Emagazine - Edição 6

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E MAGAZINE n.º 6 | 2020 | www.emagazine.pt

DOS 3 AOS 3500 COLABORADORES: A HISTÓRIA DA DELTA CAFÉS • É TARDE PARA MUDAR A GESTÃO DA SUA EMPRESA? COMECE AGORA MESMO! SAIBA O QUE DIZER, QUANDO DIZER E COMO O DIZER... • 'SEMPRE QUIS SER A PROTAGONISTA DA MINHA VIDA, POR ISSO EMPREENDI' ENTREVISTA EXCLUSIVA DE VÂNIA CRUZ • MARKETING DIGITAL NÃO É SÓ REDES SOCIAIS ESTÁ PARA ALÉM DO ESTAGIÁRIO QUE RECRUTOU PARA FAZER UNS POSTS • MAS AFINAL, O QUE FAZ UM LÍDER? LIDERAR É MAIS UMA ARTE DO QUE UMA CIÊNCIA • DAR A CARA PELO NOSSO NEGÓCIO… NO DIGITAL! SERÁ QUE ESTAMOS A FAZER TUDO BEM? •

M E T A M O R F O S E 'PARECE IMPOSSÍVEL ATÉ ACONTECER' A PSICÓLOGA E COACH ANDREIA SANTOS EXPLICA TUDO . O CO-FOUNDER. BELIEVER OU FOLLOWER. O QUE TER EM ATENÇÃO? ARTIGO DA ADVOGADA RITA TRABULO • ENTREVISTA A ANDRÉ FULY TV DE BRAGA • FALAMOS COM DANILO VAZ CEO DA NOMAD & CO • COMUNICAÇÃO EM TEMPOS DE CRISE COMO A SUA MARCA TEM SIDO VISTA? • ENTREVISTA A CARLA SEPÚLVEDA, CONSULTORA INTERNACIONAL • AVANÇAR MESMO QUANDO AS DIFICULDADES ESPREITAM E DECIDIR ‘VOU FAZER NA MESMA PORQUE ACREDITO!' ENTREVISTA EXCLUSIVA A SÍLVIA CORREIA (CEO RESTORE) • FAST-MP A FERRAMENTA DO CANAL HORECA


E MAGAZINE

METAMORFOSE ....

MAIO 2020 - SETEMBRO 2020 / N.º 6 / VoL. 1 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. TODAS AS INFORMAÇÕES PUBLICADAS SÃO PURAMENTE INFORMATIVAS E NÃO PODEM SER CONFUNDIDAS COM ACONSELHAMENTO. AS MARCAS REGISTADAS REFERIDAS PERTENCEM AOS SEUS RESPETIVOS PROPRIETÁRIOS. OS AUTORES DOS TEXTOS DESTA PUBLICAÇÃO PODEM ESCOLHER ESCREVER DE ACORDO COM O ACORDO ORTOGRÁFICO EM VIGOR E/OU NOUTRAS LÍNGUAS. EMBORA RESPEITE OS PADRÕES PROFISSIONAIS, ESTE NÚMERO NÃO PRETENDE ATUAR COMO ORGÃO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL OU MEDIA NEM APRESENTAR-SE COMO UM SERVIÇO. A EMAGAZINE FAZ PARTE INTEGRANTE DA PLATAFORMA 'ESCOLA DO EMPREENDEDOR', ANTERIORMENTE BLOG 'O EMPREENDEDOR BRACARENSE' COORDENAÇÃO: RUI PINHEIRO COLABORADORES: ANDREIA SANTOS, DIOGO FERREIRA, ANDRÉ TIAGO ALMEIDA, LILIANE MACHADO, RITA TRABULO, JANAINA MANFREDINI, ANDREIA SANTOS FOTOS: CAPA - SHIFAAZ SHAMOON; DELTA CAFES, EXPRESSO, PUBLICO, SÍLVIA CORREIA, ANDRÉ FULY, VÂNIA CRUZ, CARLA SEPÚLVEDA, FAST-MP, DANILO VAZ CONTACTO: INFO@EMAGAZINE.PT


EDITORIAL

'Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses...'

É com esta frase de Rubem Alves que começamos este editorial, pois esta edição da Emagazine marca o ponto que que damos o passo em frente. As borboletas realizam uma metamorfose completa com o desenvolvimento na fase do ovo até à sua fase adulta. Tal como a metamorfose que as borboletas sofrem ao longo do seu ciclo de vida, também o blog 'O empreendedor bracarense' evoluiu, dando origem a um novo projeto: a 'Escola do Empreendedor'. A Escola do Empreendedor reforça aquilo que tem vindo a ser uma das mais dinâmicas e influentes plataformas de conteúdo dedicadas às temáticas do empreendedorismo, da empregabilidade e inovação, e tal como manda a tradição destes últimos 7 anos (sim, já criamos conteúdos há mais de 7 anos ) os nossos seguidores vão poder sempre contar com os melhores artigos na Emagazine. Já as escolas, as universidades e as empresas, vão poder contar com um conjunto de serviços, que visam formar para o empreendedorismo e contribuir para a promoção da empregabilidade. Desde workshops, talks e programas de aceleração de ideias de negócio, porque afinal, somos apaixonados pela partilha de experiências! Teremos mais novidades brevemente em www.escoladoempreendedor.pt! Mas falemos desta, que é a 6.ª edição da Emagazine - fomos falar com o comendador Rui Nabeiro e contamos como a Delta passou dos 3 aos 3500 colaboradores. A especialista em estratégia Janaina Manfredini estreia-se na Emagazine e falou-nos de gestão. Entrevistamos ainda a consultora internacional Carla Sepúlveda, a CEO da re.store Sílvia Correia, a consultora de beleza e diretora de vendas Mary Kay Vânia Cruz, o diretor da TV de Braga André Fuly e o CEO da NOMAD & CO. Danilo Vaz. Para nos falarem de marketing digital contamos ainda com os artigos do consultor de marketing André Tiago Almeida e o co-founder da Chibious, Diogo Ferreira. Com dicas da área jurídica temos o artigo da Rita Trabulo, advogada coordenadora da Startinnovation Team da CCA e a psicóloga e coach a Andreia Santos dedicou o seu artigo ao tema dos limites e da superação.

Rui Pinheiro

EDITOR IN CHIEF DA EMAGAZINE

Nesta edição da Emagazine, a especialista em comunicação e conteúdos Liliane Machado chama-nos à atenção para a importância da Comunicação em tempos de crise e a equipa da Fast-MP explicou-nos porque é que o seu produto é uma ferramenta imprescindível ao canal Horeca. Resolvemos ainda explorar o livro O que faz um líder, uma pequena mas incrível obra onde Goleman defende que liderar é mais uma arte do que uma ciência. Prontos para serem inspirados?

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SUMÁRIO

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DOS 3 AOS 3500 COLABORADORES: A HISTÓRIA DA DELTA CAFÉS

04 É TARDE PARA MUDAR A GESTÃO DA MINHA EMPRESA? NÃO! MAS COMECE AGORA MESMO!

07 MAS AFINAL, O QUE FAZ UM LÍDER? Nesta edição resolvemos explorar o livro O que faz um líder, uma pequena mas incrível obra onde Goleman defende que liderar é mais uma arte do que uma ciência.

24

'SEMPRE QUIS SER A PROTAGONISTA DA MINHA VIDA, POR ISSO EMPREENDI'

10 18

18

DAR A CARA PELO NOSSO NEGÓCIO… NO DIGITAL! Fomos obrigados a adotar o digital como forma de alcançarmos os nossos objetivos. Mas será que estamos a fazer tudo bem?

MARKETING DIGITAL NÃO É SÓ REDES SOCIAIS Vamos desmistificar um pouco o tema que no Marketing Digital existe todo um mundo complexo que está para além do estagiário que recrutou para fazer uns posts.


INFO@EMAGAZINE.PT WWW.EMAGAZINE.PT

A TUA REVISTA DIGITAL DE EMPREENDEDORISMO

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37 29

ENTREVISTA A ANDRÉ FULY DA TV DE BRAGA

O CO-FOUNDER. BELIEVER OU FOLLOWER. O QUE TER EM ATENÇÃO? Não há receita mágica para o sucesso de um projeto, mas uma coisa é certa: é importante ter uma equipa competente.

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54

ENTREVISTA A DANILO VAZ, CEO DA NOMAD & CO.

COMUNICAÇÃO EM TEMPOS DE CRISE. COMO A SUA MARCA TEM SIDO VISTA?

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ENTREVISTA A CARLA SEPÚLVEDA, CONSULTORA INTERNACIONAL

Já parou para pensar como a sua marca ou empresa é vista pelos olhos do público?

62

76 18 'PARECE IMPOSSÍVEL ATÉ ACONTECER'

Não sabemos quanto tudo isto irá durar, se semanas ou meses. Mas quando terminar, será tudo espontâneo novamente?

AVANÇAR MESMO QUANDO AS DIFICULDADES ESPREITAM E DECIDIR ‘VOU FAZER NA MESMA PORQUE ACREDITO!'


É TARDE PARA MUDAR A GESTÃO DA MINHA EMPRESA? NÃO! MAS COMECE AGORA MESMO!

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Em time que está ganhando não se mexe, certo? Depende! Se esse time chegou até aqui com gestão que não permite novas ideias,

com

dinâmicas

de

inflexibilidade trabalho

e

para

novas

aversão

ao

distanciamento de poder (manda quem pode, obedece quem tem juízo) o futuro pode trazer surpresas neste placar que até então estava a favor.

Janaina Manfredini

COACH, ESPECIALISTA EM GENTE, GESTÃO E ESTRATÉGIA

Há pelo menos 10 anos, estudo, respiro e vivencio as mais diferentes gestões em empresas em distintos segmentos. Temas como planejamento, alinhamento de equipe, atitude frente às incertezas e gestão participativa são constantes em orientações que repasso a gestores. Constante também é a falta de abertura que empresas possuem em encarar que as mudanças são a ordem evolutiva de negócios e que, mais cedo ou mais tarde, quem fecha os olhos para o novo pode acordar em meio a uma pandemia. A gestão de comando/controle que exige horário e não meta, que espera obediência e não participação, que coloca lucro em detrimento de investimentos de melhoria teve a realidade escancarada à porta. O começo de 2020 foi o momento de se agarrar à mudança de condução de negócios quase como sobrevivência. Quem já vinha se preparando para um processo de gestão que chamamos de 4.0 (gestor que delega, desenvolve e acompanha equipes) estava mais estruturado para a crise trazida pela Covid19. Os demais, podem até culpar o insucesso como responsabilidade exclusiva de um vírus que parou a economia mundial, mas o momento não é de encontrar responsáveis, mas sim de agir.

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A minha primeira sugestão aos gestores que se

move o desenvolvimento de pessoas? Trabalhar

viram com equipes fora do controle de horário

a visão de futuro requer um líder inspirador,

(bem-vindo, home office), que estão com

capacitado, auto-motivado a novos desafios e

equipes

igualmente

que saiba dividir as conquistas com os liderados.

alteradas, com fornecedores com menor oferta

Os liderados passam a ver o gestor como um

e com os consumidores com baixo poder de

exemplo a ser seguido, se inspiram nele para

compra: pare, repense e analise modelos que

chegar lá na frente e atingir as metas, sentem

dão certo no seu mercado.

que a empresa conta com eles para atingir os

reduzidas,

jornadas

planos futuros; Mas se a conclusão então é de que a gestão está de fato arcaica, por onde começar? Reforço

- Cuide das pessoas. Treine sua equipe para

que não existe fórmula mágica, claro que cada

esses momentos desafiadores. Todos precisam

empresa tem suas peculiaridades. Mas em

compreender por que remam e em qual direção.

linhas gerais, os processos mantêm-se os

Muito general deixa seus soldados atuando

mesmos de antes da pandemia. Os primeiros

soltos em momentos de calmaria, sem prepará-

são:

los para a guerra. Se esse foi o seu caso, é a hora

de construir o avião enquanto ele voa. Ou seja,

- Revise o direcionamento e posicionamento da

preparar sua equipe para isso é de extrema

empresa. O planejamento estratégico pós-

importância. Invista nas pessoas chave, para que

pandemia

elas estejam aptas a manterem o time em alta

deve

ser

novamente

aberto

e

alinhado com o novo cenário. Quem não tem

performance;

um, serve como um alerta – quem não sabe

para onde vai toda direção é válida;

-

otimização de custos deveria ser uma constante

- Planejamento claro, com metas definidas a

em todas as empresas e não apenas em

curto, médio e longo prazo. Detalhe importante,

momentos de crise. Empresas que têm cultura

o compartilhamento dessas informações com a

de feedback, tem clareza do que esperam de

equipe, que deve inclusive ser ouvida e

cada função, avaliam a performance e, portanto,

participar desse processo. Ouça seus liderados,

tem mais facilidades para fazer isso quando o

escute as novas ideias, as percepções do dia a

assunto são fornecedores e colaboradores.

dia de cada setor. Deixe-se surpreender pelo

Organizações

olhar de quem faz parte dos processos de uma

ferramenta, deveriam começar a implantar;

empresa. Aumente o senso de pertencimento e

de comprometimento da equipe com metas

Terminou? Claro que não. Esse é apenas o

acordadas com todo o grupo. Essa ação gera

começo. Desafiador? Certamente. Mas nada de

um senso de co-responsabilidade;

esperar. O momento certo para se preparar para

A

otimização

de

que

resultados

não

contam

através

com

da

essa

a mudança é AGORA. Resta apenas decidir como, -

Visão

de

futuro:

o

gestor

possibilita

crescimento à equipe? O quanto a gestão pro-

com quais armas e quem entrará nessa batalha, que aliás, é feita de ciclos cada vez mais desafiadores.#

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MAS AFINAL, O QUE FAZ UM LÍDER?

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diferentes experiências. Para o psicólogo a Rui Pinheiro

resposta é óbvia: ambos os casos têm validade

CONSULTOR EDITOR IN CHIEF DA EMAGAZINE CEO ESCOLA DO EMPREENDEDOR

(cientifica). Embora Daniel faça referência a vários estudos

O psicólogo Daniel Goleman, é o mediático

que

autor do best-seller Inteligência Emocional.

genética como base da existência da inteligência

Especialista em ciências comportamentais

emocional, refere também, através de alguns

e do cérebro, escreve regularmente para

casos práticos, que a educação tem um papel

o New York Times, é co-presidente do

extremamente importante.

conselho

do

Consórcio

para

a

Aprendizagem Social e Emocional no Local de Trabalho, que procura identificar as melhores práticas para o desenvolvimento da

competência

emocional

e

membro

visitante do corpo docente da Harvard University.

que faz um líder, uma pequena mas incrível obra onde Goleman defende que liderar é mais uma arte do que uma ciência.

Independentemente

do

estilo

pessoal

de

liderança de cada um, existe uma característica imprescindível que é comum aos melhores comummente

papel

da

componente

Uma coisa é certa: a inteligência emocional aumenta com a idade, chama-se maturidade. Mas mesmo com maturidade, algumas pessoas precisam de treino para aperfeiçoarem a sua inteligência emocional.

elevado de

grau

aquilo

'inteligência

Goleman defende que o autoconhecimento é o primeiro elemento da inteligência emocional, no sentido de que implica uma elevada capacidade de compreensão das nossas próprias emoções, fraquezas e necessidades.

A inteligência emocional

um

o

Autoconhecimento

Nesta edição resolvemos explorar o livro O

líderes:

comprovam

a

que

"Pessoas com um bom autoconhecimento não são nem excessivamente críticas, nem irrealisticamente otimistas. São honestas - com elas e com os outros." Disciplina

emocional'.

Goleman considera a autodisciplina como uma

Embora o autor não menospreze o Quociente de

conversa interior contínua e que impede que

Inteligência (QI) e as competências técnicas, as

sejamos prisioneiros dos nossos sentimentos.

suas investigações destacam a importância que a inteligência emocional tem na função e no

""As nossas emoções são regidas por impulsos

processo de liderança.

biológicos. Não podemos eliminá-los - mas há muita coisa que se pode fazer para controlar."

Inteligência emocional: inata ou adquirida?

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A longo da obra, Daniel Goleman aborda ainda o

As pessoas que controlam os seus sentimentos e

debate sobre o facto de a inteligência emocional

impulsos - ou seja, as pessoas que são razoáveis

ser inata ou poder ser adquirida com base em

- conseguem criar um ambiente de confiança e

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de justiça.

colaboradores"

Motivação

Aptidão social

Daniel considera esta uma característica comum a todos os líderes de sucesso. Em contraste a motivações como estatuto, o título ou um salário avultado, Goleman considera que os verdadeiros líderes são movidos pela capacidade de alcançar. "Os verdadeiros líderes são motivados pela vontade de alcançar objetivos e ultrapassar as expectativas as suas próprias e as dos outros."

O autor considera a aptidão social como um elemento da inteligência emocional complexo por, à semelhança da empatia, dizer respeito à capacidade de um indivíduo se relacionar com os outros. "Não se trata somente de ser amigável, consiste em ser simpático com um propósito: direcionar as pessoas para onde se pretende."

Empatia Goleman considera esta a característica que se reconhece mais facilmente, mesmo quando se trata de negócios. Mas atenção, a empatia não

Daniel refere ainda que pessoas com aptidão social são populares (por boas razões) e têm um talento para estabelecer relações harmoniosas.

significa adotar as emoções de outras pessoas, como se fossem as dele próprio e tentar agradar a todos: "em

vez

PARA GOLEMAN A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL SOBREPÕE-SE DE LONGE ÀS

disso,

entende-se

por

empatia

consideração cuidadosa dos sentimentos dos

a

CAPACIDADES TÉCNICAS E É ESTA CARACTERÍSTICA QUE DISTINGUE UM BOM DE UM MAU LÍDER.#

PIC OPENSPACE

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DAR A CARA PELO NOSSO NEGÓCIO… NO DIGITAL!

