EMBANEWS Nº 425 - AGOSTO 2025

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INOVAÇÃO QUE TRANSFORMA.

SUSTENTABILIDADE QUE INSPIRA.

Menos plástico. Mais atitude.

A nova linha de bisnagas Globoplast Ecostone é um marco rumo à sustentabilidade.

Com um inovador composto mineral, conseguimos reduzir significativamente o uso de plástico na composição da bisnaga, sem abrir mão da performance, da estética e da versatilidade que o seu produto precisa.

Menos impacto ambiental. Mais valor percebido.

A Globoplast foi destaque na 32ª edição do Prêmio EMBANEWS, um dos mais importantes reconhecimentos do setor, sendo premiada nas categorias Sustentabilidade e Inovação Reafirmamos nosso compromisso com soluções que aliam desempenho, responsabilidade ambiental e criatividade no desenvolvimento de bisnagas plásticas.

SUMÁRIO

BEBIDAS

COMO A CADEIA CERVEJEIRA CONTRIBUI COM O MEIO AMBIENTE?

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FUNDADOR: ROBERTO HIRAISHI (1942 • 2006)

Diretor Responsável: Ricardo Hiraishi

Administração: Rejane Doria

Redação: redacao@embanews.com

Publicidade: comercial@embanews.com

Colaboradores desta edição: Antonio Cabral, Assunta Camilo, Carolina Alcoforado, João Vicente Tuma, Juliana Seidel

Projeto Gráfico: FlyJabuti Design

A Revista EMBANEWS é uma publicação mensal da NEWGEN COMUNICAÇÃO LTDA. registrada segundo a Lei de Imprensa no 2º Ofício de Registro de Títulos e Documentos sob nº 31.881 em 17 de julho de 1990.

Dirigida ao segmento de alimentos, bebidas, brinquedos, cosméticos, embalagens, farmacêuticos, químicos, e afins. Dirigida aos profissionais: consumidores, fabricantes e fornecedores de embalagens; fornecedores de matérias-primas e de insumos para a confecção de embalagens; fabricantes de máquinas e equipamentos e periféricos para envase e embalagem; cadeia de supply chain e logística; e prestadores de serviços de apoio, associações, universidades e instituições ligadas ao ramo de embalagem.

As opiniões dos artigos assinados e dos entrevistados não são necessariamente as mesmas da Revista EMBANEWS © Direitos Reservados Todos os direitos dos artigos publicados na Revista EMBANEWS são reservados pela Newgen Comunicação Ltda. Proibida a reprodução parcial ou total por qualquer meio de comunicação impresso, digital ou outros meios sem prévia autorização. Telefone: (11) 3060-8817 / WhatsApp 11 94721-4102

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COMO A CADEIA CERVEJEIRA CONTRIBUI COM O MEIO AMBIENTE?

Em agosto é celebrado o Dia da Cerveja, data dedicada à bebida que é orgulho nacional e símbolo cultural do Brasil. Mas, para além dos brindes em mesas de bares, talvez pouca gente conheça as muitas formas significativas com que a cadeia cervejeira ajuda a cuidar da natureza, especialmente ao adotar práticas sustentáveis em todas as etapas de produção e distribuição. O uso de matérias-primas locais e sustentáveis, a redução e reutilização da água no processo produtivo, além do incentivo ao uso de embalagens retornáveis e recicláveis, são algumas das iniciativas que o setor

já implementa e que deixam as celebrações ainda mais especiais!

Empresas como a Ambev já colocam em prática diversas ações sustentáveis. Atualmente, 100% das operações diretas da companhia no Brasil funcionam com energia elétrica renovável. Com usinas solares próprias e parques eólicos, a Ambev segue avançando na redução do consumo de energia elétrica e vapor, buscando cada vez mais eficiência no uso de recursos. Além disso, há um forte trabalho de incentivo ao uso de embalagens retornáveis nas principais marcas, além do aumento do conteúdo reciclado nas embalagens primárias.

CAMARGO EMBALAGENS É PREMIADA

PELA M. DIAS BRANCO POR

EXCELÊNCIA EM DESEMPENHO ESG

ACamargo Embalagens foi reconhecida como destaque no Programa ESG para Fornecedores da M. Dias Branco. A premiação foi entregue oficialmente no evento realizado em 02/07, em Fortaleza (CE), durante o Workshop para Fornecedores da companhia, que celebrou os melhores desempenhos de 2024 nas dimensões ambiental, social e de governança.

