Vontade saber hist 9

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Histรณria Componente curricular Histรณria

ISBN 978-85-20-00199-8

9

788520 001998

Componente curricular Histรณria Anos finais do Ensino Fundamental

9ยบ ano

Histรณria

Marco Pellegrini Adriana Dias Keila Grinberg



Componente curricular História Anos finais do Ensino Fundamental

9º ano

Professor graduado em História pela Universidade Estadual de Londrina (UEL-PR). Autor de livros didáticos de História para o Ensino Fundamental e Ensino Médio. Editor de livros na área de ensino de História. Atuou como professor de História em escolas da rede particular de ensino.

Adriana Machado Dias Professora graduada em História pela Universidade Estadual de Londrina (UEL-PR). Especialista em História Social e Ensino de História pela Universidade Estadual de Londrina (UEL-PR). Autora de livros didáticos de História para o Ensino Fundamental e Ensino Médio. Atuou como professora de História em escolas da rede particular de ensino.

Keila Grinberg

História

Marco César Pellegrini

Professora graduada em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Doutora em História Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Professora do Departamento de História da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO-RJ).

3a edição    São Paulo    2015


Copyright © Marco César Pellegrini, Adriana Machado Dias, Keila Grinberg, 2015 Diretor editorial Lauri Cericato Gerente editorial Silvana Rossi Júlio Editora Natalia Taccetti Editores assistentes Nubia de Cassia de M. A. e Silva e Gabriel Careta de Souza Assessoria Carolina Leite de Souza e Leonardo de Sousa Klein Gerente de produção editorial Mariana Milani Coordenadora de produção Marcia Berne Coordenadora de arte Daniela Di Creddo Máximo Coordenadora de preparação e revisão Lilian Semenichin Revisão Viviam Moreira (líder); Revisores: Aline Araújo, Célia Regina N. Camargo, Cristiane Casseb, Eliana A. R. S. Medina, Lilian Vismari, Lívia Perran, Oswaldo Cogo Filho, Paulo José Andrade e Regina Barrozo Supervisão de iconografia Célia Maria Rosa de Oliveira Iconografia Erika Nascimento e Priscila Massei Diretor de operações e produção gráfica Reginaldo Soares Damasceno Produção editorial Scriba Projetos Editoriais Edição Ana Flávia Dias Zammataro Assistência editorial Alexandre de Paula Gomes e Ana Beatriz A. Thomson Projeto gráfico Marcela Pialarissi, Laís Garbelini e Dayane Barbieri Capa Marcela Pialarissi Imagem de capa Fotomontagem de José Vitor E. C. formada pelas imagens Francis Miller/The LIFE Picture Collection/Getty Images (fundo) e José Vitor Elorza/ASC Images (perfil) Edição de imagens Bruno Beneduce Amancio Edição de ilustrações Ana Elisa Diagramação Daniela Cordeiro de Oliveira Tratamento de imagens José Vitor Elorza Costa Ilustrações Ana Elisa, Art Capri, Eduardo C. S., Estudio Meraki, Gilberto Alicio, Ilustranet, José Vitor E. C., Paula Diazzi, Renan Fonseca Cartografia E. Cavalcante e Paula Radi Assistência de produção Daiana Melo, Denise A. Santos e Tamires Azevedo Autorização de recursos Erick L. Almeida Pesquisa iconográfica Alaíde França, André Silva Rodrigues, Soraya Pires Momi e Tulio Sanches Editoração eletrônica Luiz Roberto L. Correa (Beto)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Pellegrini, Marco César Vontade de saber história, 9o ano / Marco César Pellegrini, Adriana Machado Dias, Keila Grinberg. – 3. ed. – São Paulo : FTD, 2015. Bibliografia ISBN 978-85-20-00199-8 (aluno) ISBN 978-85-20-00200-1 (professor) 1. História (Ensino fundamental) I. Dias, Adriana Machado. II. Grinberg, Keila. III. Título.

15-03732 CDD-372.89 Índices para catálogo sistemático: 1. História : Ensino fundamental 372.89 Em respeito ao meio ambiente, as folhas deste livro foram produzidas com fibras obtidas de árvores de florestas plantadas, com origem certificada.

Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à Editora FTD S.A. Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo-SP CEP 01326-010 – Tel. (11) 3598-6000 Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 www.ftd.com.br E-mail: ensino.fundamental2@ftd.com.br

Impresso no Parque Gráfico da Editora FTD S.A. CNPJ 61.186.490/0016-33 Avenida Antonio Bardella, 300 Guarulhos-SP – CEP 07220-020 Tel. (11) 3545-8600 e Fax (11) 2412-5375


Apresentação Para você, o que é História? Algumas pessoas pensam que História é o estudo do passado. Outras, porém, afirmam que ela serve para entender melhor o presente. Nós acreditamos que História é tudo isso e muito mais! O estudo da História nos ajuda a perceber as ligações existentes entre o passado e o presente. A escrita, a música, o cinema, as construções magníficas, os aviões, os foguetes... Tudo aquilo de que dispomos hoje, desde os produtos fabricados com tecnologia avançada até a liberdade de expressão, devemos às pessoas que trabalharam e lutaram, enfim, que viveram antes de nós. A História nos permite conhecer o cotidiano dessas pessoas e perceber como a ação delas foi importante para construir o mundo como ele é hoje. A História nos auxilia a conhecer os grupos que formam as sociedades, os conflitos que ocorrem entre eles e os motivos de tais conflitos. Ela nos ajuda a tomar consciência da importância de nossa atuação política e a desenvolver um olhar mais crítico sobre o mundo. Assim, nos tornamos mais capazes de analisar desde uma afirmação feita por um colega até uma notícia veiculada pela televisão. Ao estudarmos História, percebemos a importância do respeito à diversidade cultural e ao direito de cada um ser o que é, e entendemos como esse respeito é indispensável para o exercício da cidadania e para construirmos um mundo melhor.

Monumento a Mahatma Gandhi Mumbai (Índia) Fotografia: Danny Lehman/Corbis/Latinstock

Bem-vindo ao fascinante estudo da História! Os autores.


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Explorando a imagem

capítulo 8

Enquanto isso...

