av rfo C ( c u vi ie fo p 3 So ad es r de r m r . di am ar 0 er . an nic o sp ce 1 n ce A o on de ria /0 d r em t R ív se c 4 e ei n o cu es s vo m t rib e l tu na lv a a ra ut r Ap ido s e c o p s a mp a hC Jo e St p re or lic sa hn nt e. at s C re) iv B ag d os ol e. e de dº e jo 3 go 2B s, it s,

2

Linha Lin ha do do tempo empo Hig H 2005 005 5


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TC:00:27:01 7:0


programação progr pro pr rogr ogr og gr ra amação ma aç multiplicidade multip mul mu m ultip ulti u lt l ltipli tipl tiplicid ci cida ci ida id da da ade d de e 012 20 20 2012 01122012 A R P ( M c ―

Oi Futuro ro Flamengo Flamengo_RJ RJ - 13 de setembr setembro de 2012 S

x )/

Conta-Gotas ta OG Grivo (BRA)

09 a 18 de novembro de 2012 / November ove 09th -18 8thh, 2012

PERFORMAN – Conta-Gotas PERFORMANCE nta .OG Grivo (BRA) A) 09 de novembro embro de 2012 / N November 09thh, 2012

Rheo . Ryoichi Kuro Kurokawa (JAP) P) / DJ J Filipe Mustac Mustache (BRA) ―

PERFORMANCE RFORMANCE – SARC (Sonic onic Arts Research Centre – Belfast / Irlanda do Norte) com Miguel O Ortiz (MEX) X) + Marco Donnarumma (ITA) + Anna na Weilsling (EUA)* (E

Oi Futuro Flamengo_RJ amengo_RJ - 27 de setembro de 2012 September ber 27thh, 2012

15 de novembro embro de 2012 / November 15 5thh, 2012

Multi . 03 . 2012

16 6 de novembro de 2012 / November em 16thh, 2012 2

Máquina de Música . O Grivo (BRA)* RA) / DJ Mary ary Zander (BRA) BR ―

Oi Futuro Flamengo_RJ - 24 e 25 de outubro de 20 2012 October 24th and O nd 25thh, 2012 * Espetáculos p realizados zados em colaboração com o Governo do Estado d de Minas Gerais.

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* An eventt produced with the cooperation of the state gover government of Minas Gerais.

PERFORMANCE RFORMANCE – Thembi Ro Rosa (BRA) + O Grivo (BRA) A) PERFORMANCE RM – Siri iri (BRA) / Chelpa elp Ferro (BRA) BRA / Fausto sto Fawcett + L Laufer + Os s Robôs Efême Efêmeros (BRA) 17 de novembro de 2 2012 / November mbe 17thh, 2012

* Espetáculos realizados dos em colaboração com o Festival Panorama e Happenings e em parceria c com British Council * Events produced with th the cooperation of Festival Panorama e Happenings and in partnership with tthe British Council

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programação prog progr pr pro p rog rog ogr o gr g gra r ra am amaç a mação ma m aç açã ação açã ão o multipli mu mul mult m multi ulti ult lti tip ip pli licid ic i cid c id da ad de de 2012 01 2012 2 20 012 12 T R B ― 2

* * * Event produced ced in partnership with the B British Council. **DJ Performance rmance produced in partnership with the Danish Inst Institute.

Tekton n . D Fuse (UK) UK + DJ Mathias thias Kisppert (AUS)* ― 29 9 de novembro de 2012 / November em 29thh, 2012 2 * Espetáculo realizado ado em parceria com o Briti British Council. * Event produced ed in partnership with the Br British Council.

Multi . 06 . 2012 12 2

Tom Zé + Su SuperUber (BRA) (B / Wladimi dimir Gasper sper perr (BRA) (B ― 06 de dezembro de 201 2012 / December er 0 06thh, 2012

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Multi M Mul Mu Mult ult u ulltt . 01 0 1. 201 2012 2 20 01 012 0 12 12

On September 13, 3, tthe cultural center go oo opened its doors to the Multiplicidade Festivall, M usual meeting between rovisation and analog and ts.

Ab Ra Ne La Launching of the he multiplicidade cata catalog 2011 ― Oi Futuro Flamengo_RJ - 13 de s setembro de 2012 th h September b 13 2012

exploring new tranversal ver tnik k kicked off the he festival scattered and du unconstrained used and ab abused noises and effects, lows and highs, ghs causing certain awkwardness and fascination scin in the public that was there waiting for the first performance by Vamos Estarr F Fazendo, which was to take place in the the theatre. Vamos m Estar Fazendo is a project by Pedro ro Sá and Domenico Lancellotti whic which explores xplores extreme effects in the guitar and the drums as it builds pulsating musica musical textures. Emphasizing improvisation, the he duo works with the idea of displacement, brin bringing to the stage what used to be restricted ed to rehearsals and sound checks.

R E E B R L w

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Vamos s Estar Fazendo

Pedro oS Sá – guitarra, efeitos e contrabaixo tra eletromagnético / guit guitar, sound effects, and de electromagnetic bass guitar

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Maurício Valladares – DJ set http://roncaronca1.tempsite.ws/site/ psit

No dia 13 de setembro, ete o centro cultural Oi F Futuro Flamengo abriu as portas para a oitava ita edição do Festival Multiplicidade ulti , trazendo o encontro con inusitado da improvisação experimental com instrumentos analógicos e digitais. Os m músicos do Rabotnik, conhecidos hecidos por explorar novas son sonoridades transversais, nsversais, investindo do eletrônico ao rock experimental, in iniciaram a programação desse dia do festival. Com seu som difuso e rasgado, o grupo abusava de ruídos e efeitos, graves e agudos, causando certa estranheza e fascínio no público que e já aguardava a primeira apres apresentação no teatro do Vamos Estar Fazendo do. Projeto da dupla Pedro Sá e Domenico La Lancellotti, o Vamos Estar Fazendo explora xplora recursos extremos da guitarra e da bateria na const construção de texturas musicais pulsantes. Pautado na improvisação, o duo traba trabalha a ideia de deslocamento, slocamento, trazendo para os palcos o que estava restrito a ensaios e passagens ss de som. O desafio da dupla de e músicos foi abrir diálogo com as obras do artista plástico Paulo Nenflídio io, cuja pesquisa envolve interferências terf radiofônicas e instrumentos instrume nstrume eletroacústicos. acústicos. Seu trabalho muitas vezes se assemelha ao de u um

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sounded like a ba bass guitar. The third act was a real catharsis, is, mixing everything as much as possible.

luthier. hier. Entre esculturas, instalações, instrumentos e desenho, desenho ele desconstrói som, eletrônica, interatividade, robótica, construção, invenç invenção, aleatoriedade, física e gambiarra através sd desses objetos. Os sons da guitarra tarra ecoavam no ambiente de forma que, por vezes, dava davam a impressão de haver mais de um guitarrista presente. Riffs tocados com sutileza e virtuosismo tuosismo por Pedro Sá eram gravados e reproduzidos atrav através de um pedal, formando uma base para o músico improvisar. Domenico Lancellotti criava a estrutura rítmica, marcando o compasso através da bate bateria. Camadas sobrepostas repostas de agudos, graves e médios se entrelaçavam com as ondas emitidas mitidas pelo “Vírus”, num moto-contínuo de reverberação sonora. A guitarra era utilizada da não só de forma harmônica harmônica: Pedro brincava com trocas de captadores s e leves pancadas no instrum instrumento para criar recortes, acompanhando a percussão de Domenico. No todo, a apresentação dialoga dialogava com as obras-instrumentos nstrumentos de Nenflídio de forma que suas melodias pareciam par verdadeiras es esculturas moduladas.

The duo’s ch challenge was to create a dialogue with hw works by visual artist Paulo Nenflídio, w whose research involves radiophonic c interferences and electroacoustic instruments. ruments. His work often resembles tthat of a luthier. Using sculptures, installat installations, instruments, and drawings, he dec deconstructs sound, electronics, interactivity, vity robotics, construction, invention, randomness, nd physics, and kludges through these es objects.

No o intervalo, os músicos deixaram seus equipamentos soand soando sobre as bases ses pré-gravadas na guitarra e que seguiram até o moment momento do segundo ato da performance, quando interagiram com as obras-instrum obras-instrumentos “Berimbau Eletrônico” e “Contrabaixo o Eletromagnético”. Domenico tocou o “Berimbau Eletromagnético”, enquanto uanto Pedro assumiu o “Contra “Contrabaixo”. Esse último captava frequência de uma rádio FM e era distorcido conforme o guitarrista soava como um baixo elétrico. O terceiro ato foi uma inteira catarse, mistur misturando tudo o máximo op possível.

The guitar sounds oun echoed in the surroundings, so that at times one had the impression tha that there was more than one guitar present. esent. Subtle and virtuous riffs played by Pedro dro Sá were recorded and reproduce reproduced through ough a pedal, creating a background harmony over which the musician co could improvise. Domenico Lancellotti ti c created the rhythmic structure, keeping the tempo with the drums. Superimposed layers yer of highs, lows, and mid-range tones wer were intertwined with the waves emitted by the Vírus, in a perpetual motion of sound re reverberation.

Uma das maiores referências do rock nacional, pesquisador m musical, fotógrafo raf e radialista, Maurício Valladares all é o múltiplo homem em por trás de inúmeros meros momentos históricos dos últimos 30 anos da mús música. Dono de um acervo fotográfico que praticamente narra a história de um uma geração através da música, também é idealizador ealizador do “RoNca-RoNca”, u um dos programas mais longevos da história do rádio brasileiro. MauVal foi o convidado para comandar a discotecagem de e abertura da temporada junto com o lançamento do livrocatálogo Multiplicidade plic 2011.

The guitar uita was not used just to make harmony: y: Pedro played by switching pickup devices es and softly slapping the instrumen instrument to create eate a beat in between strums, along with Domenico’s percussion. In all, the pe performance created a dialogue with Nenflídio’s dio works/ instruments, so that their melodies elo seemed like actual modulated sculptures. ulp During the intermission, rm the musicians let their equipment ent continue playing over a background d ha harmony that had been pre-recorded ded in the guitar, and these sounds co continued until the beginning of the performance’s second act, when they began egan interacting with the works-instr works-instruments Berimbau Eletrônico and Contrabaix Contrabaixo Eletromagnético. Domenico played lay the Berimbau Eletromagnético, w while Pedro took on the Contrabaixo. The lat latter instrument picked up the frequency ncy of an FM radio, a sound that was distorted sto as the guitar player

One of the greatest figures in the B Brazilian rock, the musical researcher, photog photographer, and radio broadcaster Maurício oV Valladares is the multifaceted man behind se several historical moments in the last 30 years ears of music. Owner of a photographic collections ect that practically narrates the history of a generation through music, he is also the creator of RoNcaRoNca, one off th the longest-lived radio shows in the history ry of the Brazilian radio. MauVal was invited ted to head the DJing during the opening ing day along with the book launch o of the Multiplicidade ulti 2011 catalog. The DJ started his show on n tthe ground floor while Rabotnik k played alo along, improvising with beats and grooves that hat had been especifically selected for the occasion, in a totally organic and vis visceral way. After the end of this encounter, r, M MauVal directed the party for the crowd of over 500 people who were at Oi Futuro Fla Flamengo attending our opening day. After eight years of Multiplicidade ad , the task of innovating and presenting ne new artistic projects and horizons has become om an ever increasing challenge. However, ve with the same resolve as always, that is,, to bring innovation and diversity, the project ec ends up being reformulated and find finding new driving forces to reinvent itself. And nd that’s what happened that night: a real journey our through the improvisation and creativity vity of artists who are willing to come out ut of their comfort zones. ―

O DJ começou sua apresentação no térreo enquanto o Rabotnik tn o acompanhava mpanhava improvisando com batidas e grooves selecionad selecionados especialmente ecialmente para a ocasião, de forma totalmente orgânica e visceral. Após o término érmino do encontro, MauVal comandou a festa com as ma mais de 500 pessoas que estiveram no Oi Futuro q ro Flamengo assistindo à nossa ss estreia. Com oito anos de e Multiplicidade M , a tarefa de e in inovar e apresentar novos projetos e horizontes ntes artísticos se torna cada ve vez mais um desafio. Mas, com o viés de sempre, trazer novidades e diversidade, o projeto acaba se reformulando o e encontra forças motrizes novas para se reinventar. E fo foi isso o que aconteceu nteceu nessa noite: um verdadeiro passeio pela improvisaç improvisação e pela criatividade idade de artistas que se propõem a sair de suas zonas de conforto. ―

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― R Rabotnik


― 53 Vamos s Esta Estar ta Faze azendo azendo



― Pa Paulo aulo lo Nenfl enflídio ídio

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― Maurício Val Vall llad dares

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Multi Mu Mul Mult M u . 02 0 2. 20 2 2012 01 012

Rh DJ ― Oi September 27 , 2012 Ryoichi Kurokawa ur –

imagens, música úsic e mixagem ao vivo / livee im images,

music, and mixing xin

w

D h

s trabalhos abrangem diversas manifestações, como peças conceituais, videoarte e in seus como Tate te M ca (Áustria),, Transmediale ale (Alemanha), Mutek (Canadá) e Sónar (Espanha), pela pr primeira vez o japonês ês apresentou no Rio de Janeiro “Rheo”, uma espécie de p performance cinematográfi matográfica que tem como tema a passagem do tempo e sua s ação sobre paisagens ais e a vida em geral.

ra de ad ada de uma trilha sonora abstrata e minimalista sem nenhuma batida preconcebida e totalmente manipulada pelo artista. Essa trilha remete aos trabalhos de Philip Gla div

de queda d’água, pássaros e de um rio capturados pelo pró próprio artista, formando uma paisagem imaginária. As imagens eram c como pinturas, cada tela apresentava um elemento emento distinto, com suas cam camadas de áudio isoladas e sobrepostas. De modo quase abrupto, essas paisagens se transformavam em outros elementos ntos visuais gráficos manipulados digitalmente pelo artista. artista Imagens de cachoeiras achoeiras e rios do interior do Japão e as montanhas de fo formação vulcânica do o norte da Islândia, ora lentas e ora aceleradas (filmadas em timelapse, em m que horas de captura são reduzidas a poucos segundos de exibição), sofriam m interferências visuais gráficas ao vivo e reagiam sincron sincronizadamente à música úsica composta por Kurokawa. A combinação de imagens agens e sons é uma viagem hip hiper-realista no espaço e no tempo para ara gerar propositalmente um e emaranhado de informações simultâneas tâneas e sobrepostas ao público. As próprias frequências sonoras, desenhadas hadas com recursos surround 5:1, e muitos graves que surgiam pontualmente ualmente de surpesa, ampliavam a importância da edição e, consequentemente, ntemente, geravam novas perc percepções sensoriais. Ao longo de 45 minutos de performance, Ryoichi apresento apresentou locais naturalmente aturalmente bucólicos e interessantes, terminando com um uma imagem estática, nas três telas, do horizonte da cidade de São Pa Paulo, mostrando o cenário transformado em m nosso planeta de uma forma futurística. Munido de uma u a câmera full HD, D, o artista foi responsável pel pela captura das imagens apresentadas. apresen

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kawa a is a Japanese whose ho works include several uch as conceptual pieces, u ractive installations. Having stivals and museums such England), Venice Biannual al onica (Austria), Transmediale me k (Canada), and Sónar nar (Spain), time the artist presented res aneiro – Rheo is a type of performance nc whose subject is the passage of time and nd its effect on the landscape and life in ge general. The winner of several international awards, Rheo ou uses a structure made up of three panoramic oramic vertical screens to create a narrative ve that is followed by an abstract and minimalist imalist soundtrack with no preconcei preconceived beat eat and entirely manipulated by the a artist. This track evokes works by Philip G Glass, with the interference of electronic so sound glitches superimposed in several layers. aye Rheo started with th tthree empty screens, introducing sounds ds o of waterfalls, birds, and a river recorded by the artist himself, forming an imaginaryy la landscape. The images were like paintings, ing with each screen presenting a distinctive nct element, its audio layers being ng isolated and superimposed. Almo Almost unexpectedly, these landscapes wou would be transformed into other graphic vis visual elements that were digitally manipulated ed b by the artist. Images of waterfalls and rivers ive in Japan’s countryside, along with h vo volcanic mountains in northern Iceland, som sometimes slowly, sometimes speeded ded (filmed in time-lapse, in which several ho hours of filming are reduced to a few seconds ds o of viewing), suffered live graphic visual interferences, erferences, reacting in a synchronize synchronized fashion on to the music composed by Kuroka Kurokawa. The combination of images and nd sounds is a hyper-realistic voyage through ugh space and time that purposely gives es tthe public a tangle of simultaneous and nd superimposed bits of information. The es sound frequencies themselves, designed ed with 5.1 surround sound, along with several al llow-pitched sounds that appeared from m ttime to time and by surprise, broadened th the importance of the edition, consequently uen generating new sensorial perceptions. ept Throughout the 45 minute performance, erfo Ryoichi introduced naturally bucolic uco and interesting places, finishing wi with a static image of the São Paulo horizon on the three screens, futuristically showing an altered scenario for our planet. With the eh help of a full HD camera, the artist was the eo one who captured the images shown. n. Rheo eo may be seen as a narrative that evokes kes Koyaanisqatsi―a classic experim experimental film m directed by Godfrey Reggio with m music composed by Phillip Glass himself)― himself)―, in a sort of performance-formatted du update for our times. The main idea is tha that we are under constant mutation due to oa an avalanche of information, sounds, and images, new textures orchestrated both by time and by man’s hands.

“Rheo” pode ser observada como uma narrativa que remete ao clássico do cinema experimental “Koyaanisqatsi” (dirigido por Godfrey Reggio e com trilha sonora do próprio Phillip Glass), em uma espécie de atualização em formato de performance para novos tempos. A ideia central é a de que estamos em mutações constantes, diante de uma avalanche de informações, sons e imagens, novas texturas orquestradas pelas mãos do homem e do tempo. Após duas apresentações de “Rheo” no teatro, o DJ Filipe Mustache (idealizador e residente da festa “Forno” no Rio de Janeiro) comandou a festa no primeiro nível do centro cultural Oi Futuro. De modo superconfortável e harmônico, as mais de 200 pessoas presentes acompanharam um set que ia do disco funk ao house, mixados especialmente para a ocasião. ―

After two Rh Rheo performances in the theatre, DJ Filipe Mustache us (creator and resident of the he Forno party rty in Rio de Janeiro) directed the pa party on the firrst floor of the Oi Futuro culturall c center. In a remarkably comfortable and harmon harmonious way, the crowd of over 200 people followe followed a set that included a variety of styles from md disco funk to house, especially mixed for that ha occasion. ―


― Ryoichi K Ry Kurokawa

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― DJ Filip ip pe Mustache che 67


Multi Mu M u . 03 . 03 201 20 2012 012 012 2

ear career, are O Grivo is a y Ne Nelson Soares and whose multidisciplinary w soundtracks used by several , concerts, installation, es, and includes the use of ronic equipment.

M DJ ― 24 October 24 and n 25 , 2012 O Grivo

Nelson Soares are – construção das máquinas uinas de música e performance / co

M v R w

performance, orm violão e and nd voice

gineer and production

C h

Mary Zander a – DJ set

http://flavors.me/maryzander avo

Com mais de 20 anos de ca carreira, O Grivo é um projeto eto criado por Nelson So S sonoras para diversos artistas e mídias, concertos, instalações e performances,, alé

Mú interferência de engenhocas, manipuladas ora manualmente, ora por sensores ec

Esses pequenos objetos ultrapassavam o papel cenog cenográfico, funcionando como instrumentos de apoio ou como um terceiro músic músico dentro da atmosfera proposta por O Grivo. Formadas por itens cotidianos e datados, como estranhas peças de madeira, buretas, um tocador de fitas DAT, metrônomos, vitrolas, entre tantos tos outros, essas pequenas máquinas pareciam que ganh ganhavam vida de acordo oc com a regência da dupla. No centro entro das atenções estavam essas pequenas máquinas ex extremamente delicadas, adas, com uma dupla função: primeiro, eram ativadas por c comandos através avés de computadores, para depois ativar pequenos sens sensores de presença acoplados por meio de efeitos puramente cinéticos. “Máquina de Música” ca” era um espetáculo dividido em dez momentos, cada um acompanhado hado por um filme criado pelo artista plástico mineiro Cao Guimarães. Com um olhar extremamente macro das esculturas sonoras, e esse trabalho funcionava ionava como uma narrativa complementar através de um ffoco inusitado em cima de cada maquineta da dupla. Paralelamente, os m músicos se movimentavam mentavam de forma extremamente silenciosa e precisa no palco, era através vés da projeção que se entendia o momento em que um do dos atos terminava e quando a próxima peça era inic iniciada. O Grivo propõe uma a ambientação sonora aleatória através de ruídos e imagens. age g s É como se os músicos levassem o público para um deslocamento d dentro de um mundo d do muito particular e lúdico. Toda a obra é composta por

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cutive days, the ed duo na de Música, a, a performance malist sound und atmosphere of their work was associated ed with the interference of gadgets that were so sometimes manipulated manually, sometimes mes by sensors and computers, having ving been specifically created for the performance. orm These hese small objects went beyond a m mere scenographic enographic role, working as supportin supporting instruments nstruments or as a third musician wit within the atmosphere proposed by O Grivo vo. Formed by everyday outdated items suc such as strange wooden pieces, burettes, a D DAT tape player, metronomes, and turn tab tables, among many others, these small ma machines seem to come to life at the duo’s conducting. on At the ce center of attention were these extremely ly d delicate small machines with a double le function: first, they were activated by computer mputer commands, and then they ac activated small proximity sensors attached thr through effects that were purely kinetic. Máquina de Música wa was split into 10 moments, each connected ect to a movie created by Minas de Gerais-born -b visual artist Cao Guimarães. With h an exceptionally macro view of sound sculptures, lpt this creation worked as a complementary lem narrative through an unusual focus on each one of the duo’s sma small machines. hines. As the musicians moved aroun around the he stage in an extremely quiet and pre precise fashion, the final moment of an act and the beginning of the next were understood de through the projection. O Grivo proposes es a jumbled sound setting through noises oise and images. It is as if the musicians s le led the public on a journey through a very ery particular and playful world. The whole e work is composed of small sound manifestations sta characteristic of the nonmusic, sic, leaving up to the spectator the ta task of interpreting nterpreting the message conveyed b by the duo. In addition to all the atonality nali of the performance, Máquina de M Música had yet another small surprise in s storage for the public. O Grivo used voices, s, a an element never before used in their work, k, tthrough the song Felicidade by Noel Rosa, in a bossa nova version. O Grivo rivo appears to attempt to convey the message that cutting-edge computer technology chnology and the analogic resources of their handcrafted experiences are w wholly complementary, generating this is ttangling of senses during their performance’s an almost 60 minutes of sonorous immersion. mer Dialoguing with thinkers like John Ca Cage, “Music is sounds, sounds heard around nd us.”

pequenas manifestações sonoras próprias de não música música, deixando ao espectador a função de interpretar nterpretar a mensagem passa passada pela dupla. Apesar de toda a atonalidade musical da perfo performance, “Máquina de Música” ainda tinha nha uma pequena surpresa gua guardada para o público. O Grivo riv utilizou a voz, elemento inédito em seus trabalhos, entoada através da c canção “Felicidade”, ”, de Noel Rosa, numa versão b bossa-nova. OG Grivo parece buscar a mensagem nsagem de que tanto a tecnolo tecnologia de ponta dos computadores omputadores quanto os recursos analógicos das suas exp experiências artesanais são totalmente complementares, o que gera esse embara embaralhamento de sentidos em seus quase 60 minutos tos de imersão sonora. Dialoga Dialogando com pensadores como John Cage, “os s sons que a gente ouve são m música”. Encerrando a noite, a DJ Mary Zander, especialista em house music, contrabalanceou ceou o ambiente intimista da apresentação que há pouco h havia acontecido o no teatro ao misturar diversos ritmos como o nu-disco e a soul music. ― * Espetáculo realizado em colaboração com o Governo do Estado de M Minas Gerais.