Entre todos os fornecedores da categoria de filmes com impressão, a Camargo conquistou a melhor performance, e recebeu o Selo de Desempenho ESG — uma chancela que reforça o compromisso da empresa com boas práticas em toda a cadeia produtiva.

A premiação é parte de um processo estruturado conduzido pela M. Dias Branco, que é signatária do Pacto Global da ONU e pauta suas iniciativas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030. Desde 2022, a companhia promove o Workshop para Fornecedores com o objetivo de fomentar o desenvolvimento da cadeia de suprimentos e fortalecer a agenda ESG.

Durante o workshop deste ano, a M. Dias Branco comunicou oficialmente a conclusão, com êxito, das etapas de Avaliação e Desenvolvimento da Camargo Embalagens no Programa ESG para Fornecedores. O programa inclui a Trilha de Capacitação em ESG, que visa ampliar os conhecimentos e a maturidade dos fornecedores em temas estratégicos como:

l Gestão de riscos e impactos sociais e ambientais;

l Mudanças climáticas e gestão de carbono;

l Ética e integridade;

l Direitos humanos;

l Meio ambiente.

O reconhecimento reafirma a sinergia de valores entre as duas empresas. “Esse reconhecimento é fruto do trabalho sério, transparente e comprometido de toda a nossa equipe. Sermos premiados por um cliente como a M. Dias Bran-

co, que valoriza e promove uma cadeia de fornecimento sustentável, nos inspira a seguir evoluindo com responsabilidade e inovação”, afirma Felipe Toledo, CEO da Camargo Embalagens.

ESG (Environmental, Social and Governance) — ou Ambiental, Social e Governança — é um compromisso que também está no centro da estratégia da Camargo Embalagens. A empresa mantém práticas consistentes voltadas à economia circular, uso de matérias-primas de fontes renováveis, desenvolvimento de embalagens sustentáveis e transparência na gestão.

“Estamos muito honrados com o Selo de Desempenho ESG e agradecemos imensamente pelo reconhecimento. Essa conquista é fruto do comprometimento de toda a nossa equipe com práticas sustentáveis, responsabilidade social e ética nos negócios, valores que compartilhamos com a M. Dias Branco e buscamos fortalecer continuamente”, completa Toledo.

A Camargo também parabeniza a M. Dias Branco pela condução do Programa ESG e por fomentar, de forma estruturada e inspiradora, o desenvolvimento sustentável da cadeia de fornecimento.

https://camargoembalagens.com.br

CAROLINA ALCOFORADO

BRASIL NA VITRINE DA COP30:

COMO O SETOR DE PAPEL E CELULOSE PODE LIDERAR A

TRANSIÇÃO PARA UMA ECONOMIA DE BAIXO CARBONO

Com a COP30 se aproximando e o Brasil assumindo um papel de destaque na vitrine climática global, o país tem a oportunidade de mostrar ao mundo como inovação e preservação ambiental podem caminhar juntas. Um dos setores que mais tem a contribuir nesse sentido é o de papel e celulose – não apenas pela origem renovável de sua matéria-prima, mas pelo protagonismo que vem ganhando em soluções de baixo impacto ambiental, capazes de redefinir o futuro do consumo sustentável.

Os dados mais recentes da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) revelam a dimensão do potencial desse setor que planta 1,8 milhão de árvores por dia, possui 10,6 milhões de hectares de florestas plantadas para fins industriais no país, com produtividade média de 36,3 m³/ha/ano, uma das mais altas do mundo. Essas florestas, cultivadas com responsabilidade, ajudam a aliviar a pressão de carbono. Segundo a Ibá, o setor já é responsável pela captura líquida de cerca de 174 milhões de toneladas de CO2 por ano.

Essa base florestal robusta tem sido catalisadora de uma onda de inovação que redesenha o exercício da indústria de papel e celulose no combate à crise climática. Exemplos concretos dessa transformação já estão em curso, como as embalagens sustentáveis, produzidas a partir da fibra de celulose, como alternativa para substituir o plástico de uso único. Isso demonstra que inovação, além de ajudar a enfrentar os desafios ambientais, é uma estratégia competitiva que conecta reputação, eficiência e resultado financeiro.