O Movimento Negro esta dunidense

Essa seção vai ajudá-lo a perceber que acontecimentos diferentes ocorrem ao mesmo tempo em diversos lugares e que cada sociedade tem sua própria história. Editora Codecri

maio Passeata realizada em de 1968, em Paris, França.

il Contracultura no Bras

de e 1970, movimentos Nas décadas de 1960 Brasil. foram organizados no contracultura também ra governado por uma ditadu Nessa época, o país era e con­ regime ao res oposito militar, que reprimia os Nesse comunicação do país. trolava os meios de a nava protesto”, que questio contexto, a “música de a de militar, era uma maneir legitimidade do poder ial. ditator o govern o tar contes ento contracultural bra­ Outra vertente do movim to pela crítica ao comportamen sileiro se caracterizava s te, que teve muitos adepto conservador. Essa verten de vida tradicional, propu­ no país, criticava o modo em viver em sociedade, como de formas novas nha a ao consumismo. comunidades, e se opunh

O sujeito na história

Você conhecerá pessoas 211 que participaram ativamente do processo histórico. Vai perceber que a ação de todos os sujeitos históricos, inclusive você, pode transformar a sociedade.

Bettmann/Corbis/Latinstock

O sujeito na história

no Brasil nas ores da contracultura Um dos principais divulgad a Luiz Carlos foi o jornalista e roteirist décadas de 1960 e 1970 , de 1981, que do livro Negócio seguinte Maciel. Ao lado, capa a semanalmente publicad ound, Undergr . reúne artigos da coluna 1971, no jornal O Pasquim a 1969 de Maciel, por

São questões de análise de fontes históricas, que propiciam o desenvolvimento da habilidade de ler imagens.

O Movimento Negro teve forte impacto nos EUA. As pessoas que partici movimento lutavam pela pavam desse igualdade civil entre branco nação racial no país. Os s e negros e pelo fim da discrimi­ principais líderes foram Martin Luther King Jr. entanto, cada um deles e Malcolm X. No defendia diferentes estraté gias de luta. King era um líder negro cristão que acreditava na luta multir­ racial contra a segreg ação, a pobreza e a margin alização dos afro­americanos. Ele estimu lou boicotes aos meios de trans­ porte que discriminavam os negros e organizou diversas mani­ festações pacifistas pelos direitos civis e pela igualda de racial. Por meio de seus discurs os, King conseguiu unir milhares de pessoas em defesa da causa negra, inclusive políticos estadu­ nidenses, que aprovaram leis em benefício dos afro­america­ nos. Em 1963, King liderou a Marcha pelos Direito s Civis, em Washington D.C., contan do com a participação de cerca de 200 mil pessoas e, em 1964, recebeu o prêmio Nobel da Paz. Contudo, Martin Luther King Jr. foi assassinado em 1968. Malcolm X, por sua vez, era um líder negro muçulm não acreditava na união ano que entre brancos e negros . Ele também organizou muitas manife stações em favor da causa Acima, encontro de King negra, mas, ao contrário de King, estimu (à esquerda) e de lava a luta armada se ela Malcom X, em Washing fosse ne­ cessária. Ele participou ton, EUA, 1964. do Movimento Negro, de 1952 até 1965, quando, também, foi assass inado. Henry Griffin/AP Photo/Glow Images

em Paris

protes­ m as ruas de Paris para es de estudantes tomara is, especial­ Em maio de 1968, milhar regiam as relações pessoa os códigos morais que tar. Eles questionavam res. mulhe mente entre homens e carregavam carta­ Nessas manifestações, como: “É proibido proi­ zes e gritavam slogans exijam o impossível”, s, realista bir”, “Sejam entre outros. Aos , poder” “A imaginação no milhares de operários estudantes uniram­se por melhorias nas franceses, que lutavam e aumento salarial. A condições de trabalho nto com os manifes­ polícia entrou em confro montaram barrica­ vez, sua por que, tantes tar a repressão. das nas ruas para enfren rmado a orga­ Apesar de não terem transfo da França, essas mani­ nização política e social l uma revolução cultura festações provocaram acabou influenciando e comportamental que países do mundo. os jovens de diversos

one Roger-Viollet/Topfoto/Keyst

Enquanto isso...

Nas páginas de abertura dos capítulos, você encontrará imagens e um pequeno texto que despertarão seu interesse pelos assuntos que serão estudados. Há também algumas questões que propiciam a troca de ideias com os colegas e o professor, tornando o estudo mais interessante.

Angela Davis

Angela Davis nasceu no ano de 1944, na cidade de Birmingham, EUA. década de 1960, ela estudo Durante a u Filosofia e passou a se dedicar à defesa dos mulheres e a atuar no direitos das Movimento Negro. Em 1969, Angela tornou ­se professora da Univer sidade da Califórnia. Suas íram muitos alunos, o aulas atra­ que chamou a atenção de setores conservadore estadunidense. O govern s da sociedade o dos EUA, nesse período , promovia uma vigilân soas ligadas a movimentos cia sobre pes­ sociais e partidos de esquer da, e passou a perseguir Em 1970, após declara Angela. r­se membro do Partido Comunista, ela foi demiti universidade. No mesmo da da ano, ela foi presa ao ser acusada de envolvimento tativa de fuga de George na ten­ Jackson, um presidiário militante do Movimento Negro. O julgamento de Angela causou uma enorme como­ ção tanto nos EUA como em outros países. Divers as passeatas pedindo sua libertação foram organi zadas e muitos intelectuais e artistas se manifestaram ao seu favor. Após 18 meses do início do julgamento, ela foi inocentada de todas as acusações e libertada. Angela Davis continuou a lutar por uma socied ade mais justa e igualitária e atualmente é profes sora da Universidade de Santa Cruz, em São Francisco, EUA. Angela Davis discursa ndo para uma multidã o na Carolina do Norte, EUA, 1974.

210


Explorando o tema Nessa seção, um dos temas do capítulo é apresentado em páginas especiais, que o ajudarão a entender melhor as relações entre o passado e o presente.

Investigando na prática Nessa seção, são apresentados diferentes tipos de fontes históricas, algumas com explicações sobre seu significado e outras para você analisar. Você vai observar, comparar, elaborar hipóteses e aprender muito.


Livros Nas seções com esse ícone, você encontrará sugestões de livros interessantes relacionados aos assuntos estudados.

Encontro com... Nessa seção, os temas de História são articulados com assuntos de outras áreas do conhecimento, enriquecendo ainda mais o seu aprendizado.

Filmes Quando encontrar esse ícone, haverá uma sugestão de filme que enriquecerá o seu conhecimento sobre algum assunto do capítulo.

