Educação em Revista - Edição 136

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P.20 / PEDAGÓGICO A polêmica lei da data-corte

P.24 / GESTÃO UMA PUBLICAÇÃO DO SINEPE/RS ›› Nº 136 ›› ANO XXIII ›› JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇO 2020

Instituções investem em energia fotovoltaica

REALIDADE DIGITAL Bem antes do que você imagina, tecnologias como 5G e computação quântica vão mudar a maneira como nós vivemos, aprendemos e, também, ensinamos

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››› Sumário

6 SINEPE EM AÇÃO Confira o calendário de eventos do Sinepe/RS

15 COM A PALAVRA

FOTOS DEPOSITPHOTOS

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Lucia Dallagnelo fala sobre uso da tecnologia

24 GESTÃO Instituições do RS adotam energia limpa

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CAPA

33 ››› INTERNACIONAL Sete passos para a internacionalização da escola em um mundo conectado

Como as instituições de ensino vão se preparar para as irreversíveis mudanças tecnológicas?

PESQUISA Marcelo Figueiró: ensinar é função do professor

35 RADAR Dependência da internet: como superar esse vício

37 COMPARTILHAR Anchieta completa 130 anos em 2020

41 POR DENTRO DA LEI Raquel Dilly Konrath explica o POPP

20 ››› PEDAGÓGICO Data-corte: nova lei gaúcha contraria normas do CNE para o ingresso de estudantes no Ensino Fundamental

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Editorial ›››

DIRETORIA: Presidente: Bruno Eizerik, 1º

Vice-Presidente: Osvino Toillier, 2º VicePresidente: Oswaldo Dalpiaz, 1º Secretário: Marícia da Silva Ferri, 2º Secretário: Iron Augusto Müller, 1º Tesoureiro: Hilário Bassotto, 2º Tesoureiro: João Olide Costenaro. Suplentes: Maria Helena Rodrigues Lobato, Ruben Werner Goldmeyer, Joacir Della Giustina, Laura Coradini Frantz, Nestor Raschen, Jacinta Maria Rothe, Carlos Roberto Milioli. CONSELHO FISCAL: Titulares: Ademar Joenck, Inacir Pederiva, Cátia Teresinha Lange. Suplentes: Isaura Paviani, Maria Angelina Enzweiler, Guilherme Kühne

EQUIPE: Direção: Milton Léo Gehrke.

Assessoria pedagógica: Naime Pigatto e Claudete Chiarello. Centro de Desenvolvimento em Gestão (CDG): Vera Lúcia Corrêa. Assessoria de Comunicação e Marketing: Luciana Moriguchi Jeckel Lampugnani, Carine Fernandes, Eduardo Oliveira, Tamara Stucky, Hermes Moura, Bruno Pinheiro e Alana Schneider. Financeiro: Matheus Philippi. Atendimento: Jaqueline Maria Rodrigues da Rosa e Suelen Schroeder Ferreira, Emília Pires e Joana Reni Vielhuber. Serviços Gerais: Ereni Souza da Silva e Naira Elizabetti Real.

REVISTA: Supervisão: Carine Fernandes

(MTB 15.449). Edição: Carlos Guilherme Ferreira (MTB 11.161). Reportagens: Pedro Henrique Pereira, Igor Morandi, Melissa Bulegon. Capa: Deposit Photos. Diagramação: Padrinho Agência de Conteúdo. Revisão: Milton Gehrke. Gestão em produção gráfica: BTWOB Soluções em Comunicação. Impressão: Gráfica Comunicação Impressa. Conselho Editorial: Prof. Osvino Toillier, Prof. Hilário Bassotto, Prof. Flávio D’Almeida Reis, Profª Mônica Timm de Carvalho, Profª Naime Pigatto, Profª Raquel Boechat, Prof. Ruy Carlos Ostermann, Profª Ângela Ravazzolo, Profª Rosângela Florczak e Prof. Gustavo Borba. Antenas: Adriana Gandin, Alfredo Fedrizzi, Caio Dibi, Crismeri Corrêa, Fernando Becker, José Moran, Laura Dalla Zen, Márcia Beck Terres, Mauro Mitio Yuki e Rodrigo Capelato. FALE CONOSCO – Redação: Cartas, comentários, sugestões, matérias – educacaoemrevista@sinepe-rs.org.br Comercial: Anúncios e assinaturas – comercial@sinepe-rs.org.br. Informações: Telefone (51) 3213.9090 e www.educacaoemrevista.com.br. ISSN: 1806-7123

A Educação em Revista não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressam o pensamento dos respectivos autores.

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ADMIRÁVEL MUNDO NOVO TECNOLÓGICO CARLOS GUILHERME FERREIRA Editor da Educação em Revista

N

as aulas de História, estudamos diversos períodos históricos para a evolução humana: Renascimento, Revolução Industrial, Iluminismo, apenas para ficar em alguns dos mais recentes. O que não aconteceu conosco – mas se desenha agora – é a possibilidade de nossos filhos e netos acompanharem, ao vivo, um novo marco: a revolução tecnológica. Sem o devido distanciamento histórico, parece improvável isolarmos o que acontece diariamente e já faz parte de nossa rotina. Trata-se de uma mudança, um passo rumo a um futuro não tão distante, porém revolucionário. Ao contrário da revolução tecnológica anterior, a de agora acontece de forma exponencial. Nos próximos anos, internet das coisas (IoT) e computação quântica, para usarmos dois exemplos, mudarão de forma radical a maneira como vivemos, nos relacionamos e, claro, estudamos e ensinamos. E aí entra o papel da instituição de ensino: como ela fica em um mundo no qual a informação está ao alcance de todos, em tempo real? Qual será o papel do professor? As aulas ainda vão ocorrer? São perguntas que tentamos responder nesta edição da Educação em Revista. E abrimos várias frentes: logo à página 8, nossa reportagem de capa se debruça sobre a tecnologia para educar e como ela funcionará em

um mundo com a virtual eliminação das barreiras de tempo e distância. Mudam valores, comportamentos, métodos - e as instituições de ensino transmitirão conhecimento, em vez de informação. Na página 13, complementamos nossa reportagem de capa com a seção Entre Aspas, na qual um artigo assinado aprofunda o modelo de ensino. Escreve o autor, João Finamor: “mais do que aulas EAD, é preciso aproveitar o fácil acesso às informações e a alta performance da internet para gerar novas experiências na sala de aula”. Faz sentido. E na seção Com a Palavra, à página 15, entrevistamos a especialista em tecnologia na educação Lucia Dellagnelo. Ela também reforça a necessidade de transformação da prática pedagógica, porém com uma boa notícia: o protagonismo do professor deve se manter. Ao projetar os próximos anos, ela antevê: “vamos ampliar as possibilidades do processo educacional, e o papel do professor, como tutor, mentor, suporte, não vai ser substituído. Em todas as análises a figura do professor continua como o fator mais importante da qualidade da educação”. Não deixa de ser reconfortante imaginar que, em termos de educação, o admirável mundo novo tecnológico que se avizinha trará um futuro não distópico, mas repleto de oportunidades de um aprendizado mais democrático, inclusivo e, principalmente, impactante. 

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››› Sinepe em ação

NO AR: SINEPE INAUGURA PORTAL MAIS MODERNO E PRÁTICO Site está mais dinâmico e busca facilidade no acesso à informação Confira em detalhes as novidades:

Associados l Agora o associado ao Sinepe/RS tem uma área localizada no canto superior direito. Com acesso via CNPJ e senha, a instituição pode ter acesso a documentos jurídicos e pedagógicos.

Notícias l As últimas quatro notícias ficam em destaque. Associados podem enviar suas matérias.

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Acesso Rápido l Na homepage, alguns serviços como Calendário Escolar, Banco de Currículos, Serviços Jurídicos, 2ª via de boleto e Convenções Coletivas, entre outros, podem ser facilmente acessados. Todos esses itens também estão disponíveis nas abas no topo do portal.

Benefícios l Além de ter uma aba no topo do site, Benefícios tem destaque na página principal. Aqui as instituições podem se associar ao Sinepe/RS e conhecer os serviços exclusivos oferecidos.

Newsletter l Ao final da página principal, receba as novidades do Sinepe/RS. Assine a Newsletter preenchendo os campos com seu nome e email e mantenha-se atualizado.

Cursos e Eventos l Os três próximos Cursos e Eventos que ocorrerão ficam destacados na homepage. Mais abaixo, todos podem ser acessados. É possível se inscrever.

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Sinepe em ação ›››

APPLAUSE, DIVULGAÇÃO

››› Próxima edição do Encontro de Gestores Pedagógicos do Sinepe/RS está prevista para ocorrer em 16 de junho

CALENDÁRIO DE EVENTOS 2020 Confira nesta página o que está previsto na agenda de cursos e seminários MARÇO

19

Seminário de Secretários

ABRIL

24

JUNHO

16

Encontro de Gestores Pedagógicos

30

JULHO

2 6

Seminário de Diretores

Grupo de Estudos de Inclusão

Desempenho e Feedback (Porto Alegre)

OUTUBRO

6e7

Defesa dos projetos finalistas dos Prêmios SINEPE/RS

8e9

Evento Legislação Escolar

NOVEMBRO

14, 20 e 25 Líder Coach

AGOSTO

19

Bullying (Regional: Caxias do Sul)

9 e 17

Evento para ensino superior

Evento Cursos Técnicos

MAIO

SETEMBRO

13

Bullying

11

Grupo de Estudos de Inclusão

25

Seminário de Matrículas

DEZEMBRO

3 www.sinepe-rs.org.br Consulte as datas e detalhes dos eventos

Entrega dos Prêmios SINEPE/RS 2020

Inscreva-se nos prêmios do Sinepe/RS l Abrem em 4 de maio as inscrições gratuitas para os Prêmios Sinepe/ RS - 18º Prêmio Gestão de Comunicação, do 15º Prêmio de Responsabilidade Social e do 11º Prêmio Inovação em Educação. As instituições associadas podem inscrever seus projetos até 6 de agosto por meio do hotsite premios.sinepe-rs. org.br. Podem participar projetos que promovam boas práticas de comunicação, iniciativas voltadas ao bem-estar social e ambiental e trabalhos que visem melhoria na qualidade do ensino por meio da produção pedagógica. Os trabalhos deverão ter um ciclo mínimo de seis meses. l 4/5 a 6/8 – Inscrições l 28/8 a 11/9 – Avaliação dos jurados l 24/9 – Divulgação dos finalistas e Honra ao Mérito l 6 e 7/10 – Defesas dos projetos finalistas l 3/12 – Divulgação dos vencedores e entrega dos prêmios

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››› Reportagem de capa

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Reportagem de capa ›››

Tecnologia para educar

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Não é exagero: a sociedade está prestes a encarar mudanças significativas de comportamento graças ao desenvolvimento de tecnologias como a internet 5G e a computação quântica. As instituições de ensino precisam entender como conviver com isso e, principalmente, que profissional e cidadão esse novo mundo espera.

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››› Reportagem de capa

PEDRO PEREIRA

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tão falado crescimento exponencial da tecnologia está prestes a mais uma guinada de impacto. Novidades como a internet móvel 5G, a computação quântica e a inteligência artificial prometem mudar, nos próximos anos, muitas relações de consumo, trabalho e convívio social. Isso, claro, tem forte reflexo na educação – tanto na forma como é feita, quanto nas exigências para profissionais alinhados com essa nova realidade. Sem dúvida, o principal ator nesse processo será mesmo o 5G. Sua capacidade de processamento simultâneo vai liberar o gargalo que hoje reprime o desenvolvimento de muitas outras tecnologias – a nova rede sem fio alcançará velocidades até 100 vezes maiores do que o 4G. A internet das coisas (IoT, na sigla em Inglês para “Internet of Things”) se tornará realidade, pois todos os equipamentos do dia a dia finalmente poderão conversar entre si com a velocidade necessária. Falamos até de eletrodomésticos hoje um tanto prosaicos, como geladeiras. A computação quântica também se destaca pelo potencial de transformação que anuncia. Os processadores quânticos são capazes de quebrar as variáveis para muito além de zeros e uns. Deixando de ser binário, o sistema consegue testar uma quantidade absurdamente maior de hipóteses em uma fração do tempo necessário pelos processadores convencionais. Para se ter uma ideia, a Google publicou artigo na revista científica Nature, em novembro de 2019, anunciando a construção de um processador quântico capaz de executar em três minutos e 20 segundos uma tarefa que o melhor computador do mundo, hoje, levaria cerca de 10 mil anos. Mesmo assim, para o professor da Fundação Instituto de Administração

(FIA) e CEO da INOVA Consulting, Luís Rasquilha, a primeira grande mudança não tem a ver com a tecnologia propriamente dita: é de mentalidade. “Ou as pessoas entendem que o mundo mudou, ou vai ser difícil sobreviver nessa conversa. Basta ver o que eu posso aprender hoje no TED, no YouTube, no Coursera, no Udemy e em tantas plataformas. Eu já não preciso ir à escola ou à faculdade para aprender sobre um tema”, exemplifica. Faz sentido. O head de transformação digital da venture builder 4all, Gustavo Schiffino, alerta para a dimensão das mudanças: “A aplicação do 5G e da computação quântica vai causar uma evolução significativa em internet das coisas, realidade virtual, realidade aumentada e todas as outras tecnologias porque elimina as barreiras de tempo e de distância. É como se estivéssemos, neste momento, a ponto de viver a mesma transformação como na chegada da eletricidade. É muito impactante e pouca gente está atenta a isso.”