Um estudo recente da consultoria Planton mostrou que a embalagem

sustentável feita à base de fibra de alto rendimento de eucalipto tem pegada de carbono até 68% inferior à de alternativas convencionais. Emite 43,5% menos gases de efeito estufa em comparação com embalagens à base de polipropileno (PP). Esses dados são decisivos para marcas que buscam reduzir sua pegada de carbono e atender às exigências crescentes de consumidores, reguladores e investidores comprometidos com a agenda ESG.

A força do setor não está apenas na origem renovável do papel, mas no avanço tecnológico que permite ampliar produtividade sem devastar novas áreas florestais. Florestas plantadas, especialmente no Brasil, se tornaram grandes aliadas no sequestro de carbono, enquanto processos industriais vêm evoluindo para reduzir o consumo de água, energia e produtos químicos. Hoje, fábricas modernas utilizam menos de água em comparação ao passado.

Além disso, o setor se reinventa como pilar da economia circular. Resíduos que antes tinham baixo valor ou eram descartados agora dão origem a bioprodutos, que tem potencial para mudar a forma de consumo com materiais que cumprem seu papel de performance no uso pretendido, sem impactar o meio ambiente no seu fim de ciclo, criando novas indústrias e receitas. Até a reciclagem de papéis complexos, como embalagens com barreiras plásticas ou metalizadas, tornou-se realidade, ampliando o ciclo de vida do material e reduzindo a pressão ambiental. Ainda assim, sabemos que não basta reciclar. É preciso substituir o plástico.

O papel, antes visto como commodity, assume agora um novo status: o de solução de alto valor agregado. Inovações permitem desenvolver

novos materiais que resistem à umidade, gordura, barreiras de oxigênio e temperaturas extremas – atributos ideais para setores exigentes como o alimentício, cosmético, farmacêutico e até construção civil. Trata-se de ser sustentável e oferecer desempenho técnico igual ou superior às soluções fósseis, sem renunciar à responsabilidade ambiental.

Com a COP30 se aproximando, o Brasil tem iniciativas que mostram ao mundo que não é apenas o “pulmão verde” do planeta, mas um polo de soluções climáticas escaláveis. O setor de papel e celulose, ancorado em florestas de manejo sustentável e em inovação de ponta, pode e deve ocupar um lugar central nessa narrativa. O Brasil é um país privilegiado neste quesito.

A transição para um consumo mais responsável não será feita apenas com boas intenções, mas com investimentos reais em tecnologias limpas, processos circulares e cadeias produtivas coerentes com os limites do planeta. Estar atento ao movimento ESG e à necessidade de proteger valor de marca deixou de ser tendência para se tornar imperativo estratégico neste setor. Empresas que agem genuinamente nesse caminho, estão protegendo a sua reputação, entregando consistência para seu público consumidor e ampliando suas oportunidades de negócio.

CAROLINA ALCOFORADO
Diretora de Novos Negócios e Inovação da Melhoramentos

SOLUÇÕES HÍBRIDAS E CIRCULARES: O FUTURO

SUSTENTÁVEL

Aquestão da sustentabilidade se tornou central para a economia moderna, e o tema impacta os mais variados setores da indústria. Para o mercado de tintas, a situação não é diferente: de um lado, os consumidores pressionam por soluções ecologicamente corretas. De outro, regulamentações ambientais ficam cada vez mais rigorosas.

É dentro desse quadro que as embalagens vêm assumindo um novo protagonismo: elas deixam de ser apenas uma proteção para o produto para se tornarem peça-chave na estratégia ambiental, comercial e logística das empresas. Em especial no universo das tintas à base de água, hoje amplamente preferidas por seu menor impacto ambiental e segurança no manuseio, há uma demanda crescente por embalagens que reflitam o mesmo compromisso com a sustentabilidade. Isso vai muito além da redução do uso de plástico virgem ou da diminuição do peso da lata. Envolve pensar em circularidade desde a origem da matéria-prima até o chamado pós-consumo.

Nesse momento, a cadeia de tintas está sendo desafiada a repensar sua relação com as embalagens. E a resposta pode estar na união entre materiais recicláveis, inteligência de design e compromisso ambiental, sem abrir mão da performance.

