Catálogo Exposição "Imperfeita" 2.0 - Curadoria Adriana Scartaris

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«IMPERFEITA« projeto

HISTÓRICO

O projeto “IMPERFEITA” nasceu de um concurso que elegeu 10 artistas brasileiros, promovido pela galeria multipotencial, o Coletivo284 de Lisboa-Portugal, durante o ano de 2020 com o propósito de homenagear a mulher e dar visibilidade artistas brasileiros inéditos na Europa. Montada pela primeira vez em maio de 2021 em Lisboa, “Imperfeita” apresentou o talento de artistas 15 maduros (10 brasileiros e 5 portugueses) e agregou tecnologia com a Realidade Aumentada criada, por um jovem artista brasileiro que deu vida às obras atraindo público de todas as idades para a experiência de mergulho na arte com interação. O sucesso “Imperfeita” Lisboa seguiu de Lisboa para São Paulo intitulada 'Imperfeita” 2.0, recebido por E L A, também uma galeria multipotencial e construída sobre pilares do propósito “Compartilhar para Transformar”, com abertura em 22 de setembro de 2021, sob a curadoria de Adriana Scartaris, Co-fundadora do Coletivo 284, com obras inéditas de 8 artistas que participaram da primeira edição somados aos 6 artistas convidados pela curadora, em cartaz de 28 de outubro a 30 de novembro de 2021. A tecnologia de Realidade Aumentada segue com um grande diferencial e atrativo para o público de todas as idades.

Novos e potentes olhares sobre o tema. Qual será o próximo porto de “Imperfeita”? Certamente seguirá espalhando a força de Frida e colocando ainda mais luz sobre a sua maravilhosa “imperfeição”.


ARTISTAS PARTICIPANTES ADRIANA GAMBARINNI ALESSA BAGGIO ANGELA CANABRAVA B. BERNARDO MEDEIROS BETO KELNER CONSTÂNCIA GRAIN CRISTINA RAVAGNANI ELOISA LOBO MALVACCINI MARCOS MARILENE NETO REGINA VINICIUS

ANTHONY ZANCCHETT SANSONE CHEIDA DE PAULA

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL ADRIANA SCARTARIS REALIDADE AUMENTADA JOÃO NUNEZ

TEXTO DE ABERTURA PEDRO GOULÃO TEXTO SOBRE AS OBRAS OSCAR D’AMBROSIO CURADORIA ADRIANA SCARTARIS

PROJETO COLETIVO 284 REALIZAÇÃO EMBAIXADA DO MÉXICO NO BRASIL / E L A


Imperfeita, ou a Perfeita Imperfeição de Frida Kahlo “Pinto autorretratos porque estou muito tempo sozinha. Pinto-me a mim mesma, porque sou a que melhor conheço.” Frida Kahlo Nada na vida de Frida Kahlo e nela mesma se aproxima do que poderíamos convencionar ser a “perfeição”. Felizmente. Nada disso impediu e , pelo contrário, impulsionou o trajeto que levou a que ela se tornasse um duplo ícone, da Pintura e Artes plásticas e do Feminismo. A Arte de Frida é um dos exemplos maiores da capacidade de um ser humano transmutar, de forma quase alquímica, tudo o que lhe é essencial, intrínseco, em Arte. Na Arte de Frida e nos seus inúmeros autorretratos está, imperfeitamente, é certo, ela: as suas paixões, os seus amores e desamores, as suas raízes mexicanas, a sua beleza não convencional, o seu corpo martirizado e torturado pela poliomielite e pelo acidente e as mais de trinta operações que lhe sucederam. Frida, como ninguém, pintou a dor e a superação e, ao fazê-lo, sublimou-as e sublimou-se. E assim firmou a sua condição de mulher livre, numa sociedade e num mundo que era, e permanece, patriarcal, machista.


