EMBANEWS Nº 394 - Janeiro 2023

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ANO 33 | EDIÇÃO 394 | JANEIRO 2023 ACESSE A EMBANEWS TV P.08 #EmbalagemDePerfume EDIÇÃO DE ARTE TENDÊNCIAS E INOVAÇÕES P.06 #FeirasInternacionais ONDE ESTAMOS? PARA ONDE IR? COMPETITIVIDADE P.26
P.14 Sua contribuição contra as perdas e desperdícios de alimentos Por Claire Sarantopoulos, do Ital
EMBALAGENS ATIVAS E INTELIGENTES
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SUMÁRIO

FUNDADOR: ROBERTO HIRAISHI (1942 • 2006)

Diretor Responsável: Ricardo Hiraishi

Administração: Rejane Doria

Redação: Elizabeth Keiko Sinzato editorial@embanews.com; redacao@embanews.com

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Assinaturas: assinatura@embanews.com

Colunistas desta edição: Antonio Cabral, Assunta

Camilo, Fabio Mestriner, Gabriela Cestari, Larissa

Landete, Sandra Balan

Foto da Capa: Antonio Carriero/Ital

Projeto Gráfico: FlyJabuti Design

Realidade Aumentada: Massfar, empresa autorizada Zappar Brasil e Portugal

ENTREVISTA

QUAL A CONTRIBUIÇÃO

QUE

A EMBALAGEM PODE DAR PARA MELHORAR A SEGURANÇA DOS ALIMENTOS E REDUZIR A FOME E A INSEGURANÇA ALIMENTAR? LEIA O QUE DIZ CLAIRE SARANTOPOULOS, DIRETORA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ITAL

A Revista EMBANEWS é uma publicação mensal da NEWGEN COMUNICAÇÃO LTDA. registrada segundo a Lei de Imprensa no 2º Ofício de Registro de Títulos e Documentos sob nº 31.881 em 17 de julho de 1990.

Dirigida ao segmento de alimentos, bebidas, brinquedos, cosméticos, embalagens, farmacêuticos, químicos, e afins. Dirigida aos profissionais: consumidores, fabricantes e fornecedores de embalagens; fornecedores de matérias-primas e de insumos para a confecção de embalagens; fabricantes de máquinas e equipamentos e periféricos para envase e embalagem; cadeia de supply chain e logística; e prestadores de serviços de apoio, associações, universidades e instituições ligadas ao ramo de embalagem.

As opiniões dos artigos assinados e dos entrevistados não são necessariamente as mesmas da Revista EMBANEWS

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4 JANEIRO 2023 06 #FeirasInternacionais 08 #EmbalagemDePerfume 10 #WorldStar2023 12 EMBALAGEM NO MARKETING 18 FRONTEIRAS 20 PESQUISA 22 SUSTENTABILIDADE 26 COMPETITIVIDADE 14
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Foto: Antonio Carriero/It/al

TENDÊNCIAS E INOVAÇÕES

OInstituto de Embalagens reuniu especialistas do setor de embalagens e da indústria de produtos de consumo, em evento no auditório da Abimaq, em São Paulo, no mês de dezembro, para levar ao conhecimento do setor um painel das tendências e inovações apresentadas nas principais feiras internacionais realizadas em 2022: K e Drinktec, na Alemanha, e Sial, na França, além do Packaging Sustainable Summit.

A Conferência de Feiras Internacionais encerrou um ano importante para o Instituto de Embalagens, que celebrou importantes marcos em sua história, com a entrega ao mercado do centésimo curso de embalagens; o 15º Fórum de Embalagem e Sustentabilidade com 25 palestras; o 22º livro, entre outros projetos.

O evento também foi marcado pelo lançamento do livro bilíngue Embalagens Mundo Afora - Packaging Around the World, primeiro volume da nova coleção, que propõe uma viagem cultural relacionando Embalagens, Design e História.

K 2022

A K, considerada a maior feira de plásticos do mundo, celebrou 70 anos e marcou o seu retorno presencial pós-pandemia com a presença de mais de três mil expositores e 176.000 visitantes de todos os continentes, dos quais 5.000 brasileiros.

Segundo a diretora do Instituto de Embalagens, Assunta Camilo, a grande maioria das empresas estavam presentes na K para dar respostas à sociedade. “A espinha dorsal da feira k foram os eixos de economia circular, digitalização e redução de impacto ambiental”. Foram apresentadas diversas soluções e aplicações em monomaterial, ou de materiais facilmente separáveis, segundo regras do ecodesign. Filmes mais finos, embalagens mais leves, revestimentos químicos barreira, tanto para filmes, como para embalagens rígidas; produtos retortable em monomaterial

em PP, utilização de PCR para vários produtos, inclusive com minerais.

Em relação aos equipamentos, a maioria já está trabalhando com PCR. Houve avanços no uso de inteligência artificial; na busca por eficiência energética e de recursos e insumos. Observou-se ainda a forte presença de empresas de equipamentos de reciclagem, com vários tipos de solução, para reciclagem química, reciclagem energética, reciclagem mecânica, para PET, para outros materiais.

Um dos destaques da K, foi a apresentação do projeto piloto R-Cycle, considerado um passaporte digital para acelerar a reciclagem das embalagens plásticas em todo o mundo. A plataforma rastreia todos os dados de embalagens plásticas, como processo, tipos de materiais, aditivos, quantidade de PCR utilizado, entre outras informações que podem ser acessadas e regis-

tradas por qualquer maquinário de produção ao longo da cadeia de valor, desde os fabricantes de embalagens e a indústria de conversão até o setor de reciclagem. Isso permite que linhas de separação de resíduos identifiquem embalagens recicláveis, ajudando, assim, a criar materiais fáceis de reciclar e puros para reprocessamento, dando origem a uma ampla variedade de produtos plásticos de alta qualidade. “26 grandes empresas participam do projeto que está em teste”, afirma Edenilson Santos, responsável pela área de comunicação e marketing do Instituto de Embalagens.

DRINKTEC

Realizada cinco anos após a última edição em 2017, a Drinktec contou com mais de 1000 expositores e 50 mil visitantes. A feira se apresenta como uma grande plataforma para equipamentos, principalmente envase e rotulagem, além de matérias-primas e ingredientes para linhas de produtos líquidos.

De acordo com Assunta Camilo, nesta edição, a Drinktec teve como tônica as soluções para a Economia Circular. “Os equipamentos evoluíram bastante, principalmente em relação à eficiência na produção, e economia de energia, água, etc. A grande maioria já está oferecendo o diagnóstico à distância, e algumas, a possibilidade de produzirem peças de reposição em uma impressora 3D, evitando o longo prazo de espera dos clientes em caso de fornecedores distantes.