Entre as soluções mais promissoras, nesse contexto, estão as chamadas embalagens híbridas, que combinam diferentes materiais recicláveis em um único sistema. Imagine, por exemplo, recipientes com corpo de polímero 100% pós-consumo (como o polipropileno reciclado) e sistemas de fechamento em aço. Esse tipo de estrutura oferece resistência, vedação confiável, leveza para transporte e alto índice de reciclabilidade. Não apenas reduz o uso de matéria-prima virgem, mas também evita o descarte de resíduos em aterros e contribui para a economia circular.

O uso inteligente de materiais reaproveitados permite, ainda, uma signi-

DAS EMBALAGENS PARA TINTAS

ficativa redução na pegada de carbono da embalagem, com impacto positivo tanto ambiental quanto reputacionalafinal, uma embalagem que comunica responsabilidade ambiental também tem o poder de fortalecer a marca

DE OLHO NO

CONSUMIDOR CONSCIENTE

Esse movimento em prol da sustentabilidade responde diretamente a uma mudança de mentalidade no consumidor brasileiro. Pesquisa recente do Sindiplast, realizada pela Nexus, revela que 75% dos brasileiros afirmam separar o lixo em casa para reciclagem e, ainda mais expressivo, 87% acreditam que as embalagens plásticas causam impacto negativo ao meio ambiente quando descartadas de forma incorreta.

Esses números são mais do que indicadores de mudança de comportamento, são sinais claros de que o consumidor está mais atento, engajado e cobra posicionamento real das marcas — especialmente em setores como o de tintas, historicamente associados a resíduos e complexidades químicas.

Isso quer dizer que não há mais espaço nas prateleiras para embalagens que não dialoguem com os desafios do presente. Isso vale para grandes fabricantes, que operam em escala nacional ou internacional, mas também para pequenas e médias empresas que buscam diferenciação e competitividade. A adoção de embalagens sustentáveis, nesse sentido, deixa de ser uma tendência para se tornar um diferencial competitivo concreto.

E a sustentabilidade, quando aplicada com inteligência de engenharia, agrega valor, eficiência e versatilidade. As embalagens híbridas modernas têm se mostrado tão ou mais eficazes do que modelos convencionais, inclusive em aspectos como empilhamento, estanqueidade, armazenamento prolongado e performance logística. Em alguns casos, o próprio design contribui para uma melhor organização

em prateleiras, redução de avarias no transporte e otimização de espaço em armazéns.

Um dos fatores que têm impulsionado essas soluções é o avanço tecnológico na manufatura das embalagens. Hoje, processos mais limpos, com menor uso de água, energia e combustíveis fósseis tornam possível desenvolver estruturas de alta performance sem depender de fornos térmicos, solventes agressivos ou compostos de difícil decomposição. A combinação entre inovação industrial e propósito sustentável abre caminho para embalagens com ciclo de vida muito mais inteligente e rastreável, inclusive com a possibilidade de integração a sistemas de logística reversa ou coleta seletiva, algo cada vez mais valorizado por redes varejistas, distribuidores e órgãos reguladores.

Dessa forma, a sustentabilidade não pode mais ser encarada como uma concessão, mas sim como uma verdadeira alavanca estratégica para os negócios do mercado de tinta. É possível, sim, entregar embalagens mais ecológicas, recicláveis e duráveis, que atendem aos padrões técnicos da indústria e ainda se conectam aos valores do consumidor atual. O desafio está em redesenhar o produto com visão de ciclo completo — da seleção da resina até a disposição final do item — e, nesse processo, considerar o impacto coletivo das escolhas feitas na etapa de embalagem. Quando isso acontece, a embalagem deixa de ser apenas um suporte para se tornar uma mensagem clara de responsabilidade, inovação e visão de futuro.

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Promoção: Agência de Viagens Oficial: Empresa Associada:

JULIANA SEIDEL

INICIATIVA CONECTA COOPERATIVAS

E RECICLADORES PARA FORTALECER A

ECONOMIA CIRCULAR NO BRASIL

Para enfrentar os desafios da reciclagem de embalagens flexíveis no Brasil, a REDE lançou o CirculaFlex em 2023, um projeto que conecta recicladores e cooperativas criando soluções para viabilizar o reaproveitamento de materiais. Desde o seu lançamento, a iniciativa já alcançou importantes avanços, demonstrando o potencial de transformação da cadeia de reciclagem no país.

