O tempo histórico acompanha os ritmos das transformações sociais: umas são mais rápidas, outras muito lentas. Para facilitar o entendimento das transformações e permanências sociais, o historiador francês Fernand Braudel (1902-1985) propôs três diferentes durações do tempo histórico: a longa duração, a média duração e a curta duração.
Cronologia O tempo histórico não deve ser confundido com o tempo cronológico. As pessoas ao redor do mundo podem viver em tempo cronológico semelhante, mas em tempos históricos distintos, conforme suas experiências e especificidades culturais. Além disso, a cronologia pode ser uma ferramenta usada para organizar os fatos históricos no tempo.
Na longa duração, ou tempo das estruturas, as mudanças ocorrem de forma lenta, demorando séculos para se realizar. Já na média duração, ou tempo das conjunturas, as mudanças ocorrem em 10, 20 ou 50 anos e geralmente podem ser percebidas ao longo da vida de uma pessoa. Há, ainda, a curta duração, que é o tempo dos acontecimentos breves, que ocorrem em um curto espaço de tempo, como meses ou dias. As diferentes durações do tempo histórico podem ser representadas em uma mesma linha do tempo. Na linha do tempo a seguir, por exemplo, estão representados fatos de longa duração (escravidão), média duração (governo de D. Pedro II) e curta duração (morte de Zumbi) relacionados à história do Brasil. Observe. 1840 a 1889
1530 a 1888
Governo de D. Pedro II O segundo imperador do Brasil governou o país durante quase 50 anos.
Escravidão O sistema escravista durou cerca de 350 anos no Brasil.
1500
1550
1600
capítulo 1
O tempo histórico
1650
Morte de Zumbi
Conjuração Baiana
Zumbi, o líder do Quilombo dos Palmares, morreu em 1695 lutando contra as tropas enviadas pelo governo para destruir o quilombo.
Em 1798, artesãos, soldados e ex-escravizados se rebelaram contra os altos impostos cobrados pelo governo e a situação de miséria em Salvador.
1700
1750
1800
1850
1900
Lei Euzébio de Queiroz
Assinatura da Lei Áurea
Aprovada no dia 4 de setembro de 1850, proibiu o tráfico de pessoas escravizadas da África para o Brasil.
Lei assinada no dia 13 de maio de 1888 pela princesa Isabel, filha de D. Pedro II. Essa lei aboliu oficialmente a escravidão no Brasil.
Evento, conjuntura e estrutura Uma conjuntura histórica é um conjunto de eventos (acontecimentos) ocorridos em um momento delimitado. Geralmente, é possível identificar uma conjuntura observando fatos históricos e períodos de tempo mais curtos. Já uma estrutura histórica configura situações e formas de organizações mais estáveis da sociedade e que levam mais tempo para serem modificadas. Leia o texto abaixo sobre as noções de tempo histórico.
[...] Para Fernand Braudel temos um fato histórico breve e curto — o evento —, um outro que decompõe o passado em fatias — a conjuntura — e um último que se mantém, permanece, sobrevive apesar do tempo — é a estrutura ou longa duração. Todavia, é bom que se destaque que esses tempos dos fatos históricos não estão isolados, na realidade, há um entrecruzamento desses movimentos, com interações e rupturas. Rivail Carvalho Rolim. O uso do jornal para trabalhar com a noção de fato e tempo histórico. História & Ensino, Londrina, v. 8, out. 2002. p. 70.
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