Closing the en night, http://flavors.me/ maryzanderr D DJ Mary Zander, specialized in house music, usic, counterbalanced the intimate atmosphere sphere of the performance that had ju just taken en place in the theatre by mixing sev several rhythms, like nu-disco and soul music music. ― * An event produced with the cooperation op of the state government of Minas Gerais.


― O Gri ri o 71 rivo



― 75 DJ M Mary a Za Z Zander der


Multi Mu Mul M ulti . u Especial Es Esp E spe sp ecia ec eci c cia ciia ia . 2012 201 20 2 0 2

HA Ce

Numa parceria inédita dos projetos Happenings@Panora Happenings@Panorama@Multiplicidade, ocupou-se quase que por completo o Centro de Artes Hé Hélio Oiticica, através de instalações audiovisuais,, fotografia e outras performances performan com foco em arte, música, poesia e tecnologia. nol

EX & Alex Bradley ey (ING) / 'Still_Movil'l Manuel Vason so (ITA) / 'Conta-Gotas' ota ' O Grivo (BRA) BRA ― 09 No

Miguel Ortiz

– programação, sensores e pprojeções /

programming, g, s sensors and projections

www.miguel-ortiz.com gu

Helen elen Cole e Alex Bradley passaram uma semana no Rio de Janeiro e editando depoimentos entos de voluntários dentro do Teatro Café no Leblon, que abriam seus corações através d de narrativas de contadas de acordo com o apagar e acend acender de bulbos de luz. O a dupla era a capturar esses depoimentos profundos das pessoas e stalação o "We See Fireworks" no Brasil Brasil.

'W He Ale Aud

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Still_Movil till_ Manuel Vason Ma

Concepção vvisual e fotografia /

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w ww.ogrivo.com www

PERFORMANCE – Conta-Gotas C O Grivo (BRA) ― 09 de novembro ve de 2012 November mb 09thh, 2012 Marcos os Moreira – criação e performance orm / creation ati and performance

Nelson Soares – criação e pe Ne performance / creation and performance

PERFORMANCE CE – SARC (Sonic Arts ts Research Centre entre – Belfast/ Irlanda d do Norte) com om Miguel Ortiz (MEX) X) + Marco Donnarumma ar (ITA) + Anna aW Weilsling (EUA)* UA) ― 15 de novembro de e 2012 th h November 15 , 20 Nove Novem 2012

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w www.sa rc.qub.ac.uk uk

A abertura do evento se deu no dia 09, com uma instalação audiovisua audiovisual do casal de ingleses ese Helen Cole & Alex Bradley adl , junto com a exposição o fo fotográfica do italiano o Manuel Vason e a instalação sonora d'O Grivo chamada "B "Buretas".

16 de novembro de 2012 November 16thh, 2012 201 - performance for corporal / body performance for

sa.blogspot.com.br .bl ro - performance musical / m music performance m

ANCE – Siri (BRA) BR / Chelpa Ferro sto Fawcett tt + Laufer s Efêmeros ero (BRA)

― 17 de novembro bro de 2012 November 17th, 2012

Siri - percussões, ssões, instrumentos de sopro, overdubs, gramofones nes / Percussion, wind instrument,t, ooverdubs, gramofones www.siri.etc.br iri

Chelpa Ferro Ch J Jorge Barrão – música / mu music (Ruim, Korg MS2000R, double Atari punk console, sole gera + Sherman, baixo / bass ba ) Luiz Zerbini – música ca / music (Guitarrinha, guitarra rra / electric guitar, charutinho, sa sampler, radio) Sérgio Meklerr – música / music (guitarra elét elétrica/ electric guitar, charutinho, tin sampler, radio) Berna Ceppas ep – técnico de som / sound oun technician www.chelpaferro.com.br ch

o do Hélio Oiticica, uma estrutura em box truss totalmente es escura foi ontando dessa vez com mais de 20 lâmpadas que reprod reproduziam esses tos, acendendo de acordo do com a história narrada no m momento. Ao epoimentos foram capturados apturados e reencenados de a acordo com as

Manuel Vason é um m fotografo italiano cujo traba trabalho "Still_Movil" envolve o registro da dança através través de captura de imagens, e foi exposto no Happening Happenings através de fotografi rafias e videoinstalações. Enquanto que videos e projeções projeçõe ocupavam o térreo érreo ao lado do "We See Fireworks", seus 40 quadros des dessa série estavam expostos xpostos no segundo andar, com posicionamento cuidados cuidadosamente selecionado nad pelo artista. O Grivo trouxe a instalação o "Conta-Gotas" pela primeira vez ao Rio de Janeiro. Esse trabalho era composto por 16 buretas quím químicas posicionadas estrategicamente em cima ma de pequenos aquários, ond onde cada um desses objetos pingava água em velocidade diferente. Ao a atingir o vidro posicionado abaixo, a gota acertava rtava um sensor que gerava um input eletrônico e amplificava ca o barulho. Ainda a no dia 09, a dupla realizou uma performance de 40 minuto minutos junto à instalação, ação, utilizando sintetizadores e instrumentos eletrônicos. Na semana seguinte, foi a vez de três dias consecutivos de pe performances. No primeiro, 15 de Abril, os músicos/pesquisadores do SARC M Miguel Ortiz, Anna Weisling e Marco Donnarumma se apresentaram no palco, e em uma performance de arte, tecnologia e biomús biomúsica. Miguel Ortiz é um m pesquisador, doutor, compo compositor e artista sonoro mexicano baseado o em Belfast e envolvido em u uma série de atividades relacionadas à música moderna e à arte sonora experimental. Seu trabalh trabalho envolve desde de instrumentos acústicos tradicionais, como violoncelo e trompete, até improvisação ovisação com laptops e sensor sensores corpóreos.

Fausto Fawcett + Ca Carlos Laufer & Os Robôs Efêmeros me

Anna Weisling é uma artista An ta visual norte-americana cujo trabalho permeia as artes sônicas, com pesquisa de mestrado em novas áre áreas e plataformas de interatividade audiovisual e novas mídias.

Fausto Fawcett - vocal ca / vocal Carlos Laufer - baixo aix / bass Caio Fonseca - tteclado / keyboard Billy Brandão ão - guitarra / electric guitar https://twitter.com/FaustoFawcett itte

Marco Donnarumma um é músico, mestre, pesquisador squisador e programador, além de criador do Xth h Sense. Esse conjunto de sensores capta os batimentos cardíacos e fluxo sanguíneo do usuário para gerar posteriormente intervenções interv sonoras amplifi mplificadas através de peças audiovisuais. a

An unprecedented ed partnership between the projects sH Happenings@Panorama@ Multiplicidade da occupied almost the entire Hélio Oiticica Arts Center through audiovis audiovisual installations, tall photography, and other performances focusing on the arts, m music, poetry, and technology. The event opening took ok place on November 9, with an audiovisual dio installation by the English couple eH Helen Cole & Alex Bradley, y along with th a photographic exhibition by Italian photographer ogr Manuel Vason and a sound installation lla by O Grivo called Buretas [Burettes].]. Helen Cole and Alex Bradley spent a week in Rio de Janeiro capturing and editing testimonials by volunteers inside e tthe Café Pequeno Theatre in Leblon. The These volunteers would open up their hearts s tthrough memorial narratives told in synchronicity hro with the turning off and on of light bulbs. ulb The purpose of the couple was to capture ptu these deep personal testimonials, recreating ecr the installation We See Fireworks rks in Brazil. Inside side the Hélio Oiticica Cultural Center, an absolutely solutely dark truss box structure was er erected, this time having over 20 light bulbs tha that would reproduce these testimonials and db be turned on according to the story being ng n narrated at the moment. In all, 30 testimonials nial were captured and reenacted in sync with the lights. Manuel Vason on is an Italian photographer whose work Still_Movil till_ – which involves dance documentation um through the capture of images s – was exhibited at Happenings through gh photographs and video-installatio video-installations. While hile videos and projections occupied the ground floor along with We See Firew Fireworks, the artist’s 40-picture series was displayed isp on the second floor, the position off th the photographs having been carefully selected ect by the artist. O Grivo brought ht tthe installation ContaGotas for the firstt time ti to Rio de Janeiro. This work consisted sis of 16 chemical burettes strategicallyy p positioned on top of small aquariums, ms, where each one of these objects dripped ed water at a different speed. As they reached ached the glass below, the drops hit a sensor that generated an electronic input and amplified the noise. Also on the e9 9th, the duo carried out a 40 minute performance form next to the installation, using syn synthesizers and electronic instruments.. The following gw week, there were three consecutive per performance days. On the first one, April 15, 5, SARC musicians/researchers Miguel Ort Ortiz, Anna Weisling and Marco Donnarumma arumma performed a piece that invo involved art, t, te technology, and biomusic. Miguel Ortiz is a Mexican res researcher, doctor, composer and sound da artist who lives in Belfast and is involved lve in a series of activities related to mo modern music and experimental sound d ar art. His work involves from traditional acoustic tic instruments like the he cello and the trumpet pet to improvisation with h laptops and body sensors. en

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Multi . Especial ciia . cia 2012 ng g is an American visual artist meates ate the sound arts, with ch in new interactivity areas well as new media.

Esses es três artistas possuem uma trajetória desenvolvida dent dentro ou colaborando bo junto ao Sonic Arts sR Research Centre (SARC (SARC), lab laboratório boratório sonoro de e Belfast, que lida com pesquisas focadas em novas form formas de performance e forma p rcepção sonora. O laboratório pe atório baseia-se em um conce conceito interdisciplinar ao rea alizar produções artísticas ticas no campo da música eletroacústica, performances transmídias nsmídias e instalações, ç ções, bem como p pesquisa q de e ttecnologia de áudio e atividades educativas. va Apresentado ado no dia 15 de novembro de dentro do projeto HAPPENINGS@ ING PANORAMA@MULTIPLICIDADE ANORAMA@MULTIPLICIDADE ANORAMA@MULT MA@MULTIPLICIDADE 2012, a performance do trio inicio M iniciou iniciou-se ci se com Mig guel Or Ortiz, cujos sensores se ligados ao seu cérebro captavam pe pensamentos, ondas as cerebrais e sinapses para gerar sons. Sentado à frente de um projetor projetor, o artista a recebia uma projeção de seus órgãos internos, tam também captados por e etrodos, que reproduziam ele m ao vivo seus batimentos card cardíacos, respiratórios e outros o movimentos peristálticos, eristálticos, onde o artista era foco único dentro do eri eno orme galpão do Centro en Cultural Hélio Oiticica Oiticica. Dando continuidade tinuidade à apresentação, Anna passou a controlar o sina sinal de víd deo de um projetor posicionado no teto do galpão fazendo com que música gerada a partir de movimentos captados pelos sensores de Marco e Miguel alte erasse se os grafismos criados pela artista.. Todo o movimento do dos dois era mesclado sclado l d com as iinfl fluências ê i visuais i i comandadas d d por A Anna, g gerando d música ú i através ravés és de ruídos que eram dis distribuídos dist pelo ambiente ambiente.

Após uma pequena pausa, foi a vez de Marco Don Donnarumma apresentar su ua pre emiada miada performance ce “Hypo Chrysos”, livremente inspirada no sexto círculo o do o Inferno de Dante, te, onde o poeta encontra os hipócritas andando vestidos com om mantos s dourados ourados cheios de chumbo. Segundo o livro, a cena repres represen representa o ca astigo para a a falsidade escondida atrás d de seu compo comportamento. Usando ando o braço para puxar duas cordas amarradas a blocos de concreto, Marco arco co se esforçava para caminhar ao longo do palco com gra grande esforço. As cordas, de curto alcance, obrigavam-no a dobrar levemente o tronco para a frente, enquanto seus quadris se moviam para trás a fim de manter o equilíbrio de dois blocos de 15kg, g, o que lhe parecia gerar uma e enorme carga de dor e cansaço. O software interativo criado por Marco, o Xth Sense, captava seu fluxo sanguíneo, batimentos cardíacos e contorção muscular, o que criava u uma música extremamente xtremamente intensa, representando tudo que o artista so sofria. O som foi exposto num sistema octofônico, o que oferecia uma performance ainda mais imersiv imersiva. O tom de vermelho e a intensidade do esforço era eram modificados de acordo com a reação o do artista. Completamente ex exausto, Marco finalizou a apresentação após ós 30 minutos de exaustão física, nos quais seu corpo foi o instrumento musical usical presente e fundamental da apresentação.

O SARC RC possui um compromisso com o estudo de novas lingua linguagens musicais, ais, percepções sonoras e influências tanto no público com como no ambiente. Esse e trabalho dos três artistas foi um grande exemplo dessa p premissa, em que o corpo humano passou a produzir som, independentemen independentemente da necessidade de um instrumento. d ―

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* Espetác Espetáculo realizado em m colaboração com o Festival Panorama 2012 e Happenings 2012 em parceria arceria c com o British hC Council.

arumma is a musician, er, and programmer, in the creator of the Xth ensors that picks ks u up the and blood flow in order to plified sound und interventions through audiovisual pieces. es. These three artists tis have developed a trajectory within or in cooperation with the Sonic Arts Research es Centre (SARC)), a

Entrevista Miguel Ortiz w www.miguel-ortiz.com 1 . Você pode explicar ar um pouco das tecnologias usadas na performance e quem as criou? Estamos usando o uma série de tecnologias para este espetáculo. Marco e Anna utilizarão o Xth h Sense – um sensor, desenvolvido pelo próprio Marco, qu que se baseia nas contrações musculares para gerar som. Eu vou usar o Bio BioMuse, criado pelo Ben Knapp. Ele é conectado a uma placa Arduino, que que, em seguida, envia os dados para um computador. Também vamos testar um novo sensor ido por Joel Murphyy e Yuri Gitman. E cada um de n nós desenvolve o ftware para transformar formar esses impulsos em son sons e imagens.

sta Marco co Donnarumma

codonnarumma.com um marcodonnarumma.com/projects/xth-sense onnarumma.com/projects/xthcodonnarumma.com/works/hypo-chrysos/ onnarumma.com/works/hypo-c o acadêmica: BA (com louvor) em New Technologies for th the Arts, com em MSc in Sound Design; n; atualmente é estudante PhD em Arts & ional Technologies no Goldsmiths, University of Lond London, no centro de Goldsmiths Digital St Studios (GDS)]

had sensors connected to his brain that picked cked up thoughts, brain waves and s synapses to generate sounds. Sitting across ffrom a projector, the artist would receive eiv a projection of his internal organs, which hw was also picked up by electrodes that reproduced du his heartbeats, respirations, and other er p peristaltic movements in real time, making g th the artist the only focus inside the huge Cu Cultural Center warehouse. Continuing nuing the performance, Anna went on to control ontrol the video signal of a projector mounted nted on the warehouse ceiling, causi causing the he music generated by the movemen movements picked up by Marco and Miguel’s sensors tto alter the graphisms created by the ar artist. Every movement by the two men wa was mingled with visual influences directed db by Anna, generating music through noises s th that were scattered throughout the environment. viro After a short ho pause, it was Marco Donnarumma’s mm turn to present his award winning gp performance Hypo Chrysos, s a wor work that was freely inspired by the sixth circle in n Dante’s Inferno, where the poet mee meets hypocrites who walk around dresse dressed in golden robes full of lead. According to o th the book, this scene represents the punishment shm for the hypocrisy hidden behind d th their behavior.

Using his arms s tto pull two strings tied to concrete blocks, ck Marco struggled to walk along the stage age with a lot of effort. The short strings forced rce him to bend his trunk slightly forward, d, while his hips projected backwards in order er to keep the balance while he carrie carried two 15kg blocks, which seemed to genera generate a huge amount of pain and fatigue. The Xth Sense, an interactive era software created by Marco, picked ed up his blood flow, heartbeats and m muscular contortions,

1 . Há alguma descoberta rta acadêmica ou científica q que possa ser usada em outras áreas, além da a performance artística em s si? O que acho fascinante nte neste trabalho é a troca constante entre ciência e arte. As tecnologias que usamos vêm originalmente desses estudos científicos, e são modificadas das nos nossos centros de pesquisa para se adequarem a u um propósito artístico. Isso pode ser incrivelmente útil e dá como retorno para ambos os campos pos (científico e artístico) uma ferramenta que, embora não tenha t sido desenvolvida nvolvida para esse propósito específico, pode ser usada em diferentes objetivos. bjet 2 . Você pode nos falar um pouco sobre a performan performance apresentada no palco do Happenings/Multiplicidade? s/Multiplicidade? Embora voc você use um equipamento de alta tecnologia, existe algo de primitivo e tribal na maneira como você se movimenta com om as cordas e as pedras. Sim, isso é recorrente orrente nos meus trabalhos. A tecnologia fica de fundo para pa que o foco esteja na percepção e na experiência física do público dian diante da performance. rmance. O desenvolvimento é rápido e fácil. Eu sou um am amante da performance rmance artística e hoje é raro ver novas tecnologias aplicad aplicadas a esse conceito. nceito. Então achei que havia aí um território a ser explorad explorado junto a novas tecnologias, ciência e som. Um dos desafios foi achar um e equilíbrio entre os vídeos e a minha performance no palco. O visual é dese desenvolvido para apoiar e se integrar, e não ofuscar. car 3 . Seu corpo responde ponde aos estímulos de man maneiras diferentes a cada performance? Há diferenças de um show p para outro? Definitivamente. nte. O corpo é um sistema improvável, então existem muito muitos agentes que ue afetam o seu estado, como a temperatura do ambiente ambiente, fatores de estresse esse internos, alimentação etc. Tenho que estar focado em resistir às contrações trações musculares durante o espetáculo, e, se deixo meu corpo ser afetado por or condições externas, a performance não acontece. Por o outro lado, quando estou ansioso, fico com a circulação sanguínea elevada, o que torna o som mais alto e mais rápido. Como consequência, a música muda totalmente e se torna mais densa, enquanto quanto diferentes texturas vão aparecendo. É aqui que está o ponto mais interessante essante da performance: tenho que estar preparado para controlar não só ó a dor, mas também os sensores e os mecanismos psico psicológicos ativados pelo o esforço contínuo e intenso.

creating music th that was extremely intense and represented nte everything the artist was suffering. The sound was exposed to an octo octophonic system, which resulted in a performa performance that was even more immersive. The shades of red and d tthe intensity of the effort kept changing according cco to the artist’s reaction. Completelyy e exhausted, Marco ended his presentation aft after 30 minutes of physical exhaustion in wh which his body was the primary musical instrument tru in the performance. SARC is committed to studying new musical usical languages, sound perceptions and influences both on the public an and the environment. This work by the thr three artists was a great example of this pre premise, in which the human body was as made to produce sounds independentlyy fro from the need for an instrument.

― *Events produced uc with the cooperation of Festival Panorama ano e Happenings and in partnership rsh with the British Council.

Interview Miguel Ortiz www.miguel-ortiz.com 1 . Could you explain n tthe technologies used in their performance for and who created them? (Concept, pt, software and technical) For this concert cer we are using several types of technology. gy. Marco and Anna are performing with the e Xth Sense. A sound-based sensor to measure muscular contractions desig designed by Marco. I am using the BioMuse, wh which is Ben Knapp's design. This plugs tto an Arduino board before sending g th the data to the computer. We are also testing tin a new pulse sensor designed by Joel el M Murphy and Yuri Gitman. We each design our own software to transform these e iimpulses into sounds and images. Interview ie with Marco Donnarumma http://marcodonnarumma.com p:// http://res.marcodonnarumma.com/pr http://res.marcodonnarumma.com/projects/ xth-sense http://marcodonnarumma.com/works/hypom/ chrysos/ [BA (with Hons) in New wT Technologies for the Arts, a research MSc in So Sound Design, and currently, I'm a PhD student ent in Arts & Computational Technologies es a at Goldsmiths, University of London, researching within the research center Goldsmiths mi Digital Studios (GDS)] 1 . Is there any scientific or academ academic unfolding that could be used in other areas, beyond the artistic performance ma itself? What I find fascinating in thi this field is the continuous flow between en sciences and arts. The technologies we u use originally come from scientific studies, tud and they are modified

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and refined in o our research centers to o fit an ▶


artistic purpose. This ca can be incredibly useful, as it gives back to bo both the scientific and artistic communities niti a tool that, despite being designed for a s specific purpose, can be used for completely ete different goals. For instance, there is s a group of aerospatial scientists wh who are trying to implement the Xth Sense int into an exoskeleton xoskeleton prototype for astronauts. It's an exciting transition. e 2 . Can you tell us a little ab about the development of the performance erf brought to the stage of Happenings/Multiplicidade? pe Although you use eh high-technology equipment, there ere is something primitive and tribal in n th the way you move with the ropes and ds stones. Yes, that's at's a recurrent theme in my works. Technology hnology is left in the background, for the goal is to focus the perception and ph physical experience of the audience memb members on the performer's bodily strain. The e de development was quite straight-forward. d. I a am a performance art passionate, and today ay is fairly rare to see new technologies es deployed in that context. So I felt there he was some fertile ground of investigation stig in bringing together biotechnologies, ogie science, sound and action art. One of the most challenging aspect was to find d an adequate balance between the lilive videos eos and my physical performance. Th The visual imagery is designed to suppor support and integrate with the action on stage, ge, rather than obscure it, by focusing the audience ud gaze onto the screen. 3 . Does your body y re respond to stimuli in different ways dur during each performance? Are there diff ffer erences from one show to another? Definitely. y. The body is a fairly unpredictable system, m, so there are many agents that affe ect its state, such as environmental temper temperature, internal stress factors, diet, etc. I hav have to stay quite focused to resist the strain in d during the action, and if I let my body be e ttoo affected by external conditions, the per performance won't work. For instance, when en I am excited, or anxious, the blood flow flow in the veins increases, so its sound become om louder and its rhythm faster. As a consequence, ons the music changes completely, y, it becomes more dense, harsh, and differe erent textures appear. The most interesting est aspect of the performance lies s in here; in order to perform the wor work meaningfully, I have to be able to co control not only the pain, but also the sen sensory and physiological mechanisms ac activated by the intense and continuous str strain.

