Capítulo 5
Capítulo
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Câncer Gástrico Precoce
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CÂNCER GÁSTRICO PRECOCE Kendi Yamazaki • Toshiro Tomishige
INTRODUÇÃO Dos tumores malignos do estômago, mais de 90% são adenocarcinomas. Apesar de conhecida e descrita há muito tempo, o câncer gástrico continua ocasionando alta mortalidade na maioria dos países, com exceção do Japão, onde a sobrevida é maior que 60%, graças à alta incidência de detecção precoce desta afecção. O câncer gástrico precoce foi definido pela Sociedade Japonesa para Pesquisa de Câncer Gástrico em 1962, como câncer restrito à mucosa ou submucosa, independente da presença ou não de metástase linfonodal.1 A difusão do conhecimento do câncer gástrico, principalmente nas técnicas de detecção precoce pela escola japonesa, tem aumentado gradativamente o diagnóstico precoce, também nos países ocidentais. Algumas técnicas como a cromoendoscopia e, entre outras novas tecnologias como a endoscopia com magnificação, narrow banding imaging(NBI)2 e autofluorescence imaging (AFI) vieram a contribuir ainda mais na detecção e tratamento endoscópico das lesões gástricas precoces. A classificação do câncer gástrico precoce, pelo aspecto morfológico, foi também estabelecida em 1962, sendo classificado em 3 tipos. Tipo I elevado de aspecto polipóide, tipo II plano e tipo III ulcerado. O tipo II foi subdividido em 3 subtipos: IIa lesão plana levemente elevada, IIb lesão plana e IIc lesão plana levemente deprimida. Essa classificação é baseada no aspecto endoscópico da lesão e não no resultado anatomopatológico (Tabela 5.1 e Figuras 5.1 a 5.13).
DETECÇÃO ENDOSCÓPICA E CROMOENDOSCOPIA O aprimoramento tecnológico dos recentes modelos de videoendoscopia, os quais possibilitam obter
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TABELA 5.1 – Classificação Macroscópica de Câncer Gástrico Precoce
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Tipo I, lesão elevada Tipo II, lesão plana Tipo IIa, lesão plana levemente elevada Tipo IIb, lesão plana Tipo IIc, lesão plana levemente deprimida, sem ulceração • Tipo III, lesão escavada ou ulcerada Existem ainda lesões associadas (p. ex., IIa + IIc) (Figura 5.5)
imagens digitais de alta definição, tem ajudado cada vez mais a detecção de lesões precoces. Mesmo com estas tecnologias avançadas, alguns fundamentos determinados pela escola japonesa há várias décadas, continuam válidos para a detecção do câncer gástrico na fase precoce. O primeiro passo para o diagnóstico dessas lesões precoces é identificar, durante a endoscopia, as mínimas alterações que ocorrem na mucosa como: alterações na cor (palidez ou hiperemia), alterações vasculares, e presença de discretas elevações ou depressões. Após identificar uma área suspeita, a utilização da cromoscopia (corantes) ajuda a definir as pequenas alterações que a neoplasia ocasiona no relevo mucoso. O corante mais utilizado para a detecção do câncer gástrico precoce é o índigo-carmim (0,5% a 1%), um corante de contraste que facilita a identificação, delimitação e a classificação morfológica.
10/1/2008 9:35:46 AM