PNLD 2026 EM - CAT 2 - EM MOVIMENTO - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

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CIÊ CIAS DA ATUREZA

PROJETOS INTEGRADORES EM INTERFACE COM O MUNDO DO TRABALHO

Editora responsável:

Valquiria Baddini Tronolone

ORGANIZADORA: FTD Educação Obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela FTD Educação

MANUAL DO PROFESSOR

ENSINO MÉDIO VOLUME ÚNICO

ÁREA DE CONHECIMENTO: CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

CIÊ CIAS DA ATUREZA

PROJETOS

EDITORA RESPONSÁVEL:

VALQUIRIA BADDINI TRONOLONE

Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP).

Pós-graduada em Tecnologias na Aprendizagem (Educação) pelo Centro Universitário do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac-SP).

Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo (USP).

Professora da rede particular de ensino de São Paulo.

Editora.

ORGANIZADORA:

FTD Educação

Obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela FTD Educação

ENSINO MÉDIO

ÁREA DE CONHECIMENTO: CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

1a edição São Paulo – 2024

Copyright ©, FTD Educação, 2024.

Direção-geral Ricardo Tavares de Oliveira

Direção de Conteúdo e Negócios Cayube Galas

Direção editorial adjunta Luiz Tonolli

Gerência editorial Natalia Taccetti, Nubia de Cassia de Moraes Andrade e Silva

Edição Luiza Sato (coord.), Eliane Cabariti Casagrande Lourenço, Luciana Keler M. Corrêa

Preparação e revisão de textos Viviam Moreira (coord.), Revisa Sim Editorial Ltda., Markgräfin' Serviços Editoriais e Linguísticos

Produção de conteúdo digital João Paulo Bortoluci (coord.)

CNT – Sandra Del Carlo, Agência de Notícias

Gerência de produção e arte Ricardo Borges

Design Andréa Dellamagna (coord.)

Projeto de capa Andréa Dellamagna (coord.)

Imagem de capa ViDI Studio/Shutterstock.com

Arte e produção Isabel Cristina Corandin Marques (coord.), SG-Amarante

Editorial

Diagramação SG-Amarante Editorial

Coordenação de imagens e textos Elaine Bueno Koga

Licenciamento de textos Flavia Zambon, Natalie Montemurro Coppola, Monica de Souza

Iconografia Flavia Zambon, Natalie Montemurro Coppola, Monica de Souza

Ilustrações SG-Amarante Editorial, Luis Moura

Elaboração de originais:

Flávia Marques Ferrari

Bacharel em Ciências Biológicas (USP). Licenciada em Ciências (Claretiano).

Professora na rede particular de ensino.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Ciências da natureza em movimento : projetos integradores em interface com o mundo do trabalho : ensino médio : volume único / organizadora FTD Educação ; obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela FTD Educação ; editora responsável Valquiria Baddini Tronolone. -- 1. ed. -- São Paulo : FTD, 2024.

Área do conhecimento: Ciências da natureza e suas tecnologias.

ISBN 978-85-96-04791-3 (livro do estudante)

ISBN 978-85-96-04792-0 (manual do professor)

ISBN 978-85-96-04793-7 (livro do estudante HTML5)

ISBN 978-85-96-04794-4 (manual do professor HTML5)

1. Ciências da natureza (Ensino médio) I. Tronolone, Valquiria Baddini.

24-230601

Índices para catálogo sistemático: 1. Ensino integrado : Ensino médio 373

Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427

Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à

EDITORA FTD

Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP CEP 01326-010 – Tel. 0800 772 2300

Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 www.ftd.com.br central.relacionamento@ftd.com.br

CDD-373

Em respeito ao meio ambiente, as folhas deste livro foram produzidas com fibras obtidas de árvores de florestas plantadas, com origem certificada.

Impresso no Parque Gráfico da Editora FTD CNPJ 61.186.490/0016-33 Avenida Antonio Bardella, 300 Guarulhos-SP - CEP 07220-020 Tel. (11) 3545-8600 e Fax (11) 2412-5375

APRESENTAÇÃO

Caro estudante,

Os Projetos Integradores deste livro permitem a mobilização e a articulação de conhecimentos dos com componentes curriculares da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias , que são: Biologia, Física e Química .

Nesta obra, convidamos você a trilhar percursos de aprendizagens. Para isso, sugerimos experiências investigativas que envolvem a observação, a coleta e seleção de informações, e a reflexão, que são caminhos pelos quais você poderá explorar temas relevantes com criatividade e autonomia, além de exercitar a empatia e o diálogo.

Ao trabalhar com esses projetos, você terá diversas oportunidades de interação com seus colegas, nas quais o respeito e as atitudes cooperativas, propositivas e responsáveis são fundamentais. Além disso, sempre que possível, os conhecimentos adquiridos devem ser compartilhados com os amigos da escola, os professores e a comunidade.

Então, vamos começar?

PROjETOS iNTEGRADORES

Na obra da área de CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS , você encontrará seis Projetos Integradores. Nos títulos de cada um deles, há a indicação da temática e um questionamento que orientam todo o desenvolvimento dos trabalhos.

Espera-se que você e seus colegas, ao final de cada projeto, elaborem um produto final que tenha relação com o tema sugerido. Nesses seis percursos, vocês serão encorajados a trabalhar individualmente, em duplas e em grupos, para realizar uma série de atividades de caráter investigativo.

Considerando que o questionamento tem origem em situações reais que podem contribuir para o desenvolvimento de todos, é importante compartilhar o produto final com a comunidade escolar (estudantes, professores, funcionários da escola, pais e responsáveis, entre outros) ou com a comunidade externa à escola.

O trabalho com Projetos Integradores enfoca Temas Contemporâneos Transversais e possibilita a mobilização de competências gerais da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e de competências específicas e habilidades da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Temáticas fundamentais relacionadas com meio ambiente, cidadania, economia, saúde, diversidade cultural e tecnologia estão presentes nas investigações sugeridas neste livro. Em cada projeto, os estudantes são convidados a elaborar hipóteses, pesquisar dados e tomar decisões que desenvolvem a reflexão sobre a realidade. Além disso, as aspirações pessoais e profissionais são evidenciadas em propostas que buscam mobilizar a cidadania e a convivência comunitária de forma respeitosa, consciente e sustentável.

Os projetos desta obra se iniciam com uma

ABERTURA e a VISÃO

GERAL DO PROJETO. Em seguida, eles se organizam em três etapas:

1

2

Dessa forma, os Projetos Integrad ores auxiliarão em sua formação cidadã, incentivando o desenvolvimento de habilidades necessárias para a convivência em sociedade no século XXI, como a criatividade, a autonomia, a responsabilidade, o pensamento crítico e a colaboração, de forma a permitir que você se torne protagonista do seu aprendizado.

Vamos conhecer como seu livro está organizado?

3

CONHEÇA SEU iVRO

Abertura

Nestas páginas, você encontrará o tema, a pergunta-chave e uma apresentação do projeto, destacando a sua relevância.

Visão geral do projeto

Nestas páginas são apresentadas informações gerais sobre o projeto que serão mobilizadas durante as investigações. Consta também um resumo do que será produzido em cada uma das três etapas de desenvolvimento dos Projetos Integradores.

Atividades

Ao longo dos projetos, você encontrará propostas de atividades individuais, em duplas e coletivas que trabalham e ampliam os conteúdos abordados. Para expandir os conhecimentos dos estudantes e ainda possibilitar que todos consigam atingir os objetivos propostos, sugerimos Atividades de ampliação.

Organizando os trabalhos

Orientações e dicas para a realização dos trabalhos nas próximas etapas.

INÍCIO

ETAPA 1

VAMOS COMEÇAR

Esta etapa busca sensibilizar e apresentar o tema e a proposta da investigação que será desenvolvida no projeto.

Ícones e comandos das atividades que auxiliam tanto na organização das propostas, como na forma que a turma deverá se organizar no espaço escolar.

Produto final

Neste momento são apresentadas as orientações necessárias para a elaboração do produto final.

GRUPO

ETAPA 2

SABER E FAZER

Nesta etapa diferentes informações relacionadas à temática e ao questionamento propostos no projeto são apresentadas. O conhecimento adquirido ao longo do desenvolvimento desta etapa será essencial para a elaboração do produto final.

ETAPA 3

PARA FINALIZAR

Esta etapa é composta por dois momentos distintos: Produto final e Avaliação.

OBJETOS EDUCACIONAIS DIGITAIS

Os ícones a seguir identificam os diferentes tipos de objetos educacionais digitais presentes neste volume. Esses materiais digitais apresentam assuntos complementares ao conteúdo trabalhado na obra, ampliando a aprendizagem.

Avaliação

Sugerimos, neste momento, dois quadros para avaliação: o primeiro possibilita avaliar os saberes adquiridos em todas as etapas; o segundo trata das atitudes que os estudantes demonstraram ao longo do desenvolvimento do projeto.

Mundo do trabalho

Para concluir, propomos uma atividade de reflexão relacionada com o mundo do trabalho e o tema tratado no Projeto Integrador.

EM

SUMARiO

PROJETO

1

Plásticos: por que substituí-los? 10

Visão geral do projeto 12 > ETAPA 1. VAMOS COMEÇAR 14

Conversa inicial: Oceanos em perigo ....................... 14

Em foco: Repensar é preciso .................................... 16

Organizando os trabalhos: Projeto - Plástico .......... 18

> ETAPA 2. SABER E FAZER ................................. 20

Do que o plástico é feito? ........................................ 20

PROJETO

2

Como utilizamos o plástico? 22 A extensão do problema 24

Consequências que não vemos 28

como fazer direito .................................... 30 > ETAPA 3. PARA FINALIZAR .............................. 32

Produto final: Relatório com proposta de substituto ao plástico ............................................... 32 Avaliação ................................................................ 40

Alimentação saudável: qual é a importância? 42

Visão geral do projeto ................................... 44

> ETAPA 1. VAMOS COMEÇAR ............................ 46

Conversa inicial: Nossas escolhas alimentares.......... 46

Em foco: Culinária: cultura, tradições e qualidade alimentar 48

nutrientes dos alimentos .....................................

grau de processamento dos alimentos ................... 58

escolha dos alimentos para uma refeição ...............

Organizando os trabalhos: Projeto - Alimentação saudável ................................................................ 50 > ETAPA 2. SABER E FAZER ................................. 52 Aspectos gerais da alimentação saudável ..................

uma alimentação saudável 66

PROJETO

3

Ficção científica: ciência ou ficção? 74

Visão geral do projeto 76

> ETAPA 1. VAMOS COMEÇAR ............................ 78

Conversa inicial: Onde está a ficção científica? ......... 78

Em foco: A ficção científica prevê o futuro? ............... 80

Organizando os trabalhos: ProjetoFicção científica ....................................................... 82

> ETAPA 2. SABER E FAZER ................................. 84

PROJETO

4

Pesquisa, divulgação e ficção científicas 84 Um pouco de história 87 A ciência influenciando a ficção ................................ 92

........................................................... 94

ETAPA 3. PARA FINALIZAR .............................. 98 Produto final: Produção de um filme curto .............. 98 Avaliação .............................................................. 104

Fake news: como identificá-las e combatê-las? 106

Visão geral do projeto ................................. 108

> ETAPA 1. VAMOS COMEÇAR ........................... 110

Conversa inicial: Fake news: as notícias falsas da era digital ................................................ 110

Em foco: O acesso à informação e a desinformação .................................................... 112

Organizando os trabalhos: Projeto - Fake news ..... 114

> ETAPA 2. SABER E FAZER 116

Fake news: o que são, como identificá-las e classificá-las 116

O conhecimento científico pode ser usado para combater fake news? .............................................. 118

A importância do diálogo no ato de combater fake news .............................................................. 123

news que parecem verdade .............................

notícias de Ciências ................................

news que ameaçam a saúde ............................

Produto final: Painel: informando e propondo soluções ................................................ 133

PROJETO 5

Água da chuva: é possível utilizá-la? 138

Visão geral do projeto ................................. 140

> ETAPA 1. VAMOS COMEÇAR .......................... 142

Conversa inicial: A água é um recurso fundamental 142

Em foco: Diferentes maneiras de captação de água 144

Organizando os trabalhos: Projeto - Água da chuva ............................................................... 146

> ETAPA 2. SABER E FAZER 148 Água como recurso ................................................ 148

PROJETO 6

O ciclo da água ...................................................... 150

O que é a chuva e como ela se forma ...................... 152

O clima e os regimes de chuva no Brasil .................. 154

Água: consumo e potabilidade ............................... 156

A água que consumimos, mas não vemos ............... 158

> ETAPA 3. PARA FINALIZAR ............................ 160

Produto final: Proposta de sistema de captação de água da chuva 160

Moda e consumo: como praticar ações sustentáveis? 170

Visão geral do projeto 172

> ETAPA 1. VAMOS COMEÇAR .......................... 174

Conversa inicial: O que a roupa representa? .......... 174

Em foco: Consumo e sustentabilidade 176

Organizando os trabalhos: Projeto -

Moda e consumo ................................................... 178

> ETAPA 2. SABER E FAZER 180

A velha moda está saindo de moda......................... 180

Objetos Educacionais Digitais

Vídeo: Catadores de material reciclável ..................... 30

Carrossel de imagens: Materiais substitutos do uso de plástico .................................................... 35

Podcast: Alimentação saudável ................................. 52

Vídeo: Descobertas astronômicas, exoplanetas e ficção científica .................................. 92

Podcast: Processo criativo: elaboração de roteiro...... 101

Carrossel de imagens: Formatos de fake news .......... 117

Podcast: Como acontece a pesquisa científica 118

O impacto da moda no meio ambiente 182

Quanto custa uma camiseta? .................................. 184

A moda como alvo e meio de protestos................... 186

Desconstruindo o padrão de beleza ........................ 190

Como a moda influencia nossas vidas ..................... 192

> ETAPA 3. PARA FINALIZAR ............................ 194

Produto final: Organização de um evento de moda sustentável .............................................. 194 Avaliação .............................................................. 200

Vídeo: A importância da divulgação científica ......... 119

Mapa clicável: Disponibilidade e uso da água pelos países .............................................. 149

Podcast: O que é a pegada hídrica ........................... 158

Infográfico clicável: A água na produção de alguns objetos e alimentos ................................ 159

Infográfico clicável: Evolução das vestimentas 175

Podcast: A moda como reflexo de uma época 189

PLÁSTICOS: POR QUE SUBSTITUÍ-LOS?

O uso de materiais plásticos tem se mostrado uma solução eficaz para facilitar muitas das tarefas do nosso cotidiano. Eles estão presentes em embalagens descartáveis, utensílios domésticos, brinquedos, peças de automóveis, em parte dos equipamentos eletrônicos, vestuários, encanamentos, entre muitos outros objetos que utilizamos diariamente. No entanto, são cada vez mais comuns debates envolvendo o uso dos plásticos, como os impactos ambientais causados pelo seu consumo excessivo, a destinação incorreta dada aos objetos feitos com esses materiais e os processos de obtenção das matérias-primas necessárias à sua produção.

Neste projeto, vamos ampliar o conhecimento que temos sobre essa problemática, com base na investigação sobre o trabalho que envolve sua produção, consumo e impactos ambientais relacionados aos materiais plásticos. Além disso, vamos propor alternativas para substituir esses materiais.

Exemplos de embalagens e materiais plásticos que utilizamos diariamente.

ViSÃO GERA DO PROjETO

Plásticos: por que substituí-los?

TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS:

• Ciência e Tecnologia

• Educação Ambiental

• Educação em Direitos Humanos

COMPONENTES CURRICULARES:

• Trabalho

• Saúde

• Líder: Ciências da Natureza e suas Tecnologias – Química e Biologia

• Outros perfis disciplinares: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas – Geografia; Linguagens e suas Tecnologias – Arte; Matemática e suas Tecnologias

OBJETOS DO CONHECIMENTO:

• Matéria e energia

• Produção, circulação e consumo de mercadorias

ETAPAS DO PROJETO

O percurso deste projeto pode ser alterado e construído de acordo com as necessidades da turma.

• Processos de criação

• Leitura e interpretação de tabelas e gráficos

Vamos começar

Demonstração geral do tema do projeto e como ele será desenvolvido. Conhecimento geral dos impactos dos plásticos nos mares e oceanos. Reconhecimento da extensão da problemática do uso do plástico. Reflexão sobre os hábitos de produção e consumo de materiais plásticos.

> PRODUTO FINAL:

Relatório de pesquisa com proposta de um substituto para um material plástico utilizado no cotidiano.

OBJETIVOS:

• Compreender os impactos ambientais relacionados ao consumo de plásticos.

• Repensar o hábito pessoal e coletivo do uso e descarte de plásticos.

• Compreender a linha de produção e reciclagem do plástico e analisar o papel dos profissionais inseridos nela.

JUSTIFICATIVA:

• Avaliar a eficácia das políticas públicas destinadas a reduzir a poluição plástica.

• U tilizar conhecimentos científicos para conscientizar sobre a importância de se utilizar alternativas ao uso de materiais plásticos.

• Elaborar propostas com soluções para substituir os materiais plásticos.

ETAPA

Entre todos os resíduos descartados irregularmente no meio ambiente, o plástico é, atualmente, um dos que mais preocupa. Ele está presente em vários produtos e gera diversos impactos na natureza. Compreender esses impactos é essencial para iniciar um movimento de conscientização sobre a importância de revermos hábitos de consumo e uso de materiais plásticos. Além disso, é fundamental para uma análise que abrange tanto o modo de produção quanto as características desses materiais. Mais do que uma reflexão sobre essas questões, o projeto propõe uma investigação sobre mudança de hábitos e questões relacionadas com o mundo do trabalho, como o modo de produção, incluindo uma análise do papel dos catadores na viabilização da reciclagem, além de estimular a criatividade dos estudantes para resolver problemas reais.

Saber e fazer

Compreensão de que os plásticos são derivados do petróleo e dos impactos associados ao modo de trabalho que envolve sua produção. Análise das propriedades físicas gerais dos plásticos, relacionando-as com as aplicações dos respectivos materiais. Conhecimento dos diferentes tipos de plásticos e seus usos. Reflexão sobre os dados de produção e descarte dos plásticos. Análise dos tempos de vida útil e de degradação de materiais plásticos na natureza. Caracterização dos microplásticos e de sua relação com a cadeia alimentar. Entendimento da limitação do uso de aterros sanitários. Reflexão sobre formas alternativas e ambientalmente mais sustentáveis para o descarte de plásticos. Análise da questão da reciclagem e seus trabalhadores.

Para finalizar

Realização de pesquisa sobre os hábitos de descarte de materiais plásticos na comunidade. Elaboração de proposta para possíveis substitutos aos plásticos. Produção de um relatório de pesquisa sintetizando as investigações realizadas e os conhecimentos adquiridos.

ETAPA

1

Vamos começar

CONVERSA INICIAL

Oceanos em perigo

No nosso cotidiano, consumimos grande variedade de produtos, muitos dos quais acompanhados de embalagens. Os plásticos são os materiais mais utilizados na produção da maior parte desses objetos que, depois de serem usados, são rapidamente desprezados.

Quando descartados incorretamente, os materiais feitos de plástico se acumulam no ambiente gerando poluição de solos, mares, oceanos e rios. Esse problema é agravado pelo fato desse tipo de material, de maneira geral, levar dezenas e até centenas de anos para se degradar no ambiente. De acordo com o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), só em 2016, o Brasil gerou em torno de 11,3 milhões de toneladas de lixo, tornando-se o 4o maior gerador de resíduos plásticos, seguido pela Indonésia, com aproximadamente 9,9 milhões de toneladas.

Um dos fenômenos que tem alertado a comunidade científica, os órgãos governamentais e a população em geral é a quantidade de plásticos que chega aos oceanos. As correntes oceânicas favorecem o acúmulo de grande parte desse material em regiões específicas, formando depósitos, conhecidos como “ilhas de plásticos”, formados pelos mais variados objetos.

Uma das “ilhas de plásticos” existentes no oceano Pacífico, próximo ao Havaí, tem uma área equivalente a três vezes o tamanho do estado da Bahia. Estima-se que nessa região haja cerca de 87 mil toneladas de plástico.

O impacto na vida marinha pelo acúmulo de resíduos plásticos nos oceanos é incalculável.

Outro problema bastante grave tem sido o efeito do plástico na vida marinha. Os animais têm ingerido cada vez mais plásticos dispersos nas águas, pois eles confundem esses objetos com os alimentos que estão habituados a consumir, levando muitos à morte, asfixiados ou perfurados por esses materiais.

A B

Na imagem A , tartaruga marinha da espécie Chelonia mydas (tartaruga-verde) se alimentando de uma água-viva, um dos principais itens da sua dieta. Na imagem B, tartaruga da mesma espécie se aproximando de uma sacola plástica que se assemelha a uma água-viva. (Tamanho aproximado da espécie = 120 cm.)

AT¡v¡DaDeS

Ver nas Orientações para o professor observações e sugestões para estas atividades.

1. Pensando no texto apresentado, respondam às perguntas.

a) Vocês já viram embalagens plásticas fora da lixeira, seja em praias ou mesmo na região em que moram?

b) Vocês já pensaram que algo aparentemente simples, como o descarte incorreto do lixo plástico, pode afetar diferentes ecossistemas no planeta?

2. Os resíduos plásticos liberados no ambiente provocam impactos ambientais graves, tanto nos solos como nos rios, mares e oceanos. Quais são as responsabilidades de todos nós, como cidadãos, da indústria, do comércio e dos Estados em relação a essa questão?

PARA ASSiSTiR

O lixo marinho

Essa animação, produzida pelo Ministério do Meio Ambiente, explica diversas informações sobre o lixo marinho, inclusive sua origem e os impactos gerados nos oceanos.

UM MAR de lixo. 2018. Vídeo (7 min). Publicado pelo canal Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=00UQQx9-GB8&t=97s. Acesso em: 16 out. 2024.

3. Quais são seus conhecimentos quanto aos aspectos relacionados à produção, ao consumo e ao descarte dos plásticos?

4. Na sua opinião, a população, de modo geral:

a) Conhece suficientemente as problemáticas relacionadas aos plásticos?

b) Sabe como agir para reduzir os impactos ambientais relacionados ao uso dos plásticos?

Não escreva no livro.

R epensar é preciso

O consumo de materiais plásticos, como ocorre hoje, é exagerado, ultrapassa os limites da necessidade e, consequentemente, gera muitos impactos negativos para o meio ambiente. Pensando nisso, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou, em 2017, a campanha Mares Limpos , com duração prevista de cinco anos e o objetivo de reduzir a quantidade de materiais plásticos que invade diariamente os oceanos. No último ano da campanha, o programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) fez uma grande campanha para países se engajarem no compromisso de reduzir a quantidade de lixo global, conseguindo a assinatura de 63 países no compromisso de redução de plástico nos mares.

Segundo explica Letícia Carvalho, chefe da Seção Marinha e de Água Doce do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA):

"A poluição é uma das três crises planetárias inter-relacionadas que enfrentamos, juntamente com a perda de biodiversidade e a instabilidade climática, devido à produção e ao consumo insustentáveis" [...]

[...] "Em última análise, esse é um problema que afeta a saúde de nosso planeta, nossas sociedades e nossos meios de subsistência".

ONU Programa para o meio ambiente. Disponível em: https://www.unep.org/pt-br/noticias-e-reportagens/reportagem/como-ospaises-estao-virando-mare-da-poluicao-plastica-nos-mares. Acesso em: 16 out. 2024.

É importante ressaltar que esse tipo de poluição atinge não só os oceanos, mas também as regiões terrestres, especialmente aquelas mais populosas, nas quais os habitantes têm por hábito consumir produtos descartáveis. Nesses locais, é muito comum observarmos, por exemplo, diversos tipos de materiais descartados de forma incorreta, seja por falta de conscientização da população ou por políticas públicas ineficientes.

O alto consumo, aliado ao descarte incorreto de materiais plásticos, gera impactos ambientais extremamente prejudiciais. Rua em São Paulo, SP, 2022.

RAFAEL

Portanto, para resolver esse problema, é fundamental repensarmos o modo como utilizamos materiais plásticos em nosso cotidiano. Para isso, é importante analisarmos o tema com um olhar crítico, procurando entender os modelos de produção e consumo, os impactos ambientais e as alternativas ao uso desses materiais de maneira geral.

1. Imagine a seguinte cena: você vai à lanchonete da escola e pede um lanche e um suco natural. Eles são servidos em embalagens de plástico, com um prato de plástico e um copo de plástico. Quinze minutos depois, quando você termina de comer, todo esse plástico é jogado fora, pois não tem mais utilidade. Você já vivenciou esse tipo de situação? Com base em seus conhecimentos e no que foi apresentado até o momento, o que você acha que poderia ser feito visando à redução do consumo e do descarte do plástico?

2. Formem duplas e, de acordo com seus próprios conhecimentos, julguem se as afirmações a seguir são verdadeiras ou falsas.

a Materiais descartáveis feitos de plástico são pouco utilizados na atualidade.

O ideal nesse momento é que os estudantes respondam às questões a seguir o mais instintivamente possível, sem recorrer a qualquer tipo de pesquisa. O intuito é que os conhecimentos prévios deles sobre o assunto possam ser levantados. Caso seja interessante, ao longo do desenvolvimento do projeto ou ao final, essas questões e as respostas dadas podem ser retomadas e reavaliadas.

Ver nas Orientações para o professor observações e sugestões para estas atividades.

Não é necessário reciclar os materiais plásticos.

b

c

d

O uso de materiais de plástico em geral não aumentou muito nos últimos anos.

Os materiais plásticos estão presentes em todos os momentos do nosso cotidiano e constituem desde simples talheres até peças de ônibus espaciais.

f

A produção de plástico é simples e envolve poucos profissionais.

g

Dependendo das condições, um material plástico pode levar centenas de anos para se degradar completamente.

Estudos comprovaram a presença de plásticos com diâmetro inferior a 5 milímetros no sistema digestório de algumas pessoas.

Pensando na temática dos plásticos, formulem duas questões sobre as quais vocês gostariam de saber a resposta. Elas serão importantes em um momento futuro deste projeto.

TERAVECTOR/SHUTTERSTOCKCOM

ORGANIZANDO OS TRABALHOS

P rojeto - Plástico

A produção de materiais plásticos, iniciada na metade do século passado, vem aumentando vertiginosamente ano após ano. Centenas de milhões de toneladas são produzidas anualmente e grande parte é prontamente descartada após o uso. É consenso entre os especialistas da área que esse perfil de produção e consumo precisa ser repensado.