Dia 16 foi a vez da coreógraf coreógrafa mineira Thembi Rosa junto nt com o Grivo, com o espetáculo "1331"". Enquanto a artista dançava, se seus movimentos eram capturados através de um m sensor Kinect, que futurame futuramente alteravam a projeção e seus grafismos. No encerramento, me Siri abriu a noite, em uma performance solo, utilizan utilizando instrumentos s junto com gramofones e objetos analógicos diversos. Am Amparado por um pedal edal que gravava as bases, o músico recriou uma verdadeir verdadeira orquestra de um homem só, utilizando overdubs gravados ao vivo de instru instrumentos de sopro ro e percussivos tocados por e ele mesmo. Formado por Luiz Zerbini, bini, Sergio Mekler e Barrão e p pautados em experimentação, ruído e n no barulho, o Chelpa Ferro o ffez um dos shows mais barulhentos do Happenings. penings. Chegando a incríveis 120 decibéis, algumas pessoas da plateia ia pareciam em transe com a parede sonora maciça criada pelo grupo em 1 hora de improviso e composições do seu último disco, o Chelpa Ferro o3 3. Para finalizar finalizar a noite, o poeta pop-un pop-underground Fausto Fawcett ett trouxe seu Favelost, velost, trabalho transmídia com transbordamento em livros e música. Nesse passeio por um planeta apocalíptico e pós-contemporâne pós-contemporâneo, Fausto declamava sua poesia, dilacerando temas emas como consumo, fé, relig religião, conectividade, humanidade nesse mundo nd sombrio. Em um momento ento final, o Chelpa Ferro e Siri se juntaram a Fausto Fawcett e os Robôs Efêmeros, os, num inédito trabalho de improvisação dos três artistas guia guiados pela voz do poeta, ta, encerrando também o Happenings@Panorama@Multiplicid Happenings@Panorama@Multiplicidade 2012.

On November 16 16, the Minas Gerais-born choreographer he Thembi Rosa and O Grivo performed ed 1331”. While the artist danced, her movements ovements were picked up by a kinetic sensor, nsor, which then altered the projection projectio and its graphisms. At the closing night, Sirii opened ne the night with a solo performance, usi using instruments as well as gramophones es a and several analogic objects. Supported by a pedal that recorded the background har harmony, the musician recreated an act actual one-man orchestra, using live recorded ed overdubs of wind and percussion instruments ent played by the artist himself. Formed rmed by Luiz Zerbini, Sergio Mekler and Barrão, and with an emphasis on experimentation, noise, and din, n, C Chelpa Ferro gave one of the noisiest performances for in the entire event. Reaching gu unbelievable 120 decibels, some of the pe people in the audience seemed to have entered ter into a trance with the massive sound nd wall created by the group during the one-hour e-h show that included improvisation ion as well as tracks from their latest album, Che Chelpa Ferro 3. To close the night, underground pop po poet Fausto Fawcett brought his Favelos Favelost, a transmedia work that overflows s in into books and music. In this journey through gh an apocalyptic and post-contemporary wo world, Fausto recited his poetry, ripping to shr shreds themes such as consumption, faith,, re religion, connectivity, and humanity in this sh shadowy world. In a final moment, Chelpa Ferro and Siri joined Fausto Fawcett and Robôs Efêmeros in an unprecedented recedented work of improvisation by the he three artists guided by the poet’s vvoice, also closing the Happenings@Pano Happenings@Panorama@ Multiplicidade 2012.

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― O Grivo



― Miguel O Ortiz Ort + Marco o Do Donna D Donnarumma 86 + Anna W A We eilsling g (SA ((SARC))


― 88 The hemb bi Rosa b

― 89 Chelpa pa Ferro F rro


― S90 iri

― F Fausto o Faw awcett + Carlos Laufe Laufer u r 9 91 &O Os Ro Robôs Rob ob Efêmeros



Multi Mu M ult ulti u lt . 04 0 4. 201 2012 20 012 12

Founded by composer po Claudio Orquestra rqu is a group formed who explore ethnical w azilian roots through virtuoso without sacrificing sensibility, y, yricism, with a repertoire tha that coco, ciranda, repente, e, a and g other typically Brazilian azil d with contemporary rar worldwide

'Tr Pi Ya 22

PianOrquestra stra

www.pianorquestra.com.br es Anne Amberget, erget, Antônio Ziviani, Tatiana Dumas, Marina Spolador Spoladore, Masako T es / prepared rep piano and pe

C

mposição po e regência /

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posição e regência /

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Justin Ya Yang – design e criação visu visual / design and visual creation www.justinyang.me sti

Tomas om Barfod – DJ Set w ww

gr bra de repente, maracatu, entre outros ritmos tipicamente brasileiros mesclados com infl

Pedro Rebelo é pianista e diretor do Sonic Arts Research ea Centre (SARC), centro de pesquisa musical cal fundado pelo músico experi experimental alemão Karlheinz Stockhausen em Belfast, st, na Irlanda do Norte. A ideia da performance formance surgiu a partir de uma um visita de Batman Zavareze ze, curador do Festival stival Multiplicidade, aos laboratórios e centros de estudo do SARC. Diante da visita sita ao Festival Sonorities, parceria viável junto ao British Co Council, foram compreendidas ompreendidas as possibilidades e convergências para um e encontro performático rmático inédito entre os músicos brasileiros e os da Irlanda do Norte.

O PianOrquestra seguiu à risca as famosas bulas de p piano preparado de John Cage, dezenas de parafusos foram posicionadas entre as cordas do piano, e a vista superior já indicava dicava um caminho estético m musical bastante inusitado, desconstruindo a fi figura gura do piano como um instrumento melódico e limitado dentro da linha clássica. Com luvas, baquetas, palhetas de violão, fios de náilon, n sandálias de borracha, correntes de metal, pedaços de madeira, tecido tecidos e plásticos, o grupo passou a executar diversos timbres, vibrações e s sonoridades produzidos dos pelo instrumento de acordo com a regência de Pedro Rebelo e de Claudio dio Dauelsberg. Somado à sua performance como músico músico, Pedro operava ao o vivo um laptop com um software interativo que reprocessava reprocess os sons capturados dos músicos com efeitos que ecoavam imers imersivamente na sala. A apresentação ap fez ez um passeio pelas ideias e p proposições de John Cage e, s suas inte ervenções s no mundo da música, seu legado e pensamentos sobre s som

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Pedro Rebelo is a pianist ian and the director of the Sonic Arts Research ea Centre (SARC), a musical research cen center founded by German experimental musician us Karlheinz Stockhausen in Belfast, Northern orth Ireland. The he idea for the performance originate originated when n Batman Zavareze – curator of the Multiplicidade Festival– visited SARC’ SARC’s laboratories and study centers. Aft After his visit to the Sonorities Festival, he was sa able to envision a viable partnership with the he British Council as well as the possibilities es and convergences of an unprecedented dp performatic encounter between Brazilian an and Northern Irish musicians. As PianOrquestra Or followed John Cage’s famous prepared repared piano table of preparations to a “T,” T,” positioning dozens of screws betw between the piano strings, the upper view pointed to a very unusual aesthetical path, decon deconstructing the figure of the piano as a melodic odi and limited instrument within the cla classic vein. Using gloves, drumsticks, gu guitar plucks, nylon chords, rubber sandals, m metal chains, wooden fragments, cloths, and nd plastic, the group began to achieve severall ti timbres, vibrations and sounds on the in instrument, according to Pedro Rebelo and Claudio Dauelsberg’s conducting. In addition on to his performance as a musician, Pedro operated a laptop with interactive software ftware that re-processed the sounds picked up from the musicians in real time, with effects that echoed throughoutt th the room in an immersive fashion. For 60 minutes, the e performance p embarked on a journey through hJ John Cage’s ideas and propositions, his int interventions in the music world, his legacy cy and his thoughts on sound and silence, during ring which time the group inserted some off the master’s compositions played on the two wo prepared baby grand pianos, along with a few works by Claudio and Pedro, as we well as other artists influenced by Cage, suc such as Arvo Part, Earl Brown, and Gyorgy Ligeti. get

e silêncio em aproximadamente 60 minutos, em que o grupo intercalava nos dois pianos de meia cauda preparados algumas composi composições do mestre, outras próprias de Claudio e de e Pedro, e de outros artistas influenciados por Cage, tais como Arvo Part, Earl Bro Brown e Gyorgy Ligeti. Totalmente inédita foi a apresentação do sistema das partituras criada criadas pelo designer er computacional americano Justin Yang, também resident residente do SARC, cujas as notações de leitura musical eram representadas em tel tela por meio de grafi fismos e interpretadas pelos músicos do PianOrquestra tot totalmente através vés de improvisos, porém com extremo rigor e precisão. C Cada cor e cada andamento ndamento de determinado objeto representado em tela si significavam um movimento de determinado pianista do grupo, mais seco ou mais reverberante. Foram tocadas as famosas “Sonata I” e “Sonata V”, e, para finalizar, uma peça inédita colaborativa, borativa, uma homenagem a Cage que, executada a 16 mã mãos, nos dois pianos os preparados, teve a soma de processadores eletrônicos através do computador ador de Pedro. O encerramento do espetáculo projetou im imagens originais do próprio Cage, que, de própria voz, pausadamente prega pregava uma profunda nda reflexão do silêncio inexistente e consequentemente a percepção da nova va música experimental gerando um estado de suspensão suspensão. Homenagear a importância tância e o papel de John Cage para a história da música e do Multiplicidade ida não foi uma tarefa fácil, il, fforam meses de ensaios e lapidações minuciosas ciosas e virtuosas, mas essa de delicada apresentação mostrou que o autor utor está cada vez mais presente na música contemporân contemporânea, ultrapassando o o aspecto sonoro. Cage é fundamental não só para ente entender a pesquisa musical contemporânea, mas seu pensamento sobre o si silêncio, o som e o barulho continua sendo de vanguarda até hoje, 100 anos após seu nascimento. m

had the participation pat of electronic processors through Pedro’s ro’ computer. The performance closed with th the projection of original images o of Cage himself, who, in his own voice, unhurri unhurriedly preached ached a deep reflection on the inexistence inexis of silence, and, consequently, the per perception of the new experimental music gen generating a state of suspension. Paying tribute to John ohn Cage’s importance and his role in music history his as well as the Festival Multiplicidade dad was not an easy task: it took months of rehearsals and detailed and virtuous refinin ning, but this delicate performance showed that ha the author has become increasingly singly present in the contemporary music, m surpassing passing the sound aspect. Cage is essential es not only to the understanding of conte contemporary musical research, but his thoughts hts on silence, sound, and noise remain avant-garde nt-g to this day, 100 years after his birth. rth. The difficult taskk o of entertaining a public that had just come e out o of the experimentalism of the performance an to join the closing party was entrusted to o To Tomas Barfod, a Danish DJ and drummerr of the WhoMadeWho band. In one o of the most ost sought after post-performances of o the Multiplicidade ultiplicidade Festival, Tomas got the Oi Futuro visitors to dance, stirring them with in indie rock and European house. ― *Event produced in partnership ip with the British Council. **DJ Performance produced ed in partnership with the Danish Institute.

A difícil tarefa de entreter er um público que saía da expe experimentalidade da performance para a festa a de encerramento ficou para Tomas Barfod, DJ dinamarquês e baterista sta da banda WhoMadeWho. E Em um dos dias mais concorridos pós-espetáculo espetáculo do Festival Multiplic Multiplicidade, Tomas colocou o público do Oi Futuro uturo para dançar, embalado por temas de indie rock e hou house europeu. ― * Espetáculo etáculo realizado em parceria com o British Council ** Performance do DJ realizada em parceria com o Instituto Dinamarquês

Entirely unprecedented ted was the introduction of the music usic score system created by American an computer designer Justin Yang, another SARC AR resident, whose musical reading notations ion were represented on a screen by graphisms and then interpreted by the PianOrquestra nOrquestra musicians solely through improvisations, ovisations, albeit with extreme rigor a and precision. rec The famous Sonata I and So Sonata V were played, and, in conclusion, sio a brand new collaborative piece, a tribute but to Cage which, played by 16 hands on n ttwo prepared pianos,

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― PianOrqu ques uestr estra + 96 Pedro edro o Rebelo Re R / Justin Yang g (SARC)


Multi M Mult Mu Mul ult . 04 . 04 201 2012 01

* Published on Segundo do Caderno, O Globo 1/2012. /20 ser, who would have turned er, declared in 1927, “Latin nd of the future.”

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would have turned 10 100 on of last year. He died ied a decade

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O compositor, or, que teria completado 100 anos em setembro, sentencio sentenciou em 1927: "A América rica Latina é a terra do futuro" passado. do Morreu há

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adicais que ele nos lançava. Vivienne Westwood (da camiseta do Assange) certa vez declarou: “Um mundo sem Malcolm McLaren seria como um mundo sem Brasil”. Acrescento: o: um mundo sem o Brasil (que eu quero) seria como um mundo sem John Cage. ag Então (eu quero) John Cage está vivo. Sério: muita coisa que ele profetizou zo há quase um século, e parecia loucura, já é nosso cotidiano. Ou quase.

Em 1927, aos 15 anos, Cage ganhou prêmio em concurso de oratória. Seu discurso curso no Hollywood Bowl, representando a Los Angeles Hig High School, se intitulava ntitulava “Outros povos pensam” e continha profecia bomb bombástica (pré-Zweig): “A América Latina é a terra do futuro”. Termina usando o termo “americanos” para A se referir a latinos e anglo-saxões juntos, uma união que ensinará ao mundo “a ciê

empréstimos dos bancos americanos para a Bolívia. Aprovava o uso do poder militar do Tio Sam para defender a Venezuela da Alemanha ou Cuba da Espanha. O Norte poderia ensinar autogoverno, soberania para o Sul. Lembro: era texto de adolescente. olescente. Mesmo assim continha toques geniais. Surpre Surpreende especialmente o parágrafo que pede para os Estados Unidos calarem a b boca, deixarem de produzir qualquer som: “Nós Nós deveríamos ficar quietos e silenciosos, e teríamos a oportunidade de aprender nder que outros povos pensam pensam”. Talvez tenha sido a primeira vez em que Cage anunciou a importância d do silêncio. Como o vai nos ensinar depois, em inúmeras obras (incluindo o lilivro “Silêncio”), silêncio não é ausência de sons. Em entrevista de 1966, ttudo fica claro: “Silêncio Silêncio é todo som produzido sem a nossa intenção. Não h há algo como silêncio cio absoluto. Portanto o silêncio pode muito bem incluir ba barulhos, e o volume olume aumentará no decorrer do século XX. O som dos jato jatos, das sirenes etc. Por exemplo, agora, se ouvíssemos os sons vindos d da casa ao lado, e não estivéssemos falando do nada, diríamos que isso ser seria parte do silêncio, não diríamos?” Ficar em silêncio êncio nos faz ouvir o barulho do mundo como música. Com Cage, nossos s ouvidos mudaram definitivamente. E o campo musical se ampliou ao infinito,, a ao acaso.

O texto mais influente de Cage foi escrito dez anos depois do discurso do Hollywood Bowl. Chama-se “O futuro da música: credo”. Começa Co com a seguinte profissão de fé, hoje realidade banal: “Acredito que o uso do barulho para fazer música vai continuar e aumentar até que cheguemos à música produzida com a ajuda d de instrumentos ntos elétricos”. Repare bem: era 1937, as guitarras elétricas e eram invvenções nerds, não havia ainda sintetizadores. Cage estava fascinad fascinado

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The world has become me much more predictable without the he radical challenges he posed. Vivienne Wes Westwood (from Assange’s T-shirt) once said, id, “A world without Malcolm McLaren would uld be like a world without Brazil.” To which I ad add, “A world without the Brazil (I want) would be like a world without John Ca Cage.” Therefore refore (I want) John Cage is alive. Ser Seriously: many of the things he prophesied alm almost a century ago, which seemed like ma madness, are already part of our daily lives. Or almost. In 1927, at age 15, Ca Cage won a prize in an oratory contest. His award-winning speech at the Hollywood Bo Bowl, representing the Los Angeles High Sch School, was entitled “Other people think” k” a and contained an explosive (pre-Zweig) ig) prophecy: “Latin America is the land off the future.” He concluded his speec speech by using the term “Americans” to refer to Latin and Anglo-Saxons together, a union tthat shall teach the world “the science of ap appreciating, respecting, and sympathizing gw with others.” He wasn’t entirely naï naïve. The attacked the occupation of Nicaragua ica and the loans by American banks ks to Bolivia. The approved the use of Uncle le Sam’s military power to defend Venezuela ezuela from Germany or Cuba from Spain. The he North could teach the South selfgovernance nance and sovereignty too. I remind you: this s was a teenager’s text. Even so, it ha had some brilliant touches. One of the most am amazing paragraphs is one in which he ask asks the United States to shut up, to stop producing od any sound: “By being hushed an and silent, he said, ‘we should have the opportunity ppo to hear what other people think.’” That may ha have been the first time Cage announced d th the importance of silence. As he would teach ach us later in several of his works (including ding the book Silence), silence is not the e absence of sounds. In a 1966 inter interview, everything becomes clear: “Silence is all of the sound we don't intend. There is sn no such thing as absolute silence. Therefore ore silence may very well include sounds an and more and more in the twentieth century ry does. The sound of jet planes, of sirens, ett ce cetera. For instance now, if we heard sounds ds coming from the house next door, and dw we weren't saying anything for the moment, nt, we would say that was part of the silence, wo wouldn't we?” Being silent makes us hear the wo world’s noise as music. With Cage, our ears have definitively changed. And the mu musical field has been stretched to infinity, to oc chance. Cage’s most significant text was sw written 10 years after the Hollywood Bow Bowl speech. It is entitled

pelo elo “som de um caminhão a 50 milhas por hora” ou pela “es “estática entre estações”. Não queria usar esses sons como efeitos, e sim como instrumentos musicais. Conseguiu. Fezz mix sonoro em 1952 ou obra com agulhas de discos em 1962, algo que no o “futuro” virou rotina dos DJs de hip-hop, techno, house até “Gangnam style”. Como perguntou erguntou o crítico Peter Yates: Cage “é uma inteligências mai mais decisivas de nosso século criativo, uma mente tão não convencional que logo sua própria ópria não convenção deverá ser a convenção?” A resposta é sim, há bastante tante tempo. Exemplo dado pela historiadora da arte Barbar Barbara Rose: “Para traçar raçar a genealogia da arte pop, é preciso conhecer a atmos atmosfera na qual ela nasceu. Essa atmosfera foi gerada principalmente pelo co compositor John Cage, cujos ensaios e palestras as têm sido instrumentais para formar a sensibilidade de alguns dos mais importantes ortantes compositores, coreógrafos, pintores e escultores jovens trabalhando oh hoje.” Cage não ão desperdiçou seu tempo no mundo. Ele não trabalhava co com a negatividade, dade, com a reclamação. (Mesmo pensadores interessantes ― como Nicolas as Bourriaud ― que tentam se distanciar dos clichês do discurso disc da “dimensão mensão crítica”, acabam elogiando os artistas que “resistem “resistem” ou “confrontam”.) Seguindo Charles Ives, arte “útil” é aquela que fortalece (inc (inclusive fisicamente) as pessoas, tornando-as capazes pazes de perceber mais do que perceberam até agora. Minha coluna também mbém tem missão positiva, de fortalecer gente que abre as portas da nossa sa percepção, principalmente quem tem pouco espaço nos jornais. Mesmo o falar de Cage é desvio de rota. Com causa nobre: todo es este texto é para fazerr propaganda do Festival Multiplicidade, que na próxima qui quinta-feira apresentará ntará sonatas de Cage tocadas pelos pianos preparados da PianOrquestra, do Rio, o, em parceria com Pedro Rebelo e Justin Yang, do Centro d de Pesquisa em Artes te Sonoras, de Belfast. ―

“The Future of Mu Music: Credo.” It starts with the following profession ofe of faith, which nowadays is a triviall reality: “I believe that the use of nois noise to make ke music will continue and increase u until we reach a music produced through the aid of electrical instruments.” Notice: this was in 1937, when electric guitars were re tthe invention of nerds and there were no synthesizers. yn Cage was fascinated by the “sound un of a truck at 50 m.p.h.” or the “static cb between the [radio] stations.” He did not w want to use these sounds as effects, but as m musical instruments. And he managed to od do it. He made a sound mix in 1952 and dw worked with turntable needles in 1962, something that in the “future” would become me routine for DJs playing hip-hop, techno, chno, house, and even “Gangnam sty style.” As critic Peter Yates asks, “Is Cage one of the most decisive intelligences ces in our creative century, a mind so unconventional ve that soon his own non-convention on will become the convention?” The answer ns is yes, and this has been true for a long ong time now. An example given by art historian isto Barbara Rose was, “In order to trace ace the genealogy of pop art, we need to know the atmosphere in which it was born. This atmosphere was generated ma mainly byy composer John Cage, whose rehea rehearsals and lectures have been instrumenta instrumental in forming the sensibility of some of the mo most important young composers, choreographers, gra painters, and sculptors working today.” da Cage did not waste was his time in the world. He did not work with h negativity, n with complaining. (Even interesting ting thinkers―like Nicolas Bourriaud―, ―, who try to distance themselves from the ec clichés of the “critical dimension” discourse, ourse, end up praising artists who “res “resist” orr “confront.”) As Charles Ives said, an art a that is “useful” is that which strengthens people (including physically), enabling them the to perceive more that they have perceived ved until now. My column also has as a positive mission, to strengthen people wh who open the doors of our perception, especially eci those who have little space in the new newspapers. Even speaking of Cage is a rou route diversion. But it’s for a noble cause: thi this whole text aims to promote the Multiplicidade tiplicidade Festival, which next Thursday Thursda will show Cage’s sonatas played on pre prepared pianos by PianOrquestra, from Rio d de Janeiro, in partnership with Pedro Rebelo an and Justin Yang, from the Sound Arts Research rch Center, in Belfast. ―




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― 10 07 Tomas s Barfod Barfod d


Mult Multi M Mu ultt . u 05 . 05 20 201 2012 2 01 012

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projections, creations, an and live VJ

Matthias Kispert rt – composição e produção os sonora. DJ set / composition and ds sound production. DJ set

www.dfuse.com c

ado oe em Londres q uestões sociais e ue a aulkner junto a outros artistas interdisciplinares, o grupo explora seus trabalhos através de diversas m tografias e instalações õe a

Amplamente reconhecido como um dos pioneiros da cultura do vídeo-jockey, ckey, ou VJ, Mike editou o livro “VJ: Audiovisual Art + VJ Cu Culture”, estabelecendo elecendo uma visão ampla do movimento no sentido de es estudá-lo. Esse novo vo tipo de performances passou a utilizar a carga visual com como objeto principal e não mais como material de a apoio à música.

pro ca ou cr do duo, variando de formas, cores e elementos gráficos sincronizados com as ba

A música dialogava com m os vídeos da apresentação, rreagindo naturalmente com as formas abstratas s desenhadas por Mike. Contan Contando com o produtor sonoro e compositor au austríaco Matthias Kispert como responsável pelo áudio criado ao vivo para a apresentação, a trilha tinha enorme influência do club e do techno, ritmos os que marcaram o final dos anos 80 e o início dos anos 90 em Londres. Com m batidas cadenciadas e sobreposição de camadas sonor sonoras, a dupla criava va uma viagem ao espírito do início do movimento audiovis audiovisual inglês. A participação do D-Fuse foi além de somente a performan performance no teatro do o Oi Futuro, passando a uma ocupação do centro cultural c como um todo. Do lado de fora do teatro, ainda no sétimo nível, estava e exposto o trabalho “Pathways:Kings Cross”, ”, e, no primeiro andar, Matthias Kispert comandou a festa de encerramento to do dia em um clima mais descontraído e dançante para mais de cem pessoas soa presentes. O D-Fuse, e, numa residência artística em colaboração com o Festiva Festival Multiplicidade, dade, ainda aproveitou a passagem pelo Rio de Janeiro pa para capturar entrevistas istas e depoimentos para o seu projeto "Taxi" durante quat quatro dias. Essa série ie de entrevistas com motoristas visa criar uma comparaçã comparação estética e antropológica entre os profissionais de diversas metrópole metrópoles mundiais, gerando um filme e videoinstalações es em diversos formatos a ser apresentados como exposições ou performances. man ―

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* Espetáculo re realizado do em parceria com o British Council Council.