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/têm formação adequada sobre marketing, André Tiago Almeida

digital,

CONSULTOR DE MARKETING

consumidor, relação com o cliente, entre

WWW.ANDRETIAGOALMEIDA.PT

técnicas,

comportamento

do

outros e por vezes (na maioria das vezes) o sentimento percebido é o de que o digital

Em primeiro lugar espero que se encontre bem,

não funciona ou não se adapta à realidade

com saúde e em segurança!

de negócio, levando muitos empresários a

Em segundo lugar agradecer mais uma vez ao

desacreditarem e a deixarem de lado este

Rui e à E-Magazine a oportunidade de poder

canal tão válido e potencial no momento

partilhar com todos alguns pensamentos que

atual.

considero úteis no atual panorama que vivemos e

que

permitam

refletir

e

impactar

positivamente a vida de alguém.

Dar a cara pelo nosso negócio! Quem tem um negócio próprio, quem é

Nesta edição vou abordar um tema que à

responsável por um negócio/marca, que tem um

primeira vista pode parecer banal mas que

produto/serviço para oferecer ao mercado tem

grande parte das pessoas que têm negócios não

obrigatoriamente de dar a cara pelo mesmo,

o faz, principalmente no digital.

mostrando

que

existe

alguém

por

detrás

responsável, com um rosto, o que tornará a Muito por força do atual momento fomos

experiência do consumidor muito mais rica e a

obrigados a adotar o digital como forma de

relação consumidor/marca muito mais “humana”.

complementarmos e alcançarmos os nossos objetivos

no

Centremo-nos num canal muito característico: as

entanto essa “obrigatoriedade” imposta a ferros

Redes Sociais. As redes sociais são um dos canais

encontrou e encontra algumas barreiras que

por excelência que permitem essa relação com o

têm

realmente

potencial cliente e permitem que quem tem um

pretendemos alcançar resultados. Uma dessas

negócio possa dar a cara por ele, mostrando-

barreiras tem a ver com o “dar a cara” pelo

se,Nresponsabilizando-se e testemunhando as

negócio e é sobre ela que nos vamos debruçar

reais propostas de valor que estão a ser

nestas pequenas linhas.

mencionadas e serão entregues. Um meio muito

de

pessoais

ser

quer

profissionais,

ultrapassadas

se

eficaz é o vídeo, mais propriamente os “lives”, Quem

tem

um

obrigatoriamente

negócio de

teve

emissões em direto [Fig.1].

encontrar

alternativas para continuar a vender e a

O vídeo e a capacidade de entramos pelo “ecrã a

entregar os seus produtos e serviços ao

dentro” do nosso potencial consumidor é uma

consumidor

oportunidade excelente para darmos a cara e

final,

criando

negócio

e

permitindo continuar a desenvolver a sua

comunicarmos

atividade. No entanto esta passagem para

público-alvo, interagindo em direto com ele e

o digital foi abrupta, as pessoas não tinham

absorvendo o feedback em tempo real. Lojas de

diretamente

com

o

nosso

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[FIG 1 | EXEMPLO DE LIVES NO MERCADO CHINÊS ONDE PESSOAS/MARCAS COMUNICAM E VENDEM ONLINE COM EXTREMO SUCESSO!]

Roupa por exemplo são um tipo de negócio que utiliza cada vez mais o digital para comunicar e apresentar as suas propostas aos consumidores via vídeo em direto. Os consumidores podem visualizar a demonstração dos artigos em tempo real e colocar questões aos vendedores em

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o melhor produto ao nosso cliente. Dica: se vai investir neste canal e no formato vídeo para comunicar assegure-se que tem um espaço adequado para as filmagens, boa ligação à

internet,

uma

boa

câmara

ou

tempo real, como se na loja estivessem.

Smartphone/Tablet, boa iluminação quer dos

Vantagens. As marcas conseguem ver quem

mais uma pessoa a prestar suporte e a

está a interagir e conseguem argumentar e

responder

mesmo reter e ganhar clientes, encaminhando-

respondendo a questões e proporcionando

os para a compra dos produtos.

vendas.

Em Portugal é uma tendência que já se começa

Em suma, com o artigo desta edição queria

também a assistir, mais propriamente os

mostrar que é possível vender online de forma

setores da moda e vestuário, onde as marcas

fácil e prática, no entanto requer alguma

utilizam

mais

disponibilidade e alguns (poucos) recursos.

propriamente o Facebook e o Instagram para

Lembre-se: está a comunicar para pessoas, logo

comunicarem

as marcas têm que ter pessoas. Pessoas que

os

seus e

canais

fazerem

sociais,

chegar

as

produtos quer do apresentador, e pelo menos

suas

aos

comentários

que

surgem,

propostas de valor a um público cada vez maior.

dão a cara pelo seu negócio!

Desafio: devemos “perder o medo” da câmara,

Espero que este pequeno artigo tenham ajudado

dos holofotes e pensarmos que o principal

a melhorar a forma de comunicar e vender

objetivo é vender e cumprir objetivos, entregado

aos seus clientes! #

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ESCOLA DO

EMPREENDEDOR

O blog 'O empreendedor bracarense' evoluiu e é agora ESCOLA DO EMPREENDEDOR Para os nossos seguidores, somos uma das mais dinâmicas e influentes plataformas de conteúdo dedicadas às temáticas do empreendedorismo, da empregabilidade e inovação. Através do nosso blog e da revista Emagazine. Para as escolas, universidades e empresas, somos apaixonados pela partilha de experiências e pela dinamização de iniciativas, que visam formar para o empreendedorismo e contribuir para a promoção da empregabilidade. Dinamizamos workshops, talks e programas de aceleração de ideias de negócio. Se fazes parte de uma escola, universidade ou uma empresa e pretendes saber mais sobre os workshops e as talks, fala connosco através do e-mail ola@escoladoempreendedor.pt WWW.ESCOLADOEMPREENDEDOR.PT


ENTREVISTA AO COMENDADOR RUI NABEIRO

DOS 3 AOS 3500 COLABORADORES: A HISTÓRIA DA DELTA CAFÉS TXT RUI PINHEIRO PIC CAPA HEROIS PME CORPO ARTIGO DELTA CAFES, EXPRESSO E PUBLICO

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Porque as boas histórias merecem ser

em todo o país.

(re)partilhadas, nesta edição fazemos um

Foi a partir da segunda metade dos anos 70 a

throwback

estrutura comercial da Delta Cafés se consolidou

à

nossa

entrevista

que

ao

comendador Rui Nabeiro, que nos contou a

de forma decisiva:

história da Delta Cafés. “(…) era necessário enfrentar as novas Rui Nabeiro tem hoje 88 anos, começou a

exigências do mercado, desenvolver novos

trabalhar aos 12. Natural da pequena vila

produtos e serviços de qualidade global”.

alentejana de Campo Maior, viveu no seio de uma família humilde. Começou por ajudar a mãe

Durante esse percurso, o Comendador Rui

numa pequena mercearia e o pai e os tios na

Nabeiro

torra do café, numa época em que, de acordo

da Câmara Municipal de Campo Maior (1962,

com o comendador “se sentiam os efeitos

1972

da guerra civil em Espanha e a zona raiana era

até

lugar de contrabando”.

dominante no sector dos cafés, o empresário

assume e

1977

o

papel

de

mantendo-se

1986).Enquanto

se

Presidente no

tornava

cargo empresa

tinha já constituído a Novadelta (1982) e – na Delta Cafés: do seu nascimento a um grupo

altura

com mais de 3500 colaboradores

da Península Ibérica (1984). É nesse ano que se

Rui Nabeiro tinha 17 anos quando assumiu os

destinos da pequena torrefação familiar (após a

assegurada pela empresa Manuel Rui Azinhais

morte do pai). Tinha a visão de fazer crescer a

Nabeiro,

empresa e rapidamente aumentou a venda de

desenvolvida pela Novadelta, SA

a

a

maior

separação Lda.,

fábrica da

da

de

atividade atividade

torrefação comercial, industrial,

café em Espanha, constituindo depois, em sociedade com os seus tios, a Torrefação

.“Em 1988 foi criada a holding Nabeirogest,

Camelo

através

(cuja

participação

vendeu

posteriormente a familiares).

da

investimentos

qual

soma,

atualmente,

no

ramo

agrícola

e

vitivinícola, na distribuição alimentar e de A semente fora lançada e em 1961 criou a sua

bebidas, no retalho automóvel, no comércio

própria empresa: a Delta Cafés. Para além dum

imobiliário e na hotelaria.”

pequeno armazém de mercearias, fazia torra do café.

Corria o ano de 1995 e Mário Soares, na altura Presidente da República, atribuiu a Rui Nabeiro o

“Na altura da fundação a empresa contava

grau de comendador da Ordem Civil do Mérito

apenas

e

Agrícola, Industrial e Comercial Classe Industrial.

funcionava num armazém com 50 metros

Título reforçado em 2006 com o título de

quadrados e apenas duas bolas de torra,

comendador da Ordem do Infante D. Henrique,

cada uma delas com 30 kg de capacidade.”

atribuído por Jorge Sampaio.

Poucos meses depois a Delta Cafés já distribuía

“A unidade fabril Novadelta foi a primeira

por

três

colaboradores

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empresa nacional certificada no setor, em

O grupo inaugurou ainda o Centro Educativo

1994, pelo sistema de normas de qualidade

Alice Nabeiro “para dar resposta às necessidades

NP 29002. Ao longo dos anos diversas

extra-escolares das crianças de Campo Maior”.

outras

certificações

se

lhe

seguiram,

nomeadamente nos setores ambiental e de

E foi com o apoio do grupo que a Universidade

responsabilidade social.”

de Évora criou a Cátedra Rui Nabeiro, destinada à

O futuro

divulgação científica na área da biodiversidade.

promoção da investigação, do ensino e da

50 anos depois a Delta Cafés continua a crescer. Com cerca de 3500 colaboradores e negócios em todo o mundo, a Delta importa café de cerca de 40 países (com destaque para o Vietname, Brasil e Colômbia): “(…) não sendo Portugal um país produtor de café, a Delta conseguiu desde logo deixar a sua marca, importando a matériaprima das melhores origens. Hoje em dia, este dom de produzir os mais variados blends a partir dos melhores cafés Arábicas e Robustas (…)”

conta

colaboradores,

com 37

mais

de

3500

departamentos

comerciais na Península Ibérica e está ainda presente em nome próprio em França,

Para Rui Nabeiro o segredo talvez seja o profissionalismo e a paixão: “a Delta assumiu-se desde os primórdios como uma Marca de Rosto Humano e fundamentada na máxima ‘Um Cliente, Um Amigo'”. O empreendedor acrescenta: “a Delta foi conhecendo com o avançar do tempo negócio.

um A

crescimento tática

de

sustentado atuação

é

do a

personalização da relação entre a marca e o

“(…) atualmente o grupo Nabeiro-Delta Cafés

O segredo

Luxemburgo,

Brasil, China e Dubai.”

Suíça,

Angola

e

cliente, sendo cada situação identificada como única e individualizada da globalidade do negócio”. Outro fator chave é a inovação:“a inovação é uma das apostas permanentes e distintivas da Delta Cafés, estando incorporada no organigrama a Diverge– Centro de Inovação do Grupo Nabeiro.”

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MARKETING DIGITAL NÃO É SÓ REDES SOCIAIS 18

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famoso e enigmático “Marketing Digital”.

Diogo Ferreira

CO-FUNDADOR DA CHIBIOUS

Com isso em mente, vamos desmistificar um pouco o tema e procurar esclarecer, de uma vez por todas, que não, o Marketing Digital não são

A economia digital e o comércio eletrónico não

só as redes sociais e, na verdade, existe todo um

são nada de novo, muito menos novidade da

mundo de complexidade que estará para além

atual conjuntura da qual estaremos já todos

do estagiário que recrutou para fazer uns posts.

fartos de falar, mas ninguém diria ao olhar para o tecido empresarial português como um todo.

No

Marketing

Digital,

é

preciso

saber

rentabilizar Segundo

o

estudo

“Economia

Digital

em

Portugal 2019” da ACEPI – Associação da

Um ponto inicial de extrema importância: não

Economia Digital, de novembro de 2019, apenas

são as redes sociais (sozinhas) que lhe

67% das empresas portuguesas têm website

trarão vendas. Naturalmente, isto depende de

dedicado, 55% contam com página da marca

área para área – muita venda online de roupa é

nos canais sociais e só 19% do total de

feita entre comentários de “preço pf [sic]” e

empresas faz comércio eletrónico, para não

mensagens privadas nas redes sociais –, mas,

falar, sequer, de que muitos desses websites

regra geral, se a sua estratégia digital consiste

dedicados terão anos e anos, não serão mobile-

apenas em ter um ou vários perfis sociais com

friendly e parecerão saídos da época do

publicações mais ou menos recorrentes, não se

Netscape. Por outro lado, o mesmo estudo

admire se o online lhe parecer mais “off” a nível

aponta que 50% dos utilizadores portugueses

de receita, nem atire as culpas para cima do

de Internet fazem compras online, percentagem

estagiário.

que, certamente, terá disparado ainda mais

expectativas.

Trata-se

de

uma

questão

de

após o período que passamos em março e abril deste ano.

Para começar, por muito trabalho que faça nos seus canais de redes sociais, nem todos os seus

Estes dados servem para ilustrar uma realidade

seguidores, sejam muitos ou poucos, irão

muito simples: apesar de sermos os anfitriões

ver as suas publicações. O Facebook, em

do Web Summit e de termos inúmeras startups

particular, é bastante limitador no que toca ao

a darem avanços inimagináveis na tecnologia,

alcance orgânico (isto é, não pago), rondando

grande parte das empresas portuguesas ainda

atualmente os 5% do seu total de seguidores. O

vive no século XX – e o pior é que muitas das

Instagram, por sua vez, já é mais “generoso” – um

que estão a tentar não fazem a mais pequena

estudo da Iconosquare aponta para os 34,37%

ideia do que realmente precisam, acreditando

de alcance –, no entanto, devido à própria

que basta recrutar um(a) gestor(a) de redes

natureza desta rede, terá de fazer inúmeros

sociais ou pagar uns trocos a um(a) freelancer

esforços para captar a atenção dos utilizadores

para as redes sociais e que, com isso, já terão o

antes que estes continuem a descer infinita-

19

E MAGAZINE


-mente nos seus feeds.

dos principais diferenciadores do digital face ao Marketing mais “tradicional”.

Isto poderá dar a entender que quantos mais seguidores tiver, melhor, mas desengane-se:

Saber definir os seus KPI’s – indicadores-chave de

não é essa a solução. Um número elevado de

desempenho –, distingui-los das tais métricas da

seguidores

necessariamente

vaidade e controlar se (e como) estes estão, ou

indicador de interesse ou lealdade por

não, a ser alcançados é o primeiro passo, e o

parte dos mesmos, pelo que o número total

mais importante, de qualquer estratégia no

de utilizadores que alcança poderá até ser

digital.

não

é

maior, mas o engagement destes com os seus conteúdos poderá acabar por ser pior do que se

Existem diversas ferramentas que lhe permitirão

tiver

de

controlar os resultados reais da sua estratégia. O

seguidores dedicados. E, mesmo assim, nada é

Google Analytics é possivelmente o mais

garantia de sucesso.

conhecido e, quando bem configurado, dos mais

uma

comunidade

mais

pequena

completos, permitindo-lhe perceber de onde A questão vital para as redes sociais enquanto

vieram os seus clientes online, o percurso que

canal de Marketing é entender o seguinte: nem

fizeram na sua plataforma online, seja site ou loja

todas as métricas importam. Embora seja

de E-commerce, e em que resultados se

importante perceber se o seu público está a

traduziram essas visitas. Será também relevante

reagir aos seus conteúdos e se está a seguir a

referir o Facebook Pixel, que permite ao

comunicação certa, muitas das métricas do

Facebook identificar quais os cliques nas suas

Facebook e do Instagram acabam por ser puras

redes que se traduziram em visitas e até criar

“métricas da vaidade”, isto é, números que

perfis de clientes semelhantes para alcançar com

crescem e crescem e fazem gráficos bonitos

anúncios dinâmicos.

para os seus relatórios, mas que não se traduzem necessariamente na concretização

Também será com base nos objetivos que define,

dos seus objetivos de vendas.

combinados com o seu público-alvo, que deverá escolher os canais de Marketing Digital nos quais

Portanto, com isto não queremos dizer para

apostar, os quais não serão, certamente, só as

desistir das redes sociais, mas perceba de que

redes sociais.

forma é que estas estão a contribuir para os seus resultados. Para tal, terá de entrar no

Um mundo para além das redes sociais

mundo dos dados analíticos, KPI’s e tracking dos

Uma

resultados.

considerar para além dos seus perfis sociais é o

das

principais

vertentes

que

deverá

seu posicionamento no Google, do qual já

20

A importância de analytics

falamos anteriormente na Emagazine. O tráfego

Recolher e analisar dados não é só um ponto

que vem naturalmente de estar nas posições

importante do Marketing Digital, é a chave para

certas para os resultados de pesquisa certos não

conseguir o sucesso nos respetivos canais e um

só oferece um retorno imbatível, devido ao facto

E MAGAZINE


de não estar propriamente a investir para

canais, quando bem trabalhados, pode exceder

aparecer no Google, como tende também a

substancialmente o custo, desde que seja feito

concretizar melhores resultados.

por profissionais experientes e qualificados.

Dito isso, a otimização para os motores de

Por fim, é impossível ignorar o crescimento dos

busca (SEO) é outra das áreas em que Portugal,

marketplaces em Portugal, que permitem fazer

no geral, tem um atraso considerável face a

chegar os seus produtos mais facilmente a

outros mercados – de facto, muitas vezes, com

clientes online, com a contrapartida que não terá

mais de 10 anos de atraso, recorrendo ainda a

controlo completo da plataforma e terá sempre

técnicas já extremamente desatualizadas ou,

de ceder parte da sua margem de venda. No

até, em plataformas web que ainda não estão

entanto,

adaptadas a dispositivos móveis, apesar da

plataformas, já lhe compensa esta presença face

prevalência do uso de smartphones e do facto

ao investimento e trabalho contínuos que terá de

de o Google privilegiar os websites em versão

fazer para ter sucesso com a sua própria

móvel desde 2018.

presença digital.