Sites As sugestões de sites da internet para você consultar são acompanhadas desse ícone.

Consciência e atitude cidadã Existem assuntos que nos levam a refletir sobre nosso cotidiano, influenciando nossas ações e nos ajudando a perceber como podemos melhorar o mundo em que vivemos. Nesta coleção, alguns deles são destacados pelos ícones apresentados a seguir.

Meio ambiente O planeta Terra é a nossa casa e, portanto, somos responsáveis por ele! Por isso, precisamos ter uma postura consciente e crítica em relação às atitudes que prejudicam o nosso planeta. Sejam ações realizadas na escola, no bairro ou na cidade, não importa, precisamos fazer tudo o que pudermos para conservar o nosso lar.

Esse tema propicia a reflexão sobre os cuidados que devemos ter com nosso corpo, a importância de respeitarmos e sermos respeitados em nossas relações afetivas e de vivenciarmos a sexualidade com segurança.

Sexualidade e gênero

Saúde Pense em um dia comum de sua vida e avalie se seus hábitos fazem bem à saúde. Os cuidados médicos, a prática de esportes, as rotinas de higiene e uma alimentação adequada são atitudes simples que contribuem para o nosso bem-estar. Esse assunto faz parte do tema Saúde, um conteúdo que vai chamar a sua atenção para simples procedimentos que colaboram com a qualidade de vida.


História em construção Atividades Localizada ao final de cada capítulo, essa seção é composta por diferentes tipos de atividades. Nela, você poderá checar o seu aprendizado, exercitar diferentes habilidades e aprofundar os conhecimentos adquiridos no estudo do capítulo.

Você verá que na disciplina de História não existem verdades definitivas e que novos estudos podem modificar nossa compreensão sobre acontecimentos do passado.

Atividades Exercícios de compreensão

3. Explique o que foi a busca pelo “espaço vital” promovida pelo governo nazista.

6. Quais fatores levaram os EUA a lançarem bombas atômicas sobre o Japão? 7. Quais foram os impacto s da bomba atômica sobre o Japão? E sobre a humanidade, qual o principa l impacto?

Nos dias seguintes, o drama ampliou-se com enorme velocidade. Montou “República do Galeão” -se a , formada por oficiais que investigaram o caso da polícia e da Justiça, à margem interrogando pessoas e promovendo ações hospital e depois no Congres policiais. No so, Lacerda agitava, insultav mente. Aos poucos, tornoua, conspirava ostensiv ase evidente o envolvim ento de integrantes da pessoal de Getúlio nos guarda incidentes da Tonelero . Durante todo o tempo, pude para eximir de fiz o que qualquer culpa a figura do presidente, sustenta de que, ainda que houvess ndo a tese e gente do Catete envolvid a no episódio, Getúlio nada sabia. Tratava-se de um brasileiro honrado de , muito acima de torpeza gênero. Lastimavelment s desse e, o esforço da Última Hora em defesa de Vargas ria inútil. resultaA honradez pessoal de Getúlio sempre fora um de seus grandes trunfos diante da opinião pública . Ele era um homem decente, com uma postura moral irretocável.

8. Em quais aspectos é possível observar a influência do fascism o no governo Vargas?

4. Quais fatos ocorrido s em 1939 deram início à Segunda Guerra Mundial?

9. Explique o que foi a política da boa vizinhança.

5. Explique como se deu a expansão nazista na Europa na primeira fase da Segunda Guerra Mundia l.

10. Estabeleça uma relação entre a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial e a deposiç ão de Getúlio Vargas.

Expandindo o conteúdo

Dora Maar/Archives Charmet/Bridgem an Images/Keystone

11. Durante a Guerra Civil Espanhola, a cidade de Guernica foi bombardeada. bardeio, que provocou Esse boma morte de milhares de civis e a completa destruiç sensibilizou o artista espanho ão da cidade, l Pablo Picasso (1881-19 1937, um mural intitulad 73), levando-o a produzi o Guernica. r, em

Samuel Wainer, 1965.

Leia o texto abaixo, observe a imagem da página seguinte e responda às questõe s. Passados [cerca de] 60 anos do final da Segund a Guerra Mundial, a obra é uma unanimidade. A obra-prima de Picasso nos anos de guerra ainda tem a força de um grito de denúnc ia. Ao criar uma versão pessoal para o episódio históric o do bombardeio à cidade basca de Guernica, Picasso fez uma obra univers al imortal e ao mesmo tempo particul ar. Até hoje, Guernica serve como denúncia do massacr e de civis durante a guerra. Embora datada e localiza da, a obra tornou-se um grito dos inocentes diante dos horrores da guerra de qualquer tempo e de qualquer lugar [...]. Claudia Musa Fay. A imagem da guerra: arte como síntese de uma catástrofe. Extraído do site: <www.anpu h.uepg.br>. Acesso em: 12 nov. 2014.

184

Samuel Wainer. Minha razão de viver: memórias de um repórter. 5. ed. Rio de Janeiro: Record, 1988. p. 200-1.

Picasso trabalhando no mural Guernica, uma de suas obras mais importantes, 1937.

a ) Qual é a opinião do autor do texto A sobre Getúlio Vargas? E a do autor do texto B? b ) De acordo com o texto A, quem foi o responsável pelo atentad o? E de acordo com o texto B?

Refletindo sobre o capítu lo

Refletindo sobre o capítulo

Agora que você finalizou o estudo deste capítulo , faça uma autoavaliação Verifique se compreende de seu aprendizado. as afirmações a seguir.

• A participação do Brasil na Segund

a Guerra Mundial ao lado nazifascistas tornou insusten dos Aliados contra as tável a manutenção do forças regime ditatorial do Estado o fim da guerra. Novo após 1950 e 1954, Getúlio Vargas foi novamente presidente do Brasil, eleito voto direto e secreto. por meio do • O governo de Juscelino Kubitsc hek foi marcado pelo acelerad urbano do Brasil. o desenvolvimento industri al e • Em 1960, a capital federal do Brasil foi transferida para a recém-constru Brasília, localizada no ída cidade de Planalto Central. • No dia 1o de abril de 1964, por meio de um golpe de Estado, os militares assumir poder no Brasil. am o Após refletir sobre essas afirmações, converse com os colegas e o professo de que todos compreenderam r para certificar-se o conteúdo trabalhado neste capítulo.

• Entre

Essa seção apresenta uma síntese das principais ideias de cada capítulo e contribuirá para que você avalie como está o seu aprendizado.