Mudança de mentalidade É preciso entender que tipo de profissional e cidadão esse novo mundo pede. A relação da tecnologia com a sala de aula, que já não era simples, parece chegar a um ponto nevrálgico: se os educadores não compreenderem a relação entre as duas, ou os alunos não conseguirão fazer parte da revolução digital, ou perderão o interesse pelas aulas. Do profissional do futuro (próximo) será exigida responsabilidade social e ambiental, além do entendimento de que é possível melhorar o desempenho a partir dessas novas tecnologias sem perder a consciência de que elas estão sempre a serviço das pessoas.

“Fazer entender os novos valores e o espírito do tempo da sociedade moderna também é um dos grandes desafios das escolas e universidades para os próximos anos”, acredita o CEO do Share, Rafael Martins, especialista em cursos. Com tanta informação disponível, a função do professor deixa de ser a exposição de conteúdo e passa a ser de moderador da discussão. É ele quem orienta sobre o que buscar, em que fontes confiar e ajuda a refletir sobre a carga de dados vinda desses canais. CEO da INOVA Consulting, Luís Rasquilha vai além. Segundo ele, até mesmo a avaliação do Ministério da Educação, que é “conteudista, de competência técnica e pouca reflexão”, precisa mudar. Chegou o momento em que as instituições deixam de transmitir informação para passar conhecimento.

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Reportagem de capa ›››

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CONTEÚDO ONLINE DISPONÍVEL Confira aqui o especial da revista americana Wired sobre o 5G (em inglês)

GUSTAVO SCHIFFINO, head de transformação digital da 4all

“É como se estivéssemos, neste momento, a ponto de viver a mesma transformação como na chegada da eletricidade. É muito impactante e pouca gente está atenta a isso” “Durante 200 anos a educação se pautou pela revolução industrial operacional. ‘Faz e não discute’. Agora a gente reflete o que faz mais sentido, testa coisas novas, propõe outras abordagens. Com a disponibilidade de informação que o mundo digital nos deu, é cada vez mais difícil defender um modelo expositivo”, sustenta. Rafael Martins concorda que as instituições de ensino precisam transformar toda essa carga de informação em conhecimento de fato. “Veremos a educação cada vez mais focada em curadoria e métodos de ensino novos e ágeis, que contemplem estudantes ultra-conectados e com informação sobre qualquer coisa no seu celular. Capacidade analítica, sem dúvida, é um dos principais desafios e uma das competências mais procuradas pelas empresas hoje”, explica.

Não é fácil, no entanto, o professor se despir de um modus operandi consagrado por séculos. Muitas vezes acostumado com uma aula expositiva diante de 30 ou 40 pessoas, agora se depara com a possibilidade de enviar o conteúdo (próprio ou selecionado) por canais digitais e encontrar a turma para debater, refletir e ir além do que foi exposto. “O professor, em algum momento da sua carreira, cristaliza o conhecimento e tem grande dificuldade em absorver coisas novas. A flexibilidade é baixa. Não todos, claro, mas para se adaptar leva mais tempo. De repente fica difícil encontrar formas diferentes de dar aula, chamar atenção do aluno. Não tem como fugir desse mundo, até porque o celular, devidamente enquadrado, pode ser uma bela ferramenta”, pondera Rasquilha. 

LUÍS RASQUILHA, CEO da INOVA Consulting e professor da Fundação Instituto de Administração

“Ou as pessoas entendem que o mundo mudou, ou vai ser difícil sobreviver nessa conversa. Eu já não preciso ir à escola ou à faculdade para aprender sobre um tema” RAFAEL MARTINS, CEO do Share

“Capacidade analítica é um dos principais desafios e uma das competências mais procuradas pelas empresas”

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››› Reportagem de capa

No fim, é tudo sobre as pessoas

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ma abordagem tão tecnicista do futuro próximo pode sugerir que o bom profissional será aquele que dominar linguagens de programação, estatística, matemática, lógica ou qualquer atividade ligada ao setor. Bom, isso será importante, até mesmo básico para quem quiser ter destaque no mercado. Mas é consenso entre os especialistas que as carreiras mais exitosas serão de quem tiver sólida formação humana. O raciocínio, a capacidade de resolver problemas, encontrar soluções, com-

petências de relacionamento e o desenvolvimento das chamadas soft skills são a base para que depois o estudante possa trabalhar em qualquer área. Ou seja: quanto melhor cidadão, melhor profissional. “Se as respostas ficaram para os computadores, as perguntas ficaram para os humanos. Precisamos ter inteligência muito mais emocional, ser criativos, ter calma, coisas que são fundamentais em uma era de bastante turbulência”, observa Gustavo Schiffino, da 4all. 

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Por onde começar l Diante de tantas e tão grandes novidades, confira como o professor pode se adaptar e preparar os alunos para a revolução digital.

Conhecer melhor os alunos l Entendendo a motivação e as particularidades de cada um, é possível usar os recursos tecnológicos de forma mais adequada.

O ecossistema é importante l Cada aluno tem uma realidade, uma família, um contexto. Compreender as reações de acordo com essa bagagem ajuda a aproximar alunos e professores e estimula a troca de conhecimento.

Posicionamento dos educadores l Motivar e capacitar a equipe da instituição de ensino ajuda para que cada um busque as ações mais adequadas para o conteúdo em questão. Ações de gamificação e teatralização podem engajar alunos e professores ao mesmo tempo.

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Entre Aspas ›››

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João Finamor Graduado em Engenharia, Pós-graduado em Marketing, Mestre em Design pela UFRGS, é professor na ESPM-Sul e professor convidado na pós-graduação da Unisinos, além de atuar como consultor na área de marketing digital para empresas e digital influencers.

O impacto da 5G na transformação digital do ensino Mais do que aulas EAD, é preciso aproveitar o fácil acesso às informações e a alta performance da internet para gerar novas experiências na sala de aula

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os últimos anos, a revolução digital andou a passos longos, os acessos a dados e a democratização da internet trouxeram um novo comportamento de consumo em todas as esferas, do entretenimento à educação. Todos os setores se depararam com um novo paradigma da sociedade. Um dos fatores que vêm para acelerar essa revolução é a chegada da 5G. O termo 5G é usado para denominar a próxima era de redes de dados móveis. Essa nova tecnologia trará conectividade instantânea e uma performance muito superior ao que se utiliza hoje em dia nos dispositivos. A vice-presidente corporativa da Intel, Aicha Evans, destacou: “O 5G deixará a internet muito mais eficiente e eficaz, se pensarmos em um espectro de eficiência.” Isso significa que seremos multi-conectados, em todos os lugares e em todos momentos, e é nesse cenário próximo que surge um grande desafio na educação: como a transformação digital vai impactar num sistema de ensino

em que, por muitos anos, o professor foi a fonte de informação? É fato que, com a criação do Google, as informações que antes estavam nas bibliotecas e nos livros hoje estão ao acesso de um clique. Se alguém quer saber sobre o coronavírus, por exemplo, basta buscar no Google e poderá aprender sobre ele, seja lendo em sites, assistindo a vídeos no Youtube ou escutando um podcast. Dessa forma, a resposta da questão acima está na pergunta: “transformar”. É preciso mudar o modelo de ensino. Para isso, temos de enfrentar a resistência dos modelos analógicos, seja de comportamento bem como os de ensino. Mais do que aulas EAD, é preciso aproveitar o fácil acesso às informações e a alta performance da internet para gerar novas experiências na sala de aula. Para isso, é preciso investir na capacitação dos professores, para que eles possam preparar o terreno dessa transformação. Porém, para que o professor consiga prepará-los adequadamente, ele mesmo precisa tornar-se, de certa forma, um especialista em tecnologia e adequar as possibilidades advindas com a 5G, na sua área de atuação e dentro da sala de aula. Embora o processo de inovação envolva pesquisa, é necessário ter oportunidades de fornecer

um mecanismo atraente. Dessas novas possibilidades, destaca-se a VR e a VA, realidade virtual e realidade aumentada. Essas duas tecnologias possibilitarão uma maior interação de alunos e grupos com objetos complexos: criação e interação on-line com objetos 3D, reproduções em dispositivos mobile. Trarão a possibilidade de experimentar mais, complementando o que muitas vezes é abstrato ou intangível em estratégias tradicionais de ensino. Essas tecnologias ainda dão a possibilidade de “telepresença”, permitindo uma maior interação entre alunos e professores, que poderão “estar” em lugares, mesmo sem estar fisicamente no local. Esse é só um exemplo de possibilidade. Podemos incluir nessa equação internet das coisas, sistemas de inteligência artificial, entre outras tecnologias. O fato é que a chegada do 5G mudará de forma abrupta o comportamento de diversos setores, inclusive na educação, mas destaca-se que esse cenário, embora próximo, apresenta uma série de dificuldades no Brasil, afinal, a tecnologia antecessora, a 4G, não está implementada em todo território brasileiro. E, mesmo com o governo acelerando essa implementação, a transformação digital na educação não será na mesma velocidade da 5G. 

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PÓS-GRADUACAO INOVACAO E METODOLOGIAS ATIVAS NA EDUCACAO:

DA GESTAO DO ENSINO À SALA DE AULA

Módulos

Competências socioemocionais Inovação, metodologias e personalização de ensino Currículo em ação: BNCC e modelos internacionais Tecnologia como ferramenta de ensino e aprendizagem Projeto de intervenção Avaliação: análise de dados e gestão do ensino

Encontros mensais I Início em abril de 2020

51 3212 7600 factum.edu.br/pos-graduacao

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Com a palavra ›››

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FOTO ÉRIKA MORAIS, DIVULGAÇÃO

››› Lúcia (C) faz reuniões de trabalho com a equipe do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB)

“A tecnologia tem de transformar a prática pedagógica da escola” A especialista em tecnologia na educação Lúcia Dellagnelo acredita que a quantidade de recursos tecnológicos aplicados no processo de aprendizagem são menos relevantes do que saber o que fazer com eles

PEDRO PEREIRA

É

uma falácia pensar que os jovens conhecem tecnologia”. É assim que a mestre e doutora em Educação pela Universidade de Harvard (EUA), Lúcia Dellagnelo, começa a explicar o quanto as escolas ainda precisam andar para formar cidadãos digitais. Por mais naturalidade que tenham ao utilizar gadgets e afins, os alunos geralmente não sabem como os sistemas funcionam e, principalmente, como trabalham para ditar comportamentos – assim, acabam expondo dados de forma perigosa e consumindo informações no mínimo duvidosas.

Especialista em tecnologia na educação, Lúcia é diretora-presidente do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB), com sede em São Paulo. No dia 12 de maio, às 10h, ela sobe ao palco do evento Bett Educar, na capital paulista, para explicar “Como Criar Escolas Conectadas”. Lúcia conversou com Educação em Revista e deu dicas sobre como as instituições de ensino podem – e devem – falar de tecnologia dentro do currículo. O mais importante, segundo ela, é que as escolas entendam a tecnologia como um meio, mantendo o protagonismo do professor como figura que orienta e promove a reflexão. Segue ›››

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››› Com a palavra Educação em Revista – Quais as principais tendências para a tecnologia em sala de aula nos próximos anos? Lúcia Dellagnol – A inteligência artificial vai permitir desenvolver materiais interativos, formas de avaliação que darão feedback quase em tempo real para ajudar no processo de aprendizagem. Muitas plataformas adaptativas utilizam inteligência artificial e permitem que aluno construa um processo dentro do seu ritmo de aprendizagem, com seus conhecimentos prévios. A capacidade de personalizar experiência de aprendizagem é uma grande contribuição para o processo de ensino. Já a internet das coisas permite que os alunos sejam monitorados mesmo quando estão fazendo outras atividades, não necessariamentes ligadas a um computador, para saber o que está e o que não está dando certo em termos de aprendizagem. Outra tendência importante é a realidade virtual, cuja imersão em situações de aprendizagens é muito atraente e engaja muito os alunos. E, atualmente, quais as principais tecnologias à disposição das escolas? Mais importante do que o tipo da tecnologia, é a mobilidade. A tecnologia, em termos de infraestrutura, precisa de acesso por meio de notebook ou tablets e uma boa conectividade para não parar tudo no meio da atividade. Hoje existem várias plataformas de conteúdo muito interessantes e que em muitos casos substituem livros didáticos. É o caso de tarefas relacionadas à Matemática, linguagem, ciências, laboratórios virtuais. A ideia é que seja um recurso educacional. Não precisa de tecnologia em todas as aulas – em algumas o diálogo faz muito mais sentido do que o uso da tecnologia. Essa dosagem o professor precisa fazer. E o professor está preparado para fazer essa dosagem? Os professores não fizeram uma preparação muito intensa, durante a for-