SIAL

A SIAL Paris 2022 apresentou lançamentos de alimentos e bebidas com foco em tendências de consumo de prazer, estilo, conveniência, saúde, ética e sustentabilidade.

O evento também destacou as inovações dos pontos de vendas da Alemanha, Escócia, Portugal, França e Holanda, além de highlights do Sustainable Packaging Summit e apresentou o Manifesto PUMA para o desenvolvimento de embalagens de menor impacto ambiental.

#FeirasInternacionais
6 JANEIRO 2023
Lançamento do livro bilíngue Embalagens Mundo Afora R-Cycle, passaporte digital para acelerar a reciclagem das embalagens plásticas em todo o mundo

BISNAGAS PLÁSTICAS PRODUZIDAS COM RESINA RECICLADA PÓS-CONSUMO (PCR)

MENOR IMPACTO AMBIENTAL COM REDUÇÃO DO USO DE RECURSOS NATURAIS

Na Globoplast, sabemos da responsabilidade pelo impacto ambiental durante todo o ciclo de vida de nossos produtos. Por isso, nossos esforços são contínuos em tecnologia para ampliar, cada vez mais, o volume de resina reciclada utilizada em sua produção.

Nesse sentido, lançamos a bisnaga plástica produzida com resina reciclada pósconsumo (PCR) A utilização de matériaprima renovável causa um impacto positivo na economia circular por meio de fabricação, distribuição e descarte adequado de embalagens sustentáveis.

A Globoplast produz bisnagas plásticas de máxima qualidade para os segmentos cosmético, farmacêutico e veterinário, químico e de alimentos, com grande variedade de acabamentos e diâmetros.

fone: +55 11 4156-8400 | www.globoplast.com.br

EDIÇÃO DE ARTE

Lancôme, marca francesa de beleza de luxo, lançou em 2012 a fragrância floriental gourmand, La Vie est Belle eau de parfum, que logo virou um sucesso internacional, e em 2022 apresentou um novo mantra: “A vida é o que você faz dela. Faça-a mais bela agora”, seguindo o propósito de Lancôme, da felicidade como fonte de beleza. Para celebrar mais um ano da fragrância La Vie est Belle eau de parfum, Lancôme lança a versão de edição limitada em parceria com a escola parisiense de direção de arte e arquitetura de interiores Penninghen: La Vie est Belle eau de parfum L’Éveil Édition D’Art.

Pela primeira vez, Lancôme se juntou à escola Penninghen, dando voz à futura geração de artistas, permitindo que eles imaginassem um amanhã mais verde, através da reinterpretação do icônico “sorriso de cristal” da fragrância. A criação do novo frasco de edição limitada para La Vie est Belle eau de parfum traz o compromisso da marca com a sustentabilidade. Ao todo, foram 26 projetos, cinco deles selecionados pelo time global de Lancôme e por 3.365 fãs de La Vie Est Belle ao redor do mundo, incluindo o Brasil, que votaram para eleger o vencedor final.

A EMBALAGEM E O COMPROMISSO COM A SUSTENTABILIDADE

A versão L’Éveil Édition D’Art reinventa as asas de organza que

adornam o frasco La Vie Est Belle: elas assumem a forma de uma nuvem envolvente, feita de fibras de garrafas pet 100% recicladas. O vidro da garrafa, parcialmente reciclado, está 15% mais leve, e recebe pintura à base de água com uma gradação de azul e rosa que lembra o céu. O cartucho, 100% em biocelulose, não é envolvido por celofane.

A FRAGRÂNCIA

Desenvolvida pelos mestres perfumistas Anne Flipo, Olivier Polge e Ropion Dominique, a fragrância de La Vie est Belle eau de parfum L’Éveil Édition D’Art x Penninghen é uma composição floriental gourmand elegante que floresce a partir da primeira até a última nota sob a força do patchouli. Seus ingredientes naturais de flores de laranjeira e jasmim conferem uma interpretação moderna de um perfume oriental com um toque de íris gourmand.

A escolha dos ingredientes de La Vie est Belle eau de parfum levam em conta um ecossistema sustentável, com o compromisso da remuneração justa e digna para as pessoas que dependem da extração dos recursos naturais para sua produção, e está alinhada com o Programa de Sustentabilidade Global “Caring Together for a Happier Tomorrow”.

#EmbalagemDePerfume
8 JANEIRO 2023
www.lancome.com.br

WPO ANUNCIA OS VENCEDORES DO WORLDSTAR 2023

AWPO (World Packaging Organisation) anunciou os 228 vencedores do WorldStar 2023. Em edição recorde, o Prêmio registrou 488 inscrições, de 41 países. Na edição anterior (2022) foram 440 competidores de 37 países. “Esses números confirmam que o WorldStar é o mais prestigiado e importante prêmio de embalagens do globo”, comemora Soha Atallah, coordenadora do World Star e vice-presidente de eventos da WPO (www.worldpackaging.org).

Os vencedores serão premiados em uma Cerimônia de Gala no dia 06 de maio, durante a Interpack 2023, em Düsseldorf (Alemanha). Na mesma ocasião, a WPO anunciará os vencedores das categorias especiais - Prêmio do Presidente, Prêmio de Sustentabilidade, Prêmio de Marketing e Prêmio Embalagem que Economiza Alimentos. Nesta edição, o Brasil conquistou 9 prêmios. Entre os premiados,

estão: Antilhas Embalagens; Ambipar; Futurebrand, com 2 prêmios; MAD Creative; Packem; Plastiweber; Reckitt e Wheaton. Conheça os vencedores em www.worldstar.org

Mencionamos aqui um dos cases premiados, vencido pela Ambipar, que desenvolveu uma tecnologia que utiliza resíduos da indústria farmacêutica (cápsulas de colágeno) e da indústria de celulose (lodo) em processos de reflorestamento.

As sobras do processo de produção das cápsulas de remédios são transformadas em uma “embalagem” de sementes que traz diversos benefícios que vão desde a proteção da semente contra o sol, insetos e fungos, ou até mesmo sua nutrição por meio da composição natural das cápsulas para germinação. As cápsulas são aplicadas para reflorestamento em escala por meio de um dispositivo de dispersão automática (drone).