Mais do que isso, a enorme produção de lixo excede também a capacidade de coleta e destinação adequada, além de uma grande parte do material produzido ser descartada incorretamente, gerando prejuízos cuja extensão nem sequer é totalmente compreendida.

Ao longo do projeto, analisaremos, de forma mais profunda, as características de produção, uso e descarte dos plásticos, evidenciando seus problemas e impactos ambientais e sociais, especialmente relacionados ao Mundo do Trabalho. Refletiremos sobre uma temática que é ao mesmo tempo local e global, evidenciando que decisões simples e cotidianas podem ajudar a resolver problemas reais. Isso envolve compreender o impacto de diversas profissões e entender suas interações dentro da cadeia de reciclagem de plásticos.

Como produto final, vocês desenvolverão uma proposta de substituição para um material plástico de uso rotineiro, a ser apresentada na forma de relatório de pesquisa.

O enfrentamento de problemas reais, como o consumo excessivo de plástico, requer, muitas vezes, organização, pesquisa e uma boa dose de criatividade.

KALI9/GETTY IMAGES

PARA AS PROXiMAS ETAPAS

1. Vocês deverão se organizar em grupos de 4 integrantes que trabalharão juntos até o fim do projeto. Para isso, é interessante pensarem em compor um grupo com boa diversidade de perfis, pois serão necessárias habilidades como desenho, leitura, interpretação e elaboração de texto e gráficos, pesquisa, organização de dados e criatividade. Um dos integrantes do seu grupo deve ser, necessariamente, a sua dupla das atividades anteriores.

2. Em seguida, teremos atividades voltadas ao entendimento de questões associadas à problemática do uso de plásticos que abordam, principalmente, aspectos da produção, uso e descarte desses materiais. As atividades foram idealizadas para proporcionar momentos de reflexão e análise sobre o cenário atual, fornecendo embasamento para o desenvolvimento do produto final e, também, para a construção de conhecimentos relacionados ao funcionamento da sociedade moderna.

3. Os conhecimentos adquiridos serão sintetizados em uma redação, que servirá de ponto de partida para a elaboração do relatório de pesquisa.

4. Para finalizar, teremos atividades voltadas ao desenvolvimento da proposta de substituição de um material plástico, incluindo análise e coleta de dados em um ambiente cotidiano e pesquisa por materiais alternativos, bem como a construção de um cartaz de conscientização e a sistematização de todo o conhecimento construído, incluindo a própria proposta, na forma de um relatório de pesquisa. Materiais:

• Dispositivo com acesso à internet.

• Jornais, revistas, livros e outros meios de pesquisa.

• Papéis e cartolinas.

• Canetas coloridas.

• Materiais alternativos ao plástico para a produção de bens duráveis e não duráveis.

Saber e fazer

PARA ASSiSTiR

Plástico feito de cana-de-açúcar

A tecnologia desenvolvida por pesquisadores brasileiros permite a produção de objetos plásticos a partir da cana-de-açúcar em alternativa ao uso de petróleo.

PLÁSTICO feito de cana-de-açúcar é usado pela Nasa. 2016. Vídeo (2min25s). Publicado pelo canal Jornal da Band. Disponível em: https:// www.youtube.com/watch?v=noceflCAwFI.

Acesso em: 16 out. 2024.

Do que o plástico é feito?

Tudo começa com o petróleo. Assim como alguns fertilizantes, algumas tintas e a borracha sintética, os plásticos são materiais produzidos a partir do petróleo, ou seja, são sintetizados pelo ser humano e, portanto, não são encontrados na natureza.

Uma vez extraído, o petróleo passa por um processo de destilação fracionada, que consiste na separação dos diferentes componentes do petróleo de acordo com sua temperatura de ebulição. Nela, é obtida a nafta, substância utilizada na produção dos plásticos, assim como a gasolina, o querosene, o diesel e outros.

Plataforma de extração de petróleo na cidade do Rio de Janeiro, RJ, em 2022.

A nafta é então decomposta em diferentes substâncias, formadas por pequenas moléculas, que são submetidas a reações de polimerização. Cada tipo de plástico, de um modo geral, é originado a partir de um tipo de molécula que compõe a nafta.

As reações de polimerização resultam em pequenos grãos, que são enviados para diversas indústrias para a produção dos materiais plásticos finais. Além disso, aditivos costumam ser utilizados para atingir as características desejadas, como alterar cor, aumentar ou reduzir a flexibilidade, diminuir a eletrização por atrito ou reduzir a viscosidade.

Hoje, a produção global de plásticos pode ser considerada excessiva. De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD), entre 1950 e 2019, estima-se que um total de 10,7 bilhões de toneladas foi produzido; só no ano de 2019, foram fabricadas 460 milhões de toneladas. Para se ter uma ideia, a produção de plásticos neste século já superou toda a produção realizada entre 1950 e 2000.

Polimerização: reação em que pequenas moléculas (monômeros) se ligam umas às outras formando grandes cadeias (polímeros).

Veja, no gráfico a seguir, como ocorreu a evolução da produção global de plásticos entre 1950 e 2019. Note que os valores se referem aos respectivos anos e não à produção acumulada.

Evolução da produção global de plástico entre 1950 e 2019

Pequenos grãos que originam os diversos materiais plásticos que conhecemos.

Fonte de dados: OECD (2022), Global Plastics Outlook: Economic Drivers, Environmental Impacts and Policy Options, OECD Publishing, Paris. Disponível em: https://ourworldindata. org/grapher/global-plastics-production. Acesso em: 16 out. 2024.

Ver nas Orientações para o professor observações e sugestões para estas atividades.

1. Em grupos, pesquisem (na internet, em revistas, jornais etc.) e respondam às seguintes questões:

a) Como o plástico surgiu?

b) Considerando que os materiais plásticos são sintéticos, apresentem um aspecto positivo e um negativo dessa característica em relação ao uso de materiais naturais.

c) Do que o plástico é feito? Quais são os profissionais envolvidos em sua produção?

d) Quais são os principais impactos ambientais na extração do petróleo?

e) Com base no gráfico que mostra a evolução da produção global de plástico entre 1950 e 2019, qual é a quantidade média de plástico, em kg, produzida por pessoa no mundo, em 2019? Dica: pesquisem o total de habitantes da Terra em 2019.

EDITORIA

A atividade proposta ao final desse tópico requer que os estudantes tragam objetos de casa; convém avisá-los com antecedência desse fato. Caso necessário, podem-se utilizar objetos disponíveis na sala de aula durante a execução da atividade.

C omo utilizamos o plástico?

Os plásticos apresentam propriedades físicas que permitem a produção de diversos materiais e seu uso em diferentes situações é possibilitado por suas características versáteis, entre elas:

• Apresentam baixa densidade e não são muito rígidos quando comparados a cerâmica, madeira e metais; desse modo, quando, por exemplo, são utilizados em meios de transporte, permitem a redução do consumo de combustível.

• Apresentam baixa condutibilidade elétrica e térmica, portanto costumam ser utilizados para revestir aparelhos eletrônicos sem aumentar significativamente o peso deles e auxiliando no isolamento térmico e elétrico.

• Ap resentam baixo custo, por isso são mais acessíveis.

• Os p rocessos de produção e reciclagem necessitam de temperaturas mais baixas, quando comparadas às utilizadas para metais e vidros. Gasta-se menos energia e diminui o risco de acidentes nos processos.

• S ão pouco reativos com o gás oxigênio, ácidos, bases e outras substâncias e, com o uso de aditivos, é possível alterar a sua elasticidade, resistência, cor e outras propriedades. Dessa maneira, é comum serem utilizados para proteger alimentos e outros materiais de contaminação biológica, degradação física e química.

Apesar de sua versatilidade, os plásticos são majoritariamente utilizados na confecção de embalagens. Somente em 2019, foram destinadas quase 143 milhões de toneladas de plástico para essa aplicação. Observe, a seguir, em quais setores e em qual quantidade os plásticos foram utilizados.

Setores onde o plástico foi utilizado

Maquinário industrial 2,68

Fonte de dados: OECD (2022), Global Plastics Outlook: Economic Drivers, Environmental Impacts and Policy Options, OECD Publishing, Paris. Disponível em: https://data-explorer. oecd.org/vis?tenant=archive&df[ds]=DisseminateArchiveDMZ&df[id]=DF_PLASTIC_ USE_6&df[ag]=OECD&dq=..&to[TIME]=false&ly[cl]=PLASTICS_APPLICATIONS&ly[rs]=PLASTICS_ POLYMER&ly[rw]=LOCATION&vw=tb. Acesso em: 16 out. 2024.

Utilização do plástico em 2019

O s tipos de plástico

Você sabia que os tecidos sintéticos são derivados dos plásticos? Ou melhor, que eles, em sua maioria, são plásticos? Se conseguir, olhe a etiqueta da sua camiseta. Ela é 100% algodão ou possui algum outro componente, como elastano ou poliéster? Esses componentes são fibras sintéticas e podem ser considerados materiais plásticos.

Você já reparou que os materiais plásticos possuem números escritos dentro de triângulos?

Apesar de utilizarmos o termo genérico “plástico” em nosso dia a dia, existem categorias diferentes desse tipo de material. Os números indicam o tipo de plástico que constitui um determinado objeto. Cada tipo apresenta particularidades em sua estrutura molecular, ou seja, não há um único tipo de plástico, mas sim vários, como demonstrado a seguir.

Códigos de identificação dos tipos de plásticos

Fonte de dados: OECD (2022), Global Plastics Outlook: Economic Drivers, Environmental Impacts and Policy Options, OECD Publishing, Paris. p. 37. Disponível em: https://www.oecd.org/content/dam/oecd/ en/publications/reports/2022/02/global-plasticsoutlook_a653d1c9/de747aef-en.pdf. Acesso em: 15 out. 2024.

Ver nas Orientações para o professor observações e sugestões para estas atividades.

1. Pesquisem sobre cada tipo de plástico. Montem em seu caderno um quadro com o número, a sigla, o nome completo do composto, características desse tipo de plástico e onde estão presentes.

2 . Tragam dois objetos de plástico de sua casa e, se possível, a embalagem desses objetos. Classifiquem cada objeto utilizando os códigos de identificação dos tipos de plásticos acima.

ATiViDADE DE AMP i AÇÃO

Analisem o texto a seguir e respondam às questões.

Outro desafio imenso ao pensar na reciclagem do plástico é a má identificação do tipo de plástico utilizado nos produtos. Os diferentes tipos de plástico, com diferentes densidades, não podem ser reciclados da mesma forma e é papel das produtoras identificar quais plásticos foram utilizados nos produtos. Contudo, é comum que essa identificação seja feita de maneira errônea. [...] [...] “Paulatinamente, o plástico foi crescendo em diversos setores da economia e nunca a humanidade teve tanta preocupação com a sustentabilidade e o descarte correto. [...] Algumas coisas vão ser mantidas usando os procedimentos mais apropriados de descarte, outras têm que ser banidas [...]"

JORNAL da USP. Apenas 9% do plástico global é reciclado; no Brasil, a porcentagem é ainda menor. Disponível em: https://jornal.usp.br/ radio-usp/apenas-9-do-plastico-global-e-reciclado-no-brasil-porcentagem-ainda-e-menor/. Acesso em: 16 out. 2024.

a) Como a classificação inadequada ou a mistura de materiais pode dificultar o trabalho dos catadores na coleta e reciclagem de plásticos?

b) Pesquisem sobre os tipos de plástico mais comuns usados no dia a dia e sugira quais deles poderiam ser substituídos. Façam uma lista e compartilhe com os colegas.

Plásticos: por que substituí-los?

escreva no livro.
PET PEAD PVC PEBD PP PS Outros

A e xtensão do problema

Não é exagero afirmar que os plásticos revolucionaram a forma de se produzir novos materiais. Em razão de seu baixo custo, versatilidade e rapidez na produção, esses materiais se difundiram nas mais diversas áreas de atuação humana.

Entretanto, a preocupação com os impactos causados pelo consumo de plásticos não acompanhou o ritmo de crescimento da produção e hoje percebemos que os impactos negativos atingem praticamente todos os locais do planeta e até mesmo fora dele.

Lixo descartado inadequadamente em região da Ucrânia em 2020 (A); barcos abandonados na Groenlândia, em 2020 (B), e no rio Negro, na Amazônia, em 2023 (C ). A presença de lixo já é um problema até no espaço (D é uma representação da quantidade de lixo espacial com base em dados reais. Imagem sem escala; cores-fantasia).

Apesar de úteis, os plásticos também são considerados descartáveis. Inclusive, em muitos lugares, é mais barato produzir novos plásticos do que reciclá-los, embora tal prática seja pior para o meio ambiente.

A prática de coletar materiais recicláveis e vendê-los a centrais de reciclagem muitas vezes fica restrita a materiais de maior valor, como o alumínio, e assim comunidades de catadores privilegiam esses materiais a outros.

A r elação entre produção e descarte

O gráfico a seguir demonstra que, de todo o plástico produzido desde 1950, apenas 9% dos resíduos é reciclado; 19% é incinerado, 50% acaba em aterros sanitários e 22% escapa dos sistemas de gerenciamento de resíduos.

Descarte de plásticos (até 2019)

78% descartado

50% acumula-se em aterros sanitários e na natureza

22% não coletado

19% foi incinerado

9% foi reciclado

Fonte de dados: OECD (2022), Global Plastics Outlook: Economic Drivers, Environmental Impacts and Policy Options, OECD Publishing, Paris. Disponível em: https://www.oecd.org/en/about/news/press-releases/2022/02/plastic-pollutionis-growing-relentlessly-as-waste-management-and-recycling-fall-short.html. Acesso em: 16 out. 2024.

Aterro sanitário: grande depósito de resíduos sólidos comumente utilizado como forma adequada de descarte de lixo.

Outra informação importante é conhecer o tempo de vida útil dos materiais plásticos. Afinal, qual é a real necessidade de jogá-los fora e produzir novos?

O gráfico a seguir apresenta a vida útil média de produtos plásticos considerando suas respectivas aplicações. Nele, é possível ver que algumas embalagens têm vida útil superior a um ou dois anos, o que significa que, muitas vezes, em nosso cotidiano, descartamos materiais desnecessariamente, pois o fazemos antes que esse produto esteja inviável para uso.

Tempo de vida útil médio de materiais plásticos por aplicação

Tempo de vida útil médio de materiais plásticos por aplicação

Distribuição da vida útil dos produtos

Embalagens

Produtos de consumo

Têxteis

Eletroeletrônicos

Transporte

Maquinário industrial

Materiais de construção

Anos de vida útil

Fonte: OECD (2022), Global Plastics Outlook: Economic Drivers, Environmental Impacts and Policy Options, OECD Publishing, Paris, p.40. Disponível em: https:// www.oecd.org/content/dam/oecd/en/publications/reports/2022/02/global-plastics-outlook_a653d1c9/de747aef-en.pdf. Acesso em: 16 out. 2024.

Note como muitos produtos plásticos usados em embalagens têm vida útil inferior a 2,5 anos, enquanto outros, utilizados em construções, podem durar mais de 40 anos.

Plásticos: por que substituí-los? 25

O s principais impactos ambientais

A durabilidade dos plásticos é uma das propriedades fundamentais desse tipo de material. Você já imaginou uma garrafa de água que, em questão de dias ou meses, se degrada consideravelmente?

Os plásticos, assim como outros materiais, podem passar por transformações físicas e químicas que os modificam. Este processo recebe o nome de degradação. Ele ocorre, por exemplo, pela ação da luz ou por reações com outras substâncias. A degradação também pode ocorrer por alguns tipos particulares de bactérias, sendo, neste caso, denominada biodegradação. É importante ressaltar que atualmente já se conhece bactérias e fungos capazes de degradar alguns tipos de plástico, mas ainda são necessários estudos sobre a viabilidade de utilizar esses seres vivos na degradação dos plásticos e os possíveis impactos dos materiais resultantes dessa biodegradação.

Além disso, alguns plásticos biodegradáveis, ou seja, com composição química derivada de fontes vegetais e, portanto, diferentes do petróleo, estão em fase de desenvolvimento, sendo que, geralmente, um dos empecilhos para sua popularização é o alto custo de produção desses materiais. Um dos grandes problemas associados aos plásticos derivados do petróleo é o seu processo de degradação, que é muito lento. Como consequência, esses materiais perduram por muito tempo quando abandonados na natureza, provocando diversos problemas ao meio ambiente. Materiais plásticos podem levar anos, décadas e até mesmo séculos para se decompor. Os valores a seguir representam o tempo médio de decomposição dos respectivos materiais no oceano, sendo que esse tempo pode variar, pois está relacionado às condições específicas de cada ambiente.

O ciclo de vida dos plásticos

sacola plástica 20 anos

garrafa de água

450 anos copo de café 30 anos

cápsula de café

canudo de plástico 200 anos

escova de dentes

500 anos

500 anos fralda descartável

500 anos copo plástico 450 anos

Fonte de dados: THE LIFECYCLE of plastics. WWF-Australia, 1 jul. 2021. Disponível em: https://www. wwf.org.au/news/blogs/the-lifecycle-of-plastics#gs.sgko3v. Acesso em: 16 out. 2024.

Tempo médio de decomposição de alguns objetos plásticos de uso cotidiano.

E quais são exatamente os impactos causados por esses materiais, que permanecem por tanto tempo no meio ambiente?

Impactos ambientais dos plásticos

São derivados do petróleo, que é um recurso não renovável e poluente

Os plásticos descartados em locais inadequados, ao se degradar, produzem substâncias tóxicas que contaminam solos e águas subterrâneas

Em alguns casos, animais que ingerem plásticos podem morrer de intoxicação alimentar, perfuração, asfixia ou mesmo outros motivos associados ao contato com materiais plásticos, e isso pode desequilibrar todo um ecossistema.

Sua incineração pode liberar na atmosfera gases tóxicos como dióxido de nitrogênio e dióxido de enxofre, que são prejudiciais à saúde humana.

no livro.

Compostos do plástico podem se acumular nos organismos, impactando a cadeia alimentar. Compostos ingeridos por crustáceos podem ser ingeridos por um peixe e chegar até o ser humano.

Em função do descarte incorreto, os plásticos estão praticamente espalhados por todas as regiões do planeta, gerando poluição das águas e do solo e, também, poluição visual

Ver nas Orientações para o professor observações e sugestões para estas atividades.

1. Realizem uma roda de conversa em sala de aula e discutam sobre a importância de descartar materiais plásticos de forma correta. Durante a conversa, troquem experiências sobre o modo como vocês descartam os materiais. Destaquem os pontos positivos nas ações tomadas em relação ao descarte correto desses resíduos e procurem apontar sugestões para corrigir as atitudes que merecem atenção. Além disso, de acordo com suas vivências, pensem e discutam quais atitudes individuais seriam possíveis para reduzir o consumo de materiais plásticos.

C onsequências que não vemos

Microplásticos são partículas plásticas com até 5 milímetros de diâmetro. São formados intencionalmente, como o glitter, por processos industriais na produção de outros tipos de plástico ou pela degradação dos plásticos no ambiente, podendo se acumular em ambientes e seres vivos.

Os microplásticos podem transportar microrganismos capazes de causar doenças ou substâncias contaminantes que se fixam em sua estrutura.

Lixo plástico

Microplásticos da poluição podem contaminar o sangue por meio da alimentação e respiração

Degradação

Microplástico

Confundem com comida.

O impacto do plástico como poluidor já é um assunto recorrente em pautas ambientais, mas a presença do componente no organismo humano vem ganhando cada vez mais relevância. Pela primeira vez, um estudo holandês detectou a presença de microplástico no sangue humano, que chega até o organismo através do consumo de alimentos embalados e de carnes de animais contaminados, além da inalação do ar e da água que bebemos, por conta da poluição do material no meio ambiente. [...]

Em estudo internacional, publicado recentemente [2022], foram coletadas 22 amostras de sangue de doadores anônimos, todos adultos saudáveis, e a presença do microplástico foi detectada em 17 amostras, ou seja, 80% dos participantes.

Microplásticos entram na cadeia alimentar dos seres humanos.

E, no início deste ano [2022], pesquisadores da USP apresentaram resultados de pesquisa que também identificou a presença do material no organismo humano, desta vez no tecido pulmonar, com 20 casos analisados e 13 tecidos contaminados.

Nos dois estudos, os tipos de plásticos encontrados foram os mais consumidos mundialmente, como o polipropileno, polietileno e o PET, usados na fabricação de embalagens plásticas, sacolas de mercado e garrafas plásticas.

[...]

BOTELHO, V. Microplásticos da poluição podem contaminar o sangue por meio da alimentação e respiração. Jornal da USP, 23 maio 2022. Disponível em: https://jornal.usp. br/atualidades/microplasticos-da-poluicao-podem-contaminar-o-sangue-por-meio-daalimentacao-e-respiracao/. Acesso em: 16 out. 2024.

Cientistas têm detectado a presença de microplásticos em diversos tipos de ambientes e animais, Tailândia, 2023. No detalhe, dedo com microplásticos, em azul, encontrados em meio à areia.

C ontaminação química e biológica

A decomposição de alguns tipos de plásticos pode liberar uma série de substâncias que tem preocupado a comunidade científica e, mais recentemente, a população. Entre essas substâncias, há uma em particular considerada bastante perigosa: o Bisfenol A (BPA).

Um dos hábitos cotidianos que devemos reconsiderar é o de utilizar plásticos no forno micro-ondas ou no congelador. A exposição desses materiais a grandes variações de temperatura pode liberar substâncias tóxicas, como o Bisfenol A, contidas nos recipientes dos alimentos. Deve-se tomar muito cuidado com qual tipo de plástico se utiliza no forno ou no congelador, sendo que a informação de que o plástico é próprio para esse tipo de uso deve constar claramente na embalagem.

Muitos materiais podem ser substitutos dos plásticos no aquecimento ou no congelamento, como recipientes de vidro, cerâmicas e até mesmo materiais descartáveis feitos de papel. É importante destacar que os metais não podem ser utilizados de forma nenhuma em fornos de micro-ondas.

Fórmula estrutural e fórmula molecular do Bisfenol A.

Cuidado ao utilizar materiais plásticos no micro-ondas: alguns deles podem contaminar os alimentos com substâncias tóxicas.

Ver nas Orientações para o professor observações e sugestões para estas atividades.

1. Que atitude você toma ou pode vir a tomar para evitar eventuais contaminações causadas pelo uso indevido de plásticos nas suas atividades cotidianas?

2. Com a mesma dupla que elaborou as duas questões na seção Em foco, elabore uma redação de uma página sintetizando a necessidade de evitar o uso de plásticos, usando conhecimentos construídos ao longo do projeto. É importante que o texto responda à pergunta norteadora do projeto ("Plásticos: por que substituí-los?”), bem como as duas questões que vocês elaboraram no início do projeto. Esse texto será utilizado na produção do relatório de pesquisa, ao final do projeto.

Plásticos: por que substituí-los?

Bisfenol A (BPA)

Descarte: como fazer direito

É importante ressaltar que a melhor forma de remediar os impactos gerados pelos materiais plásticos é reduzir seu consumo, pois, consequentemente, menos lixo será produzido. Para isso, é importante repensarmos nossos hábitos individuais e cotidianos, nos perguntando, por exemplo, a cada oportunidade “eu realmente preciso utilizar este plástico nesse momento ou posso recusá-lo?” e “posso substituir esse objeto de plástico por outro de material mais sustentável?”.

Uma vez que materiais plásticos sejam consumidos, é importante nos preocuparmos como iremos descartá-los. Embora os aterros sanitários sejam os locais para os quais o poder público transporta os resíduos sólidos coletados, estes têm suas limitações em relação a questões de espaço físico e também quanto a aspectos ambientais.

R eciclagem e reutilização

A destinação mais adequada para os materiais plásticos é a reciclagem, processo que evita o acúmulo desses materiais no ambiente, gera renda e ainda tem o potencial de aumentar a vida útil dos aterros sanitários, reduzindo a quantidade de resíduos destinados a eles. A coleta seletiva e as centrais de triagem são fundamentais para encaminhar esses materiais à indústria de reciclagem. Destinar os plásticos às lixeiras de material reciclável causa impactos positivos ao ambiente e à sociedade.

A reciclagem transforma o material já usado em matéria-prima para produção de novos materiais, permitindo que a matéria assuma uma dinâmica cíclica no processo produtivo.

No caso dos plásticos, esses materiais são comumente derretidos e moldados em um novo produto. Algumas técnicas utilizam um tipo de plástico somente, enquanto outras misturam vários tipos e também diferentes materiais aos plásticos.

Trabalhadoras em esteira para separação de materiais recicláveis em cooperativa em Ubatuba, SP, 2024.

Banco feito de plástico reciclado em parque em

Camiseta confeccionada com fibras de poliéster obtidas a partir da reciclagem de garrafas PET.

Pomerode, Santa Catarina.
CESAR DINIZ/PULSAR IMAGENS
DANIEL CYMBALISTA/PULSAR IMAGENS
DANIEL CYMBALISTA/PULSAR IMAGENS

Atualmente, o Brasil é um dos maiores produtores de lixo plástico do mundo e, dentre estes, o que menos recicla. Um estudo realizado pela WWF, com base em dados de 2016 do Banco Mundial, classifica o país como o 4o maior produtor de lixo plástico do mundo. Em 2019, o Brasil produziu cerca de 11,3 milhões de toneladas de plástico, sendo que somente 1,28% desse total foram reciclados.

Além disso, nesse mesmo ano, o Brasil produziu cerca de 2,95 milhões de toneladas de plásticos de uso único.

Outra possibilidade bastante interessante é reutilizar os materiais plásticos em vez de descartá-los. Para isso, o único limite é a criatividade, pois são muitas as maneiras de reutilizar esse tipo de material. Nas imagens, garrafas PET sendo reutilizadas para diversos propósitos: (A) tapete feito com os gargalos em Salvador, na Bahia; (B) estufa de plantas com paredes de garrafas em Tinguá (CE).

AT¡v¡DaDeS Não escreva no livro.

Reutilizar sim, descartar não!

O texto aborda 9 maneiras de reutilizar materiais plásticos que seriam descartados.

QUAIS são as melhores formas de reaproveitar o plástico? SIMPERJ, 12 set. 2018. Disponível em: https://www.simperj.org.br/blog/2018/09/12/ quais-sao-as-melhores-formas-de-reaproveitaro-plastico/. Acesso em: 16 out. 2024.

Ver nas Orientações para o professor observações e sugestões para estas atividades.

1. Discutam e registrem no caderno: Quais são os impactos positivos da reciclagem?

2. Além da reciclagem, quais outras soluções existem para resolver o problema do uso excessivo de plásticos? Citem dois exemplos e expliquem brevemente seus benefícios.