Dicas da entrevistada Confira indicações de leitura e materiais que podem ajudar o professor a se preparar para usar a tecnologia na sala de aula. l Livro “Inteligência Artificial”– de Kai-Fu Lee. O ex-presidente da Google China é considerado um dos maiores especialistas em inovação tecnológica no mundo. No livro, ele explica como o desenvolvimento da inteligência artificial já está alterando as nossas vidas e expõe quais são as mudanças que podemos esperar. lWebsérie “Práticas Pedagógi-

cas Inovadoras Mediadas por Tecnologia”– disponível no site do CIEB (www.cieb.net.br). O material fala exatamente sobre o tema desta entrevista: como o uso da tecnologia pode ser inserido na sala de aula. l Guia Edutec – ferramenta de autoavaliação, aberta e gratuita, desenvolvida pelo CIEB. Os professores de Educação Básica podem identificar suas competências digitais para que se desenvolvam. Disponível em www. guiaedutec.com.br/educador. l Live no Facebook – “Como criar escolas conectadas”, promovida pela Bett Educar em fevereiro deste ano. Disponível em www.facebook. com/BettBrasilEducar.

mação inicial, para o uso da tecnologia. Alguns porque não têm infraestrutura, outros porque não conseguem realmente enxergar formas produtivas de usar no contexto do aprendizado. Não foram formados para isso. Ensinar com tecnologia é algo que a gente tem que incluir na formação inicial, sendo componente curricular específico. O Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB) disponibiliza uma ferramenta que

ajuda o professor a avaliar seu grau de competência digital, porque há muita diferença e não é por faixa etária. Alguns aprendem de forma autônoma, mas não tem muito conhecimento de cidadania digital. Essa plataforma mostra onde ele está e sugere o caminho para aprender mais. A ideia é estimular professores a fazer autoavaliação e identificar os temas necessários para capacitar a equipe da escola. É aberto e gratuito, qualquer professor pode fazer. Como usar de forma que os recursos tecnológicos sejam um meio, não o fim? As duas coisas são importantes: saber dosar e saber como a tecnologia pode melhorar e transformar a prática pedagógica. Não adianta continuar ensinando de um modo muito tradicional com tecnologia. Se o professor usa um projetor em vez da lousa, só substitui a lousa pelo projetor, slide. Para ter impacto, a tecnologia tem de transformar a prática pedagógica da escola. O que a gente defende é que limite o tempo de uso, claro, para ter outras experiências, mas que esse tempo seja usado realmente para aprendizado e não entretenimento e diversão apenas, como hoje, passando horas nas redes sociais. A tecnologia permite, por exemplo, que um professor apresente o Museu do Louvre aos alunos: eles podem entrar, ver e discutir as obras. Enriquece a aula. Nossas escolas formam cidadãos conscientes sobre o uso de tecnologias? É uma falácia pensar que os jovens conhecem tecnologia. Eles são usuários, aprendem rápido a usar, mas a maioria deles não entende como ela funciona e, principalmente, que por trás de todas elas existe um algoritmo com algumas premissas que orientam como ela funciona. Se perguntar para um jovem sobre o algoritmo do Facebook para recomendar amigos ou conteúdos, ou a lógica do Google para dar uma resposta, a maior parte deles não sabe. Isso é preciso trabalhar nas escolas.

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Com a palavra ››› Nos próximos anos, novidades como o 5G e a computação quântica prometem uma revolução na sociedade. Como isso deve impactar na educação? É urgente começar a trabalhar esses temas porque a velocidade do desenvolvimento de novas tecnologias, que a gente já acha rápida vai ser muito maior a partir de agora. Mas a profissão do professor não terá substituição. É basicamente um processo de ajuda e transmissão de conhecimento de uma geração para outra, que requer uma interação humana. Mas a educação deve ser aperfeiçoada. Vamos ampliar as possibilidades do processo educacional, e o papel do professor, como tutor, mentor, suporte, não vai ser substituído. Em todas as análises a figura do professor continua como o fator mais importante da qualidade da educação. A escola que estiver atenta a este contexto e investir na capacitação de

MONDADORI, FARIAS OAB/RS 3436 & ORONOZ

seu corpo docente estará conectada? Uma Escola Conectada é aquela que possui uma visão estratégica e planejada para incorporação de tecnologia em seu currículo e prática pedagógica, conta com equipe capacitada para o uso de tecnologia, utiliza recursos digitais selecionados e dispõe de equipamentos e conectividade adequados. Estas características são fundamentais para transformar a escola em uma organização contemporânea, capaz de oferecer oportunidades de aprendizagem para todos os estudantes e prepará-los adequadamente para a cidadania e a inserção profissional no século 21. As quatro dimensões da Escola Conectada (visão, competência/formação, recursos educacionais digitais e infraestrutura) são inspiradas na teoria Four in Balance, criada em 2001 pelo centro holandês de inovação educacional Kennisnet. A teoria norteou políticas educacionais na Holanda. 

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Qual a melhor forma de incluir a cidadania digital no currículo das escolas? Pode trabalhar de forma transversal, incluindo nas disciplinas que já existem, embora hoje exista um corpo de conhecimento que já justificaria criar um componente curricular sobre tecnologia. Países como Inglaterra e Austrália trabalham dessa forma, discutem tecnologia de forma transversal, mas têm também uma disciplina sobre o tema, que trabalha com as três grandes áreas: cultura digital, tecnologia e pensamento computacional. Além disso, muitas escolas oferecem programação como uma atividade extra para os alunos. Se não incluir a tecnologia no currículo das escolas, você não vai estar formando o cidadão do século XXI – que não só compreende e usa a tecnologia, mas é capaz de criar soluções a partir dela para sua vida pessoal e para sua comunidade. Queremos que o jovem não seja somente usuário, mas criador de novas tecnologias.

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RELAÇÕES TRABALHISTAS: Gestão de riscos trabalhistas Relação contratual com profissionais da educação Negociações sindicais Normas trabalhistas aplicáveis a instituições de ensino O futuro do trabalho: novas formas de contratação Auditoria para detecção de passivos trabalhistas

INOVAÇÃO: Como estruturar uma incubadora de talentos dentro de sua instituição Formação de clube de investidores para fomentar a inovação e startups Como proteger o seu software As marcas e patentes no processo de inovação; Formação de ecossistema de inovação, elaboração dos planos e a pactuação e acompanhamento dos planos Interação em redes via plataformas digitais Organização de missões educacionais (visitas em ecossistemas de Startups)

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››› Inspire-se DIVULGAÇÃO

O que são as softs skills?

››› Atividade na Whitney Junior Public School, na cidade canadense de Toronto

No Canadá, soft skills são protagonistas Atividades servem para estimular o aprendizado e a desenvoltura em público PEDRO PEREIRA

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pontadas como as principais valências de um profissional nos próximos anos, as soft skills são assunto sério em escolas do Canadá, inclusive na rede pública. A metodologia é orientada para que o aluno se desenvolva por meio de projetos que despertem a curiosidade e reforcem a responsabilidade sobre o próprio aprendizado. O conteúdo propriamente dito é trabalhado em volume menor, mas com foco na vivência. É o que explica a jornalista Raquel Boechat, que há alguns meses migrou para Toronto com a filha,

Ana Vitória, de 10 anos, que estuda na Whitney Junior Public School. Raquel acompanhou a preparação de uma apresentação para toda a turma. Em vez de dar um tema e esperar que o aluno fosse à frente da plateia apresentar, a escola passou um roteiro com dicas sobre como organizar o trabalho, identificar os pontos principais, respirar, praticar, olhar para a plateia, gesticular moderadamente, enfim, todo um apanhado de orientações para que o aluno se sentisse o mais seguro possível. Mas não parava por aí. Os estudantes também foram orientados sobre critérios para avaliar uns aos outros. Itens como clareza, pronúncia, desenvoltura, entonação da voz e respostas à plateia serviam como referência. “Eles incentivam muito o relacionamento, mas de forma respeitosa”, conta Raquel. No dia a dia, as crianças são estimuladas a externar insatisfações e ouvir as dos colegas, sempre de forma amistosa. Placas pela escola dão dicas de aborda-

Competências que se referem às aptidões comportamentais – mental, emocional e social. São construídas por meio de relacionamento interpessoal. O convívio em sociedade, a empatia e a capacidade de resolver problemas de forma amistosa e eficiente são algumas dessas habilidades.

gens sutis e polidas para isso. As artes em geral – e a música em particular – são outro pilar importante do aprendizado. Ana Vitória estuda violino com instrumento da escola, inclusive levando-o para casa no período de recesso, para praticar. Na sala de aula, um tablet é disponibilizado para que faça consultas a um serviço de tradução – o equipamento foi cedido mediante assinatura da própria aluna, de 10 anos, se responsabilizando por ele. “Não é por pai e mãe. Isso dá outro nível de envolvimento com o ensino”, acredita Raquel. Tudo isso serve de pano de fundo para o ensino de matemática, idiomas e estudos sociais. O conteúdo não é esquecido, mas permeado pelo que os canadenses consideram mais importante: a habilidade emocional. Ex-professora da PUCRS e conselheira da Educação em Revista, Raquel observa que iniciativas nesse sentido já são vistas aqui no Brasil, mas há um longo caminho a percorrer. 

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Educação em Revista pergunta ›››

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Jorge Lutz Müller Coordenador da assessoria jurídica do SINEPE/RS. OAB-RS 7.563.

Como escolher percursos em um cenário de (In) segurança jurídica? Diante das incertezas jurídicas, a grande pergunta é: como delinear horizontes e escolher caminhos em um cenário de grandes oscilações decisórias?

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tema da segurança jurídica vem sendo visto com apreensão, sobretudo, na seara empresarial, mormente nas áreas do planejamento e da gestão. A grande pergunta é a seguinte: como delinear horizontes e escolher percursos num cenário de grandes oscilações decisórias? O Banco Mundial vem, de há muito, tratando do assunto, visando a otimizar a implementação de políticas econômicas de perfil liberal em sociedades cada vez mais complexas, com maior imbricação de vínculos culturais e ativismos socioambientais. Suas propostas, no entanto, encontram resistência em segmentos críticos à prevalência dos valores do mercado e do consumo. Resistência, esta, que, no caso brasileiro, tende a se nuclear em torno da esquerda e da centro-esquerda, embora também encontre eco junto a segmentos conservadores. Exemplo disso encontra-se na confrontação entre apoiadores e

detratores da chamada Reforma Trabalhista. Os tribunais superiores (STJ, TST e STF), de uma maneira geral, têm chancelado esta Reforma, embora ainda lhes falte apreciar muitos dos seus temas. Tribunais regionais e juízos de 1º grau, em muitos casos, vêm lhe opondo pretendidas inconstitucionalidades. Sabemos que os humores dos tribunais são móveis, porque tendem a se aprumar conforme os ventos da macropolítica. Ministros que galgaram ao STF defendendo a esquerda hoje não se pejam de respaldar abusos da direita. Ministros outrora vistos como “conservadores” ou “de direita” hoje dão-se conta de que os objetivos da Lava-Jato não se restringem ao combate à corrupção. Neste entrevero, duas questões merecem vigília. Primeira, como obter dita ‘segurança jurídica’: (i) mediante a liberação de freios legislativos destinados a proteger “mínimos sociais” supostamente inibidores do crescimento econômico? Ou, (ii) mediante a preservação desses “mínimos”, em prol de um crescimento econômico mais igualitário, visto como condição necessária para a sua sustentabilidade? Segunda: o viés articulador dos princípios, postulados e regras

da Constituição deve dar primazia à promoção imediata do bem-estar social ou deve antepor-lhe a premissa do crescimento econômico como preliminar necessária para chegar a tal bem-estar? Para ilustrar, sirva de referência o contencioso referenciado ao processo de jurisdição voluntária atinente à homologação de acordo extrajudicial (artigos 855-B a 855-E da CLT). Vários magistrados têm recusado homologação plena (acolhem apenas a homologação parcial), negando-lhe, pois, eficácia liberatória geral. Declaram, incidentalmente, a pretensa inconstitucionalidade dessas regras. A seu ver, deve prevalecer a dimensão protetiva da Justiça do Trabalho. Já os empregadores salientam que o maior motivo para assiná-los é a segurança jurídica que advém da eliminação das pendências sobre a relação de trabalho. Se a eficácia liberatória não for plena, não haveria maior conveniência nas concessões que tenham sido feitas para ajustá-los. Como se vê, não há critério-padrão que atenda a toda casuística. A segurança jurídica, quase sempre, acaba provindo de um acúmulo de precedentes infletidos por uma escolha de rotas. Mas é preciso ter paciência! 