A embalagem que abriga as biocápsulas (feitas com resíduos

das indústrias farmacêutica e de celulose) atende conceitos de design thinking com o objetivo de facilitar a visualização do produto internamente (por meio de uma janela transparente). Seu tamanho melhora a ergonomia de manuseio e a exposição nas gôndolas comerciais existentes. Sua composição em papel kraft com fina camada de polímero reciclado permite a conservação das biocápsulas por um longo período que protege contra umidade e oxigênio, prolongando assim a vida útil da semente. O “zip lok” da embalagem permite ao consumidor abri-la e datá-la sem danificar sua estrutura, permitindo assim que seja utilizada apenas na quantidade desejada.

www.ambipar.com

#WorldStar2023
10 JANEIRO 2023
EmbalagemvencedoradaAntilhas CasevencedordaAmbipar

A Embaquim agora está com Sede Própria. Localizada em São Bernardo do Campo, contamos com um terreno de mais de 20 mil m², proporcionando 10 mil m² apenas de fábrica para toda qualidade e segurança de nossos produtos. A sede está repleta de área verde valorizada com árvores frutíferas, painéis solares, logística integrada e conforto, seguindo todas as Normas de Boas Práticas de Fabricação.

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PEQUENA HISTÓRIA DA EMBALAGEM

NO MARKETING BRASILEIRO - I

A EMBALAGEM É UMA FERRAMENTA DE MARKETING QUE TEM SIDO BEM UTILIZADA NO BRASIL

Em seu clássico livro Administração de Marketing, Philip Kotler afirma que: “Muitos profissionais de marketing chamam a embalagem de o quinto P (do inglês Packaging), juntamente com Produto, Preço, PraçaePromoção”.

Segundo Kotler, vários fatores contribuem para que cada vez mais as embalagens sejam utilizadas como ferramenta de marketing. Entre eles, o autor destaca a competição cada vez mais acirrada no ponto de venda dos autosserviços onde os produtos competem lado a lado com seus rivais pela escolha do consumidor e onde a maioria das decisões de compra são tomadas tendo a embalagem como mediadora do processo.

Cita ainda como fator, a melhoria do poder aquisitivo dos consumidores, que os torna dispostos a pagar um pouco mais pela praticidade e conveniência apresentadas pelas embalagens e destaca a contribuição da embalagem para o reconhecimento e a imagem da marca.

Entre os fatores que promovem a utilização da embalagem como ferramenta de marketing está a inovação pois sabemos que é muito caro e difícil inovar no produto em si. Kotler dá ênfase em seu livro à inovação das embalagens como ferramenta estratégica para aumentar os lucros dos fabricantes e cita vários exemplos onde isso ocorreu.

Sem dúvida a embalagem participa do processo do marketing podendo ser utilizada como uma ferramenta, que bem empregada, contribui para o melhor desempe-

nho do produto e para a construção da marca do fabricante.

Como ferramenta de marketing, a embalagem pode multiplicar os efeitos da propaganda e da comunicação, servir de suporte para ações promocionais e de merchandising, conectar o consumidor ao site do produto e ser utilizada estrategicamente de diversas formas para conquistar vantagem competitiva no ponto de venda. Existem mais de cinquenta exemplos catalogados que mostram como a embalagem pode ser usada como suporte para ações promocionais.

Compreender como ela fez isso ao longo do tempo é a questão central em que devemos nos concentrar ao olhar para a História do Marketing no Brasil e para isso, vamos observar como a embalagem contribuiu e foi utilizada no desempenho de suas múltiplas funções.

Para contar esta história, vale lembrar que a embalagem existe para atender as necessidades e os anseios da sociedade e com ela vem evoluindo, pois desde tempos imemoriais ela vem sendo utilizada pelo homem para conter, proteger etransportar os mais diversos bens.

Na primeira revolução promovida pelo homem com a criação da agricultura, o armazenamento e a proteção das colheitas contra insetos e roedores gerou as primeiras embalagens projetadas exclusivamente para esta finalidade. Pouco depois os Egípcios elaboraram sofisticadas embalagens para conservar e preservar o corpo de seus faraós.

O Sarcófago, confeccionado com lâminas de linho e papiro coladas de forma alternada, depois moldado, pintado e envernizado,

constitui um prodígio tecnológico que conseguiu cumprir perfeitamente seu objetivo, trazendo até os dias atuais, em perfeito estado de conservação, as múmias dos faraós. Isso se pode dizer do barril de madeira ou tonel, cujo projeto cheio de detalhes técnicos, permitiu que as grandes navegações ampliassem o mundo conhecido integrando as civilizações. Sem o Barril de madeira estas navegações não seriam possíveis pois não há como manter grandes tripulações no mar por longos meses sem a água, o vinho, a farinha, a carne salgada, as azeitonas na salmoura e a pólvora que eram transportadas nestes barris.

Mas foi na revolução industrial que a embalagem ganhou a primeira de suas funções mercadológicas pois até então, ela havia sido utilizada fundamentalmente em suas funções básicas.

Com a produção em larga escala e a competição entre as indústrias, surgiu a necessidade de embelezar os produtos para torná-los mais atraentes e desejados e esta função foi atribuída a embalagem.

Este artigo continua na próxima edição.

FABIO MESTRINER Especialista
de Embalagem Coordenador
Núcleo de Estudos
Embalagem ESPM fabio@mestriner.com.br EMBALAGEM NO MARKETING 12 JANEIRO 2023
em Inteligência
do
da

CONSERVAÇÃO DOS ALIMENTOS, A EMBALAGEM EM SEU PAPEL PRINCIPAL

A CONTRIBUIÇÃO DAS EMBALAGENS ATIVAS E INTELIGENTES CONTRA A PERDA E DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS

No Brasil, 33 milhões de pessoas passam fome e 55% da população brasileira vive algum nível de insegurança alimentar. Entretanto, o Brasil está entre os 10 países que mais desperdiçam alimentos, na ordem de 27 milhões de toneladas por ano, volume que poderia alimentar quase 12 milhões de pessoas por ano.

O desperdício não se limita ao alimento. Junto se perdem todos os recursos envolvidos na sua produção: água, energia, insumos diversos, o trabalho das pessoas, sem contar a emissão de gases de efeito estufa, estimado em 3,3 milhões de toneladas.

Toda essa perda tem impacto no custo e inflação do preço dos alimentos, aumentando os efeitos sobre a segurança alimentar. Diante do problema, o setor de embalagem de alimentos tem um grande impacto no bem estar das pessoas e do planeta e está entre os que podem contribuir para reduzir as perdas e desperdícios de alimentos.

Para falar sobre o papel da embalagem na redução das perdas e desperdícios, EMBANEWS entrevistou Claire Sarantopoulos, diretora de ciência e tecnologia do Ital - Instituto de Tecnologia de Alimentos, cargo que assumiu em 2020. Mas foi no Cetea que a pesquisadora e engenheira de alimentos formada na Unicamp (SP), iniciou e passou quase 40 anos de sua carreira. O Cetea – Centro de Tecnologia de Embalagem faz parte do Ital,

um dos órgãos de pesquisa da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), ligada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado e comemorou 40 anos em 2022.