3. Vocês sabem quem são os catadores de material reciclável? Qual é o papel deles na nossa sociedade?

4. Pesquisem os valores de reciclagem por quilo de material. O plástico configura na lista dos mais vantajosos para gerar renda para os catadores? Debata com os colegas e pensem em uma forma de melhorar a coleta e a reciclagem.

5. Considerando a quantidade de lixo que produzimos, como vocês acham que os catadores contribuem para mitigar o acúmulo de resíduos nos ambientes?

PARA ER

3

Para finalizar

R elatório com proposta de substituto ao plástico

A organização é essencial para qualquer tipo de trabalho individual ou em grupo. Neste último caso, é importante atribuir funções claras e objetivas para cada um.

Para finalizar este projeto, vamos elaborar um relatório de pesquisa com uma proposta de substituto para um material plástico utilizado no cotidiano. Inicialmente, faremos uma pesquisa sobre os hábitos de consumo e descarte próprios e de pessoas próximas. Os resultados obtidos servirão de base para a elaboração de cartazes informativos e, também, poderão auxiliar na escolha do objeto plástico que pode ser substituído por material mais sustentável.

Propomos que a comunicação dos conhecimentos construídos seja feita, sempre que possível, envolvendo a comunidade interna e externa à escola.

E xplorando seu ambiente

Você já se perguntou quanto e quais tipos de plásticos são mais utilizados no seu cotidiano e no das pessoas ao seu redor? Faremos agora um levantamento de dados reais que possibilitará responder a essa questão.

Para isso, você e o seu grupo farão uma exploração em um ambiente do cotidiano de vocês, por tempo determinado, para recolher e avaliar a quantidade de plástico utilizado.

Vocês precisarão planejar bem a coleta de dados e definir alguns pontos importantes, em conjunto com o professor, como:

• Local de pesquisa: escola, sala de aula, residência, bairro ou outro local que vocês frequentam.

• Período de coleta: um dia, uma semana, duas semanas ou outro prazo escolhido.

• O que será coletado: recolher todo plástico descartado durante o prazo estipulado, recolher somente em lixeiras exclusivas para plásticos, somente plásticos descartados incorretamente fora de lixeiras, entre outros. Seu professor irá orientar a instrumentalização adequada.

Procure documentar todo o processo com fotografias e vídeos para ilustrar o relatório e auxiliar na divulgação do conhecimento construído.

Analisando os dados coletados

A análise de dados será composta de três momentos, que envolvem a separação e classificação dos materiais recolhidos, a quantificação desses materiais e uma estimativa do consumo a longo prazo.

Separação e classificação

Separem e classifiquem os materiais de acordo com os códigos de identificação de plásticos. Caso o código não esteja evidente no material, realizem uma pesquisa on-line.

Quantificação

Contabilizem os materiais pertencentes a cada um dos códigos. Por exemplo, código 1: três materiais, código 2: quatorze materiais, e assim por diante.

Refletindo sobre a análise

Estimativa

Realizem cálculos proporcionais para estimar qual seria a quantidade descartada de plástico classificada em cada um dos códigos em períodos mais longos. Se a coleta durou três dias, por exemplo, realizem um cálculo proporcional para estimar quanto teria sido coletado em 30 dias ou um ano.

Com base nos dados organizados, reflitam sobre as seguintes questões. Elas podem auxiliá-los na montagem do cartaz. Caso haja outros aspectos que queiram explorar, procurem elaborar questões referentes a eles, explorando-os na composição dos cartazes.

É possível evitar o uso de materiais plásticos no ambiente investigado, substituindo-os por outros materiais?

Vocês têm o hábito de escolher um recipiente de plástico quando poderiam recusá-lo? Por exemplo, um canudinho de plástico em um restaurante ou copos e pratos descartáveis, quando se podem utilizar pratos convencionais.

O que vocês diriam para as pessoas que vivem no ambiente estudado para convencê-las de que é preciso reduzir o consumo de plástico?

Comunicando a exploração

Com base nas reflexões realizadas, organizem os dados do grupo em um cartaz. O objetivo é deixá-lo no ambiente estudado como forma de conscientização das pessoas que frequentam o lugar.

Utilizem toda a criatividade, pois, quanto mais colorido e chamativo, melhor.

Outra sugestão é usar letras grandes e confortáveis de ler (mesmo a distância).

Lembrem-se de fotografar o cartaz para anexar a fotografia ao relatório de pesquisa.

Caso julgue interessante, pode-se realizar uma exposição com todos os cartazes na escola.

P esquisando possíveis substitutos

O próximo passo é realizar um levantamento de ideias para substituir o uso de plásticos. Para isso, cada grupo deve escolher um objeto, preferencialmente de uso cotidiano, para propor a substituição do material plástico. Se possível, escolham um objeto que esteve presente no ambiente analisado por vocês.

Antes de decidir o que o grupo irá escolher como proposta, vocês podem pesquisar o que já existe no mundo e deixar a criatividade fluir.

Sacolas plásticas podem ser substituídas por opções mais sustentáveis.

Caso julgue interessante, pode-se propor que os estudantes pesquisem os produtos mostrados nesta página. Esta é uma ótima oportunidade para instigá-los, demonstrando que uma pesquisa de alta qualidade e impacto pode ser realizada por estudantes ainda no Ensino Médio e não somente por profissionais em centros de pesquisa.

Várias pesquisas têm sido realizadas para desenvolver materiais substitutos aos plásticos convencionais, inclusive por estudantes de Ensino Médio. Veja alguns exemplos a seguir.

Plástico derivado do maracujá desenvolvido pela estudante do Ensino Médio Juliana Estradioto, aos 18 anos, quando cursava o Instituto Federal de Educação do Rio Grande do Sul (IFRS). Ela ficou em primeiro lugar no 29o Prêmio Jovem Cientista. Esse material é biodegradável e seu tempo de degradação é de 20 dias.

Canudos biodegradáveis desenvolvidos pelos estudantes de química de duas Escolas Técnicas de São Paulo (ETECs). Esses materiais foram produzidos à base de fibras de casca de vegetais, amido e soro da proteína do leite.

Biopelículas em diversos centros de pesquisa. Já existem projetos de desenvolvimento de biopelículas feitas a partir dos mais diversos alimentos, como mamão, goiaba e espinafre. A biopelícula de tomate, por exemplo, pode ser utilizada para embalar pizzas. Já imaginou? Não precisa nem desembalar, é só aquecer e usar, uma vez que a película se desfaz em altas temperaturas.

PARA ER

Alunas do Ensino Médio e a ciência

A publicação aborda a história de Juliana Davoglio Estradio e Ekarinny Myrela Brito de Medeiros, duas brasileiras, alunas do Ensino Médio, que desenvolveram projetos de ciências com resíduos e foram premiadas.

NUNES, M. Jovem brasileira vence competição internacional de ciências com projeto que transforma cascas de macadâmia em curativos para peles queimadas. Conexão planeta. 29 maio 20219. Disponível em: https://conexaoplaneta.com.br/blog/ jovem-brasileira-vence-competicaointernacional-de-ciencias-com-projetoque-transforma-cascas-de-macadamiaem-curativos-para-peles-queimadas/. Acesso em: 16 out. 2024.

Uma alternativa ao uso do plástico é utilizar materiais que seriam descartados, como, neste caso, a folha de bananeira.

A proposta

Agora é o momento de desenvolver uma proposta para um material real que possa substituir o plástico utilizado no seu cotidiano.

O respeito ao momento de fala dos colegas é fundamental para o trabalho em grupo.

A proposta deve conter uma justificativa do critério estabelecido para escolha do material, que pode ser a quantidade de resíduo produzido, impacto ambiental, facilidade de substituir, entre outras. A proposta deve deixar claro qual é a vantagem que esse novo material traz em relação ao plástico e qual característica dele o torna ideal para ser utilizado no objeto em questão.

Além disso, é importante detalhar ao máximo como deverá ser o substituto e o material utilizado para produzi-lo. Portanto, incluam na proposta um esboço do produto.

O esboço é parte fundamental do desenvolvimento de qualquer produto, pois auxilia na visualização de como o produto deve ser.

Não deixe de mencionar na proposta três pontos importantes sobre o material escolhido para substituir o plástico: adaptação, materiais utilizados e design.

ADAPTAÇÃO

Os materiais escolhidos precisam sofrer adaptações para atingir as propriedades necessárias de uso? Pode ser necessário recortar, esterilizar, juntar partes, alterar a cor, alterar o formato ou outros ajustes. Para que a proposta fique completa, elaborem uma lista de ferramentas necessárias para realizar essas transformações, bem como quais seriam essas transformações, sempre considerando a função que o objeto terá e se as pessoas acharão que ele é prático e fácil de utilizar.

DESIGN

A funcionalidade é essencial, mas o visual também é importante. Usem e abusem da criatividade para esboçar um design bonito e atraente para o produto. Além do formato, ele pode ser colorido e decorado com desenhos, textos, pinturas e acessórios, por exemplo.

DICAS

MATERIAIS DISPONÍVEIS

É muito importante que vocês estejam atentos aos materiais biodegradáveis ou duráveis que sejam mais disponíveis na sua região. Por exemplo, em algumas regiões brasileiras é muito comum o descarte de coco e, portanto, as suas fibras podem ser aproveitadas para a produção de embalagens. Se houver muita palha, será possível desenvolver canudos. O bambu pode originar alguns suportes. Tecidos podem ser utilizados para fabricar ecobags.

Lembrem-se: o mais simples geralmente é a melhor opção. Por que gastar dinheiro comprando aviões de plástico quando se podem utilizar caixas de papelão e garrafas de plástico para construir um?

E screvendo e divulgando o relatório

A exposição de resultados, de acordo com as metodologias científicas, é essencial na produção e divulgação do conhecimento, seja ele teórico ou material. A troca de ideias entre quem escreve e quem lê deve ser incentivada, pois:

• Quem lê pode avaliar construtivamente o conhecimento produzido ao apontar os aspectos positivos e negativos. Com isso, você e seu grupo poderão rever e aprimorar a proposta, por exemplo.

• Quem lê pode aumentar o seu próprio repertório de conhecimento sobre a possibilidade de substituição do plástico ao observar as propostas elaboradas.

A ciência moderna é fundamentada no debate e na troca de informações, e um relatório de pesquisa é peça fundamental nesse processo. Ele é um instrumento de comunicação, em que um grupo de pesquisa apresenta seu trabalho à comunidade, e, por essa razão, existem orientações e um modelo que devem ser seguidos na sua elaboração.

Orientações de elaboração de um relatório de pesquisa

Utilizar linguagem formal, sem gírias, abreviações ou palavrões.

O texto deve ser claro, objetivo e conter gráficos e/ou tabelas se possível.

Utilizar imagens e outros recursos gráficos que auxiliem na compreensão das informações, enriquecendo o relatório.

Deve ser autoral, ou seja, não se podem copiar textos de outras fontes.

Podem-se citar textos de outras pessoas dando os devidos créditos, ou seja, deve-se colocar o texto entre aspas e citar autor, local e data de publicação.

Debate e divulgação são peças fundamentais na construção do conhecimento científico moderno.

Chegou o momento da elaboração do relatório. Nele, cada grupo deve inserir todas as informações referentes à pesquisa feita sobre os hábitos de descarte de materiais plásticos que embasaram a elaboração dos cartazes e, também, todo o processo de escolha de um substituto mais sustentável para um objeto plástico utilizado no cotidiano. A elaboração do relatório pode seguir o modelo abaixo.

MODELO PARA ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO DE PESQUISA

1. TÍTULO

Essa é apenas uma sugestão de modelo de relatório, e pode ser adaptada conforme necessário.

Vocês devem pensar em um título para a proposta.

2. IDENTIFICAÇÃO

Devem constar informações como nome dos integrantes, data e o produto idealizado na proposta. Se possível, deem um nome para esse produto.

3. INTRODUÇÃO

Vocês devem analisar os textos produzidos na atividade do tópico Consequências que não vemos e elaborar um único texto a partir deles. A ideia é criar um texto completo e coerente, e não simplesmente juntar um ao outro.

4. DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA DA PESQUISA

Vocês devem citar o local onde realizaram a pesquisa sobre os hábitos de descarte de material plástico, o período de coleta e o que foi coletado, bem como justificar a escolha de cada um deles.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO DA PESQUISA

Utilizando imagens, gráficos e tabelas, vocês devem apresentar os resultados obtidos na pesquisa. Além disso, devem interpretar esses resultados com base no que aprenderam ao longo do projeto. Se possível, anexem uma foto do cartaz produzido ao fim da atividade de exploração.

6. PROPOSTA DE UM SUBSTITUTO PARA UM OBJETO PLÁSTICO

Vocês devem inserir a proposta do grupo, incluindo as justificativas e os esboços.

7. CONCLUSÕES

Vocês devem elaborar um texto de poucos parágrafos sobre o que vocês concluíram no fim do projeto.

8. REFERÊNCIAS

Listem as fontes de pesquisa que utilizaram. A lista deve vir em ordem alfabética e conter autor, título, local e data de publicação e, caso seja um site, o link e a data de acesso.

É importante estabelecer um prazo de entrega dos relatórios. Além disso, combinem a forma como serão compartilhados com a comunidade. Uma possibilidade é providenciar cópias físicas dos relatórios produzidos e fixá-las em um mural da escola. Outra forma de compartilhar os relatórios é alocar as cópias em alguma seção da biblioteca escolar. Se preferirem, é possível, ainda, disponibilizar os relatórios de forma on-line, utilizando, por exemplo, uma página virtual da escola.

Avaliação

Veja nas Orientações para o professor observações e sugestões sobre o uso dos quadros avaliativos.

Para avaliar o processo de construção dos saberes, das atitudes e a reflexão sobre o tema e o mundo do trabalho, sugerimos a elaboração de quadros que permitem o acompanhamento da produção e a reflexão do que foi desenvolvido nas etapas do projeto. Os quadros devem ser copiados e preenchidos de acordo com as orientações do professor.

Avaliação dos saberes

ETAPA 1 – VAMOS COMEÇAR

A.

Não escreva no livro.

Conhecer, de forma geral, os impactos dos plásticos na vida marinha.

Reconhecer a extensão da problemática do plástico. B.

Refletir sobre os hábitos de consumo de materiais plásticos.

AVALIAÇÃO DAS AÇÕES D ESENVOLVIDAS

1 Realizei com facilidade

2 Realizei

3 Realizei com dificuldade

4 Não realizei

ETAPA

2 – SABER E FAZER

Compreender que os plásticos são originados do petróleo e os impactos associados à sua produção. A.

Analisar as propriedades físicas gerais dos plásticos relacionando-as com as aplicações dos respectivos materiais.

C.

D.

E.

F.

G.

H.

I.

Conhecer os diferentes tipos de plásticos e seus usos.

Reconhecer a extensão da problemática do plástico.

Analisar os tempos de vida útil e de degradação dos materiais plásticos na natureza.

Compreender os impactos dos plásticos na natureza e na saúde humana.

Caracterizar o que são microplásticos e sua relação com a cadeia alimentar.

Entender a limitação do uso de aterros sanitários.

Refletir sobre formas alternativas e ambientalmente mais sustentáveis para o descarte de plásticos.

ETAPA 3 – PARA FINALIZAR

Realizar pesquisa sobre os hábitos de descarte de materiais plásticos na comunidade. A.

Elaborar proposta para possíveis substitutos aos plásticos. B.

Produzir relatório de pesquisa sintetizando as investigações realizadas e os conhecimentos adquiridos. C.

Avaliação das atitudes

Não escreva no livro.

Realizo as tarefas nas datas sugeridas de forma atenta e responsável.

Atuo com organização, trazendo para as aulas todo o material solicitado. B.

Demonstro comportamento adequado e comprometido nos diferentes momentos de desenvolvimento do projeto. C.

Escuto com atenção as explicações e proposições do professor, colegas e outras pessoas envolvidas nas atividades propostas.

Apresento atitude colaborativa, compartilhando opiniões, sugestões e propostas com os colegas.

Falo com clareza, ao compartilhar dúvidas e opiniões.

Atuo de forma respeitosa em relação às dificuldades apresentadas pelos colegas. G.

H.

Demonstro empatia e respeito quando lido com opiniões e contextos diferentes dos meus.

MUNDO DO TRABALHO

Durante o projeto, você conheceu algumas profissões envolvidas na produção e reciclagem e utilização do plástico. Há uma vasta gama de profissionais como químicos, petroleiros, engenheiros químicos, catadores, artesãos, entre outras. Escolha uma profissão ligada ao plástico e pesquise mais a fundo. Qual a formação desses profissionais, como é a rotina deles, qual a média salarial, quais os riscos e benefícios. Depois, apresente suas descobertas à turma.

AVALIAÇÃO DAS ATITUDES E POSTURAS

1 Sempre

Frequentemente

Veja nas Orientações para o professor observações e sugestões sobre o uso dos quadros avaliativos.

2

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL: QUAL É A IMPORTÂNCIA?

É grande a variedade de frutas em nosso país. Elas fazem parte de uma alimentação saudável e devem ser consumidas em equilíbrio com outros tipos de alimento. Conhecer os princípios e as recomendações de uma alimentação saudável pode ser transformador para a vida de uma pessoa, possibilitando desenvolver autonomia na escolha dos alimentos que irá consumir, avaliando-os criticamente em busca de opções que promovam condições adequadas de nutrição e saúde.

Neste projeto, iremos explorar os aspectos que caracterizam uma alimentação saudável e sua importância para a saúde do organismo. Ao longo desse trabalho, levantaremos dados para analisar nossos hábitos alimentares individuais e coletivos. Com os dados obtidos, vamos elaborar um cardápio que proponha uma refeição saudável. Essa proposta será apresentada para a comunidade escolar por meio de um fôlder, que trará também informações gerais sobre alimentação saudável e os hábitos alimentares dessa comunidade.

Banca de frutas com grande variedade (Mercado Municipal de São Paulo, SP, 2017).

ViSÃO GERA DO PROjETO

saudável:

TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS:

• Saúde

• Educação alimentar e nutricional

• Ciência e tecnologia

COMPONENTES CURRICULARES:

• Líder: Ciências da Natureza e suas Tecnologias –Química e Biologia

• Outros perfis disciplinares: Matemática e suas

OBJETOS DO CONHECIMENTO:

• Vida e evolução

• Matéria e energia

• Leitura e interpretação de tabelas e gráficos

PRODUTO FINAL:

Elaboração de um fôlder.

• Trabalho

• Educação para valorização do multiculturalismo nas matizes históricas e culturais brasileiras

Tecnologias; Ciências Humanas e Sociais Aplicadas – Geografia, História e Sociologia; Linguagens e suas Tecnologias – Língua Portuguesa e Arte.

• Cultura

• Planejamento e produção de apresentações orais

• Processos de criação

ETAPAS DO PROJETO

O percurso deste projeto pode ser alterado e construído de acordo com as necessidades da turma.

Apresentação geral do tema do projeto e de como ele será desenvolvido. Discussão geral sobre o que caracteriza uma alimentação saudável. Reflexão sobre os próprios hábitos alimentares. Reconhecimento de alimentos e culinária típicos de diferentes regiões do Brasil. ETAPA

Vamos começar

ETAPA 2

OBJETIVOS:

• R econhecer o que constitui uma alimentação saudável e sua importância para a saúde individual e coletiva.

• Avaliar os próprios hábitos alimentares e os da comunidade escolar.

• E xercer autonomia e protagonismo nas escolhas alimentares, valorizando preparações culinárias e itens alimentares típicos da região.

• Divulgar na comunidade escolar informações sobre hábitos alimentares locais e alimentação saudável.

• Apresentar propostas de alimentação saudável para a comunidade escolar, considerando aspectos regionais, culturais, sociais, econômicos, entre outros.

• Conscientizar a comunidade escolar sobre a importância de uma alimentação saudável e sustentável.

• Desenvolver habilidades de planejamento, organização e comunicação por meio da elaboração de materiais educativos sobre alimentação saudável.

• Reconhecer a classificação dos alimentos e o papel da indústria alimentícia na dieta do brasileiro.

JUSTIFICATIVA:

Uma alimentação saudável é um direito humano. Ter informações sobre os múltiplos fatores determinantes de uma alimentação saudável e da sua importância para a estrutura e o funcionamento do organismo é essencial para exercitar esse direito. Mais do que identificar os grupos e tipos alimentares e como eles podem ser distribuídos pelas refeições no dia a dia, é importante reconhecer que a alimentação vai muito além do aspecto fisiológico, envolvendo um momento de prazer e socialização, e que ela é influenciada por vários fatores. Conscientizar-se sobre aspectos relacionados à própria alimentação permite que cuidemos mais de nós mesmos, possibilitando que todos se tornem agentes transformadores da própria realidade e até da realidade das pessoas ao seu redor.

Saber e fazer

Reconhecimento dos principais tipos de nutriente. Identificação dos tipos de alimentos, com base no grau de processamento dos alimentos, que é aspecto característico do mundo do trabalho na indústria. Análise dos rótulos de alimentos. Consideração de aspectos variados envolvidos na escolha alimentar e no preparo de refeições saudáveis. Discussão sobre fatores que podem influenciar as escolhas alimentares. Análise dos hábitos alimentares individuais e dos hábitos alimentares da comunidade escolar.

Para finalizar

Planejamento do cardápio para uma refeição saudável a ser proposta para a comunidade escolar. Elaboração e confecção de um fôlder que apresentará, de forma escrita, a sugestão de cardápio, informações gerais sobre alimentação saudável, hábitos alimentares da comunidade e justificativa da escolha dos alimentos do cardápio. O fôlder deverá ser distribuído a fim de compartilhar os conhecimentos adquiridos e conscientizar a comunidade.

ETAPA

Vamos começar

Nossas escolhas alimentares

CONVERSA INICIAL

Uma alimentação saudável é um direito de todos e também está relacionada ao direito à saúde e ao bem-estar. É dos alimentos que obtemos os materiais necessários para a construção dos órgãos e tecidos e a energia necessária ao funcionamento do nosso organismo. Para que isso ocorra de forma adequada, é necessário tomar alguns cuidados na escolha dos alimentos, visando a uma alimentação saudável.

Fazer refeições em companhia dos familiares, em ambientes apropriados, com atenção e em horários regulares são atitudes que contribuem para uma alimentação saudável.

Em virtude do atual estilo de vida, os hábitos alimentares saudáveis muitas vezes são deixados de lado.

Diversos estudos vêm demonstrando uma tendência ao aumento do consumo de alimentos industrializados no Brasil e no mundo. Esses alimentos, que em sua maioria passam por diversos processos antes de chegar ao consumidor, não são considerados escolhas saudáveis, pois são nutricionalmente desbalanceados. Os efeitos dessa mudança nos hábitos alimentares das populações vêm sendo notados na saúde dos indivíduos. A prevalência de diversos distúrbios de saúde, como obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes, tem aumentado nas últimas décadas.

Prevalência de obesidade em adultos (maiores de 18 anos)

Entre os anos 2006 e 2023, a prevalência da obesidade na população brasileira aumentou de forma expressiva.

Fonte: SISTEMA de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos/edicoes/2024/boletim-epidemiologicovolume-55-no-07.pdf/. Acesso em: 21 out. 2024.

A obesidade infantil afeta 3,1 milhões de crianças menores de 10 anos no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Com o objetivo de prevenir doenças e promover hábitos saudáveis desde a infância, é essencial focar na alimentação balanceada e em rotinas saudáveis. No Dia da Conscientização Contra a Obesidade Mórbida Infantil, o Ministério da Saúde destacou a necessidade de ambientes saudáveis e educação alimentar a fim de evitar problemas como hipertensão e diabetes. A pandemia de Covid-19 agravou a situação, aumentando o sedentarismo e impactando negativamente a alimentação das crianças. O inquérito COVITEL (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia), mostra que, em um ano, a obesidade de jovens de 18 a 24 anos aumentou 90% entre 2022 e 2023.

Assim, reconhecer a importância de uma alimentação saudável e ter informações que possibilitem a escolha adequada de alimentos para as refeições é fundamental para a saúde dos jovens no momento e no futuro.

AT¡v¡DaDeS Não escreva no livro.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Para você, o que é uma alimentação saudável?

2. Cite exemplos de alimentos que você considera saudáveis para o café da manhã, almoço e jantar. Justifique suas escolhas.

Converse com um colega sobre os seus hábitos alimentares.

a) Que critérios você utiliza para escolher os alimentos que irá consumir no dia a dia?

b) Você considera que seus hábitos estão de acordo com uma alimentação saudável?

EM FOCO C ulinária: cultura, tradições e qualidade alimentar

O ato de cozinhar é uma habilidade transmitida e aperfeiçoada ao longo de gerações. Atualmente, está intimamente ligada a uma alimentação saudável, pois ajuda a evitar o consumo de alimentos industrializados e com alto grau de processamento. Essa habilidade contribui para a transmissão de tradições e hábitos culturais entre diferentes gerações e para a interação social, tornando a refeição mais prazerosa. O preparo de refeições em casa também pode contribuir para manter tradições culinárias familiares e típicas do local em que se vive. Em muitos casos, receitas tradicionais de um país ou de uma região registram modos de vida do passado, bem como contatos entre diferentes culturas. Por isso, valorizar e respeitar preferências regionais e culturais ao escolher alimentos, considerando as principais recomendações para uma refeição saudável, também contribui para o bem-estar e o prazer de comer.

Exemplos de pratos da culinária brasileira

O Brasil é um país extenso e diversificado, com regiões que apresentam características específicas e recursos diversos. Essa grande diversidade é refletida nos hábitos alimentares e nas preparações culinárias dos diferentes grupos populacionais do país.

Região Norte

Peixe no tucupi

Ingredientes: tucupi, peixe, sal, óleo, cebola, alho, jambu, chicória, coentro.

Jabá: charque; carne-seca.

Jerimum: abóbora.

Tucupi: caldo preparado com base na fermentação do resíduo líquido extraído da raiz da mandioca brava.

Região Nordeste

Jabá com jerimum

Ingredientes: jabá , jerimum, manteiga, cebola, alho, coentro, cebolinha, sal, pimenta-do-reino, queijo coalho.

Região Sudeste Moqueca capixaba

Ingredientes: peixe, limão, azeite, alho, sal, colorau, cebola, tomate, coentro, cebolinha.

Região Sul

Quirera com carne

Ingredientes: quirera , carne bovina ou suína, óleo, cebola, alho, sal, pimenta-do-reino, salsinha e cebolinha.