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››› Pedagógico

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Pedagógico ›››

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m ano e quatro meses depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) colocar o que se entendia como um ponto final nas incertezas sobre a idade mínima para ingresso no Ensino Fundamental, uma lei sancionada no fim de 2019 reacendeu as discussões sobre o corte etário. De autoria do deputado estadual Eric Lins (DEM), a Lei nº 15.433/2019 permite a matrícula de crianças com cinco anos de idade no Ensino Fundamental no Rio Grande do Sul, contrariando resoluções do Conselho Nacional de Educação (CNE). Em agosto de 2018, o Supremo Tribunal Federal (STF), órgão máximo da Justiça Brasileira, havia reconhecido que o CNE tem competência para definir a data de ingresso na escola. Resoluções de 2010 do órgão determinam que as crianças precisam ter seis anos completos até o dia 31 de março para entrar no Ensino Fundamental e quatro anos para a pré-escola. A decisão dos ministros foi uma resposta aos inúmeros processos judiciais de pais ou responsáveis que queriam garantir a matrícula antecipada, aos cinco anos de idade. No entanto, o debate foi reaberto com a lei sancionada pelo governador gaúcho Eduardo Leite em 27 de dezembro do ano passado e, agora, sua constitucionalidade é questionada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee),

ROCHELE PAZ FONSECA, Neuropsicóloga e fonoaudióloga

“(...) Minha indicação sempre foi o mínimo de sete anos. O ingresso anterior à idade de seis anos pode ser muito prejudicial para o desenvolvimento cognitivo e socioemocional de nossas crianças”

que ajuizou ação no STF, ainda sem data para julgamento. O Conselho Estadual de Educação (CEED) e mais de 12 entidades educacionais do Rio Grande do Sul, incluindo o Sindicato do Ensino Privado (Sinepe/RS), também se manifestaram contrários às mudanças. O entendimento é de que a Lei desconsiderou a decisão de 2018 do Supremo, que deixou clara a responsabilidade da União, e não dos Estados, na definição do corte etário. “Fizemos uma reunião com entidades representativas da educação no Estado e todas se manifestaram contrárias a esta Lei. A Constituição Federal diz que é atribuição do Ministério da Educação e do CNE exarar essas normas gerais, o que foi reafirmado pelo STF”, diz a presidente do Conselho Estadual de Educação, Sônia Veríssimo. A lei aprovada na Assembleia Legislativa afirma que o ingresso no Ensino Fundamental “respeitará a individualidade e a capacidade de cada um”, sendo estabelecidas estratificações (ver quadro). Para as crianças que completam seis anos entre 1º de abril e 31 de maio, a entrada no primeiro ano seria automática a partir de 2020, a não ser que houvesse manifestação contrária dos pais, responsáveis ou do último professor na Educação Infantil. Já para aquelas que completassem seis anos entre junho e dezembro, o ingresso no Ensino Fundamental ocorreria a partir de manifestação dos pais ou responsáveis e de uma equipe multidisciplinar de profissionais. Esta regra valeria a partir de 2021. O Sinepe/RS aguarda a posição do Judiciário sobre o tema e divulgou em seu site um comunicado: “Neste momento, se alguma família procurar a escola para realizar a matrícula de uma criança que completa seis anos até o dia 31 de maio, nos termos da Lei, entendemos que a matrícula deve ser realizada. O Sinepe/RS entende que em um estado democrático de direito as leis podem ser questionadas no judiciário, mas enquanto vigentes devem ser cumpridas”. Além do questionamento jurídico, a

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antecipação do ingresso das crianças no Ensino Fundamental é criticada por educadores e especialistas no desenvolvimento infantil. Segundo a neuropsicóloga e fonoaudióloga Rochele Paz Fonseca, aos cinco anos de idade as crianças ainda não estão prontas para as habilidades exigidas no Ensino Fundamental.

Neuropsicóloga critica antecipação escolar “Como neuropsicóloga, fonoaudióloga, pesquisadora, mãe e cidadã me baseio em evidências e em observações para me posicionar contra o ingresso antes dos seis anos no Ensino Fundamental, sendo que minha indicação sempre foi o mínimo de sete anos. O ingresso anterior à idade de seis anos pode ser muito prejudicial para o desenvolvimento cognitivo e socioemocional de nossas crianças. Dificilmente nesta idade está desenvolvida uma maturidade motora, emocional, de organização e de autonomia que é fundamental para o processo de aprendizagem no Ensino Fundamental”, afirma a especialista, que é presidente da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia, consultora da Secretaria de Alfabetização do Ministério da Educação e professora da PUCRS. Rochele foi contratada pelo Colégio Anchieta, de Porto Alegre, para elaborar um parecer sobre o ingresso das crianças com menos de seis anos no Ensino Fundamental. No documento ela cita pesquisas realizadas em diversos países para sugerir que a matrícula só seja realizada para crianças com seis ou sete anos completos – seguindo a idade de corte definida pelo Conselho Nacional de Educação. O conceito utilizado pela especialista é o da prontidão escolar, que envolve um conjunto de habilidades cognitivas e socioemocionais necessárias para a aprendizagem da leitura, da escrita, da matemática e para a interação em grupo. Segue ›››

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››› Pedagógico A especialista explica que não basta a criança já saber ler e escrever para afirmar que tem condições de entrar no primeiro ano. A prontidão escolar envolve um conjunto de habilidades – como empatia, tolerância à frustração, aceitação e cumprimento de regras, capacidade de lidar com duas ou mais tarefas ao mesmo tempo e de controle de impulsos e de distrações – que são estimuladas ao longo da Educação Infantil, principalmente no último ano, e que terão efeitos significativos no desempenho escolar. “Minha experiência aponta que a criança paga muito caro quando essas habilidades não são bem desenvolvidas no tempo adequado. Se ela passa pelo primeiro ano (do Fundamental) com um “gap” de aprendizado, a distância entre o que conseguiu aprender e o que a escola demanda tenderá a aumentar cada vez mais e ser levada para o segundo, para o terceiro e assim por diante”. A especialista ainda explica que a habilidade mais necessária e em falta na maioria das crianças é a de postergar ganho e suportar manter sua atenção em tarefas que não sejam 100% prazerosas ou motivadoras. “Por isso, precisam de mais tempo transicionando entre Educação Infantil e primeiro ano do Fundamental, o que ocorre no último ano da Educação Infantil”, diz Rochele, ao apontar que a avaliação individual da criança é importante, mas não exequível e acessível a todas as famílias. Para a presidente do Conselho Estadual de Educação, a lei estadual elimina o último ano da Educação Infantil, já que as crianças com cinco anos poderiam ingressar no Fundamental. “Na prática o que temos é o fim da última etapa da Educação Infantil, que é fundamental para o desenvolvimento das crianças. E para que isso? Para diminuir a infância e ampliar as responsabilidades”, critica a educadora. 

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O que diz a lei sancionada pelo governador do RS l Crianças com seis anos completos até 31 de março (válido a partir de 2020): Ingresso automático no Ensino Fundamental;  Crianças com seis anos completos entre 1º de abril e 31 de maio (válido a partir de 2020): Ingresso no 1º ano do Ensino Fundamental, a não ser que haja manifestação contrária da família ou do último professor que aponte para a necessidade de permanência na Educação Infantil;

 Crianças com seis anos completos entre 1º de junho e 31 de dezembro (válido a partir de 2021): Ingresso no Ensino Fundamental desde que haja manifestação favorável dos pais ou responsáveis e de uma equipe multidisciplinar que ateste a “maturidade física, psicológica, intelectual e social necessárias ao primeiro ano”.

Argumentos prós e contras a antecipação

l A justificativa do autor da Lei, deputado Eric Lins (DEM), é de que é injusto proibir a matrícula de crianças que fazem aniversário logo depois da data de corte, de 31 de março. l Outro argumento do parlamentar e dos defensores da lei é de que é preciso respeitar a individualidade de cada criança, evitando que ela se desestimule ao permanecer na Educação Infantil. Segundo essa visão, as crianças atualmente estão sendo atrasadas no seu desenvolvimento por conta da data de corte.

l A presidente do CEED, Sônia Veríssimo, argumenta que a data de corte de 31 de março respeita o início das aulas em todo o país e que a unificação da norma é importante no caso de transferências. l Sônia Veríssimo afirma que a lei acaba eliminando uma etapa fundamental para o desenvolvimento das crianças, que é o do último ano da Educação Infantil. Com o mesmo entendimento, a neuropsicóloga Rochele Paz Fonseca diz que dificilmente aos cinco anos as crianças terão as habilidades emocionais e cognitivas necessárias para o aprendizado no Ensino Fundamental. O ideal, para ela, é o ingresso aos seis ou sete anos de idade.

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Pedagógico na prática ›››

Neuropsicologia ajuda no processo educativo Colégio Anchieta, da Capital, pediu parecer a uma profissional sobre a idade para o ingresso

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preocupação com os efeitos do ingresso prematuro das crianças na escola levou o Colégio Anchieta, de Porto Alegre, a contratar a neuropsicóloga Rochele Paz Fonseca para elaborar um parecer sobre a idade para ingresso no Ensino Fundamental. No documento, a especialista no desenvolvimento infantil afirma que “a antecipação de um ou

mais anos para a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental pode repercutir muito negativamente no desenvolvimento sócio-emocional, cognitivo e de pré-leitura, pré-escrita e pré-matemática”. De acordo com o diretor acadêmico do Anchieta, Dário Schneider, o parecer elaborado pela neuropsicóloga tem como objetivo dar suporte à instituição de ensino para tomar decisões amparadas cientificamente para garantir tranquilidade aos pais e o pleno desenvolvimento das crianças. “Esse parecer que pedimos a uma profissional que é referência nacional mostra a importância da integração com

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a área da neuropsicologia para que possamos fazer intervenções no processo pedagógico tendo em vista a preocupação primordial com a infância, diz. No Anchieta, o período de matrículas para 2020 foi aberto no mês de agosto e a maioria das turmas foram fechadas até dezembro, seguindo a norma federal de ingresso com seis anos completos até 31 de março. Assim, o diretor avalia que a Lei estadual não trará mudanças este ano. No entanto, Schneider espera que a medida seja revista para que não ocorram prejuízos às crianças no futuro. “O meu entendimento é de que o maior prejuízo desta Lei é que ela não tem como foco a criança, que precisa brincar antes de ser submetida ao processo de alfabetização”, avalia. A neuropsicóloga Rochele Paz Fonseca diz que é melhor esperar um ano para a matrícula do que antecipar o ingresso sem que a criança tenha plenas condições para as demandas do Ensino Fundamental. 

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››› Gestão

Aprendizado com energia limpa Instituições de ensino no RS têm investido cada vez mais em sistemas fotovoltaicos, que contribuem para a preservação do meio ambiente

MELISSA BULEGON

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energia solar fotovoltaica - com uso de placas solares - poderá representar um terço da produção global de energia elétrica do mundo até 2060, conforme projeta a International Energy Agency (IEA), a Agência Internacional de Energia. E o Rio Grande do Sul segue a tendência e já é o segundo estado do país na geração de energia solar. O sistema, adotado frequentemente por residências e estabelecimentos comerciais, conquista cada vez mais espaço entre as instituições de ensino. Entre os fatores que contribuem para essa difusão, segundo o Estudo

da Cadeia de Valor da Energia Solar Fotovoltaica, produzido pelo Sebrae, estão o barateamento da tecnologia, a crescente preocupação com o meio ambiente, a abundância do recurso e a atividade de microgeração a partir de fontes alternativas. O levantamento traz também que esta tecnologia representará mais de 25% da matriz elétrica global até 2040. “Com isso, a energia fotovoltaica tem o potencial para ser a maior fonte de eletricidade no mundo a longo prazo, devido à abundância e à distribuição do recurso solar no planeta, à constante redução dos custos da tecnologia (histórico e projeção) e às melhorias em eficiência de materiais e conversão”, prevê o relatório.

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Gestão ››› DIVULGAÇÃO REDE LA SALLE

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Usina Nova Santa Rita 2, da Rede La Salle, inaugurada em dezembro do ano passado Em um país ensolarado como o Brasil, o potencial se torna ainda mais viável. De acordo com estimativas da Bloomberg New Energy Finance, a energia fotovoltaica se tornará a fonte da matriz elétrica brasileira com a maior representatividade em 2040, com capacidade instalada entre 110 e 126 GWac (sigla para potência injetada em corrente alternada). Estamos no caminho. Em dezembro do ano passado, a Rede La Salle inaugurou o maior parque de geração de energia fotovoltaica do Rio Grande do Sul. As duas usinas, instaladas na Região Metropolitana de Porto Alegre, receberam investimento de mais de R$ 9 milhões e contam com duas estações meteorológicas.

A primeira está localizada em Nova Santa Rita, com potência máxima de 1,2 mil quilowatts, e abastece seis instituições de ensino da rede na Região Metropolitana e duas em Caxias do Sul, na Serra. Já a segunda usina, em Viamão, tem a potência máxima de 800 quilowatts e abastece cinco instituições de ensino exclusivas da capital gaúcha. As estruturas também têm duas estações meteorológicas. “A ideia não é só ter redução no custo de energia, mas agregar conteúdo e qualidade ao ensino. Queremos fazer nessas usinas polos de estudos e pesquisas para projetos educativos”, afirmou o provincial da Província La Salle Brasil-Chile, Irmão Olavo José Dalvit. Entre os benefícios da energia solar fotovoltaica apontados pelo engenheiro eletricista Luiz Alberto Wagner Pinto Junior, da HCC Engenharia Elétrica, estão a economia de energia elétrica, a independência energética, a previsibilidade de custos, o uso de energia renovável e limpa e o fato de se tratar da fonte de energia mais democrática e mais barata da atualidade. “A energia solar fotovoltaica é, sem dúvida, a mais adequada para instituições de ensino. Esses projetos geram energia elétrica e permitem que haja a compensação de custos e a melhoria da qualidade de energia da instituição. Os projetos on-grid - conectados à rede da distribuidora - são os modelos mais apropriados. Há também possibilidade de utilizarmos sistemas de armazenamento e permitirmos uma maior proteção contra faltas de energia. Nestes casos, damos o nome de sistemas híbridos”, explica. O sistema fotovoltaico é constituído por painéis, módulos e equipamentos elétricos. Basicamente, os módulos solares captam a máxima luminosidade possível e a transformam em eletricidade, como explica, de forma simplificada, o engenheiro elétrico e professor do curso de Engenharia Elétrica da PUCRS, Odilon Duarte. Na hora de investir neste tipo de

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energia renovável, o correto dimensionamento do projeto é fundamental. O principal cuidado é quanto a possíveis fontes de sombras provenientes de prédios, árvores, postes, entre outros obstáculos que ficam nas proximidades. Também deve-se ficar atento quanto à orientação e inclinação correta dos módulos. O engenheiro Luiz Alberto alerta ainda para que sejam levadas em consideração a atual conexão da escola com a concessionária e a estrutura do telhado. Na maioria dos casos, o tempo do retorno do investimento varia entre três a cinco anos, dependendo, claro, das especificidades de cada projeto. “Os sistemas de energia solar fotovoltaico contribuem para a redução do uso do carvão e de termelétricas movidas a combustível fóssil. Isso impacta muito na diminuição da emissão de gás carbono na atmosfera. Além disso, os módulos fotovoltaicos têm grande vida útil e consomem uma energia de produção muito pequena, o que garante ganho energético imenso, fazendo com que tenhamos um grande retorno ambiental do processo”, destaca.