Claire sempre trabalhou na área de conservação de alimentos via embalagem. A pesquisadora com formação na área de alimentos iniciou sua carreira quando o Cetea estava sendo criado em meados da década de 80, e recebeu treinamento no campo da embalagem, através de um projeto patrocinado pela ONU, que proporcionou recursos para a capacitação intelectual e a implementação de infraestrutura para a pesquisa e avaliação do desempenho de embalagens.

Como atual diretora de ciência e tecnologia do Ital, Claire retorna ao campo mais abrangente dos alimentos. A criação do Ital na década de 60, oriundo do Instituto Agronômico de Campinas, se dá em função da necessidade de se encontrar soluções para a conservação dos alimentos pós-colheita e apoiar a nascente indústria de alimentos no Brasil, além de prover o abastecimento de sua crescente população urbana. A criação do Cetea ocorre 20 anos depois, impulsionada pela demanda da indústria por embalagens. Foi também no Ital que surgiu a primeira faculdade de engenharia de alimentos, que posteriormente foi transferida para o campus da Unicamp, para a formação de pessoas capacitadas para atuar nessa indústria.

14 ENTREVISTA JANEIRO 2023
Foto: Antonio Carriero/It/al

EMBANEWS: Pode nos contar um pouco sobre o seu trabalho no Cetea e suas principais linhas de pesquisa?

CLAIRE SARANTOPOULOS: Eu sempre trabalhei na área de conservação de alimentos via embalagem, envolvendo as propriedades de barreira a gases, barreira à luz, resistência térmica, selagem, e todas as questões relacionadas com o retardamento da deterioração e a perda de qualidade, principalmente no campo da embalagem plástica. Esse conhecimento permitiu que eu atuasse nessa lacuna que existia entre o usuário de embalagem e o fabricante de embalagem. E desse foco nasceu o meu conhecimento sobre embalagens ativas e inteligentes.

EMBANEWS: E no cargo de atual diretora de ciência e tecnologia do Ital, como se desenvolve o seu trabalho?

CLAIRE SARANTOPOULOS: Como diretora do Ital, minha linha de atuação mudou bastante, agora está voltada para as áreas da ética na pesquisa e comunicação científica, inclusive sou editora científica de uma revista na área de alimentos, a Brazilian Journal of Food Technology. No campo da tecnologia, tenho tratado de projetos na área de open innovation do Ital. Estamos implantando um hub, o Tropical Food Innovation Lab, em uma área de 1.500 m² no site do Ital, voltado para a inovação, com suporte da Cargill, Givaudan, Bühler e do FoodTech HUB Latam, para criar um ecossistema para acelerar a inovação na área dos alimentos. Também tenho liderado um programa de mentorias de startups de food innovation em programas de aceleração no âmbito da Apta.

EMBANEWS: Como a embalagem pode contribuir para a segurança alimentar (food security)?

CLAIRE SARANTOPOULOS: Temos o enorme desafio de alimentar um grande contingente de pessoas com alimentos saudáveis e seguros, produzidos de maneira sustentável. A insegurança alimentar, a fome, tem múltiplas razões. Mas, sem dúvida, a embalagem se mostra uma importante ferramenta de segurança alimentar, de redução de perdas e desperdícios, e de abastecimento

da população. A definição para perda se refere às etapas que vão da produção até o varejo, e o desperdício, do varejo até o consumidor. Alguns exemplos da participação da embalagem já estão arraigados na cultura, e nem nos damos pela sua presença. Para que o leite não se perca em 3 a 4 dias, ele pode ser secado, chegando a durar mais de um ano, ou passar por processo UHT, quando seu shelf life aumenta para mais de 6 meses, mas para isso, sua embalagem precisa ter a tecnologia de barreira adequada. Outro exemplo, a carne bovina, 3 dias após o abate e a desossa, já não consegue ser vendida. Numa embalagem a vácuo, ela pode durar um mês, e em baixa temperatura, nas condições para exportação, chega a 4 meses. Sai de 4 dias e chega em 4 meses.

EMBANEWS: Qual a contribuição das embalagens ativas e inteligentes na redução de perdas e desperdícios?

CLAIRE SARANTOPOULOS: A embalagem ativa (fig.1) vai interagir com o alimento ou com o ambiente ao seu redor, para melhorar a sua conservação e aumentar sua vida útil. Entre as diversas tecnologias estão os absorvedores de oxigênio, de CO2, de gases relacionados à deterioração e conservação de alimentos, como os absorvedores de etileno, que controlam a maturação de frutas. Há os absorvedores de líquidos, embalagens com ativos antimicrobianos, válvulas de liberação de vapor. Embalagens com atmosfera modificada que estendem o shelf life. Embalagem com emissores de etanol, de SO2, que atuam como antifúngicos, entre outras.

A embalagem inteligente ou interativa (fig.2) é aquela que comunica uma informação, seja para melhorar a conservação do produto, seja promovendo um vínculo entre o consumidor e o produto. Fazem parte dessa categoria, os indicadores de temperatura, tempo e localização, de frescor, de maturação, de gases, de umidade, as tintas termocrômicas, existe um mundo de possibilidades que podem ser usadas para reduzir perdas. Há ainda sensores de formas variadas; identificação por radiofrequência, que mapeia toda cadeia; eletrônica impressa, tintas eletrônicas. E na embalagem interati-

15 JANEIRO 2023
fig.1 Fonte: Cetea/Ital

va, tem o código bidimensional, QR Code, realidade aumentada, comunicação sem fio, são várias tecnologias de informação usadas para a comunicação.

EMBANEWS: Como as embalagens ativas e inteligentes ajudam nas exportações?

CLAIRE SARANTOPOULOS: O Brasil conta com boas práticas pós-colheita voltadas para a exportação, inclusive com embalagens especiais, importadas, e tratamento de refrigeração desde a colheita. Na exportação de frutas, como o melão, é utilizada embalagem ativa que controla os gases da respiração para que a fruta consiga durar mais e chegar em boas condições a seu destino. No caso da exportação de manga, também. A safra ocorre no final do ano, quando o transporte aéreo está sobrecarregado, e as frutas precisam ser escoadas por via marítima, necessitando de duração superior a 30 dias.

EMBANEWS: E como contribuem para o abastecimento do mercado interno?

CLAIRE SARANTOPOULOS: Assim como o Brasil é bastante eficiente na exportação, observo que somos muito deficientes na distribuição de frutas e hortaliças para o mercado interno, onde nossas perdas acabam sendo muito grandes por falta da aplicação de tecnologias pós-colheita. Por vezes, a embalagem é mal dimensionada, há falta da cadeia do frio, que afeta muito a qualidade dos perecíveis. A exceção é a cadeia do frio da maçã, que realiza um super tratamento pós-colheita, através de câmaras com atmosfera controlada levando a maçã a durar meses e meses. Mas outras frutas, como a uva e as frutas com caroço não têm o mesmo tratamento. Na verdade, a questão é cultural, não falta tecnologia, falta implementação. A cultura do tratamento de vegetais no Brasil tem muito a evoluir.

