Revista Energia 35

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Lugar de esperança em dias melhores Após um ano, a RE retornou à Comunidade Terapêutica Liberdade Guadalupe para saber como anda o projeto e o que mudou de lá para cá Texto Marcelo Mendonça | Fotos Leandro Carvalho

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título desta matéria faz uma alusão à música “Dias Melhores”, da banda mineira Jota Quest. Talvez porque possa ser considerada o hino daqueles que um dia entraram no mundo das drogas e hoje buscam se recuperar. Afinal, quem não busca dias de paz, dias a mais e dias em que seremos melhores em tudo? Fundada em 1999, a Comunidade Terapêutica Liberdade Guadalupe (CTL) continua com seu principal objetivo: recuperar dependentes químicos. Para isso, ela conta com uma equipe multidisciplinar, composta em sua grande maioria por voluntários. Além do aumento na equipe, outro ponto inserido e exigido pela Comunidade é a participação dos familiares. De acordo com o diretor, Leandro Aparecido Passo, a presença da família gera incentivo, apoio e força de vontade nos internos. “O acompanhamento dos familiares nas reuniões é fator obrigatório, já que contribui para uma recuperação mais rápida”. Atualmente, o local possui 32 internos e o período mínimo de estadia é de seis meses, se tudo correr dentro do planejado. Após a conclusão deste período, a equipe da Comunidade faz uma avaliação baseada nos Doze Passos (Programa de Tratamento dos Alcoólicos Anônimos) e se o paciente for bem, está liberado. Em função da dificuldade de leitura que muitos possuem, o programa é gravado. E nos casos em que a pessoa está bem, mas ainda não tem estrutura de se manter em sociedade, até que consiga esta nova inserção ela permanece na clínica. “Tivemos ex-dependentes que permaneceram aqui por até dois

anos, justamente porque perderam o contato com a vida lá fora”. Todos os meses são feitas avaliações nos pacientes analisando a disciplina, a participação em grupo e o comportamento em geral. A maioria das pessoas que procura a Comunidade está na faixa etária entre 25 e 40 anos, e dentre estes, a grande maioria chega viciada em crack. “Posso dizer que de 100%, 75% chega pelo vício no crack e 25% pelo álcool”. Conclui-se que esta informação não poderia ser diferente, já que segundo a Revista Inglesa “The Economist”, o Brasil tem a maior população de viciados em crack do mundo. A intenção de melhorar a estrutura, e principalmente o tratamento, são desafios que nunca saíram da mente do diretor e de todos que trabalham na Comunidade. Além da parte estrutural, hoje a CTL conta também com um gestor financeiro e pessoal, um médico e uma assistente social. A Comunidade sobrevive a partir da ajuda da sociedade, já que o tratamento conferido aos internos é totalmente gratuito. “Nós não possuímos um serviço de telemarketing, mas contamos com um escritório próprio, que busca novas parcerias para ampliarmos com qualidade o número de pessoas atendidas”, ressalta. Foco no objetivo Como forma de dar um alento à família, o comerciante B.R.M, 29, há seis anos buscou por tratamento na instituição. Após quatro meses internado, a “ficha” do comerciante caiu, e foi aí que

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