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Protozoologia Médica
este íon. Em outros casos, como ocorre com os grânulos densos do T. gondii, o processo secretório independe de Ca2+. Em muitas situações os protozoários apresentam um citoplasma hiperosmótico em relação ao meio em que se encontram; em consequência, penetra água no interior da célula pelo processo de osmose. Nesses casos, os protozoários lançam mão de uma estrutura, conhecida como vacúolo contrátil, que consiste em uma rede de túbulos conhecida como espongioma, conectada a um vacúolo central (Figura 1.11). A água coletada pelo espongioma é armazenada durante a fase de diástole no vacúolo central. Este, em determinado momento, funde-se com a membrana plasmática e descarrega o conteúdo no meio extracelular.
BF E
VC
BB 5 cyt
M
Figura 1.11 Visão geral do vacúolo contrátil encontrado em Bodo sp. É possível identificar o vacúolo central (VC) e uma rede de cisternas que formam o espongioma (E), bolsa flagelar (BF), corpúsculo basal (BB), mitocôndria (M), 5 microtúbulos (cabeças de seta) ao redor do citóstoma (cyt) Fonte: imagem gentilmente cedida por Attias & De Souza, 1996.
Estruturas e Organelas Citoplasmáticas Os protozoários apresentam uma organização básica comum a todas as células eucarióticas. Muitas dessas estruturas e organelas serão apresentadas em mais detalhe nos capítulos subsequentes, razão pela qual são apenas mencionadas neste capítulo.
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M
RE
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Figura 1.12 Visão geral da superfície de um tripanossomatídeo (Leishmania amazonensis) na qual é possível observar a membrana plasmática (seta), e os microtúbulos subpeliculares (M) em associação com cisternas do retículo endoplasmático (RE) Fonte: imagem gentilmente cedida por Pimenta & De Souza.
A membrana plasmática, que delimita a célula, apresenta sempre a estrutura trilaminar clássica (Figura 1.12). Áreas especializadas da membrana, nas quais proteínas integrais se organizam de forma especial, têm sido descritas com o uso da técnica de criofratura. Citamos como exemplos a base dos cílios e flagelos, área de adesão do flagelo ao corpo do protozoário, entre outros tripanossomatídeos e tricomonadídeos. Sobre a membrana plasmática, encontra-se o glicocálice, formado por glicoproteínas, glicolipídios e polissacarídeos, intimamente ligados à membrana plasmática. A morfologia e a espessura dessa camada, que inclusive confere certa negatividade à superfície celular, varia entre os diferentes protozoários. Ela é pouco desenvolvida em membros do grupo Apicomplexa, sendo bastante evidente em formas sanguíneas de Trypanosoma brucei (Capítulo 8, Trypanosoma brucei e Doença do Sono). Por outro lado, alguns protozoários são capazes de produzir uma parede celular quando submetidos a determinados ambientes, dando origem às chamadas formas císticas, como se verá nos capítulos dedicados a Giardia lamblia e Entamoeba histolytica. O núcleo é sempre delimitado por uma membrana nuclear típica, contendo poros nucleares (Figura 1.13) e cromatina, aderida à membrana nuclear. Alguns protozoários apresentam um nucléolo exuberante, en-
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