EMBANEWS: É sempre bom relembrar o papel da embalagem, principalmente agora com o acirramento dos problemas ambientais ...

CLAIRE SARANTOPOULOS: Sem dúvida, há uma frase: “oversimplification can lead to misconceptions”, ou seja

a supersimplificação te leva a uma análise completamente equivocada. Tratar a embalagem como um resíduo, como se ela não tivesse todo um histórico anterior de conservação, é uma simplificação, mas eu vou além, é uma grande estupidez. É preciso levar em conta todo o ciclo, a cadeia, os benefícios. Certamente é preciso achar a solução para se minimizar os resíduos. O próprio Ital tem um projeto para soluções de embalagens pós-consumo. Mas voltemos ao exemplo da carne. Temos um filme de 60 micra para carnes; um micrometro é um milésimo do milímetro. Imagine um milímetro, dividido em mil, separo 60. Ali estão 7 a 9 camadas de 3 a 5 micra cada, que irão fornecer, cada qual um tipo de barreira, a gases, à luz, à umidade, resistência térmica, selagem, resistência à perfuração, são inúmeras propriedades em 60 micra, composta muitas vezes por 7 a 9 polímeros diferentes e que vão possibilitar à carne passar de uma durabilidade de 4 dias para 4 meses. Ao final dela, o seu descarte tem que ter uma solução. Mas que não seja pela simplificação da embalagem, caso contrário, teremos uma carne que dura 4 dias. É aí que o simplismo pode levar a soluções errôneas, como bater na tecla do monomaterial, por exemplo.

EMBANEWS: A tendência para uso de monomaterial é uma realidade, mas acredita que esteja havendo perda de funcionalidade dessas embalagens?

CLAIRE SARANTOPOULOS: Eu acredito que sim, está ocorrendo tanto a perda de qualidade quanto de vida útil. Eu não conheço nenhum exemplo de substituição para monomaterial ou material celulósico que tenha tido o prazo de validade do produto alterado. No entanto, a duração do produto muda, e o consumidor paga com a perda de qualidade. Isso também acontece com o refil. Muitas vezes, essa mudança é feita mais para resolver uma questão de imagem da empresa, do que para ser uma solução do ponto de vista do consumidor.

EMBANEWS: Quais são os requisitos para se implantar com eficiência o uso de embalagens ativas e inteligentes?

16 ENTREVISTA JANEIRO 2023
fig.2
Fonte: Cetea/Ital

CLAIRE SARANTOPOULOS: A nova embalagem, seja ativa ou inteligente, precisa ser segura para os alimentos (food safety). Não pode afetar a funcionalidade do produto, nem suas características organolépticas, ou seja, transmitir gosto, alterar a cor, e não deve gerar impactos ambientais. Essa é a grande discussão sobre as embalagens inteligentes. Como retirar os tags, como reciclar a embalagem se ela tiver algum indicador, uma tinta termocrômica, uma tinta condutora de eletricidade, como minimizar o seu impacto ambiental. É preciso ainda que atendam os requisitos legais e sejam aprovadas pela Anvisa. Sua adoção também pode exigir educação, aceitação e confiança do consumidor e do varejista.

EMBANEWS: Há outras questões que restringem a adoção de embalagens ativas e inteligentes?

CLAIRE SARANTOPOULOS: Além das que citei, há ainda a limitação de custos, limitações tecnológicas, pois muitas não são produzidas no Brasil, e em alguns casos, problemas de estrutura. O uso de RFID e alguns outros sistemas necessita de leitores e sensores, a implantação e ativação dos tags na linha de produção dos alimentos também depende de equipamentos importados. Em muitos casos, é necessário tropicalizar a tecnologia.

EMBANEWS: Como funciona a legislação?

CLAIRE SARANTOPOULOS: A legislação brasileira nessa área tem dois pilares: o primeiro, é a lista positiva da Anvisa, na qual, tudo que estiver na embalagem tem que ser aprovado para estar em contato com o alimento. Segundo, é a questão das migrações. Alguns elementos podem estar presentes em quantidades específicas na embalagem, mas eles não podem migrar para o alimento. A legislação prevê os limites para cada tipo de alimento, mais gorduroso, ácido, alcoólico, que vai ao micro-ondas, etc.

EMBANEWS: Qual é a participação do Cetea nesse campo?

CLAIRE SARANTOPOULOS: O Cetea tem participação muito relevante nas questões regulatórias, na aprovação do material para contato com os alimentos, seja plástico, celulósico ou os revestimentos para embalagens metálicas. Sua competência se estende das embalagens, aos utensílios domésticos, e peças de equipamentos da produção que vão em contato com os alimentos. No Brasil e Mercosul, o Cetea atua praticamente em todas as questões regulatórias envolvendo alimentos. Também atuamos em demandas para implantação de testes regulatórios para atender FDA, Comunidade Européia e alguns países para os quais o Brasil exporta seus produtos.

EMBANEWS: Que fatores podem incentivar o uso de embalagens ativas e inteligentes?

CLAIRE SARANTOPOULOS: Acredito que uma força positiva para o desenvolvimento de embalagens ativas e inteligentes seja a necessidade de atender regulamentos e legislações cada vez mais exigentes em relação ao controle de qualidade, segurança e rastreabilidade dos alimentos, o chamado ‘food safety’. Outro driver é a melhora no desempenho logístico de produtos, com a concomitante redução no custo operacional, no consumo de energia, na emissão de poluentes. E um terceiro, é o maior impacto no marketing do produto através da comunicação entre o fabricante e o consumidor, proporcionada pelas embalagens conectadas, através de realidade aumentada, QR Code, entre outros, em que é possível interagir e conhecer a opinião do consumidor, fazer promoções e levar informações relevantes e entretenimento.

Eu acredito que embalagem salva o mundo. Certamente a embalagem é a nossa grande ferramenta de redução de perdas e desperdícios de alimentos.

CETEA, 40 ANOS DE PESQUISA DE EMBALAGEM NO BRASIL

Primeiro centro de pesquisa na área de embalagem no Brasil, o Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea) completou 40 anos de existência em 2022 com 67 colaboradores atuando em laboratórios modernizados e ampliados. Com cerca de 700 equipamentos em operação numa área construída de 4,4 mil m² dentro do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), em Campinas, o Cetea realiza atividades de PD&I e de difusão e transferência de conhecimento técnico-científico através de cursos, treinamentos, publicações e informações tecnológicas.