Para além disso, apesar de Portugal estar

Escusado será dizer que estes não são todos os

repleto

extremamente

canais de Marketing Digital existentes – nem

qualificados no desenvolvimento para web e

sequer tocamos no outreach, que ficará, por

apps, nem todos saberão desenvolver o seu site

enquanto, um segredinho nosso e de todas as

pensando não só no cliente final (que, de facto,

empresas

será sempre o principal), mas também nas

internacionais assim –, mas serão alguns dos

considerações técnicas para motores de busca,

principais a ter em conta ao dar os primeiros (ou

que já entra no domínio dos profissionais de

segundos, ou terceiros) passos no digital. O

Marketing Digital – mas para os quais há poucas

importante a reter é que o Marketing Digital é

opções de formação em SEO e que, sobretudo,

uma área extremamente complexa onde há

evitam as questões mais técnicas e focam-se

novas aprendizagens todos os dias e inúmeras

mais no conteúdo, o qual, embora importante, é

especializações, muito para além dos gestores de

apenas uma de várias facetas deste canal.

redes sociais, cujo trabalho é, sem dúvida,

de

profissionais

pelo

que

tráfego

que

visita

conquistaram

estas

sucessos

importante, particularmente no que toca a Para além das redes sociais e SEO, existem também

os

canais

de

anúncios

branding, mas não exclusivo.

pagos,

tradicionalmente designados de anúncios “Pay-

Portanto, se a crise atual fez com que percebesse

Per-Click” pois, ao contrário do Marketing

que tem de se digitalizar ou morrer, vá para além

tradicional, geralmente paga apenas pelos

do Facebook e não conte só com a publicação

cliques nos seus anúncios. A verdade é que,

que a estagiária faz uma vez por semana. O

apesar

Marketing Digital é muito mais do que isso.#

de,

muitas

vezes,

a

questão

do

investimento em Marketing ser um ponto sensível para muitas empresas, o retorno destes

21

E MAGAZINE


DONE IS BETTER THAN PERFECT

22

E MAGAZINE


Rui Pinheiro

CONSULTOR EDITOR IN CHIEF DA EMAGAZINE CEO ESCOLA DO EMPREENDEDOR

A vida leva-nos a fazer escolhas, na maior parte das

vezes

achamos

que

não

estamos

preparados. Mas será que alguma vez vamos estar?

pelas que fizemos’ e a afirmação deste autor não poderia ser mais verdadeira – se nos vamos arrepender, que seja pelo que fizemos, por

Sheryl Sandberg é autora da frase que serve de título e de tema a este artigo. Autora de vários livros, é conhecida pelo seu cargo de chefe de operações do Facebook e por inspirar várias mulheres a lutar por um lugar mais justo no mercado de trabalho.

perfeito) – uma frase tão curta mas com um significado extraordinário. Num mundo completamente volátil, onde tudo muda a uma velocidade frenética, esta frase nunca me fez tão sentido.

obcecada

pelo

momento

perfeito e ao mesmo tempo frustrada porque esse momento nunca mais chega. Mas porque é que temos de esperar pelo momento perfeito para mudar? O provérbio diz que quem espera sempre alcança, mas enquanto esperamos, protelamos e procrastinamos não estaremos a desperdiçar oportunidades? E não há nada pior do que a sensação de arrependimento pelo que fizemos,

arriscado,

por

termos

vivido

intensamente, hoje. No mundo empresarial acontece o mesmo, principalmente

quando

falamos

do

desenvolvimento de novas ideias de negócio, história, foram muitos os produtos que não tiveram sucesso por estarem demasiado “à frente” do seu tempo. Mas também é verdade que,

esperar

que

um

produto

(principalmente no caso da tecnologia) esteja perfeito para ser lançado pode ser um erro fatal – aqui o segredo é a validação do

A sociedade onde estamos inseridos vive hoje completamente

termos

produtos ou serviços. É verdade que, ao longo da

Done is better than perfect (feito é melhor que

não

-pendidos pelas coisas que não fizemos do que

por

outras

palavras,

pelas

oportunidades perdidas! Jackson Brown diz-nos que ‘daqui a vinte anos estaremos mais arre-

mesmo pelo público (que deve ser feita o mais cedo possível). Pode parecer um contra-senso, mas o perfeccionismo pode matar o sucesso de um produto: primeiro porque vai fazer com que o seu lançamento para o mercado demore bastante mais tempo e, em segundo lugar, porque

vai

ser

gasto

mais

dinheiro

no

desenvolvimento do mesmo (sem se saber se o público o vai aceitar). Nas empresas, como na nossa vida pessoal, o importante é não desperdiçar oportunidades. E no final de contas: mais vale feito, do que perfeito.#

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E MAGAZINE


TXT RUI PINHEIRO PIC VÂNIA CRUZ

'SEMPRE QUIS SER A PROTAGONISTA DA MINHA VIDA, POR ISSO EMPREENDI.' 24

E MAGAZINE


Tem 34 anos, é de Vieira do Minho e é uma

-ria ser como a Catarina Furtado: 'passava horas

das mais conceituadas consultoras de

a imitá-la e a querer ser como ela. Por isso tirei

Beleza

Vendas

comunicação tal como ela. Foi sempre uma

Independentes Mary Kay. Adora desafios e

referência na área da televisão, mas também

considera-se uma "uma sonhadora nata.

pelos seus valores e por todo o humanismo que

Uma mulher apaixonada pela vida e pelas

representa'.

e

Diretoras

de

oportunidades que a mesma oferece" e tem motivos para isso. Fomos falar com Vânia

Confessa que sempre se inspirou no exemplo de

Cruz e contamos tudo neste artigo.

dedicação, disciplina e foco do Cristiano Ronaldo, pelo facto de ser '(...) prova que não são as

O percurso de Vânia Cruz tem tanto de

condições em que vivemos, mas sim as decisões

interessante como de irresistível. Licenciada em

que tomamos de determinam o nosso destino'.

Ciências da Comunicação com mestrado em Informação e Jornalismo pela Universidade do

Depois de conhecer o modelo de negócio Mary

Minho, a empreendedora tinha o sonho de

Kay, Vânia confessa ter ficado completamente

trabalhar em televisão. Mas mesmo depois de

rendida à sua fundadora, à grande líder,

ter estagiado na mesma e ter decidido deixar de

visionária e empreendedora que foi Mary kay

parte esse sonho, continua a acreditar que a

Ash: 'sem dúvida, uma verdadeira inspiração e

"comunicação sempre foi a arma mais

um exemplo de que uma mulher pode realizar os

poderosa da humanidade' e uma das suas

seus sonhos'.

grandes paixões. Vânia confessa que sempre foi muito sociável:

Uma diretora de vendas de sucesso

"adoro conhecer pessoas, ouvir as suas histórias

Foi através de uma sessão de beleza que, há

e aprender com elas'. Esteve durante quatro

cerca

anos como assessora da presidência na Câmara

multinacional

americana

Municipal de Vieira do Minho no qual aplicou

"experienciei

a

muitos conhecimentos adquiridos nos anos da

melhor a minha pele e o tratamento adequado

faculdade. E apesar de não ter seguido o

para a mesma.

de

6

anos, Vânia

conheceu

de

alta

oportunidade

de

esta

cosmética: conhecer

caminho do jornalismo, a comunicação continua a fazer parte da sua vida.

'Adorei os produtos, mas o que me fascinou foram os valores da Companhia (Regra de Ouro

Atualmente dá também formação a quatro

da Mary Kay: Trate os outros como gostaria de ser

turmas do curso de aprendizagem de Técnico

tratado”) e a oportunidade de ter uma carreira

Comercial da Die Apfel, uma empresa de

em franco crescimento'. Vânia considera que

consultoria e formação de Braga.

sempre teve uma veia familiar de empresária, como na altura estava desempregada, achou que

Influências

poderia

ser

interessante

tornar-se

numa

Vânia confessa que quando era pequenina que-

Consultora de Beleza Independente Mary Kay.

25

E MAGAZINE


''Na

altura,

oportunidade

vi

como

fantástica

uma de

me

desafiar, conhecer novas pessoas e ter o meu próprio negócio.' A empreendedora considera que o empenho e trabalho aliado à paixão por realizar os seus sonhos tornam-se numa fórmula

imbatível

para

o

seu

crescimento profissional na Mary Kay. Para além de ser Consultora de Beleza, Vânia tornou-se

numa

Diretora

de

Vendas Independente Mary Kay: 'para além

dos

meus

serviços

como

conselheira de beleza, faço também a gestão e orientação de uma equipa de mulheres determinadas a mudarem a sua vida e a escreverem a sua própria história' (...) 'o que mais me fascina nesta empresa é que uma diretora de sucesso significa também que a sua equipa tem Consultoras de beleza de sucesso'. 'Quanto mais o tempo passa, mais grata sou por ter este negócio de beleza único que me permite gerir o meu

tempo,

ter

crescimento

económico, profissional e pessoal.'

O blogue Vânias Vânia Cruz é também coautora do blogue Vânias, com a blogger Vânia Vilas Boas, um projeto do qual confessa gostar muito e que surgiu da vontade de duas amigas com o mesmo nome poderem contribuir para que o mundo seja um lugar melhor: '. As Vânias pre-

26

E MAGAZINE


- tendem sempre mostrar o Lado V da vida – o

- emprego, criei o meu negócio'.

lado mais bonito, positivo, leve e verdadeiro (...) pretendemos com as Vânias realizar eventos

Embora

Vânia

acredite

que

não

é

difícil

inspiradores que façam as pessoas verem o

empreender em Portugal, 'vai sempre depender

mundo com os nossos olhos. Vemos sempre o

da maneira como acreditamos que vemos o

copo meio cheio e nunca meio vazio'.

mundo. Einstein dizia que A decisão mais importante de nossas vidas é entre acreditar que vivemos num mundo amigável ou num mundo

A paixão da política

hostil. Como sou uma pessoa V (risos), eu vivo

Vânia considera-se uma mulher de paixões e a

num mundo amigável e acredito sempre que

política é uma delas: 'sou socialista desde os

quando

meus quatros anos (desde que tenho memória).

dedicamos aos nossos projetos, os resultados

Lembro-me de colar cartazes com o meu pai, de

serão sempre positivos'.

trabalhamos

afincadamente

e

nos

conversas à lareira com o meu avô e de almoços em família onde o único tema era a política.

A empreendedora acrescenta: 'acredito muito

Cresci entre campanhas e eleições, saboreando

na

as vitórias e aprendendo com as derrotas. Tanto

positivos, pois estes geram energia e ação

o meu pai como o meu avô foram presidentes

positiva' , (...) um dos objetivos do meu negócio

de junta de Anissó (Vieira do Minho), portanto o

é desenvolver pessoas (na carreira Mary kay) e a

gosto pela política e causa pública sempre

maior dificuldade que encontro, sobretudo no

fizeram

Neste

universo feminino, é a falta de autoconfiança em

momento, para além de ser membro da

si mesmas. Continua a ser o meu maior

Assembleia Municipal de Vieira do Minho, a

desafio, mas que ao mesmo tempo me dá

empreendedora

da

mais gosto, ajudar as mulheres a superarem

comissão política do Partido Socialista de Vieira

muitas das crenças limitadoras que trazem

do Minho: 'aceitei este desafio porque acredito

consigo, principalmente, a crença em si

nos valores do partido que represento, na

mesmas'.

equipa que me acompanha e que é sempre

parte

do

é

meu

caminho'.

também

presidente

importância

de

ter

pensamentos

possível fazer mais pelo desenvolvimento da nossa terra'.

O futuro Comemora-se este ano, 25 anos de existência da Mary Kay em Portugal e é uma sucursal em

Empreender em Portugal Vânia

assume

que

'sempre

franco crescimento no mundo da cosmética. quis

ser

a

Vânia sublinha: 'somos atualmente, perto de 6

protagonista da minha vida, por isso empreendi.

mil consultoras de beleza, mas temos mercado

Descobri e desenvolvi competências que me

em Portugal para 55 mil consultoras. Os meus

permitem ter um estilo de vida congruente com

planos para o futuro passam por continuar a

os meus valores. Não esperei pelo dito bom em-

cumprir o legado de Mary kay Ash (fundadora da

27

E MAGAZINE


Mary

Kay):

enriquecer

a

vida

das

mulheres. Por isso, o foco é continuar a expandir o meu negócio de beleza através do desenvolvimento de pessoas com a carreira Mary Kay e construir assim uma comunidade de referência com pessoas determinadas a melhorarem as suas vidas, vivendo de acordo com o meu propósito de vida: fazer a diferença na vida das pessoas'. EMPREENDEDORISMO? 'A maior parte das pessoas que conheço tem muita dificuldade em sonhar e em transformar os seus sonhos

em

realidade.

Para

mim

empreendedorismo significa ir atrás dos seus sonhos, atrever-se a viver a vida

que

sempre

desejou.

Fazer

Acontecer! Significa criar, inovar e ter coragem para ir para além do óbvio'.

SEMPRE QUIS SER A PROTAGONISTA DA MINHA VIDA, POR ISSO EMPREENDI. DESCOBRI E DESENVOLVI COMPETÊNCIAS QUE ME PERMITEM TER UM ESTILO DE VIDA CONGRUENTE COM OS MEUS VALORES. NÃO ESPEREI PELO DITO “BOM EMPREGO”, CRIEI O MEU NEGÓCIO.

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E MAGAZINE


O CO-FOUNDER. BELIEVER OU FOLLOWER. O QUE TER EM ATENÇÃO?

Rita Trabulo

ADVOGADA COORDENADORA DA STARTINNOVATION TEAM BY CCA

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E MAGAZINE


Dificilmente encontraremos verdades absolutas ou a receita mágica e infalível para o sucesso de um projeto, mas uma coisa é (praticamente) certa: a importância de ter uma equipa competente para desenvolver esse projeto. O Founder, o “dono” da ideia e do projeto não conseguirá (nem deverá) fazer tudo sozinho. Será importante identificar as competências e funções em que precisará de ajuda e encontrar a pessoa certa (ou pessoas certas). Poderão ser colaboradores, trabalhadores e parceiros… ou poderá ser algo mais. Alguém fundamental, com competências que completem as do Founder e que acredite e siga o projeto “como se fosse seu”. Na realidade, nem sempre ser empreendedor significa ter uma ideia e desenvolvê-la a partir do zero. Ser empreendedor pode igualmente significar aproveitar a oportunidade e entrar na viagem de um projeto que já se encontra em trânsito: o Co-Fundador, ou também já adotado por nós, o Co-founder. Para além de acreditar e seguir no projeto que não foi inicialmente projetado por si, o empreendedor que se lhe associa vai assumir um risco igual ao do empreendedor fundador inicial. É por isso que, mesmo não sendo um literal fundador do projeto… é apelidado como tal e seguirá as regras aplicadas aos que estão no projeto desde a primeira pedra. Foquemo-nos agora, do ponto de vista jurídico, nos temas que deve, um Co-Founder, ter em atenção, ao associar-se a um projeto. Conhecer ou não conhecer? Eis a questão. Se há recomendação que serve que nem uma luva a toda a relação que começa é a da realização de uma análise prévia. Estamos habituados a ouvir falar em Due Diligence (ou seja, uma auditoria) em processos de investimento, sendo ela, também aqui, fundamental e deve ser feita à medida do objetivo. O Co-Founder deve ficar a conhecer previamente o Founder e o projeto a que se associa: qual o projeto, qual o enquadramento legal e regulatório e se está a ser cumprido, qual o status e fase em que se encontra, se existem já acordos entre os Founders existentes, o que é que já está feito, quais os próximos passos, que ativos existem associados ou relacionados com o projeto, se existem dívidas, se existem outras pessoas associadas e qual o seu papel, se existem já contratos, financiamentos (incluindo feitos pelo founder), investimento ou outras obrigações. No início era o Verbo… ou o entendimento do que deve ser. Chegamos ao momento das cartas na mesa, sem trunfos na manga. Decidindo embarcar no mesmo barco é importante definir os principais pontos de entendimento para os próximos anos. Alinhado, ou não, com o Business Plan, deve existir um acordo (um Founders Agreement) que considere os principais pontos desta relação, quer para o Founder quer para o Co-Founder. Vejamos alguns desses pontos:

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E MAGAZINE


a) Cap table. Capitais vs. sweat equity. Não só estrutura do capital que resulta da entrada do Co-Founder, com a definição da participação de cada um nos lucros e perdas da empresa, mas também o acordo sobre a percentagem de equity (ou modo de cálculo) que pode ser aberta para as futuras rondas de investimento ou até mesmo para os planos de stock option e de incentivo aos trabalhadores. Deverão ser ponderadas e acordadas regras ou limites para a diluição dos Founders, a estabelecer entre estes e apenas entre eles. Relembra-se que estamos a falar em termos de entendimento entre Founders, sendo “lei” apenas entre estes, não vinculando terceiros. Um bom exemplo é assegurar-se que um dos Founders, por circunstâncias especiais, pelo seu papel ou por conta de investimento feito, nunca poderá ser diluído abaixo de x %, comprometendo-se os restantes a fazer o necessário para cumprir o acordado. Recomenda-se ainda a identificação dos recursos financeiros ou outros que podem ser trazidos pelos Founders para a sociedade, desde o financiamento até ao desenvolvimento de trabalho e dedicação exclusiva ao projeto. Os Founders podem acordar que estes “aportes” poderão der traduzidos, mais tarde, em equity e em que termos. Poderão ser traçados objetivos pessoais e objetivos de empresa que, sendo atingidos, podem levar à conversão de financiamento ou trabalho desenvolvido em equity, com ajuste das participações de cada um (ajuste da cap table). b) A tomada de decisões. No silêncio da exceção, prevalece a regra e esta dita que vencem as decisões tomadas pela maioria. Dando voz à exceção, neste Acordo entre Founders, serão identificadas e enumeradas as matérias que deverão ser sempre decididas pela unanimidade dos Founders e que serão, em regra, fundamentais para a continuidade da empresa e dos próprios Founders. É importante não criar em vão obstáculos ao desenvolvimento do projeto. Encontramos aqui, como matérias típicas: a alteração da própria atividade, a venda de ativos essenciais, a contratação de pessoas chave acima de determinado salário, os pedidos de financiamento, a prestação de garantias, a aprovação de planos de incentivos de trabalhadores, a aprovação do Business Plan, para além das alterações mais estruturais, como a alteração de estatutos, fusão, cisão, terminando na própria dissolução. c) Exclusividade e não-concorrência. É certo e sabido que se não houver pessoas 100% dedicadas ao projeto e ao seu desenvolvimento… dificilmente serão atingidos os objetivos pretendidos. Também é comum, nomeadamente em startups em fase inicial, que não existem recursos financeiros para manter uma equipa completa em modo exclusivo. Este é o momento em que é importante que fique desde logo definido o que se espera de cada um, quais os objetivos a traçar e definir quem fica em regime de exclusividade ou em que momento passará a ficar nesse regime. Para que tudo fique transparente deverá ficar igualmente escrito que atividades em paralelo são ou podem ser desenvolvidas pelos Founders, principalmente as que forem concorrentes. Para o futuro, é comum acordar-se um pacto de não-

