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Com sistemas integrados MS assegura sustentabilidade
COM SISTEMAS INTEGRADOS, MS ASSEGURA SUSTENTABILIDADE DO AGRO E DIVERSIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO
Aagropecuária de Mato Grosso do Sul é uma das mais sustentáveis do país. Utiliza técnicas e práticas que conciliam produção e proteção ao meio ambiente. Entre os principais instrumentos estão os sistemas integrados. São estratégias que associam diferentes atividades, como a agricultura, a pecuária e o cultivo de florestas em uma mesma área.
Não é por acaso que Mato Grosso do Sul lidera o ranking nacional de uso da integração. Segundo a Rede ILPF – associação formada por empresas e pela Embrapa para difundir esses sistemas, o estado tem 3,169 milhões de hectares ocupados com esse modelo de produção. Representa 18,1% da área com integração no país, que chega a 17,431 milhões de hectares.
Nos últimos seis anos, o espaço ocupado pelos sistemas cresceu 58% no território sul-mato-grossense. O estado expandiu sua produção agropecuária baseada na conversão de áreas, principalmente em espaços que eram ocupados antes somente por pastagens. A mudança no uso e ocupação do solo impulsionou as atividades e a própria economia de Mato Grosso do Sul e, ao mesmo tempo, garantiu o cumprimento de metas ambientais.
O consultor técnico do Senar/MS Clóvis Tolentino aponta que a integração oferece uma série de vantagens aos produtores, como: otimização do uso da terra, aproveitamento de todo o potencial do solo e combinação de vários modelos e culturas, em apenas um espaço.
Ele explica que a intensificação, dependendo da modalidade adotada, possibilita a produção em uma mesma área de: grãos, fibras, madeira, energia, leite ou carne. Além disso, a associação pode ser feita de forma consorciada, em sucessão ou em rotação.
Modalidades de integração
Existem várias possibilidades de combinação entre os componentes agrícolas, pecuários e florestais da integração. Mas, antes de optar por um deles, o produtor deve procurar orientação técnica especializada para analisar a viabilidade do sistema. Atualmente são quatro modelos:
•Integração lavoura-pecuária (ILP) •Integração lavoura-floresta (ILF) •Integração floresta-pecuária (IFP) •Integração lavoura-pecuária- floresta (ILPF)
O consultor técnico do Senar/MS ressalta que a abrangência da integração é enorme, porque possibilita o desenvolvimento simultâneo de várias atividades e também a aplicação em propriedades rurais de todos os portes: pequenas, médias e grandes. “Há muito tempo ouvimos que a diversificação da produção favorece a estabilidade da propriedade. Somado a isso, há uma busca cotidiana pela produção sustentável. A produção integrada consegue contemplar estas duas perspectivas. É um caminho sem volta”, expressa.
REALIDADE NA PRÁTICA
O produtor rural Moacir Reis adota a ILP em suas propriedades em Ribas do Rio Pardo desde 2006. Ao todo, são mil hectares com a atividade consorciada e os resultados são muito positivos.
“A longo prazo, a integração entre as culturas apresenta muitas vantagens, principalmente em adubação, mas também a interação dos animais com as árvores. O bem-estar animal é o principal ganho com o projeto”, detalha.
Da área intensificada, ele explica que 40% são dedicados ao cultivo de eucalipto e 60% para pastagens. “Temos uma interação de floresta e pastagem, os animais têm uma interação com as árvores e há o ganho, isso é fato. Quando observamos, a questão da temperatura média é o que mais sentimos. É mais estável. A floresta dá uma estabilizada nas temperaturas extremas. No frio, nunca estará tão frio; no calor, nunca estará tão quente”, comenta.
Com a mão na terra e de olho no rebanho, Moacir vê o sistema como uma grande alternativa para reduzir os riscos do empreendimento rural.
“Quando você pensa na questão da integração, você pensa na diminuição de risco. Pensamos em duas culturas que podem assegurar duas fontes de renda. O ganho por hectare até pode ser menor, mas quando olhamos a longo prazo, o risco é muito menor, assim a receita se sobressai. Se você tem só uma cultura, o investimento é maior e o risco também. O gado faz muito bem para a floresta, e a floresta faz bem para pastagem e para os animais. Um ganho para os dois lados. As duas atividades são beneficiadas e o produtor tem menos riscos dentro do projeto”, ressaltou.
Além dos benefícios citados por Moacir, o consultor do Senar/MS cita o ganho ambiental, principalmente a melhoria da qualidade do solo, como outra vantagem dos sistemas integrados.
“A presença de diferentes espécies vegetais na mesma área possibilita o aumento de matéria orgânica, como folhas e raízes, que, por sua vez, favorece a vida de minhocas, besouros e outros pequenos organismos. Estes pequenos animais ajudam a decompor os restos de plantas, fazem galerias no solo e, com isso, melhoram a infiltração de água, reduzindo também o risco de erosão”, relata.
CARNE CARBONO NEUTRO
O consultor do Senar/MS diz que o produtor que cria gado de corte em consórcio com o cultivo de florestas pode ter ainda um benefício a mais: agregar valor à proteína destes animais e certificá-la com o selo “Carne Carbono Neutro”.
O selo é uma marca conceito desenvolvida pela Embrapa. “A Carne Carbono Neutro é um exemplo. Já é comercializada e com valor diferenciado em vários centros, porque sua produção neutraliza as emissões dos gases do efeito estufa por meio do crescimento de árvores no sistema integrado”.
Clóvis destaca que o Senar/MS e o Sistema Famasul desenvolvem várias ações de capacitação para o uso dos sistemas de integração e que a iniciativa requer planejamento. “É necessário avaliar as demandas de máquinas e equipamentos que a nova atividade tem e se vai ser necessário alugar ou contratar alguém que faça o serviço. Outro exemplo: o cultivo de grãos precisa de máquinas específicas, que geralmente o pecuarista não tem. Um outro aspecto fundamental é a disponibilidade e qualificação de mão de obra. Neste ponto em especial, é onde o Sistema Famasul atua fortemente, qualificando gratuitamente trabalhadores e produtores”, finaliza.
Clóvis Tolentino, consultor técnico do Senar/MS