Por atuar com embalagens celulósicas, plásticas, metálicas, de vidro e de transporte e distribuição, abrangendo não só alimentos, bebidas e ingredientes como também cosméticos, farmacêuticos e produtos médicos, químicos e de higiene e limpeza, o Cetea possui forte interação junto a produtores de matéria-prima, insumos e equipamentos, convertedores, prestadores de serviço, entidades e profissionais do setor e órgãos governamentais.

Dentre os exemplos de projetos em andamento, está o estudo de tecnologias de processamento de alimentos emergentes e seus efeitos sobre as propriedades da embalagem e a interferência na segurança dos produtos alimentícios. Outro projeto relevante com o qual o Cetea colabora é a

pesquisa e desenvolvimento de embalagem autônoma inteligente para cadeia fria de sistemas de saúde, com financiamento da Finep, visando trazer segurança aos processos críticos durante o transporte de órgãos, tecidos e células para transplante. Destaca-se também a liderança do CCD Circula, Centro de Ciência para o Desenvolvimento aprovado pela Fapesp que reúne cerca de 90 profissionais de nove instituições de ensino e pesquisa em busca de soluções inovadoras para a problemática dos resíduos urbanos pós-consumo de produtos e embalagens.

17 JANEIRO 2023
Foto: Antonio Carriero/It/al

HISTÓRIA E CULTURA PORTUGUESA SÃO VALORIZADAS NAS

LATAS DE AZEITES E PESCADOS

s portugueses cultivam suas tradições e valorizam sua cultura. Eles têm orgulho das suas origens e das suas histórias e usam as embalagens para contar tudo isso! Lindo ver um povo tão orgulhoso.

Uma visita atenta a um supermercado ou mesmo a um mercadinho em Portugal permite uma viagem cultural através das embalagens. Em especial pelas latas de produtos importantes do país, como azeite e pescados.

Uma lata de azeite Gallo nos faz saber que é uma marca portuguesa criada em 1919 por Victor Guedes. O orgulho da origem impõe à marca Gallo a assinatura sui generis : “PORTUGAL”. Uma de suas muitas embalagens comemorativas apresenta os vários pontos turísticos, imortalizados por ícones bem traçados. A lata de fundo branco valoriza os azulejos portugueses, reconhecidos mundialmente como parte da cultura do país, que são destacados pelo azul escuro e laranja, na parte superior da embalagem.

A lata do azeite Ouro da Terra

leva os consumidores para um passeio pela história de Portugal, com cenas coloridas de momentos importantes vividos pelo povo português, desde a época medieval. Além disso, a embalagem conta que são de Mirandela de Trás os Montes.

A comunidade dos Açores é um capítulo à parte, um grande orgulho para os portugueses que gostam de estampar nas latas que os pescados de lá são “certificados pela natureza”. A lata do atum Bonito dos Açores traz uma arte em três cores, com proposta moderna e tampa abre fácil. Já a lata do atum Bom Petisco traz a impressão do lado oposto da tampa abre fácil para privilegiar a marca d’água do desenho do porto da ilha dos Açores no logo e no fundo da embalagem.

A pescados Tenório usa uma foto em preto e branco numa moldura oval no centro da lata, além da foto do Sr. Tenório que mostra as medalhas recebidas ao longo da trajetória centenária. A origem da marca remonta aos tempos mais longínquos da fábrica de conservas de atum em lata São Francisco de Francisco Rodrigues Tenório, fun-

dada em 1880, que alcançou rapidamente grande prestígio pela alta qualidade do atum em lata.

A marca Santa Catarina traz uma embalagem muito especial: a lata é embrulhada em papel que lembra um jornal da época e depois recebe uma cinta, como um rótulo.

A Vasco da Gama preferiu “vestir” a lata com um cartucho de papelcartão, valorizando o produto pela apresentação e qualidade da impressão da produção fotográfica do prato de polvo que abre o apetite.

Como vimos, há sempre muitas possibilidades para usar melhor nossas embalagens para contar histórias e posicionar nossos produtos melhor.

Embalagens melhores mundo afora, mundo melhor!

ASSUNTA NAPOLITANO CAMILO

Diretora da FuturePack Consultoria de Embalagens e do Instituto de Embalagens atendimento@institutode embalagens.com.br

O
FRONTEIRAS JANEIRO 2023 18
UMA VIAGEM CULTURAL ATRAVÉS DAS EMBALAGENS FOTO: FUTUREPACK

BLOWOUT EM TAMPAS DE LATAS PARA BEBIDAS CARBONATADAS

FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A FRATURA E SUAS CARACTERÍSTICAS

Énotória a consolidação do uso de latas de alumínio para produtos ready to drink (RTDs) no Brasil para além do tradicional mercado de cervejas e refrigerantes por trazerem inovação e atenderem expectativas e necessidades dos consumidores. No entanto, a abertura espontânea da escotilha de tampas, fenômeno conhecido como blowout, ainda é uma das principais preocupações dos fabricantes dessas embalagens e dos produtores de bebidas que as utilizam. Denominada Stress Corrosion Cracking (SCC) ou fratura decorrente de corrosão sob tensão, esse tipo de falha na embalagem ocorre por três fatores: tensão de tração, susceptibilidade do material e agressividade do meio.

O primeiro fator é decorrente da pressão promovida pela carbonatação da bebida. Considerando um volume de espaço livre constante, o aumento da temperatura tende a aumentar a pressão do gás e a diminuir a quantidade de CO2 dissolvido no produto. A carbonatação do produto contribui para o desenvolvimento de uma tensão de tração nominal na superfície externa da tampa, sendo que esta poderá ser significantemente agravada na região inferior do semicorte em função das tensões introduzidas ao

seu redor durante a incisão ou redução da espessura do metal da tampa (concentrador de tensão). Assim, em uma circunstância adversa, o semicorte, que garante a fácil abertura, pode facilitar a propagação da fratura pela espessura residual do material e, consequentemente, iniciar uma falha por SCC.

A segunda condição encontra-se associada à susceptibilidade do material, que geralmente é uma liga da série 5XXX - Alumínio-Magnésio (Al-Mg), em especial a Liga 5182.

A adição dos elementos de liga ao alumínio promove melhorias em suas propriedades que, nesse caso, permite a formação de precipitados intermetálicos do tipo Mg2Al3, que tendem a se concentrar nos contornos de grão do material e reagir eletroquimicamente, favorecendo o desenvolvimento de uma pilha galvânica e, consequentemente, a fratura intergranular. Outro tipo de fratura ocorre de modo transgranular (dentro do grão), em formato de leque, resultante da propagação por diferentes planos cristalográficos na região fragilizada do material pela presença de hidrogênio (hydrogen embrittlement mechanism). Uma fratura dúctil, caracterizada pela presença de alvéolos (dimples) esféricos, poderá ser observada na espessura residual do semicorte após a abertura normal da tampa.