267

Ética e Cidadania Esse tema está ligado, principalmente, à seguinte pergunta: Como devemos agir? Em nosso cotidiano, é comum vivenciarmos situações e conflitos que nos deixam em dúvida sobre que atitude tomar. Ao discutirmos essas questões, estamos refletindo sobre nossas ações, além de despertar a nossa consciência para a cidadania.

Trabalhar e consumir: dois atos que dizem respeito à vida em sociedade. Qual é a importância do trabalho? Que profissão você gostaria de ter? O que é consumo? Será que estamos consumindo de forma consciente? Essas e outras questões fazem parte do tema Trabalho e Consumo, um assunto muito importante que influencia o estilo e a qualidade de vida.

Trabalho e Consumo

Pluralidade cultural

Existem inúmeras formas de viver e de se relacionar com os outros e com o ambiente. Cada povo tem sua cultura, sua identidade, sua maneira de se manifestar no mundo. Inclusive, em um único país, como no Brasil, existem várias culturas convivendo e interagindo no mesmo espaço. O tema Pluralidade cultural trata justamente dos aspectos pertinentes a esse assunto, como o respeito e a valorização dessa diversidade cultural.

capítulo 10

2. O que foi o “revanc hismo” alemão? Por que ele é conside rado um dos principais motivos da Segunda Guerra Mundial?

Henri Ballot/O Cruzeiro/EM/D.A Press

1. Em que consistia a política de apaziguamento?


capítulo

sumário

1

Construindo a História ........................................................... 14 Fazendo História ........................................... 16 • O que é História? • A importância da História • Os sujeitos históricos

Tempo e História .......................................... 18 • O tempo • O tempo histórico

As fontes históricas...................................20 • A variedade de fontes históricas • O conhecimento histórico se transforma

Investigando na prática ........................ 22 • Fontes históricas: a luta das suffragettes

capítulo

Conceitos importantes para a História........................................... 24

2

• Política • Cultura

• O desenvolvimento da industrialização • As novas tecnologias • A intensidade das mudanças • A ciência e a Segunda Revolução Industrial

Impactos da modernização.................42 • Os novos meios de comunicação e de transporte • Outras inovações • Propagandas das invenções

O cotidiano nas grandes cidades .... 44 • Transformações no modo de vida

Os bairros operários ..................................45 O sujeito na história

Marianne Hubertine...................................45

capítulo

O que é ideologia? ..................................... 27 • Um conceito, vários significados • Ideologia e ação humana

História em construção

Escolas historiográficas ..........................28

Encontro com................................................30 • Sociologia – O etnocentrismo

Explorando o tema .................................... 32 • Avanços e transformações no século XX

Atividades .........................................................34

A Segunda Revolução Industrial e o Imperialismo .............................................. 38 A Segunda Revolução Industrial .... 40

3

• Trabalho • Economia • Capitalismo • Liberalismo • Socialismo

A nova fase do capitalismo............... 46

• Mudanças no capitalismo • A concentração do capital

O Imperialismo............................................... 47 • A partilha da África • A partilha da Ásia e da Oceania • O Imperialismo japonês

A resistência dos povos nativos..... 51 • Estratégias de resistência

Encontro com................................................ 52 • Geografia – O Imperialismo e as fronteiras dos países africanos

As ideologias imperialistas.................54 • Justificativas etnocêntricas para o Imperialismo • A presença da Igreja • O darwinismo social

Atividades .........................................................56

O início da República no Brasil ...................................60 O Brasil no século XIX............................ 62 • Aspectos econômicos e sociais • As disputas pelo poder político • Principais acontecimentos • A primeira Constituição da República • A estabilização do regime republicano • A política dos governadores • O coronelismo

• Os coronéis • O voto de cabresto • As desigualdades sociais na Primeira República

A grande imigração .................................. 68 • A República investe na imigração • Imigrantes no campo • Imigrantes nas cidades • As formas de organização


Encontro com................................................ 75 • Ciências – Como surgiram as vacinas?

• A modernização urbana • Outras novidades • O cotidiano nas cidades brasileiras

Explorando o tema .................................... 76

As reformas no Rio de Janeiro ....... 72

Revoltas populares..................................... 78 • No interior do Nordeste • Canudos • A revolta dos marinheiros

Atividades ........................................................ 80

A Primeira Guerra Mundial e a Revolução Socialista na Rússia ........................ 84 A caminho da Grande Guerra ......... 86 • A Belle Époque • Conflitos imperialistas • O sentimento nacionalista • A política de alianças • A deflagração da guerra • As frentes de batalha

A guerra nas trincheiras ...................... 90 • Um jogo de forças

O fim da Grande Guerra ........................ 92 • A entrada dos Estados Unidos e a saída da Rússia • A rendição das Potências Centrais • Os esforços diplomáticos • As consequências da guerra

Explorando o tema ....................................94 • As mulheres na Primeira Guerra Mundial

• A reconstrução da Europa • A ascensão dos Estados Unidos • O fordismo

Os Estados Unidos na década de 1920 ............................... 112 • O American Way of Life • O consumismo • A cultura de massa • Mudanças no comportamento

A intolerância nos Estados Unidos........................................ 114 • O preconceito contra os “antiamericanos” • O que significa wasp? • A “ameaça comunista”

5

A Rússia czarista .........................................96 • Contrastes sociais • Bolcheviques e mencheviques • O Domingo Sangrento

O fim da Rússia czarista...................... 98 • A queda de Nicolau II • O governo provisório

A insurreição bolchevique .................. 99 • A tomada do poder • O governo dos bolcheviques • A guerra civil • A Nova Política Econômica • A morte de Lênin e a ditadura stalinista

Encontro com............................................. 102 • Arte – A arte de vanguarda

Atividades ...................................................... 104

O mundo depois da Primeira Guerra Mundial ................................................. 108 A Europa e os Estados Unidos ...... 110

4

capítulo

• A situação anterior às reformas • As políticas públicas • O projeto de “regeneração” • O Bota-abaixo • A expulsão da população • A Revolta da Vacina

• O cotidiano dos afro-brasileiros

capítulo

As cidades brasileiras no início do século XX ..............................................70

• A condenação de Sacco e Vanzetti • A Ku Klux Klan

Explorando o tema ................................... 116 • A Lei Seca e o aumento do crime organizado