Região Centro-Oeste Galinhada com pequi

Ingredientes: frango, sal, pequi, água, cebola, alho, arroz, louro.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

AT¡v¡DaDeS

Não escreva no livro.

1. Cite um prato típico do local em que você vive. Descreva os ingredientes da receita e como ele é preparado.

2. Converse com um parente sobre uma receita que é frequentemente preparada pela sua família. Pergunte sobre os ingredientes que ela inclui, como é o preparo, em que ocasiões ela é normalmente preparada, qual é a origem dessa receita, entre outras. Anote todas as informações obtidas sobre a receita.

3. Compartilhem com os colegas as informações sobre as receitas tradicionais de cada família.

Pequi: fruto do pequizeiro, espécie nativa do Cerrado.

Quirera: milho quebrado.

Fonte das informações: BRASIL. Ministério da Saúde. Alimentos regionais brasileiros. 2. ed. Brasília, DF, 2015. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ publicacoes/alimentos_regionais_brasileiros_2ed.pdf. Acesso em: 21 ago. 2015.

NUVA FRAMES/SHUTTERSTOCK.COM

Cozinhar de forma coletiva e colaborativa pode ser muito enriquecedor para desenvolver novas habilidades e para a transmissão de tradições culinárias.

ORGANIZANDO OS TRABALHOS

P rojetoAlimentação saudável

Uma alimentação saudável é um direito de todos e envolve diversos fatores. Neste projeto, vamos investigar o que compõe uma alimentação saudável, conhecendo desde a classificação dos alimentos até os fatores que podem influenciar as escolhas alimentares. Nesse processo, vocês serão convidados, em diversos momentos, a refletir e argumentar sobre a importância de uma alimentação saudável e propor medidas que visem ao estabelecimento de hábitos alimentares mais adequados. Ao final, vocês irão atuar no planejamento de uma refeição saudável, justificando suas escolhas com base em informações científicas e dados relacionados.

A s escolhas para compor um cardápio saudável devem considerar o uso de ingredientes frescos ou minimamente processados e preparações culinárias caseiras.

PARA AS PROXiMAS ETAPAS

1. Dividam-se em seis grupos de trabalho. Os grupos formados neste momento serão as equipes de trabalho ao longo das próximas etapas deste projeto. Portanto, considerem agrupar pessoas que apresentem diferentes experiências, conhecimentos e habilidades, pois isso pode favorecer uma troca bastante rica entre vocês.

2. Ao longo do projeto, serão propostas atividades individuais, em dupla e em grupo. Organize-se, sempre que possível, para compor a dupla com um integrante do próprio grupo.

3. Na próxima etapa deste projeto, você irá se informar sobre os aspectos gerais de uma alimentação saudável, considerando a análise dos próprios hábitos alimentares por meio da organização de um diário alimentar. Assim, será possível refletir sobre a própria alimentação e o cuidado com sua saúde.

4. Após a organização do diário alimentar, vocês realizarão entrevistas com pessoas da comunidade escolar, com o intuito de construir um panorama geral sobre os hábitos alimentares dessa comunidade.

5. Para finalizar os trabalhos, sugerimos como possibilidade de produto final a elaboração de um cardápio com uma proposta de refeição saudável a ser apresentado em um fôlder, que conterá também informações sobre os hábitos alimentares da comunidade escolar e os princípios para uma alimentação saudável.

6. O fôlder será produzido pela turma e poderá ser distribuído para a comunidade externa à escola. As tarefas pelas quais cada grupo ficará responsável durante a elaboração do fôlder estão detalhadas na etapa 3 deste projeto.

Materiais:

• Dispositivo com acesso à internet.

• Impressora colorida.

• Gravador de áudio ou vídeo.

• Folhas de papel A4.

• Lápis de cor, canetas coloridas, tesoura, fita adesiva, entre outros.

O produto final proposto é uma sugestão para finalizar o trabalho sobre o tema abordado neste projeto. No entanto, é possível adequá-lo de acordo com as necessidades específicas de cada contexto local. Uma possibilidade de ampliar essa proposta é organizar um evento gastronômico em que o cardápio elaborado pelos estudantes possa ser executado e oferecido à comunidade escolar. Nesse evento também é possível realizar a distribuição dos fôlderes produzidos, expor trabalhos realizados ao longo do projeto e comunicar informações e conhecimentos elaborados durante as diferentes etapas de trabalho com o tema.

2

Saber e fazer

A spectos gerais da alimentação saudável

A alimentação é muito mais complexa do que apenas a ingestão de nutrientes. Ao se pensar o que constitui uma alimentação saudável, deve-se refletir, de modo mais abrangente, sobre esse hábito, considerando fatores diversos como a combinação de diferentes alimentos, o seu preparo, as condições em que a refeição é realizada e até mesmo aspectos econômicos, como modo de produção, além de culturais e sociais, como o modo de vida das pessoas.

O modo de vida atual está mudando os hábitos alimentares no Brasil. O consumo de alimentos industrializados, que passam por diversos processos em sua fabricação, está aumentando. Eles são mais pobres nutricionalmente e costumam ser produzidos e vendidos por grandes empresas multinacionais, muitas vezes colocando de lado as tradições culinárias locais.

DIOGOPPR/SHUTTERSTOCK

O padrão alimentar tradicional brasileiro é considerado saudável, envolvendo refeições preparadas em casa, com base em alimentos naturais. A mistura de arroz e feijão, por exemplo, comum nas refeições de todo o país, fornece grande parte dos nutrientes necessários para o organismo. Escolhas saudáveis e diversas para compor os outros itens do prato complementam as necessidades nutricionais do indivíduo.

E xemplo de uma refeição saudável, com arroz, feijão, frango grelhado e salada de tomate, alface e cenoura.

1. Construa um diário alimentar para avaliar os seus hábitos. Anote todos os alimentos que consumir ao longo de uma semana, de acordo com as três refeições principais (café da manhã, almoço e jantar) e também os lanches entre elas. Inclua o máximo de informações possível, indicando, por exemplo:

• local onde a refeição foi feita: em casa, na escola, em estabelecimentos comerciais etc;

• se os alimentos consumidos são industrializados ou foram preparados de modo caseiro;

• se os alimentos são industrializados, investigue os modos de produção para identificar as cadeias produtivas e, se acharem adequado, os profissionais envolvidos;

• os principais ingredientes utilizados na preparação do alimento. Se for um alimento industrializado, consulte o rótulo do produto para identificar seus ingredientes;

• a quantidade consumida.

Você pode fazer esse registro de forma manual ou digital, usando um programa de edição de texto ou de planilhas, por exemplo. Além disso, você pode ilustrar o diário alimentar, indicando os alimentos consumidos por meio de ilustrações ou fotografias.

Planejamento semanal

Segunda-feira

Café da manhã:

Almoço:

Terça-feira

Quarta-feira

Quinta-feira

Café da manhã:

Café da manhã:

Café da manhã:

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro. Faça os registros no seu diário alimentar de forma precisa e atrativa. Ele será retomado ao longo do desenvolvimento deste projeto e poderá ser apresentado para seus colegas e familiares. Explore sua criatividade e bom trabalho!

Sexta-feira

Sábado

Domingo

Café da manhã:

Almoço:

Almoço:

Almoço:

Jantar:

Jantar:

Jantar:

Almoço:

Café da manhã:

Café da manhã:

Almoço:

Almoço:

Jantar:

Jantar:

Jantar:

Jantar:

Os nutrientes dos alimentos

Uma alimentação saudável envolve a obtenção dos nutrientes necessários para a estrutura e o funcionamento do organismo. Saber os tipos de nutriente predominantes em um alimento é fundamental para fazer escolhas equilibradas.

Uma dieta equilibrada precisa conter quantidade e variedade adequadas de carboidratos, lipídios, proteínas, vitaminas e sais minerais e deve ser orientada por profissionais da área. Cuidado com informações obtidas na internet por pessoas que não possuem qualificação para elaborar dietas. Veja a seguir algumas informações básicas sobre esses compostos.

Carboidratos

Chamados genericamente de açúcares, os carboidratos são constituídos, principalmente, de carbono, hidrogênio e oxigênio, mas podem apresentar outros átomos, como nitrogênio, enxofre e fósforo.

As unidades moleculares dos carboidratos são os monossacarídeos, como a glicose e a frutose. Os dissacarídeos são formados pela união de dois monossacarídeos; um exemplo é a sacarose, formada por uma glicose e uma frutose. Os polissacarídeos são polímeros contendo vários monossacarídeos unidos; um exemplo é o amido, que constitui a reserva de açúcar de diversas plantas, como a batata e a mandioca. Na digestão humana, as moléculas mais complexas de carboidrato são transformadas em açúcares simples, que são absorvidos pelo organismo. Os carboidratos são a principal fonte de energia do organismo. Em geral, alimentos de origem vegetal, como arroz, batata, inhame, mandioca e milho, são ricos em carboidratos, assim como preparos culinários que têm como base a farinha de trigo.

O macarrão é um alimento feito com farinha de trigo, ingrediente de origem vegetal, rico em carboidratos.

Rep resentação da estrutura de um monossacarídeo (glicose) e de um polissacarídeo (amido).

Glicose
Amido

Lipídios

São compostos orgânicos e apresentam grande variação na estrutura. Os triacilgliceróis, conhecidos como óleos e gorduras, são um tipo de lipídio constituído de três moléculas de ácidos graxos ligadas a uma molécula de glicerol.

Os lipídios também constituem fonte de energia para o organismo. Além disso, diversos ácidos graxos não são produzidos por nosso corpo, mas fazem parte de sua estrutura, precisando ser obtidos por meio da alimentação; eles são chamados ácidos graxos essenciais.

Alguns exemplos de alimentos ricos em lipídios são as oleaginosas, como castanhas e amendoim, o azeite e outros óleos vegetais, o abacate, o coco e a gordura das carnes e do leite.

As chamadas gorduras saturadas apresentam ácidos graxos com ligação simples entre os átomos de carbono e são sólidas à temperatura ambiente; correspondem à maioria das gorduras animais. Seu consumo está ligado a um maior risco no desenvolvimento de doenças cardiovasculares, pois podem se depositar nos vasos sanguíneos, causando sua obstrução.

As gorduras insaturadas apresentam ácidos graxos com ligações duplas entre os átomos de carbono e são geralmente líquidas à temperatura ambiente; são exemplos os óleos de origem vegetal e as gorduras dos peixes, em geral. Esse tipo de gordura é considerado mais saudável.

Há ainda as gorduras trans, presentes em alimentos industrializados após determinados processos. Elas são ainda mais prejudiciais ao organismo, trazendo mais riscos para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Ácido graxo

Ácido graxo

Ácido graxo

O triacilglicerol é formado por três moléculas de ácidos graxos ligadas a uma molécula de glicerol.

Óleos vegetais, como o azeite, são ingredientes culinários usados para temperar alimentos e cozinhar.

Proteínas

As proteínas são formadas pela união de aminoácidos. Os aminoácidos são moléculas compostas de um átomo de carbono, ao qual se ligam um átomo de hidrogênio, um grupo carboxila, um grupo amina e um radical. Existem vinte tipos de aminoácido que formam as cadeias proteicas, e eles variam entre si em relação ao radical.

Fórmula básica do aminoácido

Fórmula básica de aminoácido

Exemplos de aminoácidos

Acima, fórmula básica de aminoácido e à direita, exemplos de quatro tipos diferentes de aminoácidos.

Vegetariano: aquele que exclui da sua alimentação todos os tipos de carne, aves e peixes.

Vegano: aquele que não utiliza produtos de origem animal para nenhum fim, tanto na alimentação quanto no vestuário, em cosméticos etc.

As proteínas dos alimentos são digeridas disponibilizando os aminoácidos, que são reaproveitados pelo corpo para formar nossas próprias proteínas. Além de serem os principais componentes estruturais do nosso corpo, as proteínas têm diversas funções, como participar da defesa imunitária, atuar como enzimas em certas reações químicas, transportar substâncias, promover movimentos, entre outras. Alguns aminoácidos que fazem parte das nossas proteínas não são produzidos pelo corpo e precisam ser obtidos pela alimentação; são chamados aminoácidos essenciais. Os aminoácidos que são produzidos pelo nosso corpo são chamados de aminoácidos naturais ou não essenciais. Exemplos de alimentos ricos em proteínas são as carnes em geral, os ovos, o feijão, a soja e o leite. As proteínas dos alimentos de origem animal apresentam todos os aminoácidos, mas as dos alimentos de origem vegetal geralmente apresentam apenas alguns deles. No entanto, mesmo as pessoas com hábitos vegetarianos e veganos obtêm todos os aminoácidos por meio da ingestão de alimentos variados.

Alimentos de origem animal e vegetal ricos em proteínas.

glicina (Gly)
glicina (Gly)
alanina (Ala)
fenilalanina (Phe)
glicina (Gly)
alanina (Ala)
fenilalanina (Phe)
grupo carboxila

V itaminas e sais minerais

Vitaminas são nutrientes orgânicos, enquanto os sais minerais são inorgânicos. Ambos são necessários para o organismo em quantidades muito pequenas. Devem ser obtidos na alimentação e apresentam funções variadas. Por exemplo, a vitamina K é necessária para o processo de coagulação do sangue e a vitamina D, para a absorção de cálcio pelos ossos. Já o ferro, que é um mineral, é constituinte da hemoglobina das hemácias do sangue e o iodo faz parte de hormônios produzidos pela glândula tireoide, atuando no metabolismo.

De maneira geral, frutas e hortaliças são ricas em vitaminas e sais minerais. Consumir alimentos variados desses tipos contribui para a ingestão dos nutrientes necessários ao corpo.

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PARA ER Composição dos alimentos

A Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA 7.2) apresenta os dados da composição nutricional dos alimentos mais consumidos no país.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; FOOD RESEARCH CENTER. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos. Versão 7.2. São Paulo, 2019. Disponível em: http://www.tbca.net.br/. Acesso em: 21 out. 2024.

Hortaliça: planta cultivada em hortas e utilizada na culinária.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Retome a definição de alimentação saudável que você forneceu anteriormente. Você mudaria algo nessa definição, após aprender sobre os tipos de nutriente?

2. Qual é a importância para a saúde da alimentação variada, considerando os tipos de nutriente predominantes nos alimentos consumidos? Pesquise informações para justificar a resposta.

3. Resgate o seu diário alimentar.

a) Caracterize os alimentos que você consumiu com relação à sua composição nutricional. Para esta tarefa você pode consultar a Tabela Brasileira de Composição dos Alimentos, indicada no Para Ler. Atente-se para o tipo de nutriente que é predominante no alimento, e, nos casos em que há gorduras, verifique se há informações sobre o tipo delas.

b) Com base na análise do item anterior, você consideraria sua alimentação saudável? Por quê?

O gr au de processamento dos alimentos

Para ser considerada saudável, a escolha dos alimentos deve ir além da análise dos tipos de nutriente e sua distribuição. Outro critério de grande importância para a saúde é o grau de processamento ao qual o alimento foi submetido, antes de seu preparo ou consumo.

De acordo com o Guia alimentar para a população brasileira do Ministério da Saúde, os alimentos podem ser classificados em quatro categorias, dependendo do grau de processamento a que são submetidos. Veja a seguir.

FIREOFHEART/SHUTTERSTOCK.COM

In natura ou minimamente processados

Obtidos diretamente da natureza ou que passaram por pequenas intervenções, como secar, moer, cortar, pasteurizar, congelar, embalar etc.

Exemplos: frutas, hortaliças, carnes, ovos, leite, arroz, feijão, castanhas.

Óleos, gorduras, sal e açúcar

Extraídos da natureza ou de alimentos in natura e usados para temperar ou cozinhar os alimentos.

Exemplos: óleos vegetais, banha de porco, sal de cozinha, açúcares branco, mascavo e demerara.

Processados

Passam pela adição de ingredientes culinários, como sal, açúcar, óleo ou vinagre, e por outros processos mais simples, semelhantes a técnicas culinárias caseiras, como cozimento, fermentação etc.

Exemplos: pães como o francês, atum e sardinha em lata, massas, legumes em conserva, queijos.

Ultraprocessados

Sua produção envolve intenso processamento e a adição de grande quantidade de ingredientes, muitos dos quais são de uso exclusivamente industrial (como espessantes, aromatizantes, corantes etc.).

Exemplos: refrigerantes, pães de forma, biscoitos recheados, carnes temperadas e empanadas, sucos adoçados, sorvetes, bebidas lácteas e iogurte adoçados e aromatizados.

Fonte das informações: BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. 2. ed. Brasília, DF, 2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf. Acesso em: 21 out. 2024.

Alimentos in natura ou minimamente processados constituem a base de uma alimentação saudável. Eles são boas fontes de nutrientes. Porém, nenhum alimento sozinho possui todos os nutrientes necessários ao organismo; assim, é importante variar e dar preferência aos alimentos de origem vegetal, que, de modo geral, têm fibras e menor quantidade de gordura. As fibras alimentares correspondem a frações não digeridas dos alimentos de origem vegetal e, por reterem água, auxiliam no bom funcionamento do sistema digestório, tornando as fezes macias e favorecendo sua eliminação.

Óleos, gorduras, sal e açúcar, se usados em pequenas quantidades no preparo de alimentos in natura ou minimamente processados, conferem sabor agradável sem alterar a qualidade nutricional desses alimentos.

Os alimentos processados podem eventualmente ser usados como ingredientes em preparações culinárias ou consumidos em pequenas quantidades, fazendo parte de refeições baseadas em alimentos in natura ou minimamente processados. O processo de fabricação desses alimentos altera negativamente a sua composição nutricional, sendo por isso menos saudáveis que os naturais. Eles podem conter excesso de sal e açúcar, por exemplo, o que aumenta o risco de distúrbios como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. O consumo de alimentos ultraprocessados deve ser evitado. Eles têm grande quantidade de sal, açúcar e gordura, além de adição de ingredientes industriais. Esses aditivos têm funções diversas; alguns aumentam a conservação dos alimentos, outros os tornam mais atraentes em relação a aparência, aroma e sabor. Esses alimentos costumam ser de fácil acesso, vendidos em diversos locais e a baixo custo, e envolvem intenso trabalho de marketing e publicidade das empresas que os produzem, que visa estimular o seu consumo. O aumento desse consumo aumenta o risco de distúrbios como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. Além disso, alguns estudos indicam a relação entre o consumo excessivo de certos aditivos industriais e o aumento do risco de câncer.

É preciso estar atento, pois em muitos casos alguns desses alimentos são apresentados em sua forma light, diet ou zero açúcar, com alegações de que sejam mais saudáveis. Porém, a diminuição da quantidade de um ingrediente como a gordura é, geralmente, compensada pelo aumento de outro também prejudicial, como o açúcar.

A s frutas são alimentos in natura que podem compor lanches saudáveis entre as principais refeições.

PARA ER

Proibição de alimentos ultraprocessados em escolas

A reportagem mostra o debate entre a proibição de alimentos ultraprocessados na escola e a resistência encontrada pelos estudantes.

ARAUJO, C. Em vigor há um ano, lei que proíbe ultraprocessados em escolas do Rio gera mudanças, mas ainda enfrenta resistência. Disponível em: https:// oglobo.globo.com/rio/noticia/2024/03/31/ em-vigor-ha-um-ano-lei-que-proibeultraprocessados-em-escolas-do-rio-geramudancas-mas-ainda-enfrenta-resistencia. ghtml. Acesso em: 21 out. 2024.

DENIS KUVAEV/SHUTTERSTOCK.COM

Rotulagem

Como você viu, as recomendações para uma alimentação saudável são dar preferência ao consumo de alimentos in natura ou minimamente processados e evitar ao máximo alimentos ultraprocessados. Mas o que fazer para saber se um alimento é ou não ultraprocessado?

A principal forma de obter essa resposta é lendo a lista de ingredientes nos rótulos dos alimentos. Alimentos ultraprocessados apresentam grande quantidade de ingredientes, entre eles aditivos industriais, que podem ser reconhecidos como aqueles que você não encontraria em uma cozinha doméstica. Mesmo entre os alimentos ultraprocessados, a recomendação é dar preferência aos que apresentem menos ingredientes e aditivos industriais ou que tenham menor teor de sal, açúcar e gorduras.

A partir de 2022, novas normas passaram a vigorar na rotulagem. A tabela passa a ter apenas letras pretas e fundo branco. Também é obrigatória a declaração de açúcares totais e adicionados, do valor energético e de nutrientes por 100 g ou 100 ml, a fim de ajudar na comparação de produtos, bem como o número de porções por embalagem. Outra novidade é a rotulagem frontal, que indica se o produto tem alta concentração de açúcares, gordura ou sódio. Eles devem constar sempre em ordem decrescente, iniciando com o que apresenta maior quantidade e finalizando com o que apresenta menor quantidade.

INFORMAÇÃO NUTRICIONAL

Porções por embalagem: 000 porções

Porção: 000 g (medida caseira)

100 g000 g%VD*

Valor energético (kcal)

Carboidratos totais (g)

Açúcares totais (g)

Açúcares adicionados (g)

Proteínas (g)

Gorduras totais (g)

Gorduras saturadas (g)

Gorduras trans (g)

Fibras alimentares (g)

Sódio (mg)

* Percentual de valores diários fornecidos pela porção.

Saúde sem complicações

Escute o episódio do programa Saúde sem complicações, da Rádio USP, para saber mais sobre o aumento do consumo de alimentos industrializados no Brasil e as consequências que esse hábito tem gerado na saúde da população brasileira. O programa também traz informações sobre educação alimentar, discutindo a importância de se fazer escolhas alimentares mais saudáveis compatíveis com as vivências específicas de cada indivíduo.

SAÚDE sem Complicações #34: Alimentos funcionais são essenciais para uma vida saudável. Entrevistada: Lusânia Maria Greggi Antunes. Entrevistadora: Mel Vieira. São Paulo: Jornal da USP, 13 out. 2020. Podcast. Disponível em: https:// jornal.usp.br/podcast/saude-semcomplicacoes-34-alimentos-funcionaissao-essenciais-para-uma-vida-saudavel/. Acesso em: 21 out. 2024.

Tabela nutricional em rótulo de alimento industrializado.

Os rótulos ainda devem ter outras informações, como prazo de validade, local de fabricação, lote e quantidade total do produto na embalagem (conteúdo líquido).

A s regras de rotulagem são essenciais para a promoção de uma alimentação saudável, pois fornecem ao consumidor informações importantes para que possam fazer escolhas alimentares adequadas.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. A publicidade de certos alimentos ultraprocessados promove-os como opções saudáveis para consumo. Com base no que vocês leram sobre os tipos de alimento, de acordo com o grau de processamento, argumentem por que eles não podem ser considerados saudáveis.

2. Uma das orientações para uma alimentação saudável é “Desembalar menos e descascar mais”. Comentem como essa instrução está relacionada a uma alimentação mais saudável.

3. Conversem sobre a importância de haver regras para as informações presentes nos rótulos dos alimentos, com objetivo de promover uma alimentação saudável. Há outras informações, além das citadas no texto, que vocês incluiriam como obrigatórias?

ATiViDADE DE AMP i AÇÃO

Volte a analisar seu diário alimentar de acordo com as instruções a seguir.

a) Caracterize os alimentos que você consumiu com relação ao seu grau de processamento. Para essa tarefa avalie a lista de ingredientes de cada alimento registrado no seu diário alimentar e consulte outras fontes de informação para auxiliar sua análise.

b) Qual é o tipo de alimento predominante em suas refeições? Com base nessa informação, você considera sua alimentação saudável?

AT¡v¡DaDeS Não escreva no livro.

A escolha dos alimentos para uma refeição

Não há recomendações exatas para a composição de uma refeição saudável que descrevam especificamente os alimentos que cada prato deve conter e em que quantidade. As necessidades nutricionais variam de pessoa para pessoa de acordo com vários critérios. O ideal é considerar os aspectos nutricionais e principalmente o grau de processamento dos alimentos e os hábitos regionais para fazer escolhas que componham uma refeição saudável.

O padrão alimentar tradicional brasileiro é, de modo geral, considerado saudável. Pesquisas do IBGE indicam que alimentos in natura ou minimamente processados ainda constituem a maior parte da alimentação dos brasileiros, embora haja uma tendência ao aumento do consumo de alimentos ultraprocessados. Veja, a seguir, algumas sugestões saudáveis para as diferentes refeições do dia.

C afé da manhã

No café da manhã é comum o consumo de frutas e café com leite, complementado por outros alimen tos. Há, por exemplo, preferências regionais como o consumo de tapioca, açaí, cuscuz, pão de queijo, queijos, ovos mexidos, entre outros.

O cuscuz é uma massa de milho umedecida com água e cozida no vapor. Boa fonte de carboidratos, costuma fazer parte do café da manhã no Nordeste brasileiro.

A lmoço e jantar

É comum que a base do almoço e do jantar seja a mistura de feijão e arroz, adequada tanto em termos nutricionais quanto considerando o grau de processamento dos alimentos. Outros alimentos complementam essa mistura, geralmente uma carne e hortaliças diversas.

Adotar essa composição de prato, variando os alimentos, observando as quantidades e dando preferência para carnes com pouca gordura, além de alimentos regionais, é uma maneira de ter uma refeição saudável.

A seguir, estão dispostas as principais características de cada um desses grupos, além de opções de variação e indicação de algumas receitas regionais relacionadas.

• Grupo das leguminosas: vários tipos de feijão (preto, branco, carioca, fradinho, feijão-de-corda, entre outros), lentilha, grão-de-bico, ervilha. São fonte de proteína, fibras alimentares, ferro, zinco, cálcio e vitaminas do complexo B. Entram no preparo de pratos regionais, como feijão tropeiro, tutu à mineira, acarajé, feijoada, entre outros.

No Brasil há grande variedade de leguminosas.

• Grupo dos cereais, raízes e tubérculos: arroz, milho, trigo, batata-doce, batata-inglesa, mandioquinha (ou batata-baroa), mandioca (ou macaxeira ou aipim), inhame, entre outros. São fonte importante de carboidratos, fibras alimentares, vitaminas A, C e do complexo B e potássio. Entram em preparos regionais como galinhada, arroz de cuxá, angu, farofa, xerém.

O ora-pro-nóbis é uma hortaliça com alto teor de proteína. Tradicional em Minas Gerais, está presente em receitas regionais, como o frango com ora-pro-nóbis.

A mandioca é um alimento tradicional, utilizado há muito tempo pelos povos indígenas sul-americanos. Pode ser consumida de diversas formas, e dela se fazem farinha, tapioca, beiju, entre outros produtos.