D-Fuse is a group po of audiovisual ondon ndo who use emergent ogies to explore social og al issues. Founded in the ke Faulknerr and other artists, the group explores s gh several media, such ha as perimental documentaries, en d architectonic aud audiovisual

Broadly recognized as one of the pioneers of the video-jockey culture, ult or VJ, Mike edited the book VJ: Audiovisual ovis Art + VJ Culture, establishing a wid wide view of the movement in the sense of studying it. This new kind of performances nces began to use the visual aspect as the main object, no longer a mere suppo support material eri to the music. The performance Tekton introduced tro a new holograph technology created rea by two fabrics carefully aligned in a p parallel fashion, each with an independent ent projector, working simultaneously with on one another, generating the image content. t. W When superimposed, the images created d a tridimensional optical illusion, animated according cco to the duo’s conducting, varying shapes, hapes, colors and graphic elements in synchronism ron with the electronic beats. The music dialogues with the performance pe videos, naturally reacting to the ab abstract shapes drawn by Mike. With Aus Austrian sound producer and composer Ma Matthias Kispert being the one responsible ible for the live audio recording created for or tthe performance, the soundtrack was hea heavily influenced by club music and techno, hn rhythms that marked the end of the 198 1980s and the beginning of the 1990s in London. With cadenced beats and superimposed imposed sound layers, the duo led u us on a journey ourney to the spirit of the beginning o of the British audiovisual movement. Bri The participation of D-Fuse use went beyond the performance at the Oi Fu Futuro theatre, as they ended up occupying ng the cultural center as a whole. Outside the theatre, on the seventh floor, the work Pathways: ath Kings Cross was in display, and, on n tthe first floor, Matthias Kispert directed the ec closing party of the day, creating a more spontaneous and dancing atmospher atmosphere for the e more than 100 people who were pre present. As part of an artistic residency cy in cooperation with the Multiplicidade dad Festival, D-Fuse made good use of their he four-day stay in Rio de Janeiro by rec recording a few interviews and testimonials oni for their project Taxi.i This series of int interviews with drivers aims to create an aesthetic the and anthropological comparison bet between professionals from several metropolises etro worldwide, generating a movie an and several videoinstallations in different rent formats to be shown as exhibitio exhibitions or performances. erf ― *Event produced in partnership with h th the British Council.

― D-Fuse

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TC:00:02:13 02

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TC:00:08:15 C:

TC:00:13:22 3:

TC:00:19:05

TC:00:24:09 C:0

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TC:02:44:20

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TC:03:12:04 2:0


― Matt tt tthias Kispertt115 Kis



Multi Mu M u . 06 . 06 2012 20 2 201 01 0 12 12

Six years after his s la last performance at was as Tom Ze’s turn to close stival, as if closing a cycle that st ant year of 2006.

To W 06 To

Tom Zé - voz, violão o / voice, acoustic guitar Jarbas Mariz - voz, bandolim, percussão, viola de 12 cordas / voice, mandolin, dol

he was touring with his Tropicália, Lixo Lógico o l garbage], Tom Zé n hold to give a sin single he Multiplicidade dad Festival, rent repertoire rto (although still based on the new album) m) a and a scenography that was especially created rea for the show by SuperUber’s digital al a artists.

percussion, 12 str string guitar

Lia Bernardes d – voz / voice C D F R N w

oduction

S

R echnology direction ire Liana Brazil azi – criação e direção de arte rte / creation and art direction Renata aP Pittigliani – coordenadora ad de arquitetura / architecture coordination oo Gabriela bri Costa de Castro – arquiteta qu / architect Carlos de Oliveira programador Ca a e VJ / d VJ Lil Ro Cr Ma Ni ww

W

Pedro d Bernardes MPC, sintetizadores et e voz / MPC, synthesizers, s and voice www.vimeo.com/wladimirgasp www.vimeo.com/wladimirgasper

Seis anos depois da última tima apresentação no Multiplic Multiplicidade, era a vez de o grande Tom Zé fechar har o ano no festival, como se um ciclo se fechasse desde o longínquo ano de e2 2006. Apesar de estar atualmente em turnê com o incrível disco “Tropicália Lixo Lógico”,, Tom Zé pôs um freio em tudo para fazer uma apresentaçã apresentação única no Festival val Multiplicidade, com um repertório completamente difer diferente (mas ainda assim ssim baseado no novo álbum) e com uma cenografia criada especialmente para o show pelos artistas dig digitais da SuperUber. O cenário era composto sto por dezenas de fitas branca brancas justapostas e digitalmente mapeadas, adas, numa escultura cenográfica situada acima da cabeça dos músicos da banda. Conforme as músicas iam mudando, as projeções criadas pela SuperUber se constituíam em novos grafismos ou com trechos tre de canções de eT Tom Zé. Tudo o que Tom Zé não parece querer ser é um artista convencio convencional, que segue padrões: adrões: trancafiado em uma caixa dentro de uma caixa e co com um repertório fechado que vai de A a Z. Sua presença de palco é imprev imprevisível, como se fosse um semiconhecido colega ega que te conta histórias impr improvisadas e se diverte com om elas. No N auge dos os 76 anos, ele parece entender que o público o quer ver não apenas como músico, mas como uma espécie de oráculo de poesia e pensamentos pensamento ensamento transversais ransversais do senso comum.

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The scenery ne was composed of dozens of juxtaposed d and digitally mapped white ribbons ribbons, in a scenographic enographic sculpture situated above the band d musicians’ heads. As the songs ch changed, the he projections created by SuperUber became new graphisms or went along with excerpts of Tom Zé’s songs. Everything Tom Zé ap appears not to want is to be a conventional al artist, someone who follows patterns: locked oc inside a box within a box and with a c closed repertoire that goes from A to Z. His presence on the stage is unpredictable, tab as if he were a barely known acquaintance intance who tells you improvised sto stories and d has fun with them. At the peak of his 76 years, he seems to understand that tthe public wants him not only as a musician, n, but as a sort of oracle of poetry and com common sense, transversal thoughts. Tom Zé takes us so on a journey through the Brazilian music, ic, particularly the Tropicália movement. He e re recites poetry, sings, extols Lusophony, in interrupts thoughts, tells stories, and plays sw with his band. He is a madman, a genius, ius, a concretist, a romantic, he pays tributes, butes, and finally, he understands his role as am musical deconstructor. Even so, he not only plays ys with words, but also with technology: a s small box built by SuperUber was directly ctl connected to the projections by a Wi-Fi -Fi system and interactive software. This instrument-toy str gave Tom Zé the visual command nd of the projections, turning him into an excited ite 76 year old child beside the device, making multiple combinations during the musicians’ us solos.

Tom Zé apresenta um passeio pela música brasileira, em especial pelo movimento da Tropicália.. Declama poesia, canta, exalta a lusofonia, interrompe pensamentos, conta história, brinca com sua banda banda. É louco, é gênio, é concretista, é romântico, ântico, presta homenagens, enfim, entende seu papel de desconstrutor mu musical. Ainda assim, im, brinca não só com palavras, mas também com a tecno tecnologia: uma pequena na caixa construída pela SuperUber estava conectada dire diretamente às projeções eções por um sistema wi-fi e softwares interativos. Esse instrumentoin brinquedo rinquedo dava a Tom Zé o comando visual das projeções, que se empolgava como uma criança de 76 anos junto ao dispositivo, fazen fazendo múltiplas combinações nos solos sd dos instrumentistas.

After the bea beautiful performance, and to part with the e 8th edition in high style, the party continued do on the first floor with Wladimir Gasper er―alter r―alter ego of musician and compo composer Pedro dro Bernardes―until it was closing tim time at Oi Futuro Cultural Center. Synthesizers, MPCs, and d vvocoders are essential elements in the art artist’s music, which is heavily influenced byy the th Funk Carioca and Miami Bass styles. es Behind the artist’s paraphernalia (a mix mixing console, multi-effects, synthesizers, and a few other sound gadgets), a potent bass ss sound mixed the beats, creating a unique experience to celebrate the end of the 2012 01 season. ―

O artista/ compositor/ sitor/ convidado ainda encontra tempo para homenagear figuras que lhe foram inspiradoras, como o recém-falecido Décio Pignata Pignatari, os irmãos Augusto usto e Haroldo de Campos e o diretor de teatro Zé Celso. A Acima de tudo, Tom m Zé assume o papel que lhe é justo: o de figura central do panteão dos mestres es da Tropicália. A SuperUber abusou de cores e formas geométricas anim animadas que, projetadas na escultura cenográfica, davam uma percepção destac destacadamente volumétrica, já que a intenção era explorar xplorar ao máximo a profundid profundidade do palco de quase cinco metros com o suporte de fitas que cobriam da boca de cena ao fundo d do palco. Após a belíssima íssima apresentação e para dar adeus à 8ª temporada em alto nível, a festa se estendeu pelo primeiro andar até o Centro Cultural Oi Fu Futuro fechar com Wl Wladimir Gasper, alter ego do músico e compositor Pedr Pedro Bernardes. Sintetizadores, MPCs e vocoders são elementos primordi primordiais na música do artista, com influências pesadas do funk carioca e do M Miami Bass. Por detrás de uma parafernália de e mesa de som, multiefeitos, sintetizadores e mais alguns outros instrumentos os sonoros, uma potente sonoridade de graves misturava seus beats numa ma experiência singular para celebrar o fim da temporada 2012. 20 ―

The guest artist/composer finds time to pay tribute to people who inspired ire him, like the late Décio Pignatari, brothers the Augusto and Haroldo de Campos, and d th theatre director Zé Celso. Above all, Tom Zé takes on a role that is rightfully his: thatt of a central figure in the pantheon of Tropicália pic masters. SuperUber rUb lavishly used colors and animated ed geometrical shapes, which, projec projected on the he scenographic sculpture, created a remarkably markably volumetric perception, sinc since the idea was to explore the depth of the almost 5-meter stage as much as possible ssi with the ribbon support that covered da all the way from the front to the rear of the he s stage.

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― Tom om Zé + SuperUber





M Multi Mu . 0 . 06 20 2012 2

TROPICÁLIA, LIXO LÓGICO ÓG

Zé s new album release.

TR PICÁLIA LIXO LÓGICO (por Fra Fragmento do release do novo

Qu o foi para o fabricante do CD, recebemos um aviso de que havia muitos “erros” e ““defeitos” no disco: Toques de celular ula no final 02- Fx termina ina abruptamente / Ruídos de boca 0 ermina abruptamente / Ruídos n 0 x termina abruptamente / Ruído 0 - Fx termina abruptamente / Vo 0 06- Fx termina com corte no fa 0 0 am 09- Fx termina abruptamente uptamente / Toca e para 3 veze vezes / Vozes no final 1 no 1 a abruptamente / Instrumento 12- Fx termina mi abruptamente 13- barulhos ulhos de boca / Estalo em 0:36 14- Fx Fx termina abruptamente / Índio Índios no fim 15- Fx 5- Fx termina abruptamente / 16 1 Fa *L bit

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he masterr copy went to the CD manumanu urer, we were e told that there were many ma rro ws” in the album:

at the end ptly / Mouth th noises 03- Fx ends abruptly / Noises ois at the end 04- Fx ends abruptly / N Noises at the end 05- Fx ends abruptly tly / Voices at the end 06- Fx ends with h a cut during fade out. 07- Laughter er a at the end 08- Fx ends ds abruptly / Whistles at the end 09- Fx ends abruptly / Plays and stops 3 tim times / Voices ce at the end 100- Instrument at the end 11- Fx ends abruptly / Instrument a at the end 12- Fx ends abruptly 13- mouth noises / Pop at 0:3 0:36 14- Fx ends abruptly / Indians ndi at the end 15- Fx ends abruptly / 16 – OK Please check. * Read text xt by Caetano Veloso about the álbum Lixo Lógico ógi at Tom Ze’s website.: bit.ly/NJSir6 y/N

om Zé texto de Caetano Veloso sobre o álbum "Lixo Lógico

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― 135 Wladimir Gasper per 135




Multi M Mu ulti u ult lti lti ti . 2005 20 2 005 00 0 05-20 05 5 -20 5-2 -2012 2 12 12

M

MU MULTI_ 2011>

01 o Interno Bruto// 04_ o Sound System ste / 07 acerda + A Augusto Malbouisson / 10_Simbora m Live P.A. / 11_Ricky Se Seabra + Andrea Jabor / 12_ _C Coletivo Media Sana / 13_Embolex mb Mídia Jockeys + MC Gaspar asp / 14_Dogma Graphics + Alexandre Pereira + Natasha Mesquita + Renata Gebara / 15_Chelpa Ferro. ―

01_Zach Lieberman + Daito Manabe + DJ Nado Leal / 02_Moleculagem / 03_Scanner ca / 04_Lise +L_Ar / 05_ _E Embolex + Dengue + Rodrigo Brandão ran / 06_Projeto CAVALO O (Cadu, Eduardo Berliner, Paulo Vivacqua, Tonho, Bleque, A Adriano Motta e Felipe Norkus) / Especial > Projeto END de Carlos Casas (expo + filmes + d debate) / 07_Projeto END de Carlos Casas + Chelpa Ferro o / Projeto CAVALO (intervençã (intervenção sonora) / 08_Thomas Köner öne + Ivana Neimarevic / 09_ _T Thomas Köner + Jurgen Reble le / 10_Kynoramas Glauber Machine + Lançamento do Livro ‘A Primavera do Dragão’, d de Nelson Motta + Pedro Paulo Rocha cha + Ava Rocha + DJ Nado Leal Multi_Cinema_2011> Nudesordem / Tom Zé / Daedelus / Diplo + Leandro HBL / D-Fuse se / Peter Greenaway/ Chelpa Ferro + Jaques Morelenbaum / Arnaldo Antunes + Edgard Scandurra + Marcia Xavier / / Blind Date / AntiVJ + Principles of Geometry / The Cinematic Orquestra / Carlinhos Br Brown ce / HOL / Spooky / Eumirr Deodato + Breno Pineschi/ Zach Lieberman + Daito Mana Manabe / Siri erda + Augusto Malbouisson/ ouisson/ Media Sana / Duplexx + Paulo Vivacqua / Hurtmold + Fabio atinho + Belisario Franca ranca / Cubículo / Tato Taborda + Alexandre Fenerich + Fer Fernanda Ramos los Casas + Sebastian bastian Escofet / Fausto Fawcett & Os Robôs Efêmeros (Lau (Laufer + Dado ourdan) / Prins s Nitran / Pan&Tone / Rabotnik / Petahertz / Jaques Morelen Morelenbaum & Orquestra Guimarães s + Beto Magalhães + Lucas Bambozzi / Michal Kosakowsk Kosakowski / Gabriel Mascaro / Hardcuore cuore / 1mpar/ Adriano Motta / Gustavo de Lacerda / Nico V Vascellari / Cristopher Ludy / Yoshi Sodeoka / Robert Seidel / Sophie Gateau / 310k / Sergei Sviatchenko / Carolina Melis/ s/ Jan Goldfuss / Emilio Gomariz / A. Bill Miller / Boris Hoppek / Jimmy Joe Roche / Beth Wexler / E*ROCK / Abstract Birds rds & Quayola / David O’Reilly. ―

MULTI_2006 01 06 10 Ze ―

M

01_João o Donato & Donatinho + Belisa Belisario Franca / 02_Luiz Duva / 03_ 0 Chico Corrêa & Pockett B Band + Cubículo / 04_Siri & Orquestra questra de Cordas + Multi_Lab / 05_DJ Nepal + Gabriela aM Maciel / 06_Tato Taborda + Al Alexandre F. + Fernanda R. / 07_U k i M l i L b / 08 Daedelus d l +D Dantes t +ÀC Colecionadora l i / 09_Xplau / 10 Walter er Alfaiate + SuperUber / 11 C Cadu & G ro 3_C 1 io + VJ Sandro B Meskita & Mike Gema TV + Entretanto. an ―

História Hi Histó H Histór His istór stttó s órri ria ia ia / Histo History Hi H istor istor is sto orry ory ry

MULTI_ TI_2008 2 > 01_ _Arnaldo Antunes + Márcia Xav Xavier / 02_Cabruêra / 03_Prins ns Nitram / 04_Pan&tone / 05_ 05_Rabotnik / 06_Petahertz / 07_ 07_Fabiana de Barros & Michel el Favre / 08_Tony de Marco o + Marcello Rosauro / 09_João oã Brasil / 10_Laborg / Especial_01_D-Fuse / Especial_02_ pe Peter Greenawayy / Especial_03_Chelpa Ferro ro + Jaques Morelenbaum. ―

MULTI_2009 09> 01_Cao Guimarães m + O Grivo / 02_Muti Ra Randolph + Clara Sverner / 03_ 03 CineMacalé (Jards Macalé alé + Samir Abujamra) / 04_MOO O / 05_Retrotech / 06_Jam da a Silva + OESTUDIO + Chico N Neves / 07_Arto Lindsay / Especial_01_ Es Blind Date (Naná ná Vasconcelos oncelos + DJ Dolores) + Raul Mourão & Leo Domingues / Especial_02_ E AntiVJ + Principles cip of Geometry / Especial_03_ pe The Cinematic Orchestra rc / Especial_04_Arnaldo naldo Antunes + Edgard Scandurra + Marcia Xavier + Projeç Projeções na fachada do Oi Futuro por V Vik Muniz / Especial_05_Siri ri + Deborah Engel + Jr.Tostoi + Lenine / Especial_06_Siri iri + Deborah Engel + Jr.Tostoi oi + Fausto Fawcett + Chacal. ―

MULTI_2010 10> Especial_Aniversário An Oi Futuro_Uakti ti + 6D Estúdio / 01_Carlinhos os Brown + Gualter Pupo + Arte Arterial / 02_Letuce + Paulo Camacho ho / 03_ Duo Coletivo Fugitivo vo Sound (Fausto Fawcett + Viv Vivian Caccuri) / 04_Lica Cecato ca + André Vallias / 05_Xplau pla + CJ A Alexis / 06_Hol /07_Michal Kosakowski + Paolo Marzocch Marzocchi / 08_Michal Kosakowski + P Paolo Marzocchi / Especial_09_ sp DJ Spooky / Especial_10_ pe Eumir Deodato & B Breno Pineschi. ―

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MULTI_2012> > 01_Vamos Estarr Fazendo (Pedro Sá + Domenico Lancelotti) + Paulo Nenflídio + Rabotnik + DJ Maurício Valladares V / 02_ Ryochi Kurokawa kawa (JAP) + DJ Filipe Raposo / 03_O Grivo + DJ Mary Zander/ nd ESPECIAL_SARC (Sonic nic Arts Research Centre – Belfast/ Irlanda do Norte) com Miguel Ortiz + Marco Donnarumma + Anna Weilsling / Thembi Rosa + O Grivo + Siri + Chelpa Ferro + Fausto Fawcett + Carlos Laufe Laufer & os Robôs Efêmeros / 04_ PianOrquestra + Pedro Rebelo ebelo (POR) + Justin Yang (ING) + DJ Tho Thomas Barfod (DIN) / 05_D-FUSE FUSE (ING/ ÁUSTRIA) + DJ Matt Matthias Kispert (ÁUSTRIA) / 06_ 06_Tom Zé + SuperUber + Wladimir ad Gas Gasper. ―