Tornou-se ela mesmo, bandeira, ícone, inspiração. Assim mesmo, “imperfeita”. E é essa mesma “imperfeição” que inspirou mais de uma vintena de artistas, mulheres e homens, de várias nacionalidades, abordagens e técnicas diferentes, a criarem as obras que constituem o corpo desta exposição. Em todas elas e eles e nas suas obras, encontramos o efeito transformativo da arte de Frida. Nela, eles e elas encontraram reflexos, exploraram afinidades, afirmaram diferenças, criaram interpretações. Conheceram-na, reconhecendo-se. E estabeleceram com ela laços. E essa capacidade conexão, talvez seja o que de mais importante a Arte pode estabelecer.

Termino, como comecei, com outra frase dela: “Eu costumava pensar que era a pessoa mais estranha do mundo, mas então dei por mim a pensar: há muita gente no mundo, tem de existir alguém como eu, que se sinta bizarra e danificada da mesma forma como eu me sinto. Consigo imaginá-la, e imagino que ela também deve estar por aí, a pensar em mim. Bom, espero que se estiver por aí e ler isto, saiba que, sim, é verdade, eu estou aqui e sou tão estranha como você.” Frida Kahlo

Pedro Goulão, Lisboa, Maio de 2021


BA RINNI

AD M RIANA GA

Significados A maior capacidade da arte está em criar novas visões da existência. Adriana Gambarinni toma assim Frida Kahlo como o paradigma das múltiplas possibilidades que a jornada vivencial nos traz. A artista mexicana funciona como um detonador de imagens, histórias e emoções. É icônica, por exemplo, a representação que a pintora fez da sua coluna partida, mas a grandiosidade dessa obra está menos na dor e mais na maneira como evoca as fragmentações que temos em nosso interior. Não se trata apenas de partes do corpo quebradas. O que ela pinta são almas rotas em seus sonhos e em suas capacidades de seguir em frente. Acima de ideologias políticas ou significados simbólicos, Adriana, nos rostos de inspiração cubista, traz uma Frida Kahlo plena daquilo que tem de melhor: a sua capacidade de compartilhar visões de mundo intensas que representam as alegrias e dores do mundo interno de cada um de nós. Oscar D’Ambrosio

«Significado» Acrílica sobre tela | A.C.I.D. | 139 x 94cm | 2021


Vida na Morte/Morte na Vida Dentro da cultura mexicana, os elos entre a vida e a morte são muito particulares. O Dia dos Mortos é um momento em que as pessoas vêm do Além visitar seus entes vivos queridos, sendo recebidas com festa. Na arte, Frida Kahlo representa aspectos muito particulares desses elos. Devido ao acidente que quase a vitimou quando jovem, seu flerte com a passagem para uma outra dimensão era constante, permeado pelo contato com numerosos médicos e hospitais. Ao mesmo tempo, até o final de sua existência terrena, ela fazia questão de se arrumar, comparecendo, mesmo em uma cama, à sua última exposição realizada em vida a primeira individual no México. Alessa Baggio, ao lidar com a sedução da beleza da vida ao lado da onipresença da morte, aponta como as caveiras, ícones da pintura tradicional, lembram todo ser humano da inutilidade da vaidade na vida de cada um de nós. Oscar D'Ambrosio

«Cupido» Acrílica sobre tela | A.C.I.D. 120 x 120cm | 2021


Interstícios Quanto maior a qualidade de uma obra visual, mais ela fala pelos seus interstícios. Seu principal valor, enquanto trabalho estético, se dá, em boa parte, por exercer no público aquela fascinação que sentimos quando, na praia, tentamos segurar um punhado de areai e ela se esvai pelos nossos dedos. As obras de Angela Canabrava B trazem esse tipo de discussão para a frente da cena plástica. As Fridas que representa são interpretações caracterizadas pela ambiguidade, por aquilo que não está dito, mas sugerido, seja na sexualidade da artista mexicana, nas paixões que ela teve – e que alimentou em sua época e que desperta até hoje – e nas pontes que é possível fazer entre ela e o mundo contemporâneo enquanto ícone de valorização de culturas consideradas populares e minoritárias por uma sociedade branca e machista. Seus ventos libertários continuam a soprar – e com força! Oscar D'Ambrosio