• Grupo das hortaliças: apresenta grande diversidade, incluindo cenoura, abóbora (ou jerimum), chuchu, couve, espinafre, brócolis, gueroba, jiló, maxixe, ora-pro-nóbis, entre muitos outros. São fonte de várias vitaminas e minerais, além de fibras alimentares. Podem compor saladas, pratos quentes, sopas, purês e diversos outros preparos. Há grande variedade entre as regiões, por isso é indicado dar preferência ao consumo de alimentos que ocorrem naturalmente onde se vive.

• Grupo das carnes e ovos: carne de diversos animais (gado bovino, porco, cordeiro, frango, cabrito, peixes, entre outros), além de ovos de aves. Fazem parte de pratos regionais diversos como galinhada, pato no tucupi, churrasco gaúcho. São fonte de proteína, vitaminas e minerais. Entretanto, apresentam diferenças quanto à quantidade e tipo de gordura. Em geral, as carnes vermelhas são mais gordurosas e apresentam gorduras saturadas, que podem prejudicar a saúde do organismo. A recomendação é que sejam grelhadas, assadas ou ensopadas, evitando frituras. Veganos não consomem nenhum alimento desse grupo, enquanto alguns vegetarianos podem consumir apenas os ovos, porém os mesmos nutrientes podem ser obtidos por essas pessoas em uma dieta equilibrada, contendo apenas alimentos de origem vegetal.

O almoço e o jantar podem ser complementados com o consumo de uma fruta de sobremesa, de preferência típica da região. É indicado evitar beber durante a refeição, mas, caso o faça, dê preferência ao consumo de água. Os sucos, mesmo naturais, não são recomendados por perderem muitos dos nutrientes e das fibras da fruta inteira.

JOBZ FOTOGRAFIA/ SHUTTERSTOCK.COM

Lanches

Entre as refeições principais, podem ser incluídos pequenos lanches, que idealmente devem ser compostos de frutas. Outras opções saudáveis são castanhas, nozes e iogurte natural.

PARA ER

Alimentos regionais brasileiros

A obra, do Ministério da Saúde, contém uma lista de frutas e hortaliças típicas de cada região, com informações sobre elas, e apresenta receitas da culinária local que usam ingredientes regionais. É um material muito rico para consulta.

BRASIL. Ministério da Saúde. Alimentos regionais brasileiros. 2. ed. Brasília, DF, 2015. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ alimentos_regionais_brasileiros_2ed.pdf. Acesso em: 21 out. 2024.

Fatores que influenciam o ato de comer

Além da escolha do tipo de alimento e do balanceamento nutricional, para contemplar uma refeição saudável, outros fatores devem ser considerados. É importante fazer as refeições em ambientes adequados, limpos e agradáveis, com regularidade, geralmente em horários semelhantes e intervalos adequados entre elas. Também é recomendado que a refeição aconteça com calma e atenção, sem distrações, como assistir à televisão, mexer no celular, entre outros, pois isso contribui para a ingestão adequada de alimentos, sem excessos.

As refeições são bons momentos para interagir socialmente, e compartilhar esse momento é um hábito que faz parte da história humana. Por isso, sempre que possível, compartilhe as refeições com familiares e amigos. Vocês também podem prepará-las juntos, assim como fazer a limpeza do ambiente quando finalizarem. Essas atitudes beneficiam a saúde de modo geral, proporcionando momentos de bem-estar e prazer.

Fazer refeições em companhia e ambiente agradáveis também é um hábito que contribui para a saúde do organismo.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Você considera saudável a forma como realiza suas refeições? Argumente com base nas informações do seu diário alimentar.

2. Agora vocês irão investigar a qualidade da alimentação da comunidade escolar. Para isso, cada estudante entrevistará uma pessoa dessa comunidade a fim de coletar dados sobre os seus hábitos alimentares; posteriormente, vocês irão analisar todos esses dados em conjunto. Vejam a seguir sugestões de como proceder nesta tarefa.

Passo 1: Seleção dos entrevistados

Cada estudante ficará encarregado de entrevistar uma pessoa. Combinem isso previamente. Promovam ao máximo a diversidade dos entrevistados, variando a posição na comunidade (professor, outros funcionários, estudantes de outras turmas, pais e responsáveis etc.), a idade, o gênero, entre outros. Isso propiciará a representatividade dos dados coletados.

Passo 3: Realização da entrevista

Agende com o entrevistado o melhor horário para o encontro, que pode ocorrer nas dependências da escola. Selecione um lugar tranquilo, sem grandes interferências. Leve papel e caneta e, se possível, um gravador de áudio ou vídeo (um aparelho de telefone celular pode servir para essa função). Não se esqueça do roteiro previamente preparado. Outra opção é fazer a entrevista pelo telefone ou usando uma ferramenta de comunicação digital. Faça registros precisos das respostas da entrevista, caso não possa gravá-la.

Passo 2: Preparação do roteiro

Selecionem uma lista de perguntas que devem constar de todas as entrevistas. É importante que elas cubram todos os aspectos que foram vistos, até o momento sobre alimentação saudável. Por exemplo, incluam perguntas sobre os critérios que as pessoas utilizam para escolher os alimentos, se conhecem as classificações de nutrientes e o grau de processamento, como combinam os alimentos em uma refeição comum no dia a dia, onde fazem suas principais refeições, se sabem cozinhar, onde compram os alimentos, se costumam ler as informações dos rótulos, entre outros critérios. Não esqueçam de incluir os dados pessoais, como idade, gênero etc.

Passo 4: Análise dos dados

Definam os padrões a ser utilizados para sintetizar os dados das entrevistas e facilitar a análise conjunta. Por exemplo, uma tabela com colunas para preenchimento contendo as perguntas feitas aos entrevistados. Ela pode ser montada usando um editor de texto ou de planilhas on-line, desenvolvidas colaborativamente. Cada estudante deve preencher uma linha da coluna com os dados de seu entrevistado. Depois de completada a tabela, vocês podem analisar os resultados em conjunto, fazer análises quantitativas, montar gráficos e usar ferramentas que facilitem a leitura dos dados.

Passo 5: Conclusão

As informações obtidas permitirão que vocês tenham um panorama geral dos hábitos alimentares da comunidade escolar em que estão inseridos. Com base nessas informações, escrevam pequenos textos apresentando:

• as tendências que vocês observaram na análise dos dados gerais coletados pela turma;

• recomendações que vocês dariam aos entrevistados, em relação aos seus hábitos alimentares.

Dificuldades para uma alimentação saudável

Diversos fatores podem interferir na alimentação do indivíduo, dificultando o seguimento das recomendações para hábitos mais saudáveis. Esses fatores podem influenciar a escolha dos alimentos, como eles são combinados na composição da refeição ou até mesmo nas condições do próprio ato de comer.

Falta de informação

Um dos principais obstáculos a uma alimentação saudável é a falta de informação. Conhecer os vários fatores que contribuem para hábitos alimentares saudáveis é essencial para se ter autonomia nas escolhas, possibilitando o cuidado com a própria saúde.

Há ainda muitos casos de veiculação de informações pela mídia ou em campanhas de publicidades que contradizem as recomendações com base em estudos científicos sobre o que corresponde a um hábito alimentar saudável. É comum, por exemplo, publicidade de produtos ultraprocessados com alegações sobre suas vantagens para a saúde com o intuito de atrair o público para o consumo. Também são comuns notícias sobre superalimentos que prometem suprir todas as necessidades do organismo, que em geral não são baseadas em comprovação científica.

Portanto, é essencial buscar informações em fontes confiáveis, como publicações e notícias de órgãos públicos, sites de universidades públicas e de grupos de pesquisa relacionados ao estudo da nutrição. Você também pode consultar profissionais da saúde.

O nutricionista é o profissional da saúde que pode dar orientações sobre uma alimentação saudável.

Dificuldades no acesso e custo alto

O acesso e o custo dos alimentos também podem ser obstáculo para uma alimentação saudável. Certos locais podem não ter disponibilidade de determinados tipos de alimentos ou oferecê-los a um custo muito alto.

Uma forma de contornar esses problemas é dar preferência ao consumo de alimentos in natura da estação que sejam produzidos na região, pois costumam ser mais baratos. Se possível, adquiri-los diretamente dos produtores ou em locais em que os produtos atravessaram menos etapas até atingir o consumidor, como sacolões e feiras livres. Fazer uma horta caseira em que se possa plantar alguns alimentos também pode ser uma alternativa.

Comprar produtos in natura diretamente de um pequeno produtor local é uma forma de obter alimentos de menor custo e contribuir para o ambiente e com a economia local. Feira de Santana, BA, 2023.

Inabilidade culinária

Alimentar-se de forma saudável envolve fazer preferencialmente refeições preparadas com alimentos in natura ou minimamente processados. Não saber como preparar os alimentos pode prejudicar o consumo de alimentos saudáveis, pois o indivíduo depende de outras pessoas para obtê-los.

Por isso, é importante que pessoas sem habilidades na cozinha conversem com outras mais experientes no assunto para conhecer algumas receitas simples e procedimentos básicos culinários. Também é possível se informar em páginas da internet, livros, programas de televisão e até mesmo realizando cursos. Saber cozinhar é essencial para ter autonomia na escolha alimentar.

JOA SOUZA/SHUTTERSTOCK

Hábitos de vida atuais

De modo geral, os hábitos de vida atuais vêm dificultando o acesso a uma alimentação natural e saudável. Em muitas cidades, as pessoas precisam se deslocar por grandes distâncias até o trabalho ou a escola, perdem tempo no trânsito, além de enfrentarem longas jornadas de trabalho. Assim, é comum as pessoas terem pouco tempo para se dedicar ao preparo e consumo de refeições e optarem por alimentos ultraprocessados, que podem ser facilmente obtidos, cujo consumo é prático e rápido.

O planejamento pode ajudar a contornar esse problema, por exemplo, preparando os alimentos da semana inteira em um único dia, congelando-os ou adotando outras formas de conservá-los. Levar de casa alimentos saudáveis que possam constituir os lanches entre as refeições pode evitar a compra de alimentos industrializados. Outra dica é optar por restaurantes que se preocupam com a qualidade e higiene dos alimentos oferecidos e sirvam comidas mais saudáveis e equilibradas. Uma boa opção são os do tipo self-service, que costumam oferecer grande variedade de alimentos, sendo possível escolher os que irão compor a refeição.

Ao fazer refeições fora de casa, dê preferência a restaurantes que sejam confiáveis quanto à qualidade e higiene dos produtos oferecidos e com uma oferta equilibrada e saudável de alimentos.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Quais são as principais dificuldades que você encontra para manter uma alimentação saudável? O que pode ser feito para contornar essas dificuldades?

2. Compartilhem com a turma suas propostas de como contornar as dificuldades listadas na questão anterior.

Para finalizar

PRODUTO

F ôlder com sugestão de cardápio

Nesta etapa do projeto, iremos planejar o cardápio de uma refeição saudável e produzir um fôlder explicando a escolha dos alimentos que irão compor essa refeição. Para isso, serão consideradas as informações e os dados obtidos na etapa 2, incluindo as conclusões a respeito do que é uma refeição saudável, em seus múltiplos aspectos, além das informações sobre os hábitos alimentares da comunidade escolar.

Toda turma precisará trabalhar colaborativamente para a execução do produto final. É importante respeitar as diferentes opiniões e tomar decisões com base nas escolhas da maioria. Ao se posicionar e dar a sua opinião, procure sempre apresentar argumentos fundamentados nas informações e conhecimentos obtidos até aqui.

A seguir estão algumas sugestões de como proceder nesta etapa final do trabalho proposto neste projeto.

P lanejamento do cardápio

Em um primeiro momento, será preciso decidir o tipo de refeição que o cardápio irá contemplar. Será um café da manhã, um almoço, um jantar, algum tipo de lanche?

Para essa tomada de decisão, vocês podem considerar diferentes critérios. Uma possibilidade é escolher a refeição na qual vocês detectaram maiores problemas nos hábitos alimentares da comunidade escolar, nas entrevistas realizadas. Assim, com base na sugestão de cardápio, vocês poderão contribuir para a saúde dessa comunidade, transmitindo as informações a que tiveram acesso.

Após a definição do tipo de refeição, vocês precisam escolher os alimentos que farão parte dela. Pensem inicialmente em um aspecto mais geral, por exemplo, no caso de um almoço, a refeição deve conter quais grupos alimentares? Em seguida, a turma pode ser dividida em grupos menores para que cada um foque em uma parte da refeição.

Cada grupo pensará em opções de escolhas saudáveis, que tenham relação com as tradições culinárias da região e que sejam de fácil acesso e baixo custo. Busquem informações completas sobre cada alimento, como composição nutricional, grau de processamento, origem etc. Destaquem as vantagens de cada um desses alimentos para a saúde e como ele está relacionado à cultura alimentar da região, bem como se há produção local por agricultores de regiões próximas. Essas informações serão importantes para a produção do fôlder.

Cada grupo apresentará suas opções para o restante da turma e vocês farão coletivamente a definição final do cardápio, combinando da melhor forma possível os diferentes ingredientes. Vocês podem optar por um prato da culinária típica da região onde vocês vivem, que seja saudável e equilibrado, ou que possa ser complementado com outros grupos alimentares.

P rodução do fôlder

Além do cardápio planejado, o fôlder vai conter informações gerais e breves sobre uma alimentação saudável e sua importância, um resumo dos dados que vocês coletaram e analisaram sobre os hábitos alimentares da comunidade, e a justificativa da escolha que fizeram no cardápio.

O fôlder é um material impresso, que geralmente inclui dobras para estruturá-lo. É usado para divulgar informações, de forma simples e objetiva, tendo recursos diversos, como fotografias e outras imagens, que o torna mais atraente para a leitura. Lembrem-se de que o público-alvo de vocês é muito diverso, incluindo pessoas de diferentes idades, profissões etc. Assim, é importante produzir um material mais abrangente e que interesse a todos.

Vocês irão produzir um fôlder com duas dobras, impresso em uma folha de papel que pode ter o tamanho de uma folha A4. As imagens ao lado dão orientações sobre como montá-lo.

Montagem do fôlder

Lado externo da folha de papel

Parte A

Parte A: principais dados sobre os hábitos alimentares da comunidade escolar de acordo com o levantamento feito por meio de entrevistas. Incluam explicações sobre como a coleta e a análise dos dados foram feitas, usem gráficos e tabelas para mostrar os resultados.

Contracapa: apresenta informações sobre quem produziu o material e fontes consultadas para a sua elaboração.

Capa: importante que seja atraente, incluindo um trabalho gráfico que chame a atenção. Pensem em um título que desperte a curiosidade para a leitura do restante do material.

Lado interno da folha de papel

ParteB

Parte C

Parte D

Parte B: principais aspectos de uma alimentação saudável e sua importância. Pode ser apresentada, por exemplo, uma lista numerada com as principais atitudes para se ter hábitos alimentares adequados e um boxe de destaque sobre a importância de uma alimentação saudável.

Parte C: aqui pode ser apresentada a descrição do cardápio. Indiquem qual é o tipo de refeição e os alimentos que a compõem.

Parte D: justificar como cada um dos alimentos do cardápio pode ser considerado uma escolha saudável, incluindo aspectos nutricionais, regionais, econômicos e outros.

Contracapa
Capa

Para produzir os fôlderes, vocês irão se reunir em seis grupos, cada um responsável por uma parte ou etapa da realização do fôlder. Vejam, a seguir, sugestões de como dividir o trabalho de elaboração e confecção do fôlder:

• Grupo 1: criação do conteúdo e arte da capa e contracapa.

• Grupo 2: elaboração do conteúdo da parte A.

• Grupo 3: elaboração da lista com os principais pressupostos de uma alimentação saudável, que entrará na parte B.

• Grupo 4: elaboração de um parágrafo explicando a importância de uma alimentação saudável, que entrará na parte B.

• Grupo 5: criação de arte e forma de apresentação do cardápio, que entrará na parte C.

• Grupo 6: elaboração da justificativa da escolha dos alimentos para a inclusão no cardápio, que entrará na parte D.

Combinem a melhor maneira para realizar a organização dos materiais produzidos pelos grupos e para providenciar a impressão e a montagem do fôlder. Se necessário, solicitem a ajuda do professor.

Distribuição do fôlder

O fôlder produzido deverá ser distribuído à comunidade escolar. Decidam com a turma e o professor o melhor modo de realizar essa distribuição. Uma possibilidade é organizar um evento especial envolvendo a presença da comunidade escolar. Esse evento pode ocorrer de diversas formas, dependendo da realidade e das possibilidades da escola e da comunidade. Os fôlderes poderão ser entregues ao público na entrada do evento.

Os grupos podem se organizar de outras maneiras ou realizar divisões de trabalho distintas das que foram propostas aqui. Uma possibilidade de trabalho é propor que cada grupo fique responsável pela elaboração de seu fôlder; ao final do processo, os diferentes fôlderes produzidos podem ser distribuídos para a comunidade escolar. Outras sugestões de divisão de trabalho para a elaboração do fôlder são apresentadas nas Orientações para o professor.

A comunidade escolar poderá receber os fôlderes durante um evento organizado pela turma.

Avaliação

Veja nas Orientações para o professor observações e sugestões sobre o uso dos quadros avaliativos.

Para avaliar o processo de construção dos saberes, das atitudes e a reflexão sobre o tema e o mundo do trabalho, sugerimos a elaboração de quadros que permitem o acompanhamento da produção e a reflexão do que foi desenvolvido nas etapas do projeto. Os quadros devem ser copiados e preenchidos de acordo com as orientações do professor.

Avaliação dos saberes

ETAPA 1 – VAMOS COMEÇAR

A.

B.

C.

Discutir sobre o que caracteriza uma alimentação saudável.

Refletir sobre os próprios hábitos alimentares.

Não escreva no livro.

Reconhecer alimentos e culinária típicos de diferentes regiões do Brasil.

ETAPA 2 – SABER E FAZER

AVALIAÇÃO

DAS AÇÕES

D ESENVOLVIDAS

1 Realizei com facilidade

2 Realizei

3 Realizei com dificuldade

4 Não realizei

Reconhecer os principais tipos de nutriente e suas respectivas funções no organismo. A.

Reconhecer os tipos de alimento com base no grau de processamento. B.

Analisar as informações apresentadas nos rótulos de alimentos. C.

Considerar aspectos variados na escolha alimentar e no preparo de refeições saudáveis. D.

E.

Discutir sobre a relação entre alimentação e saúde e fatores que podem influenciar as escolhas alimentares.

Analisar os próprios hábitos alimentares, com base em registros de dados feitos em um diário alimentar. F.

G.

Analisar os hábitos alimentares da comunidade escolar, com base em dados coletados por meio de entrevistas.

ETAPA 3 – PARA FINALIZAR

Planejar cardápio que proponha uma alimentação saudável para a comunidade escolar.

Elaborar, confeccionar e distribuir um fôlder que apresente o cardápio proposto, informações gerais sobre alimentação saudável e os dados gerais sobre os hábitos alimentares da comunidade escolar. B.

Avaliação das atitudes

Não escreva no livro.

Realizo as tarefas nas datas sugeridas de forma atenta e responsável.

Atuo com organização, trazendo para as aulas todo o material solicitado.

Demonstro comportamento adequado e comprometido nos diferentes momentos de desenvolvimento do projeto.

H.

Escuto com atenção as explicações e proposições do professor, colegas e outras pessoas envolvidas nas atividades propostas.

Apresento atitude colaborativa, compartilhando opiniões, sugestões e propostas com os colegas.

Falo com clareza, ao compartilhar dúvidas e opiniões.

Atuo de forma respeitosa em relação às dificuldades apresentadas pelos colegas.

Demonstro empatia e respeito quando lido com opiniões e contextos diferentes dos meus.

MUNDO DO TRABALHO

Durante o projeto, investigamos a qualidade da alimentação com base em práticas de coleta de dados, análise de hábitos alimentares e planejamento de um cardápio saudável. Com base nas informações adquiridas sobre alimentação saudável, e nos diversos aspectos do processo alimentar, que tal explorar carreiras relacionadas a este campo. Algumas sugestões são: Nutricionista, Agrônomo(a), Cozinheiro(a), Engenheiro(a) de alimentos, produtor rural, entre outra.

AVALIAÇÃO DAS ATITUDES E POSTURAS

1 Sempre

2 Frequentemente 3 R aramente 4 N unca

Veja nas Orientações para o professor observações e sugestões sobre o uso dos quadros avaliativos.

3

FICÇÃO CIENTÍFICA: CIÊNCIA OU FICÇÃO?

Neste projeto, vamos nos familiarizar, principalmente, com o universo literário e cinematográfico da ficção científica, um gênero cuja conceituação é bastante diversificada. De modo geral, podemos dizer que a ficção científica utiliza elementos científicos e tecnológicos para construir suas narrativas.

Conheceremos algumas obras clássicas de ficção científica e entenderemos como o desenvolvimento científico e o gênero literário influenciaram um ao outro — como a ficção científica, enquanto gênero, extrapola, exagera e, até mesmo, desconsidera conceitos científicos em seus enredos e como a ciência parece, às vezes, incorporar ideias elaboradas na ficção científica.

Durante o desenvolvimento do projeto, habilidades relacionadas à curiosidade, à criatividade e à comunicação serão requisitadas em atividades que auxiliarão na construção coletiva de um filme curto que deve incluir elementos de ficção científica.

A imagem à esquerda é uma construção feita com base em dados obtidos por diversos radiotelescópios espalhados pelo mundo, com o auxílio de um algoritmo criado pela cientista Katie Bouman, da Universidade de Tecnologia da Califórnia, EUA. Nota-se que ela é parecida com a criada para o filme Interestelar.

Representação do buraco negro Gargântua, do filme Interestelar (2014). A produção do filme contou com a colaboração de cientistas, o que tornou certas partes do roteiro mais alinhadas com os conceitos científicos contemporâneos. (Imagem sem escala; cores-fantasia.)

ViSÃO GERA DO PROjETO

Ficção científica: ciência ou ficção?

TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS:

• Ciência e Tecnologia

• Diversidade Cultural

COMPONENTES CURRICULARES:

• Trabalho

• Líder: Ciências da Natureza e suas Tecnologias – Biologia, Física, Química

• O utros perfis disciplinares: Linguagens e suas Tecnologias – Arte e Língua Portuguesa; Ciências Humanas e Sociais Aplicadas – História

OBJETOS DO CONHECIMENTO:

• Vida, Terra e Cosmos

• Leitura, escuta, produção de textos e análise

> PRODUTO FINAL:

Produção de um filme curto de ficção científica

ETAPAS

DO PROJETO

O percurso deste projeto pode ser alterado e construído de acordo com as necessidades da turma.

• Arte e tecnologia

• A ação das pessoas no tempo e no espaço

Vamos começar

Apresentação geral do tema do projeto e de como ele será desenvolvido. Discussão sobre o que caracteriza a ficção científica e sua presença em diferentes formatos (literatura, quadrinhos, cinema etc.). Análise da aparente capacidade que várias obras do gênero têm de antever tecnologias. Escrita de uma análise crítica de uma obra e de uma pequena história de ficção científica.

OBJETIVOS:

• Familiarizar-se com algumas características do gênero ficção científica e sua história.

• Diferenciar textos de ficção científica, pesquisa científica e jornalismo científico.

JUSTIFICATIVA:

Saber e fazer

Reconhecimento de textos de ficção, pesquisa e jornalismo científicos. Apresentação de um breve histórico do gênero na forma de uma linha do tempo. Reflexão sobre quem faz ficção científica. Percepção da influência da ciência sobre a ficção científica. Análise de um trecho da obra Frankenstein, de Mary Shelley. Discussão sobre as diferenças formais entre um roteiro de um filme e uma obra literária.

• I nvestigar a relação entre esse gênero e as práticas e os conceitos científicos em livros, quadrinhos, filmes e jogos.

• E xercer autonomia e protagonismo, elaborando um roteiro e um storyboard para um filme curto.

A ficção científica, hoje em dia, está disponível em uma série de formatos, como histórias em quadrinhos (HQs), cinema, teatro e jogos, mas sua origem está na literatura. Muitos estudiosos consideram a obra Frankenstein (1818), de Mary Wollstonecraft Shelley (1797-1851), o primeiro livro do gênero. Entretanto, a expressão “ficção científica” (do inglês science fiction) foi empregada pela primeira vez apenas em 1929 na revista Science Wonder Stories (Histórias Fascinantes de Ciência). Essa e outras revistas, que reuniam textos curtos com elementos de ficção científica, contribuíram fortemente para a popularização do gênero. Atualmente, de uma maneira ainda mais massiva, o cinema tem contribuído para sua popularização. Este Projeto Integrador promove um estudo do gênero, possibilitando o entendimento da influência cultural da ciência ao longo da história e um caminho para o aprendizado e a divulgação de conceitos científicos. Além disso, apresenta aos estudantes a oportunidade de conhecer algumas técnicas para a realização de filmes, como a elaboração de roteiros e storyboards para filmes curtos, exercitando a criatividade e desenvolvendo competências em narrativa visual e produção de mídia, habilidades demandadas no mundo do trabalho contemporâneo. > >

ETAPA

3

Para finalizar

Elaboração de roteiro e storyboard para a realização de um filme curto que apresente características de obras de ficção científica.

A produção deverá ser feita por toda a turma, dividida em grupos. O filme deverá ser compartilhado em um canal de comunicação da escola e, se possível, divulgado para toda a comunidade. Poderá também ser compartilhado em redes sociais, com criação de palavras-chave (hashtags) associadas ao tema deste projeto.

1

Sugira aos estudantes que, se possível, assistam ao filme Interestelar e converse com eles sobre o que na obra é cientificamente plausível e o que é criação cinematográfica. O texto Veja verdades e mitos científicos no filme “Interestelar”, de Reinaldo José Lopes (disponível em: https://m.folha.uol.com.br/ ciencia/2014/11/1548517-vejaverdades-e-mitos-cientificos-nofilme-interestelar.shtml; acesso em: 17 out. 2024), pode ajudar nessa discussão.

Para uma definição dos gêneros ficção científica e documentário em cinema, você pode acessar Géneros cinematográficos, livro virtual de Luís Nogueira (disponível em: http://www.labcom.ubi.pt/ficheiros/nogueira-manual_II_generos_cinematograficos.pdf; acesso em: 17 out. 2024).

Vamos começar

Onde está a ficção científica?

CONVERSA INICIAL

É bem provável que a expressão ficção científica traga à mente filmes repletos de efeitos especiais cujas histórias envolvem viagens no tempo, viagens a planetas distantes ou a outras galáxias, alienígenas exóticos, às vezes aterrorizantes, robôs conscientes, tecnologias impressionantes etc. Mas, afinal de contas, o que é ficção científica?