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concorrência, não só enquanto os Founders são Founders, ou seja sócios, mas principalmente quando (e se) o deixarem de ser. d) Lock-Up e limites à saída. Com a sua entrada no projeto, na empresa, o Co-Founder certamente que quererá a segurança e garantia de que a equipa se manterá inalterada por x tempo. É comum que Founders se obriguem mutuamente a permanecer na sociedade por x anos, anos esses que muitas vezes estão alinhados com o Business Plan e com a estratégia definida para a empresa). Para este efeito, encontramos cláusulas que proíbem a transmissão, a qualquer título, das participações sociais, pelos Founders, ressalvando situações de consentimento prévio, de justa causa ou de reação a comportamentos danosos para a sociedade e/ou para os restantes Founders. Findo o período de Lock-up (ou na falta dele) e seguindo a mesma lógica, é comum que fiquem desde logo acordadas regras que limitem a livre disponibilidade da participação e posição social de cada um. Desde direitos de preferência da própria sociedade ou dos restantes Founders a consentimentos prévios, é importante não esquecer que, numa fase inicial, o projeto, a startup, reveste um carácter muito pessoal. A saída de um dos Founders será certamente notada, mas ainda mais a entrada de um terceiro estranho ao projeto e pior se for à revelia dos restantes. Com a definição, neste momento, de como se processará a iniciativa de saída de um dos Founders, será tudo mais claro quando (e se) esse momento chegar. Relembra-se, um Co-founder que entra no projeto, acredita não só nele, mas também em quem está à sua frente e em quem o desenvolve. O Co-founder quererá, portanto, assegurar-se que a equipa se mantém ou, assim não sendo, que tenha uma oportunidade para se pronunciar e agir de acordo com os seus interesses e com os da startup. e) Resolução de impasse e de situações de incumprimento. Porque nem sempre a vida é um “mar de rosas” e os desentendimentos e incumprimentos podem surgir ao virar da esquina, o foco será (ou deverá ser) o de manter a empresa a funcionar. Este é o momento da definição dos mecanismos de resolução de impasse, quer para quando alguém pretenda sair da sociedade e não haja consentimento para tal, quer para quando não se consiga a unanimidade em decisões estruturais e identificadas como fundamentais. Devem ser igualmente definidas as consequências e penalizações a aplicar em caso de incumprimento. Muitos desses mecanismos passarão pela aquisição ou amortização da participação social do founder que estiver desalinhado com o projeto ou que tenha incumprido com alguma regra do acordo. Em que é importante pensar desde logo? Neste acordo deverão ficar definidos os termos dessa aquisição ou amortização, nomeadamente o método de definição do preço a pagar pela participação ou pela contrapartida. Este preço poderá depender de uma avaliação da sociedade, do projeto, ou até ser um valor que fique fechado desde este momento. São várias as hipóteses e devem ser encontradas decisões à medida, distinguindo-se casos de boa-fé e casos de má-fé, assumindo que a

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solução escolhida e o preço terão, em última instância, carácter penalizador. Estas linhas poderiam duplicar com mais recomendações. Cada caso é um caso e é fundamental que sejam falados e acordados os termos e compromissos de todos os Founders. De quem entra e de quem já lá está. Aquele que entra para uma startup já existente e que passa a vestir o fato de CoFounder deve conhecer para onde vai, com quem vai e em que termos.

'DITADAS AS REGRAS DO JOGO, SEGUIR-SE-ÃO OS PASSOS PRÁTICOS E BUROCRÁTICOS, FICANDO ABERTO O CAMINHO PARA A DEDICAÇÃO AO PROJETO E FAZER O QUE TODOS ESPERAM: FAZER ACONTECER E SEGUIR CAMINHO'.

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“O MELHOR EMPREENDEDOR É AQUELE QUE TEM UMA BOA IDEIA, CONSEGUE EXPLICAR, REALIZAR E TORNAR ESTA IDEIA LUCRATIVA.” TXT RUI PINHEIRO PIC ANDRÉ FULY

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Comunicador com formação técnica em

A Escola do Repórter consistiu num projeto de

Radio Difusão, Cinegrafista de Jornalismo,

inclusão social que ajudou André Fuly a cumprir

Diretor de Fotografia, diretor de Produção

o seu papel de' dividir conhecimento, usando a

de TV e investigador, André Fuly é uma

produção

personalidade bastante conhecida no meio

ferramenta de mudança nas vidas das pessoas.

de

conteúdo

em

vídeo

como

da televisão Brasileira. Foi em Braga que fomos falar com o fundador da Braga TV e

O projeto teve tanto sucesso que alguns dos

contamos tudo nas próximas linhas.

seus

alunos

trabalham

profissionalmente

na

nos

área

dias

de

como

hoje

editores,

Cinegrafistas e apresentadores de canais de A Escola do Repórter

conteúdo.

'A TV de Braga é fruto de um sonho' - é assim que o empreendedor inicia a entrevista. Foi há cinco anos que deixou para trás uma carreira de

O sonho: a TV de Braga

Produtor

André Fuly foi-se afastado do mercado de

emissoras

e

Diretor

do

freelance

em

Brasil, deixando

grandes

para

trás

trabalho 'convencional' e resolveu criar um Canal

programas importantes como SAIA JUSTA, AUTO

de Televisão alternativo e de impacto social na

ESPORTE, sem contar as inúmeras campanhas

Europa em 2020, para tornar a Escola do

políticas e eventos no qual coordenava a parte

Repórter

do media digital.

TVDEBRAGA.PT, nas palavras do empreendedor

sustentável:

assim

surgiu

a

'uma emissora de notícias Multi Stream, que usa a André Fuly veio atrás de um sonho: ' dividir

internet como plataforma e a media social como

conhecimento, (...) não existe melhor forma de

alavanca'.

dividir conhecimento na minha área, que criar uma TV ESCOLA. Um porto seguro, onde

'Sempre acreditei em duas coisas muito

qualquer pessoa tenha a oportunidade de

importantes, que sempre me nortearam:

desenvolver um talento que seja sustentável'.

dividir

Foi ainda no Brasil que criou o que André

inteligência

chamou de 'oficinas de imersão em vídeo

dirigido ganha prémios. Usar a produção de

produção', que evoluiu para a 'ER- ESCOLA DO

conteúdo

REPÓRTER' e uma TV como forma de dar

Jornalística, com um leve toque sensorial,

sustentabilidade económica.

para aguçar a percepção das pessoas e

conhecimento e com

outro,

é um

linguagem

um

ato

talento

de bem

documental,

alunos sobre a importância do assunto.' 'A Escola do Repórter é fruto de um projecto circular; Uma Escola que sustenta

Ao longo da sua vida, André teve como referência

uma emissora de TV com conteúdo, uma

grandes mestres Diretores e Jornalistas que o

emissora de TV que dá sentido a escola e

influenciaram: 'Ricardo de Carvalho, Edson Higo,

ajuda na sustentabilidade.'

Isabel Higo, Sávio Hackradt', mas confessa que a

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E MAGAZINE


36

E MAGAZINE


sua

maior

inspiração

vem

de

Assis

Para resolver o desafio criou o EuromaisTV e a

Chateaubriand ' o maior empreendedor em

reação foi mega positiva e muito bem aceite pelo

comunicação que o Brasil já conheceu, o

público, mesmo tendo a mesma programação da

polémico génio, Idealizador e Criador dos

TV de Braga: 'o sucesso foi tão grande que

Diários Associados do Brasil'.

durante

a

pandemia,

empresas

de

comunicação se interessaram em entrar no O trabalho do empreendedor com a Escola do

projecto como afiliadas fora de Portugal.

Repórter levou a que André Fuly recebesse em

Nos estruturamos e alguns meses depois já

Lisboa o Prémio Networking Internacional como

são muitas em diferentes países. 1 Em

“Destaque Produtor de Televisão, Investigador e

Portugal, 2 no Brasil, 2 Nos Estados Unidos e

Documentarista': o prémio Internacional me

1 em Angola'.

deixa

muito

orgulhoso,

porém

mais

importante que o orgulho, é a causa, com a

Hoje a TV de Braga tem sede no Human Power

notícia do prémio poderemos abrir novas

Hub e tornou-se a referência e a Emissora de TV

portas e quem sabe conseguir apoios, para

oficial da região do Minho, prepara-se para lançar

que

alunos,

o seu novo Portal de Notícias e uma app,

descobrir novos talentos e continuar a

caminhando, as palavras de André Fuly, 'a passos

fazer a mudança nas vidas destas pessoas'.

largos

possamos

atingir

novos

em

sua

expansão,

com

grelha

de

programação 24h no ar, atualizada e integrada com a realidade da região'.# É difícil empreender em Portugal? André Fuly sublinha que empreender nunca foi fácil, ' depende de uma série de fatores, em

Empreendedorismo?

Portugal não é diferente, como em qualquer

“O melhor empreendedor é aquele que tem uma

lugar tudo que é novo causa uma certe

boa ideia, consegue explicar, realizar e tornar

desconfiança, isso é normal'. No entanto o

esta ideia lucrativa.”

empreendedor conta com o tempo e o convívio com as pessoas para mostrar resultados e poder ser apoiado para seguir em frente'. E é isso mesmo que André Fuly pretende, pois paralelamente à TV de Braga, criou um segundo canal de TV por Streaming, a EUROMAISTV.COM. 'Tive apoio de alguns amigos portugueses como consultores a respeito de cultura e costumes, me disseram que as pessoas de Braga e região não

aceitariam

assistir

na

TV

de

Braga

programas de outras regiões fora do Minho'.

37

E MAGAZINE


COMUNICAÇÃO EM TEMPOS DE CRISE COMO A SUA MARCA TEM SIDO VISTA?

Liliane Machado

JORNALISTA E CRIADORA DE CONTEÚDO EM TEXTOS E VÍDEOS

Já parou para pensar como a sua marca ou empresa é vista pelos olhos do público? Sua presença no universo digital é forte? Quando o público pensa na sua área de atuação, a sua marca é referência? Nesse período nebuloso em que estamos, você investiu na sua visibilidade ou resolveu cortar esses recursos e esperar a crise passar?

38

E MAGAZINE


Quando falamos de comunicação estratégica

- cer como tal. Fazer o seu produto ou serviço

para marcas e empresas um enorme leque se

ganhar destaque na televisão, no rádio ou no

abre. A comunicação pode ser interna para

jornal de forma espontânea ou então ter uma

integrar as equipas, ou aquela aliada ao

presença digital forte nas redes sociais, são

marketing que tem a intenção de vendas de

recursos utilizados para dar a notoriedade que a

produtos e serviços, e também pode ser a que

sua marca procura. Isso é possível através de um

busca dar notoriedade e autoridade para a sua

trabalho bem planeado e executado.

marca ou empresa de forma espontânea. Esta última é chamada de relações públicas ou

Estreitar

assessoria de comunicação. Você pode delegar

comunicação social

essa tarefa para um profissional interno, ou

Essa é uma missão importante para quem quer

contratar

para

ser notícia de forma espontânea. Para que o

prestar este serviço de forma terceirizada, o que

público conheça a sua marca, antes ela precisa

muitas

estes

encantar quem cria os conteúdos para este

profissionais estão acostumados a lidar com o

público, são os jornalistas e comunicadores.

universo

tem

Assim, se eles perceberem que a sua empresa ou

relacionamentos estreitos com os jornalistas e a

o seu produto tem um diferencial de mercado,

comunicação social.

vão querer levar este fato a público e assim a

notoriedade e autoridade aparecem de forma

profissionais

vezes

é

da

especializados

mais

eficaz,

pois

comunicação

e

o

relacionamento

com

a

natural e com a chancela de um media Assessoria de Imprensa ou Public Relations

reconhecido.

É fundamental para posicionar a sua marca

de forma espontânea na comunicação social. Os profissionais desta área tem visão

Profissionalização dos conteúdos gerados

clínica para entender os diferenciais da sua

pela marca

empresa,

passam

Frases do tipo “É um texto pequenino de 5

despercebidos por quem os vive diariamente.

linhas.” ou “Apenas um vídeo curto de 30

Também é o assessor de imprensa ou o

segundos.”, podem realmente parecer simples

relações públicas que vai avaliar o assunto que

tarefas, mas na realidade podem fazer uma

pode ou não ganhar notoriedade e indicá-lo

enorme diferença no resultado final. Vivemos um

para o média específico.

tempo em que todos se tornaram criadores de

que

muitas

vezes

conteúdo, afinal a maior parte da população tem um

perfil

em

uma

rede

social.

Porém,

Fortalecer e dar notoriedade para a marca

profissionalizar os conteúdos de uma marca é

Esta é uma tarefa importante para que a sua

fundamental

marca se torne uma referência no segmento, e

delimitados. Caso contrário, o amadorismo pode

mesmo que já seja, ela também precisa apare-

custar caro.

para

alcançar

os

objetivos

39

E MAGAZINE


Por isso é tão importante confiar a sua marca a

tem um histórico com a empresa e sabe os

um profissional capacitado. Não se trata apenas

pontos

da imagem da marca, mas tudo que ela

destacados em um momento difícil.

representa.

Os

propósitos,

a

história,

fortes

que

podem

e

devem

ser

as

conquistas que obteve ao longo do tempo, tudo deve ser considerado. Valorizar a trajetória

Reconhecer

dos

influencia o seu público?

fundadores,

agregar

valor

aos

oportunidades

-

quem

conceitos por trás dos serviços, impulsionar

Os assessores de comunicação têm actuado nos

o verdadeiro valor do produto, são ativos

últimos anos como gestores de relacionamento

potentes nas mãos de quem vai “vender” a

entre marcas e digital influencers.

sua

Estes “novos elementos” do mundo dos negócios

marca

através

da

comunicação

espontânea.

tem arrastado multidões para se encantar por marcas, mas também para acabar com algumas delas. Saber por quem o seu público é

Conhecer

a

marca

para

administrar

influenciado nas redes sociais tem sido um fator

possíveis crises de imagem

determinante

para

os

profissionais

da

Há empresas que contratam profissionais da

comunicação, responsáveis pelas estratégias de

comunicação para gerir um momento de crise

divulgação de empresas e marcas.

específico. Isto funciona, mas pode ser ainda

40

mais eficaz se o trabalho desenvolvido inicie

Num mar de digital influencers com o ambiente

antes das crises aparecerem.

online a mudar todos os dias, saber quem

Muitas vezes, o profissional da comunicação irá

influencia o seu público pode ser uma arma

alertar a diretoria para possíveis crises e então

poderosa para propor ações e parcerias entre

ajudar os gestores a desviar do obstáculo. Em

marca e influencers. Os relacionamentos podem

outros

iniciar com uma ação de parceria e se tornar um

casos

são

os

profissionais

da

comunicação que vão acender a luz vermelha e

forte mecanismo de pesquisa e vendas.

alertar para determinadas ações, o que pode

ser o sinal para evitar a própria crise.

Facilitar a comunicação interna e incentivar

advogados da marca

Por isso a eficiência de um profissional que

A comunicação interna e que pretende integrar a

entenda e coordene a comunicação da sua

equipa pode parecer simples, mas precisa ser

empresa, é tão importante ao longo do

levada a sério e ser bem divulgada, para ter o

percurso. Prever as crises é apenas uma delas,

efeito

mas nem todas podem ser evitadas, como por

organização nascem na falta de comunicação ou

exemplo uma pandemia. E é aí que o assessor

na falta de sintonia. Criar o formato adequado de

de imprensa ou o relações públicas pode ser

comunicação, seja ele um simples mural, ou um

ainda mais importante, pois vai ajudar a criar

informativo semanal online, pode servir para um

alternativas para evidenciar a sua marca. Ele já

determinado setor e não funcionar para outro,

E MAGAZINE

desejado.