“Nada do que e aconteceu aqui é mais importante que o acont acontecimento em m si.” ― Rafael C Cardoso “Nothing Nothing that happened here is more important than the happening itsel itself.” ― Rafael Cardoso


Oi Futuro o

Co Coleção Arte & Tecnologia Oi Futuro

19. Relíquias e Ruínas nas Alfons Hug (org.), Coedição Contra tra Capa, 2007 20. FILE RIO O2 2008: Festival Internacional de Linguagens uag Eletrônicas Paula Perissinotto e Ricardo Barreto (org.), 2008 20

36. FILE GAMES S2 2009: Festival Internacional al d de Linguagens Eletrônicas Paula Perissinotto ssinotto e Ricardo Barreto (org.), 2009

53. Trans - Adriana Varella Alberto Saraiva (org.) Coedição Aeroplano, 2011 1

70 . Predicament me – Situações Difííceis Yann Lorvo o e Stéphanie Suffren Coedição ão Apicuri, 2012

37. Frederico Dalton: Fotomecanismo Fotomecanismos Coedição Contra Capa, 2007 Coe

vice-presidência ce / vice-president den Roberto Terziani R

01. Corpos Virtuais ais Ivana Bentes (org.), rg.) 2005

54. Power Pixels Miguel Chevalier Coedição Aeroplano, opl 2011

71 . X Xico Chaves Alberto Saraiva [org.] Al Coedição F10, 2012

38. Multiplicidade: Imagem_som_ _so inusitados Batman Zavareze (org.), 20 2007

direção de projetos e programas /

02. Estado od de Atividade Funcional: E.A.F. Tina Velho elh Alberto erto Saraiva (org.), 2005

21 Poiesis 21. André Vallias, Friedrich W. Bloch, h, A Adolfo Montejo Navas (orgs.), 2008

55. Warhol ho TV Judith hB Benhamou-Huet (org.) Coedição ed Aeroplano, 2011

72 . Multiplicidade 2012 2 Batman Zavareze [org.].] Coedição Aeroplano, no, 2013

22. Ivens Machado: Encontro nc / Desencontro Alberto Saraiva (org.), org Coedição Contra ntra Capa, 2008

39. Multiplicidade e2 2008 Batman Zavareze ze (org.), Coedição Aeroplano, ero 2009

presidência cia / president José Augusto ugu da Gama Figueira

projects and programs ms director

Rafael Oliva direção adm administrativa, financeira, planejamento am e desempenho / financial ncial and administrative director

Sara ar Crosman direção de educação /

03. Ciclo Paradigma Digital: Foto FotoRio 2005 Milton Guran (org.), 2005 04. Geração Eletrônica a Tom Leão (org.), 2006 6 05. FILE RIO 2006: 00 Festival Internacional de Linguagens en Eletrônicas Paula Perissinotto issinotto e Ricardo Barreto (org.), 2006

educational director

Paola Scampini direção processo, oc seleção de patrocínios nio e sustentabilidade /

06. Pi Pintura em Distensão Zalinda Cartaxo, 2006 Zal

Bruno no Diehl

07. Wilton Montenegro: Notas tas do Observatório, Arte Contemporânea em Brasileira Glória Ferreira (org.), 20 2006

direção de comunicação o/

08. Nam June Pa Paik: videos 1961–2000 Nelson Hoineff neff (org.), 2006

sponsorship ors director

comunication director

Alexandre O’Reilly direção de cultura ult / cultural director ct

Roberto G Guimarães curadoria ura de artes visuais / visual arts curator v

Alberto Saraiva equipe cultura / culture ul team Bruno Singh Claudia Leite Maria Helena en Cardoso Pedro Go Gomes (BH) Sérgio gio Pereira (BH) Zelia el Peixoto estagiários / trainee Gustavo Goulart Joseph Andrade Sarah Gonçalves ves assessoria oria de imprensa / press liai liaison

Carla rla Meneghini Letícia Duque Le

142

09. Vicente ce de Mello, Áspera Imagem Alberto ber Saraiva (org.), Coedição Aeroplano, 2006 Co

23. Dança ça em Foco: Entre Imagem e Movimento me Paulo ulo Caldas, Eduardo Bonito e Regina L Levy (or (orgs), Coedição Contra Capa, 2008. 24. Hüzün. Carlos Vergara ara Luiz Camillo Osório, Coedição Contra Capa, ap 2008 25. Marcos Chaves ha Alberto Saraiva, rai Coedição ão Aeroplano, 2008 26.. P Performance Presente Futuro Daniela Labra (org.), D Coedição Contra Capa, 2008 27. Arte da Antártida Alfons Hug, Coedição Aeroplano, no, 2009

10. Dança em Foco: Dança e Tecnologia Paulo Caldas e Leonel Brum um (org.), 2006

28. FILE RIO 20 2009: Festival Internacional de Linguagens age Eletrônicas Paula Perissinotto erissinotto e Ricardo Barreto (org.), 2009 200

11. Câmaras de Luz z Ligia Canongia (org.), org 2006

29. 9. Meias Verdades Ligia Canongia, 2009 L

12. Multiplicidade: ici Imagem_som_ inusitados os Batman an Zavareze (org.), 2006

30. Dança em Foco: A Dança nça na Tela Paulo Caldas, Eduardo Bon Bonito e Regina Levy (org.), Coedição Contra Cap Capa, 2009

13. FILE RIO 2007: Festival Interna Internacional de Linguagens Eletrônicas Paula Perissinotto e Ricardo Bar Barreto (org.), 2007 14. Filmes de Artista: B Brasil 1965–80 Fernando Cocchiarale rale (org.), Coedição Contra aC Capa, 2007 15. Dança em Foco: Videodança Paulo Caldas ald e Leonel Brum (org.), 2007 16. 6. A Atlas Américas Paulo Herkenhoff (org.), Pa Coedição Contra Capa, 2007 17. Fotografia e Novas Míd Mídias: FotoRio 2007 Antonio Fatorelli (org.),), Coedição Contra Cap Capa, 2007 18. Babilaques: es alguns cristais clivados Waly Salomão mã e outros, Coedição ão Contra Capa, 2007

31. Gary Hill: l: O Lugar Sem o Tempo. Taking Time me From Place Marcello lo Dantas (org.), Coedição ediç Contra Capa, 2009 32. Entre Temps: Uma década de videoarte francesa na coleção ção do Musée d’Art moderne de la Ville d de Paris/ARC Angeline Scherf, Odile Bur Burluraux, Jean-Max Colard, 2009

40. Multiplicidade ult 2009 Batman ma Zavareze (org.), Coedição Aeroplano, 2010 Co 41. A Carta da Jamaica Alfons Hug (org.), Coedição Aeroplano, 2010 01 42. SONIA ANDRADE: AD VÍDEOS André Lenz (org.) rg.) Coedição Aer Aeroplano, 2010

57. Luciferinas, Simone mo Michelin Simone Michelin (o (org.) Coedição Aeroplano, rop 2011 58. Pulso o Iraniano Marc Po Pottier (org.) Coedição oed Aeroplano, 2011 59. Era uma vez... Aída Marques e Elianne Ivo (or (org.) Coedição Aeroplano, 2011 11

43. Livro vro de Sombras: Pintura, Cinema, Poesia es de Luciano Figueiredo Katia Maciel e André Parente (org.) Coedição +2 Produções, 2010

60. Letícia Parente e André Parente e Ka Katia Maciel (org.) Coedição +2 Ed Editora, 2011

44. WLADEMIR DIAS-PINO NO Wlademir Dias-Pino (org.) org. Coedição Aeroplano, o, 2 2011

61. Gabriele rie Basilico Nina Di Dias e Paola Chieregato (org.) Coedição oe Francisco Alves, 2011

45. Multiplicidade da 2010 Batman Zavareze var (org.) Coedição ão A Aeroplano, 2011

62. Brígida Baltar: O que é preciso eci para voar Brígida Baltar e Marcelo Campos mp Coedição Aeroplano, 2012 012

46. 6. FAD - Festival de Arte Digital 201 2010 FAD - Festival de Arte Digital (org.) Coedição ICC Instituto cidades cr criativas, 2010

63. Multiplicidade e2 2011 Batman Zavareze ze (org.) Coedição Aeroplano, ero 2012

47. Arte e novas espacialidades: iali relações contemporâneas Eduardo de Jesus (org (org.), Coedição Fase 10 0 Ação A Contemporânea, 2011

64. High-Tech/Low-Tech gh– Formas de Produção du Alfons Hug (org.) Alfo Coedição Aeroplano, 2012 C

48. Revídeo: eo: Lenora de Barros Lenora de Barros, Alberto Saraiva (org.) Coedição diç Automática Edições, 2011

65. Atos de Fala Felipe Ribeiro (org.), Coedição Rizoma, 2011 01

49. Performance Presente Futuro Vol. III Daniela Labra (org.) Coedição Automática Edições, ões 2011

66. Sebastião Ba Barbosa, fotógrafo Felippe Schultz ultz Mussel (org.), Coedição oL Letra e Imagem, 2012

50. Projetor: Tony Oursler urs Paulo Venancio Filho ho (org.) Coedição Automática má Edições, 2011

67. FILE RIO 2012: Festival Internacio Internacional de Linguagem Eletrônica Ricardo Barreto, Paula Perissinotto (org.), Coedição Aeroplano, 2012

33. Performance ce Presente Futuro. Vol. II Daniela Labra ra (org.), Coedição oA Aeroplano, 2009

51. Geração ção Eletrônica 2011 Bruno Katzer, Rossine A. Freitas, Tom Leão (org (org.) Edição ão Oi Futuro, 2011

34. Entreouvidos: Sobre Rádio e Arte Lilian Zaremba (org.), Lilia Coedição SOARMEC Editora, 2009 00

52. FILE Games Rio 2011: Eu que quero jogar Ricardo Barreto, Paula Perissinotto no (org.) Coedição F10, 2011

35. Pierre et Gilles: A Apoteose ot do Sublime Marcus de Lontra Costa, os Coedição Aeroplano, an 2009

56. Além Cinema Neville D'Almeida Coedição Nova Fronteira, 20 2011

68. Iluminando o futuro o– 50 anos de Jorginho ho de Carvalho. EPA!, Miguel Colker er (org.), Coedição Aeroplano, opl 2012 69. I Seminário min Oi Futuro Mediação em Museus: us: Arte e Tecnologia - Reflexões e Experiências pe Adriana Fontes e Rita Gama (org.) Ad Coedição Livre Expressão, 2012 2

143


Equipe Festival val Multiplicidade ltip Mult Multiplicidade Festival Tea Team

Oi Futuro Flame Flamengo idealização, direção ão e curadoria / conception, direction on and curatorship

Batman Zavareze ez (27+1) assistência nc de direção / direction ion assistant

Guto to Martino produção / production Carolina Sant’Anna Villela le coordenação artí artística / artistic coordinator nat

Mariana Beltrão elt estagiário agi / trainee João oã Gilberto direção de arte / art direction ec Leonardo Eyer (Bold°)) Billy Bacon (Bold°) design gráfi fic co / graphic design Billy Bacon on Natália C Caselli Nicolau ola Mello assistência de design/ design de

André dré Lima Jorge Gabriel Jo Leandro Santana

consultoria de pro projeto /

costureira / dressmaking aki Nice Scarpari Erika Kaneko

produção uç executiva e ad administração /

transporte rte / transport Carlos sD Derquiashian Reginaldo gin Bezerra Rogério Marques Ro Severino Marinho

José Carlos sB Barbosa

executive production and manag management

Mirian Peruch (27+1) Letícia Duque

All Business Al

Equipe Happenings@ pe Panorama@ ano Multiplicidade 2012 Centro de eA Artes Hélio Oiti Oiticica

técnico de projeção /

Equipe H Happenings /

projection technician

Team m of Happenings

coordenação tecnológica oló / technological coordination din

Márcio Henrique ue Gonçalves projeções es e instalações multimídia / projections ect and technological instalations tal

Wanderson Vieira a técnico de s som / audio technician Eduardo B Baldi iluminador mi / lighting Alessandro Boschini Al fotos / photos Gabi Carrera Diana Sandes Rodrigo Torres es Marcio Leitão tão

assistant

Jean Paulo Faustino o Luciana Aguiar Victor Mascarenhas en

project consultant an

fotos s e tratamento fotográfico /

cu curadoria / curatorship Batman Zavareze assistência de direção eç / direction assistant nt

Guto Martino coordenação naç de produção/ production uct coordination

Patricia tric Bárbara produção / production Carolina Sant’Anna Villela ela Rossine A. Freitas

photos hot and photo processing

assistente de re residências/

Marcio Leitão M

residencies as assistant

Ynaiê Dawson ws

coordenação na de design /

cameraman e edição o/

design nc coordinator

cameraman and editing ng

assistência ist de produção/

Nicolau co Mello Vivianne Jorás Vi

João Oliveira

production assistant pro

cenografia / scenography aph Cenografia.net cenotécnico / stage setting Alex Augusto sto Silva Reginaldo do Souza cenotécnico en assistente / stage setting assistant s

Herbert Marques Robson obson Luiz

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cameraman an / cameraman Fabio Fantauzzi an edição diç ao vivo/ live editing Leo Alves L catering Conexão Sabor assessoria de im imprensa / press liaison

Palavra Assessoria sse em Comunicação contabilidade tab / accounting Macedo&Muzzio ac

Robson Luiz iluminação açã / lighting Alessandro sa Boschini Eduardo du Nobre Giba de Oliveira G técnico de projeção/ o/ projection technician cia

Márcio Henrique eG Gonçalves sonorização ção / sound Eduardo oB Baldi documentação ocumentação audiovisual / audiovisual documentation

Fabio Fantauzzi João Oliveira fotografia / photography oto Diana Sandes s Gabi Carrera era Marcio Le Leitão Rodrigo rig Torres locação de equipamento audiovisual / audiovisual equipment ent loan

Equipe British Council oun Brasil diretor de e artes / director arts Luiz Coradazzi or diretora assistente de artes / assistant director arts

Lucimara Letelier coordenadora artística rtí do Transform / artistic coordinator din transform

Cristina Be Becker gerente ren de projeto / project manager an Sabrina Candido Sa assessoria de Imprensa ns / press liason

Approach

Livro o

All Business

concepção ce e curadoria /

locação de eq equipamento de sonorização çã /

Batman Zavareze (27+1) B

sound eq equipment loan

LF So Sound ttransporte/ transportation on Cristina Samy JC Rogers Severino Marinho Equipe Panorama nor direção ão geral / general direction Catarina ar Saraiva Eduardo Bonito Ed Nayse López

A André Henrique Oliveira Taciana Trajano

direção executiva/ executive ex

projeto cenográfi grá co/

Eduardo Bonito o direção de ep produção e curadoria/

scenographic ic project

curatorship ship and production direction

Cenografi fia. a.net

Catarina na Saraiva

produção du cenográfica /

dir direção artística e de comunicação/ artistic and nd

direction

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assistência de direção ção / direction assistant

Guto Martino produção o / production Joana Pa Passi projeto roj gráfico / design project ct Bold°_a design company B direção de criação e d design / design and creative and direction

Billy Bacon Leonardo Eyer er direção od de arte / art direction Joana a Petersen

texto / text Roberto G Guimarães Batman an Zavareze Guto to Martino Hermano Vianna H Tom Zé Leonilson Marshall McLuhan Paulo Leminsk John Cage Gilberto Gilil Guimarães ãe Rosa Silvio oM Meira Billy illy Bacon Braulio Tavares B Rafael Cardoso Charles Feitosa Fred Coelho Heloisa Buarque ue de Hollanda Julio Silveira a Luli Radfahrer ahr Marcus sF Faustini Numa ma Ciro Patrícia Konder Lins e Silva Pa Ronaldo Lemos Fausto Fawcett fotos / photos Diana Sandes Gabi Carrera a Marcio Leitão eit Rodrigo go Torres revisão ev / proofreading José Figueiredo J tradução / translation Renato Rezende editora / publisher lis Aeroplano produção uç executiva / executive ec production

Mirian Peruch (27+1) M coordenação editorial al / editorial management

27 Mais 1 Comunicação nic Visual Ltda

d design gráfico / graphic design esi Alexandre Andrada programação de Pro Processing / processing programming am

scenographic production sce

A Augusto Alex Davi Machado Herbert Marques Reginaldo Souza

Luiza Prado Pedro Oliveira eir

communication direction io

Nayse López

coordenação rde gráfica / graphic rap coordination

Vivianne Jorás V

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agradecimentos / acknowledgments Maria Arlete Gonçalves, Roberto Guimarães, Adriana Rattes, Bruno Singh, Luiz Cordazzi, Cristina Becker, Lucimara Letelier, Sabrina Candido, Colette Norwood, Pedro Genescá, Claudia Leite, Zelia Peixoto, Maria Bulcão, Alberto Saraiva, Américo Vermelho, Shirley Fioreti, Nelsinho e Canario, Marcos Guzman, Nayse López, Eduardo Bonito, Catarina Saraiva, Santi, Heloisa Buarque de Hollanda, Elisa Ventura, Camilla Savoia, Leonardo Aversa, Carlos Casas, Noemí Oliva, Bebeto Abrantes, Carlos Alberto Mattos, Xanda, Patricia, Carol Matos, Flora, Chico, Guto, Mari, Carol, Joana, João e especialmente (specially) a Waldir Ballestê Marques e Marília Zavareze Marques, meus pais (my parents), Luca, Ugo e Mirian (my life).

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ M926 Multiplicidade 2012 / curadoria Batman Zavareze ; [versão para o inglês Renato Rezende]. - Rio de Janeiro: Aeroplano: Oi Futuro, 2013. 320p. : il. ; 26cm (Arte e tecnologia) Festival Multiplicidade 2012 Texto em português com tradução para o inglês Inclui índice ISSN 2177-7187 1. Multiplicidade (Projeto cultural). 2. Arte e tecnologia. 3. Multimídia (Arte). I. Zavareze, Batman. II. Série. 13-1550. CDD: 700.105 CDU: 7.021 12.03.13 14.03.13 043391

Todos os direitos reservados AEROPLANO EDITORA E CONSULTORIA LTDA. Av. Ataulfo de Paiva, 658 / sala 401 | Leblon Rio de Janeiro – RJ – CEP: 22440-030 Tel: (21) 2529-6974 | Fax: (21) 2239-7399 e-mail: aeroplano@aeroplanoeditora.com.br www.aeroplanoeditora.com.br

Copyright © Batman Zavareze, 2012 curadoria Batman Zavareze coordenação editorial 27 Mais 1 Comunicação Visual Ltda. produção executiva Mirian Peruch

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Projeto Gráfico:

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projeto gráfico Bold°_a design company fotos Rodrigo Torres Gabi Carrera Diana Sandes revisão de texto José Figueiredo


TODO TODO Um verdadeiro todo, relativização de tudo, um olhar pós-testemunho, fulgurações, reflexões e devaneios quase sem nexo. Organização de fragmentos e puro desassossego. ― ALL A true whole, relativization of all, a pos-testimony regard, almost senseless fluctuations, reflections and reveries. Organization of fragments and pure restlessness. ―


Índice Ín ndi ndic nd n ndice d di dic ice ic ce

FR FR FR FR FR FRAGMENTO / PIEC CE #62 - Cultura digital e juventude popular são a mesma pessoa - Marcus Faustini FRAGMENTO / PIEC CE #63 - Geração Z ou Grssauum Z e o vício da leitura - Heloísa Buarque de Hollanda FRAGMENTO / PIEC CE #64 - Quem tem medo da Geração Y? - Ronaldo Lemos FRAGMENTO / PIEC CE #65 – O futuro não é mais o mesmo - Patrícia Konder Lins e Silva FRAGMENTO / PIEC CE #66 - Quem tem ciúme das máquinas? - Numa Ciro FRAGMENTO / PIEC CE #67 - Geração Z - Fausto Fawcett ARTE / ART #26 - Allice Engel ARTE / ART #27 - An ntonia Fortes Taborda ARTE / ART #28 - Mana M Pellicciari ARTE / ART #29 - Do ora Marques ARTE / ART #30 - Pe edro Ferreira ARTE / ART #31 - Jo oana Eyer ARTE / ART #32 - Jo oão Philippe Gebara ARTE / ART #33 - Ce ecilia Calado ARTE / ART #34 - Th hiago Gonzalez ARTE / ART #35 - Ga abriel Tavares ARTE / ART #36 - Mina M Pellicciari ARTE / ART #37 - Lu uiz Silveira, ARTE / ART #38 - Ug go Peruch ARTE / ART #39 - Frrancisco Passi ARTE / ART #40 - Ch hico Moraes ARTE / ART #41 - Frrederico Passos ARTE / ART #42 - Lu uca Peruch ARTE / ART #43 - Ra aquel da Silva ARTE / ART #44 - Na athália G. dos Santos ARTE / ART #45 - Brruno Whitaker Penteado Hofstetter ARTE / ART #46 - Be eatriz Marques ARTE / ART #47 - Mila M Rodrigues ARTE / ART #48 - Cllara Engel ARTE / ART #49 - Jo oão Philippe Gebara ARTE / ART #50 - Fe elipe Magalhães ARTE / ART #51 - Siibel ARTE / ART #52 - To om Gebara ARTE / ART #53 - Ra aquel da Silva, ARTE / ART #54 - Jo onathan Silva ARTE / ART #55 - Jo oao Moraes ARTE / ART #56 - Cllara Engel ARTE / ART #57 - Da ahlia Leonora ARTE / ART #58 - Da avi Magalhaes ARTE / ART #59 - So ol Veloso ARTE / ART #60 - Fllora Rosauro

PENSAMENTOS / THOUGHTS ― Goethe Albert Einstein Naum Gabo Augusto de Campos Oswald de Andrade Jean-Louis Ferrier Lêdo Ivo Ricardo Leite Andy Warhol Manoel de Barros Friedrich Nietzsche Buzz Lightyear

GeraG erra erae a ção oZ

3o_Z

r para uma rreflexão da Geração Z, os chamados “nativos digitais”, através de diversos s autores e pensadores que abordam de uma forma plural áreas como: a fi filosofia, a arte, o design, a literatura, a psiquiatria, as mídias computacionais e as novas relações interpessoais ão de desenhos recebidos de e vivem numa era digital hiperras e produzind do conteúdos – s imaginada pella humanidade.

com tantas info ormações sofre abalos s sísmicos, campos es de organizar o tempo para ações humanas s se manifestam

Aqui, propomos uma pausa na abundância de “inputs” e “outputs” para revermos a complexidade da arte da simplicidade.