Alguns estudiosos desse gênero — que não se restringe aos filmes e está presente também na literatura, no teatro, nas histórias em quadrinhos e nos jogos — o definem como toda narrativa construída tendo como base princípios científicos. Entretanto, as práticas e os conceitos científicos são apenas fontes de inspiração. Na ficção científica, não encontraremos racionalizações científicas aceitáveis, apesar de uma série de obras contemporâneas estarem fazendo um esforço para serem mais convincentes, consultando especialistas para a construção de suas histórias.

Na abertura deste projeto, por exemplo, você pôde observar uma imagem fictícia de um buraco negro (o Gargântua, de Interestelar) e compará-la com a imagem composta com base em dados obtidos por diversos radiotelescópios. O filme, que contou com a colaboração do físico teórico estadunidense Kip Thorne, buscou contar uma história o mais coerente possível do ponto de vista científico, que se aproximasse bastante do previsto pela teoria da relatividade. Porém, por ser uma obra de ficção científica, e não um documentário sobre o tema buraco negro, Interestelar faz uso da liberdade artística e mostra um ser humano sobrevivendo à travessia de um buraco negro, algo cientificamente impossível. Nas imagens a seguir, podemos ver um exemplo de um clássico da literatura de ficção científica adaptado para cinema e para história em quadrinhos, que trata de uma invasão alienígena à Terra (Guerra dos mundos). Essa obra já recebeu inúmeras adaptações, desde programa de rádio em 1938, apresentado por Orson Welles, que posteriormente se tornaria reconhecido por seu trabalho como diretor de cinema, até videogame em 2011. Em 2019, foram produzidas duas séries de TV baseadas no clássico.

Capa da adaptação de A guerra dos mundos para história em quadrinhos (2018).

Capa da edição de 2021 do livro A guerra dos mundos, do escritor britânico Herbert George Wells (1866-1946).

Cartaz da primeira versão cinematográfica de A guerra dos mundos (War of the Worlds), lançada em 1953.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Você já teve contato com o gênero ficção científica? Se sim, de que forma? Em HQs, em livros, no cinema, em jogos?

2. Se você tivesse de produzir algo do gênero ficção científica em algum formato (filme, HQ, obra literária, programa de rádio, videogame ou série de TV), qual escolheria? Por quê?

3. Selecionem uma obra de ficção científica que vocês conheçam e escrevam um pequeno texto (máximo de duas páginas), analisando-a criticamente. O objetivo aqui é produzir uma espécie de resenha crítica simplificada, portanto vocês devem identificar a obra, apresentar suas principais características, incluir algumas informações sobre o autor, fazer considerações sobre a estrutura narrativa e os aspectos históricos que envolvem a trama (como a época em que a obra acontece), dar uma opinião justificada a respeito da qualidade da obra e, por fim, recomendá-la ou não. Apresentem o texto para o restante da turma.

PARA ASSiSTiR

Viagens no tempo

Uma sugestão de trabalho com esses filmes pode ser vista nas Orientações para o professor

Ficção científica geralmente nos faz pensar em filmes cujas narrativas são baseadas em viagens no tempo ou em futuros utópicos ou distópicos . Alguns bons exemplos são:

• DE VOLTA para o futuro 1, 2 e 3. Direção: Robert Zemeckis. EUA: Universal Pictures, 1985, 1989 e 1990. (116 min, 108 min e 118 min, respectivamente).

• BL ADE runner – O caçador de androides. Direção: Ridley Scott. EUA: Warner Bros. Pictures, 1982. (117 min).

• BL ADE runner 2049 . Direção: Denis Villeneuve. Canadá, EUA: Sony Picturces, 2017. (163 min).

Utópico: relativo à ou próprio da utopia, que se refere a um cenário ideal imaginado, fantasioso, impossível de ser realizado.

Distópico: antiutópico, relativo à ou que descreve uma distopia, em que o lugar ou estado imaginado envolve condições de opressão, desespero e/ou privação.

Ficção científica: ciência ou ficção? 79

Não escreva no livro.
EDITORA PRINCIPIS

A ficção científica prevê o futuro?

Não é tão incomum verificarmos que tecnologias e ações imaginadas em obras de ficção científica do passado se tornaram possíveis ou reais no presente. Ficamos com a impressão de que os autores têm a capacidade de prever o futuro. As obras do escritor francês Júlio Verne (1828-1905) destacadas nos boxes são bastante ilustrativas dessas antecipações de tecnologias. Viagens espaciais, internet, certos usos da genética, entre outras possibilidades, foram abordados, ainda que de maneira imprecisa, em uma série de obras do século passado e do início deste século e hoje são uma realidade. Isso acontece não porque os autores sejam pessoas que conseguem prever o futuro, mas porque ciência e ficção caminham juntas. Escritores, cineastas, quadrinistas, entre outros, que se aventuram nesse gênero, geralmente, estão atentos às produções científicas do seu tempo e, também, às relações humanas, refletindo anseios e desejos de sua época. Assim, eles apenas usam e extrapolam esses conhecimentos e, às vezes, acertam.

Se por um lado viagens espaciais pelo Sistema Solar já foram e são realizadas por sondas enviadas da Terra, por outro lado o teletransporte de uma pessoa — sair de um lugar e chegar quase que instantaneamente a outro — é possível apenas na ficção.

FOGUETES

Em uma das ilustrações da obra Da Terra à Lua (1865), Verne desenhou um tipo de veículo espacial composto de módulos, capazes de se desacoplar conforme seu distanciamento da Terra. Observe a representação de um foguete real e a compare com o desenho de Verne. Parecidos, não?

Ilustração de foguete presente na obra Da Terra à Lua (1865), de Júlio Verne.

Lançamento do foguete SpaceX Falcon no Centro Espacial Kennedy, na Nasa, Flórida (EUA), 2024.

Também na obra Vinte mil léguas submarinas (1869), Verne descreveu o escafandro autônomo, no qual um reservatório de ar é fixado às costas, como uma mochila, algo que só foi criado de fato em 1943, quase um século depois.

ESCAFANDRO

Ilustração de escafandro para Vinte mil léguas submarinas. Gravura do século XIX. Equipamento de mergulho utilizado atualmente.

FONOTELEFOTO

Na obra O dia de um jornalista americano no ano 2889 (1889), Verne descreveu o trabalho jornalístico como uma atividade que envolvia a transmissão de imagens e textos mediante o uso de um equipamento chamado fonotelefoto, algo muito parecido com as televisões, os computadores e os smartphones que usamos atualmente.

Ilustração de um fonotelefoto para O dia de um jornalista americano no ano 2889

O trabalho de um jornalista hoje é praticamente impossível sem o uso de computadores e celulares.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Escolham uma obra de ficção científica cuja história se passe em um futuro que já seja nosso passado (por exemplo, um filme produzido no início da década de 1980 cuja história se passe próximo à década de 2020) e avaliem os erros e acertos em relação às suas “previsões”. Escrevam um resumo de suas conclusões.

2. Escreva uma pequena história (máximo de quatro páginas) de ficção científica, imaginando os usos que faremos, no futuro, de alguma tecnologia usada atualmente.

ATiViDADE DE AMP i AÇÃO

Leonardo Da Vinci é considerado um visionário. Entre os séculos XV e XVI, ele produziu ilustrações e modelos de equipamentos semelhantes ao paraquedas, à asa-delta e à bicicleta. Pesquise imagens das invenções de Da Vinci e responda: em sua opinião, elas poderiam fazer parte de obras de ficção científica? Por quê?

Ficção científica: ciência ou ficção?

ORGANIZANDO OS TRABALHOS

P rojeto - Ficção científica

A ficção científica, um gênero cada vez mais popular, possibilita um caminho para pensar a ciência. Neste projeto, perceberemos como o desenvolvimento científico e o gênero influenciaram um ao outro. Ao longo das etapas, vocês serão convidados a empregar habilidades relacionadas à curiosidade, à criatividade e à comunicação para que possam conceber, ao final, um filme curto de ficção científica.

Um filme curto pode ser realizado utilizando-se equipamentos do nosso dia a dia.

Os estudantes serão apresentados a obras do universo da ficção científica. Caso seja possível, peça a eles que leiam alguns dos livros e quadrinhos, joguem o jogo e assistam a alguns dos filmes sugeridos ao longo do projeto. Isso contribuirá para a ampliação do repertório cultural dos estudantes.

PARA AS PROXiMAS ETAPAS

Para o desenvolvimento deste projeto, você deverá realizar diversas atividades que vão auxiliá-lo na construção do produto final, um filme curto de ficção científica. Em alguns momentos, essas atividades devem ser feitas individualmente; em outros, a turma deve se dividir em duplas ou em grupos.

A realização do filme deve envolver toda a turma e requer uma série de tarefas, que podem ser executadas por grupos específicos:

• Produção do roteiro. Nesta tarefa, sugerimos a participação de pessoas que gostem de escrever e que já tenham lido livros, história em quadrinhos ou assistido a filmes de ficção científica.

• Produção do storyboard, ilustrando como as cenas devem ser filmadas. Nessa tarefa, sugerimos a participação de pessoas que saibam ou gostem de desenhar, para ilustrar como as cenas devem ser filmadas.

• Direção. Nesta tarefa, sugerimos a participação de pessoas que queiram se responsabilizar pela orientação dos atores, pela definição da iluminação, do cenário, do posicionamento de câmera, da roupa que os personagens usarão etc.

• Produção. Nesta tarefa, sugerimos a participação de pessoas que queiram cuidar do cronograma de filmagem, providenciar objetos de cena, avaliar se determinada cena terá algum custo e buscar alternativas, bem como organizar a exibição do filme quando ele estiver pronto.

• O peração de câmera . Nesta tarefa, sugerimos a participação de pessoas que gostem de fazer filmagens.

Captação de som. Nesta tarefa, sugerimos a participação de pessoas que se interessem pelo aspecto sonoro de um filme.

Montagem do cenário e da ambientação. Nesta tarefa, sugerimos a participação de pessoas que gostem de organizar espaços, criar adereços e compor objetos e móveis.

Atuação. Nesta tarefa, sugerimos a participação de pessoas que se interessem pela interpretação dos personagens criados para o filme.

Edição. Nesta tarefa, sugerimos a participação de pessoas que gostem de montar vídeos.

Esses são apenas alguns dos aspectos fundamentais da produção de um filme. Na Etapa 3, mencionaremos outras funções importantes.

Indique ao professor com qual(is) tarefa(s) você gostaria de se envolver. Sugerimos que grupos específicos, com interesses em comum, fiquem responsáveis por cada aspecto da produção do filme. A escolha da história que será contada deverá ser feita de forma coletiva, portanto todos deverão apresentar sugestões. Comuniquem-se de forma respeitosa e escolham uma das ideias, democraticamente. É importante ter em mente que haverá um momento de exibição do filme, e vocês devem se organizar para a realização desse evento.

Lembre-se de que este projeto deve servir apenas como guia, não é preciso limitar-se a ele. Outras possibilidades de caminho ou de desenvolvimento do projeto são possíveis. Sempre que você pensar em outras opções, converse com seu professor a respeito.

Materiais:

• Papel e/ou cartolina.

• Caneta e/ou lápis.

• Blocos autoadesivos.

É possível adequar o produto final conforme as necessidades específicas de cada contexto local. Caso a produção do filme não seja possível, pode-se organizar apenas a produção dos roteiros e dos storyboards.

• Aparelho de celular ou câmera de vídeo.

• Microfone.

• Computador.

• Roupas e objetos variados para os figurinos.

O produto final proposto é uma sugestão para finalizar o trabalho com o tema deste projeto. Estimule, sempre que possível, o uso de recursos digitais para a produção do filme. Uma possibilidade de ampliar essa proposta é a organização de um festival de curtas-metragens, como o realizado pelo governo do estado do Amapá, noticiado em Estudantes de escolas públicas podem participar de festival de curtametragem (disponível em: https:// www.portal.ap.gov. br/noticia/0611/ estudantes-de-escolaspublicas-podemparticipar-de-festival-decurta-metragem; acesso em: 17 out. 2024).

2

Saber e fazer

Pesquisa, divulgação e ficção científicas

O texto de ficção científica tem características que o diferenciam de textos que buscam divulgar informações científicas reais, como os artigos científicos e os artigos de jornalismo científico. Apesar do objetivo em comum, eles diferem principalmente na linguagem e no público que buscam atingir.

Da pesquisa acadêmica, realizada em universidades e centros de pesquisa, são produzidos artigos científicos, que devem possuir rigor técnico e conceitual. É uma escrita feita por especialistas em algum tema (por exemplo, sistema respiratório) de uma grande área (por exemplo, fisiologia humana) e direcionada a especialistas da mesma área; portanto, costuma ser de difícil entendimento para o público em geral. Artigos desse tipo são produzidos por grupos de pesquisadores e publicados em revistas especializadas após longo processo de revisão realizado por outros pesquisadores de áreas similares.

Artigos científicos podem conter, além do texto, imagens e vídeos, nem sempre com uma qualidade ou didática compreensível para uma pessoa leiga. Já o jornalismo científico tem o objetivo de transmitir, de forma didática, informações sobre pesquisas científicas para o público não especializado. Seu objetivo é divulgar o trabalho realizado por cientistas para não cientistas ou cientistas de outras áreas. Esse tipo de artigo inclui textos que têm como base trabalhos acadêmicos e devem seguir um rigor técnico e conceitual, mas não de maneira excessiva. Na divulgação científica, algumas liberdades são permitidas, uma delas é o uso mais artístico de recursos visuais e audiovisuais. Hoje há muitos divulgadores que não trabalham diretamente com a pesquisa acadêmica, mas traduzindo o conhecimento científico mais formal para a comunidade em geral, assim como há jornalistas que se especializam na área da divulgação científica.

Observe as duas imagens desta página. A fotografia ao lado apareceria em um artigo científico publicado em uma revista especializada; já a imagem acima, em jornal de grande circulação que tivesse suplemento de ciência ou em revista voltada para a divulgação científica. Apesar da baixa qualidade artística da fotografia feita pela sonda Cassini-Huygens, a imagem tem grande importância científica por ser o registro do primeiro pouso de uma espaçonave em uma das “luas geladas” do Sistema Solar. Ela mostra uma paisagem extraterrestre com o que parece ser rios e nuvens, muito semelhante à terrestre. Já o modelo artístico acima ilustra como seria um planeta extrassolar orbitando sua estrela a cada 704 dias. Não há, até o momento, imagens reais de sistemas planetários como esse, por limitações técnicas, por isso as imagens são artísticas, embora baseadas em informações e dados reais.

Na ficção científica, não se espera rigor técnico e conceitual, embora atualmente muitos autores e diretores contemporâneos busquem, cada vez mais, a consultoria de especialistas. Ou seja, podemos encontrar nesse gênero alguns fatos relacionados à ciência acadêmica, mas a maior parte do conteúdo é ficcional, fruto da imaginação. Aqui a liberdade artística é essencial. Mais importante do que registrar e transmitir informações cientificamente precisas e dados reais, a ficção científica cria possíveis futuros, universos imaginários baseados nos conhecimentos históricos, científicos e tecnológicos do passado e da atualidade. Ao fazer isso, acaba refletindo os anseios humanos na busca pelo novo e pelo inexplorado.

Modelo artístico de um exoplaneta orbitando sua estrela, baseado em dados astronômicos reais.

Mosaico de fotografias tiradas em 2005 pela sonda Cassini-Huygens ao pousar na superfície de Titã, lua de Saturno.

Planeta extrassolar ou exoplaneta: planeta que orbita uma estrela fora do Sistema Solar.

Texto 1

[...]

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Leia os trechos a seguir e indique se são de uma obra de ficção científica, de um artigo científico ou de um artigo de jornalismo científico.

TEXTO 1 (ficção científica): CRICHTON, M. Jurassic Park . São Paulo: Aleph, 2015. E-book

O elefante era sempre um sucesso retumbante; seu corpo pequenino, pouco maior do que o de um gato, prometia maravilhas inauditas vindas do laboratório de Norman Atherton, o geneticista de Stanford que era parceiro de Hammond no novo empreendimento. Mas enquanto Hammond falava do elefante, deixava muita coisa de fora. Por exemplo: ele estava construindo uma companhia de genética, no entanto o elefante minúsculo não tinha sido produzido por nenhum procedimento genético; Atherton havia simplesmente selecionado um embrião de elefante-anão e o gestado em um útero artificial com modificações hormonais. Aquilo era uma bela façanha por si só, mas em nada semelhante ao que Hammond sugeria ter sido feito.

[...]

Optamos por não apresentar as referências aos estudantes para não torná-las um facilitador para a obtenção das respostas.

Texto 2

O mamute-lanudo (Mammuthus primigenius) foi um grande mamífero herbívoro que viveu no Pleistoceno e está extinto há cerca de 4 mil anos. Mas a espécie pré-histórica pode "voltar a viver" nas tundras do Ártico graças a um ambicioso projeto da empresa norte-americana Colossal [...].

A companhia de biociência planeja utilizar a técnica de edição genética CRISPR para inserir seq uências de DNA extraídas de fósseis e pelos de mamutes-lanosos no genoma de elefantes-asiáticos (Elephas maximus). O resultado será um animal híbrido de elefante com mamute.

TEXTO 2 (jornalismo científico/divulgação científica): ENTENDA como uma empresa pretende trazer mamute-lanoso de volta à vida. Galileu, 14 set. 2021. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Tecnologia/noticia/2021/09/entendacomo-uma-empresa-pretende-trazer-mamute-lanudo-de-volta-vida.html. Acesso em: 17 out. 2024.

Texto 3

Grandes herbívoros, como os elefantes, podem causar impactos relevantes aos ecossistemas e aos ciclos biogeoquímicos. Porém, a influência de elefantes sobre a estrutura, a produtividade e os estoques de carbono nas florestas tropicais africanas ainda é praticamente desconhecida. Quantificamos aqui esses efeitos mediante a incorporação da perturbação causada por elefantes no modelo de Demografia do Ecossistema e verificamos os efeitos, comparando-os com os dados de inventário de duas florestas primárias de planície localizadas na África. Descobrimos que a redução da densidade de caules associada à presença de elefantes resulta em mudanças na competição por luz, água e espaço entre árvores. Essas mudanças favorecem a emergência de árvores maiores, em menor quantidade e com maior densidade de madeira. A alteração [...] também reduz a produtividade primária líquida da floresta, dada a troca entre produtividade e densidade de madeira. [...]

TEXTO 3 (artigo científico): BERZAGHI, F. et al. Carbon stocks in central African forests enhanced by elephant disturbance. Nature Geoscience, n. 12, p. 725-729, set. 2019.

Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41561-019-0395-6. Acesso em: 17 out. 2024. [Tradução do editor]. AT¡v¡DaDeS

2. Qual tipo de texto, em sua opinião, é de mais difícil leitura? Por quê?

ATiViDADE DE AMP i AÇÃO

Pesquisem outros exemplos de textos de ficção científica, de artigo científico ou de artigo de jornalismo científico. Tragam os artigos para a sala de aula e leiam trechos para os colegas de grupo. Busquem listar semelhanças e diferenças entre os diferentes gêneros.

Um pouco de história

Muitos historiadores consideram Frankenstein (1818), de Mary Shelley, a primeira obra de ficção científica. O livro, que muitos costumam associar ao gênero terror, narra a história do naturalista Victor Frankenstein e sua busca para compreender os mecanismos da vida e da morte. Nesse processo, ele acaba criando um ser vivo em seu laboratório. A inspiração nos trabalhos do físico e médico italiano Luigi Galvani (1737-1798) é a base para uma discussão sobre a moral e a ética nas relações humanas.

Outros dizem que a ficção científica só começou com Júlio Verne e H. G. Wells no final do século XIX; há aqueles que dizem que foi só no século XX com as revistas estadunidenses Amazing Stories (Histórias Maravilhosas) e Science Wonder Stories (Histórias Fascinantes de Ciência, na qual a expressão science fiction [ficção científica] foi usada pela primeira vez); e há ainda os que creditam o início da ficção científica a certas obras gregas antigas.

Para a professora Fátima Regis de Oliveira, da Faculdade de Comunicação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), em artigo de 2005, a imaginação impregnada de tecnologia e de ciência está sempre presente em pelo menos um elemento (enredo, personagem, contexto, entre outros) da ficção científica. Segundo ela, o fato de o gênero ter surgido na Inglaterra no início da Revolução Industrial não é mero acaso. Entretanto, para o crítico e autor britânico Adam Roberts, que em 2018 lançou no Brasil o livro A verdadeira história da ficção científica: do preconceito à conquista das massas, o gênero surgiu bem antes de Júlio Verne, H. G. Wells ou Mary Shelley, particularmente em 1634 (bem antes da Revolução Industrial), com a publicação de Somnium, escrito pelo astrônomo Johannes Kepler (1571-1630). Esse livro conta a história de um sonhador que, com a ajuda de uma entidade sobrenatural, vai à Lua e conhece seres habitantes das duas faces do satélite.

A ficção científica parece ser mesmo um gênero indomável, difícil de se definir e de ter sua origem identificada, o que ainda gera muitos debates.

A seguir, alguns eventos importantes na história da ficção científica. A linha do tempo é ilustrativa e sem escala, obedecendo apenas à ordem cronológica.

Capa da revista Science Wonder Stories de junho de 1929.
Ficção

É importante mencionar que esta linha do tempo é apenas um recorte possível, parcialmente baseado na obra A verdadeira história da ficção científica: do preconceito à conquista das massas, de Adam Roberts (São Paulo: Seoman, 2018). A produção nas diversas mídias (cinema, literatura, história em quadrinhos e videogame) é bastante vasta, inclusive no Brasil.

A f icção científica na história

Século I

1902 – O cineasta Marie

Georges Jean Méliès (1861-1938) produz o filme mudo Viagem à , inspirado por Júlio Verne. Na imagem, uma das mais famosas cenas do filme.

80 – Primeiras obras gregas que tratam de viagens à Lua e dialogam com a ciência da época são escritas por Plutarco (46 d.C.-120 d.C.) e Antônio Diógenes (século II); apenas fragmentos sobreviveram. Na imagem, busto de Plutarco em mármore.

Século XX

Século XVI

1600 – Publicada a primeira edição completa de Somnium, do astrônomo Johannes Kepler. Nesse livro, um homem sonha que viaja à Lua e conhece dois povos, um na parte clara e outro na parte escura do satélite. Na imagem, estátua de Tycho Brahe (1546-1601) e Johannes Kepler, em Praga, capital da República Tcheca.

1895 – H. G. Wells, autor clássico do gênero, publica sua primeira obra de ficção científica, A máquina do tempo , na qual um viajante avança no tempo e acaba por encontrar um futuro desolador para a humanidade. Na imagem, capa de uma edição de 2022.

1926 – O editor Hugo Gernsback (1884-1967), em uma de suas revistas do gênero, cria o termo “cientificção”, alterando-o mais tarde para o atual “ficção científica”. Na imagem à esquerda, capa da revista Amazing Stories, cuja primeira edição é de abril de 1926.

1927 – Principal filme de ficção científica da primeira metade do século, Metrópolis , dirigido por Fritz Lang (1890-1976), é ambientado em uma cidade dividida verticalmente entre trabalhadores nas fábricas subterrâneas e a classe dominante nos arranha-céus. O roteiro foi escrito em parceria com Thea von Harbou (1888-1954), autora do livro de mesmo nome. Na imagem à direita, cena do filme.

1932 – O livro Admirável mundo novo, de Aldous Huxley (1894-1963), se passa no ano 2540 (segundo a contagem de tempo no livro, 637 anos depois que Henry Ford criou o método de produção em linha para o automóvel). Ele apresenta uma sociedade dividida em alfas, betas etc., usuária de um comprimido chamado Soma, que diminui os sentimentos negativos dos personagens, trazendo-lhes bem-estar. Na imagem à esquerda, capa de uma edição de 2022. COLEÇÃO

Século XVIII

1730 – Inspirado por As viagens de Gulliver, François-Marie Arouet (1694-1778), mais conhecido pelo pseudônimo Voltaire, escreve Micrômegasuma história filosófica . O livro é sobre um habitante de Sirius (estrela mais brilhante do céu noturno visível a olho nu), um ser com 5 km de altura que vem à Terra, levanta um navio no oceano e se espanta que os “insetos” a bordo possuam inteligência. Na imagem, capa de uma edição do livro de 2022.

1755 – O texto inglês anônimo, Viagem ao mundo no centro da Terra , situa, no interior do globo terrestre, uma sociedade utópica de vegetarianos que respeita muito os animais.

Século XIX

1818 – Mary Shelley publica Frankenstein, citado por muitos autores como o ponto de partida da ficção científica. Nas imagens à direita, retrato de Mary Shelley e outro de Boris Karloff, ator britânico, interpretando a criatura em filme de 1931.

1857 – Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882) publica o conto O fim do mundo, uma das primeiras obras de ficção científica brasileiras. Mas alguns críticos a consideram uma sátira que tende mais para a fantasia.

1865 – Júlio Verne, o mais popular escritor de ficção científica da história, publica seu terceiro livro, Da Terra à Lua, no qual um grupo concebe uma nave que será lançada de um gigantesco canhão. Na imagem à esquerda, capa de uma edição de 2024.

THE NEW YORK TIMES

1938 – Orson Welles (1915-1985) lê trechos do livro

A guerra dos mundos, de H. G. Wells, no rádio e apavora cerca de 1 milhão de pessoas nos EUA, que acreditaram se tratar de uma invasão alienígena real. Na imagem, vemos a manchete do jornal estadunidense The New York Times, de 31/10/1938, em que se lê em inglês: “Ouvintes de programa de rádio em pânico tomam ficção de guerra por real”. [Tradução do editor]. 1949 – Eric Arthur Blair (1903-1950), mais conhecido pelo pseudônimo George Orwell, escreve a distopia futurista 1984 , uma extrapolação dos regimes totalitários europeus das décadas de 1930 e 1940. Na imagem, cena do filme 1984, dirigido por Michael Radford e intencionalmente lançado em 1984.

Ficção científica: ciência ou ficção?

GALERIA
HEDRA

1951 – Sai o primeiro volume da trilogia Fundação, de Isaac Asimov (1920-1992), famoso autor do gênero no século XX. Com ele, estabelece-se a chamada ficção científica hard (“dura”): narrativas lineares (ou seja, história que segue a ordem cronológica dos acontecimentos), com heróis resolvendo problemas em um ambiente espacial ou tecnológico. Na imagem, caixa da edição de 2021 da trilogia.

1953 – Arthur Charles Clarke (1917-2008) lança sua primeira novela, O fim da infância, na qual alienígenas chegam à Terra para guiar crianças em uma transcendência cósmica que colocará fim à humanidade.

