Em Preto & Branco

ANO I - EDIÇÃO 002 TORRES, JUNHO/2020 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA, POIS A INFORMAÇÃO É UM DIREITO DE TODOS

UM INFORMATIVO INDEPENDENTE E COMUNITÁRIO

PREFEITO DE TORRES, carlos souza, DECLAROU NO ANO PASSADO QUE QUASE TODO SEU PROJETO PARA TORRES ESTARIA CONCLUÍDO EM SEU MANDATO. VAMOS VER COMO ESTÃO ALGUNS DOS PRINCIPAIS PONTOS DA SUA gestão

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opinião

TORRES / MAIO 2020

poesia - talles amaral

Veja além do pequeno ponto Na minha juventude ministrei uma palestra para jovens do movimento CLJ, da igreja católica. A palestra tinha como título “O dia de hoje”, onde dava um panorama do mundo naquele momento. Estamos falando do final dos anos 1990. Em determinada parte apresentava um grande cartaz com um pequeno ponto no centro. Pequeno mesmo. E perguntava o que eles enxergavam. A maioria, mais de 90%, citavam o ponto, esquecendo-se do imenso universo em branco do cartaz. Na época, explicava que aquele pequeno ponto representava o que tinha de ruim, os chamados “desvalores”, e o restante eram as coisas boas da vida. Moral: muitos dão mais valor para o que é ruim e esquecem do lado colorido da vida.

Hoje, mais de 25 anos depois, a realidade é a mesma. Claro que o cenário externo não nos possibilita ter muito ânimo, mas é preciso enxergar além. Se não focarmos no que é bom, jamais sairemos do mesmo local e, pior, nos afundaremos cada vez mais. Seja nos bons e, sobretudo, nos maus momentos, é preciso ter a visão o menos embaçada possível para entendermos que para cada problema há várias soluções. Só precisamos focar nelas.

Além de focar no que é bom precisamos saber em quem confiar. A internet nos abre um leque de “salvadores”, de pessoas que se acham detentores das soluções definitivas. Se você é dos que enxergam o pequeno ponto corre sérios riscos de cair em armadilhas. Ou como popularizou-se dizer de uns tempos para cá, acreditar em fake news.

Ainda fazendo referência ao cartaz, há um pequeno universo de pessoas que disseminam a mentira e a discórdia. Há mais gente do bem do que você imagina. Mas precisa acreditar nelas, precisa tirar a trava dos seus olhos e ver que o mundo é muito mais do que um simples ponto no centro de um cartaz (que na época era feito com cartolina, acredite!).

Comece vendo as coisas boas que estão ao seu redor. Ao invés de apontar o que tem de ruim, procure valorizar o esforço e o que foi feito de bom. Nem todos os resultados chegam na primeira tentativa.

Na maioria das vezes é preciso lançar uma semente para que ela germine e dê frutos. E, importante também, não fique apenas criticando, ajude. Quem sabe com seu esforço o resultado positivo não chega mais rápido? Quem sabe com seu esforço você não faz alguém enxergar o imenso cartaz vazio e não um minúsculo ponto?

Todo lugar tem pessoas e oportunidades maravilhosas. Torres não é diferente. Comece a apreciar mais o que está ao seu lado e verá que o mundo é colorido, e não Em Preto & Branco.

Boa leitura a todos.

EXPEDIENTE

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Mendigo & Pandemia Não gosto nem de pensa é triste Estar sem teto e tu reclamando de dentro de uma suíte “To sem dinheiro ainda junto e não sobra” Pandemia, agonia e quem diria desnutria, roba Mas nem quero fala disso “Préstencao” pretencao é não ter nenhum teto E tu reclamando de não abri teu comércio Ou q o bozo vai ao fim no início Q arriada!! fecharam a lojinha q fazia rango de graça pros mendigo na rodoviária E aos olhos de quem viu antes que deus desce Disprezo no modo de fala desdenha no olhar Tu tá por fora oooh!

Lá dentro ele padece em casa tu tem tua família A poesia nem foi tanto pela pandemia Foi mais por quem sempre teve ali e tu sempre se esquece

informações legais

Como tirar a certidão de antecedentes criminais Endereço eletrônico da Polícia Civil do Rio Grande do Sul https://www.pc.rs.gov.br/emitir-certidao-de-antecedentes-policiais Etapas para a realização deste serviço Entre no site da Polícia Civil RS, preencha o formulário com seu nome completo, RG e data de nascimento. Clique na opção “Não sou um Robô” e em seguida em “enviar”.