O último fator associado ao SCC é a agressividade do meio de estocagem do produto, que pode estar relacionada à umidade relativa e temperatura e/ou a sujidades ou elementos corrosivos como resíduos de íons de Cl- e Cu+. Para reduzir ou evitar blowout associado a esse fator, entidades setoriais como a British Soft Drinks Association recomendam, dentre outras medidas, reduzir ao máximo a umidade sobre a tampa, usar lubrificante com baixos níveis de cloro e sulfato e manter a água da lavadora (rinser) com pH entre 5 e 8,5 e os teores de cloro e de sulfatos abaixo de 10 ppm e de 15 ppm, respectivamente.

Em resumo, a adoção de boas práticas de fabricação da embalagem e o controle do ambiente de estocagem do produto são os principais fatores que podem contribuir para reduzir e/ou minimizar perdas por SCC.

REFERÊNCIA

BRITISH SOFT DRINKS ASSOCIATION. Environmental stress cracking of aluminium alloy beverage end scores. MPMA / BSDA / BBPA recommended code of practice. London: BSDA, 2001. 14 p. Disponível em: <http://www.britishsoftdrinks.com/PDF/StressCrackingofCans.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2014.

DEWEESE, S. K.; NINGILERI, S. T.; DAS, S. K.; GREEN, J. A. S. Stress-corrosion cracking in aluminum beverage can ends: issues, observations, and potential solutions. JOM, Boston, v. 60, n. 5, p. 50-57, 2008.

Pesquisadoras do Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea) do Ital

PESQUISA 20 JANEIRO 2023
SANDRA BALAN GABRIELA CESTARI

COMUNICAR SUSTENTABILIDADE PRECISA SER UMA JORNADA

Comunicar a sustentabilidade! Parece algo simples, mas existem desafios e oportunidades. Você já se deparou com alguma comunicação de produto que se diz sustentável e teve dúvidas sobre isso? Ou que certa campanha de marketing está sendo contraditória? Ou então, daquele exemplo de companhia que soube passar a mensagem de sustentabilidade com muito êxito?

Toda essa atenção ao interpretar a comunicação da sustentabilidade é essencial para que nós, consumidores, possamos fazer escolhas assertivas e não cair no greenwashing , que significa quando uma empresa e/ou produto informa atributos não evidenciados e sem fundamentos, sendo uma “lavagem verde” de aspectos sustentáveis.

A comunicação da sustentabilidade precisa funcionar como uma jornada, indo além da divulgação dos produtos, sendo a trajetória que determinada empresa tem em relação ao tema a principal justificativa para comunicar seus pilares de sustentabilidade, sua estratégia e os programas que apoiam as metas estabelecidas. É com essa transparência, por meio de dados fundamentados e comunicados, que se obtém a confiabilidade do consumidor e se adquire uma boa reputação.

Dado da pesquisa Vida Saudável e Sustentável 2021, do Instituto Akatu - uma organização sem fins lucrativos que realiza ações para sensibilização, mobilização e engajamento da sociedade para o consumo consciente -, mostra que três em cada cinco brasileiros estão dispostos a pagar mais por produtos e marcas que trabalham para me-

lhorar a sociedade e o meio ambiente. Ou seja, a comunicação é um fator determinante para que o consumidor decida pagar mais por um produto com atributos sustentáveis, pois ao entender tais atributos e seus valores socioambientais, tomará uma decisão de que se vale a pena ou não o investimento.

Para apoiar em um direcionamento da comunicação, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente desenvolveu, em 2017, o material de Diretrizes para o Fornecimento de Informações sobre a Sustentabilidade dos Produtos, sendo que um dos objetivos deste documento é estabelecer requisitos mínimos que devem ser atendidos ao fornecer aos consumidores informações sobre sustentabilidade.

Dentre estes requisitos, destacam-se:

• A confiabilidade. É necessário que as alegações tenham uma base confiável, por meio de estudos e dados fundamentados.

• A relevância. Informe sobre o benefício/atributo genuíno do produto, que vai além da conformidade legal.

• A clareza. A comunicação precisa ser útil e de fácil entendimento para o consumidor.

• A transparência. Informe fontes e metodologia utilizada.

• A acessibilidade. A comunicação deve chegar até o consumidor.

Com isso, é possível observar que existe oportunidade para quem comunica seus produtos de modo confiável e relevante, sendo claro, transparente e acessível ao consumidor.

Importante destacar que existe uma série de princípios que o Conar (Código Brasileiro de Autorre-

gulamentação Publicitária) criou para atentar às empresas quanto à pauta ambiental nas publicidades, para assim, passarem longe do greenwashing . Dentre tais princípios, o que mais chama a atenção positivamente é o da relevância (mais uma vez), ou seja, o benefício ambiental comunicado deve ser significativo em termos de impacto, considerando a produção, o uso e o descarte do material.

Em relação a isso, aponto uma questão e um caminho: por onde buscar os reais benefícios e atributos de sustentabilidade de algum produto, processo ou serviço para comunicar? Conhecendo os impactos e quantificando-os, um caminho é o estudo de avaliação de ciclo de vida, que apoia na tomada de decisões, diferenciação de portfólio e na promoção da sustentabilidade na cadeia de valor.

E finalizando esta discussão, ao pensar em comunicação e sustentabilidade, sempre me divido em três personagens:

• O de profissional de sustentabilidade, em que busco mensurar e traduzir os impactos socioambientais encontrados;

• O de comunicador, sabendo levar a tradução para a linguagem do consumidor;

• E por fim, o de consumidor, tendo atenção às escolhas e aprendendo a interpretar as ações e atributos de sustentabilidade que foram traduzidos.

SUSTENTABILIDADE 22 JANEIRO 2023
LARISSA LANDETE Analista de sustentabilidade aplicada na Fundação Espaço ECO SOB PENA DE CAIR NO GREENWASHING
Rua Bresser 2315 - Mooca - São Paulo - SP (11) 2797.6333 - grafica.sp.senai.br posgraduacaotheobaldo Campus Theobaldo De Nigris - Mooca GESTÃO DE PROJETOS DE EMBALAGEM Início da turma em 15 de abril de 2023 Invista na sua carreira em 2023. Faça Pós-Graduação na Faculdade SENAI-SP. INSCRIÇÕES ABERTAS PARA OS CURSOS: INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE INDUSTRIAL Início da turma em 15 de março de 2023 Saiba mais

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INTERPACK PAVILHÕES FACILITAM VISITAÇÃO

Em 2023, a interpack apresentará à indústria de embalagens e processos relacionados a maior visão internacional do mercado. Para ajudar os visitantes a não se perderem em 18 pavilhões de feiras, os pavilhões apresentam um conceito personalizado baseado nos principais grupos-alvo de alimentos, bebidas, confeitaria e produtos de panificação, produtos farmacêuticos, cosméticos, produtos não alimentícios e industriais.