1977 – Guerra nas estrelas , dirigido por George Lucas, abre caminho para uma série de blockbusters (“arrasa quarteirões”, filmes, geralmente de produção cara, que são muito bem-sucedidos nas bilheterias) no cinema, como Alien – O oitavo passageiro (de 1979, dirigido por Ridley Scott), E.T. – O extraterrestre (de 1982, dirigido por Steven Spielberg) e O exterminador do futuro (de 1984, dirigido por James Cameron). Na imagem, cartaz do filme. 1981 – É lançado Não verás país nenhum, de Ignácio de Loyola Lopes Brandão, contista, romancista, jornalista brasileiro e membro da Academia Brasileira de Letras. A história se passa em um futuro indeterminado no Brasil, em que a Amazônia não existe mais, há uma crise de água séria e o Sol pode matar.

1984 – William Gibson marca o cyberpunk (subgênero de ficção científica conhecido por combinar alta tecnologia e baixa qualidade de vida; seu nome vem da combinação de cibernética e punk alternativo) com Neuromancer, obra que mistura um enredo noir (associado à temática policial), hackers (pessoas que podem usar seus conhecimentos de informática para violar sistemas computacionais), megalópoles e violência.

1993 – O crítico cultural e escritor Mark Dery cunha o termo afrofuturismo para designar o movimento cultural que combina elementos de ficção científica, ficção histórica, fantasia e arte africana para abordar os dilemas dos negros do passado, do presente e do futuro. O afrofuturismo discute a diáspora africana usando a lente da cultura tecnológica e da ficção científica e inclui expressões originárias de diversas mídias, como música, cinema e literatura. Apesar de seu primeiro romance ter sido lançado em 1976, a escritora estadunidense Octavia Estelle Butler (1947-2006) é considerada uma das grandes representantes do afrofuturismo. Nas imagens, fotografia da autora e capa de uma edição recente de seu livro Parábola do semeador, de 1993.

de

Diáspora: dispersão de um povo causada por preconceito ou perseguição política, religiosa ou étnica.

Surgem diversos subgêneros, como os mundanos (ficção científica dentro do Sistema Solar em que não há viagem mais rápida que a luz), new weird (“novo estranho”, ficção científica com fantasia) e new space opera (“nova ópera espacial”, com pesquisa científica rigorosa). A produção atual é bastante vasta e tem crescido, inclusive no Brasil. Também têm se destacado mais cineastas mulheres que trabalham com o gênero, como a diretora estadunidense Ava Duverney e a francesa Claire Denis, e mais autores negros, como o escritor brasileiro Fábio Kabral e a estadunidense Nnedi Okorafor, estes últimos mostrados nas fotografias abaixo.

FINOTTI, I. Autor revisa história da ficção científica e adianta seu nascimento em dois séculos. Folha de S.Paulo, 11 jul. 2018. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2018/07/autor-revisa-historia-da-ficcao-cientifica-e-adianta-seu-nascimento-em-dois-seculos.shtml. Acesso em: 17 out. 2024.

Fonte
pesquisa:
Século XXI

1968 – Philip Kindred Dick (1928-1982) escreve Androides sonham com ovelhas elétricas?, que se tornaria o filme Blade runner – O caçador de androides (1982), dirigido por Ridley Scott, no qual um caçador de androides não tem certeza se as pessoas ao seu redor são reais ou artificiais. As obras de Philip K. Dick têm sido adaptadas com frequência para o cinema e para as séries. Além de Blade runner, há os filmes Minority Report – A nova lei (de 2002, dirigido por Steven Spielberg), Vingador do futuro (uma versão de 1990, dirigida por Paul Verhoeven, e outra de 2012, dirigida por Len Wiseman), Blade runner 2049 (de 2017, dirigido por Denis Villeneuve), entre outros, além de diversas séries. Na imagem, cena do filme Blade runner , de 1982.

1968 – 2001: uma odisseia no espaço, de Stanley Kubrick (19281999), é o filme que tirou o gênero da classe B de Hollywood e o elevou ao status de arte. Nele, um monólito vem à Terra nos primórdios da humanidade e impulsiona o desenvolvimento da inteligência humana. Milênios depois, os humanos o redescobrem na Lua e em Júpiter. Na imagem acima, uma cena do filme.

AT¡v¡DaDeS

1969 – Ursula Kroeber Le Guin (19292018) lança a obra A mão esquerda da escuridão, atingindo sucesso de público e crítica, quebrando a hegemonia de autores homens na ficção científica. O livro narra a história do terráqueo Genly Ai, emissário do Ekumen, uma confederação informal de planetas. Ele é enviado a Gethen com a missão de persuadir os habitantes desse planeta a se juntar ao Ekumen, mas encontra uma cultura de difícil compreensão. Nas imagens, fotografia da autora e capa de uma edição de 2019 do livro.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Sobre os livros e filmes apresentados na linha do tempo, respondam.

a) Vocês já conheciam algum dos autores, livros ou filmes citados?

b) Qual autor, livro e filme chamaram mais sua atenção? Por quê?

2. Listem dois filmes e/ou livros de ficção científica que vocês conheçam, mas que não estão na linha do tempo. Pesquisem informações sobre o autor da história e a época em que foi escrita ou filmada. No caso de filmes, pesquisem se a narrativa foi inspirada em alguma obra literária. Façam um pequeno relato usando essas informações e os principais pontos das histórias escolhidas compartilhem-no com o restante da turma.

3. Pesquisem mulheres que produziram ou produzem obras de ficção científica no Brasil e no mundo. Apresentem para o restante da turma as informações obtidas.

Não escreva no livro.
EDITORA ALEPH
ROGER TILLBERG/ ALAMY/FOTOARENA

A ciência influenciando a ficção

Vivemos um momento em que os avanços científicos e tecnológicos têm ocorrido em um ritmo impressionante. A internet conecta boa parte da população mundial, gerando consequências sociais perceptíveis. Praticamente qualquer conteúdo está disponível na rede mundial de computadores, basta um clique ou o toque da ponta de um dedo em uma tela para acessá-lo de forma instantânea.

Temos também assistido a grandes eventos científicos — como o registro em imagem do buraco negro, a possibilidade de “editar” o DNA etc. —, ao desenvolvimento de equipamentos e materiais cada vez mais sofisticados e a progressos importantes na área da medicina e da saúde, o que tem ocasionado um aumento do tempo de vida e melhora na qualidade de vida da humanidade.

Podemos dizer que as populações humanas têm experimentado um misto de espanto, medo e otimismo com todo esse avanço científico e tecnológico. A humanidade parece caminhar para um futuro em que irá explorar não só todo o planeta, mas também o Sistema Solar, em busca de conhecimento e novas riquezas.

Ficção científica e ciência de mãos dadas

O artigo discute como a ciência também pode ser influenciada pela ficção científica.

Disponível em: https://cienciahoje.org.br/artigo/ ficcao-cientifica-e-ciencia-de-maos-dadas/. Acesso em: 17 out. 2024.

Ao mesmo tempo, os níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, que só aumentam desde o início da Revolução Industrial no século XVIII, seguem ameaçando o equilíbrio ambiental da Terra. De acordo com pesquisadores de diversas áreas, esse aumento, causado principalmente pela queima de combustíveis fósseis, intensifica o efeito estufa, o que tem resultado em elevação das temperaturas globais, desertificação de florestas, derretimento de calotas polares e aumento dos níveis dos oceanos.

Em uma perspectiva utópica, os seres humanos teriam uma relação harmoniosa com o planeta e o Universo, realizando uma exploração sustentável.

PARA ER

Assim, a ciência e a tecnologia podem tanto trazer soluções para os problemas globais, ao buscar fontes de energia menos poluentes, cura para doenças e soluções para otimizar a produção de alimentos, como podem ser usadas na produção de armas de destruição em massa, divulgação de informações falsas e controle da vida das pessoas.

Mas o que isso tem a ver com a ficção científica? Tudo! Essas reflexões que permeiam a ciência e são por ela motivadas acabam exercendo forte influência sobre as obras de ficção científica, que exploram de forma criativa e exagerada, diferentes possibilidades de futuros utópicos e distópicos, que permitem uma reflexão das ações humanas no presente. Podemos dizer, portanto, que esse gênero nos permite desenhar futuros desejados e indesejados, tornando-se uma potente ferramenta de informação, criatividade e imaginação.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Selecione um jogo, um filme, uma série, um livro ou uma história em quadrinhos de ficção científica. Jogue, assista ou leia a obra e preste atenção quando houver referência a algo que envolva conceitos científicos ou pareça envolver. Tome nota dos termos utilizados. Em seguida, faça uma pesquisa sobre esses termos para saber se são de fato baseados em conceitos científicos e para verificar se foram usados de maneira correta.

2. Selecionem notícias sobre avanços científicos e tecnológicos que ocorreram na última década e discutam seus possíveis impactos sobre a humanidade e o planeta.

Em uma perspectiva distópica, os seres humanos enfrentariam condições bastante adversas, sofrendo as consequências de uma relação pouco sustentável com o ambiente.

científica: ciência ou ficção?

AT¡v¡DaDeS Não escreva no livro.

Frankenstein

A obra Frankenstein , de Mary Shelley, é considerada por muitos estudiosos o primeiro livro do gênero ficção científica em que se identifica a influência da ciência, mais especificamente a dos trabalhos do físico e médico italiano Luigi Galvani, que buscava relações entre eletricidade e os seres vivos. Ele descobriu que era possível contrair os músculos de uma rã morta com eletricidade. É interessante notar que a primeira edição, de 1818, foi publicada de forma anônima. O nome de Shelley só foi adicionado à segunda edição, de 1823.

O livro narra a história do jovem cientista Victor Frankenstein, que se dedica a entender as leis da natureza e se empenha em descobrir os mistérios da vida. Nesse processo, acaba por criar uma criatura gigantesca semelhante a um ser humano com o uso de eletricidade. Desde seu lançamento, a obra de Mary Shelley teve várias adaptações cinematográficas, a primeira versão, por exemplo, aconteceu em 1910. Vamos ler um trecho do livro original e de uma versão da história, contada pelo jornalista, biógrafo e escritor brasileiro Ruy Castro e publicada em 2014.

A obra Frankenstein teve várias adaptações para a história em quadrinhos. Uma delas, a da imagem, foi ilustrada pela artista brasileira Taisa Borges e lançada em 2012.

[...]

Eu já travara conhecimento com as leis mais evidentes da eletricidade. Nesta ocasião, achava-se conosco um homem, grande pesquisador das ciências naturais, que, excitado por este acidente [a destruição de uma árvore por causa de um raio], se pôs a explicar uma teoria que elaborara sobre a eletricidade e o galvanismo, ao mesmo tempo nova e espantosa para mim. Tudo o que ele disse reduzia à expressão mais simples Cornelius Agrippa, Albertus Magnus e Paracelso, os senhores da minha imaginação. Por alguma fatalidade, a derrubada desses homens acabou com as minhas tendências para continuar meus estudos habituais. [...] [...]

SHELLEY, M. Frankenstein. Edição de bolso. Porto Alegre: L&PM, 1997. E-book

[...]

Descobri como e por que a vida é gerada.

Mais impressionante ainda: tornei-me capaz de dar vida à matéria inanimada — de transformar a morte em vida.

[...]

Quando me dei conta do terrível segredo que tinha em mãos, hesitei longamente sobre como deveria empregá-lo. E decidi-me pela criação de um homem [...].

Embora eu possuísse a capacidade de dar vida à matéria morta, o trabalho de preparar uma estrutura para recebê-la, com seu intrincado complexo de fibras, músculos e veias, parecia de uma magnitude e dificuldade inconcebíveis.

Duvidei, a princípio, se deveria atrever-me a criar um ser à minha semelhança ou se deveria limitar-me a algo mais simples, como um gato ou um cão. Mas estava excitado demais para me permitir dar vida a um animal menos complexo e maravilhoso do que o homem.

Preparei-me para uma infinidade de derrotas. Seriam milhares de cirurgias a executar. Muitas delas iriam resultar frustradas e, no final, talvez meu trabalho saísse imperfeito. [...]

Foi com esses sentimentos que me decidi pela criação de um ser humano.

Como a extrema minúcia das partes do organismo pudesse ser um obstáculo à ansiedade de contemplar a minha criação, decidi construir um ser de estatura gigante — de 2,5 metros de altura, com todos os órgãos proporcionalmente grandes. [...].

[...]

SHELLEY, M. Frankenstein: uma história de Mary Shelley. Contada por Ruy Castro. 32. reimpr. São Paulo: Selo Seguinte, 2014. p. 16-17.

AT¡v¡DaDeS Não escreva no livro.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Com base na leitura do trecho da versão contada por Ruy Castro, discutam.

a) Qual é a descoberta “científica” a que o texto se refere?

b) Na opinião de vocês, isso seria uma atitude ética?

2. Pesquisem o que é um sistema de inteligência artificial (IA). Haveria semelhanças entre o ser vivo criado em Frankenstein e um sistema

IA? Justifiquem.

PARA jOGAR

O Princípio de Talo

Na pele de um androide, o jogador é desafiado por uma inteligência artificial chamada Elohim (o equivalente a Deus em hebraico) a passar pelos desafios de seu jardim e, assim, ser agraciado com a dádiva da vida eterna. O jogo coloca, ao longo de seu enredo, questionamentos sobre o que é a realidade e o que é ser humano. O nome “Talo” vem de um personagem da mitologia grega, um gigante de bronze guardião da ilha de Creta.

• The Talos Principle [O Princípio de Talo]. Desenvolvedor: Croteam. Devolver Digital, 2014. Ficção científica: ciência ou ficção?

Da literatura para o cinema

Uma etapa importante na adaptação de um livro para o cinema é a confecção de um roteiro. Nesse tipo de adaptação, os roteiros raramente são uma transposição fiel do texto literário. Em geral, há alterações temporais, criação de personagens, diálogos e cenários, mudanças de enredo etc.

Segundo o site do Instituto de Cinema, há em torno de cinquenta títulos de filmes, séries, minisséries, curtas-metragens e animações com o nome Frankenstein. Entre eles, há adaptações quase fiéis ao livro e inspirações livres no personagem, que acabou ficando tão conhecido que já aparece desassociado da história original, como em Frankenstein encontra o lobisomem (1943), dirigido por Roy William Neill, Frankenstein contra o monstro espacial (1965), dirigido por Robert Gaffney, e O exército de Frankenstein (2013), dirigido por Richard Raaphorst.

Vejamos um trecho do livro Frankenstein.

[...]

Esta manhã, quando eu contemplava o semblante lívido de meu amigo — os olhos semicerrados, os membros pendentes, apático —, fui despertado pelo ruído de meia dúzia de tripulantes que pediam para serem admitidos em meu camarote. Entraram e seu líder dirigiu-se a mim. Disse-me que ele e seus companheiros haviam sido escolhidos pelos outros marujos para virem, em comissão, até mim, a fim de me fazerem uma solicitação que, em justiça, eu não poderia recusar. Achávamo-nos emparedados no gelo e talvez jamais escapássemos, mas eles temiam que, se o gelo se desfizesse e abrisse uma passagem, eu me apressaria em continuar a viagem conduzindo-os a novos perigos, depois de eles terem, por felicidade, escapado daquele. Insistiam, pois, que eu prometesse solenemente, caso o navio se libertasse, mudar imediatamente meu curso para o Sul. Aquelas palavras me desconcertaram. Eu ainda não havia perdido as esperanças, nem pensara em voltar, se conseguisse sair dali. No entanto, podia eu, com toda a justiça, recusar esse pedido? Hesitei antes de responder, quando Frankenstein, que permanecera em silêncio e que, com efeito, mal parecia ter forças para ouvir, ergueu-se: seus olhos cintilavam, e suas faces enrubesceram-se com um momentâneo vigor.

Voltando-se para os homens ele falou:

— Que significa isso? Que querem vocês do seu capitão? Estão vocês tão impacientes para abandonar o destino que os espera? Acham que esta expedição não é uma empresa grandiosa? E por que é ela gloriosa? Não porque se realize em mares plácidos como os do Sul, mas porque é cheia de perigos e de terrores, porque a cada novo incidente é preciso apelar para a coragem de vocês, e porque, cercados pela morte e pelos perigos, vocês se mostraram valentes e conseguiram superar isso. Eis por que é um empreendimento glorioso e honroso. [...]

Sua voz variava de modulação conforme os sentimentos que ele expressava, e seu olhar era tão cheio de heroísmo que, acredite, aqueles homens se comoveram. Entreolharam-se e foram incapazes de replicar. Eu falei, mandei que se retirassem e que considerasse o que havia sido dito, e que não os levaria mais para o Norte se eles persistissem em desejar o contrário, mas que esperava que da reflexão lhes retornasse a coragem.

Eles saíram. Voltei-me para meu amigo, mas ele havia caído num estado de torpor, quase privado de vida.

SHELLEY, M. Frankenstein. Edição de bolso. Porto Alegre: L&PM, 1997. E-book

Vejamos agora um trecho do roteiro do filme Frankenstein (1994), dirigido por Kenneth Branagh.

[...]

EXT. CONVÉS DO NAVIO NEVSKY – NOITE

Um vento uivante se ergue, arremessando granizo nos vigias encolhidos. A CÂMERA PASSA por eles, se movendo de modo contínuo em direção à janela em que se nota uma iluminação fraca da cabine de Walton...

INT. CABINE DE WALTON – NOITE

..onde encontramos Walton e Grigori em uma discussão tensa:

GRIGORI

Capitão, eu imploro. Os homens estão amedrontados e irritados. Eles querem que você prometa a nossa volta.

WALTON

Eles sabiam dos riscos quando se juntaram à expedição. Fomos longe demais para voltar agora.

GRIGORI

Então você corre o risco de promover um motim.

Walton saca uma pistola de uma gaveta e a coloca sobre a mesa diante dele, de forma ruidosa.

WALTON

EXT.: abreviação que se refere a filmagens realizadas em ambientes externos (em um parque, por exemplo).

INT.: abreviação que se refere a filmagens realizadas em ambientes internos (dentro de uma casa, por exemplo).

(Com voz em tom baixo e firme) Eles que tentem. Grigori se surpreende. Ele escuta o barulho de lençóis sendo mexidos e olha para a cama do capitão. Walton segue seu olhar.

Victor Frankenstein despertou e está olhando para eles. Grigori sai, se sentindo desconfortável por causa do olhar de Frankenstein. Walton se levanta e retira uma panela do fogão.

WALTON

Você acordou. Preparei um pouco de sopa. Vai ajudar na sua recuperação.

VICTOR

(Com voz rouca, vacilante) Estou... morrendo.

Victor retira uma das mãos que repousava sob o cobertor e a coloca diante do rosto. Os dedos, esqueléticos e pretos.

VICTOR

Ulceração. Gangrena. Um diagnóstico simples.

WALTON

Você é médico?

VICTOR

(Esboça leve sorriso) Como você chegou aqui?

WALTON

É uma pergunta surpreendente, vinda de você.

(Batida)

Sou capitão deste navio. Saímos de Archangel faz um mês e estamos buscando um caminho para o Polo Norte.

VICTOR

Ah, um explorador.

WALTON

Aspirante. Tenho minha cota de dificuldades no momento.

VICTOR

Ouvi a conversa.

WALTON Não posso culpá-los. Estamos presos aqui neste gelo e atormentados por algum tipo de... criatura.

VICTOR Criatura? Uma... criatura semelhante a um ser humano?

WALTON (Chocado) Você a conhece?

VICTOR

Vocês têm razão em ter medo. [...]

FRANKENSTEIN. The Internet Movie Script Database, 8 fev. 1993. Disponível em: https://www.imsdb.com/scripts/Frankenstein.html. Acesso em: 17 out. 2024. [Tradução do editor].

MKILROY/SHUTTERSTOCK.COM

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Analisem os trechos do livro e do roteiro e apontem semelhanças e diferenças entre o trecho do livro e o roteiro do filme.

2. Qual é a função das frases entre parênteses no roteiro?

3. Imagine que um diretor de cinema tenha se interessado por seu cotidiano e manifestado interesse em filmar uma parte do seu dia. Para isso, ele pediu a você que escrevesse um pequeno roteiro. Usando como referência o do filme Frankenstein, escreva um roteiro de um evento que você vivenciou e que considere interessante para um filme curto.

Para finalizar

Produção de um filme curto

PRODUTO FINAL

O trabalho final deste projeto é a produção de um filme curto de ficção científica, que deve ser realizado por toda a turma. O filme pode ser baseado em uma história completamente original, criada pela turma, ou em algum texto de ficção científica clássico ou atual. Notícias de descobertas científicas também podem ser usadas para inspirar a escrita do roteiro.

Como já vimos, na ficção científica não há necessidade de rigor em relação aos conceitos científicos, que são apenas fontes de inspiração. Entretanto, a turma pode optar por elaborar um filme que se aproxime desse rigor, consultando especialistas ou textos especializados. O importante é criar com liberdade e imaginação. Tentem incluir elementos de suas realidades pessoais na história.

Preparativos

O grupo que se responsabilizará pela elaboração do roteiro pode se basear no guia a seguir, dividido em nove etapas. Vocês podem alterar as etapas quando julgarem necessário ou mesmo criar um outro modelo de guia, de acordo com as demandas da turma.

1. Planejamento

Inicie com uma ideia simples com a qual todos concordem. A partir daí, discutam a ideia e a desenvolvam de forma que ganhe complexidade e possa se tornar uma história a ser contada, com personagens e conflitos. É importante pensar no público que assistirá ao filme, para que vocês possam conceber uma história com linguagem apropriada. No planejamento, pode ser usado um fluxograma, como o exemplo abaixo.

Colonização de Titã

Produção de alimentos e energia

Acidentes

Viagem

Vida em Titã

Busca por sinais de vida

TALAJ/SHUTTERSTOCKCOM

Trajes espaciais

Ambiente

NASA/JOHNSHOPKINSAPPLIEDPHYSICS

Conflitos entre os colonos

2. Desenvolvimento

Concluído o planejamento, é hora de começar a pensar em como essa ideia irá se desenvolver. É importante realizar pesquisas para contextualizar a história. Se vocês acharem que rigor conceitual e verossimilhança darão mais credibilidade ao filme, a realização de pesquisas é fundamental. Além disso, é hora também de definir se o filme será uma ficção científica com drama (por exemplo, Ad Astra – Rumo às estrelas, dirigido por James Gray), comédia (por exemplo, MIB – Homens de preto , dirigido por Barry Sonnenfeld), terror (por exemplo, Alien , o oitavo passageiro , dirigido por Ridley Scott) e/ou aventura (por exemplo, Missão: Marte , dirigido por Brian de Palma).

Verossimilhança: qualidade do que é verossímil, ou seja, do que parece ser verdadeiro.

Exemplo de f luxograma com ideias para um filme curto sobre a colonização da lua Titã, maior satélite natural de Saturno.

Sucesso ou fracasso da missão?

3. Definição do conflito

É interessante que a história tenha um clímax, ou seja, uma grande dificuldade, uma grande paixão, algo que atraia a atenção do espectador, algo de que ele possa se lembrar com facilidade quando for recontar o filme para alguém. O ideal é que o clímax possa ser resumido em uma única frase. Os conflitos podem ser grandiosos — por exemplo, possível choque entre um meteoro e o planeta Terra — ou algo mais simples — por exemplo, a separação de um casal por motivo de uma viagem intergaláctica. Além disso, os conflitos podem ser individuais ou interpessoais, entre o protagonista e outro personagem.

4. C onstrução dos personagens

Uma boa construção de personagens é fundamental para toda boa história. No caso específico da ficção científica, os personagens podem ser máquinas, robôs, programas de computador e até mesmo partículas subatômicas. Ou seja, não é preciso se restringir a seres humanos. O importante não é a natureza dos personagens, mas uma boa definição de suas características, de seus perfis. Para isso, sugerimos que vocês façam uma espécie de ficha de cada personagem, com informações como nome, idade, procedência, infância, medos, sonhos — quanto mais rica for essa ficha, mais consistente será o personagem.

6. Desenvolvimento de cada cena

5. Argumentação

Com a história e o conflito definidos e os personagens fichados, pode-se partir para o argumento, um texto simples e direto no qual a história do filme é contada. Três a cinco páginas devem ser o suficiente para apresentar, em linhas gerais, a narrativa. Procurem estruturar o texto de forma que ele tenha começo, meio e fim e apresente todos os personagens importantes. Sugerimos que toda a turma leia o texto final para verificar se está coerente.

Este é o momento de pensar no que será filmado. Não basta um texto para a produção de um filme. Um produto audiovisual se concretiza em um espaço, com um cenário, personagens, acessórios e, às vezes, recursos de computação gráfica. Assim, sugerimos que vocês quebrem a história em cenas. Em cada cena, vocês devem indicar os posicionamentos e as ações dos personagens, assim como a ambientação (objetos que devem estar na cena, por exemplo) que imaginam. Aqui não é preciso se preocupar com os diálogos. Vocês podem usar pedaços de cartolina, folhas de papel, programas de edição de texto (ou de apresentação gráfica) ou blocos autoadesivos para posicionar e reposicionar objetos e personagens nas cenas. Com esse material, vocês conseguirão contar a história na ordem que acharem adequada, posicionando as cenas em uma linha narrativa. Os estudantes que ficarão responsáveis pelo storyboard e pela produção podem auxiliar nesta etapa.

Roteiristas utilizam cartões com informações para organizar as cenas.

7. E scrita do roteiro

Somente após todas essas etapas, recomendamos o trabalho com os diálogos. A história, os conflitos, os personagens e as cenas já devem estar claros. É hora de pegar os blocos autoadesivos, por exemplo, e imaginar o que cada personagem dirá.

Como vimos no tópico Frankenstein, um roteiro não traz descrições minuciosas do ambiente, de sentimentos e de aparências, como em uma obra literária; nele devem constar descrições breves de cada cena, o posicionamento e o movimento da câmera (ou celular), as ações dos personagens e a maneira como se relacionam e interagem.

Há diversos modelos que orientam a escrita de roteiros. Uma sugestão é que cada página tenha um cabeçalho da cena, uma descrição das ações, dos personagens e dos diálogos.

Moradores saem carregando botijões. Ambulância vira a esquina, os garotos correm.

EXT. RUAS DO CONJUNTO HABITACIONAL — DIA

José, Carlos e Roberto correm, perseguindo a ambulância de perto. Eles jogam os gravetos que estavam segurando para o alto. Eles riem.

JOSÉ (V.O.)

Naquela época, a gente não tinha medo de nada, a gente vivia solto na rua.