«Camafeu» Óleo sobre tela | A.C.I.D. 130 x 100cm | 2021


Ela e o boto rosa Se um mito já é um universo que permite criar infinitas viagens, imagine quando dois deles se encontram. É o que corre com a série em que Bernardo Medeiros promove elos entre a icônica pintora mexicana Frida Kahlo e o célebre boto rosa da cultura amazônica. Existe um ponto em comum entre essas divindades. Ambas têm como elemento de contato a sedução. A artista, conforme numerosos relatos, envolvia, emocional e sexualmente, muitos que a cercavam, enquanto o personagem, nas noites de lua cheia, na forma humana, frequentava as festas ribeirinhas e levava consigo a moça virgem mais formosa. No entanto, Bernardo Medeiros inverte tudo. Em sua narrativa visual, o boto não seduz, mas é seduzido. A mulher, de presa, passa a ser caçadora. E a fusão de ambos talvez seja capaz de gerar um novo mundo em que a imaginação predomine. Oscar D'Ambrosio

«Início da sedução» série “O DIA EM QUE O BOTO ROSA FOI SEDUZIDO” Acrílica sobre tela | A.C.I.D. | 119 x 84cm | 2021


Autorretratos Uma das principais características da obra de Frida Kahlo está na necessidade de ela se expressar por meio do autorretrato. Ela se apossou do gênero, consagrado por artistas como Rembrandt, entre muitos outros, para trazer suas alegrias e angústias à tona. Beto Kelner penetra nesse universo à sua maneira. As suas imagens destacam a própria artista e/ou ambientes em que as paredes estão plenas de representações da pintora mexicana. Existe assim uma contagiosa e contagiante overdose. É possível recontar a vida dela pelas imagens que fez de si mesma. Porém, é ainda mais fascinante criar, a partir das imagens de si que realizou, uma nova realidade, paralela, interpretativa, em que cada obra apresenta uma nova dimensão de interpretação, seja no adorno do cabelo, nas sobrancelhas, em tudo que, via autorretratos e via retratos de terceiros, tornou Frida Kahlo tão próxima de todos nós. Oscar D'Ambrosio

«Frida Corona» Mista - acrílica, colagem e bordado sobre tela 100 x 80cm


Pensamentos Iluminados A maneira pictórica de Constância Grain lidar com a riqueza visual de Frida Kahlo gera um pensar sobre o sentido da própria arte. A suas visões da criadora mexicana se dão, em boa parte, na realização de uma estética que vê a imagem como a maneira de expressar um pensamento. Existe uma fascinante reverência indagadora que cumpre o papel da visualidade de estar propondo perguntas continuamente. O uso de uma paleta próxima aos dourados e amarelos gera um diálogo com o divino, mas há sempre um acabamento profano, no sentido de valorização das imperfeições e daquilo que seja diferente enquanto maneira de expressar uma interpretação do mundo que preserve os elos da homenageada com as tradições do seu povo, de sua natureza e do mundo contemporâneo. Isso se dá pelo estilo e acabamento diferenciados, lançando o alerta que Frida Kahlo sobrevive ao tempo. Oscar D'Ambrosio