Manutenção é fundamental Para manter a vida útil do sistema de energia renovável, é essencial alguns cuidados, como ensina o professor Odilon Duarte. O primeiro deles é optar por empresas confiáveis para a instalação do projeto, pois o conjunto de equipamentos necessita de uma série de proteções e conexões para garantir que os aparatos não falharão durante a operação. Outra recomendação é seguir todos os protocolos das concessionárias locais para aprovação de ponto, instalação e operação do sistema. Também é importante limpar os equipamentos utilizando materiais não abrasivos e água. 

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››› Gestão

“Taxação do sol” não deve vingar

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ecentemente, a energia solar foi tema de uma polêmica denominada como “taxação do sol” pelo presidente Jair Bolsonaro. No início do ano, ele anunciou

que fez um acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para que não haja a retirada do subsídio para as unidades de Geração Distribuída (GD), algo previsto para ocorrer neste ano. No entanto, o órgão negou que a decisão é definitiva. A Câmara dos Deputados elabora um projeto de lei para assegurar que não haverá taxação da energia solar para usuários da GD, que é produzida pelos consumidores individuais em

suas próprias residências e posteriormente compartilhada com a rede local. Para o engenheiro Luiz Alberto Wagner Pinto Junior, a questão estará encerrada quando a proposição for aprovada. “Com isso, teremos a segurança definitiva do assunto. Mas com o forte apoio do presidente, Câmara e Senado com certeza teremos um ambiente muito favorável à instalação e à consolidação da energia solar fotovoltaica no Brasil”, acredita. 

Por dentro do cenário brasileiro POR QUE A ENERGIA SOLAR É BOA Ganhos socioeconômicos Em 2019, as usinas solares fotovoltaicas de grande porte agregaram 551 MW à matriz brasileira Considerando o avanço verificado no ano, os 3.870 empreendimentos de energia solar em operação já são responsáveis por 1,46% da potência fiscalizada no país

O Rio Grande do Sul é o 2º estado que mais gera energia solar

ARTE SOBRE FOTO DEPOSITPHOTOS

Em outubro, 1% da oferta de energia elétrica no Brasil foi gerada pela fonte solar fotovoltaica

l Redução de gastos com energia elétrica para a população, empresas e governos l Líder em geração de empregos locais, adicionando de 25 a 30 vagas por MW/ano l Atração de capital externo e novos investimentos privados no país Vantagens ambientais l Geração de eletricidade limpa, renovável e sustentável, sem emissões de gases de efeito estufa, sem resíduos e sem ruídos l Não precisa de água para operar, aliviando a pressão sobre recursos hídricos escassos l Baixo impacto ao meio ambiente Fatores estratégicos l Diversificação da matriz elétrica brasileira com uma nova fonte renovável, aumentando a segurança no suprimento de energia elétrica l Redução de perdas e postergação de investimentos em transmissão e distribuição l Alívio da demanda elétrica em horário diurno, reduzindo custos aos consumidores Fonte: Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica

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Gestão na prática ›››

Projeto de rede implantou energia solar em 4 estados

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a metade do ano passado, a Rede ICM de Educação e Assistência Social iniciou a implantação do sistema de energia solar. O projeto engloba 15 escolas e sete obras sociais localizadas no Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. O investimento gira em torno de R$ 4,5 milhões. Além da redução de 70% a 90% na conta de energia elétrica, a iniciativa busca alcançar benefícios ecológicos com o uso de energia limpa e renovável, o que está de acordo com os valores da instituição.

Para a coordenadora do Projeto de Energia Solar da Rede ICM, Irmã Fernanda Bedinotto, a adoção da energia solar é um grande avanço não apenas para a instituição, mas para a sociedade como um todo. “Existem outras fontes renováveis de energia, que não prejudicam tanto o nosso planeta, e estamos optando por uma delas, que é a solar, renovável, não poluente e infinita”, avalia. A conscientização e a preocupação com o meio ambiente também moveram o Instituto Ivoti a desenvolver um projeto de eficiência energética, que

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condiz com dois valores importantes para a instituição - a sustentabilidade e o respeito. “Torna-se necessária a busca por energias mais limpas e a consciência de que podemos otimizar nossos recursos é o principal legado que queremos passar para a comunidade”, reforça o administrador-geral, Cristiano Gestrich. O projeto de energia solar fotovoltaica começou ainda em 2018. Com os resultados positivos, a instituição decidiu ir além. Ainda na etapa de aquisição e contratação de materiais e equipamentos, o projeto de eficiência energética tem 12 meses para execução. O custo será de R$ 730 mil, com contrapartida de R$ 89 mil. A iniciativa prevê a instalação de mais 230 placas de captação de energia solar fotovoltaica, que irão somar com as 200 já existentes e gerar um incremento de 75,9 kWp. “A expectativa é que o sistema produza aproximadamente 75% do consumo de energia elétrica”, projeta Gestrich. 

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››› Inovação

Factum otimiza currículo com vistas à inovação Instituição investiu, a partir de 2017, em mudanças pedagógicas inovadoras

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parceria entre educação e inovação é cada vez mais evidente, tanto que é difícil separá-las. Essa é a realidade da Faculdade e Escola Técnica Factum, que adotou mudanças físicas e, principalmente, nos métodos de ensino para se adequar aos avanços e às necessidades da pedagogia contemporânea. Um ambiente escolar exige atualizações, seja pela transformação tecnológica ou pela necessidade de os estudantes terem acesso aos métodos de aprendizagem mais atuais. Em busca de aperfeiçoar seu ensino, em 2018 a direção da Factum decidiu introduzir novas metodologias ativas de ensino, entre elas a Problem-Based Learning (PBL) – Aprendizagem Baseada em Problemas, na tradução – e o ensino híbrido, com aulas presenciais e EAD. Além dessas metodologias, a escola passou a oferecer atividades como o júri simulado, cenários e oficinas de estudo. Cada metodologia e atividade têm um propósito para serem utilizadas em determinada situação, e o ambiente e o contexto em que a turma está inserida influenciam na escolha. Essa transformação na Factum ocorreu com a reformulação do currículo da escola. A ideia surgiu de duas inspirações, em 2017: viagem à Dinamarca e à Finlândia para conhecer modelos inovadores de educação; e formação de cerca de 25 professores em metodologias ativas, mesclando teoria e prática com situações vivenciais. Implementado no primeiro semestre de 2018, o novo currículo conta com au-

RAFAEL KORMAN Engenheiro de Aprendizagens da Factum

“As coisas são interligadas. Isso é inovação. Não pensamos um projeto todo de uma vez, e essa é a essência da inovação: começar com pouco, testar e melhorar a partir do feedback dos alunos e professores” las regulares de segunda a quinta à noite e, na sexta, disciplinas integradas com a metodologia PBL. De início, o engenheiro de Aprendizagens da Factum, Rafael Korman, conta que houve resistência dos estudantes e até dos professores que tiveram sua carga horária otimizada, mas com os bons resultados do novo projeto eles viram a necessidade da mudança. “As coisas são interligadas. Isso é inovação. Não pensamos um projeto todo de uma vez, e essa é a essência da inovação: começar com pouco, testar e melhorar a partir do feedback dos alunos e professores”, diz Korman. Ele explica que essa mudança foi necessária porque, hoje, os estudantes já não aprendem como antes, as tecnologias têm grande impacto nas nossas vidas e o mercado de trabalho exige que o empregado tenha atitude. Isso tem im-

pactado tanto como as habilidades conceituais e técnicas. Por isso, a Factum, além de incluir no seu currículo a PBL, o ensino híbrido e atividades práticas que simulam a realidade - e já auxiliam na desenvoltura dos estudantes - implementou a Aprendizagem Baseada em Times. Trata-se de uma metodologia educativa que procura criar oportunidades e obter os benefícios do trabalho em pequenos grupos.

Conheça o Team Factum A Aprendizagem Baseada em Times é o suporte do Team Factum, um projeto da escola que instiga a relação interpessoal e fomenta o trabalho colaborativo entre os alunos. Isso ocorre por meio de oficinas e palestras, e começou em 2019. “A essência do Team Factum é o trabalho em equipe e as relações entre os membros dessa equipe”, afirma Rafael Korman. A interação entre pessoas e o ambiente escolar pode ser conflituosa. É um espaço de debates, de troca de ideias e, justamente por isso, há possibilidade de surgirem desavenças. O Team Factum foi criado para que os conflitos sejam facilmente resolvidos e superados. Korman pontua que é possível que isso ocorra com treinamento, por meio da comunicação não-violenta, por exemplo. A comunicação não-violenta é uma das oficinas oferecidas pela Factum, em 2019, que ensina como observar sem julgar, como reconhecer emoções básicas

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RAFAEL KORMAN, DIVULGAÇÃO

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››› Novo currículo conta com aulas regulares de segunda a quinta à noite e, na sexta, disciplinas com metodologia PBL tros. Por saber de problemas enfrentados no atendimento de saúde a essa AÇÃO CENÁRIO população, a professora desafiou os Novo currículo Implementado em 2018 alunos: de que maneira seria possível Ensino híbrido Aulas presenciais e EAD apoiar os imigrantes para que sejam Atividades simulatórias Júri, cenários e oficinas bem atendidos? Eles investigaram a Team Factum Trabalho em equipe e boa relação entre alunos teoria, buscando a legislação municipal Projetos Integradores Mais de 150 projetos de alunos desde 2018 sobre o tema e entendendo os principais conceitos em relação ao assunto. Depois, entrevistaram os imigrantes, não atendidas e como fazer um pedido rículo formal (o que deve ser ensinado, a produziram as cartilhas e encaminhade maneira a estabelecer uma comuni- tradicional “matéria”), as metodologias ram-nas à Secretaria Municipal da cação efetiva. Além dessa, a escola tam- ativas (a forma de fazer) e a gestão de Saúde. bém ofertou oficinas sobre liderança e projetos, isto é, a capacidade de organiPara 2020, a Faculdade e Escola criatividade, com a participação de mais zar a entrega de um produto ou serviço Técnica Factum vai solidificar o Team de 120 alunos. em um cronograma. O aluno desenvolve Factum no currículo. Korman diz O Team Factum é uma extensão do as habilidades de construir e seguir que, quando o aluno novo trabalho feito na disciplina Projetos In- esse cronograma, realizar chega à Factum, logo tegradores que, como o nome evidencia, uma entrega com emcompreende a imporvisa acolher pessoas que vivem às mar- patia ao público-alvo tância desse projeto Aprendizagem gens da sociedade. A base dela é a me- e comunicá-la. Baseada em Problemas para sua formação. todologia PBL e, desde sua implemenO primeiro proEle também diz que tação, em 2018, cerca de 150 projetos jeto foi a elaboas transformações Esse método desafia os alunos com alguma questão-problema. foram produzidos por alunos da Factum, ração de cartilhas inovadoras na esA partir dela, eles elaboram em parceria com postos de saúde, hos- direcionadas aos cola receberam a algum produto ou serviço para pitais, escolas e ONGs de Porto Alegre. imigrantes haitianos aprovação de cerca de apresentar e impactar Os Projetos Integradores unem o cur- e africanos, entre ou85% dos estudantes.  socialmente um

Como a Faculdade e Escola Técnica Factum inovou:

grupo.

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››› Pesquisa

Marcelo Figueiró Graduado em Ciências e Matemática, especialista em Gestão da Educação, mestrando em Educação em Ciências e Matemática e diretor da Escola La Salle Pão dos Pobres, de Porto Alegre.

Mesmo com o turbilhão tecnológico que adentra o espaço escolar: Ensinar ainda é função do professor Palavras-chave: professor; tecnologia; metodologias ativas.

Resumo:

A

intencionalidade desta reflexão é ressaltar a importância das relações entre alunos e professores, a partir do entendimento de que este relacionamento pode favorecer a aprendizagem e a formação do educando. Na Era Digital, as escolhas tecnológicas e metodológicas podem fazer a diferença neste processo, mas é necessário que a escola esteja alinhada às mudanças que vêm acontecendo na sociedade, além de trabalhar na formação de um novo professor para se relacionar com estes alunos em meio ao turbilhão tecnológico. O artigo aponta a importância da implementação de metodologias ativas para o aluno aprender fazendo, despertando a curiosidade e a criatividade, bem como a criticidade e a autonomia.