A crise do sistema capitalista ......... 118 • O início da Crise de 1929 • A quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque • A Grande Depressão • Os reflexos da crise • O aumento dos problemas sociais

A intervenção do Estado nos EUA..................................... 122 • Os efeitos da Grande Depressão


• O capitalismo gerenciado pelo Estado • O New Deal

O fascismo na Itália .................................124 • A Itália no pós-guerra • A ideologia fascista • A ascensão do fascismo

O nazismo na Alemanha ....................126

capítulo

• A Alemanha no fim da Grande Guerra • A República de Weimar

6

• A sociedade moderna

A sociedade tradicional .......................138 No Sertão, o cangaço.............................139 Encontro com............................................. 140 • Arte – O modernismo no Brasil

A crise do governo das oligarquias ........................................142 • O tenentismo • A Coluna Prestes • A insatisfação com a política econômica oligárquica

A Revolução de 1930 ............................ 144 • A formação da Aliança Liberal • A tomada do poder

O Governo Provisório ........................... 145 • Concentração de poderes • A Revolução Constitucionalista de 1932 • A Constituição de 1934 capítulo

Rosa Luxemburgo ....................................126

• A ascensão do nazismo na Alemanha • Hitler e os nazistas no poder

Encontro com..............................................128 • Arte – O surrealismo

Atividades ...................................................... 130

A Era Vargas .................................................................................. 134 O Brasil na década de 1920 .............136

7

O sujeito na história

O sujeito na história

Bertha Lutz .................................................. 146

Integralismo e comunismo................147 • Vargas é eleito presidente pela Assembleia Constituinte • A Aliança Nacional Libertadora • O Levante Comunista • O Plano Cohen

O Estado Novo ............................................ 149 •O •O •A •O •A

golpe de 1937 controle social CLT trabalhismo economia no Estado Novo

Investigando na prática ...................... 152 • Cédulas e moedas: “grandes personagens” nacionais em destaque

Explorando o tema ................................. 154 • A era do rádio

Atividades .......................................................156

A Segunda Guerra Mundial........................................... 160 As origens da Segunda Guerra Mundial .......................................162 • Uma guerra sem precedentes • A política de apaziguamento • O revanchismo alemão • O governo nazista • O arianismo • A propaganda nazista

O sujeito na história

Leni Riefenstahl ........................................ 164 • A formação do Eixo Roma-Berlim-Tóquio • O “espaço vital”

A declaração de guerra ....................... 168 •A •A •A •A •A

invasão da Tchecoslováquia invasão da Polônia expansão nazista na Europa Blitzkrieg (guerra-relâmpago) Operação Barbarossa

• O ataque a Pearl Harbor e a ofensiva japonesa

A Segunda Guerra entre 1942 e 1944 ................................ 172 • O mundo em guerra

A derrocada do Eixo ............................... 174 • A ofensiva dos Aliados • O Dia D • A queda de Berlim • A rendição do Japão e o fim da guerra • O impacto da bomba atômica sobre o Japão • O impacto psicológico

A participação do Brasil na guerra .....................................177 • A influência do fascismo no Brasil • A influência dos EUA • A política da boa vizinhança


• O Brasil declara guerra ao Eixo • As forças brasileiras • As incoerências internas

Explorando o tema ................................. 180 • O Holocausto (Shoah)

História em construção

O Revisionismo ..........................................182

Encontro com..............................................183 • Medicina – Os novos tratamentos e suas aplicações na guerra

Dois mundos em confronto ............ 190 •A •O •O •O

ordem mundial bipolar sistema capitalista sistema socialista Terceiro Mundo

O início da Guerra Fria .........................193 • A Doutrina Truman • O Plano Marshall • O Comecon • As alianças militares • A divisão da Alemanha

A corrida tecnológica ............................ 196 •O •O •A •A •A

desenvolvimento nuclear pesadelo nuclear “caça às bruxas” espionagem corrida espacial

Israel e Palestina ....................................... 199 • A criação do Estado de Israel • O Oriente Médio • Conflitos entre israelenses e palestinos • Obstáculos aos acordos de paz

A Revolução Chinesa ........................... 202 • A proclamação da República chinesa • A China torna-se socialista • A Revolução Cultural • Violência e repressão

• O enfraquecimento da Europa Ocidental • A contradição do colonialismo • A influência dos EUA e da URSS • As ideias socialistas • O nacionalismo na África • O pan-africanismo e o pan-arabismo • A luta dos africanos

O sujeito na história

Fela Kuti ........................................................ 222

As independências na África ........ 223 • Os processos de independência

9

A independência da Índia britânica ................................ 204 • O crescimento do nacionalismo • A independência

A Revolução Cubana ............................ 205 • Os antecedentes da revolução • A articulação do movimento revolucionário • Cuba: um país socialista • A crise dos mísseis

A Guerra do Vietnã................................ 207 • As lutas pela independência da Indochina • EUA x Vietnã

Os movimentos de contestação .... 208 •O •A •O •O •O

que foi a contracultura? pop art movimento beatnik movimento hippie Movimento Negro estadunidense

O sujeito na história

Angela Davis ............................................... 210

• Contracultura no Brasil

Explorando o tema .................................. 212 • Música e contracultura

Atividades .......................................................214

As independências na África ....................................... 218 O contexto das independências..... 220

8

capítulo

O mundo durante a Guerra Fria ...............................188

capítulo

Atividades ...................................................... 184

• A África e o mundo no século XX • O fim do domínio português • A África francesa • A retirada belga • O fim do domínio inglês • Alemães, italianos e espanhóis perdem suas colônias

Encontro com............................................ 227 • Geografia – União Africana

História em construção

Descolonização? ....................................... 228

Os países africanos independentes ....................................... 229 • A diversidade das etnias africanas


• As relações de dependência permanecem • Norte da África • África Central • África Oriental • África Ocidental • Sul da África

O sujeito na história

Investigando na prática .................... 232 • Charges sobre as independências na África

Explorando o tema ................................ 234 • A arte africana pós-independências

Atividades ..................................................... 236

capítulo

Nelson Mandela.......................................... 231

10

O pós-guerra no Brasil: democracia e populismo ................................................. 240 O fim do Estado Novo ........................ 242 • O contexto brasileiro no fim da Segunda Guerra • O processo de redemocratização • O afastamento de Vargas • O governo Dutra • A Constituição de 1946

A volta de Getúlio Vargas à presidência........................................... 245 • Populismo e nacionalismo

