juntivite não purulenta. Em geral as manchas de Koplik começam a desaparecer quando surge o exantema. A melhora clínica tipicamente ocorre 48h após o aparecimento do exantema. Com o desaparecimento da febre, há progressiva melhora do estado geral e dos sintomas catarrais. A tosse pode persistir por até 1 a 2 semanas após a infecção. Por outro lado, a ocorrência de febre após o 3o ou o 4o dia de exantema sugere a presença de complicação associada ao sarampo (Figura 1.5). A imunossupressão transitória, especialmente por supressão da resposta de células T, pode gerar anergia e reativação de tuberculose. Às vezes, o sarampo pode manifestar-se com exantema petequial e/ou purpúrico, acometendo principalmente a face e com tempo de evolução mais longo. Mais raramente, ocorre o sarampo hemorrágico, de extrema gravidade, com sangramentos por outros sítios, e coagulação intravascular disseminada, com choque e coma, de altíssima letalidade. Os indivíduos parcialmente imunizados, ou seja, aqueles com resposta incompleta à vacina de vírus vivo atenuado ou que receberam imunoglobulina após contato com sarampo, podem desenvolver o sarampo modificado, inaparente ou atenuado. Em geral, manifesta-se de modo semelhante ao sarampo clássico, porém com quadro clínico mais leve Dia da doença
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Sarampo
Exantema Koplik Conjuntivite Coriza Tosse
Figura 1.5 Correlação entre curva térmica, dias de evolução e sintomatologia do sarampo Fonte: adaptada de Krugman, 1998.
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e curto, e período de incubação mais prolongado (17 a 21 dias). A transmissibilidade é menor e as complicações são pouco comuns. O sarampo atípico ocorria principalmente em pacientes imunizados com a antiga vacina de vírus inativado e subsequentemente expostos ao vírus selvagem. Essa forma clínica caracteriza-se por quadro de febre alta e cefaleia 7 a 14 dias após a exposição ao sarampo, além de tosse, dor pleurítica e exantema maculopapular posterior, que se inicia nas extremidades e ascende para o tronco, frequentemente envolvendo palmas e plantas e poupando face e pescoço. O sarampo atípico frequentemente causa doença grave.
Complicações Muitas complicações secundárias ao sarampo podem ocorrer, relacionadas à própria infecção viral ou a infecções bacterianas secundárias. Caso haja manutenção da febre além do terceiro dia de exantema, deve-se estar atento para a possibilidade de infecções bacterianas. Em países em desenvolvimento, os casos fatais chegam a 4% a 10%, sendo a maior parte dos óbitos relacionada a complicações do trato respiratório ou encefalite. Os grupos com fatores de risco associados a maiores morbidade e mortalidade são os de indivíduos menores de 5 anos e maiores de 20 anos de idade, imunodeprimidos, gestantes, com hipovitaminose A e desnutridos. São comuns as complicações do trato respiratório e do sistema nervoso central (SNC). Laringotraqueobronquite, bronquiolite e broncopneumonia podem ser causadas pelo vírus do sarampo e são comuns no curso da infecção. Raramente, pode ocorrer pneumonia de células gigantes, uma pneumonia intersticial de curso muito grave, com alta letalidade, a qual predomina em indivíduos com comprometimento da imunidade celular. A otite média aguda é a complicação bacteriana mais comum do sarampo, ocorrendo em 5% a 10% dos casos, sendo causada por microrganismos habituais como Streptococcus pneumoniae, Haemophilus
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Sarampo
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