Revista Energia 79 - Agosto/2018

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para o Caboclinho D’água. Essa lenda urbana pode ser uma história de pescador, mas acho melhor prevenir do que remediar, não é? A funcionária pública Elaine Granetto, 35, relatou essa história que é muito famosa em Barra Bonita e envolve três homens que foram pescar no Rio Tietê. A história conta que o trio estava em um barco quando um deles falou sobre uma lenda que o seu pai contava, que se ouvissem um assobio era para jogarem uma bala ou um cigarro na água para agradar o Caboclinho D’água, caso contrário, ele viraria o barco. Foi então que os pescadores ouviram o barulho do assobio. Nesse momento, o homem que acreditava na lenda pegou um pacote de balas e jogou uma delas na água. Ele orientou os amigos a fazerem o mesmo, mas eles debocharam e se recusaram a jogar o doce para o Caboclinho. Elaine conta que após uma hora o pescador que jogou a bala no rio desceu do barco para limpar os peixes enquanto os outros dois continuaram a pescaria. “Então eles ouviram um outro assobio, quase como o primeiro, só que mais alto, momento em que o barco virou e eles não conseguiram se salvar”. Segundo a funcionária pública, Caboclinho era um pescador que morreu no Rio Tietê. “Ele é um espirito que morreu pescando nesse rio e sempre que pescava estava com uma bala ou um cigarro na boca. Se você jogar a bala ou o cigarro para ele, não lhe acontecerá nada, mas se quando ouvir o som você não jogar, não sairá da noite de pescaria vivo”, aconselha. CASARÕES MAL ASSOMBRADOS Agora, me diga qual cidade não tem um casarão com aparência de mal assombrado! Eu amo arquitetura, principalmente essas antigas e cheias de história, mas esses locais sempre dão a impressão de que algo sobrenatural está presente. Geralmente as histórias são muito parecidas. São os espíritos dos antigos donos que ficaram presos no imóvel e assombram qualquer pessoa que ousar morar na casa que em vida foi deles. Acho que um costume do passado é o responsável por esse boato (ou não), que persegue as velhas construções. Antigamente era comum o dono da casa e sua família serem velados no imóvel. Isso deve ter dado início a essas lendas. TREM FANTASMA Esse trem não é aquele dos parques de diversões, e sim um trem fantasma de verdade. Essa lenda vem da região pantaneira do Mato Grosso do Sul. Um trabalhador ferroviário contou que antes de ir embora, viu que um clarão se aproximava pelos trilhos e ficou esperando aquele trem que nunca chegou à estação, desaparecendo na escuridão da noite. Ele ficou curioso e foi verificar nos trilhos o que havia acontecido, mas nenhum trem estava lá. Um de seus colegas de trabalho também viu o clarão. Com medo, o ferroviário pediu transferência para outra cidade. A MULHER DO TÁXI Essa lenda vem do Pará e conta a história de Josephina Conte. Parece que outra mulher, além da Joelma, tem grande fama naquele estado. O pai dela sempre a levava para passear de táxi pelo centro histórico da cidade no dia do seu aniversário. Aos 16 anos, a moça faleceu, vítima de tuberculose. Mesmo após sua morte, Josephina continuou a tradição de fazer um passeio de táxi pelas ruas de Belém no dia do seu aniversário. Nesse dia, um taxista viu uma mulher muito bonita, morena, de vestido branco, em frente ao cemitério. Ela deu sinal para o táxi, entrou e eles percorreram as ruas da cidade até que ela pediu para que ele a deixasse em sua casa. A passageira solicitou gentilmente ao taxista que passasse no outro dia para receber o valor da corrida e ele concordou. Quando voltou à casa para receber o pagamento, no dia seguinte, uma senhora o atendeu e afirmou que isso era impossível, pois ela era a única mulher que vivia

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no imóvel. Nesse momento, um vento abriu a porta de uma sala e ele reconheceu a passageira em um quadro. A senhora contou para o taxista que essa era sua filha que havia morrido há muito tempo.

“Se você jogar a bala ou o cigarro para ele não lhe acontecerá nada, mas se quando ouvir o som você não jogar, não sairá da noite de pescaria vivo” (Elaine Granetto) BONECAS POSSUÍDAS Quando era criança, lembro da Simony. Esse era o nome de uma boneca da minha irmã, da qual eu morria de medo. Ela aquele tipo de boneca grande, do tamanho de uma criança de aproximadamente cinco anos. Esse brinquedo era praticamente uma decoração do quarto, já que nem eu nem minha irmã tínhamos a ousadia de brincar com uma boneca que tanto nos amedrontava. Em uma noite, minha irmã deixou a Simony em cima de uma cadeira com um de seus braços levantados. Recordo que durante a noite, enquanto olhava para ela, o braço abaixou sozinho. Provavelmente a estrutura da boneca não permitia que ela ficasse muito tempo com o braço para cima, mas imagina se eu iria entender dessa forma? Minha irmã e eu fizemos a nossa mãe colocar o brinquedo em um saco e escondê-lo em cima do guarda-roupa. Com a popularidade do filme “Chucky – o boneco assassino”, a gente não queria correr nenhum risco com aquela boneca! Se é verdade ou mentira, eu não sei. Mas as lendas urbanas fazem parte da nossa história. Despertam a curiosidade e fazem a imaginação se fundir com a realidade nessas narrativas que são passadas de geração para geração. Morro de vontade de desvendar todos esses mistérios, mas é melhor eu me manter segura no meu canto do que provocar algo que esteja além de minha imaginação... 


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