amores amassados

felipe demetri
advertência: você pode – talvez –ler isso e pensar que é tudo muito desnecessário. mas tem algo aqui incessante. eu sou isso. um monte de amor amassado.
dedicatórias: “noite de verão” é dedicado a joana de souza sierra; “mosca da fruta”, a guilherme bernardo de oliveira; “uma folha morre”, a luiz henrique fernandes dos reis; “vento de outono”, a arthur mello brotto; “silêncio cortante”, a carla de avellar lopes.
camadas camadas
disposição sedimentar amores amassados
noite de verão –silêncios e sussurros das estrelas
mosca da fruta à procura de coisa nova ainda que madura
despejar o tempo no tecido branco das presenças
o amor, antes extorquido, agora vejo por aí fluindo
uma folha morre
outra nascendo –
tempos e arremedos
ipê rosa
faz poesia
todo prosa
a água canta silêncios entre dores – tarde de verão
a plaintive call heard by no one and then dies out
primeira friagem é o acalanto do coração gelado
vento de outono –
a lua espelhada no mar reflete lembranças
silêncio cortante –reticências são palavras duras fincadas no semblante
prenúncio de chuva (vento e escuridão)
silêncio que vem do céu
tempos inertes –me vejo sem ti tateando impresenças
suspiro longo se soma ao vento frio – angústia ao léu
sol poente –para onde vai tanta tristeza?
a vida é mesmo diminuta o vento frio no fim da noite solto em solidão soturna
o amor, antes expandido, agora vejo por aí ruindo
amores amassados
disposição sedimentar camadas camadas