“Pensar é mais interessante do que conhecer, mas não é tão interessante quanto olhar.” ― ARTE / ART #26 Alice Engel, 1 ano


ARTE / ART #27 Antonia Fortes Taborda, 9 anos


#57 #5 #57 57 FRAGMENTO / PIECE # 57

urador.

r nascido por volta do 2000. E, para haver uma Geração Z, foi o disparasse elétrons em um tubo de ultravácuo a um preço rização da televisão ― máquina doméstica de comunicação em massa ― permitiu a formação de uma geração única ― a primeira geração eletrônica. Meninos e meninas que cresceram com a televisão tiveram pela primeira vez acesso a uma cultura coletiva, dinâmica, instantânea, (incipientemente) global e (minimamente) plural. Esses meninos da geração eletrônica tinham uns 20 anos em 1968.

“A imaginação no poder” era o sonho e o desafio de 1968. McLuhan tinha acabado de escrever1 que a (recém-nascida) tecnologia eletrônica e os meios de comunicação tinham conferido àquela geração, a primeira “circuitada”, o poder e a disposição para revolucionar ― a cultura, a política, a educação. Era a geração que iria mudar tudo; que poderia mudar tudo; que não mudou. A euforia revolucionária dessa primeira geração eletrônica em 1968 não durou até a virada da década (e, no Brasil, foi logo abreviada com o AI5). No começo dos anos 1970, a geração que iria mudar tudo sossegou (ou foi sossegada à força) e, repetindo seus pais, começou a gestar a geração seguinte. Tiveram filhos. Batman Zavarese, Ronaldo Lemos, Cory Doctorow e eu pertencemos a essa geração: somos os filhos da geração circuitada. Não somos a primeira geração eletrônica, e tampouco somos a primeira geração digital. Nossa marca é a transição. Nascidos nos anos 1970, já fomos criados com a televisão ligada e, na infância, assistimos à ascensão e obsolescência das tecnologias: VHS, CDs, Fax, DVDs, TV a cabo. Na adolescência, vimos chegar os primeiros (micro)computadores (pessoais) com seus iniciáticos discos de oito polegadas. Já éramos gente grande quando enfim chegou a internet e ainda estamos entendendo e enfrentando o que ela pode, o que significa. Fizemos, e ainda estamos fazendo, a passagem, do analógico para o imaterial. Tivemos que aprender que nossa música prescinde de LPs e CDs; que nossas imagens não precisam mais ser reveladas; que livros são o texto, não a pilha de papéis que os contém; que as mensagens levam para chegar apenas o tempo do raio da onda luminosa. Entre céticos e deslumbrados, apocalípticos e integrados, fomos a geração que poderá ver, em nossos filhos, concretizada a profecia de McLuhan proferida originalmente para a geração de nossos pais ― a da redentora “circuitação eletrônica”, vulgo internet.

com elas. Não seria coincidência que a droga de eleição desse grupo seja o metilfenidato. Traficada com os nada sutis nomes de Ritalina© e Concerta©, ela promove uma “antionda” no usuário, consertanto-o e concertando-o, tornando o pensamento reto, abafando os sentidos para os milhares de estímulos que disputam sua atenção e dando-lhe o foco para o paciente ― portador do transtorno do déficit de atenção ― tornar-se um cidadão produtivo da lógica mercantilista e linear. Se o LSD “abria as portas da percepção” para a revolucionária geração eletrônica, o metilfenidato “fechará as portas da percepção” para a solipsista geração digital. Talvez seja esta a questão. Quando um grupo acusa o outro de alienação, é porque ambos já estão, de modo irrevogável, em ambientes diferentes. O ambiente dos nativos digitais não é o mesmo dos seus pais. É bem mais amplo. Nicholas Carr, alguns pais angustiados e outros detratores da Geração Z estão lamentando o fim de uma tradição imemorial, a do pensamento sequencial, lógico. A das ideias transformadas em símbolos, e estes sequenciados na escrita, e esta replicada na imprensa, e esta transformada em mercadoria estocável uniforme e uniformizante. Se encararmos a Geração Z pelo ponto de vista eufórico, “this is (enfim) the dawning of the Age of Aquarius”. Na era do pensamento paralelo, multitarefa preemptiva, o déficit de atenção seria considerado um superávit de criatividade. Andar por aí portando Google Glasses não seria encarado como uma paixão pelo próprio umbigo; a realidade aumentada e a virtual seriam complementos, e não substitutos à “realidade” tangível. “Os povos primitivos e anteriores ao advento do alfabeto integram tempo e espaço como um espaço acústico, sem horizontes, sem fronteiras”, dizia McLuhan, preconizando que a “circuitação eletrônica” traria de volta esse poder sensorial perdido com a imprensa. De fato, o homo digitalis da Geração Z lembra muito esse povo primitivo, em seu desrespeito às fronteiras, às distâncias, à materialidade. Um retorno à sensibilidade do primitivo, com a tecnologia da vanguarda, pode transportar-nos aos períodos áureos da criatividade humana, à Era Helênica dos Heróis, ao animismo, ao panteísmo. Em mais alguns anos, a Geração Z vai ser adulta, vai ocupar o mercado de trabalho, vai deter o poder econômico. Solipsistas comunitários, viciados-em-gratificação-instantânea engajados com utopias, individualistas compartilhadores compulsivos, bairristas globalizantes, iconoclastas curiosos, multifuncionais dispersos, artesãos tecnológicos, panteístas geeks. A sociedade e a cultura serão o que a Geração Z for. Seremos.

A Geração Z, a geração de nossos filhos ― os filhos dos filhos da primeira geração eletrônica ―, não precisou de transição, já nasceu digital. O espanto e a curiosidade da minha filha diante de um tocadiscos não têm paralelo com meu espanto diante de um gramofone. Meu caso é de evolução qualitativa, o dela é de salto lógico. O imaterial proporciona um câmbio de poder. Não há mais sujeição. É difícil explicar a meu filho que a música no rádio não pode ser repetida; que temos que assistir, na televisão, ao que outra pessoa decidiu. Para ele, músicas e filmes não têm limitação ― estão o tempo todo, e em todo lugar (no telefone do pai, no iPad da mãe, no tablet da avó, na televisão, no videogame), e são uma decisão e escolha dele, não de outros. Os novos habitantes deste planeta já são produtos de uma cultura do “ilimitado”. Não há restrições de tempo, distância ou mesmo custo. Nada é palpável, estocável ― e tudo é acessível pelo feixe dos elétrons. O valor também se relativiza ― quando tudo está o tempo todo para todos, mais valem os “likes” dos amigos que o cânone ― e não há mais nicho. Para quem nasceu com o milênio, as crianças e adolescentes da tal Geração Z, o cabedal acumulado da expressão humana está à distância e custo de alguns cliques. O que farão com esse inédito poder esses meninos e meninas que em poucos anos serão adultos? Veremos cumprida enfim a profecia da circuitação eletrônica mcluhiana? A imaginação tomará por fim o poder? Há quem tema que não, ou torça para que não. Para os digitocéticos como Nicholas Carr, a Geração Z seria a “Geração superficial” que, num pacto mefistotélico, ganhou acesso a uma cornucópia de cultura e deu em troca sua capacidade de concentração e reflexão. Se a geração de 1968 advogava o lisérgico “turn on, tune in, drop out” (se liga, se afina, cai fora), a nova geração adotaria uma droga muito mais viciante, o “plug in, log in, drop out” (se conecta, se loga, cai fora). Cada um na sua bolha virtual, satisfeitos como Jonas na Baleia, zanzam sonâmbulos e alheios por um mar de informações sem saber o que fazer

ARTE / ART #28 Mana Pellicciari, 10 anos


“Imaginação é mais importante que o conhecimento.” ― Albert Einstein ARTE / ART #29 Dora Marques, 1 ano


“A arte é tudo. Tudo que fazemos ou mesmo imaginamos é arte.” ― Naum Gabo

ARTE / ART #30 Pedro Ferreira, 7 anos

ARTE / ART #31 Joana Eyer, 8 anos


#5 # #58 58 58 FRAGMENTO / PIECE # 58

or de Literatura da PUC-Rio.

as nasceram em agosto de 2009. Estão hoje com três anos. ber nelas o que todo pai e mãe percebem: a fome de tudo. odos os sentidos possíveis de serem ativados frente aos desafios que aparecessem a elas. Nessa fase, crianças captam tudo em volta como uma grande-angular. Elas processam informações complexas e sorriem afeto puro. Seus olhos são uma mistura de amor e progresso. A presença eterna delas nos meus dias, para sempre, arremessou-me para uma pista em relação a um dos tormentos do historiador ou de quem às vezes interrompe o fluxo diário e pensa na vida. O que nos move através do tempo? Como percebemos que as coisas passam, que os tempos mudaram, como concretizamos a estupefação dos dias escorridos pelos dedos? Como, enfim, somos História em movimento?

III - O século XXI já está no ano 13. Se compararmos com o século XX, nós somos a geração de transição entre uma alta modernidade e uma nova era. Nem pós, nem pré, nem ultra. Uma nova era. Sinistra, infinita, promissora, hedonista, rica e mórbida. Assim como Baudelaire, Rimbaud, João do Rio, Nietzsche, Machado de Assis, Van Gogh, Paul Klee, Aluízio Azevedo, Joaquim Nabuco ou Marx (pensadores e criadores do final do século XIX e início do XX), estamos na virada de um modelo civilizacional, em um ponto em que muitos já não entendem o que está acontecendo. Novas obras, novas formas de amar, novos ódios, novas línguas, novos corpos, novas músicas, uma nova sensibilidade do olhar, 3D, perfis virtuais, avatares, explosões diárias de imagens, novas classes sociais, novos consumos, novas profissões, novas drogas, novas guerras, novas armas, novas misérias. Estamos no ponto em que o século XX ainda pulsa em quem o absorveu, e ao mesmo tempo o século XXI nos empurra para uma espécie de “dá ou desce” existencial. Embarque ou critique. Crie ou analise. Invente ou conserve. Faça História ou veja a História. IV - Tudo isso, eu pensei olhando dentro dos olhos grandes de Antonia e Maria.

Antonia e Maria me tornaram palpável o século XXI. Todos os dias eu sou obrigado – e todos aqueles que são pais, creio – a pensar em como será o mundo na maturidade dessas meninas e desses meninos que minha geração despeja pelas ruas da cidade. Tateamos um futuro incerto, e a impossibilidade de sabermos se haverá água, ar ou terra na sua vida adulta nos sufoca. É impossível, após a paternidade, não sermos utópicos em relação à resolução dos problemas do mundo. Há, porém, o efeito inverso – e eis aí o ponto. Elas também me lembram todos os dias que eu sou do século XX. Do século passado. Minhas filhas e seus amigos vão me dizer que “no seu século”... Não será mais “na sua época”, como dizia para os meus pais. Será “um século inteiro” de diferença. É a parte de sua vida em um século que acabou e que eu, particularmente, mal entendi. II - Viver o século XXI ainda com as referências do século XX nos faz uma geração que, daqui a cem anos, será vista como transição. Somos a transição. Antonia e Maria já são o presente, elas absorvem organicamente a civilização das telas, dos cabos, das fibras, dos touches, dos e-books, do Blackberry, da nanotecnologia, do aquecimento global e a democratização da informação como agendas-chave da política. Nós, limítrofes da História, pessoas do século XX, somos a ponte para que essa geração digital e em rede permaneça com a crença na presença do corpo e do seu aspecto performático, a crença no encontro face a face na praia, na rua, no bar, nas festas, a crença enfim nessa forma de viver que está fora das telas e redes. Já se sabe que o grande segredo para lidar com as gerações que nasceram no século XXI é justamente abolirmos a ideia estática de que existem dois mundos – um “real” e um “virtual”. Ambos se fundem em uma única forma de presença, em que os aspectos maquínicos do mundo virtual dialogam com os aspectos orgânicos do mundo natural. A Humanidade, a despeito de todas as paranoias que a ficção científica já nos despertou em livros e filmes, investe cada vez mais em uma simbiose com a máquina. As crianças de hoje em dia certamente viverão sua vida adulta em uma sociedade cujo papel do computador será muito mais amplo e intrusivo do que já é hoje em dia. E acharão normal. Afinal, desde sua educação básica dos sentidos, os seus pais lhes ofereceram todos os gadgets possíveis para fruir tecnologia como forma de lazer – e principalmente de saber. Mesmo assim, esses mesmos pais hoje ciosos de tecnologia nasceram no jurássico século XX. Por conhecerem o mundo sem os gadgtes, sem redes digitais, sem computadores ou celulares, ainda sabem que há, sim, um aspecto do encontro e da presença que não está contemplado nas máquinas e nos HDs. Os pais do século XX são aqueles que passam o bastão geracional da tecnologia para seus filhos, mas se equilibram com dois pés entre o mundo que pede a rua, a brisa fresca, a descoberta da natureza e da cidade, e, em contraponto, uma vida cada vez mais voltada para a produtividade, acessibilidade e comodidade tecnológicas. As benesses incalculáveis deste século XXI planificado em terabites nos conduzem céleres ao isolamento tecnológico com sua tendência à solidão e à autossuficiência. Mesmo que real e virtual sejam faces de uma mesma moeda, o decréscimo de um componente “palpável” das coisas e a adaptação a um esvaziamento paulatino da experiência pública são muitas vezes consequências desta nova civilização que vemos se formar – e da qual fazemos parte integrante.

ARTE / ART #32 Beatriz Marques, 2 anos


#59 #5 #59 59 FRAGMENTO / PIECE # 59

ação Digital da ECA (Escola de Comunicações e Artes) da

nos viu chegar, não se sabe que cara temos, como nos ação que temos. Não somos nativos nem digitais, só curiosos. Nos chamam de “Geração Z”. Não gostamos do rótulo.

Idade, gênero, origem, renda ou escolaridade não nos definem, rejeitamos a classificação pelos produtos e serviços que usamos.Vocês não gostariam de ser chamados de “Geração Viagra”. Para nós, a internet não é um espaço virtual em que se “surfa”, mas um ambiente invisível, familiar e indispensável, em que vivemos e de que fazemos parte, como ela faz parte de nós. Acreditamos que ela é tão nossa quanto a ciência, a arte e o dinheiro. Nossa realidade é composta de informação em várias camadas. Quando nos interessamos por algo, não hesitamos em pesquisá-lo, sabendo que encontraremos respostas variadas em lugares diversos. Para nós, é difícil imaginar hoje, em que boa parte da informação consumida é gratuita, que nem sempre foi assim. Somos codependentes de bases de dados e de inteligência artificial, e não nos sentimos frágeis ou menores por isso, muito pelo contrário. Para nós, não faz sentido ficar só, nu, cego, surdo e mudo no deserto da desinformação. Acreditamos que confinar, restringir ou ignorar a rede é tão cruel e inútil quanto viver sem penicilina, transporte aéreo, transfusão de sangue ou pasteurização. Vemos a Internet como inteligência evolutiva, parte da realidade, máquina ligada para nunca ser desligada. Não é uma técnica ou ferramenta, mas uma memória coletiva, uma linguagem que transcende o verbo e o texto, mistura-se com elementos gráficos e conecta algarismos, algoritmos, métricas e dados de satélite. Se parece incompreensível, é porque, como língua viva, suas metáforas se sofisticam com o tempo.

Criamos nossas próprias celebridades. E, como nunca as levamos a sério, nós as esquecemos rapidamente. Não temos endereços permanentes. Somos nômades como os primeiros hominídeos que ousaram deixar as savanas para conquistar o mundo. Pátria, para nós, está mais para uma identidade cultural do que para um pedaço de terra ou governo. Cultuamos a transparência e a eficiência, e estamos dispostos a trocar séculos de tradição por algo que nos preste contas enquanto trata adequadamente de nossos problemas de saúde, segurança, educação e finanças, trazendo oportunidades mais ricas, justas e produtivas. Somos quantificáveis e qualificáveis de acordo com as pegadas digitais que deixamos. Como sabemos que não é possível se esconder ou competir com bases de dados complexas e referenciadas, demandamos a transparência e propriedade dos nossos registros, já que são nossa identidade e maior riqueza. Sabemos que nem tudo que tem um plugue é tecnologia e que nem toda tecnologia tem um plugue. Estamos insatisfeitos com a velocidade das mudanças, queremos novas ideias. Não nos contentamos com tanta desigualdade, tanto consumo, tanto lixo eletrônico. Aguardamos impacientemente as novas fronteiras da robótica, da inteligência artificial, da biologia sintética e da nanotecnologia com propostas que vão além da ficção científica. Estamos saindo de um sistema em que a forma seguia a função e que tudo fazia sentido mecânico para um ambiente simbólico em que as máquinas morrem mais rápido do que seus usuários e que a forma não consegue nem ao menos saber qual é a sua função. Equipados com sensores, nossos objetos, até há pouco inanimados, hoje falam, ouvem, sentem, interagem, adaptam-se e analisam o contexto em que vivem. Nada disso é inovação, apenas prerrequisito. E é só o começo. Há coisas que não sabemos, e outras que talvez jamais saberemos. Mas nunca deixaremos de procurá-las. Esperamos que vocês nos compreendam e nos acompanhem. Serão sempre bem-vindos.

Temos acesso a mais riquezas do que poderiam imaginar os reis do século XIX e não tardará para que as impressoras 3D sejam nossas Cornucópias pessoais. Vivemos em uma época de interação crescente, em que cada invenção alavanca outras, criando reações em cadeia imprevisíveis. Cada nova ideia surpreende tanto pelo que é capaz de oferecer quanto pelo que é capaz de abrir caminho para outras ideias. Não somos colonizados nem consumistas, muito pelo contrário. A mídia e a publicidade nunca influenciaram tão pouco uma geração quanto a nossa. Reconhecemos a sua importância, mas apenas como mais um veículo. Lutamos por um ambiente sincero e honesto, em que as mensagens sejam claras e diretas. Estamos cansados das gracinhas e falsas promessas dos vendedores e dos ideólogos camuflados. Somos todos hackers. No sentido estrito do termo, não há quem considere os mecanismos que vê como estruturas perfeitas, intocáveis. Pouco importa o refinamento da tecnologia, sempre há algo a ser feito para melhorá-la. Personalizar, recondicionar e reciclar são verbos tão comuns que muitas vezes mal se nota seu uso. Somos contrários ao modo de vida atual, em que se trabalha indefinidamente em busca de poder e dinheiro, em constante insegurança. Demandamos uma revisão do sistema de valores, buscamos a independência, o livre pensar de que tanto se falou nos anos sessenta, mas distante das agremiações, dos partidos políticos, sindicatos e centros acadêmicos. Não temos a humildade bovina de nossos pais, impressionados por empregos, salários, títulos, cartões de visitas ou sinais exteriores de patrimônio financeiro. Não cultuamos hierarquias nem admiramos figuras públicas. Queremos acesso direto ao poder e conversa franca com quem resolve. Em uma sociedade em rede, dispensamos secretárias, assistentes, protocolos ou agendamentos. ARTE / ART #33 Cecilia Calado, 4 anos


#6 # #60 60 60 FRAGMENTO / PIECE # 60

or e escritor.

anos, uma das coisas que mais me irritavam durante a: “Volta a fita, professor!”. O que me incomodava era a percepção, ao meu ver, equivocada de que uma aula de Filosofia deveria ter uma direção única, passível de avanços e retrocessos mecânicos, em vez de ser vivenciada como um “acontecimento”, ou seja, como uma experiência de pensar que envolve uma mistura do planejado com o inesperado. “Voltar a fita” (assim como “cair a ficha” ou “queimar o filme”) era uma expressão típica da era analógica e indicava uma tentativa de acompanhar as estruturas lineares dos discursos em voga então. A recente transição para a era digital permitiu a ascensão de lógicas não lineares e de novos aparatos que não precisam mais de fichas nem de filmes. Enquanto para alguns a passagem das lógicas lineares para as rizomáticas (não lineares) foi sentida como um exílio forçado, como uma expulsão de territórios familiares para zonas desconhecidas e perigosas, existe toda uma geração de “nativos digitais” que se sente em casa no mundo das novas tecnologias. A vida familiar, escolar, afetiva, social e política dos nativos digitais se desenvolve em rede, sem fronteira muito nítida entre “real” e “virtual”. Os “nativos digitais” não estranham as novidades tecnológicas, mesmo aquelas que a nós, das gerações anteriores, ainda parecem inimagináveis, como por exemplo, a notícia recente de que em breve as pessoas manterão relacionamentos afetivos e até se casarão com robôs.

