Doenças Exantemáticas em Pediatria | Carlos Eduardo Schettino

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casos, e icterícia em aproximadamente 5%. A dor de garganta costuma ser acompanhada de faringite com hipertrofia de amígdalas, ocasionalmente com exsudato branco-acinzentado e petéquias no palato, assemelhan­do-se a faringoamigdalite estreptocócica e levando ao uso inadvertido de antibiótico com frequência. Na prática, a faringoamigdalite que teve indicação de antibiótico e não melhora com penicilina deve apontar fortemente para a hipótese de mononucleose infecciosa (Figura 6.1). Outros achados são edema palpebral e exantema. O edema palpebral indolor bilateral ocorre na primeira semana de doença em até 30% dos casos e é transitório (sinal de Hoagland). O exantema tem apresentação variável, é mais comum em crianças e aparece em cerca de 3% a 15% dos pacientes. Pode ser maculopapular (Figuras 6.2 e 6.3), petequial, escarlatiniforme, urticariforme ou “eritema-multiforme-símile”. Os pacientes tratados com ampicilina ou amoxicilina irão apresentar um exantema maculopapular pruriginoso em 80% dos casos, provavelmente imunomediado, que se resolve espontaneamente. O EBV também está associado à síndrome de Gianotti-Crosti: um exantema papular eritematoso simétrico nas bochechas, que pode coalescer em placas e durar 15 a 50 dias. Também pode aparecer nas extremidades e nádegas e assemelhar-se a dermatite atópica.

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 Figura 6.2 Exantema maculopapular no pescoço, exacerbado pelo uso de amoxicilina, em um adolescente com mononucleose infecciosa

 Figura 6.3 Exantema maculopapular nas costas, exacerbado pelo uso de amoxicilina, em um adolescente com mononucleose infecciosa

Complicações

 Figura 6.1 Faringoamigdalite em paciente de 11 anos com mononucleose infecciosa

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Poucos pacientes apresentam complicações. A mais temida é a ruptura esplênica, em geral relacionada a traumatismo, que ocorre mais frequentemente durante a segunda semana de doença, a uma taxa abaixo de 0,5% entre adultos. A taxa em crianças é desconhecida, mas provavelmente menor. O aumento das amígdalas e do tecido linfoide da orofaringe pode ser de tal magnitude que pode levar a sintomas obstrutivos das vias respiratórias, como estridor e dispneia. O comprometimento de vias respiratórias pode demandar hospitalização e medidas como elevação da cabeceira, hidratação,

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Mononucleose Infecciosa

15/03/2015 12:50:20


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