Com a promoção de mudanças concretas na reciclagem dos resíduos de embalagens flexíveis, até o momento o projeto já estabeleceu conexões estratégicas com 22 recicladores, dos quais 8 foram homologados, além de envolver 54 cooperativas, com 8 já homologadas. Além disso, 2 toneladas de BOPP (um dos materiais plásticos utilizados em embalagens flexíveis) foram escoadas em testes piloto, possibilitando sua reinserção na cadeia produtiva.

Para enfrentar as barreiras da reciclagem desse tipo de resíduo, o CirculaFlex atua em diversas frentes. O projeto mantém um diálogo contínuo com recicladores para entender os desafios técnicos do processamento dos resíduos dessas embalagens, enquanto oferece apoio às cooperativas na triagem e destinação correta desses materiais. Além disso, conta com consultoria especializada

para estruturar e fortalecer a cadeia de reciclagem, conectando cooperativas e recicladores a fim de facilitar a comercialização dos materiais recuperados, bem como os transformadores que possam utilizar o material reciclado.

Outra iniciativa essencial são os testes industriais, que exploram novas aplicações para os materiais reciclados, garantindo maior viabilidade econômica para sua reutilização. Dessa forma, o projeto indica que o aprimoramento da cadeia de reciclagem requer essa ação coordenada: desenvolvimento e fortalecimento da indústria recicladora em paralelo com o investimento no treinamento das cooperativas, aprimorando técnicas de separação e processamento dos resíduos, contribuindo para uma cadeia mais eficiente e sustentável.

DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA UM FUTURO MAIS SUSTENTÁVEL

Apesar dos avanços, o projeto identificou desafios que ainda limitam a reciclagem dos resíduos de embalagens flexíveis no Brasil, como a falta de infraestrutura para processar resíduos pós-consumo frente ao pós-industrial, diversidade de composições das embalagens, a presença de camadas de alumínio e tinta que dificultam o reaproveitamento como insu-

mo na indústria de plástico, e o baixo valor agregado do produto final reciclado. Além disso, a escassez de compradores e o baixo valor pago às cooperativas representam entraves para o aumento do material coletado e reciclado.

Para superar essas dificuldades, o CirculaFlex busca o fortalecimento da colaboração entre indústria de bens de consumo, cooperativas, recicladores, transformadores e o poder público, promovendo incentivos que tornem a reciclagem dos resíduos dessas embalagens mais viável e eficiente.

A iniciativa segue avançando para estruturar um ecossistema mais eficiente para a reciclagem dos resíduos de embalagens flexíveis. Neste cenário, o apoio de patrocinadores, parceiros e agentes do setor se torna essencial para ampliar o impacto do projeto, o qual busca constantemente avanços na gestão sustentável de resíduos em todo o Brasil. Hoje o projeto acontece no âmbito da Rede pela Circularidade do Plástico com o patrocínio de Ajinomoto, Amcor, Cargill, Kenvue, LyondellBasell, Mars, Mondelez, Natura, Nestlè e P&G.

PLANO ESTRATÉGICO NACIONAL DE EMBALAGEM

Sempre me intrigaram as discussões estéreis sobre temas ligados ao Sistema Embalagem protagonizadas por diversos stakeholders: fabricantes e usuários de materiais de embalagem, ambientalistas que demonizam as embalagens2, políticos, professores de diversas instituições de ensino, Organizações Não Governamentais, agentes públicos entre outros.

Muitas dessas discussões se assemelham a disputas infantis — "eu sou melhor em matemática!", "mas você nem sabe escrever!" — quando, na verdade, juntos poderiam compor excelentes textos com sólida lógica e fundamento.

O ponto essencial, porém, quase sempre negligenciado, é a educação, em todas as suas dimensões: profissional, ambiental, política, financeira. Ela deveria estar fortalecida em todos os níveis do ensino brasileiro, da pré-escola (para fortalecer a adequada formação dos futuros cidadãos) até a pós-graduação. É imperioso investir recursos humanos e financeiros nesse sentido, destinando para ele, por exemplo, uma pequena parte da importante arrecadação obtida pelas loterias e casas de apostas.