Mesmo com tantas transformações importantes, considero totalmente provável que, em futuro próximo, quer dizer, qualquer dia destes, algum dos meus jovens estudantes do primeiro período do curso de Filosofia acene repetidamente para mim, como faz com seu iPad ou Kinect, indicando assim que gostaria que o professor retornasse ao ponto imediatamente anterior do raciocínio. Parafraseando Kant, não adianta fazer revoluções tecnológicas se não forem acompanhadas de transformações do modo de pensar. A falta de estranhamento em relação às novidades, típica de quem está acostumado com a constante falta de costume, denota por um lado uma saudável abertura para as surpresas, mas aponta também para uma tendência à naturalização disso que é construído historicamente. Tudo se passa como se o tempo fosse uma progressão unidirecional e inevitável. Por isso qualquer abordagem filosófica sobre as perspectivas de futuro da “Geração Z” (x ou y) tem que ficar alerta para questionar se o que é celebrado ou temido como o “novo” não esconde apenas mais do antigo “mesmo”, seja positiva ou negativamente. Por exemplo, um dos aspectos mais temidos, pela indústria de entretenimento, na era digital contemporânea é o surgimento de uma “nova” forma de criatividade: o remix. Os remixes, mash-ups e colagens de objetos culturais são uma marca distintiva da Geração Z, mas também uma das principais causas de preocupação para as empresas que detêm os direitos autorais das respectivas mercadorias, digo, obras. As leis de copyright se baseiam, entre outras coisas, na crença romântica ainda bastante difundida de que o artista é uma espécie de autoridade que cria suas obras do nada, como se fosse um ser privilegiado pela natureza, tendo recebido um dom inexplicável de, sem copiar nada ou ninguém, produzir obras que são radicalmente descontextualizadas e absolutamente originais. A Geração Z felizmente vivencia uma explosão de criatividade, para além das restrições impostas pelos setores mais conservadores do mercado cultural, ao reinterpretar não linearmente produtos visuais, literários ou sonoros. De fato, os avanços tecnológicos do século XX facilitaram e, principalmente, democratizaram esses processos criativos envolvendo a hibridização de elementos diversos, mas é importante observar que os remixes não são em si uma “novidade” cultural. Desde uma perspectiva filosófica, não se parte nunca do nada quando se cria artisticamente. Toda obra de arte é resultado de uma combinação e recontextualização de materiais preexistentes. Todo artista é em certa medida um DJ, alguém que conhece muito bem as tradições que o precedem e que delas se apropria. Isso vale tanto para Girl Talk como para Walt Disney, Shakespeare ou Homero. Como dizia Nietzsche, um ardoroso combatente da ideia de inspiração sobrenatural no gesto criativo: “Todos os grandes [artistas e pensadores] foram grandes trabalhadores, incansáveis não apenas no inventar, mas também no rejeitar, eleger, remodelar e reordenar (Cf. “Humano, Demasiadamente Humano” [1878], §155). Os próprios integrantes do grupo de heavy metal Metallica, famosos por desencadear uma guerra contra o Napster,

admitem em entrevistas que não teriam sido capazes de se desenvolverem musicalmente se não tivessem sido beneficiados por um sistema primitivo de compartilhamento no início dos anos 80: nos murais das universidades e dos bares, fãs de diferentes cidades buscavam e ofereciam fitas cassete, trocadas via correio, com gravações piratas das bandas que compunham o cenário indie da época. Dá vontade de gritar: “Volta a fita, Lars Ulrich!”. As leis de copyright precisam, portanto, ser reescritas a partir de uma desmistificação filosófica da suposta autoridade do autor das obras. Outro aspecto, tido por alguns como algo para ser celebrado, que se apresenta através da Geração Z seria a produção de uma “nova” versão do ser humano, um upgrade através não apenas dos avanços da engenharia genética e da robótica, mas também pelo uso de neurofarmacêuticos cada vez mais poderosos. Esse homem+, homem 2.0 ou simplesmente esse “Trans-humano” vem sendo anunciado como nosso futuro. Trata-se do aperfeiçoamento da condição humana via drogas capazes de retardar ou até eliminar o envelhecimento e de fortalecer nossas capacidades intelectuais, físicas e, principalmente, emocionais. Afetos tais como amor, ódio, inveja, tristeza e alegria vêm sendo visualizados através de exames de ressonância magnética e reduzidos a meras correlações neurológicas. Já se fala de “neurocapitalismo”, ou seja, de uma sociedade capaz de gerenciar as emoções em prol de uma maior eficiência da produção e de uma maior adesão ao consumo. Na perspectiva da filosofia, esse suposto “novo” humano está na verdade preso ainda ao antigo “humano, demasiado humano”. O que está em jogo parece ser o otimismo científico: quanto mais desenvolvimento tecnológico, mais evolução humana. Esse otimismo se consolidou na Era das Luzes, mas já tinha seus representantes em eras mais antigas. Platão já falava no diálogo tardio “As Leis” (649a) que seria ótimo se todos os legisladores pudessem ter à mão alguma droga que incitasse, sempre quando quisessem, o medo ou a coragem nos seus legislados, o que certamente facilitaria a administração pública. Então tanto o “trans-humano” como o “neurocapitalismo” talvez não sejam nenhuma grande novidade, mas apenas a realização de um sonho muito velho de controle político da vida das pessoas através de uma farmácia bem azeitada, capaz de influenciar a intensidade, a duração e a direção de suas paixões. O gesto de criar, no sentido de fazer remix das tradições culturais, pode ser uma via fértil de resistência a essas formas cada vez mais refinadas de controle. No futuro cada um de nós, não importa de qual geração, vai ter que decidir se vai ser um exilado, alguém que evita ou ignora as transformações e anseia nostalgicamente por um retorno ao passado; um nativo integrado, alguém que adere acriticamente aos rumos lineares da História; ou um DJ, alguém que ousa recombinar não linearmente as tradições do passado, apontando-as contra o presente e a favor de um tempo ainda por vir. Para a filosofia, nós não estaremos nunca prontos para o que podemos ser se não reavaliarmos radicalmente através do pensamento o que temos sido até agora.

ARTE / ART #34 Thiago Gonzalez, 2 anos


ARTE / ART #35 Gabriel Tavares, 10 anos


#6 # #61 61 61 FRAGMENTO / PIECE # 61

ue já nasce rodeada de comunicação eletrônico-digital; são ts, de comunicação instantânea. A ressalva que se faz aos onto a dependência desse pessoal não o deixa incapaz de viver num mundo não conectado, um mundo sem aparelhos, ou até sem energia elétrica? Conseguiriam se virar? Largados e entregues somente a si mesmos numa ilha deserta, esses Robinsons Crusoés do século XXI sobreviveriam sem botões para apertar, sem telinhas para deslizar, sem um Google que lhes ensinasse como pegar um peixe e acender um fogo?

Num cenário otimista de futuro, essas questões são irrelevantes, pois podemos argumentar que as tecnologias vêm para ficar e que os Robinsons, em qualquer século, terão sempre que contar apenas consigo mesmos e com o que seu mundo lhes ensinou. E, queiramos ou não, o salto tecnológico já foi dado. A opção por ele já foi feita, e, a menos que o mundo mude radicalmente, o processo a esta altura já é irreversível. Acontece que ninguém pode projetar a sério um futuro levando em conta apenas o que gostaria que acontecesse. É preciso também ter um plano B para o caso de o tapete ser puxado de baixo dos nossos pés por um imprevisto qualquer: uma guerra, um meteoro, uma pandemia. Para isso servem os laboratórios de futurologia, ou a ficção científica, ou todas as comunidades cuja profissão é perguntar: “E se...?”. Os cenários pessimistas mais prováveis no momento são: 1) crise financeira grave, com efeito cascata ou dominó, atingindo o cerne das principais atividades econômicas (sistema bancário, energia, comunicações, alimentação, saúde, etc.); e 2) crise ambiental grave, como uma multiplicação de catástrofes localizadas cujo efeito cumulativo poderá interferir no fluxo de comunicações e de serviços on-line, provocando um efeito dominó semelhante ao do exemplo 1. Em quadros assim, o nosso atual momento de cybereuforia passaria a ser apenas uma “bolha” a mais de falsa prosperidade e segurança. Feita essa advertência, nada nos impede de considerar também os cenários positivos e exercer neles nossa imaginação ficcional. Os nativos digitais, vistos desse ângulo, não são a conclusão de um processo, mas o seu primeiro estágio rumo ao que muitos chamam A Singularidade, fenômeno que nunca é descrito do mesmo modo por duas pessoas, porque faz parte de sua natureza ser o resultado de processos além do alcance de qualquer consciência individual.

Digitalizada, uma consciência humana estará liberta da fatalidade biológica que a faz obedecer à seta implacável do envelhecimento e da dissolução. Os processos eletroquímicos que produzem nossas sinapses serão reproduzidos com razoável fidelidade (esse é um processo que irá se aperfeiçoando em ritmo exponencial, numa nova Lei de Moore) a ponto de constituir uma consciência em si, uma mente sem corpo, que dialogará com o mundo apenas através das interfaces eletrônicas. Essa mente habitará uma espécie de ciberespaço em escala “mega” para onde a Humanidade irá migrar pouco a pouco, atraída pela possibilidade, se não da vida eterna, pelo menos de uma existência numa escala de tempo muito superior à dos corpos biológicos. É claro que essas mentes virtuais não existirão no vácuo – precisarão de imensas estruturas físicas capazes de hospedá-las indefinidamente. Numa fase inicial, os humanos biológicos que estão “do lado de fora” serão os responsáveis por essas estruturas, garantindo seu funcionamento, até que o comando e monitoramento dos processos de armazenamento, fornecimento de energia etc. possam ser totalmente executados por aqueles que as habitam. Pode parecer exagerado, mas basta ver as fotos das colossais estruturas dos servidores do Google, por exemplo, em núcleos espalhados pelo mundo, para ver o tipo de investimento gigantesco em infraestrutura de que fomos capazes no curto espaço de duas décadas. À medida que esses núcleos se desenvolverem, eles passarão a centralizar a vida cultural e as trocas de informações, entre as mentes totalmente digitais e os seres híbridos que serão os nossos descendentes “aqui fora”, corpos biológicos iguais aos que temos hoje, só que munidos de todo um aparato de próteses e interfaces. Não existirão mais, aqui fora, experiências como ir ao cinema, ver televisão, acessar websites, jornais ou revistas – todo o processo de armazenamento, atualização e circulação de informações se dará no mundo virtual, que seremos capazes de acessar em wi-fi em qualquer lugar onde estivermos deslocando nosso corpo orgânico. Nesse universo virtual não existirá meio ambiente no sentido físico em que usamos hoje esse termo; existirá uma “mídia-ambiente” da mesma natureza das mentes que a habitam. A experiência de ver um filme digitalizado, por uma mente digitalizada, proporcionará a imersão total de um no outro, como duas gotas de água que se misturam e depois se separam, ou, se quisermos, de uma gota que é colocada num copo d’água e passa a fazer parte dele. A memória humana digitalizada guardará em si não um reflexo do que lhe acontece, mas uma cópia completa, como ocorria com o “Funes o memorioso”, de Jorge Luis Borges. O filme em si continuará existindo em sua versão original lá fora, mas a cópia que foi assimilada pela mente desse espectador passará a ser retrabalhada e interferida. Nossa Geração Z é o primeiro vislumbre desse futuro em que o observador e o fenômeno deixarão de ser duas coisas distintas para ser um só corpo e uma só alma, ambos feitos de uns e de zeros.

Os nativos digitais deverão ser sucedidos pelos digitalmente projetados, os que, ao em vez de, por exemplo, usarem Google Glasses afixados ao rosto, terão um seu equivalente implantado nos globos oculares (ou enxertados como lentes de contato) desde a infância. Cyborgs desenhados e engenheirados desde a primeira fralda e a primeira mamadeira, para que seu contato com o mundo seja mediado por implantes, enxertos ou próteses das mais variadas naturezas. Dizia-se tempos atrás que os meios de comunicação são uma extensão dos nossos órgãos; num futuro próximo, nossos órgãos serão mero receptáculo orgânico para meios de comunicação mais avançados. O corpo do homem será um pedúnculo biológico para a gradual expansão do corpo do cyberman. O ser humano sempre sofreu uma cisão profunda entre o universo da mente e o universo do corpo. O aspecto mais doloroso disso é o fato de que a mente se expande, aperfeiçoa-se e se refina ao longo da vida, enquanto o corpo segue a trajetória oposta, com uma breve ascensão física e depois uma curva descendente a partir da meia-idade, até o ponto em que a própria mente passa a ter seu funcionamento prejudicado por causa de problemas propriamente biológicos, problemas da perecibilidade do hardware orgânico. Em função disso, cultivamos há décadas o sonho de digitalizar por completo uma mente humana e livrá-la desse invólucro que tem prazo de validade muito curto. Esse processo está começando agora pelo uso cada vez mais disseminado de próteses visuais, auditivas, ou de memória; ou de máquinas que obedecem a comandos visuais ou mentais. O desenvolvimento de interfaces entre o biológico e o digital não serve, como a maioria pensa, para que o digital sirva ao biológico, mas para que possa assumir pouco a pouco suas funções até o ponto em que seja capaz de substituí-lo.

ARTE / ART #36 Mina Pellicciari, 13 anos


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/ Pi

# 62

esma pessoa ador da Agência de Redes para Juventude.

ra digital no Brasil não é uma novidade. Não está o e um pequeno recorte nos anos 1980, é possível perceber nas flippers com jogos nas padarias de bairros da Baixada Fluminense, os “fuca” envenenados com potentes aparelhos de som que capturavam o desejo, as breves e pequenas rendas de jovens. Além disso, muitos projetos de vida passaram pelos cursos de eletrotécnica. Lembro-me de passar horas na casa de um primo da Cidade de Deus observando sua capacidade de montar e desmontar televisões. Ter alguém na família com essa especialidade era “uma garantia subjetiva”. Acalmava-me saber que alguém poderia consertar a nossa televisão. Começo este texto reoperando essas breves imagens para demonstrar a relação do campo popular e os primeiros indícios da explosão do gosto pela cultura digital na vida. Recorro também por uma questão política, para gerar vínculo entre corpos populares e essas práticas. Nos livros de história, pops ou densos, raramente existe uma imagem de um sujeito ou território popular com uma “maquininha dessas”. Famílias de camadas médias urbanas em espaços privados são a marca da invenção da memória da TV e do rádio, por exemplo. Não é preciso ser um estudioso para perceber que essa é uma imagem distorcida. Rádios, pequenas vitrolas, fitas cassetes e outros suportes analógicos reinventados para o digital sempre foram íntimos de sujeitos e territórios populares. As aparelhagens artesanais de som, do início da cultura funk juvenil carioca, espalhadas pelos subúrbios também celebram como imagem essa intimidade do campo popular. Digo isso tudo de saída para afirmar que a cultura digital “potencializa” essas relações que já existiam. Quase sempre, em textos que se referem a essa relação, “pobres e cultura digital” são marcados pela ideia de que não existia nada ali. Que a “chegada da cultura digital” é inclusiva. Sim, ela é inclusiva no campo da informação e da participação, na mesma medida experimentada por toda a sociedade. O principal é que ela potencializa práticas existentes nos territórios. Por exemplo, as danças nas esquinas e quintais que antes eram ensaios das performances da molecada para o baile viraram vídeos no YouTube, com acessos surpreendentes e, configuraram a jogada rápida de pernas, com misturas de estilos, direto para a câmera, que conhecemos agora como “passinho do menor” – a maior novidade da cultura popular urbana contemporânea. Assim, fico tranquilo em afirmar, como em outros textos anteriores, que a cultura digital é uma máquina expressiva que tem várias entradas com a juventude popular contemporânea. Um ambiente de dispositivos e sujeitos (muitos deles jovens e adolescentes) que inventam expressões estéticas e formas de se estar na vida. O boné com caixa de som costurada, as fotos com pequenos textos visuais nos perfis das redes sociais com críticas ao cotidiano, os registros afetivos em vídeos da vida nos finais de semana, o ativismo de resistência às remoções da juventude das favelas na rede, os tablets nas digitais esfregadas com emoção e tantas outras imagens demonstram a potente relação entre cultura digital, território popular e juventude. Qualquer política pensada para esse campo deve partir das coisas que já estão sendo inventadas, potencializando-as, com reconhecimento dessa histórica relação das várias gerações de famílias e juventudes populares. Isso significa que, na prática, é insuficiente promover espaços de cultura digital de acesso sem oferecer bolsas e fomentos para esses criadores.

ARTE / ART #37 Luiz Silveira, 4 anos


#6 # #63 63 63 FRAGMENTO / PIECE # 63

ra editora.

tizada, mas é sintomático que seja identificada pela última fabeto. Assim, numa interpretação aberta (e um pouco a o fim do paradigma único da ortografia, da sintaxe, da gramática e da expressividade textual até hoje regulada pela lógica linguística que formatou os textos da era Gutenberguiana. A Geração Z parece querer nos avisar que chegamos à última letra da última página e que é, no mínimo, uma questão de prudência não se minimizar seu potencial experimental, que está, neste momento, em processo contínuo e acelerado no enorme laboratório www.

Antes de qualquer comentário e a título de alerta, vou lembrar um debate bastante semelhante, em intensidade e apreensão, a este que estamos vivendo neste momento Z. Se, hoje, a discussão se dá em torno dos possíveis prejuízos de atenção focal, aprendizado e uso da língua, e de um iminente comprometimento da capacidade de apreensão vertical, profunda, na leitura e na escrita, há 500 anos, curiosamente, podemos encontrar discussões tão acaloradas quanto pessimistas sobre o futuro da geração pós-Gutenberg. Naquele momento, sentia-se como certa a perda funcional da memória e da imaginação diante da emergência da escrita impressa, que passaria a bloquear de forma danosa a capacidade de improvisação e articulação narrativa de mitos e lendas populares constituintes da poética e da épica clássicas, de natureza oral e compartilhada. Prognósticos não validados pelo desenvolvimento do livro. O que foi comprovado, nesse caso, é a recorrência de temores atávicos diante do surgimento de novas tecnologias. Mas voltemos à Geração Z e sua estranha relação com a palavra. Como meu foco profissional foi sempre a palavra, tenho que admitir que este momento é uma festa. Nunca me lembro de ter observado tanto investimento e criatividade em torno das práticas da palavra e da escrita. Não sou nem psicóloga nem neurolinguista, portanto não tenho competência para falar sobre os efeitos www nos corações e nas mentes da Geração Z. Sou só uma apaixonada inveterada pela palavra em todos os seus prismas e políticas estéticas. E hoje é inegável que a palavra e seus múltiplos suportes estão em claro processo (ou guerra) de expansão para além de todas as convenções textuais, editoriais e midiáticas de que temos conhecimento. É a “palavra dominada” que pula para fora da página ou que dá novas texturas e leituras para a página do século XXI. Como crítica, tenho muito trabalho pela frente. Mas isso são questões de campo do futuro da literatura e não, pelo menos neste texto, da natureza específica das práticas da palavra tal como a Geração Z experimenta. Um primeiro conceito que me vem à cabeça, quando penso na Geração Z, é o cybridismo cunhado por Giselle Beiguelman. Cybridismo, para Giselle, é a vida simultânea on e off-line. Parece-me que não temos nada melhor do que essa noção para contextualizar uma possível reflexão sobre a cultura no universo digital. Nosso cotidiano, independentemente de faixa etária ou ethos geracional, já é irreversivelmente cybrido. E nosso tempo já é definido como a era do acesso por economistas e filósofos. Nesse novo quadro, vejo a Geração Z bastante confortável e, particularmente, otimizando as perspectivas e potencialidades das relações em comunidade que o universo digital permite. Observando, mesmo superficialmente, o conjunto dos movimentos comportamentais e criativos no interior da web, salta aos olhos a extraordinária fluência da formação de comunidades flexíveis, móveis e dinâmicas. Num certo sentido, a visão que esse panorama oferece é a da tecnologia viabilizando o universo que os adolescentes, por natureza, sempre sonharam. A vida em tribos, a invenção de dialetos, comportamentos, formas criativas e produtivas de sentido. Um mundo intenso e múltiplo de conexões e articulações coletivas e identitárias. Comunidades de afeto, de conhecimento, de invenção. Para o bem e para o mal, mas isso não vem ao caso agora. O que me chama atenção é a potência desse universo relacional. Ronaldo Lemos uma vez me disse que estava pensando em escrever sobre a geração (essa mesma, a Geração Z) e sua novíssima relação com o tempo e com o espaço. Como observava Ronaldo na ocasião, estaríamos presenciando a emergência de uma solução de continuidade tempo-espacial,

de tal modo agregadora que, em pouco tempo, não faria mais sentido falar coisas triviais como boanoite ou bom-dia. As conexões entre parceiros e grupos permitidas pelas novas tecnologias seriam, simplesmente, ininterruptas. Ficção científica? Análise antenada? Por segurança, volto para a área que domino, a do livro e da leitura. E, nessa minha área, as novidades são muitas. Vou falar só de uma delas, que prezo particularmente. O fenômeno fan ficcion, ou fanfic para os adeptos. Entre as várias surpresas que a Geração Z nos oferece, está um novo e estranho problema de vício comportamental: a leitura (!). No Japão, já é notória a febre da leitura em celulares, de gordos romances distribuídos por Twitter em microcapítulos sequenciais, cuja versão completa é lançada em tiragens gigantescas em suporte papel. Já se fala numa nova forma de dependência preocupante, a dos jovens bookoholics. É a leitura compulsiva por comunidades de fãs. Uma variável interessantíssima dessas comunidades de leitores, a fanfic, é a ação participativa e compartilhada de criação sobre textos, filmes e demais formatos narrativos. Jovens de vários lugares e idades dedicam horas à leitura de textos e à expansão de seus personagens, locais e temas. A maior comunidade fanfic é a de “Harry Potter”, que conta com mais de 700.000 viciados, seguida de perto pela comunidade de fãs de “Star wars”. Os fãs caracterizam-se por uma forte dedicação e expertise diante do texto e empenham-se em preencher lacunas, interpretar e resolver ambiguidades, desenvolver ações e peculiaridades dos personagens, além de aumentar sensivelmente o geodesign, como é chamada a paisagem geográfica, histórica e social do contexto onde se desenrola a ação narrativa. A participação de certas comunidades é de tal forma intensa que os próprios autores começam a se beneficiar desses inputs criativos. Caso clássico é o de George Lucas, que disponibilizou um kit de efeitos especiais para a comunidade Star Wars, o que, de forma previsível, incentivou um enorme laboratório de experimentação e criação participativo no universo Star Wars. O que os fãs não leram foram as draconianas cláusulas de uso dessa criação fora do âmbito dessa comunidade de admiradores que acompanhavam, em letras minúsculas, os kits disponibilizados por Lucas. Alguns casos acabaram na Justiça. Digressão à parte, a leitura criativa e participativa das comunidades fanfic já é uma realidade e começa a ser vista não apenas com simpatia pelos autores de literatura, mas também como um interessante formato de criação para-autoral. É importante lembrar que não só best-sellers são alvos das comunidades de leitura. Clássicos como “D. Quixote”, A Bíblia, “A Odisseia”, “Os miseráveis”, “Jane Eyre”, “Orgulho e preconceito”, obras completas de E. Allan Poe, Alexandre Dumas, Charles Dickens ou brasileiros como “Dom Casmurro”, “A hora da estrela”, “A cartomante” e muitos outros contos de Machado de Assis, e uma lista quase infindável de títulos congregam comunidades numerosas e autorreguladas, o que impede que a obra tenha alguma adulteração estrutural. Essa, a meu ver, é a mais importante novidade da área de literatura em tempos digitais. A interpretação e a apropriação textual compartilhadas. Subgêneros ou práticas narrativas já despontam e proliferam nas comunidades de fãs. É fanartt (recriação visual de obras literárias), podcasts (recriação sonora), fanfilms (recriação em filmes), além de ensaios, metadiscursos, lista de discussões críticas e muitos outros. Ainda que as formas poéticas e as narrativas transmídia estejam, de forma interessantíssima e acelerada, ensaiando a criação de novos formatos de escrita e consumo textual no mundo das letras, ainda vejo as comunidades anárquicas de fanfic de leitores jovens como a mais violenta interpelação à série literária, seus cânones e valores. Estamos, definitivamente, diante do poder da Grssauum Z, com seus dialetos tribais, seu bilinguismo sinistro e, sobretudo, sua paixão e destemor no trato comunitário com a palavra.


