Alimentos Transgênicos
INTRODUÇÃO O melhoramento de plantas por métodos convencionais de cruzamento e por engenharia genética (técnica de DNA recombinante) pode ser utilizado para alterar características nutricionais e funcionais de um alimento. A disponibilidade da técnica de DNA recombinante para plantas geneticamente modificadas (GM), ou também denominadas de plantas transgênicas, proporciona a oportunidade de desenvolvimento de alimentos vantajosos à saúde. A principal vantagem entre as duas técnicas é a capacidade da técnica de DNA recombinante de introduzir ou modificar diferentes nutrientes em uma planta com grande velocidade e precisão. Um transgênico é produto da introdução controlada de DNA em um genoma receptor. A primeira geração de transgênicos que temos na literatura e que chegou ao comércio é portadora de características que conferem o melhor desempenho no campo, ou seja, há um aumento na eficiência de produção. Na maioria dos casos, ocorre a transferência de um ou mais genes na planta receptora que codificam proteínas que conferem resistência a insetos (p. ex., o milho Bt, que expressa a endotoxina do Bacillus thuringiensis, gene cry1Ab) e resistência a herbicida (soja Roundup Ready, que expressa o gene cp4 epsps). Alterações nutricionais decorrentes da transgenia podem ter maior impacto sobre a saúde das populações. Até o presente momento, não há no mercado alimentos derivados de plantas GM com incremento de suas características nutricionais. Entretanto, existem várias plantas com a composição de nutrientes alterada por meio da tecnologia do DNA recombinante. O principal objetivo é a modificação da composição e da concentração de nutrientes específicos ou, ainda, alteração da funcionalidade do produto. Um exemplo é a batata com alta concentração de amido, distribuído mais uniformemente no tubérculo, o que resulta em processamento mais eficiente, baixa absorção de gordura na fritura e melhora na textura. Existe também um grande número de plantas que estão sendo desenvolvidas com o objetivo de melhorar a saúde ou acentuar a funcionalidade biológica do alimento. Entre elas, incluem-se o “arroz dourado”, rico em betacaroteno e especialmente desenvolvido para suprir a deficiência de vitamina, e os óleos de canola e de soja com reduzida concentração de ácidos graxos saturados e maior teor de ácido oleico, com o objetivo de
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Neuza Mariko Aymoto Hassimotto Franco Maria Lajolo
diminuir a lipoproteína de baixa densidade (LDL), um dos fatores de risco para doenças cardiovasculares. Assim, esses exemplos acentuam o potencial dos alimentos com perfis nutricionais modificados geneticamente para a redução da incidência de doenças ou condições relacionadas à nutrição. Atualmente, as culturas biotecnológicas têm importância pelo seu potencial de beneficiar o setor de saúde pública, oferecendo alimentos mais nutritivos, reduzindo seu potencial alergênico e melhorando a eficiência dos sistemas produtivos ou mesmo como veículos de compostos bioativos e vacinas.
PLANTAS TRANSGÊNICAS Obtenção de planta transgênica Um organismo torna-se transgênico quando recebe em seu genoma uma ou mais sequências de DNA de outro organismo. A primeira etapa nesse processo é a identificação e a obtenção do gene de interesse a ser transferido de um organismo (planta, bactéria) para outro. Por exemplo, o gene cry da bactéria B. thuringiensis que codifica para a endotoxina Bt e confere resistência a insetos da ordem Lepidoptera, ou o gene cp4epsps, que codifica para a proteína CP4 5-enolpiruvil-shiquimato-3-fosfato sintase e confere à planta resistência a herbicidas. Esse gene é então isolado e introduzido em um vetor de clonagem. O vetor de clonagem é um plasmídio bacteriano destinado à multiplicação do gene no qual foram clonados os genes a serem introduzidos no genoma vegetal. A etapa seguinte é a transferência do DNA do organismo doa dor (gene de interesse) para o organismo receptor (célula vegetal com propriedades de se regenerar ou o eixo embrionário) que pode ser feita indireta ou diretamente. No primeiro caso, utiliza-se um organismo vetor como a Agrobacterium tumefaciens (Figura 39.1), uma bactéria de solo capaz de infectar plantas e de transferir parte do seu material genético para a planta hospedeira. Esta bactéria apresenta um plasmídio com uma região denominada TDNA que pode ser transferida para a célula vegetal. Nesse caso, para a transformação de plantas, insere-se o gene cassete na região do T-DNA. Assim, realiza-se a transferência para a célula ou planta a ser transformada, em que ocorre a incorporação do DNA recombinante (DNAr).
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CAPÍTULO
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