Introdução: Ao falar sobre educação no século 21 é fundamental contemplar três pontos: o relacionamento entre docente

e discente, a importância da tecnologia na aprendizagem e a utilização de metodologias ativas que favoreçam o ato de aprender. Os profissionais que trabalham no ramo educacional não podem prescindir de uma apreciação crítica do que se apresenta como “novo”, sem avaliar os resultados pedagógicos destas inovações. Na escola, tudo que se pensa e se coloca em prática, precisa repercutir positivamente na aprendizagem dos alunos. Professores e alunos, ao longo dos tempos, vêm eternizando uma das relações mais fraternas que se conhece. Esta convivência que perpassa os séculos, resiste por ser o caminho natural e consolidado, onde gerações buscam iluminar seus pensamentos e desenvolver habilidades para a vida. A metodologia utilizada para proporcionar aprendizagens aos alunos faz a diferença quando se percebe uma evolução cognitiva e formativa daquele sujeito. O mundo necessita de mais cidadãos com formação ética, responsáveis, cientes de suas responsabilidades com as futuras gerações. Com o passar dos anos, a sociedade se transforma e a criticidade sobre tudo que existe ao seu redor é aguçada. Não há nada que não passe por questionamentos e, quando estes procedem, isso é positivo, afinal é desta forma que a humanidade

vem atravessando milênios. Porém, no âmbito educativo, ensinar ainda é função do professor. Seja pelo modo tradicional ou norteando a aprendizagem, o aluno aprende com essas pessoas que dedicam suas vidas à arte de ensinar. Esta relação sine qua non entre professor e aluno se mantém viva pela paixão dos educadores em lecionar e pela sede de saber das crianças e dos jovens. Chancelando a escola como uma instituição perene, que atravessa o tempo com vitalidade, a relação intrínseca entre educador e educando se fortalece ao invés de esmorecer, num mundo que está se tornando cada vez mais virtual. Nesta sociedade repleta de contradições e problemas, as famílias passam por momentos difíceis no aspecto relacional, o que de certa forma sobrecarrega a escola. Porém, a chama da relação professor-aluno se mantém forte, acesa, passando por algumas readequações e alinhamentos geracionais necessários. O inegável enfraquecimento das relações interpessoais vividas por todos nós devido às múltiplas nuances socioemocionais, ao cotidiano agitado, ao uso equivocado das tecnologias disponíveis, à intolerância, à tendência à introspecção, tudo isso invade o espaço escolar e provoca algumas reflexões. Mesmo assim, percebe-se que a es-

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Pesquisa ››› cola continua cumprindo muito bem o seu papel, em processo contínuo de renovação e com um olhar atento a tudo que acontece, dentro e fora das suas instalações. Afinal, essas crianças multifacetadas e cada vez mais tecnológicas, conseguem fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Elas têm facilidade em aprender, porém possuem pouca paciência e preferem aprender ativamente, participando do processo de ensino e aprendizagem. Sabemos que estes alunos aprendem de forma significativa quando interagem com o objeto de estudo. Conforme Paulo Freire (1996, pg.25)

A teoria sem a prática vira ‘verbalismo’, assim como a prática sem a teoria vira ‘ativismo’. No entanto quando se une a prática com a teoria, tem-se a práxis, a ação criadora e modificadora da realidade.

Tecnologia e educação: um entrelaçamento necessário O entrelaçamento entre tecnologia e educação, cada vez mais presente, significativo e habitual dentro e fora da sala de aula, não dispensa a intervenção humana, pelo contrário, tem caráter imprescindível, tendo em vista que a ação sempre parte do ser humano que intermedeia o processo. As alternativas metodológicas implementadas pelos professores, visando promover o ensino e a aprendizagem, tem hoje um grande portal de variedades. Fazendo a mediação do que se propõe a ensinar e orientando sem dar a resposta, o professor proporciona ao aluno o prazer da descoberta. E, descobrir é fascinante, trata-se do grande momento do ato de aprender. Para isso, o docente tem que desen-

volver uma gestão eficaz e inteligente da sala de aula, proporcionando a construção do conhecimento, despertando o interesse e o entusiasmo, tornando o aluno mais crítico, proativo e investigativo. O nosso educando precisa sair da zona de conforto, juntamente com os professores. Necessita ser estimulado a participar, a questionar, a vivenciar o que aprende, tornando a experiência do conhecimento prazerosa, alegre e divertida. Ir para escola tem que ser um ato positivo, que proporcione às crianças e aos jovens momentos inesquecíveis, significativos e de apropriação real do que é ensinado. De acordo com Ángel I. Pérez Gómez (2015, pg.155)

“(...) A qualidade da aprendizagem depende definitivamente dos contextos de aprendizagem, porque os aprendizes reagem de acordo com a percepção que têm das demandas provenientes do contexto e das situações concretas às quais têm que responder.”

O professor precisa escolher a metodologia adequada para cada situação de aprendizagem. A ideia de partir de uma situação-problema é uma das tendências no campo educativo. Ao defrontar-se com tal proposição, o aluno se desacomoda e é instigado a procurar uma solução. Segundo José Moran (2019, p. 7), as metodologias ativas permitem “criar situações de aprendizagem nas quais os aprendizes possam fazer coisas, pensar e conceituar o que fazem, construir conhecimentos sobre os conteúdos envolvidos nas atividades que realizam, bem como desenvolver a capacidade crítica, refletir sobre as práticas”. Ou seja, é ativamente desafiado a pensar, agir e interagir na busca de uma saída para o problema. Desta forma, ele

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está sendo estimulado a desenvolver o raciocínio lógico, a abstração e torna-se protagonista no processo, otimizando a autonomia e sentindo-se parte integrante no ato de ensinar e aprender. Esta ressignificação pedagógica precisa tornar-se iminente dentro dos espaços escolares. Uma escola diferente, onde o grande diferencial seja praticar aprendizagens, deve experimentar, sem temer resultados, buscando metodologias capazes de encantar novamente nossos educandos. Quem sabe apostando em novos ambientes cuidadosamente esculpidos para proporcionar ao aluno um desenvolvimento real de suas habilidades, e que estas estejam totalmente associadas ao saber fazer, ao saber ser e conviver, de forma que no futuro proporcionem a expertise necessária para saber valorizar a vida e se inserir no mercado de trabalho. Só desta maneira vamos formar pessoas melhores, mais capacitadas, com formação acadêmica e ética, lapidando verdadeiros cidadãos. Paulo Freire (1996, p. 47) afirma que a formação docente parte de:

“Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para sua própria produção ou a sua construção. Quando entro em uma sala de aula devo estar sendo aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, às suas inibições; um ser crítico e inquiridor inquieto em face da tarefa que tenho – a de ensinar e não a de transferir conhecimento.”

Existem várias formas de aprender, porém quando o aluno aprende fazendo, a aprendizagem torna-se mais duradoura, significativa e interessante. Segue ›››

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››› Pesquisa O aluno precisa aprender a aprender, saber pesquisar (eles não nascem sabendo), escrever um texto coerente, conseguir interpretar qualquer modelo de publicação, desenvolver-se culturalmente, raciocinar de forma lógica e ter capacidade de adaptação. Segundo Paulo Freire (1996, p. 29), não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Um dos pontos mais altos da aprendizagem é quando o professor percebe o entusiasmo que o estudante demonstra ao descobrir por si mesmo, configurando a aprendizagem. A escola não pode prescindir deste momento mágico.

Oficinas de ensino: um caminho para o aluno desenvolver o protagonismo

A Oficina permite mudar as relações, funções e papéis dos educadores e alunos, introduz uma metodologia participativa e cria as condições para incentivar a criatividade e a capacidade de investigação. Mas o próprio sistema de oficinas não deriva ou interfere no propósito ou intenção final de tudo isso. A escola não pode perder seu encantamento nem permitir o enfraquecimento da relação professor-aluno. Sabemos que os laços que reforçam a ancoragem desta associação ficam mais alinhados quando o aluno consegue aprender. Para isso, os educadores precisam estar disponíveis e preparados para inovar na escolha das metodologias. De acordo com José Moran (2019, p. 15),

Uma forma pela qual o aluno desenvolve o protagonismo é na oficina de ensino, ferramenta que envolve ação e reflexão. Esta alternativa metodológica impede que o professor conclua pelo aluno. Numa aula-oficina, que permite um perfeito entrosamento entre teoria e práxis, o educando constrói progressivamente o conhecimento, fazendo descobertas e visualizando aplicações práticas sobre o que aprendeu. Quando a proposta parte de uma situação problema, a aula já começa de forma diferente: o aluno vai formular hipóteses, sugerir, procurar o melhor caminho para chegar no resultado final. Porém, conforme Ander-Egg (1991, pg. 3), nem tudo é oficina, nem toda inovação pedagógica se faz por meio desta metodologia. Nesta forma de ensinar, o professor é o mediador entre o conteúdo e o saber, garantindo a autonomia dos alunos.

“não é suficiente planejar metodologias ativas de forma isolada. Elas fazem sentido em um contexto de mudança estruturada e sistêmica. Assim, as metodologias ativas podem revelar seu verdadeiro potencial”.

Para obter os resultados de uma aprendizagem, a gestão da sala de aula deve ser feita com planejamento, aprofundamento e metas. O professor tem um leque de possibilidades para provocar o aluno a aprender: pode usar a aprendizagem invertida, trabalhar com projetos, utilizar narrativas, jogos e maker, sem deixar de usar as tecnologias adequadas, promovendo inovação ou uma readequação de processos. No entanto, faz-se o alerta: o professor precisa assumir a liderança pela mudança. E antes de tudo tem que acreditar. Sabendo de sua importância no âmbito educativo, tendo a certeza de que sem sua partici-

pação efetiva, não adianta salas ambiente cuidadosamente pensadas e elaboradas, metodologia criativa, infraestrutura adequada e projetada com acessibilidade e sustentabilidade. Tudo isso sem um bom professor torna-se vazio, sem eficácia. Educação é vida, é luz, é renascer todos os dias, é dialogar, trocar, é abrir um mundo de possibilidades de olho em futuras realizações. Para que tudo isso se torne realidade, o docente tem que gostar do que faz, procurar estar em permanente formação, ler muito e ter espírito de navegador, afinal a arte de ensinar e de aprender não tem limites. Os educadores devem ser inquietos e estar à procura de novos horizontes pedagógicos, com uma visão holística, projetando sempre um novo amanhã para atender às demandas que se apresentam. A escola e os educadores precisam estar atentos às mudanças comportamentais das crianças e dos jovens, bem como da nossa sociedade, sempre em ebulição. Acompanhar atentamente tudo que acontece ao seu redor para evitar surpresas. Estes alunos da Era Digital são multifacetados e precisam de professores que busquem formações para entender como estas crianças e jovens aprendem. Os tempos são outros, não podemos perder mais tempo. O hoje já é amanhã e o amanhã tem que ser visto estrategicamente por todos nós que vivemos a educação.  REFERÊNCIAS ANDER-EGG, Ezequiel. El taller uma alternativa de renovación pedagógica. Buenos Aires. MagisterioRío de La Plata, 1991. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. MENEZES, Luis Carlos de. BNCC de Bolso: como colocar em prática as principais mudanças da Educação Infantil ao Ensino Fundamental. São Pulo: Editora do Brasil, 2019. MORAN, José. Metodologias ativas de bolso: como os alunos podem aprender de forma ativa, simplificada e profunda. São Paulo, Editora do Brasil, 2019. PÉREZ GÓMEZ, Ángel I. Educação na era digital: a escola educativa. Porto Alegre: Penso, 2015.

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Internacional ›››

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Como internacionalizar a escola em sete passos Ambiente escolar precisa se atualizar às transformações pedagógicas IGOR MORANDI

C

om os avanços tecnológicos, o acesso às diferentes culturas tornou-se fácil e rápido. Em alguns segundos de pesquisa podemos conhecer a realidade de pessoas que moram do outro lado da Terra. Então, não basta mais, somente, a distribuição de internet nas escolas: a internacionalização delas já é vista como um diferencial que pode vir a ser necessário. Devemos considerar que as escolas conseguem propiciar imersão às outras realidades sem um risco que a internet pode oferecer: as informações falsas. Nesse contexto, conhecer outras culturas, também pedagógicas, é fundamental para a formação da geração que tem o mundo como limite. É o que afirma a diretora Pedagógica do Colégio Farroupilha, Maricia Ferri. “Entender outras culturas possibilita, para além do conhecimento de novas e outras metodologias ou abordagens,

também o desenvolvimento da sensibilidade e da empatia”, afirma Maricia. Com esse pensamento, o Sinepe/RS percebeu a importância de colaborar com a internacionalização das escolas. Para isso, em 2018, fundou o Departamento de Relações Internacionais (DRI), que iniciou as tratativas com a área de educação de países como Estados Unidos, Irlanda e do Conselho Britânico. Por uma questão estratégica e de solidez do sistema educacional, a consultora de Relações Internacionais do DRI, Liane Hentschke, informa que optaram por iniciar um projeto com o Conselho Britânico. “Em 2019, tivemos reuniões, palestras, publicações e curso com o professor Adrian Ingham, em setembro”, relembra Liane. A partir do conteúdo do curso, o Sinepe/RS, em conjunto com o conselho, propõe que as escolas desenvolvam projetos de diversidade. São tratadas competências como pensamento crítico, autonomia, capacidade de argumentação, comunicação intercultural, cultura digital, empatia e cooperação.