#64 #6 #64 64 FRAGMENTO / PIECE # 64

turos Possíveis".

Geração “Millennial”) é um problema. Tem gente que diz que ceram depois de 1986, quando computadores e outros nsumo, incorporados ao ambiente doméstico por meio do Apple II ou dos primeiros consoles de videogame.

Mas as linhas de tempo que definem mesmo essa geração são os anos de 1976 e 1994. Quem nasceu nesse período acompanhou na infância as transformações sociais e tecnológicas que culminariam na popularização da internet. Pode parecer estranho incluir na mesma geração pessoas que hoje têm de 19 a 37 anos, mas a evidência social é de que elas de fato têm mais em comum do que se imagina.

Gosto sempre de pensar em um amigo meu que nasceu no ano limítrofe de 1975. Hoje com 38 anos, ele relata ter perdido o primeiro vagão de mudanças tecnológicas que aconteceriam a partir do fim dos anos 70 e nos anos 80. É claro que ele testemunhou tudo, mas como se fosse um espectador de segunda mão, sem ter efetivamente participado como protagonista das mudanças, mas mais como um emissário tardio da geração anterior. A questão é que agora que a Geração Y começa a ocupar cada vez mais espaços sociais, ela traz consigo também um enorme pânico para quem é das gerações mais antigas. Já até me acostumei a ouvir as queixas de executivos, empreendedores ou mesmo donos de escritórios de advocacia, que não sabem mais o que fazer para reter os rebeldes “garotos” da Geração Y.

o novo presidente do país será inevitavelmente alguém pós-1968, com todas as implicações políticas, culturais e a sensação de mudança geracional que isso traz consigo. Em outras palavras, não só o Brasil, mas o mundo todo começará a assistir à Geração Y ocupando cada vez mais posições de poder. Trocas de guarda como essa não são novidade alguma. A diferença desta vez é que o modus operandi entre a geração que sai de cena e a que vai emergindo é radicalmente diferente. Uma vem do planeta analógico, a outra, do planeta digital. A geração que sai de cena foi responsável por mudanças e conquistas essenciais para a democracia. A Geração Y, por sua vez, ainda busca encontrar seu lugar no mundo, vencer a insegurança e entender tanto a que veio quanto o que pode efetivamente fazer. O conflito entre essas duas gerações, natural neste período de transição, já se materializa em toda parte. Talvez seu maior símbolo até agora tenha sido o suicídio do programador e ativista norteamericano Aaron Swartz, aos 26 anos, em janeiro de 2013. Sua morte ganhou destaque na mídia global. Aaron estava prestes a ser condenado nos EUA por ter feito o download de mais de quatro milhões de jornais acadêmicos no MIT (Massachusetts Institute of Technology). Ele nunca colocou os materiais na internet. Mesmo assim foi processado de forma exemplar por dois procuradores dos EUA (ambos pertencentes à Geração X), que trataram o caso de forma totalmente desproporcional, pedindo que ele fosse condenado a 35 anos de prisão. O processo contra Aaron (e a tragédia da sua morte) simboliza uma forma de incompreensão que provavelmente ainda terá lugar outras vezes nos próximos anos. De qualquer forma, a maioria dos conflitos que surgirem será tratada e processada com a necessária leveza e, por que não?, com uma dose imensa de humor, outra das características da Geração Y. E, no mais, para quem acha que essas mudanças já são profundas o suficiente, aguarde só a chegada à maturidade da Geração Z, aqueles que nasceram depois de 1995. Aí sim as coisas vão ficar ainda mais interessantes.

Essa é uma das suas características: o permanente inconformismo. Achar que nada nunca está bom, nem o emprego, nem as relações pessoais, de amizade ou amorosas. A psicóloga Jean Twenge, autora de um dos livros mais interessantes sobre essa geração, chamado “Generation Me” (Geração Eu), tem uma explicação para tamanha insaciedade. Para ela, essa geração cresceu a partir da premissa de um individualismo exacerbado. Seus integrantes ouvem desde sempre a repetida mensagem: “Você é especial”. Seja por mensagens publicitárias (“Este produto é feito para você”), por meio da cultura popular (“Você é o escolhido”) ou até mesmo nas chamadas por mais altruísmo (“Você pode mudar o mundo”). Não por acaso o “você” é o centro dessas comunicações, uma chamada direta e sem intermediários para o ego de cada “millennial”. Isso, ao mesmo tempo em que empodera ideias e indivíduos, cria também essa sensação de permanente insatisfação, já que muitas das expectativas alimentadas jamais se concretizam. Se a Geração Y é imperfeita por definição, suas qualidades também não são desprezíveis. Aliás, o temor despertado pela Geração Y nas gerações mais antigas relaciona-se muito mais às suas qualidades do que aos seus defeitos. São ávidos por informação, capazes de analisar e processar uma quantidade de variáveis antes impensáveis (algo talvez aprendido por meio de videogames e RPGs). São também multitarefa, no sentido de jamais se contentarem com uma única atividade. A Geração Y concretizou a profecia de que é possível desenvolver múltiplas especializações. Ninguém mais precisa fazer apenas uma coisa pelo resto da vida: é possível ser programador, tenista e dramaturgo ao mesmo tempo (capacidade talvez inspirada pelas múltiplas janelas do Windows). Dentre suas outras qualidades está a restauração de valores por algum tempo julgados ultrapassados, como a lealdade, a colaboração, a busca pela construção da coletividade, a sustentabilidade e a busca constante pelo pertencimento, mesmo que por meio de estratégias precárias, etéreas ou imateriais, viáveis apenas na forma fluida da rede. O mais interessante de tudo é que estamos chegando ao momento em que a Geração Y aproxima-se cada vez mais do poder. A esse respeito, vale pensar que o último presidente que o Brasil elegerá que viveu a geração marcada pelo ano seminal de 1968 acontecerá nas eleições de 2014. A partir de 2018,

ARTE / ART #38 Ugo Peruch, 2 anos


#65 #6 #65 65 FRAGMENTO / PIECE # 65

ção e espanto, que chama um filho ou um neto para resolver cnologias. Por que será que as crianças e jovens lidam com ertamente eles parecem mais plásticos para a absorção de novidades, ou porque não tiveram tempo para a cristalização de hábitos e crenças ou porque não conheceram o mundo antes das novidades e não têm que mudar nada, apenas viver a realidade com que se deparam. Talvez tenha sido sempre assim através das gerações: as crianças crescem no ambiente que encontram e lidam com ele sem dificuldade.

Mas, nesta segunda década do século XXI, há uma sensação de impacto mais radical do que uma transformação natural na História da Humanidade. Há uma sensação de ruptura. O homem inventou uma ferramenta poderosa que provocou um salto qualitativo na abordagem do conhecimento, das relações e da vida. Inventou uma prótese para o cérebro, que promove uma sinergia única entre ciência e tecnologia, o que acarreta novas invenções e descobertas em velocidade exponencial, uma alimentando a outra. E a mesma ferramenta vem mudando profundamente as relações sociais, políticas e econômicas, apontando para novas relações de trabalho. E, ainda, permite contatos em tempo real, a qualquer momento e em qualquer lugar, o que transforma a noção de tempo e espaço. Com as novas tecnologias, uma outra visão de mundo começa a se construir, implicando uma crise paradigmática. Surgiram novas referências que estão convivendo com as antigas, o que instala um estado de perplexidade. Os chamados nativos digitais ― categoria criada por Marc Prensky, pensador americano, no livro “Digital natives, digital immigrants” ― nascem no mundo da tecnologia digital, imersos em tablets, smartphones, internet e todas as ferramentas de um mundo conectado. Não conhecem a vida sem conexão, sem smartphones e internet. Não é apenas uma questão de ferramentas diferentes, mas uma nova maneira de interpretar o mundo e de agir sobre ele. As novas tecnologias fazem o cérebro estabelecer novas conexões, mudando a maneira de adquirir informação e de se expressar. A mudança paradigmática em curso tem como origem a crise de valores e crenças, o que instala o desarranjo dos momentos de transição. É um período complexo e doloroso, que implica uma mudança grave dos parâmetros conhecidos. Por exemplo, a criação de uma forma artificial de vida em laboratório, como já realizou Craig Venter, geneticista renomado que participou do mapeamento do genoma humano, inaugurou a possibilidade de vida longe da evolução darwiniana, uma questão ética bastante polêmica. Esse é apenas um exemplo do que a tecnologia digital criou ― e pode criar ― de impacto. É com esse mundo que os nativos digitais vão lidar. Uma cultura desconhecida das gerações anteriores, as dos imigrantes digitais, que são ainda os que educam os nativos. Uma relação difícil, e é preciso adequar muita coisa para o convívio das duas culturas (nativa e imigrante). A instituição que mais precisa se adaptar é a escola. Os alunos podem acessar conteúdos diretamente nos sites de busca, sem necessidade do professor, tirando da escola o papel de principal e primeiro provedor de informação. Então, qual é o novo papel do professor e da escola? Afirma-se que a busca de informação online traz uma leitura apenas superficial, embora mais abrangente. Então, como aprofundar conhecimento? O aluno pode acessar conhecimento de qualquer lugar e a qualquer hora, sem precisar ir à escola. Então, qual é a razão de ir à escola? A socialização via redes sociais implica novo tipo de vida social, afetiva e política. Então, quais as consequências? E por aí vai. O admirável mundo novo que se funda, e parece trazer um futuro diferente de qualquer perspectiva esperada ou prevista, precisa ser discutido com os nativos digitais que vão construí-lo, pensando em valores. Esse ainda é um papel importante da escola agora: ensinar a procurar soluções para os desafios do mundo a partir de um ponto de vista ético.

ARTE / ART #39 Francisco Passi, 10 meses


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e artista.

em um sonho e lhe dessem uma flor como prova de que havia estado ali, e se ao despertar encontrasse essa flor em sua mão... então o quê? ― S.T. Coleridge

E o homem criou a máquina. Ainda não conseguimos fazer as máquinas falarem, mas como falamos através delas! Porque não falam, não podem ser analistas. Nem dos seus próprios sistemas. A diferença entre o silêncio das máquinas e o silêncio dos falantes nos dá a dimensão da escuta na psicanálise. No silêncio do analista, o falante, em voz alta, constrói o enigma do seu saber ao imaginar o que o analista sabe sobre o que ele próprio supõe que sabe naquilo que diz. É uma rede conectiva de alta tensão por onde circulam os habitantes que povoam o seu universo interior. Acesso Lacan e leio que a criança não aprende a falar, aprende a responder ao desejo de quem a interpela como desejada. Um dos destinos dos falantes será, portanto, disputar esse lugar de objeto do desejo pela vida inteira. Não raro há pessoas que encontram rivais não somente entre seus semelhantes, como também em quaisquer coisas, como o trabalho, que possam desviar a atenção de quem lhe interessa. A intensidade, os modos e a frequência com que isso ocorre vão depender de como cada um organiza sua vida afetiva em torno dessa demanda de amor. Falo disso a propósito de ter sido, mais de uma vez, interpelada como psicanalista sobre o destino e a qualidade dos afetos dos internautas. Num bate-papo com os interessados no assunto, soube que construíram seu perfil e até lhe deram o nome de Geração Z, a geração tecnológica, também chamada de nativa porque já nasceu e cresceu em meio aos aparelhos. Aqueles que aprenderam a navegar na fase adulta são chamados de imigrantes, assim como acontece com os falantes da língua materna em relação aos estrangeiros. Circula a queixa de que essa geração reina absoluta no universo virtual e nesse isolamento se esquece daqueles que inutilmente se esforçam para animar o seu mundo ao redor. E mais: vaticinam que seus integrantes terão muitas dificuldades para se manter nos empregos, receber ordens, ou trabalhar em grupo porque estão acostumados à liberdade como produto dessa solidão programada. Ninguém jamais ouviu falar nesses sintomas num outro contexto? Comento: se existe uma nova geração de usuários que não abre conta para receber ordens, talvez seja um ótimo sinal dos tempos. Aqueles que ocupam lugares de mando são eles mesmos que devem rever a forma como aplicam a sua autoridade. Mudanças em curso nos sistemas empresariais? Minimize. Ouvi pessoas se confessarem irritadas com os fabricantes das tecnologias, por estes exigirem dos usuários uma constante readaptação aos novos modelos que são criados todos os dias. Falam também de sua desconfiança em relação àquelas que dedicam a maior parte do seu tempo a fuçar todas as possibilidades operacionais que as novas tecnologias podem oferecer. Não curti quando alguém afirmou que os amantes dos computadores, dos tablets, dos telemóveis e do que mais vier confundem o valor do seu uso com o valor de troca extraído dos contatos com os demais internautas. Comento: os internautas usam para trocar. Não compartilho, portanto, imagens estereotipadas de navegadores na pele de consumidores compulsivos, apáticos ou indiferentes aos demais, só porque estão ligados no modelo mais novo e debruçados nas janelas de suas máquinas. Eles poderiam responder com esses versos, das “Ficções do interlúdio”, de Alberto Caeiro. Compartilho:

Sei ter o pasmo essencial Que tem uma criança se, ao nascer, Reparasse que nascera deveras… Sinto-me nascido a cada momento Para a eterna novidade do mundo. Teclo Caeiro, vejo um vulto solitário em Pessoa mesclado com o Cavaleiro da Triste Figura. Não mais que de repente percorre-me a sensação do isolamento cultivado por Marie Curie, uma estudante polonesa em Paris… a viver entre o aposento frio de uma água-furtada e o laboratório de física. Dedicou sua vida à descoberta daquele elemento desconhecido que poderia gerar o nível de radiação obtido através dos experimentos. Recebeu o Nobel de Química pelo isolamento do rádio em 1911, quando já havia sido agraciada com o Nobel de Física em 1903. Fiquei fascinada por aquela cientista que se dava o direito de escolher o laboratório em vez dos salões. O leitor tentará encontrar um elo entre Madame Curie e a Geração Z. Talvez não exista algum. Mas procedi aqui da mesma forma como quando estamos mudando de um canal para outro ou pesquisando várias informações ao mesmo tempo. O termo isolamento foi o elemento que me levou a fazer tal associação. O personagem poderia ser um monge, um leitor, uma escritora ou poeta, qualquer pessoa concentrada na execução de uma determinada tarefa para a qual o isolamento é imprescindível. Observei nas queixas dos que se sentem abandonados pelos internautas uma forte carga de desaprovação com matizes de censura a encarregar o termo isolamento para servir de transmissor do recado ciumento: Dos pais e mães que reclamam dos seus filhos porque não saem mais do quarto, ou não voltam das lan houses, metidos na tela a conviver pouquíssimo com os outros da família; de pessoas que temem ser traídas virtualmente pelos amantes; dos educadores temerosos de que os estudantes não disponham mais de tempo suficiente para dedicá-lo aos estudos. Todos parecem angustiados por não terem como medir o tamanho da chave que abre a janela de ofertas aos internautas para estes se perderem encantados no país das maravilhas da internet. As máquinas roubam a atenção que lhes era devida? Conversei com alguns pais e mães de adolescentes internautas que não disputam com os aparelhos tecnológicos a atenção dos seus filhos. Observei alguns pontos importantes na forma como lidam com a questão: esses pais também são navegadores e se relacionam com os filhos através das máquinas; eles orientam a agenda da família e estabelecem horários para o uso dos aparelhos, assim como organizam os momentos de convivência referentes a refeições, passeios, viagens, saídas culturais etc. Em mais uma conversa, um pai imigrante falou algo bastante pertinente sobre o seu filho nativo em relação aos jogos: a criança joga até sentir uma espécie de exaustão. Num momento como esse, o adulto atento o leva para fazer outras atividades. Desse modo, qualquer criança ou adolescente se sente assistido e confiante para seguir adiante com seus experimentos. A curiosidade pelas novidades embutidas nas máquinas e a concentração para acionar e operar seus mecanismos são expressões do desejo de saber e de trocar o saber com os demais. Pierre Lévy, em seu livro “Cibercultura”, adverte-nos sobre o fato de que a comunidade virtual não é irreal, nem ilusória e concorda com Paul Soriano, da BBS Atelier, em que a expressão “comunidade atual” cairia muito melhor. Todas as invenções tecnológicas do mundo atual obviamente são produtos dos nossos sonhos e das nossas fantasias, já tão bem reconhecidas pela literatura em geral e pela ficção científica especialmente. As formações do inconsciente, teorizadas por Freud, quando isolado pensava sobre o que ouvia na clínica, encontram nesses novos aparelhos diferentes suportes para expressar suas infinitas criações. Enquanto as máquinas não falam, cá entre nós continuamos a esquentar o nosso bate-papo. E como falamos através delas! Em relação aos resistentes e ciumentos, eu lhes aconselho uma temporada no silêncio.


“A tecnologia revoluciona o universo dos nossos sentidos e, como decorrência, o universo de nossas mentes.” ― Augusto de Campos

ARTE / ART #40 Chico Moraes, 2 anos


#6 # #67 67 67 FRAGMENTO / PIECE # 67

ritor.

ssões sobre um possível salto de qualidade nas cidadanias,

obre possíveis vertigens antropológicas dando margem

a uma nova espécie gerada por interatividades, produções de conteúdos e acelerações, expansões dos reflexos audiovisuais, todas as discussões sobre a influência dos aparelhos equipados com telas habitadas por links e aplicativos, senhas e contrassenhas movimentando criptocadeados nas mentes, nos corações e nas vidas das pessoas, todas as discussões e deslumbramentos sobre uma radical e religiosa mutação na psique e no senso gregário dos humanos (religiosa, sim, porque ideia de futuro, a fé e a crença no progresso, numa caminhada rumo a uma zona de conforto tecnológica ou social-histórica

tipo “Imagine”, de John Lennon, emoldurada por aldeias globais, atualizada para comunismos virtuais, sonhos de espiritualidade cibernética e união num corpo só de colaborativismo e comunicação universal incrível, é tudo puxadinho do humanismo cristão, é tudo teologia virada de cabeça pra baixo e só) a partir da internet e das gerações de usuários cada vez mais precoces e nativos (o alfabeto vai acabar pois, de Z a H, uma vai, tediosamente, redundantemente, engolir a outra), bem, todas essas discussões sobre os efeitos da internet e dos gadgets nas capacidades sociais e na inteligência dos humanos estarão completamente obsoletas e, como se dizia tempos atrás, cafonas, porque a volúpia consumista e seus três mandamentos (conforto, velocidade e portabilidade) já transformaram há muito o progresso em sucata conceitual, daí que inovações na utilização, novidades nas programações e designs não serão sinônimos de... novo, mas apenas detalhes da proliferação, promiscuidade, pornografia de consumo, clientela e cadastramento que movem nossos cotidianos urbanos. Vivemos (e isso em 2050 estará mais exacerbado) a era do Maneirismo Industrial de Serviços, e o que vai acontecer é a vulgarização, banalização, nivelamento de todo o consumo de aparelhinhos equipados com redes de conexão, chegando ao ponto máximo de usufruto que é o já cantado e decantado híbrido homem-máquina, ou seja, telas e aplicativos literalmente na veia, sob a pele, nos olhos etc... as pessoas estão querendo, precisando disso, e as próximas gerações com certeza estarão com seus corpos muito mais sensíveis ao toque. Monitor no músculo. Tudo camuflado no organismo, naturalizado no dia a dia. Sem discussão. E o ser humano estará curtindo uma evolução em função disso? Claro que não. Continuará o mesmo, equilibrando-se precariamente na guerra entre os instintos gregários e os desagregadores devidamente e apenas potencializados por internets e etceteras. E a juventude cibernetizada, nativa de mais da conta? A juventude enquanto conceito marqueteiro de idade emocional, revolução e renovação já completou sessenta anos, tá senil e alquebrada. Jovem é apenas sangue novo na repetição. Cada geração empurra a sua pedra de Sísifo morro acima. Agora a pedra é digital. Em 2050 será bioalguma coisa. Mas o processo é o mesmo. Empurrar pra cima da montanha enquanto o cosmos indiferente ronca baixinho zzzzzzzzzzz...

ARTE / ART #41 Frederico Passos, 1 ano


ARTE / ART #42 Luca Peruch, 5 anos


“A poesia é a descoberta das coisas que eu nunca vi.” ― Oswald de Andrade

ARTE / ART #43 Raquel da Silva, 8 anos


“O indizível – é ai que começa a arte.” ― Jean-Louis Ferrier

ARTE / ART #44 Nathália G. dos Santos, 8 anos

ARTE / ART #45 Bruno Whitaker Penteado Hofstetter, 2 anos


ARTE / ART #47 Mila Rodrigues, 6 anos

ARTE / ART #46 Beatriz Marques, 3 anos Manuscrito do av么


“Linguagem de poeta e a de criança são a mesma coisa: é uma linguagem cifrada.” ― Lêdo Ivo

ARTE / ART #48 Clara Engel, 5 anos


“Hoje a organização visual é fator de sobrevivência.” ― Ricardo Leite

ARTE / ART #49 Joao Philippe Gebara, 2 anos

ARTE / ART #50 Felipe Magalhães, 8 anos


“Se eu pinto desta maneira, é porque eu desejo ser uma máquina.” ― Andy Warhol

ARTE / ART #51 Sibel, 4 anos


ARTE / ART #52 Tom Gebara, 6 anos

ARTE / ART #53 Raquel da Silva, 8 anos


ARTE / ART #54 Jonathan Silva, 2 anos

ARTE / ART #55 Jo達o Moraes, 3 anos


ARTE / ART #56 Clara Engel, 5 anos


“Há histórias tão verdadeiras que parecem que são inventadas.” ―

Manoel de Barros ARTE / ART #57 Dahlia Leonora, 2 anos Manuscrito da mãe


ARTE / ART #58 Davi Magalh達es, 7 anos


“Realidade é para pessoas com falta de imaginação.” ― ARTE / ART #59 Sol Veloso, 2 anos


ARTE / ART #60 Flora Rosauro, 10 meses


“Ao infinito e além!” ― Buzz Lightyear Lightyear, personagem do Toy Story “To the infinite and beyond!” ― Buzz Lightyear, character of Toy Story



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