Muitas

falhas

de

uma


então é preciso sentir as necessidades e criar as soluções. Afinal, ser o último a saber das noticias da empresa, ou saber por terceiros é uma sensação muito frustrante para o colaborador. Um funcionário satisfeito e bem informado pode ser o melhor advogado de defesa da sua empresa. Quem melhor do que a pessoa que vive a realidade da marca para falar dela? Já notou aquelas listas das melhores empresas para se trabalhar? Geralmente são os colaboradores os que mais partilham estas notícias, pois se tornam os defensores principais da empresa e do que ela representa no mercado. Isto também tem uma grande parcela no trabalho bem desenvolvido da comunicação interna, que busca valorizar as histórias individuais das pessoas que ali trabalham e reforçar a importância de cada elo para a corrente ser cada vez mais forte e firme. Assessoria de comunicação aliada ao marketing de conteúdo É muito importante que o gestor entenda que a comunicação da empresa não é a mesma coisa que o marketing da empresa, embora tenham muitas semelhanças. O ideal é que os profissionais que cuidam dessas duas áreas estejam integrados e tenham sintonia para buscar os melhores resultados. As estratégias podem e devem ser desenvolvidas de forma colaborativa entre estes setores. O marketing de conteúdo alimenta-se da essência da comunicação, se estas duas frentes estiverem alinhadas, os resultados poderão ser atingidos de forma mais efectiva e mais rápida. Se depois deste artigo você já puder pensar melhor a respeito das perguntas feitas no inicio desta leitura, já é uma grande valia. E lembre-se, na crise podem surgir as ideias mais criativas. Faça da comunicação a sua grande aliada para potencializar o seu negócio.#

41

E MAGAZINE


'PARA MIM EMPREENDEDORISMO É DEIXAR O MEDO DE LADO E DESCONSTRUIR AS CRENÇAS LIMITANTES, DEIXAR AS AMARRAS, ABRIR AS ASAS E VOAR ATÉ AO SONHO! É CAMINHAR NO DESCONHECIDO, ENFRENTAR OS PROBLEMAS DE FRENTE E TORNAR POSSÍVEL O IMPOSSÍVEL!' TXT RUI PINHEIRO PIC CARLA SEPÚLVEDA

É Consultora internacional nos PALOP ́s e

Carla Sepúlveda, nasceu há 49 anos em Braga.

CPLP e responsável pelo desenvolvimento

De sorriso fácil, considera-se uma pessoa que

de Projetos de empreendedorismo social na

adora desafios e ama a vida e as pessoas.

Guiné-Bissau. Fomos conhecer os projetos

É licenciada em Relações Internacionais e mestre

que Carla Sepúlveda está a desenvolver e

em Educação, ramo Formação, Trabalho e

contamos tudo nas linhas seguintes.

Recursos

Humanos,

tendo

atividade

profissional

com

É

42

uma

bem

conhecida

do

25

anos

a

sua numa

público,

empresa de consultoria em Braga onde assume

responsável pela rubrica Faz Acontecer que

ter sido muito feliz profissionalmente durante 5

passa no Porto Canal, tem dado espaço e voz a

anos

empreendedores e projetos inovadores.

profissionalmente: 'o único empregador que tive'.

E MAGAZINE

cara

iniciado

e

onde

cresceu

pessoal

e


'Tento ao máximo rodear-me de pessoas inspiradoras que me

entristecida

com

isso'

acrescentem algo de novo e bom à minha vida pessoal e

momento que considera como o

profissional'

início da sua nova aventura - 'uns

Quisemos saber quem inspira a Carla Sepúlveda e a empreendedora

dia após este desabafo, a pessoa

destacou os meus pais por serem sempre 'a primeira referencia' e ao

veio ao meu encontro e desafiou-

seu mentor que conheceu no inicio da sua vida profissional enquanto

me a partilhar escritório com ele.

empresária, que 'sempre acreditou nas minhas capacidades

Apesar da insegurança própria de

empreendedoras, ia apreciando a minha forma de estar no trabalho,

qualquer

as relações e laços que criava com os clientes e frequentemente me

entusiasmo tão grande que tomei a

incentivava a dar o salto'. A empreendedora relembrou ainda o dia

decisão de me lançar por minha

em que 'durante um café num desabafo lhe disse que sentia que

conta e risco! Estava aí então no

tinha estagnado nas suas funções na empresa e se sentia um pouco

início da minha vida enquanto

começo,

-

um

senti

um

empresária!' 'Sou-lhes eternamente grata e tento ao máximo ao longo do meu

caminho

tê-las

como

referencia positiva e lembra-las com muito e o máximo carinho!'

Consultora internacional nos PALOP ́s e CPLP e responsável pelo desenvolvimento de Projetos de empreendedorismo social na Guiné-Bissau. O início de uma aventura

Tudo começou com um desafio aceite

para

empresarial

à

uma

missão

Guiné-Bissau

e

nunca mais parou. 'Corria o ano de 2011. Foi paixão à primeira vista...tal como acontece com tantas outras pessoas e às vezes não entendemos bem... mas acontece mesmo! Tanto acontece

43

E MAGAZINE


nossa zona de conforto e perceber o quão fortes e resilientes somos às adversidades a todo o instante pois os obstáculos são enormes!' Nas viagens frequentes ao território 3 a 4 por ano, normalmente 2 a 3 semanas, a empreendedora começou a levar, além da sua mala de roupa, uma outra com donativos para as crianças,

normalmente

guloseimas:

'levei

os

roupa

e

primeiros

vestidos confeccionados no projeto D'Avó with love que teve o seu inicio do movimento Dish Mob em Braga, levei T´shirt´s, calções, bolas que me foram oferecidas por um jogador de futebol que viu fotografias nas redes sociais e acreditou que eu faria chegar os seus donativos aos miúdos' e 'através dele conheci uma família fantástica, que no mês em que cá chegou a Portugal (depois de 5 dias no território guineense) regressou a Bissau, desta vez sozinha por 10 dias, para perceber o que realmente sentia sem qualquer apoio: 'uma verdadeira aventura uma vez que nunca, até à data, tinha viajado sozinha! Correu tão bem que nunca mais desisti!'

anos,

integrar

projetos

desafiantes

e

desenvolver grandemente a minha rede de contactos e trabalhos únicos com pessoas incríveis!' Carla considera a Guiné-Bissau um país apaixonante de gente muito afável, carinhosa e acolhedora de sorriso fácil e 'que nos oferece desafios aliciantes e nos permite sair da

44

E MAGAZINE

S.

Tirso,

que

me

ofereceu 90 vestidos confeccionados propositadamente para 3 orfanatos'. 'Desde ai foi sempre a crescer e a somar donativos que chegam de todo o lado... escolas que me ofereceram bibliotecas inteiras de

'É um desafio enorme que me tem permitido, nos últimos

de

livros,

brinquedos,

roupas,

mobiliário... tanto! Recentemente, 10.000 peças de equipamentos desportivos para equipar equipas de futebol de crianças e adultos.' Carla

continua

a

ter

bastantes

ofertas: ' há uma Senhora que até -


quer que eu leve uma mala de barbies para

em Bissau e tanto partilhou este desejo que

meninas de algum orfanato... talvez seja na

conheceu a sua atual parceira de projeto, que lhe

próxima viagem ao território'.

ofereceu a possibilidade de desenvolver o

A

empreendedora

nunca

fez

nenhuma

campanha de angariação de bens, tudo tem chegado pelos posts das fotos nas redes sociais. A dada altura a mala começou a ser pequena e Carla teve de pedir a uns amigos com atividade empresarial na Guiné para lhe fazerem o especial favor de transportar as caixas nos seus contentores, atitude a que Carla é 'eternamente grata, pois sem eles não seria possível ter feito metade deste trabalho (...), pois para além deste transporte vinham a Braga carregar e distribuir na Guiné nos locais que referenciada'. Carla Sepúlveda considera que lentamente foi conquistando o seu espaço, sendo convidada para integrar vários projetos formativos nas instituições do estado, o que alargou a sua rede de contactos e perceber o que poderia desenvolver e construir com os laços criados. Surge então a ideia desenvolver um projeto próprio de formação para a inclusão feminina ao qual batizou de É Hora. Após regressar de mais uma viagem, passou um mês inteiro a desenhar o projeto desde a memória descritiva, elaboração

de

conteúdos

projeto numa escola que tinha criado há uns anos atrás. 'Desafio aceite! A partir daí juntas fizemos acontecer não só o projeto É Hora com a formação de 110 mulheres em 4 ações de formação

diferentes

alfabetização,

na

horticultura,

área

da

hotelaria

e

gestão de pequenos negócios., mas também desenvolvemos um centro de criação de galinhas e um centro de produção hortícola na escola onde desenvolvemos a formação. Este projeto contemplou fazer um furo de água no espaço e colocar painéis solares para

iluminação

autonomia

para

da

escola

ligar

além

de

computadores

a

qualquer hora. Mas sobretudo, permitiu que as crianças, passassem a ter uma refeição quente condigna aos seus direitos e nas suas

atividades

desenvolvessem atividades,

extra tarefas

aprenderam

curriculares inerentes a

tratar

ás das

galinhas e a plantar, regar e colher os produtos hortícolas.'

programáticos,

planeamento de recursos físicos, humanos e

Carla

financeiros e resultou no plano de negócios

proporcionaram das melhores sensações que já

necessário para o desenvolvimento do projeto

teve na vida: 'ver a alegrias das mulheres a

no território. Procurou financiamento e lá foi

carregar num botão para ver água a sair e tomar

Carla 'conquistar o sonho'.

banho de mangueira aos saltos e a chorar de

considera

que

estes

projetos

alegria, ver as crianças com as mão cheias de A empreendedora confessou-nos que sempre

legumes frescos para levar para casa... há poucas

quis ter uma escola de formação profissional

sensações melhores que estas... '

45

E MAGAZINE


O

empreendedorismo

social

sempre fascinou Carla Sepúlveda, o que fez com que sempre se envolvesse em movimentos sociais: enquanto empresária, no âmbito da sua atividade principal, criou um projeto

ao

qual

batizaram

de

Formar para a Solidariedade e que regularmente

desenvolvia

campanhas sociais, em prol de instituições da cidade, com toda a equipa de trabalho nomeadamente colaboradores,

formadores,

formandos e fornecedores. A título pessoal, está integrada na equipa no Banco Alimentar contra a

Fome

em

Braga

e

mais

recentemente integrou o Rotary Clube Braga-Norte que se baseia em valores importantes com os quais se identifica: 'tem um cariz social mais abrangente quer a nível nacional quer a nível internacional proporcionando-me a abertura de inúmeras outras oportunidades'.

Criar uma ONG: um objetivo para o futuro

Por sua vez os seus serviços de consultoria estendem-se a outros

A primeira pedra para a criação de uma ONG foi lançada no meio doe

países Língua Oficial Portuguesa

caos pandémico. Em Junho Carla criou uma Associação sem fins

nomeadamente a Cabo Verde e S.

lucrativos com um conjunto de pessoas que compõe um grupo

Tomé e Príncipe países onde Carla

musical africano de grande sucesso internacional os Tabanka Djaz:

tem desenvolvido sobretudo, em

'pretendemos revolucionar os meios por onde passarmos através das

parceria com universidades locais,

nossas atividades de cariz social que queremos que sejam

projetos

capacitação

impactantes para as pessoas beneficiárias. Não pretendemos ser

profissional de jovens e mulheres,

mais uma associação, pretendemos sim mostrar trabalho no terreno

mas

através da promoção da melhoria das condições de vida das

de

também

empreendedorismo locais.

46

E MAGAZINE

projetos de

de jovens

populações e combate à fome, igualdade de direitos e género, ações


e

atividades

de

empreendedorismo

'As

minhas

atividades

estão

todas

sociocultural, recreativo, teatro, musical, entre

interligadas. Trabalho com pessoas e são

outras promovendo a diversificação do trabalho

elas que me movem. Neste sentido, a área

digno

do desenvolvimento pessoal tem tomado

para

todos,

promoção

da

língua

portuguesa entre os principais'.

um lugar muito importante e significativo na minha vida no seu todo. Nada está bem

Queremos marcar a diferença na vida de

se não estivermos primeiramente bem

todos aqueles que conseguirmos chegar

connosco e termos bem claro Quem somos,

com o nosso trabalho! Iremos basear as

Onde estamos e para onde queremos ir'.

nossas atividades no terreno nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU

A empreendedora confessa que não consegue

de

dissociar a Carla Consultora, a Carla Empresária,

forma

a

podermos

também

nós

contribuir para um mundo melhor! '

a Carla Coach, a Carla mentora...

A equipa está atualmente a desenvolver o plano

'Cada vez mais procuro o equilíbrio em tudo

de atividades para que daqui a 2 anos, altura em

o que faço. Procuro ao máximo fazer a

que a equipa poderá solicitar a credenciação a

ecologia de cada situação, ou seja, perceber

ONGD, estarem em condições de mostrar

a importância que cada coisa tem no seu

trabalho e números concretos de atividades

contexto, perceber os benefícios e os não

realizadas em prol dos objetivos estabelecidos.

benefícios, o que posso ganhar e perder e tomar, com consciência, a decisão mais adequada a cada situação em si.' Carla confessa que, apesar de há muito se sentir curiosa com o processo de Coaching só desde a

Empresária, Consultora. Coach

sua certificação internacional no ICC há 4 anos é Carla Sepúlveda é empresária e desenvolve prestação de serviços de consultoria no âmbito empresarial que incide especificamente na gestão projetos,

de

recursos

humanos,

desenvolvimento

de

gestão

de

planos

de

negócios de incentivo ao investimento e serviços de formação profissional variados, em território nacional e internacional. A sua empresa chamase Belíeve2win, pois Carla acredita piamente que 'temos que acreditar para vencer!'

que valorizou convenientemente o processo e atualmente já não o consegue dissociar de nenhuma área de trabalho na qual se envolve: 'em todas as minhas atividades profissionais tento ao máximo adequar e aproveitar os ensinamentos, técnicas e métodos do processo de Coaching e PNL aos serviços de consultoria que desenvolvo nos grupos de trabalho com quem vou mantendo atividade e os resultados têm sido incríveis! (...) Individualmente, vou desenvolvendo algumas sessões de coaching

47

E MAGAZINE


executivo.

nos segue e de repente alguém nos pede ajuda para divulgação de marcas, projetos, pessoas ,

Nesta

altura

de

pandemia

e

de

livros, etc, e de repente o nosso mundo se torna

desconfinamento tem sido fundamental

tão mais rico em conhecimento e relações com

pois tem permitido reeducar formas de

pessoas de todo o Portugal! ADORO!'.

estar e reduzir significativamente os níveis de stress e os impactos pessoais nesta crise

A rubrica tem um nome que traduz a forma de

em que nos vemos envolvidos. Integrei um

estar de Carla: Faz Acontecer. No programa, a

programa de Coach´s Voluntários do ICC e

empreendedora procura dar espaço e voz a

os resultados têm sido fantásticos!'

empreendedores e projetos novos que abranjam muita gente e tragam oportunidades para todos.

O mesmo tem acontecido nos processos de

Privilegia os projetos do Norte do pais de forma a

mentoria que Carla vai desenvolvendo com

potenciar

alunos de ensino superior em final de ciclo. Está

no território nacional.

cada

uma

das

novas

empresas

como mentora convidada do programa de mentorias da Universidade do Minho, desde o

Uma outras componentes da rubrica é a

programa piloto e já passou por outros 2

empregabilidade pois Carla considera que é um

semelhantes na Faculdade de Economia da

auxilio importante para todos aqueles que se

Universidade do Porto e na Universidade de

encontram

Coimbra.

'semanalmente

em

situação

procuro

desfavorável:

oportunidades

de

trabalho nacionais e internacionais também para quem gostaria de beneficiar de mobilidade de trabalho e em sequência este espaço criei um Porto Canal

blog onde partilho as informações para concurso das oportunidades anunciadas semanalmente, o

Carla integra também uma rubrica no Porto Canal

onde

fala

de

empregabilidade

www.ativaoemprego.wordpress.com'.

e

empreendedorismo, um desafio impactante: 'Adoro fazer televisão! (...) este desafio, mais um

O futuro

lançado por outro amigo querido, tem-me proporcionado o conhecimento de um mundo

Quisemos saber quais os planos para o futuro de

até há 4 anos atrás totalmente desconhecido. É

Carla e a empreendedora brincou: 'Falta fazer

fascinante perceber o quão longe chegamos, o

rádio! Gostava muito!! Quem sabe....!'

quão impactante é a mensagem que passa para

48

o exterior da caixinha mágica! E de repente

Carla confessou ainda a vinda de um novo

somos conhecidos e de repente alguém diz que

projeto, que a está a desafiar e a motivar muito

E MAGAZINE


mas para já não quer divulgar. 'Para já num futuro próximo, iniciei este ano uma rubrica em 2 diferente revistas uma em Portugal a Start&Go de empreendedorismo e gestão e outra na Guiné-Bissau a Kampuni e pretendo aprofundar mais esta nova oportunidade de forma a levar mais longe as minhas experiências empresariais com

incidência

nos

recursos

EMPREENDEDORISMO

humanos e coaching para que

Significa FAZER ACONTECER | Desafio | Aventura!

possa de alguma forma contagiar

É isso... para mim empreendedorismo é deixar o medo de lado e

outras

sobretudo

desconstruir as crenças limitantes, deixar as amarras, abrir as asas

mulheres, que muitas vezes têm

e voar até ao sonho! É caminhar no desconhecido, enfrentar os

vontade de fazer outras coisas

problemas de frente e tornar possível o impossível!

mas acham que lhes falta a

E como disse augusto Curry “Ser empreendedor não é esperar a

coragem suficiente para mostrar

felicidade acontecer, mas sim conquistá-la!” (com muito trabalho....

do que são capazes'.

digo eu).

pessoas,

49

E MAGAZINE


PORTUGAL ABAIXO DA MÉDIA DE CONFIANÇA DE LÍDERES EXECUTIVOS MUNDIAIS TXT DO IT ON

DE ACORDO COM ÍNDICE DA WORLDCOM

50

E MAGAZINE


Declínio de confiança de líderes com mais

compõem

os

tópicos

em

tendência.

Os

de 65 anos pode ser indicativo da gravidade

resultados dos tópicos relativos a marca e

da crise que se aproxima Confiança no uso

colaboração demonstram que os CEOs têm

de tecnologia como meio de colaboração e

muitos desafios por considerar, se desejam

inovação viu a quarta maior queda desde

emergir da crise com clientes leais e funcionários

maio Países da Europa Central e Oriental

motivados.”

ocuparam cinco dos sete mais baixos níveis de

confiança

Confiança

de

CEOs

em

Um indicador da crise que está por vir

imagem corporativa e reputação de marca

O impacto da pandemia está a começar a

cai 5% em junho.

manifestar-se nos níveis de confiança dos líderes

Worldcom

adiciona

15

países

ao

seu

com mais de 65 anos de idade – os quais

relatório mensal, que agrega visões de

sofreram a maior queda desde maio, de 4%.

mais de 54000 CEOs e CMOs.