História em construção

O conceito de populismo ................... 245

• Liberais e nacionalistas • O monopólio do petróleo • A crise do governo Vargas • A morte de Getúlio Vargas

O sujeito na história

Samuel Wainer ......................................... 247

O governo de Juscelino Kubitschek ....................... 248

capítulo

• A posse de Juscelino Kubitschek • O desenvolvimentismo • Impactos do governo de JK • A transferência da capital • A Novacap • O Plano Piloto • A arquitetura de Brasília

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Explorando o tema... ........................... 252 • Os candangos

Encontro com............................................ 254 • Arte – A arte brasileira na década de 1950

Brasil, campeão mundial de futebol................................................... 256 • O esporte brasileiro na década de 1950 • “A taça do mundo é nossa”

O governo de Jânio Quadros .........257 • A eleição de Jânio Quadros • “Varre, varre, vassourinha” • A política interna • A política externa • A renúncia de Jânio Quadros

O governo de João Goulart ............ 259 • A sucessão de Jânio • As tensões sociais • Do parlamentarismo ao presidencialismo • As Reformas de Base • O Golpe de 1964

História em construção

Golpe militar ou civil-militar? ......... 263

Atividades ..................................................... 264

A ditadura militar no Brasil ........................................ 268 Os militares no poder .......................... 270 • A “ameaça socialista” • A implantação do regime militar • A ditadura no Brasil

O regime militar.........................................272 • Os Atos Institucionais • O Ato Institucional nº 5 • A Doutrina de Segurança Nacional • Perseguições, prisões e exílios

• Os “porões” da ditadura • A censura • O poder da propaganda

Encontro com.............................................276 • Arte – A arte engajada

A resistência cultural na imprensa............................................. 278 • Informações sob censura


Tarso de Castro ........................................ 278

• O Movimento Estudantil

Investigando na prática .................... 280 • Charges contra a ditadura

A resistência armada ........................... 282 • O endurecimento do regime • As guerrilhas urbanas

O “milagre econômico” brasileiro ..................................................... 283 • A abertura do Brasil para o capital internacional • O crescimento econômico • A crise na economia brasileira Enquanto isso... na América Latina .................................. 284 • As ditaduras militares na América Latina • A Operação Condor

A abertura política.................................. 286 • Abetura “lenta, gradual e segura”

O sujeito na história

Manoel Fiel Filho..................................... 286

História em construção

O caso Herzog passado a limpo .... 287

O fim da ditadura militar no Brasil.................................... 288 • As idas e vindas do processo de abertura • A reforma partidária • Cresce a campanha pela democracia • A eleição indireta de Tancredo Neves

O sujeito na história

Leonel Brizola............................................ 289

Explorando o tema ................................ 290 • As Diretas Já

Atividades ..................................................... 292

O mundo contemporâneo ............................................... 296 O fim da Guerra Fria ............................ 298 • A crise soviética • As reformas de Gorbatchev • A extinção da União Soviética

A nova ordem mundial ...................... 300 • O fim da União Soviética • China, nova potência mundial

História em construção

O fim do socialismo?............................ 302

Conflitos recentes no mundo........ 304 Problemas do mundo contemporâneo ..................................... 306 O Brasil depois da ditadura ........... 308 • A redemocratização • A Constituição de 1988 • Collor • O Plano Real e o governo FHC • O governo Lula • Uma mulher na presidência

O panorama social brasileiro .......... 312 • O trabalho • A questão agrária • A reforma agrária • O crescimento urbano desordenado • As desigualdades sociais • A conquista de direitos

A questão indígena..................................316 • A demarcação de terras • A educação indígena

Bibliografia ................................. 334

O sujeito na história

Ângelo Kretã ................................................ 317

A sociedade tecnológica .....................318 • A Terceira Revolução Industrial • Os meios de transporte • Os meios de comunicação • A exclusão digital • Os avanços tecnológicos e o consumismo

História em construção

A aceleração do tempo histórico ....... 321

Encontro com............................................ 322 • Geografia – Tecnologia e consumo de energia

A engenharia genética ........................ 324 • Biotecnologia • Genoma humano e células-tronco • Alimentos transgênicos • Bioética

A nanotecnologia ..................................... 326 • Pequenas estruturas a serviço do ser humano • Os riscos do uso da nanotecnologia

A manipulação da informação........ 327 • Por trás da informação • Os grandes grupos de mídia

Explorando o tema ................................ 328 • Pensando no futuro

Atividades ..................................................... 330

12

capítulo

O sujeito na história


capítulo Cristina Horta/EM/D.A Press

1

Construindo a História

Professores da rede pública realizando uma manifestação na cidade de Belo Horizonte (MG), 2013.

14


Durante todo o século XX, ocorreram profundas transformações no modo de vida das pessoas. A ciência se desenvolveu, revolucionando os meios de comunicação e de transporte, e forneceu muitos recursos tecnológicos que dão conforto ao cotidiano das pessoas. No entanto, esse desenvolvimento técnico também foi utilizado para a construção de armas cada vez mais destrutivas. Apesar de todos os avanços científicos, a humanidade ainda enfrenta graves problemas, como a degradação ambiental e as desigualdades sociais.

Eduardo Zappia/Pulsar

Observe as imagens apresentadas nestas páginas e converse com os colegas sobre as questões a seguir.

Professora dando aula para estudantes em uma escola pública da cidade de Arapiraca (AL), 2013.

A Você considera importante a ação dos professores para a

sociedade? Por quê? B “Durante uma aula, o professor pode transformar a vida

dos alunos, assim como os alunos podem transformar a vida do professor”. Você concorda com essa afirmação? Converse com os colegas sobre esse assunto. C De que maneiras a ação da professora retratada acima, na

fotografia, pode transformar a vida dos estudantes?

15


Fazendo História O estudo do passado é essencial para a compreensão do presente.

O que é História? História é o campo do conhecimento dedicado ao estudo das ações dos seres humanos no tempo e no espaço. Esse estudo procura analisar as transformações que acontecem ao longo do tempo nas sociedades. Leia o texto a seguir. A história procura especificamente ver as transformações pelas quais passaram as sociedades humanas. A transformação é a essência da história; quem olhar para trás, na história e na sua própria vida, compreenderá isso facilmente. Nós mudamos constantemente; isso é válido para o indivíduo e também é válido para a sociedade. Nada permanece igual, e é através do tempo que se percebem as mudanças. Vavy Pacheco Borges. O que é história. São Paulo: Brasiliense, 1993. p. 50. (Primeiros Passos).

