Atlas de Endoscopia Digestiva

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Capítulo 12

Capítulo

Pancreatites e suas Complicações: Diagnóstico e Tratamento

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PANCREATITES E SUAS COMPLICAÇÕES: DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO Luciano Lenz • Maria Rachel da Silveira Rohr

PANCREATITE AGUDA Pancreatite aguda (PA) é um processo inflamatório agudo do pâncreas que pode afetar tecidos peripancreáticos e órgãos a distância (Levy e Geenen, 2001). A PA manifesta-se geralmente como dor em faixa em andar superior do abdome acompanhada de vômitos, febre, taquicardia, leucocitose e elevação dos níveis séricos de enzimas pancreáticas (amilase e lipase) (Baron, 2005). As principais causas de PA são: cálculos biliares e álcool (Levy e Geenen, 2001; Baron, 2005). A conduta na PA depende principalmente da gravidade da doença. Por isso, foram criadas classificações para estratificar pacientes com maior risco de complicações. As mais usadas são: Ranson, Glasgow e Apache que utilizam dados clínicos e laboratoriais; e a de Baltazar que é baseada em achados tomográficos. As principais indicações para tratamento endoscópico da PA são: pancreatite aguda biliar hipertensiva e pancreatite aguda necrotizante (Baron, 2005). A colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) e a esfincterotomia biliar de urgência nas primeiras 72 horas diminuem a morbimortalidade em pacientes com PA biliar grave (Baron, 2005) (Figura 12.1).

Necrose pancreática Necrose e abscesso são complicações graves da pancreatite aguda. As definições dessas lesões, de acordo com a classificação de Atlanta, estão descritas na Tabela 12.1. O tratamento cirúrgico está associado à alta morbidade e mortalidade. A abordagem endoscópica agressiva parece ser uma modalidade alternativa que mostrou resultados promissores (Seewald, Groth e cols., 2005). A drenagem endoscópica da necrose pancreática estéril ou infectada tem sido descrita, com resolução

completa em até 84% dos casos, porém ainda é uma técnica recente e não existem estudos comparativos. Esta técnica consiste em drenagem transmural (transgástrica ou transduodenal) com colocação de próteses plásticas associada a um dreno nasopancreático (Baron, 2005). É realizada pancreatografia prévia e drenagem transpapilar, quando há comunicação entre o ducto pancreático e a cavidade cística (Seewald, Groth e cols., 2005). É feita punção transmural e dilatação com balão hidrostático para criar um acesso à cavidade abdominal. Necrossectomia endoscópica e lavagem são realizadas diariamente até que todo o material purulento seja retirado (Figura 12.2).

Pancreatite aguda recorrente idiopática Pancreatite aguda recorrente (PAR) é definida quando o paciente tem mais de um episódio clínico de pancreatite aguda (Levy e Geenen, 2001; Levy, 2002). A etiologia da PAR é encontrada em 70% a 90% dos pacientes após a avaliação inicial que inclui anamnese, exame físico, exames laboratoriais de rotina, ultra-som e tomografia de abdome. Porém, em 10% a 30% dos pacientes, a avaliação inicial falha em revelar a etiologia; esses casos são chamados PAR idiopática (Levy e Geenen, 2001; Levy, 2002). As causas de PAR de maior importância para o endoscopista são mostradas na Tabela 12.1. A CPRE sozinha pode identificar a causa da PAR idiopática em até 35% dos casos. Entretanto, quando associada à manometria do esfíncter de Oddi e análise de bile para microcristais, este número pode ser significativamente maior (Kaw e Brodmerkel, 2002).


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