Quando se fala em impactos ambientais, o debate tende a ficar obscurecido por imagens alarmantes de poluição, especialmente por plásticos (recomendo a leitura reflexiva do livro “Paradoxo dos Plásticos – fatos para um futuro melhor”3). Raramente se menciona o verdadeiro responsável: o ser humano. Isso reforça o que costumo dizer: a embalagem é sempre considerada a culpada pelos problemas e pelas desavenças que ocorrem nas cadeias produtivas.

Cabem aqui algumas perguntas: a quem interessa essas discussões

ineficazes nem sempre conduzidas por pessoas conhecedoras do tema? Quem ganha o quê com isso? Há algum poder em jogo? Penso que existe um ser invisível e manipulador, que conduz, subliminarmente, os trâmites desses desacordos que podem chegar a hostilidades inaceitáveis. Permito-me chamá-lo de Discórdia, uma quase imperadora, seguidora fiel dos ensinamentos de Maquiavel, especialmente o trecho que se segue, retirado do Capítulo XX de “O Príncipe”4:

Os nossos antepassados [...]mantinham as discórdias entre os partidos para dominá-las mais facilmente.

Concluo que o poder da Discórdia age para manter a divisão do povo (leia-se os diversos materiais) para (por que não?) perpetuar-se no poder (qual poder?). É preciso trabalhar contra isso e, para tanto, sugiro criar uma estratégia brasileira de embalagem que seja rapidamente regulamentada, aceita e implantada para evitar que o sempre imenso intervalo de tempo entre a aprovação e a real “posta em marcha” de qualquer plano se transforme em outra arma da Discórdia (sempre ela, uma verdadeira imperatriz). Como exemplo dessa demora, a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS foi instituída pela Lei 12.305/2010 e o Plano Nacional de Resíduos Sólidos — PLANARES foi publicado doze anos depois, em 29 de dezembro de 2022, pela Portaria nº 1.090/2022, do Ministério do Meio Ambiente (MMA).

O que seria esse Plano? Como começar? Busquei apoio em uma nova ferramenta — o ChatGPT — com quem dialoguei intensamente buscando exemplos internacionais (que são poucos) até estruturar um roteiro para um Plano Estratégico Nacional de Embalagem, que disponibilizo5 aos eventuais interessados. Ele foi elaborado com a

visão sistêmica que guia o meu pensamento quando o assunto é embalagem.

Esse Plano:

l Representa pacto de não agressão entre os materiais, promove a cooperação e o não confronto.

l Propõe a inserção da educação sobre embalagens desde os primeiros anos escolares, conscientizando sobre seu papel essencial na preservação de alimentos e da vida.

l Rejeita o princípio maquiavélico de divisão como instrumento de controle.

l Prevê a liderança de um comitê gestor plural, com foco em inovação, agilidade e superação de rivalidades setoriais.

Acredito ser viável, em médio prazo, implementar um plano inclusivo, inovador e competitivo, que equilibre preservação ambiental, desenvolvimento econômico e justiça social. Espero estimular reflexões e fomentar um movimento colaborativo em torno dessa ideia. Conto com o engajamento de todos que acreditam que o caminho do futuro passa, sim, pelas embalagens — mas sobretudo pelo consenso, pela ação e pela inteligência coletiva

1 Diretor da Pack&Strat – Engenharia e Estratégia de Embalagem, Ltda – www.packstrat.com.br

2 CABRAL, A. Sem embalagem, talvez só belzebu coma. Embanews, agosto 2017 pág. 50

3 DeARMITT, C. O Paradoxo dos Plásticos – fatos para um futuro melhor. Versão digital disponível em https://tampinhalegal.com.br/web/ 2023 05 28 /o-paradoxo-dos-plasticos/ último acesso em 31 de julho de 2025

4 MACHIAVELLI, N. O Príncipe traduzido do italiano por Maurício Santana Dias ; prefácio de Fernando Henrique Cardoso; tradução dos apêndices por Luiz A. de Araújo. – São Paulo: Penguin Classics – Companhia das Letras, 2010

5 CABRAL, A. Plano Estratégico Nacional de Embalagem. Disponível em https://packstrat.com.br/category/artigos/

ANTONIO CABRAL 1 Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Embalagem no Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia (CEUN/IMT)

antonio.cabral@maua.br acabral@packstrat.com.br

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