«Frida em seus pensamentos» Acrílica sobre tela | A.V. | 75 x 100cm | 2021


Facetas A arte do retrato é uma das mais sutis. Trata-se de um gênero que apresenta múltiplos aspectos. Pintar uma outra pessoa é um mergulhar em inúmeras possibilidades de leitura da alma. Desde a escolha do homenageado à realização propriamente dita, existem múltiplas camadas de sutilezas. Cristina Ravagnani percorre uma jornada que vai desde as paredes da Casa Azul, onde a artista morou por muitos anos – e onde hoje é o seu museu, até as ambiguidades existenciais da artista, dentro do clima irreverente de uma criadora visual que desafiou diversos padrões, tanto na sexualidade aberta como na determinação de valorizar a cultura popular, seja nas cores, nas roupas, nos adornos, nas frutas ou nos animais. As facetas de Frida se integram para construir esse ser complexo e apaixonante, que gera múltiplas perguntas desafiadoras e nenhuma resposta simples. Oscar D'Ambrosio

«Casa azul» Acrílica sobre tela | A.C.I.D. | 140 x 100cm | 2021


Desmaterializando Frida Uma característica da arte contemporânea é a sua desmaterialização. Os ícones vêm progressivamente perdendo a sua importância física e ganhando novas dimensões estéticas e ideológicas que se dão muito mais pelo conceito do que pela sua existência enquanto objetos. As obras de Eloísa Lobo realizam algo nessa direção ao se apropriar de imagens de Frida Kahlo e colocá-las sob uma nova perspectiva, caracterizada pela sua universalidade. O rosto não é mais necessário. Ele é desfeito e substituído por atmosferas, flores ou pelo universo pop em uma dimensão que preserva aquilo que a artista mexicana tem de mais importante: o seu pensar, seja expresso em imagens, textos, vestimentas ou adereços. O mito Frida é tão poderoso que alguns de seus atributos são o suficiente para reconhecê-la. Ela não precisa estar imageticamente inteira representada. Alguns detalhes já a reinterpretam. Oscar D'Ambrosio

«A dama Frida» Acrílica sobre tela | A.V. | 140 x 100cm


Sentires Entre as múltiplas formas de sentir a vida e a obra de Frida Kahlo, Malvaccini opta por um percurso visual caraterizado pelo caminho dos afetos e dos relacionamentos. Existe em Frida uma jornada existencial regida pela intensidade. Isso se dá no calor de um beijo, na entrega de um abraço e na pureza dos encontros. As suas pinturas proporcionam mergulhos em percepções da realidade que estão além daquilo que vê. Trata-se de uma criação visual que se dá, em boa parte, pela maneira como os gestos artísticos são construídos para erguer interpretações universais. Os dilemas vividos pela artista, em uma jornada marcada pelo desmedido, ganha uma interpretação visual que torna aquilo que parecia individual em coletivo. Assim a arte realiza a sua principal função: a de uma densa interação permanente com o público. Oscar D'Ambrosio

«O encontro» Mista sobre tela | A.C.I.D. | 157 x 98cm | 2021


Retratos diversos Pela multiplicidade de suas faces, qualquer representação de Frida Kahlo pode soar reducionista. Nesse aspecto, Marcos Anthony traz o rosto da artista mexicana sob uma perspectiva em que ela é vista de várias maneiras ao mesmo tempo, tanto por uma visão frontal como lateral. Trata-se de um recuso visual que buscar dar conta de um paradigma da arte que pode ser lida como libertação feminina, mas também como símbolo de uma paixão desmedida. A magia e o encanto da artista estão em ter vivido uma existência regida pelos excessos, tanto do amor como da dor. Encontrar imagens dela em uma atmosfera tropical, travestida de santa ou identificada com Carmen Miranda são possibilidades de uma vida que se abriu para o mundo e que, por isso, mesmo não pode ser encalacrada em caixas, mas multiplicada em retratos, sabores e saberes. Oscar D'Ambrosio