Cerca de 2.700 empresas de todo o mundo se reunirão em Düsseldorf de 4 a 10 de maio de 2023 para apresentar tecnologias de ponta e tendências de embalagem de toda a cadeia de valor, demonstrar oportunidades de crescimento e responder aos desafios do setor.

Os processos e máquinas para embalar produtos de confeitaria e panificação estarão especialmente nos pavilhões 1, 3 e 4. Alimentos, bebidas, produtos não-alimentícios e industriais ocuparão os pavilhões 5 e 6, bem como os pavilhões 11 a 14.

As empresas farmacêuticas e de cosméticos e suas soluções universais poderão ser encontradas nos pavilhões 15 a 17. Já os materiais de embalagem e embalagens se apresentarão nos pavilhões 7 e 7a, 8a, 9 e 10. Rotulagem, marcação, acabamento estarão nos pavilhões 8a e 8b. E em paralelo à interpack, acontece a feira componentes. No Brasil, os contatos são através da Emme Brasil, representante da Messe Düsseldorf no País.

https://emmebrasil.com.br / www.interpack.com

25 SID - SISTEMA DE INFORMAÇÃO DIRIGIDA JANEIRO 2023 (11) 5814-3871 (11) 3493-5577
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ONDE ESTAMOS? PARA ONDE IR?

PARA INGRESSAR NA INDÚSTRIA 4.0 A PREMISSA BÁSICA É ESTRUTURAR UM PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Nos últimos 5 anos, participei (ainda participo) de um grupo de profissionais que estudam o conceito “Indústria 4.0”, elaborado e apresentado quase que incansavelmente pela ACATECH1 (Academia Alemã de Ciências e Engenharia) e pela Universidade de Aachen2 . Criamos o Curso de Pós-graduação em Indústria 4.03 na Mauá e incorporamos o conceito na Pós-graduação em Engenharia de Embalagem4 . Trouxemos o Eng. Jonas Kaufmann, especialista ligado à Aachen e ao Industrie 4.0 Maturity Center5 , para ministrar o primeiro programa de certificação em Indústria 4.0 no Brasil. Enfim, trabalhamos muito para divulgar e aplicar o conceito.

A premissa básica dessas iniciativas é estruturar um planejamento estratégico, chamado de Road Map pelas instituições alemãs, que guie decisões coerentes e não precipitadas visando a perenidade das organizações num futuro mais competitivo. Tudo começa com uma análise realista da situação atual para implantar a Produção Enxuta (Lean). Reduzir perdas e desperdícios (inclusive de tempo) é uma saudável fonte de recursos. Somente depois disso é que se pode pensar na visão de futuro e, obviamente, nos passos estratégicos para chegar até ela.

Toda essa introdução tem o objetivo de reforçar a necessidade do profundo e detalhado conhecimento dos produtos, das emba-

1 https://en.acatech.de

2 https://www.rwth-aachen.de/go/id/a/?lidx=1

lagens, das operações, dos conceitos que as alicerçam e dos dados que geram. Em edição anterior da EMBANEWS6 , abordei esse tema com um exemplo de empresa nacional que reinventou seus processos gerenciais a partir das corretas coletas e análises dos dados operacionais. Os resultados foram e são excelentes!

Na edição de 17 de dezembro de 2022 do Estadão, um texto7 sobre o adequado uso de dados disponíveis nas publicações e decisões judiciais disponíveis mostra a disrupção na advocacia. Vale a pena ler e pensar como incorporar a ideia no cotidiano empresarial do setor! Ainda naquele mês, em conversas com profissionais de outros setores, me foram narrados três ótimos projetos com o mesmo foco e promissoras expectativas de resultados práticos.

Por outro lado, nessas mesmas conversas, foram citados exemplos em que um manancial de dados foi coletado sem critério e tornou muito difícil, ou quase impossível, tomar decisões corretas porque “alguns deles, secundários, terciários, n-ários, estão misturados e, carentes de atenção, urram passando informações desnecessárias e consumidoras de tempo útil dos gestores”. Um bom exemplo é a cansativa discussão sobre como classificar as paradas de máquina em planejadas ou não planejadas. Gasta-se um enorme tempo quando, na verdade, aos olhos dos acionistas, a máquina parou e todos devem trabalhar para colocá-la em

funcionamento para gerar os resultado$$$ esperados. Posteriormente, com a situação normalizada, deve-se analisar o ocorrido e adotar medidas para evitar a repetição do episódio.

Volto ao início do texto, quando buscávamos uma maneira lúdica de transmitir, em aulas e palestras, a necessidade de envidar esforços para estabelecer o correto ponto de partida do road map. Encontramos a palestra Don cô vim? On cô tô? Pron cô vô?8 , apresentada por Robison Sereno e adaptamos o título para 5 perguntas: on cô tô? (profundo conhecimento dos dados e características dos produtos e operações); on cô vô? (visões de curto, médio e longo prazos); com cô vô? (planejamento estratégico ou Road Map); on cô trupico? (análise de cenários possíveis para identificar obstáculos); com cô levantu? (estratégias para vencer os obstáculos identificados).

Perdoem se sou repetitivo. É que existe um mar de oportunidades que fabricantes e usuários de embalagem precisam aproveitar. É preciso saber exatamente “on cô tô” para poder saber, com alguma certeza para “on cô vô”!!!

ANTONIO CABRAL Coordenador dos Cursos de Pós-Graduação em Engenharia de Embalagem e em Indústria 4.0 Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia (CEUN/IMT) antonio.cabral@maua.br acdcabral@gmail.com

3 https://maua.br/pos-graduacao/atualizacao-120h/industria-4-0-adaptacao-corporativa-e-competitividade

4 https://maua.br/pos-graduacao/especializacao-360h/engenharia-de-embalagem-inovacao-e-industria-4-0

5 https://i40mc.de

6 CABRAL, A.C.D.- Excelente exemplo a seguir - EMBANEWS – ano 33 / Edição 391 / Outubro 2022 pág. 26 -

7 HONORATO, L. Negócios disruptivos e inovação criam novas funções dentro da advocacia. O ESTADO DE S. PAULO, edição de 17 de dezembro de 2022, pág. B10

8 https://www.youtube.com/watch?v=1-_IxNdInsA último acesso em 7 de janeiro de 2023.

COMPETITIVIDADE
26 JANEIRO 2023
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