Tendo em conta que esta é a geração que já viveu o maior número de recessões/crises, esta

O Worldcom Confidence Index, um estudo

queda de confiança pode ser um indicador da

mensal sobre a confiança e receios dos CEOs e

gravidade da crise que se avizinha. Registou-se a

CMOs, da The Worldcom Public Relations Group

mesma queda na confiança relativa a influencias

(Worldcom), líder mundial de empresas de

financeiras

Relações Públicas independentes, representada

empresarial. É esperado assistir-se a esta queda

em Portugal pela agência de comunicação e

também em Julho. Quanto a este tópico, em

marketing digital Do It On, lançou já o

último lugar, encontra-se a Eslováquia e, em

estudoreferente ao mês de junho. Como

primeiro, o Reino Unido.

previsto pelo relatório de maio, a confiança dos

CEOs em imagem corporativa e reputação de

marca sofreu um impacto negativo. A confiança

Fadiga motivada pelo Zoom... novo fator a

neste tópico não só viu a a terceira maior queda

considerar?

desde maio – desceu 5% – como também saiu

Um outro resultado interessante foi a queda de

do top 5 de tópicos de confiança dos CEOs.

confiança

Líderes na Índia marcaram o valor mais alto de

colaboração. O emergir da pandemia veio

confiança em imagem corporativa e reputação

acentuar

de marca, enquanto a Bulgária indicou o mais

colaborativas online, como o Microsoft Teams e o

baixo, ocupando, assim, o último lugar.

Zoom, o que pode indicar um crescente cansaço

provindo de reuniões virtuais.

Roger Hurni, Chair of The Worldcom Public

Relations Group, afirma: “O nosso relatório

Líderes

mensal de confiança dos líderes revela insights

confiantes de todo o Índice, enquanto

incomparáveis sobre os problemas que -

líderes búlgaros ocupam mais frequente-

e

na a

do

económicas

utilização

de

utilização

Reino

no

Unido

sucesso

tecnologia

de

são

de

plataformas

os

mais

51

E MAGAZINE


mente os últimos lugares. Portugal abaixo

por outro lado, o aspeto que inspira menos

da média de confiança de líderes mundiais.

confiança tem que ver com o comércio global e

Foram adicionados 15 países ao Índice, o que

acordos internacionais.

perfaz um total de 30 países de todo o mundo incluídos nos resultados de acompanhamento

Australasia e América do Norte foram as

mensais.

únicas regiões a registar uma diminuição de

Evidenciam-se

baixos

níveis

de

confiança entre os países da Europa Central e

confiança

Oriental. CEOs e CMOs destes países contam

O resultado global do ICW revela um pequeno

com os menores níveis de confiança em 12 dos

melhoramento desde maio – de 0.3%. Os níveis

23 tópicos, com a Bulgária a ocupar o último

de confiança entre executivos da região da

lugar em 6 destes.

Australasia decresceu, contudo, em 5% desde maio, enquanto a confiança na América do Norte

52

O ranking de confiança dos países conta com a

diminuiu em 1%. Os resultados demonstram

Eslováquia na última posição. Contrastando,

variações interessantes nas áreas de maior

destaca-se o Reino Unido, que aparece no topo

preocupação. Por exemplo, os líderes da América

do Índice em 9 dos 23 tópicos, seguido de perto

do Norte revelam a mais reduzida confiança na

pela França, detentora do resultado cimeiros em

gestão de situações de mau comportamento e

7 dos tópicos.

assédio sexual; por outro lado, a liderança na

Portugal, por sua vez, encontra-se abaixo da

Ásia parece ter o menor nível de confiança no

média de confiança (por 0.9%). Contudo,

que refere o impacto da comunicação de líderes

registou a maior subida de confiança entre maio

políticos no âmbito das redes sociais.

e junho – de 4.9%. Numa análise individual, a

preocupação

de

Todd Lynch, Managing Director do The Worldcom

trabalhadores foi a que mereceu um maior nível

Public Relations Group, declara: “estou bastante

de confiança por parte dos líderes portugueses;

agradado com o facto de termos duplicado o

E MAGAZINE

com

a

requalificação


número de países cobertos pelo nosso relatório mensal. Significa que o ICW fornece insights

globais

comparação

sem

sobre

as

tendências vistas da perspetiva de CEOs e CMOs. É esperado que

o

número

continue

a

de

países

aumentar

nos

próximos meses”. Worldcom Confidence 10 O

ICW

destaca

preocupações/níveis

as de

confiança através de 23 tópicos e 6 audiências. O ICW destaca as preocupações/níveis de confiança através de 23 tópicos e 6 audiências. As dez conclusões mais importantes de Junho, The Worldcom Confidence Index 10, são as seguintes. #1 Como previsto em maio, a confiança em reputação de marca saiu do top 5 de tópicos de confiança #2 A queda da confiança dos líderes com mais de 65 anos de idade pode pôr em evidência a gravidade da crise que está por vir #3 À medida que se manifestam as implicações financeiras da pandemia, a confiança dos líderes na influência de aspetos financeiros e económicos no sucesso empresarial viu a quarta maior queda (em 4%), acabando, assim, na posição 18 do ICW #4 O employer branding, a manutenção de trabalhadores e a garantia de novas competências que lhes permitam ser mais produtivos no “novo normal”: todos viram aumentos no engagement dos líderes #5 A confiança relativa ao uso de tecnologias colaborativas e de inovação viram a quarta maior queda, o que talvez seja um indicador de que os trabalhadores sentem falta de contacto presencial #6 A redução de plásticos e outros problemas ligados à sustentabilidade assistiram ao maior aumento de atenção por parte dos líderes (mais 7%), mas a maior queda de confiança – menos 7% #7 Os influencers consagraram-se audiência líder de atenção por parte dos executivos – mais 3% desde maio. Contudo, a confiança no que respeita a habilidade de satisfazer influencers decresceu em 8%. Clientes e trabalhadores verificaram aumentos de atenção. #8 Níveis de confiança em junho foram 28% mais baixos do que em novembro de 2019, apesar de uma pequena (0.3%) melhoria #9 Países da Europa Central e Oriental ocuparam tiveram 5 dos 7 resultados mais baixos de confiança #10 Níveis de confiança na região da Australasia diminuiu 5% desde maio – deixando o resultado justamente acima da média regional. A confiança dos líderes da América do Norte caiu 1%. Estas regiões mostram claras variações nas áreas de maior preocupação.#

53

E MAGAZINE


TXT RUI PINHEIRO PIC DANILO VAZ

O PRIMEIRO PONTO FUNDAMENTAL A TODO EMPREENDEDOR É SER APAIXONADO E ACREDITAR NO QUE FAZ, POIS SÓ ISSO TE MANTERÁ FIRME NOS ALTOS E BAIXOS, QUE SEMPRE OCORRERÃO.

ENTREVISTA EXCLUSIVA

54

E MAGAZINE


A Nomad Design Co. é um estúdio de design

-tra área'.

que tem dado cartas, mas é sobretudo pelo seu trabalho em segmentos como os

Foi ainda no último ano da universidade, na

acessórios de moda, artigos de viagem e

altura com apenas 20 anos que Danilo abriu a

mochilas que o estúdio se tem destacado.

sua primeira empresa, em sociedade com um

Fomos falar com o CEO, Danilo Vaz e

arquiteto, com foco em mobiliário, objetos de

contamos tudo nas linhas seguintes.

decoração e projetos de arquitetura, mas 'sem qualquer experiência prática, nos deparamos

Natural de São Paulo, cidade na região sudeste

com um percurso muito tortuoso e penoso, no

do Brasil, onde cresceu e viveu boa parte da sua

qual

vida, foi lá que Danilo iniciou o seu caminho

acabavam, a cada dia, com o sonho e o

profissional, primeiro a frequentar o curso da

romantismo inicial de ter uma empresa'. Ainda

escola

assim, sobreviveram três anos, quando se viram

técnica

de

produção,

mecânica

e

processos industriais. Foi ali, naquele momento

os

compromissos

e

as

obrigações

obrigados a encerrar a sua atividade.

que o empreendedor percebeu que, apesar de gostar muito do processo industrial, o sei

Pouco tempo depois, foi contratado por uma

coração preferia as artes, a arquitetura, o

empresa

design: 'o lado humano do objeto ou espaço'

vendedor projetista, após alguns meses tornou-

de

mobiliário,

inicialmente

como

se coordenador de projetos e execução: 'foi meu 'Foi neste momento, ainda com 15 anos,

primeiro trabalho em uma empresa da minha

que encontrei no design o potencial de unir

área e isso serviu como grande aprendizado

esses dois mundos, aparentemente tão

sobre o que fazer e, principalmente, sobre o que

distantes, em um único lugar, no qual

não fazer'.

poderia

usar

minha

base

técnica

e

potencializá-la com a possibilidade de criar

Alguns anos mais tarde, com a falência dessa

algo que pudesse fazer diferença na vida e

empresa de mobiliário, a carreira de Danilo deu

no sentimento das pessoas'.

uma nova 'guinada inesperada', agora a trabalhar para o mercado de mochilas, malas de viagem e

Terminada a escola técnica, Danilo ingressou,

acessórios,

em 1996, na Fundação Armando Álvares

brasileira

Penteado (FAAP), em São Paulo, na faculdade de

experiência na área, mas pude crescer muito

Desenho Industrial com foco em Projeto de

profissionalmente, aprender bastante sobre um

Produto. Foi lá que, durante quatro anos, a sua

real ambiente corporativo e criar um bom

'paixão adolescente por carros e o desejo de,

networking no setor, tanto no Brasil quanto fora

um dia, poder vir a desenhá-los, se virou para a

do

área de mobiliário, de forma tão intensa e

internacionais lá e criei estreitos laços com

arrebatadora que não me via a trabalhar em ou-

fábricas e fornecedores na China, onde fiz gran-

país'

para do

(...),

uma

setor:

´tive

relevante

'não

tinha

muitas

empresa qualquer

experiências

55

E MAGAZINE


grandes amigos, parceiros, contactos e também

como empresa'.

onde passei grande parte de minha vida em viagens de negócios'. Influências 'Considero este período uma consolidação designer,

Quisemos saber quais as influências de Danilo e

especializei-me em uma área que nunca

o empreendedor referiu: 'foram muitas pessoas

havia imaginado, evolui muito e ainda hoje

ao longo de minha vida e continuo a conhecer

sinto-me parte importante de um case de

pessoas inspiradoras todos os dias, porém, não

sucesso, , pois, a cada ano, crescíamos dois

posso deixar de citar meus pais e irmãos, pois é

dígitos e nos tornávamos, cada vez mais,

neles que, cada vez mais claramente, consigo

uma empresa referência no setor'.

enxergar de onde vêm as minhas características

de

minha

carreira

como

mais básicas, meus valores e até a origem do anos

meu comprometimento profissional. Devo tudo

consecutivos e foi lá que Danilo passou por

isso a essa minha base familiar… E, claro,

diversas áreas e segmentos, como designer de

também a minha esposa e meu filho, que me dão

mochilas infantis, bolsas femininas, acessórios

força para continuar a luta diária e tentar ser, a

de viagem até se tornar responsável por toda a

cada dia que passa, uma pessoa e um

composição de portefólio e gestão da categoria

profissional melhor'.

Esse

crescimento

deu-se

por

11

de produtos para Viagem e Negócios, 'sempre a manter um contato muito próximo com todas as

A Nomad Design & Co.

áreas e a participar ativamente de todos os Para Danilo a Nomad Design Co. é fruto do

processos da empresa'.

sonho de ter o seu próprio negócio e poder O empreendedor chegou a iniciar alguns

trabalhar junto dos seus clientes, colaboradores

projetos pessoais enquanto ainda estava nessa

e parceiros da forma que acredita que deva ser

empresa, porém, não chegou a concretizar

feito.

nenhum deles. Até que, um dia, 'respirou fundo' e decidiu que era hora de realizar o sonho de

'Sempre gostei de agregar gente à minha

ter sua própria empresa, nascendo assim a

volta, adoro pessoas. E a Nomad nada mais

Nomad

2014.

é do que isso: um ajuntamento de pessoas

Inicialmente sediada em São Paulo, com dois

com boa sinergia, que trabalham unidas em

postos de trabalho em um espaço de coworking,

prol de um objetivo em comum, sempre com

a equipa mudou-se para Portugal em 2016.

responsabilidade,

Desde

comprometimento, mas também de forma

Design

2018

incubadora

Co.,

estão de

em

julho

sediados

base

criativa

de

no da

Labpac, Set.up

seriedade

e

leve, prazerosa e divertida'.

Guimarães (gerida pela Câmara Municipal). Com da

A equipa preza o relacionamento de longo prazo

Plataforma das Artes e Criatividade, o que dá à

com todos que 'a cercam', sejam eles clientes,

equipa 'um incrível apoio para crescer e evoluir

parceiros ou colaboradores.

a

56

sede

E MAGAZINE

localizada

mesmo

no

centro


57

E MAGAZINE


'Queremos formar uma base sólida na qual

pessoas que nela ou com ela trabalham e, hoje,

os clientes saibam que podem contar

nossa rede é formada por quase 20 profissionais,

connosco

suas

entre colaboradores e parceiros, sendo que a

empresas e não apenas um prestador de

metade deles é muito ativa no dia a dia da

serviço, que só quer enviar a fatura após o

empresa'.

para

sermos

parte

de

término do trabalho. Isso tem se mostrado algo acertado, pois temos negócios e

Internamente, a Nomad conta com cinco pessoas

relacionamento

no

com

todos

os

nossos

quadro

de

funcionários,

sendo

quatro

clientes até hoje, e mais de 60% de nosso

designers especializados na área gráfica ou de

faturação vem de empresas que estão

produto. Não existe uma separação do trabalho

connosco desde o primeiro ano'.

pela especialização, Danilo é como designer de produto e hoje, está à frente de um projeto de

Outro ponto importante, que Danilo considera

marca e comunicação visual, amanhã, a designer

estar diretamente ligado a esses 'preceitos' é a

gráfica da equipa pode estar a lidar com aspetos

''vontade de, sempre e cada vez mais, oferecer

técnicos de um protótipo que está a ser

um pacote completo, um serviço 360 graus aos

realizado.: 'é sempre de uma forma muito

clientes, oferendo uma rede de serviços com a

integrada e colaborativa, sem hierarquia definida,

qual podemos viabilizar qualquer projeto.

como acredito que deva ser um trabalho em equipa'.

Relativamente à rede Nomad Design & Co., é bastante multidisciplinar e, além de designers

Além da equipa de designers e toda rede de

das mais diversas áreas, é formada por

parceiros, a empresa tem uma quinta pessoa,

fotógrafos, modelistas, costureiras, estilistas,

responsável pela área financeira e administrativa,

decoradores,

de

a sócia de Danilo, Melissa de Albuquerque, que,

marketing (estratégico e de ação), engenheiros,

de acordo do empreendedor 'tenta botar um

economistas, advogados e até fabricantes (em

pouco de ordem na casa e deixar-nos livres para

Portugal, Brasil e China) e empresas de logística,

fazermos o que gostamos e o que fazemos de

tecnologia e controle de qualidade.

melhor: criar, planear e executar'.

A equipa

O mercado

Embora exista oficialmente há 6, a Nomad reúne

Atualmente, o segmento de acessórios de moda,

mais de 17 anos de experiência. Embora seja

artigos de viagem, mochilas e sacos para o dia a

uma equipa pequena é bastante dinâmica:

dia

'

''atualmente atuamos com nossos clientes de

'que, aliada a nossos parceiros, formamos

forma abrangente, desde o projeto do produto

um “ecossistema” multidisciplinar muito

em

interessante e eficiente'.

posicionamento

jornalistas,

profissionais

são

si,

o

maior

a

mercado

criação da

de

marca

da

empresa:

estratégias até,

enfim,

de seu

lançamento no mercado' (...), 'no entanto, desde De acordo com Danilo, a' Nomad são todas as

58

E MAGAZINE

o ano passado, estamos fazendo um extenso tra-


59

E MAGAZINE


-balho de prospecção e preparação para a

Danilo refere que 'além da evolução constante na

entrada em novos mercados, entre os quais

prestação de serviço aos clientes, que é um dos

posso citar o setor do calçado e de mobiliário…

lemas da Nomad Design Co.', a equipa está a

Sim, depois de tantos anos afastado, estamos

preparar, em parceria com Maria João Catumba e

cada

Miguel Morais, um núcleo de prototipagem e

vez

mais

perto

desse

retorno

ao

mobiliário'.

produção de produtos aqui no distrito de Braga, que atenderá os atuais e futuros clientes, e tem

Danilo destaca alguns bons casos de sucesso ao

como objetivo exportar produtos de alto valor

longo de trajetória da Nomad e um dos que tem

agregado, valorizando a produção nacional e que

mais orgulho foi quando desenvolveram um

carregue a bandeira do produto português pelo

projeto de mochila urbana com tecnologia

mundo fora.

integrada para um grande cliente que 'estava um pouco desacreditado e perdido sobre o

Além disso, a equipa tem um grande projeto para

futuro da sua marca'.

criação de uma marca própria de mochilas customizáveis, a Zeepak: 'estamos a trabalhar

'Insisti muito em fazermos algo novo e

para que o produto se adapte ao usuário e não o

disruptivo naquele momento, que nos

contrário, como acontece hoje. Ainda estamos

colocasse no radar do mercado e na mídia.

em fase de desenvolvimento, prototipagem e

Após aceito o desafio e quase um ano de

definição de políticas e estratégias comerciais, já

desenvolvimento, lançamos o produto em

que

uma feira internacional e, antes mesmo de

disruptiva nesta área'.

queremos

também

atuar

de

forma

ele entrar no mercado, recebemos um contato por e-mail, por meio da equipa alemã desse meu cliente, a informar que a

EMPREENDEDORISMO

Audi gostava de ter exclusividade daquele produto, em sistema de cobranding com

Acho que o primeiro ponto fundamental a

nosso cliente, para venda em todas as Audi

todo empreendedor é ser apaixonado e

Stores do mundo e e-commerce para o

acreditar no que faz, pois só isso te manterá

lançamento do novo Audi E-tron'.

firme nos altos e baixos, que sempre ocorrerão. O segundo ponto é a resiliência e

O projeto deu um novo ânimo ao cliente, que

a capacidade de aprender com os erros, pois

hoje caminha a passos largos para ter uma

sempre cometemos muitos, mas só assim

marca e portfólio cada vez mais forte no

cresceremos de verdade. O terceiro é ser

mercado internacional, provando, mais uma vez,

adaptativo e flexível; chegar à conclusão

uma mensagem que Danilo defende: 'o design

que um caminho não está dando frutos e

sempre fará diferença em como as pessoas

decidir mudar não é uma decisão fácil. O

vêem e sentem as marcas '.

quarto e não menos importante é ter um plano, um objetivo claro que te guie, pois é

O futuro

60

E MAGAZINE

fácil nos perdemos do nosso real propósito.


