Nilza Margarete Eder Ribeiro
Introdução Por serem os primeiros profissionais a terem contato com a criança, os pediatras são os responsáveis imediatos pela saúde oral do paciente. Conhecimentos sobre a cavidade bucal fazem-se necessários para que ele possa auxiliar o odontopediatra na prevenção e na manutenção da saúde bucal. Nesta fase inicial, a criança está em acelerado crescimento e em constantes transformações dos tecidos moles e duros da região bucal. Observar a criança mais apuradamente, percebendo não somente a anatomia e a cronologia normais, como também aspectos relacionados com seus hábitos alimentares, posturais ou de higiene, pode repercutir definitivamente em uma boa saúde futura. A falta de orientação ou a conduta inadequada diante um problema podem resultar em distúrbios dentários mais adiante. Perceber alterações como presença de dentes neonatais, distúrbios de mineralização dentária, cárie, traumatismos dentários e alterações do freio labial e de hábitos deletérios pode mudar consideravelmente o destino da saúde bucal e, consequentemente, a saúde geral do paciente.
Distúrbios da mineralização dentária Os dentes passam por um processo fisiológico de evolução contínua para alcançarem sua
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maturidade morfológica ou funcional, em que as modificações histológicas, fisiológicas e bioquímicas têm lugar progressivo e simultâneo. A dentição decídua inicia sua formação no primeiro trimestre gestacional, e a dentição permanente entre a 20a semana de gestação e o quarto ano de vida. A erupção dos dentes é sumarizada na Tabela 40.1. Esse processo pode ser afetado por complicações ocorridas no período intrauterino e/ou pós-natal, o que causa alterações referentes a número, forma, tamanho, estrutura e cronologia de erupção dos dentes. O tipo de anomalia de desenvolvimento apresentada depende da fase de maturação do dente exposto e da gravidade dessa complicação. A hipoplasia e a opacidade são alterações estruturais do esmalte muito comuns, especialmente em crianças nascidas pré-termo. A hipoplasia corresponde à espessura reduzida em partes do esmalte, e a opacidade é uma anormalidade na sua translucidez que pode ser demarcada ou difusa. Os defeitos do esmalte têm sido observados em uma prevalência de até 96% na dentição decídua e de 84% na dentição permanente. Para alguns autores, a hipoplasia de esmalte em dentes permanentes é tão comum quanto em dentes decíduos, ocorrendo, entretanto, de maneira mais grave. A etiologia dos defeitos do esmalte é incerta, mas se acredita que uma deficiência no aporte mineral poderia
C o p y r i g h t ©2 0 1 5E d i t o r aR u b i oL t d a . Ar a u j o / Na d e r . C u i d a d oI n t e g r a l d oR e c é mn a s c i d o : P r e v e n ç ã oeC o n d u t a sT e r a p ê u t i c a s . Al g u ma sp á g i n a s , n ã os e q u e n c i a i s , ee mb a i x ar e s o l u ç ã o .
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Saúde Oral nos Primeiros Anos de Vida
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