O projeto apresentado é um exemplo que pode ser seguido pelas escolas, mas pode-se propor outros temais, tais como saúde pública, água etc. Podem ser adaptados à realidade local. Para o vice-presidente e diretor de Relações Internacionais do Sinepe/RS, Osvino Toillier, é fundamental que as escolas desenvolvam projetos nessa área, pois, hoje, o espaço de perspectivas dos alunos é planetário. “Nós não formamos mais alunos para nosso território, mas para o mundo, e isto muda a visão que as escolas precisam ter desta realidade”, explica Toillier. “O Programa do Sinepe/RS, que busca a Internacionalização das escolas privadas do RS, certamente incentivará o debate e instrumentalizará nossas escolas para que possamos definir e traçar objetivos e ações claras sobre este relevante tema”, opina a diretora da Escola Fundamental São José, Gabriela Pacheco Inácio, de Barra do Ribeiro. O Sinepe/RS está à disposição para orientação sobre a proposta através do e-mail relacoesint@sinepe-rs.org.br. 

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››› Internacional Projeto Diversidade Cultural Terá de oito a 12 meses de duração e busca desenvolver competências como pensamento crítico, autonomia, capacidade de argumentação, comunicação intercultural, cultura digital, empatia e cooperação. Confira os sete passos adequados a essa temática:

Individual l Diagnóstico: realizar com os estudantes um levantamento de suas origens étnicas e culturais e como elas são preservadas em suas casas (pais, irmãos, avós e amigos).

Local: Escola l Levantar quais tipos de música as pessoas ouvem e quais são as culturas das quais elas provêm (discutir origens da preferência). Escolher um documentário de algum país para discutir em sala de aula e saber se temos um fluxo migratório desse país no Brasil. Área: Município l Realizar um levantamento das ações que promovem a diversidade cultural do seu município. Organizar na escola um seminário com convidados (secretário da cultura, líderes de associações). Visitar uma instituição que desenvolve projetos culturais. Produzir um relatório, incluindo fotos e/ou vídeos das experiências vividas nesta etapa. Região: Estado l Realizar um levantamento das ações. Programar uma visita a centros e acompanhar uma ação que estejam desenvolvendo. Convidar pessoas do corpo consular de um ou mais países para falar como divulgam suas culturas no Brasil. Organizar um seminário na escola em conjunto com o estado e município (aberto para outras escolas) sobre diversidade linguística e cultural.

Continente: América do Sul

País: Brasil l Realizar contato com o Ministério da Cultura para organizar uma visita de alunos em algum projeto escolar que esteja desenvolvendo o tema diversidade cultural. Desenvolver um projeto com uma escola associada à UNESCO sobre ações internacionais em educação voltadas à importância das mídias sociais no combate ao isolacionismo cultural.

l Realizar um levantamento das ações que promovem a diversidade cultural da América Latina, por meio de instituições como o Observatório da América Latina. Buscar profissionais nas universidades gaúchas que possam ministrar uma palestra sobre o tema na América Latina. Junto aos consulados de países latinos, em Porto Alegre, identificar uma escola que esteja disposta a produzir um projeto.

Planeta lIdentificar uma escola no Exterior que esteja aberta para realizar um projeto internacional sobre a diversidade cultural de cada país e como as respectivas escolas trabalham sobre isto.

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Radar ›››

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Quando a conexão afasta Cada vez mais conectados, adolescentes (e adultos) criam dependência da internet e apresentam sintomas iguais aos de quem luta contra álcool e drogas. Escolas precisam entender como superar esse obstáculo

PEDRO PEREIRA

O

s adolescentes passam cada vez mais tempo com os smartphones em mãos. E quando não é isso são tablets, computadores e outros gadgets conectados à internet. Tamanha presença on-line apresenta um efeito colateral: a dependência. Um estudo conduzido pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), com 2 mil jovens de 15 a 19 anos, mostrou que 25,3% deles é viciado em internet. A amostragem foi da região de Vitória, mas especialistas acreditam que reflete a realidade dos grandes centros urbanos do Brasil. Para o psicólogo e coordenador do grupo de dependências tecnológicas do Instituto de Psiquiatria do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

(IPq/HCFMUSP), Cristiano Nabuco, o resultado do estudo está em consonância com dados internacionais apontando que o uso abusivo de telas digitais e tecnologias causa consequências graves. “A tecnologia entrou prometendo entretenimento, pela porta dos fundos. Grande parte dos pais e educadores nunca tiveram uma real dimensão das implicações que esse uso traria, nem de que grande parte dos aplicativos trazem aspectos que tornam o comportamento viciante, semelhante ao que aconteceria com álcool, drogas”, comenta Nabuco. Em pouco tempo, o hábito de estar conectado entra em uma escalada que chega ao ponto em que, diante da limitação ou proibição de acesso, a pessoa apresenta reações de abstinência bastante semelhantes à dependência química. A ideia sempre é a de que pais e

SUZANA DIEMER, Psicóloga e orientadora pedagógica do Colégio Marista Rosário

“Os alunos assumem para si a responsabilidade de falar sobre o tema. Se estabelece uma zona de confiança para que eles busquem o adulto para ajudar, já que muitas vezes eles ainda não conseguem” professores possam utilizar a tecnologia como aliada. Mas, para isso, é preciso rever diversas práticas. “Você vai a restaurantes, a qualquer lugar, e sempre observa pais conectados e filhos também. Isso vai trazer consequências bastante negativas”, alerta o psicólogo. Segue ›››

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››› Radar

Tecnologia na medida certa No intuito de se tornarem competitivas, as instituições de ensino aplicam cada vez mais aparatos tecnológicos como atrativo. O entendimento é de que isso aproxima os estudos daquilo que os alunos estão acostumados no dia a dia, fazendo com que gostem mais de estudar. Na prática, o tiro pode sair pela culatra. Mesmo que não chegue ao ponto de viciar, o uso demasiado de tecnologia prejudica o desenvolvimento de competências de caráter reflexivo, criativo e crítico. Uma das saídas é a supervisão. Os chamados pais helicóptero, que ficam rodeando os filhos, podem servir de inspiração para a atuação dos professores. Mas nada supera o engajamento – não dos likes que os adolescentes tanto esperam das redes sociais, mas o dos educadores que acompanham e utilizam a tecnologia junto com os alunos, transformando aquele tempo de ociosidade digital em momentos de aprendizado. Sozinho, o jovem não tem capacidade absoluta de regular o tempo de uso – até os 25 anos, o cérebro não está totalmente formado e o controle inibitório é uma das últimas partes a se desenvolver. O alerta de dependência deve ser ligado quando a tecnologia começa a roubar espaço de coisas que deveriam pertencer à vida off-line (a pessoa não consegue dormir porque as notificações disparam seguidamente, por exemplo). Estudos já flagraram altos índices de crianças que acordam durante a noite apenas para checar as redes sociais. “Ou a gente repensa uma relação

CRISTIANO NABUCO, Psicólogo e coordenador do IPq/HCFMUSP

“Não dá para concorrer com modelo de tecnologia que visa a interrupção. Quanto mais você é interrompido, maior é a sensação de interação social que você tem.”

onde eu possa extrair o que tem de melhor, ou o inverso começa a fazer com que nos tornemos zumbis. Quanto mais eu posto, melhor eu me sinto; quanto melhor me sinto, mais sacrificada está minha vida real”, analisa Nabuco. Os efeitos podem ser devastadores. Ansiedade, depressão, automutilação, cyberbullying. Nas redes sociais, a vida dos outros é sempre mais interessante. Isso faz com que o adolescente entre em constante insatisfação. Quanto mais ele navega, menos habilidades emocionais desenvolve. Quando tudo isso entra em colapso, toma medidas drásticas para chamar atenção. Todo cuidado é pouco. “Hoje, é difícil não ter metade dos alunos usando internet durante uma aula expositiva. Isto é um verdadeiro absurdo”, afirmou ao Jornal da USP o professor João Paulo Lotufo, médico assistente do Hospital Universitário da USP. Ele citou um estudo brasileiro de 2015 que investigou a correlação entre uso da internet e sintomas de ansiedade e depressão entre estudantes de Medicina. De 169 alunos, apenas dois não usavam a internet diariamente. O estudo mostrou, segundo ele, que a adicção não está diretamente relacionada com o tempo gasto de internet, mas com o padrão do uso. “Considero o uso de internet durante a aula como um uso desadaptativo”, sustentou Lotufo. 

Criar espaços de conversação Por entender que nunca será possível encontrar todas as respostas, já que a tecnologia muda constantemente, o Colégio Marista Rosário, de Porto Alegre, lançou em 2019 o projeto Nós na Rede. São palestras para pais e educadores, além de atividades em aula com alunos de todas as séries do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Os alunos do Ensino Médio participam de um programa dentro do projeto, chamado EscutAção. É um processo de ouvir inquietudes e angústias comuns na adolescência e que têm forte reflexo no comportamento virtual. O efeito já pode ser percebido. É comum que alunos alertem os professores sobre o comportamento perigoso de colegas nas redes sociais. “Os alunos assumem para si a responsabilidade de falar sobre o tema. Estabelece-se uma zona de confiança para que eles busquem o adulto para ajudar, já que muitas vezes eles ainda não conseguem”, conta a psicóloga Suzana Diemer, orientadora pedagógica do colégio. 

De onde menos se espera… l Definidas como techless, escolas do Vale do Silício, polo de inovação mais famoso do mundo, utilizam métodos inovadores para educar filhos de executivos das maiores empresas de tecnologia do mundo. Mas se engana quem pensa que são maluquices digitais: elas recorrem a métodos diferenciados, que não utilizam tecnologia e privilegiam o desenvolvimento de habilidades como concentração, tomada de decisões e criatividade.

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Compartilhar ›››

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ALUNOS DO COLÉGIO MARISTA ROSÁRIO RECEBEM CHILENOS  Conhecer outras culturas é uma

das principais formas de ampliar horizontes. Por isso, integrantes da Pastoral Juvenil Marista (PJM) e do Grupo de Voluntariado do Colégio Marista Rosário, de Porto Alegre, receberam, no dia 5 de dezembro, uma comitiva de 24

estudantes de colégios maristas do Chile. O grupo participou da primeira edição internacional do Pré-Grad+, iniciativa da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) que proporciona uma imersão na vida universitária e na cultura local.

O momento de integração contou com passeio pelos espaços do Colégio e partilhas no Ateliê da Educação Infantil com bate-papo, música e dança entre os alunos. O grupo pode apreciar ainda trabalhos feitos pelos estudantes, como a Tabela Periódica Interativa.  FOTO DIVULGAÇÃO

››› Grupo de intercambistas participou de imersão cultural em dezembro com 24 estudantes de colégios chilenos “VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHO” LEVA MENÇÃO HONROSA NO PRÊMIO RBS DE EDUCAÇÃO  O Projeto “Você não está sozi-

nho”, da Escola Nossa Senhora do Brasil, de Porto Alegre, ganhou uma menção honrosa na categoria Cidadania, durante a cerimônia de entrega do Prê-

mio RBS de Educação de 2019. O projeto contou com a participação do grupo “Voluntários da Leitura”, formado por estudantes do Ensino Fundamental II. Coordenados pela professora

Camila Oliveira e pela bibliotecária Silvana Côrrea, os estudantes criaram o projeto utilizando o recurso da leitura e do teatro, para abordar questões emocionais da nossa juventude, como depressão, sentimento de solidão e prevenção ao suicídio, junto aos colegas de todas as idades e seus familiares. 

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››› Compartilhar NILTON SANTOLIN, DIVULGAÇÃO

HORTO URUGUAIANA DESAFIA OS NATIVOS DIGITAIS  Protagonismo juvenil, criativi-

››› Instituição terá calendário de eventos ao longo de 2020 para marcar data COLÉGIO ANCHIETA COMEMORA 130 ANOS  No dia 13 de janeiro, o Colégio

Anchieta completou 130 anos de uma trajetória marcada pela formação integral de milhares de crianças e jovens. Para celebrar, a Instituição está preparando uma programação para o ano inteiro, envolvendo todos os eventos do calendário básico, que serão alusivos aos 130 anos, além de outros que compõem o calendário da cidade. A comemoração também recebeu um selo comemorativo composto pelo logotipo do Colégio acrescido dos 130 Anos. A abertura das comemorações se deu com a participação do Anchieta no Natal do Shopping Iguatemi. Até o dia 6 de janeiro, quem passou pela praça da decoração de Natal pode se divertir nos brinquedos, participar de oficinas e ainda levar uma lembrança para enfeitar a árvore de Natal. Para dar continuidade à programação, estão previstas exposições, participação em eventos de Porto Alegre, atividades es-

peciais com os antigos alunos e o lançamento de um livro comemorativo que pretende resgatar a história do Anchieta a partir de acontecimentos marcantes em cada década de existência. “É na autonomia, no diálogo, na construção colaborativa de novas soluções para os constantes desafios e oportunidades que vamos nos constituindo como colégio há 130 anos. Aliás, quando nossa marca Anchieta é lida como tradicional, entendemos que nossa maior marca mesmo é a tradição da inovação. E nesses 130 anos não foram poucas as mudanças. Desacomodar está no nosso DNA, acompanhar os novos cenários, propor outros olhares sobre questões antigas. O que desejamos celebrar é nosso compromisso com a marca anchietana com a intencionalidade de entregar Educação de qualidade”, afirma o diretor acadêmico do Colégio Anchieta, Dário Schneider. 

dade, ambiente digital e lúdico são os desafios recebidos pelos alunos do oitavo ano da Escola Nossa Senhora do Horto – Uruguaiana, pela professora de História e Geografia, Marilene Ribeiro. Em pequenos grupos, os alunos deveriam pensar, criar e jogar usando o game no estudo das disciplinas. A proposta metodológica: a professora orientou os alunos a construírem Os Games Históricos 2.0, atividade que possibilitou desenvolver as habilidades de compreender, interpretar, relacionar, criar e manipular conhecimentos usando os jogos eletrônicos tão atraentes e já vivenciados pelo universo do adolescente. Ou seja, a sala de aula, de forma divertida e envolvente, exigiu dos alunos movimentação, envolvendo a interdisciplinaridade. O processo iniciou-se com a pesquisa na área das Ciências Humanas ( História e Geografia). 