Se já tens uma ideia de negócio ou uma empresa, de base criativa ou tecnológica, não estás a zeros. Sabias que o que já tens é o passo mais complicado? A Set.Up Guimarães tem todos os equipamentos e o “know-how” necessários ao desenvolvimento do teu negócio. Poderás ainda ter acesso a: - apoio técnico especializado - espaço de trabalho a preço competitivo - uma rede de mentores - vários eventos e networking - rede de parcerias e vários perks

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TXT RUI PINHEIRO PIC SÍLVIA CORREIA

EMPREENDER (...) É SAIR DO CAMPO DAS INTENÇÕES E ACELERAR AS MUDANÇAS, É RESOLVER PROBLEMAS TENDO COMO FOCO A SOLUÇÃO, É AVANÇAR MESMO QUANDO AS DIFICULDADES ESPREITAM E DECIDIR ‘VOU FAZER NA MESMA PORQUE ACREDITO!'

62

E MAGAZINE


Nesta

edição

da

Emagazine

fomos

um curso intensivo de Inglês em Newcastleupon-Tyne; estava encontrada uma outra paixão:

conversar com Sílvia Correia. e

as viagens: 'comecei aí a tratar os aviões por tu e

empreendedora social, passou por Paris,

a criar a sua rede de contactos estrangeiros;

Milão, China, Índia e Bangladesh. Hoje é

começou por um indiano na viagem de Londres

responsável por 2 projetos de voluntariado

para Newcastle e por um casal de norte

incorporados

é

americanos que viajavam de Londres para Lisboa

também CEO: a Creative Zone, bem como

– amizade que se mantém até hoje e que lhe

do projeto que está a sensibilizar as

valeu 2 idas à Califórnia, já Portugal 'ganhou dois

pessoas para a importância da mudança de

cidadãos honorários que não se cansam de

hábitos de comportamento para com o

promover o nosso país e até já compraram

Ambiente e para com Pessoas diferentes,

apartamento em Braga'.

48

anos,

mãe,

na

empresária

empresa

da

qual

via inclusão, o Restore.

Sílvia Correia Em tom de brincadeira costuma dizer que só teve calma para nascer porque estava a ‘digerir’ a sua entrada nesta aventura chamada Vida: 'filo de forma diferente e nada fácil para a minha mãe (que me valeu alguns lembretes por parte da minha mãe…) porque nasci ao contrário …só para ser diferente'. A empreendedora considera que sempre foi muito focada nos objetivos a que se propôs: 'lembro-me perfeitamente do primeiro que estabeleci: com 5 anos estava na cama a folhear um livro e quando a minha mãe me veio dar um beijo de boa noite eu disse-lhe um dia vou saber ler isto tudo. O outro objetivo que me marcou foi 4 anos depois quando, com 9 anos cheguei a Braga para frequentar o 5º ano e tive a primeira aula de Inglês… decidi que seria a melhor nesta disciplina. Estavam encontradas 2 das minhas paixões: a leitura e o Inglês!' A primeira experiência laboral de Sílvia foi no verão dos seus 16 anos para pagar a sua primeira viagem de avião a Inglaterra para fazer

Decidiu ir para Lisboa fazer o curso de Economia, mas a empreendedora tinha outro objetivo a cumprir - tirar a carta de condução, conduzir tornou-se outra das suas paixões. 'No meu 4ª ano decidi fazer um semestre de Erasmus em Gent, Bélgica para poder enriquecer o currículo académico, desafiar os meus limites, testar a capacidade de viver sozinha (não havia transportadoras low-cost, era ir e voltar quando acabasse), desenvolver competências, partir à aven-

63

E MAGAZINE


língua

Aprendeu italiano e ainda hoje, passados 20 anos

(Flamengo), conhecer pessoas de diferentes

do seu regresso, faço aquilo a que chama

nacionalidades e encontrar outra paixão

‘tourism stalking’ sempre que ouve italiano, 'é

que teria um desenvolvimento uns anos

mais forte do que eu!'

tura,

aprender

uma

nova

mais tarde: o Italiano!' Regressou a Portugal para o mundo têxtil-lar como responsável pelas áreas do Marketing, Sílvia foi bancária em Braga e em Guimarães,

Design e Licenças na maior empresa de têxteis-

mas faltava algo, chegou a oportunidade com

lar em Portugal.

um cartão de Natal vindo de França e emigrou para a Suécia para iniciar o namoro – que ainda

'Viajei para países como a China, Índia e

mantém com outra paixão: o Marketing 'foi uma

Bangladesh para conhecer uma realidade

experiência incrível, pessoal e profissional, de

têxtil e empreendedora diferente, conheci

crescimento e aprendizagens, viajei pelos vários

sociedades e realidades que me testaram e

escritórios desta multinacional (em 6 meses

que

levantei voo 43 vezes!) e fui colocada 6 meses

profissionalmente e que me motivaram,

em Paris. Depois foi-me dada a oportunidade da

ainda mais, a avançar com o meu projeto

minha vida, aquela que me marcaria para

pessoal, a minha Creative Zone'.

sempre

como

profissional

pessoa:

enriqueceram

pessoal

e

a

possibilidade de morar e trabalhar em Milano,

O primeiro apoio incondicional e que reforçou a

Itália!

sua confiança para avançar veio da Índia,

E

aconteceu

mais

arrebatadora e para a vida'.

64

e

me

E MAGAZINE

uma

paixão,

resultado de um trabalho de entrega, de supe-


-ração e de respeito: 'vale sempre a pena to walk

orgulhosamente conta histórias na Pediatria do

the extra mile'.

Hospital de Braga.

Sílvia é completamente apaixonada pelo seu

Em plena pandemia criou a empresa Essential

trabalho:

Together para gerir o meu projeto mais recente e a atual 'menina dos seus olhos': a re.store® - a

'considero-me

uma

privilegiada

porque

adoro o que faço e faço o que adoro e

marca amiga do Ambiente e das Pessoas, que criou em 2019:

acredito que a chave para fazer a diferença é permitir que as pessoas se tornem

'com a re.store® não pretendo mudar o

agentes de mudança positiva e criativa'.

mundo, mas muitos pequenos mundos em Portugal e no estrangeiro, sensibilizando as

É conhecida pelas suas competências de

pessoas para a importância da mudança de

organização e motivacionais e destaco-se na

hábitos de comportamento para com o

capacidade

Ambiente e para com Pessoas diferentes,

de

construção

de

equipas;

considera-se determinada, focada nos projetos

via inclusão.'

em que está envolvida: 'estou sempre de antenas ligadas para o projeto que se segue'.

Desde abril 2005 que exerce aquele que considera ser o seu papel mais importante e

A empreendedora é responsável por 2 projetos

exigente, o de Mãe!

de voluntariado incorporados na sua empresa Creative Zone: D’Avo With Love e How Can I Help

'O meu Lema é roubado ao Miguel Torga: "O

You? e é também uma ‘Nuvem’ que -

destino destina, o resto é comigo!'

65

E MAGAZINE


As duas mulheres da sua vida

Arco de Baúlhe tinha em Moure, Vila Verde:

Quisemos saber quais as pessoas que mais

'adorava ir com ela nas suas idas semanais a

influenciaram Sílvia Correia: 'são duas mulheres

Moure para a ver em ação, a negociar a venda

da minha vida'.

dos pinheiros, do vinho, do milho, a planear as

A sua mãe, 'pela sua capacidade de cuidar e de

produções do ano; ir ao mercado (a Braga e à

entrega ao próximo, pelo seu trabalho de

Feira Nova) com a minha avó era uma lição de

educadora e por atender às necessidades de

negociação, uma experiência para todos os meus

todos no nosso núcleo de família'. Sílvia é

sentidos e com ela aprendi a importância da

licenciada em Economia, mas costuma dizer que

leitura da linguagem corporal para chegar aos

a mãe é a melhor economista que conhece no

objetivos pretendidos. Foi com ela que aprendi a

que toca a gestão de recursos porque, apenas

gerir dinheiro, a fazer o troco dos pagamentos

com o salário do seu pai, conseguiu educar 3

feitos na ‘tasca’, a identificar o perfil dos clientes,

filhos e gerir uma casa, 'e este é um verdadeiro

a lidar com o público, a fazer as primeiras vendas

feito de gestão de prioridades e de otimização

(sim, no mercado em Braga) (...), e foi com ela que

de recursos disponíveis com uma divisão

aprendi a não desperdiçar porque até as cascas

equitativa por todos os membros'.

das batatas continham ingredientes necessários para as galinhas por isso nunca se deitavam fora,

A sua avó Joaquina, 'mãe da minha mãe, uma

eram cortadas em bocadinhos finíssimos para as

mulher absolutamente extraordinária, com uma

coitadas das galinhas não se esganarem.

visão muito à frente do seu tempo. Tinha a 3ª classe (o que era um feito notável no tempo em

Com ela Sílvia aprendeu a importância de estar

que viveu), uma mente sagaz, um raciocínio

informada e de manter a sede de aprender: 'era

lógico impressionante e uma capacidade de

a minha companheira quando chegava tarde de

fazer

absolutamente

Guimarães para jantar depois de um dia

excecional. Com ela interiorizei que ‘aprender é

preenchido no Banco e ela se sentava à mesa

até morrer’, aprendi a somar e a fazer a prova

comigo para me fazer companhia e responder à

dos nove com 5 anos quando fazíamos, juntas,

minha pergunta ‘Então, avó, o que se passou hoje

as contas mensais no livro de apontes da tasca

no mundo?’ Era o meu ponto informativo, o meu

que geria com pulso de ferro num mundo

porto de abrigo e ainda hoje é a minha

tradicionalmente de homens'.

inspiração, a fonte da minha tenacidade e

contas

de

cabeça

resiliência, o meu norte no que toca a fazer o 'Inspirava respeito, era leal, liderava pelo

bem!

exemplo, preocupava-se com as pessoas que geria, trabalhava com brio e com

A re.store®: a marca amiga do ambiente

respeito pelas diferenças… ‘o que seria do

A marca re.store® começou a ser construída em

amarelo se não houvesse gostos, minha

janeiro de 2019 e nasceu em outubro de 2019

filha?’ dizia-me com frequência.'

'com o propósito de lançar produtos que possam aplicar as premissas da economia azul através da

A avó de Sílvia foi, durante mais de 50 anos feitora’ das várias terras que um Engenheiro de -

66

E MAGAZINE

reutilização de desperdícios e sobras têxteis'.


'Tendo estas premissas como base, a mesma assume um cariz importante em termos de impacto na vida de um grande número de pessoas porque RE.cicla, RE.utiliza e RE.duz'. 'Pretende afirmar-se como uma marca que contribua

para

uma

mudança

de

mentalidades e hábitos no que concerne a preocupação

da

população

para

as

questões ambientais e para a valorização das competências de franjas da população que têm dificuldades de integração e reconhecimento.' A empreendedora destacou ainda: 'os seus componentes são pensados para que tenham o menor impacto possível no processo produtivo: a etiqueta de branding é impressa em tecido de algodão orgânico, as alças são confecionadas com tecido de algodão orgânico, a etiqueta da marca é feita a partir de fios de poliéster reciclados e a etiqueta do conceito é feita a partir de desperdícios de algodão e sementes de plantas, sendo plantável'. Mas ainda há outro plus: a razão dos produtos serem pensados em termos de processos e componentes é porque estes são produzidos por utentes de entidades sociais e/ou indivíduos com necessidades especiais (físicas, sociais, emocionais, carências económicas agravadas, entre outros), sendo remunerados por esse trabalho de inclusão no processo produtivo dos produtos re.store®. Neste momento, o seu portfolio de produtos é constituído por: Sacos de compras, Bolsas de necessaire em felpo, Sacos de Verão e Bolsas multiusos criadas para proteger as máscaras sociais, mas com outras possíveis

67

E MAGAZINE


As duas mulheres da sua vida

funcionalidades. Todos podem ser adquiridos na

Quisemos saber quais as pessoas que mais

loja

influenciaram Sílvia Correia: 'são duas mulheres

www.restorebycz.pt, sob o mote ‘ajude-nos a

da minha vida'.

ajudar’.

A sua mãe, 'pela sua capacidade de cuidar e de

'Neste momento temos associadas 10 IPSS

entrega ao próximo, pelo seu trabalho de

(apenas 6 ativas em Braga, Guimarães e

educadora e por atender às necessidades de

Famalicão) e estamos a ajudar pessoas com

todos no nosso núcleo de família'. Sílvia é

carências sociais que têm no nosso projeto

licenciada em Economia, mas costuma dizer que

uma

a mãe é a melhor economista que conhece no

vendidos mais de 6000 sacos pelo que já

que toca a gestão de recursos porque, apenas

impactámos diretamente mais de 6000

com o salário do seu pai, conseguiu educar 3

pessoas em termos de consciencialização'.

online

lançada

fonte

de

a

1

de

rendimento,

junho:

foram

filhos e gerir uma casa, 'e este é um verdadeiro feito de gestão de prioridades e de otimização

É totalmente ‘Feita em Portugal’ pelo que o

de recursos disponíveis com uma divisão

impacto

equitativa por todos os membros'.

económicos

também

se

medirá

portugueses

nos

(tela,

agentes

desperdícios,

etiquetas têxteis e em papel, entre outros): '6000 A sua avó Joaquina, 'mãe da minha mãe, uma

sacos quer dizer €6000 entregues a instituições

mulher absolutamente extraordinária, com uma

e/ou pessoas com carências sociais e essa é a

visão muito à frente do seu tempo. Tinha a 3ª

nossa principal métrica!'

classe (o que era um feito notável no tempo em que viveu), uma mente sagaz, um raciocínio

A re.store® acredita que os relacionamentos e o

lógico impressionante e uma capacidade de

trabalho em rede são as bases de qualquer

fazer

projeto

contas

de

cabeça

absolutamente

social:

'acreditamos

pode

ter

um

que

a

impacto

nossa

excecional. Com ela interiorizei que ‘aprender é

re.store®

na

até morrer’, aprendi a somar e a fazer a prova

conscientização e no comprometimento das

dos nove com 5 anos quando fazíamos, juntas,

pessoas para com o bem comum - meio

as contas mensais no livro de apontes da tasca

ambiente e social! Como consequência, também

que geria com pulso de ferro num mundo

teremos um impacto na vida daqueles que

tradicionalmente de homens'.

podem usar nossa marca/conceito para melhorar suas competências (confeção e outras) e obter

'Inspirava respeito, era leal, liderava pelo

uma fonte de rendimento sustentável'

exemplo, preocupava-se com as pessoas que geria, trabalhava com brio e com

A marca re.store® foi objeto de estudo no

respeito pelas diferenças… ‘o que seria do

trabalho de final de curso de um estudante da

amarelo se não houvesse gostos, minha

Haute École d’Ingénierie et de Gestion du Canton

filha?’ dizia-me com frequência.'

de Vaud em Lausanne, Suíça no âmbito da sua tese de final de curso a ser apresentada em

A avó de Sílvia foi, durante mais de 50 anos 'fei-

setembro próximo. As temáticas economia azul, responsabilidade ambiental e social e a possibi-

68

E MAGAZINE


-lidade de internacionalizar a marca, com foco

(cerca

de

98M

ton/ano)

para

produzir

na diáspora portuguesa, suscitaram interesse

coleções infindáveis, roupas que vão seu

no aluno e na comunidade académica que

usadas apenas uma vez ou nunca porque

validou a marca e aquilo que ela advoga para a

foram compradas por impulso, alimentadas

própria instituição.

por um consumismo desenfreado. (...) A produção mundial de têxteis é responsável

'Somos

orgulhosamente

uma

marca

pela emissão de cerca de 1,2b ton de gases

embaixadora e aceleradora do Human

(mais do que o somatório da emissão de

Power Hub / Braga. Acreditamos no poder

gases de todos os voos internacionais e

das parcerias e na importância das marcas

todos os transportes marítimos). 20% da

com propósito, aquelas que trazem a

poluição marítima global é atribuída ao

possibilidade de alinhamento de valores,

processo de acabamentos têxteis com um

de intenções e de ações e que nos

consumo anual estimado de 93b m3 de

permitem trabalhar a responsabilidade

água'.

coletiva que temos para com os problemas /desafios globais.'

