Capítulo
2
Introdução à Ordem Kinetoplastida Wanderley de Souza
Introdução
Aspectos Taxonômicos
A ordem Kinetoplastida compreende as famílias Bodonidae Hollande, 1952, e Trypanosomatidae Kent, 1880. Nestas famílias encontramos flagelados com um ou dois flagelos que se originam de uma abertura, conhecida como bolsa flagelar, que normalmente contém uma estrutura paraflagelar e uma estrutura proeminente, conhecida como cinetoplasto. Este corresponde a uma condensação de ácido desoxirribonucleico (DNA) localizada no interior de uma mitocôndria única e ramificada por todo o corpo do protozoário. Organelas especiais do tipo peroxissomo, conhecidas como glicossomas, e microtúbulos subpeliculares são também estruturas características. Os membros da família Bodonidae apresentam dois flagelos; entre eles encontramos protozoários de vida livre, como os do gênero Bodo, e alguns parasitos de peixe que causam sérios problemas no cultivo do salmão e da truta, pertencentes ao gênero Cryptobia. A família Trypanosomatidae inclui os gêneros Blastocrithidia, Crithidia, Endotrypanum, Herpetomonas, Strigomonas, Angomonas, Leishmania, Leptomonas, Phytomonas e Trypanosoma.
Nos últimos 20 anos, tem havido uma preocupação crescente com as questões relacionadas à sistemática e à evolução dos seres vivos. A utilização cada vez mais frequente de métodos morfológicos modernos aliados a uma abordagem bioquímica e molecular tem permitido um avanço significativo nessa área. O gênero Trypanosoma é um dos mais importantes dentro da família Trypanosomatidae, por incluir uma série de espécies causadoras de importantes doenças em humanos – como Trypanosoma cruzi, agente da doença de Chagas, Trypanosoma rhodesiense e Trypanosoma gambiense, agentes da doença do sono –, além de espécies causadoras de doenças em animais – como Trypanosoma brucei, Trypanosoma equiperdum e Trypanosoma equinum. Com base no comportamento do parasito em seus hospedeiros, principalmente em vetores, o gênero Trypanosoma foi dividido em dois grupos. O primeiro, chamado Stercoraria, inclui tripanossomas que se desenvolvem no tubo digestivo do vetor e deslocam-se em direção à porção intestinal, de onde liberam formas infecciosas pelas fezes. Nesse grupo incluem-se o T. cruzi e o T. lewisi. O segundo grupo,
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