Séc. XX. Coleção particular. Foto: Underwood & Underwood/Corbis/Latinstock

A conquista das mulheres pelo direito ao voto é um bom exemplo de transformação social na história. Até o final do século XIX, as mulheres não podiam participar das eleições em seus países. Depois de várias décadas de lutas, as mulheres conquistaram o direito de votar e, também, de se candidatar a cargos públicos. Além das transformações sociais, os estudos históricos buscam compreender as permanências, isto é, aspectos que, mesmo com o passar do tempo, permanecem seme­lhantes. Como exemplos de permanências históricas, temos os hábitos alimentares. Em diferentes regiões do Brasil, por exemplo, são preparadas refeições da mesma maneira que eram feitas nos tempos coloniais.

Mulher fazendo campanha pelo voto feminino, na década de 1910, nos Estados Unidos. Em suas costas está escrita a frase “Voto para as mulheres”.

16


O estudo da História amplia o nosso conhecimento e enriquece nossa visão de mundo. Por meio do estudo dos acontecimentos e processos históricos, podemos analisar como as pessoas que viveram em outras épocas se relacionavam entre si, como suas ações moldaram a sociedade em que viveram e como contribuíram para construir o contexto no qual vivemos. Conhecendo melhor os processos históricos e percebendo que as ações de todas as pessoas são importantes, temos maior clareza da importância do nosso papel na transformação da sociedade e na construção de um mundo onde as diferenças sejam respeitadas.

capítulo 1

A importância da História Uma cidade sem passado Direção de Michael Verhoeven, 1990. (92 min).

O filme narra a experiência da jovem Sonja, que, pesquisando o passado de sua cidade, descobre informações que os moradores preferiam manter no esquecimento.

Os sujeitos históricos Sujeitos históricos são todos aqueles que, por meio de suas ações, participam do processo histórico, seja de maneira consciente ou não. Todos nós somos sujeitos históricos e, diariamente, participamos da construção da história. A história não é feita somente por “grandes personagens”, como reis, generais e políticos. Todas as pessoas são importantes agentes transformadores da história. Impeachment: processo político de averiguação de fraude ou má conduta cujo objetivo é o impedimento, o afastamento do político de seu cargo. Antônio Milena/Abril Comunicações S/A

Além dos sujeitos históricos individuais, existem os agentes coletivos, como os movimentos sociais, que promovem transformações sociais e políticas. Como exemplos de agentes coletivos podemos citar as associações de moradores, os sindicatos de trabalhadores e as Organizações Não Governamentais (ONGs), que atuam diretamente na transformação da sociedade.

A ação transformadora dos sujeitos históricos pode ser percebida nessa fotografia, que retrata estudantes brasileiros exigindo o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, em São Paulo (SP), 1992.

17


Tempo e História O tempo é um referencial fundamental para o trabalho do historiador.

Podemos perceber e medir o tempo de várias maneiras. O tempo da natureza, por exemplo, não depende da vontade humana: ele simplesmente passa e é irreversível. Esse tempo pode ser percebido pelo envelhecimento das pessoas.

amenic181/Shutterstock/Glow Images

O tempo

O tempo da natureza também pode ser percebido pelo crescimento das plantas. A fotografia ao lado retrata o broto de uma planta, gerado por meio da germinação de uma semente.

Diferentemente do tempo da natureza, o tempo cronológico obedece às regras humanas. Esse tempo é dividido em unidades de medida criadas pelo ser humano, como segundos, minutos, horas, dias, meses, anos etc. O tempo cronológico é um produto cultural, pois foi criado pelo ser humano e pode variar de uma época para outra ou em sociedades diferentes.

Corepics VOF/Shutterstock/Glow Images

A passagem do tempo cronológico pode ser percebida em várias atividades que realizamos ou acompanhamos em nosso cotidiano, como durante uma partida de final de Copa do Mundo de futebol, em que dois times têm 90 minutos para fazer gols; na escola, quando temos um prazo determinado para realizar alguma tarefa, ou, ainda, no aeroporto, quando é necessária atenção aos horários de embarque e desembarque.

Mulher consultando as horas em seu relógio de pulso. Ao fundo, os relógios marcam as horas de acordo com os fusos horários de diferentes cidades, entre elas, Londres, Tóquio, Nova Deli e Nova Iorque.

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O tempo histórico acompanha os ritmos das transformações sociais: umas são mais rápidas, outras muito lentas. Para facilitar o entendimento das transformações e permanências sociais, o historiador francês Fernand Braudel (1902-1985) propôs três diferentes durações do tempo histórico: a longa duração, a média duração e a curta duração.

Cronologia O tempo histórico não deve ser confundido com o tempo cronológico. As pessoas ao redor do mundo podem viver em tempo cronológico semelhante, mas em tempos históricos distintos, conforme suas experiências e especificidades culturais. Além disso, a cronologia pode ser uma ferramenta usada para organizar os fatos históricos no tempo.

Na longa duração, ou tempo das estruturas, as mudanças ocorrem de forma lenta, demorando séculos para se realizar. Já na média duração, ou tempo das conjunturas, as mudanças ocorrem em 10, 20 ou 50 anos e geralmente podem ser percebidas ao longo da vida de uma pessoa. Há, ainda, a curta duração, que é o tempo dos acontecimentos breves, que ocorrem em um curto espaço de tempo, como meses ou dias. As diferentes durações do tempo histórico podem ser representadas em uma mesma linha do tempo. Na linha do tempo a seguir, por exemplo, estão representados fatos de longa duração (escravidão), média duração (governo de D. Pedro II) e curta duração (morte de Zumbi) relacionados à história do Brasil. Observe. 1840 a 1889

1530 a 1888

Governo de D. Pedro II O segundo imperador do Brasil governou o país durante quase 50 anos.

Escravidão O sistema escravista durou cerca de 350 anos no Brasil.

1500

1550

1600

capítulo 1

O tempo histórico

1650

Morte de Zumbi

Conjuração Baiana

Zumbi, o líder do Quilombo dos Palmares, morreu em 1695 lutando contra as tropas enviadas pelo governo para destruir o quilombo.

Em 1798, artesãos, soldados e ex-escravizados se rebelaram contra os altos impostos cobrados pelo governo e a situação de miséria em Salvador.