«Santa» Frida Kahlo Acrílica sobre tela | A.C.I.D. | 140 x 100cm | 2021


Multiplicidade Ao se debruçar sobre o mito Frida Kalho, Marilene Zancchett oferta uma visão de mundo múltipla. Sendo impossível mergulhar na trajetória da artista mexicana de um único ponto de vista, surgem numerosas intepretações de um ícone da arte contemporânea. Ela comporta diversos ângulos, enquanto filha, criança, adolescente, esposa, amante, pintora, ativista política e enferma. Marilene cria um universo de Fridas, mas o conjunto, mesmo quando há muitas representações, sempre tem como destaque a dimensão de um espaço maior, no qual a protagonista se insere. Ela tem o bônus do caminhar, mas também o ônus de ser engolida pela imensidão de uma existência conturbada. A complexidade predomina e está acima das escolhas de caminhos. A jornada dela desafia, e as obras de Marilene a recolocam em posições relevantes, mas sempre em diálogo com um todo que permanentemente a ressignifica. Oscar D'Ambrosio

«Estilo único I» Óleo espátula sobre tela | A.V. | 100 x 100cm 2021


Olhares de Frida Neto Sansone traz para discussão os olhares de Frida. Há várias dimensões desse debate estético e existencial. Um deles é considerar a maneira como a artista mexicana enxergava o mundo. Dentro de uma visão sofrida, causada pelas dores de um corpo maltratado pelo destino, e afetiva, pela conturbada relação com o amado Diego Rivera, Frida lançou ao universo suas impressões por meio de uma pintura contundente, principalmente autobiográfica, e por atitudes que englobam maneiras de se comportar e de se vestir. Existe, no entanto, uma outra faceta desse olhar que reside nas maneiras como a criadora mexicana foi vista pela sociedade, enfrentando preconceitos e tornando-se um ícone de libertação da mulher sob os mais variados aspectos, do sexual ao político. Dessa sutil mescla d e sentires, surgem olhares próprios e alheios que tornam Frida Kahlo um destaque na arte mundial. Oscar D'Ambrosio

«Frida 1» Acrílica sobre tela | A.C.I.D. | 60 x 120cm | 2021


Beijos da Vida As obras de Regina Cheida, ao serem feitas sobre lona de caminhão usada, carregam a história do próprio material. Tudo aquilo que já passou por experiências anteriores traz consigo uma narrativa. De forma implícita ou explicita, está lá, queiramos ou não. Analogamente, as obras de Regina se valem desse suporte como uma maneira de ler a importância de Frida Kahlo como uma jornada carregada de significados que estão além das imagens. Os textos que acompanham os suportes e o destaque simbólico dado à boca criam portais de interpretação. Os mesmos lábios que beijam são os que pronunciam palavras nem sempre afetivas. Eles encantam pelo batom e seduzem, mas também são calados pela sociedade preconceituosa ou se calam perante dores físicas e psicológicas. Constituem, acima de tudo, matrizes simbólicas do complexo existir simbólico que Frida Kahlo representa. Oscar D'Ambrosio

«Beijos Mágicos» Mista sobre lona de caminhão usada | A.C.I.D. 120 x 100cm | 2021


Voos de Amor A poética visual de Vinicius de Paula se caracteriza pela capacidade de o artista conduzir o espectador a diversos tipos de voos simbólicos. A imaginação ganha o espaço e se manifesta de variadas maneiras.As temáticas que giram em torno de Frida Kahlo se concretizam principalmente pela metáfora do espelho, pois a artista mexicana tem boa parte da sua obra expressiva baseada nas dualidades, sendo a principal delas as ambiguidades entre a morte e a vida, uma temática essencial na sociedade de seu país que, em seus trabalhos, ganha dimensões épicas. Vinicius de Paula lida com a criação de imagens inusitadas ao lado de cenas misteriosas e de um entendimento de que a paixão pela existência moldou a jornada existencial de Frida em múltiplas e complexas facetas. Sendo assim, os dois artistas têm em comum – o que não é pouco – o entendimento do fazer artístico como um ato visceral. Oscar D'Ambrosio

«Voo sobre Tenochtitlán» Acrílica sobre tela | A.C.I.E. | 110 x 90cm | 2021



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