Observações: - Em razão da PANDEMIA DO COVID-19, com fundamento nos Decretos Estaduais/RS nº 55.115 e 55.118/2020, assim como na Portaria nº 46/2020 da Chefia da PC/RS, está SUSPENSO, podendo ser prorrogado, o serviço de AGENDAMENTO para emissão de Certidão de Antecedentes Policiais de forma PRESENCIAL no Palácio da Polícia CIVIL, ou seja, para aqueles que não conseguiram emitir sua Certidão no site da PC/RS. Outrossim, o atendimento presencial está SUSPENSO e, os agendamentos já realizados, estão cancelados, devendo ser REAGENDADOS, no momento da normalização do serviço, o que será comunicado neste site da

PC/RS. - Pessoas com dados cadastrais incompletos precisarão, primeiro, regularizar a sua situação cadastral junto a um Posto de Identificação do IGP. Essa consulta é válida somente para pessoas com Carteira de Identidade no Rio Grande do Sul. Nome completo, de acordo com o nome constante no documento de Carteira de Identidade.

Quem pode utilizar este serviço?

Qualquer pessoa física

TORRES / JUNHO 2020

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Fotos: Prefeitura de Torres/Divulgação

Como ficaram: MORRO DO FAROL Um dos pontos turísticos de Torres que passou por melhorias para atender os visitantes

n MORRO DO FAROL

Os 2.424,64 metros quadrados da área ficaram mais atrativos com as melhorias. O espaço verde permaneceu intacto e recebeu cinco espreguiçadeiras. Ganhou ainda três decks de contemplação com bancos nas laterais, meios-fios novos e calçadas. A nova pavimentação é com blocos de concreto sextavados. Esta obra fez parte do Transforma Torres, Pacote de Obras de Infraestrutura Urbana e Turística.

n CAMINHO DA SANTINHA

A iluminação do Caminho da Santinha foi inaugurada em novembro de 2018. Incluindo a Beira-Mar, foram instaladas 173 luminárias de LED, ao custo de R$ 187 mil. Parte dessa fiação acabou sendo roubada em agosto. Poucos dias após o ato de vandalismo o conserto foi providenciado e o local novamente passou a oferecer segurança aos seus visitantes.

Nem tudo estará pronto neste ano Dos projetos que tinha planejado para Torres nos quatro anos de sua gestão, o prefeito Carlos Souza não conseguirá entregar todos, mas garante um mínimo de 80% do planejado. Ele ressalta que existem fatores “atrapalham” a gestão, e isso interfere de forma direta na realização dos projetos. Um desses fatores seria a grande burocracia.

“A burocracia trava o Brasil. Para conseguirmos empréstimo com o Badesul precisamos mandar para a Câmara fazer uma lei autorizativa para contrair este recurso. Isso leva 90 dias tramitando pelas comissões.

Depois que passa esse processo você precisa construir este pacote de projetos que depois vai para o Badesul conferir se estão dentro da visão de engenharia deles.

E aí, 90% retornam para

adequações. São vários entraves”, ponderou.

Esta declaração foi dada durante uma entrevista para a Rádio Cultural FM ainda no ano passado, mas já projetando 2020, que é ano de eleições municipais. Ainda sobre a gestão, ele ressaltou que, além da burocracia, alguns entraves acontecem por questões políticas e, sobretudo, financeiras. O prefeito lembrou que assumiu a administração com um déficit muito maior que o esperado. “Saímos de R$ 2 milhões que era a expectativa para R$ 24 milhões. E conseguimos equilibrar estas contas em menos de dois anos de governo”, comemora.

Carlos Souza acredita que, com estes R$ 24 milhões disponíveis, muito mais poderia ter sido feito na questão de infraestru-

Radialista Mário reforçou a importância da transparência da informação pública nos veículos de comunicação

tura. Apesar disso, lembra que o município conseguiu captar nos últimos anos um valor muito maior que as administrações anteriores somadas. “De dinheiro já captado nós temos para investir em Torres uns R$ 25 milhões”, disse.

Este recurso já está sendo usado em algumas obras da cidade, como a estrada Rota Salinas, além de melhorias em ruas, avenidas e em pontos turísticos do município. Ao lado elencamos alguns pontos citados pelo prefeito durante a entrevista e atualizamos a situação de como estão, faltando poucos meses para o término do seu primeiro mandato. Alguns estão prontos, outros não aconteceram.

TRANSPARÊNCIA Ainda sobre gestão, Carlos Souza defendeu que as ações de prefeito e vereadores sejam transparentes. Ele acredita que não

deva haver omissão e que busquem espaços oficiais, através da imprensa e mídias, para eslcarecer suas posições.

