Revista Energia 48

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a correria do dia a dia, o médico pediatra abre uma brecha na agenda para atender a equipe de reportagem da Revista Energia. Era uma terça-feira, em torno de 15h, e no consultório há algumas crianças para serem atendidas. Ao adentrar a sala somos recebidos com um largo sorriso e um forte aperto de mão de Jaime Roberto Spanghero, 59, nosso Gente Fina desta edição. Natural de São Paulo, ainda criança foi para Ribeirão Preto. Desde a infância Spanghero tinha um sonho: tornar-se médico. Vindo de família simples, o pai disse que se ele quisesse cursar a faculdade de medicina teria que passar em uma pública, e foi o que ele fez. Estudou, dedicou-se muito e ingressou na USP de Ribeirão Preto. Decidido a encontrar um bom local para morar e trabalhar, Jaú entrou no seu roteiro e o médico abraçou uma oportunidade no Hospital Amaral Carvalho e, pouco tempo depois, na Santa Casa de Jaú. Atualmente, divide seus horários de atendimento em dois Postos de Saúde de Jaú, um em Barra Bonita, em seu consultório e, quando necessário, na Santa Casa local. Casado há 34 anos, seus olhos brilham quando fala da esposa, a assistente social Cláudia. Ao descrever os filhos, o orgulho é latente em seu falar. “Endrigo é médico intensivista, Nicoli é formada em Rádio e TV, Enzo é psicólogo e a Natália, a caçula, cursa Biologia Marinha em São Vicente”. Meu amigo leitor, convido-o a conhecer um pouco da história deste homem que dedica sua vida à medicina e há 32 anos faz parte da equipe de Nossa Senhora, um movimento mundial de casais dentro da igreja.

Você sempre quis ser pediatra? Quando eu comecei a cursar a faculdade de medicina não

Atendo muitos filhos de pessoas das quais eu fui o pediatra. Isso para mim é uma grande felicidade, ver que aquele paciente que você cuidou cresceu, mas manteve o vínculo

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tinha ideia de fazer pediatria. Mas a USP tinha uma equipe forte nesta área e a conduta e trabalho daqueles profissionais foi me gerando interesse, admiração, ou seja, me cativando mesmo. Ainda na faculdade comecei a pender e trabalhar com as crianças e aí foi como se tivesse caído uma ficha, vi que eu gostava da área e decidi seguir. Hoje, se eu tivesse que escolher, optaria novamente por esta especialidade. É prazeroso trabalhar com os pequenos.

Há 32 anos você atua nesta área. Há casos de, atualmente, tratar os filhos das crianças que você cuidou? Realmente, eu atendo muitos filhos de pessoas das quais eu fui o pediatra. Isso para mim é uma grande felicidade, você ver que aquele paciente que você cuidou cresceu, mas manteve o vínculo. Se ele voltou é porque gostou, e isso é muito bacana. É visível que a medicina evoluiu muito nestes últimos anos. O que isso resultou para o nosso meio? Se você pegar de 50 anos para frente, não só a medicina evoluiu, como toda a estrutura do país. Antigamente as crianças ficavam com o pé no chão o dia inteiro, era quintal de terra onde ficava galinha, gato e cachorro, e isso ocasionou algumas crendices que as mães deste novo panorama acreditam. Quer ver um exemplo? Algumas mães questionam se não está na hora de dar remédio para verme, porque antigamente se tomava muito mais que hoje, devido às próprias condições de higiene e conhecimento. Hoje as crianças vivem em quintal cimentado ou mais dentro de casa, então, não tem esta necessidade de ficar medicando. Antigamente, quando você perguntava quantos filhos a pessoa tinha, era comum ela dizer que teve dez, mas que cinco haviam morrido. Porque eles tinham uma crença do “mal de sete dias”, que na verdade era o tétano


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