1700

1750

1800

1850

1900

Lei Euzébio de Queiroz

Assinatura da Lei Áurea

Aprovada no dia 4 de setembro de 1850, proibiu o tráfico de pessoas escravizadas da África para o Brasil.

Lei assinada no dia 13 de maio de 1888 pela princesa Isabel, filha de D. Pedro II. Essa lei aboliu oficialmente a escravidão no Brasil.

Evento, conjuntura e estrutura Uma conjuntura histórica é um conjunto de eventos (acontecimentos) ocorridos em um momento delimitado. Geralmente, é possível identificar uma conjuntura observando fatos históricos e períodos de tempo mais curtos. Já uma estrutura histórica configura situações e formas de organizações mais estáveis da sociedade e que levam mais tempo para serem modificadas. Leia o texto abaixo sobre as noções de tempo histórico.

[...] Para Fernand Braudel temos um fato histórico breve e curto — o evento —, um outro que decompõe o passado em fatias — a conjuntura — e um último que se mantém, permanece, sobrevive apesar do tempo — é a estrutura ou longa duração. Todavia, é bom que se destaque que esses tempos dos fatos históricos não estão isolados, na realidade, há um entrecruzamento desses movimentos, com interações e rupturas. Rivail Carvalho Rolim. O uso do jornal para trabalhar com a noção de fato e tempo histórico. História & Ensino, Londrina, v. 8, out. 2002. p. 70.

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As fontes históricas Os historiadores estudam as ações do ser humano no tempo e no espaço com base na interpretação de fontes históricas.

A variedade de fontes históricas Fonte histórica é tudo aquilo que os indivíduos produzem ao longo do tempo, servindo, portanto, à construção do conhecimento histórico. As fontes históricas não falam por si, elas precisam ser interpretadas pelos historiadores, que realizam pesquisas e utilizam seu conhecimento prévio sobre o assunto para fazer cuidadosas observações e análises dessas fontes. Veja, a seguir, alguns exemplos de fontes históricas e de como elas podem ser analisadas.

Os monumentos são fontes históricas importantes para o trabalho de um historiador. O monumento Zumbi dos Palmares (detalhe ao lado), por exemplo, foi inaugurado na cidade do Rio de Janeiro, em 1986. Esse monumento é uma homenagem a Zumbi, o principal líder do Quilombo dos Palmares, formado por escravizados fugitivos durante o século XVII, na região do atual estado de Alagoas. Como o rosto de Zumbi não é conhecido, para representá-lo, o escultor optou por fazer uma réplica de uma das Cabeças de Ifé, encontradas no Complexo de Wunmonije (Sudoeste da Nigéria). A criação desse monumento indica, entre outras possíveis interpretações, a preocupação de alguns governantes e de grupos que lutam pelo fim da desigualdade racial no Brasil em valorizar a cultura e a história dos afro-brasileiros.

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Paulo Jares/Abril Comunicações S/A

Gustavo Dall’Ara. 1917. Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro (RJ)

Por meio da análise de pinturas é possível obter informações sobre acontecimentos passados. Nessa pintura feita em 1917, o italiano Gustavo Dall’Ara (1865-1923) representou a rua Direita (atual Primeiro de Março), na cidade do Rio de Janeiro, no início do século XX. Com base na análise dessa imagem, podemos perceber que, apesar de já existirem bondes na cidade naquela época (o artista pintou os trilhos), havia também carroças e os tílburis, que eram carruagens de tração animal utilizadas como meios de transporte. Também é possível perceber, na rua, a presença de vendedores ambulantes e de carregadores. Além disso, a pintura nos informa a respeito das roupas usadas pelas pessoas que viviam no Rio de Janeiro no início do século XX.


capítulo 1 Museu da Caixa Econômica Federal, São Paulo (SP). Foto: Leonardo Colosso/Folhapress

Neurobiol. Em: Revista Careta. 17/04/1937. Fundação Casa Rui Barbosa, Rio de Janeiro (RJ) Eddie Gerald/Alamy/Latinstock

Os anúncios publicitários podem ser analisados por historiadores que desejam estudar os hábitos de consumo no passado, bem como os recursos utilizados pelas empresas para vender seus produtos. A propaganda do Neurobiol, um tipo de tônico para o sistema nervoso, foi publicada em 1937, na revista Careta. Analisando essa fonte, percebemos que a empresa fabricante do Neurobiol procurou relacionar o sucesso pessoal à dedicação profissional, dando especial ênfase ao trabalho intelectual. Além disso, a propaganda procurou exaltar a modernização e o desenvolvimento industrial que estavam ocorrendo no Brasil naquela época.

Os documentos escritos, como leis, decretos, contratos, cartas, recibos etc., também são importantes fontes históricas. O documento ao lado, datado de 1875, registra a abertura de uma caderneta de poupança por um escravizado chamado Judas. Por meio da análise desse documento, podemos inferir que, mesmo na condição de escravizado, um homem conseguiu depositar 24 mil réis em um banco. Além disso, é muito provável que a intenção de Judas era juntar dinheiro suficiente para comprar sua carta de alforria, ou seja, o documento que garantiria sua liberdade.

Os relatos orais também são considerados fontes históricas. A história oral é uma metodologia utilizada por historiadores para obter relatos de pessoas que vivenciaram determinados acontecimentos no passado. Por meio desses relatos orais, obtidos a partir de entrevistas gravadas, podemos nos familiarizar com a memória e conhecer as diferentes lembranças que as pessoas guardam sobre determinados fatos históricos.

O conhecimento histórico se transforma Ao analisar e interpretar uma fonte histórica, o historiador constrói um determinado conhecimento sobre o passado. Esse conhecimento não é absoluto e, por isso, pode ser questionado por outros estudiosos. Uma fonte histórica não preserva o passado exatamente como ele aconteceu, no entanto ela oferece ao estudioso importantes informações a respeito desse passado. Ao analisar uma fonte, o historiador deve levar em consideração seu próprio ponto de vista sobre a história, tendo como base suas vivências e entendimento de mundo. É por essa razão que a análise de uma mesma fonte histórica, feita por historiadores diferentes, pode resultar em conclusões diversas, sem que uma delas esteja absolutamente certa e a outra errada. É importante considerar, também, que o conhecimento histórico se modifica ao longo do tempo, pois cada momento histórico apresenta seu próprio entendimento sobre acontecimentos passados. Atualmente, por exemplo, muitos aspectos da história do Brasil não são interpretados da mesma maneira que há 30 anos.

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