“Não cabe mais espaço para omissão. Hoje a sociedade acompanha tudo em tempo real. Não dá mais para deixar para depois o esclarecimento. Entendo que os veículos de comunicação continuam tendo importância singular neste processo de levar a notícia de forma mais transparente e verdadeira dos poderes públicos”, comentou.

O advogado e radialista Mário Dutra Santos Júnior, que participou do debate, ressaltou que Carlos Souza sempre se dispôs a conversar com a imprensa, mesmo quando o assunto era mais polêmico. “O prefeito sempre atendeu ao nosso pedido de entrevista. Diferente de alguns vereadores que a gente convida e sequer respondem ao ofício”.

n ROTA SALINAS

Depois de um período de paralisação, as obras da Rota Salinas foram retomadas em maio de 2019. A solução foi encaminhada após tratativas envolvendo a Prefeitura de Torres, o Ministério de Turismo e a empresa contratada. Todo o projeto consiste em drenagem, contenção de margens e pavimentação, ao longo de 5.540 metros no bairro.

n PORTO

Inicialmente prevista para Torres, o projeto de um porto no Litoral Norte acabou sendo transferido para Arroio do Sal por questões geográficas.

n CASA DE ACOLHIMENTO

O prefeito Carlos Souza busca ainda parcerias com outros municípios para colocar em prática a Casa de Acolhimento da Mulher, que receberá mulheres vítimas de agressão de toda região, e não somente de Torres.

n ARTESÃOS CASA DA TERRA

Prefeitura e artesãos ainda discutem uma forma de potencializar a produção local.

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TORRES / JUNHO 2020

Religião que Foco na criança vem de berço e adolescente Toda segunda-feira Mãe Cristina de Oyá vai até seu Ilê, faz a limpeza do local, organiza o que é necessário e atende a quem solicitou uma consulta. Essa mesma rotina é seguida à risca há mais de duas décadas, desde que começou a atender em Torres.

Nascida Cristina Tarnawiscki da Silveira, a mãe de Santo chegou em definitivo a Torres há 22 anos. Do início, atendendo em uma banca de camelô, até a consolidação de sua Casa foi uma longa jornada. E exitosa.

Cristina de Oyá tem a religião em seu sangue. Ela lembra que sua avó paterna também trabalhava na religião (era da Umbanda), e suas bisavós, tanto paterna quanto materna, eram benzedeiras. A iniciação partiu da sua avó. “Dos 6 aos 8 anos eu era cambona na terreira dela. Meu pai não gostava, não queria que eu me desenvolvesse na religião”. O pai, já falecido, foi o responsável pela sua mudança para Torres.

Funcionário da CEEE, foi transferido para o litoral onde passou o resto dos seus anos. E mesmo contrário à vontade da filha jamais se opôs ao seu trabalho.

O trabalho como mãe de Santos surgiu

em Porto Alegre. Depois, na mudança, passou a atender em Torres. Primeiro jogava cartas na banca de camelô de um cunhado.

Depois passou a atender em seu apartamento e com o crescimento nos pedidos viu-se obrigada a ter seu Ilê. Seu marido também é seu companheiro de religião. Ele e a sogra sempre foram o apoio para que as pessoas pudessem ser atendidas. “Meu marido e minha sogra sempre foram meu braço direito”, explica. Hoje, devido a idade e alguns problemas de saúde, o marido já não dá mais atendimento. No entanto, segue com ela ajudando nos atendimentos, agendamentos e encaminhamentos nos dias das sessões.

E falando em sessões, Mãe Cristina ressalta que, toda quinta-feira, a partir das 20 horas, seu Ilê atende a uma centena de pessoas. Hoje, por conta da pandemia, esta realidade está diferente pela imposição do isolamento social. Mas ela não se recusa a atender quem precisa de um apoio, sempre mantendo as medidas protetivas para que o vírus não se espalhe. Uma das medidas foi ampliar o tempo das consultas.

Acervo Pessoal/Divlgação

PRECONCEITO Mãe Cristina de Oyá ressalta que, assim como toda religião, a sua também é vista com preconceito. E esse sentimento, talvez, seja o responsável por fazer com que muitos dos seus clientes peçam por um atendimento fora do horário das sessões. “Tenho filhos que são evangélicos e vêm escondidos. Mas entendo eles. Se me vêem na rua e cumprimentam eu cumprimento, se não, eu também entendo”.