››› Game foi usado para estudar

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COLÉGIO CONCÓRDIA INICIA 2020 COM MUITA INOVAÇÃO

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 Os estudantes do Colégio Lute-

rano Concórdia receberam, em 17 de fevereiro, as boas-vindas de toda a equipe que atua na administração da escola. “Estamos muito felizes em tê-los aqui. E queremos ser o palco para que todos vocês brilhem muito ao longo de 2020”, afirmou o diretor Nelci Naor Senger. Mas a preparação para recebê-los começou há mais tempo, com a integração da equipe diretiva, professores, auxiliares administrativos e estagiários. “Estamos incluindo várias novas ferramentas para qualificar ainda mais o traba-

A prevenção é a maior aliada da nossa saúde. Em 2019, iniciei um projeto com o apoio da Clínica Mediscan - onde trabalho - e da Relações Públicas, Isadora Reis, com o objetivo de compartilhar informações sobre a saúde da mulher em instituições de ensino e empresas. Convido você a refletir comigo. As exigências da vida moderna impõem às mulheres uma sobrecarga de compromissos. À atividade profissional soma-se o papel da dona de casa, da mãe e outras demandas. Fica, assim, a saúde em segundo plano. Cuidamos de tudo e de todos, e que tempo dedicamos a nós mesmas? Somos cobradas pelo corpo perfeito, pela presença no trabalho, com os filhos, nas tarefas cotidianas e esquecemos do principal. E se nos faltar a saúde? Como cuidaremos de tudo e de todos, quando a doença silenciosa que nos espreita de forma cruel - se manifestar sem nos ter sinalizado ainda na fase inicial? Em países desenvolvidos a maioria dos tumores são diagnosticados na fase inicial com quase 100% de cura. No Brasil, o acesso difícil e muito pela desinformação, as mulheres não fazem exames preventivos regularmente e, infelizmente, ainda mantemos um alto índice de mortalidade por câncer de mama e de colo uterino.

››› Estudantes receberam as boas-vindas no dia 17 de fevereiro lho pedagógico”, ressalta Senger. Uma das inovações para 2020 é a implantação do Programa Escola da Inteligência no dia a dia da escola. Fundamentada na Teoria da Inteligência Multifocal, elaborada por Augusto Cury, a metodologia promove, por meio da educação das emoções e da inteligência, a melhoria dos índices de aprendizagem, redução

da indisciplina, aprimoramento das relações interpessoais e o aumento da participação da família na formação integral dos alunos. Todos os envolvidos - professores, alunos e familiares – são beneficiados com mais qualidade de vida e bem-estar psíquico. Hoje o Programa atende diretamente a mais de 200 mil alunos em escolas de todo Brasil. 

Informe comercial

As pacientes normalmente nos procuram para avaliação já com a negativa: “Não sinto nada, não tenho história familiar de câncer de mama, só vim fazer revisão porque a médica pediu.” Ainda são influenciadas com informações equivocadas de que a mamografia dói, de que pode causar câncer, etc. Procurar informar-se de forma adequada e correta é responsabilidade de cada um, é assumir uma atitude responsável com a própria vida. A informação, os cuidados preventivos e o esclarecimento por profissionais especializados pode modificar o quadro atual. Exames como o Papanicolau e a Mamografia complementada com Ultrassonografia Mamária são capazes de salvar muitas vidas quando realizados com qualidade e no intervalo de tempo correto. Coloque a sua saúde em primeiro lugar. Faça seu check-up anual com sua ginecologista, bem como seus exames preventivos. Converse conosco. Estamos à disposição para esclarecer dúvidas e oferecer orientação de acordo com as evidências científicas mais recentes da medicina diagnóstica. Aguardo você na Clínica Mediscan, onde trabalho. Dispomos de tecnologia para exames diagnósticos precisos, além do conhecimento e preparo necessários no amparo e propagação da saúde da mulher. Dra. Morgana Trindade Pacheco

Dra. Morgana Trindade Pacheco, médica radiologista, especialista em mama, com mestrado e pós-graduação na área da mama.

Apoio:

Isadora Reis - Relações Públicas isareisrp@gmail.com (51) 98908.8585

Para saber mais sobre nossas palestras, entre em contato.

Apoio:

General Vitorino, 284 | Centro | POA mediscan.com.br (51) 3018.1010 (51) 99404.0094

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››› Ano já começou com as festividades de comemoração aos 150 anos de história da instituição de Santa Cruz do Sul SEMINÁRIO DE PROFESSORES ABRE O ANO DO COLÉGIO MAUÁ 2020 será de muitas atividades di-

ferentes e alusivas aos 150 anos de história do Colégio Mauá, que serão completados no dia 27 de julho. O ano letivo do Sesquicentenário começou em 17 de fevereiro, com 1,8 mil alunos da Educação Infantil ao Ensino Médio, bem como mais 250 estudantes nas instalações da Unidade II do Mauá – Educação Infantil. Em 13 de fevereiro ocorreu a abertura do Seminário de Professores no teatro do colégio. “Os assuntos

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debatidos neste seminário seguem a proposta de começar um ano diferente em nossa instituição”, afirmou o diretor-geral, Nestor Raschen. Durante a manhã, o seminário iniciou com um momento de reflexão conduzido pelo vice-diretor, Martin Goldmeyer. Logo após, os novos educadores foram apresentados, bem como os coordenadores de cada departamento. O destaque foi a palestra O fino bordado entre o Sujeito Psíquico e o Sujeito Epistêmico, ministrada pela psicóloga e psicanalista Vivian Nolasco. Durante a explanação, Vivian abordou diversos assuntos por meio de psicanálise, fazendo relação do desen-

volvimento infantil com o papel do educador na vida dos alunos. “Ser docente hoje é muito difícil”, mencionou a psicanalista. Durante a tarde, ocorreram atividades por níveis e áreas da instituição. O seminário terminou no dia 14, com a palestra Aristóteles e os robôs, do publicitário Fábio Bernardi, premiado como Publicitário do Ano em 2014 e 2017, e sócio da Morya, agência do Grupo ABC. O tradicional evento preparatório dos educadores para o início do ano letivo ainda contou com discussões sobre questões gerais e administrativas da escola, confraternizações e atividades por níveis e áreas. 

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Por dentro da lei ›››

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Raquel Dilly Konrath Professora do Curso de Pedagogia e Coordenadora de Pós-Graduação do Instituto Ivoti. Doutora em Processos e Manifestações Culturais pela Universidade Feevale

Plano Orientador das Práticas Pedagógicas (POPP): o que muda?

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as últimas décadas, diferentes estudos e pesquisas vêm nos apresentando uma nova concepção de infância e crianças e, consequentemente, novos olhares sobre a sua forma de aprender, rompendo com dois modelos educativos fortemente marcados na história da Educação Infantil: o que desconsidera o potencial educativo, centrado em rotinas de cuidado (higiene, sono e alimentação), e o que se orienta por uma sequência de atividades centradas em conteúdos fragmentados ou em datas comemorativas, planejadas a priori pelo/a professor/a, antecipando métodos e conteúdos vigentes no Ensino Fundamental. O Plano Orientador de Práticas Pedagógicas (POPP), elaborado a partir destas mudanças conceptuais, estabelecidas no Parecer 1/2018 e embasado em outras recomendações legais atuais, apresenta uma nova abordagem (nem tão nova) na organização curricular da Educação Infantil, pautada na maior participação das crianças, concebendo-a como um sujeito ativo e de direitos. Mas o que isto significa, na prática? Respeitar as crianças em seu nível e etapa de ensino, com finalidades específicas e próprias, garantindo-lhes uma proposta curricular tendo como

eixo as brincadeiras e as interações, com experiências que emergem de seus próprios questionamentos, de suas significações, investigações e observações. Significa compreender que nesta faixa etária as crianças aprendem por meio de experiências e que, por isso, todos os momentos no cotidiano da escola são situações de aprendizagem, sem dissociar o cuidar do educar. Essa nova abordagem de aprendizagem também requer uma mudança e adequação na organização dos espaços da escola. Nesta perspectiva, o espaço da sala de referência é apenas um dentre muitas outras possibilidades da escola, que precisam oportunizar às crianças experiências de interação, exploração e descobertas; acesso a materiais diversificados, geradores de enredos para as investigações, para as produções e para a ampliação de repertórios lúdicos. Além disso, faz-se necessário rever a gestão do tempo, proporcionando às crianças uma jornada que lhes dê tempo necessário para viverem suas experiências cotidianas. Outro aspecto que precisa ser repensado nesta abordagem é a forma de acompanhar, registrar e avaliar as aprendizagens das crianças. No entanto, considerar estas diferenças entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental não

significa renunciar ou negligenciar o compromisso pedagógico com a aprendizagem. Neste contexto, sustenta-se a necessidade de articulação entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental. Desta forma, faz-se necessário pensar em momentos de transição para garantir a continuidade dos processos de aprendizagem das crianças, criando estratégias adequadas aos diferentes momentos por elas vividas, respeitando as suas especificidades etárias. Essas diferentes formas de organização, previstas no documento orientador, decorrem das especificidades da abordagem do conhecimento em cada etapa. Todas essas mudanças implicam numa mudança de postura dos/ as professores/as que assumem também um novo e diferente papel na sua forma de planejar, desenvolver a sua prática pedagógica e avaliar a criança. E, nesta concepção, reforço a importância da formação inicial e continuada do/a professor/a, não apenas aquela fundamentada na alteração de sua carreira profissional, mas aquela que lhe permite conhecer e vivenciar na prática as aprendizagens necessárias para compreender essa nova abordagem de aprendizagem e desenvolvimento na Educação Infantil. Eis o nosso grande desafio! 

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››› Em destaque

Novidades no Direito Educacional em 2020

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Cantinas do Tio Julio atua há 38 anos em todo o Brasil

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dministradora de restaurantes, refeitórios e cantinas escolares, a Cantinas do Tio Julio atua somente na rede particular de ensino em todo o Brasil e completam, em 2020, 38 anos na área de alimentação. A Cantinas do Tio Julio leva hoje os seus serviços junto a 153 unidades através de 184 Cessionários(as) inves-

Direito Educacional está cada vez mais presente no cotidiano das instituições de ensino e em 2020 isso será mais intenso. Dentre os temas que estarão em evidência, destacamos o Compliance, que implica a adaptação e cumprimento das normas e regulamentos do setor, detectando e tratando inconformidades. Muitas entidades já implementam tais rotinas. A mediação escolar também surge como importante instrumento de resolução de litígios a ser fomentado, de modo a evitar a judicialização e promo-

ver conciliação entre alunos, por alunos. Ainda, a compreensão e implementação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPDP) e como ela impactará a gestão dos dados pessoais, principalmente de crianças e adolescentes, é fundamental para o cumprimento da norma. Por fim, os impactos da reforma trabalhista e normas na gestão dos recursos humanos exigem especial atenção. Tais assuntos já mobilizam o setor, exigindo atenção do gestor educacional. Para mais informações, contate no mfo@mfoadvogados.com.br. 

tidores e responsáveis operacionais do dia dia que representam a marca, disponibilizando junto aos mesmos Assessoria Nutricional, Supervisão, Consultoria, Jurídico, Contabilidade e linha de crédito através dos fornecedores oficiais da rede. Todo este apoio é para que seus Cessionários(as) possam levar aos consumidores variedade, qualidade e ótimos preços. Iniciativas diferenciadas e promoções junto aos pais, alunos e professores são o atraente principal da rede, pois também diferencia os colégios parceiros da rede junto a qualquer outro colégio concorrente da região. 

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Grupo Etapa completa 50 anos em 2020

E SISTEMA ETAPA, REPRODUÇÃO

m 2020, o Grupo Etapa completa 50 anos – uma jornada inteiramente dedicada à educação de qualidade, compromisso que vem se afirmando e ampliando continuamente nas suas práticas de ensino e resultados de seus estudantes. Este mesmo ano registra mais uma marca histórica que é motivo de orgulho: 30 anos de Sistema Etapa – três

décadas dedicadas a levar as práticas e conhecimentos que fizeram do Etapa um dos grupos educacionais de maior reconhecimento no Brasil e no exterior a escolas parceiras de todo o país. Como parte das celebrações, o Sistema Etapa promove o Painel de Educação em edição especial, abordando temas atuais do meio educacional, que Porto Alegre receberá dia 12 de setembro. 

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