São

estatísticas

completamente

a

que

surpreenderam

empreendedora:

'porque

Embora muito recente Sílvia considera que a

nunca imaginei, é que a lavagem da nossa roupa

re.store® já faz parte da solução e quer passar

na máquina origina 0,5mil ton de microfibras de

a imagem de uma marca empreendedora de

plástico no oceano! A nossa escala, a marca

impacto.

pretende trabalhar a pedagogia da mudança, estimular

a

consciencialização

coletiva

das

pessoas para a necessidade de mudar hábitos de Ajudar a reduzir o impacto ambiental e a

consumo e comportamentos. Tal como na

preservação do ambiente

Natureza, temos que sentir a importância da

A re.store® tem como princípio basilar a

palavra Comunidade onde todos contribuem,

reutilização de têxteis em produtos novos, sem

onde todos são necessários para o ecossistema

que, para tal, exista um processo industrial

e que este afeta todos nós. É importante fazer

associado em termos de transformação de

um marketing consciente focado em produtos

matérias. Ou seja, com tecidos que não teriam

duráveis, trabalhar o design dos produtos para

outro uso senão a sua destruição (incineração),

que

a marca construiu um conceito traduzido em

reutilizáveis. É preciso Comunicar às pessoas a

produtos funcionais, mas com uma componente

necessidade de usarmos o que temos e gerar

ambiental

forte:

valor que construa uma massa crítica que

'praticamos o princípio da Economia Azul, ou

permita alcançar uma escala otimizada. Parece

seja, usamos o que temos, geramos valor,

um cliché, mas, a frase de Kennedy é mais atual

construímos escala e massa crítica, com ética!'

do que nunca Não perguntes o que o teu país pode

e

social/emocional

muito

estes

sejam

atraentes,

funcionais

e

fazer por ti; pergunta o que tu podes fazer por ele! … 'A produção têxtil utiliza uma enorme

é só trocar a palavra País por Planeta e está

quantidade de recursos não renováveis -

feito!'.

69

E MAGAZINE


Creative Zone (CZ): uma agência criativa

Dishmob e aqueles que criou que enriquecem a

com 10 anos de história

CZ. O desenvolvimento dos projetos D’Avo With

A CZ celebrou 10 anos no passado dia 21/maio,

Love e How Can I Help You? são disso exemplo.

uma década que a empreendedora considera

'A Creative Zone orgulha-se de poder fazer-

pautada 'pela aventura e pela versatilidade, pela

acontecer com as suas capacidades, tempo e

mudança, por um acumular de experiências'.

muita paixão pelo que sabe fazer de melhor: provocar a mudança!'

'São 10 anos em que a CZ construiu

Em 10 anos surgiram muitos projetos novos e a

relações e que as soube acarinhar, em que

CZ foi diversificando as áreas de clientes:

angariou clientes, aliou-se a fornecedores

'desenvolvemos atividades em várias paixões: a

que se tornaram parceiros de aventura, 10

internacionalização, a têxtil e, desde há 3 anos, a

anos construídos de profissionalismo e de

área da saúde e do bem-estar! Criámos 2 marcas

amor à camisola'.

de que nos orgulhamos: a Bedattitude que transforma a imaginação em artigos têxteis para

'A paixão que nos move é mesmo aquela de

quarto e a re.store® – a marca amiga do Planeta

criar marcas que toquem, que envolvam,

e das Pessoas. Nasceram na CZ, mas já voam

que mexam e que agitem consciências. E é

sozinhas e até já fizeram nascer uma outra

por isso que a CZ tem na sua génese e na

empresa, a Essential Together! Que outro nome

sua atuação a Responsabilidade Social para

poderia ter esta empresa senão aquele que junta

com quem nos rodeia'.

as palavras Essencial e Juntos? E em Inglês, pois claro, porque uma das nossas

São projetos sociais como o movimento cívico

70

E MAGAZINE

paixões é a Internacionalização (e não esquecer


que uma das minhas paixões é o Inglês)'.

teres que fazer ‘n’ contas ou perderes noites de sono porque a máquina é pesada e a

A empreendedora realçou ainda que vivemos

carga

uma época de desafios, em que a necessidade

pergunta mais importante é: Vale a pena

da

empreender?'

CZ

se

reinventar

'como

pessoas

e

fiscal

é

assustadora.

Agora,

a

profissionais é diária': 'a Creative Zone não é exceção até porque temos uma obrigação

'E a minha resposta também é um ‘big and fat’

acrescida de estarmos atentos para o bem dos

SIM porque não imagino a minha vida de outra

nossos clientes'.

forma. Orgulho-me de ter enveredado nesta aventura da Creative Zone e, em plena pandemia,

'A

nova

economia

novas

ter lançado a Essential Together porque, como

oportunidades incríveis de crescimento

dizia Winston Churchill ‘Nunca desperdices uma

inclusivo, aquele que terá um impacto

boa crise’ e arriscar, andar para a frente com a

muito positivo na reputação das marcas,

certeza de que vai ser difícil, desafiante, que vais

permitindo

posicionamento

desanimar alguns dias, mas, na maior parte dos

diferenciado. É aí que a Creative Zone quer

dias vais levantar (cedo, sempre) olhar para o que

estar, a transformar essas oportunidades

conseguiste

em negócios sustentados, que façam less

tenacidade e ter a certeza de que o futuro será

bad and more good como diz Gunter Pauli'.

melhor, sempre melhor e, sempre que possível,

eco e socialmente responsável'.

atingir

apresenta

um

fazer

e

impactar

com

a

tua

É difícil empreender em Portugal? 'Sim, muito difícil porque temos um sócio

Futuro

maioritário que entra na nossa empresa

Para Sílvia, o futuro tem que ser eco e

sem pedir licença e que não é cumpridor,

socialmente

exige, mas não cumpre, não dá o exemplo

possibilidade, temos que estar conscientes desta

no que toca a ser correto, a ser motivador,

realidade, desta nossa obrigação para com as

a ser transparente'.

gerações vindouras'.

Sílvia acrescenta:

A empreendedora confessa que sempre que fala

'empreender em Portugal é quereres fazer-

à sua filha acerca de uma ideia que quer

acontecer ao ritmo que pode fazer a

desenvolver a pergunta é sempre a mesma ‘E

diferença para a tua empresa e para o teu

quietinha, não, mãe?’, diz Sílvia, que a filha sabe

setor e não conseguires porque esbarras na

que a energia da mãe vai ser dividida por mais

burocracia do estado ou no ‘sistema (como

aquela ideia. Já João Andrade que trabalha com a

os seus colaboradores gostam de dizer) ou

empreendedora, é mais ‘Oh, não!’ porque sabe

na irresponsabilidade sempre sem rosto

que vai ser chamado a contribuir para mais um

porque

nos

projeto (risos): 'o meu futuro tem que passar

dos

sempre pelo binómio fazer-acontecer, com ética,

não

processos;

é

existe

transparência

enfrentares

letargia

muitos ‘velhos do Restelo’ que ainda temos

responsável:

'não

existe

outra

com responsabilidade, com impacto, com uma

neste país, é quereres criar emprego e

71

E MAGAZINE


diferença positiva. Agora estou focada na

O que significa empreendedorismo?

re.store® porquea Creative Zone já anda sozinha sem a minha intervenção diária, mas

'Significa Criatividade, ser bicho-carpinteiro,

quando a re.store® estiver a andar sozinha terei

estar disponível para arriscar, para cair e

que dar à luz mais outro projeto ou adotar…

levantar,

quem sabe se já está identificado?'

resiliência,

para

ser

respeito,

criticada. ética,

Significa

querer

um

mundo melhor, fazer a diferença na vida das A empreendedora confessa que são tantas as

pessoas, fazer-acontecer; é sair do campo

oportunidades

de

das intenções e acelerar as mudanças, é

contribuir para um mundo melhor (o nosso e o

resolver problemas tendo como foco a

dos outros), são tantas as pessoas que precisam

solução, é avançar mesmo quando as

da nossa ajuda que será difícil não levantarmos

dificuldades espreitam e decidir ‘vou fazer

o braço e dizer ‘Em que posso ajudar?’

na mesma porque acredito!’.

de

fazer

a

diferença,

SÍLVIA CORREIA E JOÃO ANDRADE

72

E MAGAZINE


'EMPREENDEDORISMO SIGNIFICA RESILIÊNCIA E ARTE DE CONSTANTE MUDANÇA DE MODO A ALCANÇAR O OBJECTIVO TRAÇADO' TXT RUI PINHEIRO PIC FAST-MP

Fomos conhecer a equipa que desenvolveu a app Fast-MP, uma plataforma que funciona como ferramenta de trabalho para o canal Horeca, que acaba com as filas de espera, otimiza processos, contribui para o aumento de vendas e diminui o tempo de espera dos clientes. Tudo sobre a app e a equipa que venceu a última edição do programa Tourism Explorers nas próximas linhas. 73

E MAGAZINE


Composta por 3 elementos, da equipa fazem

experiência de ter participado num programa

parte o João e o Ricardo, engenheiros de

muito bem organizado e pelas competências

formação (Electrónica e Telecomunicações da

adquiridas mesmo tendo sido num curto espaço

Universidade de Aveiro) e Vitor, designer de

de tempo'.

formação. responsáveis

,João pelas

e

Ricardo

Operações

e

são pela

Os efeitos da pandemia A equipa de empreendedores considera que a

departamento técnico e Vitor pelo design.

pandemia veio acelerar o processo de adoção e Juntos criaram a Fast-MP, uma plataforma que

aceitação deste tipo de plataformas:

pretende ser uma ferramenta de trabalho para o canal Horeca, ao acabar com as filas de

'a sociedade portuguesa não foi excepção,

espera, otimizar processos, contribuir para o

no entanto, ainda existe alguma resistência

aumento de vendas e diminuir o tempo de

à mudança por parte dos nossos potenciais

espera dos clientes.

clientes. Em termos de adaptação, logo no inicio do isolamento criámos condições

'Para isso estão disponíveis os serviços de

especiais

para

esse

pedidos na mesa, pedidos de takeaway,

desenvolvemos

pedidos de entrega ao domicilio, reservas,

entrega ao domicilio'.

os

período

serviços

e

takeaway e

pagamentos via MBWAY que são ativados de acordo com as necessidades de cada

Atualmente a equipa ajuda as suas empresas

cliente,

clientes a criar condições de segurança para

concentrando

assim

os vários serviços numa única plataforma.'

servir os seus clientes: 'através do smartphone, o cliente final pode aceder ao menu, fazer o pedido

A ideia para este projeto surgiu quando a

e até pagar, quer se encontre dentro ou fora do

equipa utilizou a app UEFA Delivery na final do

estabelecimento. É possível ainda diminuir o

ultimo campeonato europeu de futebol: 'a ideia

tempo

estava interessante mas seria espectacular

estabelecimento através da reserva com pedido,

existir um marketplace acessível a qualquer loja.

aumentando assim a segurança e optimizando a

Uma das grandes vantagens para o utilizador

rotatividade, minimizando o impacto da limitação

seria ter apenas uma app e poder interagir com

da lotação'.

que

um

cliente

está

dentro

do

todas as lojas'. Para o futuro, a equipa pretende criar uma rede A Fast-MP foi o projeto vencedor da última

de clientes solida em Portugal e internacionalizar.

edição do Tourism Explorers, ganhando um prémio de 10 000€ de financiamento, o que ajudou a financiar a plataforma. No entanto a equipa

74

considera

que

'o

prémio

mais

Empreendedorismo:

significativo foi o reconhecimento do nosso

significa resiliência e arte de constante

trabalho, muito importante para manter a

mudança de modo a alcançar o objectivo

motivação em altas. Falta ainda referir toda a

traçado.#

E MAGAZINE



'PARECE IMPOSSÍVEL ATÉ ACONTECER'

Andreia Santos

PSICÓLOGA, TRAINER, COACH

76

E MAGAZINE


Chegamos

a

Agosto,

o

mês

em

que

quem imagina o impossível."

tradicionalmente estamos de férias e também aquele que marca o final de um ciclo e um

Alguns dos bons empreendedores mundiais

recomeço de ano empresarial. Talvez já estejas

diriam com convicção: "The future has

a preparar a reentrada desse lado e talvez então

always been crazier than we thought".

te ocorram mais reflexões sobre como seguir

Como é que se vive assim na dinâmica de

em frente, depois das tantas que já fizeste ao

um

longo do ano tão atípico e desafiador como

altamente impactante?

mundo

que

não

conhecemos

e

este. 2020 trouxe aos empreendedores a necessidade de ir além dos seus limites

O ser humano tem dificuldade em lidar com o

estabelecidos e além da superação até, porque

que não explica. Mais ainda, em aceitar que há

não se pode continuar neste momento sem

muitas coisas que não sabe e não pode saber

compreender claramente o que em nós mudou

antes de ver acontecer. O loop cerebral perante

e nos beneficiou alterando tudo o resto. A

situações inesperadas e perturbadoras, porque

pandemia está a mudar o mundo e apesar de

são geradoras de medos e perdas, é o de tentar

sabermos

ser

a todo o custo resolver, entrando no esquema de

necessariamente para melhor, ainda estamos

pensamento que analisa tudo e busca respostas.

em transição, para um empreendedor tem que

O grande problema é que às vezes não há

o ser porque transporta uma visão e não

respostas,

meramente

pandemia estão a ser e serão cognitivas também.

que

económica,

a o

ainda

não

tentativa que

o

está

de

a

emancipação

afastará

de

lógicas

reducionistas de combate da crise.

aparecerão.

As

mudanças

da

Lembro-me de um dia ter ido a um workshop de astronomia e ter ficado à conversa durante a noite sobre a contemplação das estrelas, foi há

São os acontecimentos como as pandemias que

alguns anos. Embora tenha conversado ainda

transformam claramente sociedades. A sua

recentemente sobre isto: somos infinitamente

imprevisibilidade, o seu forte impacto e a nossa

pequenos comparados ao que existe. E isto é

tentativa de explicação do processo trazem

para admitir. Somos ignorantes. E este processo

resultados a todos os níveis da vida humana. A

terá que fazer parte da nossa abordagem aos

sua antecipação não sucedeu porque não

fenómenos e aos negócios.

fomos para lá do que sabemos e só nos focamos nisso. Porque não saímos, como nos

Será muito isto que levaremos para o futuro.

diria Nassim Taleb, do passado e do futuro que

Mais do que resistir ou sair ileso do caos, evoluir

previmos sem este Cisne Negro que nos visitou.

mediante o impacto é o que agora nos tem sido proposto e não há solução senão viver. Este novo

"Concentramo-nos no que já sabemos e

paradigma trará crescimento e a cooperação

evitamos (...) o desconhecido. (Outras áreas

perante situações reais. Já não basta traçar

de conhecimento). Somos (...) incapazes de

planos e ter metas para atingir, é preciso

ver

tornámo-nos

consciencializar o invisível. Os impactos trazem

de

benefícios porque nos transformam mais em

as

oportunidades

vulneráveis

ao

e

impulso

sempre

simplificar, categorizar e não valorizar

nós, dando-nos a verdadeira escala do que nós

77

E MAGAZINE


somos: existem surpresas, stressores, falhas... e

empresas a criar e/ou reforçar apoios é de

cresceremos com eles. Tenho acompanhado

realçar. A Milestone deixa a iniciativa “1-on-1 RH

alguns empreendedores em transição e é

Open Door”, um espaço de apoio, comunicação

interessante verificar que o Mindset aberto à

aberta e partilha livre (...) com um membro da

descoberta

equipa

resulta

melhor

neste

tempo.

de

People

com

formação

e

Estamos em navegação e a única ação possível

especializações na área da psicologia – para

será, indo com o que temos, mas permitindo

partilha e apoio a qualquer tema que o

acrescentar sem saber o quê, continuar a olhar

colaborador necessitar." A forma como cuidamos

e ver, identificando vantagens e optando pelo

garante a força que teremos.

melhor, mesmo que os resultados demorem a aparecer. As oportunidades existem sempre,

Na mesma semana em que te escrevo perdemos

mas

estamos

alguém que nos legou a ambição de alterar

disponíveis para atender às necessidades que

estratégias pedagógicas convencionais. E porque

se vão apresentando. Os empreendedores que

é de aprendizagem que te falo sempre, então

souberem ler o tempo no tempo chegarão mais

permite-me apontar mais um caminho, usando

longe. Recomendo muito a leitura do Antifrágil

as palavras de Sir Ken Robinson: "Just because

de Nicholas Nassim Taleb. Este mesmo autor

you can't count it, that doesn't mean it

diz-nos num tweet recente: "How you did in

doesn't count." E até te digo, a tua criatividade,

this pandemic, as a country, a village, a

o que trazes de novo e te faz inovar, conta mais.

business, a group, or an individual, whether

Reforçando o que sempre foi uma premissa de

emotionally, economically, or morally, is an

sucesso no mundo empresarial, então quando te

indication of how robust you are and how

vires livre da caixa em que estás num primeiro

fit you will be for the next decades." Há

momento, quando te permitires ser gentil o

quem acredite que de facto estamos a ser

suficiente com o teu presente então conseguirás

testados.

triunfar. Como o empreendedorismo te coloca na

não

se

E

mostram

os

dias

se

não

exigem

que

os

acompanhemos, mais do que ele a nós.

análise da tua existência e esta não se separa do mundo, será a tua vida e as necessidades dos

Temos observado muitos exemplos, muitos dos

outros o maior motor de sobrevivência.

que alteraram o foco produtivo para dar resposta à pandemia e prevenir o futuro, como

Acredito que os grandes impulsionadores

novos serviços, não estão a salvo, mas já

deste

reúnem competências para evoluir. É o caso da

concebem tudo e aqueles que nos ocorrem

Fan 3D que se dedicou à produção de viseiras e

hoje quando dizemos que a "realidade

viu reconhecido o seu trabalho: “Os médicos

ultrapassa

não tinham noção da capacidade da tecnologia

impossíveis e o Walt Disney já o dizia, onde

3D e acho que agora as pessoas vão começar a

ele está a concorrência será menor. Que se

olharpara

criem equipas de ideias improváveis! Força desse

ela

com

outros

olhos”

(Eurico

Assunção). O foco nas equipas de trabalho e no seu bem-estar físico e emocional, com várias

78

E MAGAZINE

tempo

a

são

os

ficção".

artistas,

Pois...

lado, uma reentrada com muita garra!#

os

não

que


E

ATÉ À PRÓXIMA EDIÇÃO mal podemos esperar...


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