DESUNIÃO Um dos grandes problemas para Cristina de Oyá é a desunião do povo da religião.

Para ela, há uma visão de concorrência, ao invés de união. “Eu percebo que falta muito respeito. O problema está na doutrina, cada um aplica da sua forma e acaba batendo de frente”, lamenta. A médium sentiu tudo isso logo que chegou ao muninicípio e a realidade, hoje, é a mesma.

CULTO ECUMÊNICO Já imaginou juntar num mesmo culto católicos, luteranos, espíritas, umbandistas e outras religiões? Mãe Cristina lembra que há 4 anos, depois do convite de um padre, ajudou a organizar este culto. “É muito bacana, há um respeito muito grande. No último culto só os evangélicos não participaram. Agora com essa pandemia não sei como vai ficar esse ano”, diz.

Todo dia, há mais de 9 anos, Rudinei Amaral dos Santos percorre as ruas de Torres e municípios vizinhos. O carteiro, que integra a direção do Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos do RS (Sintec-RS), conhece as necessidades e precariedades da cidade como poucos. Pelo seu olhar atento constata que faltam ítens numa cesta de serviços que poderiam melhorar, ainda mais, a qualidade de vida dos moradores.

Rudinei não esconde suas pretensões políticas. Muito pelo contrário, deixa clara a sua vontade concorrer a vereador pela mesma legenda do atual prefeito, Carlos Souza. Já vislumbrando o pleito deste ano, ela projeta uma chapa forte. “Deveremos ter uma boa chapa para estas eleições, acredito numa coligação bastante forte”, projeta.

Uma das grandes preocupações dele é com a criança e o jovem. Rudinei entende que é preciso fazer mais para que a gurizada não pegue um caminho errado na vida.

“O meu foco maior é nas criaças. Nós temos que cuidar da piazada para ver se podemos criar uns adultos decentes. A nossa geração já está perdida”, lamenta.

Ainda para as crianças, o carteiro entende que falta um programa de turno inverso, para mantê-la ocupada fora do horário da escola. Já para o jovem, ele pensa que um programa de Primeiro Emprego ajudaria na formação de novos trabalhadores. “Tem que colocar essa gurizada para trabalhar”, explica.

SOCIAL Rudinei desenvolve há tempos um trabalho social junto a casa espiritualista Luz e Caridade. “A gente faz o trabalho de apoio junto ao morador de rua com alimentação e encaminhamento. A gente tenta ajudar quem quer e quem não quer sair das ruas.

Infelizmente alguns estão nas ruas por situações que os levaram a isso”, lamenta.

Pensando nessa área social, o carteiro imagina que Torres deveria oferecer um serviço de atendimento continuado. Ela entende necessário a criação de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e Centros de Referência de Assistência Social (CRAS).

“O município pode melhorar nestas áreas para dar apoio a esta população que está carente de tudo”.

CULTURA E TURISMO Se Torres é reconhecida pelas suas belezas, o mesmo não pode se dizer da sua cultura. Rudinei entende que o lado cultural do município deve ser mais valorizado, dando maior atenção para os artistas locais. “Temos investimento no turismo, mas o lado cultural está precário, a cultura local está esquecida. Faltam atividades para movimentar a cultura o ano todo. Torres tem uma estrutura que poderia ser melhor aproveitada”. Ressalata, ainda, que há balneários sem atividade até no verão. “Fica tudo concentrado no centro da cidade”.

Acervo Pessoal/Divlgação

Rudinei quer foco no jvoem

“Nós temos que cuidar da piazada para ver se podemos criar uns adutos decentes. A nossa geração já está perdida” Rudinei Amaral dos Santos

ÂNSIA DE CRESCER Para Rudinei, os moradores de Torres têm uma ânsia por crescimento, desenvolvimento, mas não sabem como fazer. “Há um pouco de preconceito com quem chega de fora com ideias novas. O povo não aceita bem por causa de uma cultura de pouco conhecimento, aqui a cultura é meio bairrista”, explica.

DIREITA OU ESQUERDA Assim como muitas cidades pequenas do interior gaúcho, a população de Torres também não se detém em conceitos de esquerda ou direita. A opção na hora do voto é sempre na pessoa, e não partido. “Em cidade pequena a definição de esquerda ou direita se perde. O eleitor se vincula mais a pessoa, porque o político muitas vezes está no seu bairro, é seu vizinho”. Uma mudança neste conceito não deve ocorrer logo, até porque o entedimento é outro.

“O povo não é politizado neste sentido, E não é porque se tem medo de perder o controle sobre as pessoas”, conclui.