O médico sai da ambulância para atender uma paciente. MONTAGEM cria sensação de labirinto, o médico não sabe como se deslocar nas ruelas.

Modelo de um trecho do roteiro para um filme, com seus diferentes elementos.

8. Revisão

É importante que, concluído o roteiro, vocês o deixem de lado e voltem a lê-lo após algum tempo. Isso vai ajudá-los a identificar inconsistências e incoerências. Não tenham receio de cortar e/ou reescrever parte do material (ou mesmo todo o roteiro). Sugerimos a realização de pelo menos duas revisões. Experimentem ler em voz alta os diálogos para perceber se fazem sentido e reconstruam as cenas até que estejam convincentes. Os estudantes que irão atuar no filme podem participar dessa leitura em voz alta.

Numeração da cena . 1

2 Cabeçalho de cena: uma linha descrevendo local e hora do dia da cena.

3 Ação: descrição narrativa do que ocorre na cena. Deve ser descrita no presente.

4 Personagem: nome do personagem deve estar sempre acima de sua fala no diálogo. Em sua primeira aparição, seu nome é seguido de uma breve descrição de suas características.

5 V.O. ou O.S.: indica se é Voice Over (V.O., do inglês “voz sobreposta”), quando a fala é de um narrador, ou Off-screen (O.S., do inglês “fora da tela”), quando a fala é de um personagem que não está presente na tela.

6 D iálogo: linhas da fala do personagem. Cada fala é precedida pelo nome do personagem.

9. A presentação e ajustes

Vale a pena ter uma segunda ou terceira opinião sobre o roteiro. Peçam a familiares ou amigos que não tenham tido contato com o material que leiam o texto. Ou leiam para eles o roteiro, encenando de forma simplificada os diálogos, para facilitar o entendimento da história. É importante questioná-los se percebem claramente o clímax da história (o conflito central) e se conseguem compreender a natureza de cada personagem.

Algumas dicas finais:

• a c apa do roteiro deve ter o título da obra, o(s) nome(s) do(s) roteirista(s) e seu(s) contato(s);

• todas as páginas, exceto a capa, devem ser numeradas;

• na descrição da ação, não repitam informações do cabeçalho.

Fonte de pesquisa: WOJCIECHOWSKI, M. Como fazer um roteiro. AiC , 7 dez. 2017. Disponível em: https://www.aicinema.com.br/como-fazer-um-roteiro/. Acesso em: 17 out. 2024.

S ilêncio no estúdio, ação!

Uma ferramenta muito útil para as filmagens é o storyboard. Ele é um guia visual ilustrado, quadro a quadro, que mostra as principais cenas do roteiro, com as ações simplificadas dos personagens. Lembra bastante o esboço de uma história em quadrinhos.

O grupo responsável pelo storyboard do roteiro final pode se basear no modelo de estrutura a seguir para a produção. Uma alternativa seria usar algum aplicativo gratuito disponível na internet.

Produzindo um storyboard

Veja o que você precisa ter em mente antes de começar a desenhar os quadros de sua história e conheça os principais enquadramentos utilizados no cinema, na animação e nos quadrinhos.

QUASAR – Produzindo um storyboard !. 2016. Vídeo (9min47s). Publicado pelo canal Um Rolo de Filme. Disponível em: https:// www.youtube.com/watch?v=6gJeBeM5YO4. Acesso em: 17 out. 2024.

Modelo de estrutura para a produção de um storyboard

Nos boxes, devem estar os desenhos; nas linhas, os textos com descrição simplificada das ações dos personagens.

Após a conclusão de todas essas etapas, que contaram com o envolvimento de roteiristas e storyboarders (os desenhistas da storyboard ), pode-se iniciar a filmagem. Neste momento, devem assumir os grupos que farão a montagem do cenário e da ambientação; a operação da(s) câmera(s) ou do(s) celular(es); a atuação; a captação de som; a edição dos vídeos, entre outras tarefas que julgarem necessárias. Há vários aplicativos gratuitos de edição de som e vídeo disponíveis na internet, como Audacity, Kristal Audio Engine, Vlogit, Canva, Capcut e o Kinemaster, que serão úteis nesta etapa.

Nos sets de cinema (filmes longos ou longas-metragens), há uma quantidade enorme de profissionais, com uma vasta variedade de funções. A produção de filmes curtos (ou curtas-metragens), ao contrário, requer uma equipe mais reduzida. Sugerimos que vocês se dividam de forma a assumir uma das funções a seguir.

Direção – O grupo responsável pela direção deve orientar os atores, definir a iluminação, o cenário, o posicionamento da câmera, a roupa que os personagens usarão etc.

Lembrem-se de que o filme deve ser resultado de um trabalho coletivo da turma. Este grupo, portanto, não deve ter postura autoritária. A função de coordenação deve envolver um diálogo constante com os outros grupos.

PARA ASSiSTiR

Direção de fotografia – O grupo responsável pela direção de fotografia precisa sugerir como serão a iluminação, as cores, os enquadramentos e os ângulos de filmagem. Os componentes deste grupo não precisam necessariamente manusear a câmera.

Produção – O grupo responsável pela produção deve cuidar do cronograma de filmagem, providenciar objetos de cena necessários, avaliar se determinada cena terá algum custo e buscar alternativas, bem como organizar a exibição do filme quando ele estiver pronto.

Direção de arte – O grupo responsável pela direção de arte deve coordenar os cenógrafos, figurinistas e maquiadores.

Cenografia – O grupo responsável pela cenografia deve criar, projetar e construir o cenário de cada cena.

Figurino – O grupo responsável pelo figurino deve cuidar das roupas dos atores e das atrizes.

Maquiagem – O grupo responsável pela maquiagem deve fazer a maquiagem dos atores e das atrizes, se necessário.

Direção de elenco – O grupo responsável pela direção de elenco deve escolher atores e atrizes adequados para cada papel, com base na leitura do roteiro.

Elenco – Grupo de atores e atrizes que interpretarão os personagens descritos no roteiro.

Direção de som – O grupo responsável pelo som deve gravar e tratar todos os sons do filme. Deve cuidar, portanto, do posicionamento e da operação dos microfones.

Operação de câmera – O grupo responsável por essa função deve manusear a câmera e realizar o movimento ( zoom, panorâmica etc.) definido pelo roteiro e/ou pela direção.

Essas são apenas algumas funções possíveis! Vocês podem se organizar de outra forma, se julgarem necessário.

Após a conclusão do filme, organizem uma sessão de cinema para exibi-lo à comunidade escolar, se possível, e compartilhem-no nas redes sociais, criando palavras-chave (hashtags) associadas ao tema deste projeto.

Bom filme! Os estudantes podem utilizar desde o microfone do próprio celular até microfones portáteis de baixo custo (como os de mesa, por exemplo).

Avaliação

Veja nas Orientações para o professor observações e sugestões sobre o uso dos quadros avaliativos.

Para avaliar o processo de construção dos saberes, das atitudes e a reflexão sobre o tema e o mundo do trabalho, sugerimos a elaboração de quadros que permitem o acompanhamento da produção e a reflexão do que foi desenvolvido nas etapas do projeto. Os quadros devem ser copiados e preenchidos de acordo com as orientações do professor.

Avaliação dos saberes

ETAPA 1 – VAMOS COMEÇAR

A.

B.

C.

D.

Discutir sobre o que caracteriza o gênero ficção científica.

Familiarizar-se com os diversos formatos.

Analisar a ideia de que a ficção científica pode “prever” o futuro.

Não escreva no livro.

Praticar a escrita de uma análise crítica de uma obra e de uma pequena história de ficção científica.

ETAPA 2 – SABER E FAZER

Reconhecer textos de ficção, pesquisa e jornalismo científicos. A.

B.

C.

D.

E.

F.

Familiarizar-se com parte da história do gênero ficção científica.

Refletir sobre quem faz ficção científica.

Perceber a influência da ciência sobre a ficção científica.

Analisar fragmento da obra Frankenstein, de Mary Shelley.

Discutir as diferenças formais entre um roteiro de filme e de uma obra literária.

ETAPA 3 – PARA FINALIZAR

B.

AVALIAÇÃO DAS AÇÕES D ESENVOLVIDAS

1 Realizei com facilidade

2 Realizei

3 Realizei com dificuldade

4 Não realizei

Elaborar roteiro e storyboard para a realização de um filme curto que contenha características de obras de ficção científica.

Planejar e produzir o filme em parceria com os colegas .

Compartilhar o filme em um canal de comunicação da escola e, se possível, divulgar para toda a comunidade ou compartilhar em redes sociais, com criação de palavras-chave (hastags) associadas ao tema deste projeto.

Avaliação das atitudes

Realizo as tarefas nas datas sugeridas de forma atenta e responsável. A.

B.

Atuo com organização, trazendo para as aulas todo o material solicitado.

Demonstro comportamento adequado e comprometido nos diferentes momentos de desenvolvimento do projeto. C.

D.

Escuto com atenção as explicações e proposições do professor, colegas e outras pessoas envolvidas nas atividades propostas.

Apresento atitude colaborativa, compartilhando opiniões, sugestões e propostas com os colegas. E.

F.

Falo com clareza ao compartilhar dúvidas e opiniões.

Atuo de forma respeitosa em relação às dificuldades apresentadas pelos colegas. G.

H.

Demonstro empatia e respeito quando lido com opiniões e contextos diferentes dos meus.

MUNDO DO TRABALHO

No projeto de criação de uma cena de ficção científica, você teve contato com muitas profissões ligadas à produção artística. Escolha um filme do gênero e busque a ficha técnica e seus profissionais. Escolha uma dessas profissões e escreva um pequeno parágrafo sobre quais as funções dessa profissão e de como esse trabalho aparece no filme.

AVALIAÇÃO DAS ATITUDES E POSTURAS

1 Sempre

2 Frequentemente

3 R aramente

4 N unca

Veja nas Orientações para o professor observações e sugestões sobre o uso dos quadros avaliativos.

Não escreva no livro.

FAKE NEWS: COMO IDENTIFICÁ-LAS E COMBATÊ-LAS?

A produção e o compartilhamento de informações é um tema que ganhou destaque nos últimos anos. Se por um lado hoje é muito fácil encontrar uma informação, por outro, não se tem a mesma facilidade para determinar sua qualidade e fonte. Uma grande quantidade de fake news (notícias falsas) está sendo constantemente elaborada e difundida e muitas vezes aborda temas das Ciências, podendo impactar negativamente na saúde individual e coletiva. Neste projeto, buscaremos compreender o que são fake news, explorando elementos de análise que possam ser utilizados para avaliar a veracidade de informações que fazem relação com temas da área de Ciências da Natureza. Serão propostas situações que propiciam o debate de diferentes opiniões e posicionamentos. Nesses momentos, é essencial ressaltar a importância do diálogo, da empatia, do respeito à diversidade e da conciliação de diferentes opiniões. O trabalho será finalizado com a organização de um painel que apresente para a comunidade informações gerais sobre como reconhecer fake news, ressaltando a importância de combatê-las em contextos reais cotidianos, apresentando sugestões possíveis para fazer essa atuação de forma pacífica e conciliadora.

Reconhecer e combater fake news são ações necessárias para uma convivência saudável e pacífica em sociedade.

ViSÃO GERA DO PROjETO

Fake news: como identificá-las e combatê-las?

TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS:

• Saúde

• Trabalho

• Ciência e tecnologia

COMPONENTES CURRICULARES:

• Educação em Direitos Humanos

• Vida familiar e social

• Educação para o trânsito

• Líder: Ciências da Natureza e suas Tecnologias – Biologia, Química e Física

• Outros perfis disciplinares: Linguagens e suas Tecnologias – Língua Portuguesa e Arte; Matemática e suas Tecnologias – Matemática; Ciências Humanas e Sociais Aplicadas – Sociologia

OBJETOS DO CONHECIMENTO:

• Vida e evolução

• Elaboração de texto informativo

• Sociedade

ETAPAS DO PROJETO

O percurso deste projeto pode ser alterado e construído de acordo com as necessidades da turma.

• Cultura

• Ética

• Processos de criação

Vamos começar

Apresentação geral do tema do projeto e de como ele será desenvolvido. Conhecimento geral sobre o que são fake news e suas principais formas de disseminação. Reflexão sobre atitudes e comportamentos durante uso de redes sociais. Reconhecimento de riscos associados à circulação de notícias e informações falsas.

> PRODUTO FINAL:

Elaboração de um painel informativo sobre fake news

> OBJETIVOS:

• Articular diferentes conhecimentos para analisar informações e textos diversos buscando identificar fake news em temas relacionados à área de Ciências da Natureza.

• Utilizar fontes confiáveis de informação científica durante a prática de pesquisa, exercendo papel cidadão na divulgação e comunicação de informações corretas e confiáveis na vida pessoal e profissional.

• Desenvolver postura crítica e argumentativa para contestar informações falsas, em especial aquelas que podem impactar na saúde individual e coletiva.

• Reconhecer a importância da empatia, da escuta e do diálogo em situações que envolvem a conciliação de diferentes opiniões para resolução de conflitos cotidianos.

• Incentivar práticas de ação mediadora para atuar em situações de conflitos reais, ressaltando a necessidade de uma cultura de paz e do respeito aos valores democráticos.

JUSTIFICATIVA:

A circulação de informações falsas é um problema de grande relevância para a sociedade contemporânea, pois, além de causar prejuízos de diversas naturezas, inclusive para a saúde individual e coletiva, pode gerar situações de tensão e desentendimentos entre as pessoas. Desta forma, a capacidade de reconhecer e contestar informações falsas, usar fontes confiáveis e adotar uma postura crítica e ética são aspectos tratados no Projeto Integrador: Fake news: como identificá-las e combatê-las?

Saber e fazer

Identificação e classificação do que são fake news. Consideração de aspectos relacionados à produção do conhecimento científico. Discussão sobre o papel da divulgação científica e a importância de buscar informações em fontes confiáveis. Entendimento da percepção dos jovens sobre a Ciência. Compreensão de como o conhecimento científico contribui para combater as fake news. Reconhecimento da importância de atuar de forma conciliadora em situações de conflito. Identificação de fake news de Ciências disfarçadas de notícias com elementos do gênero jornalístico notícia. ETAPA

ETAPA 3

Para finalizar

Elaboração de materiais e conteúdos que informem a comunidade escolar sobre o que são fake news e apresentem estratégias para identificá-las e combatê-las de forma pacífica e conciliadora. Organização e montagem de painel coletivo utilizando os materiais e conteúdos elaborados. Exposição do painel para a comunidade, compartilhando as propostas que visam conter o problema das fake news em contexto local.

1

Vamos começar

Fake news: as notícias falsas da era digital

A divulgação de informações falsas sempre fez parte da realidade humana. No entanto, ganhou proporções inéditas com as novas possibilidades digitais de troca e divulgação de dados e informações. Atualmente, com as facilidades da internet, das tecnologias utilizadas para obtenção de informações e para a comunicação (representadas, por exemplo, pelos smartphones, tablets e computadores) e com auxílio dos aplicativos de redes sociais, essas informações circulam com alcance global e em questão de minutos.

Essas mudanças impactam na maneira como as pessoas se comunicam e se relacionam nos distintos ambientes de convivência, tanto na vida pessoal quanto nas relações profissionais. A geração das pessoas nascidas na era digital já manifesta comportamentos comunicativos diferentes dos das gerações anteriores. Temos, na sociedade contemporânea, uma prática cada vez mais comum de comunicação rápida, instantânea. Nesse cenário, as informações falsas, que comumente apresentam forte apelo sensacionalista e utilizam artifícios que as fazem parecer verdades, demandam esforço para serem desmascaradas.

Os fatores por trás de fake news (notícias falsas) são muitos e diversos. Algumas vezes, a informação falsa é gerada em decorrência da divulgação imprecisa dos fatos ou simples disseminação de um boato. No entanto, muitas fake news são fabricadas para cumprir finalidades específicas, como aplicar golpes financeiros, espalhar vírus e malware e divulgar dados manipulados que atendam a interesses de diversas naturezas, inclusive o de provocar atos de preconceito, comportamentos extremistas, desavenças e divisão nas comunidades.

Fake news podem ser disseminadas com mais facilidade por meio de algumas mídias sociais.

Você tá sabendo dessa?
Isso é fake!!
Que fake, nada! Isso é fato!

Além disso, as fake news fabricadas utilizam artifícios que proporcionam grande alcance e visibilidade. As redes sociais são muito utilizadas para divulgação de notícias falsas, pois possibilitam que seus usuários compartilhem facilmente qualquer conteúdo, até mesmo de forma anônima. Com isso, é possível não só a atuação de perfis de usuários reais, mas também de perfis de usuários falsos e de robôs (ou bots), que são, na verdade, programas criados para interagir nas redes sociais de forma similar aos perfis reais, mas realizando ações de maneira repetida, o que possibilita a disseminação e maior visibilidade de notícias falsas.

Bot: abreviação de robot (robô, em inglês). São programas autônomos de computador que desempenham uma tarefa pré-determinada e repetitiva.

É muito importante, portanto, estarmos sempre atentos a todos os detalhes de uma informação, especialmente quando ela é divulgada por meio de aplicativos de redes sociais, de mensagens instantâneas ou outras formas e canais não oficiais.

A disseminação de fake news ocorre não apenas por perfis falsos e robôs, mas também por usuários reais que, mesmo sem intenção, compartilham a informação falsa.

Pessoas reais utilizando perfis falsos contribuem ativamente para a disseminação de uma informação falsa, pois, ao adicionar comentários ou outras informações ao conteúdo original, dificultam ainda mais o rastreamento do bot que originou o conteúdo falso.

• as informações falsas recebidas.

Robôs programados para disseminar uma informação falsa. Os bots (robôs) são programados para disseminar automaticamente uma informação, aumentando o poder de espalhar rapidamente um conteúdo.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Certamente, vocês já receberam ou conhecem histórias de pessoas que receberam alguma fake news. Reúnam-se em grupos e conversem sobre:

• por quais meios as informações falsas foram compartilhadas.

• como vocês ficaram sabendo que elas eram falsas.

2. Vocês já participaram de alguma situação de debate ou discussão gerada por fake news divulgada nas redes sociais? Como vocês agiram nessa situação?

3. Já aconteceu alguma situação em que vocês compartilharam uma informação e depois descobriram não ser verdadeira? Por que isso aconteceu?

O acesso à informação e a desinformação

As ferramentas de comunicação e transmissão de dados, principalmente as que surgiram com o advento da internet, são uma realidade que simplificou algumas ações das nossas vidas. Por exemplo, na atualidade, para conversarmos com alguém, é mais comum fazê-lo utilizando um aplicativo de mensagens do que um telefonema ou uma carta.

Os hábitos e comportamentos que cada cidadão adota ao receber e compartilhar uma informação podem ser decisivos entre contribuir ou conter a onda de desinformação que se configura no Brasil e no mundo.

De acordo com pesquisa realizada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, metade dos brasileiros que usam redes sociais acha difícil reconhecer uma notícia falsa, apesar de que 72% desconfiam já ter recebido alguma nos últimos 6 meses. Veja, a seguir, os principais dados e conclusões da pesquisa realizada pelo DataSenado, que entrevistou mais de 2 mil brasileiros.

• 72% dos usuários de redes sociais já viram notícias que desconfiam serem falsas nos últimos seis meses.

• 81% dos entrevistados acreditam que a disseminação de notícias falsas pode impactar "Muito" os resultados das eleições.

• Metade dos respondentes afirmou considerar difícil identificar se uma notícia é falsa ou não.

Fonte dos dados: BRASIL. Instituto de pesquisa DataSenado. Pesquisa DataSenado revela o que pensa o brasileiro sobre Fake News. Brasília, DF, ago. 2024. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/institucional/ datasenado/materias/pesquisas/pesquisa-datasenado-revela-o-quepensa-o-brasileiro-sobre-fake-news. Acesso em: 14 out. 2024.

Os dados dessa pesquisa devem ser encarados como alerta para a sociedade e o poder público. Além do problema citado, sobre as situações de conflito frequentemente geradas nesses ambientes virtuais, é preciso considerar também que as informações que circulam por meio desses canais de comunicação nem sempre são corretas e confiáveis. Com isso, utilizar aplicativos de mensagens instantâneas e redes sociais como principal meio de informação torna o indivíduo suscetível a receber muita informação inadequada e também pode se tornar ambiente de crimes e golpes virtuais.

A desinformação pode ser a causa de diversos problemas, inclusive alguns que impactam na saúde individual e coletiva. Veja os dados a seguir de um estudo sobre a percepção dos brasileiros em relação à segurança e eficácia das vacinas realizado com três mil pessoas de todas as regiões do país.

Estudo sobre a consciência vacinal no Brasil

dos entrevistados declaram já ter identificado fake news sobre vacinas nas redes sociais.

dos entrevistados citam como causas das quedas dos índices de vacinação a desinformação por fake news

dos entrevistados declaram que já se sentiram prejudicados por notícias falsas.

dos entrevistados afirmam que já decidiram não tomar uma vacina ou não levar uma criança para vacinar depois de ter visto uma informação negativa nas redes sociais.

Fonte: Conselho Nacional do Ministério Público. Universidade de Santo Amaro. IPESPE. Estudo sobre a consciência vacinal no Brasil: relatório de pesquisa quantitativa. Disponível em: https://www.cnmp.mp.br/portal/images/noticias/2024/Junho/Relat%C3%B3rio_ Estudo_Quantitativo_sobre_Consci%C3%AAncia_Vacinal_no_Brasil_-_2024_junho.pdf. Acesso em: 14 out. 2024.

A s agências de checagem

Na tentativa de combater as fake news e outras formas de desinformação, algumas agências de checagem de notícias e verificação de fatos têm surgido ao longo dos últimos anos. Também conhecidas como fact-checking, essas agências utilizam variados recursos da tecnologia para realizar a verificação de fatos e notícias e disponibilizam os resultados das checagens realizadas, informando a população.

Considerando o grande volume de desinformação disponível, as agências de checagem não dão conta de resolver todo o problema com as fake news. Por isso, é importante fazermos nossa parte, atuando de forma crítica ao recebermos uma informação. A seguir, algumas agências de checagem que contribuem na identificação de informações falsas:

• Ministério da Saúde. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saudecom-ciencia. Acesso em: 14 out. 2024.

• Aos Fatos. Disponível em: https://www.aosfatos.org. Acesso em: 14 out. 2024.

• Uol Confere. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/confere. Acesso em: 14 out. 2024.

• Estadão Verifica. Disponível em: politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica. Acesso em: 14 out. 2024.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Considerando sua experiência pessoal, converse com um colega sobre seus hábitos e comportamentos relacionados ao recebimento de informações. Vocês podem conversar sobre os seguintes pontos, entre outros:

• Quais são os principais meios de acesso à informação e comunicação utilizados por vocês?

• Vocês realizam alguma estratégia para verificar a autenticidade de notícias e informações acessadas ou recebidas?

• Que detalhes de uma informação despertam em vocês a desconfiança de que possa se tratar de fake news?

• Que atitudes vocês adotam quando descobrem que uma informação recebida em uma rede social é falsa?

• Suas opiniões sobre temas de Ciências são elaboradas com base em informações recebidas em redes sociais?

ORGANIZANDO OS TRABALHOS

P rojeto – Fake news

As fake news são uma problemática real e emergente na sociedade contemporânea. A circulação desse tipo de desinformação, facilitada pelo uso de redes sociais, pode causar prejuízos diversos e gerar conflitos de diferentes proporções na sociedade. Neste projeto, vamos investigar o que são fake news, reconhecendo ações e comportamentos que podem ser adotados para identificá-las e combater sua disseminação. Nesse processo, vocês serão convidados, em diversos momentos, a realizar a análise de dados que contribuirão para a compreensão mais aprofundada do problema e a participar de debates que possibilitarão o exercício do diálogo, da empatia e da conciliação de diferentes opiniões. Ao final, vocês organizarão um painel apresentando para a comunidade escolar informações e estratégias que podem ser utilizadas para reconhecer fake news e combatê-las de forma pacífica e conciliadora.

Um painel é uma ótima ferramenta visual para apresentar propostas e ideias.

PARA AS PROXiMAS ETAPAS

1. Organizem-se em seis grupos de trabalho. Deem preferência para agrupar diferentes perfis entre os membros do grupo, pois isso favorece a troca de conhecimentos e experiências, bem como possibilita formas de divisão de trabalho que explorem as diferentes habilidades de cada integrante do grupo. As equipes de trabalho serão mantidas ao longo das próximas etapas deste projeto.

2. Ao longo do projeto, serão propostas atividades individuais, em dupla e em grupo. Organizem-se, sempre que possível, para compor a dupla com um integrante do próprio grupo.

3. Na próxima etapa deste projeto, vocês vão se informar sobre os principais tipos de fake news e maneiras possíveis de identificar uma notícia falsa. Ainda, vão analisar alguns textos que trazem informações sobre temas das Ciências da Natureza, buscando reconhecer se são fatos ou fake news. Vocês também vão refletir sobre a importância do conhecimento científico e o papel que os divulgadores científicos desempenham na sociedade. Em vários momentos, serão convidados a debater diferentes opiniões sobre um mesmo tema; nesses momentos, é essencial ouvir diferentes posicionamentos e dialogar de forma respeitosa. Ao elaborar um argumento para defender suas ideias, procurem sempre estar fundamentados em algum conhecimento científico e se expressar com clareza.

4. Para finalizar os trabalhos, sugerimos como possibilidade de produto final a elaboração de um painel construído coletivamente pela turma que apresente para a comunidade informações sobre fake news e proponha alternativas pacíficas e conciliadoras para combatê-las.

5. O painel elaborado pela turma, se possível, deverá ficar exposto para a comunidade.

Materiais:

• Computador, tablet ou smartphone com acesso à internet.

• Impressora colorida.

• Folhas de papel A4 e cartolinas.

• Lápis de cor, canetas coloridas, tesoura, fita adesiva, entre outros.

• Tintas e pincéis.

O produto final indicado é uma sugestão para finalizar o trabalho sobre o tema proposto neste projeto, mas pode sofrer alterações e adequações, caso seja necessário ao contexto específico de cada turma ou comunidade. Uma sugestão para variar o formato de apresentação do produto final é propor que os estudantes disponham os dados e informações no formato digital, utilizando softwares e plataformas digitais gratuitas. Ao final do processo, o produto, em seu formato digital, pode ser compartilhado com a comunidade local.

2

Saber e fazer

Fakenews: o que são, como identificá-las e classificá-las

Vivemos na era da facilidade do acesso aos meios de comunicação. Tomamos conhecimento, quase instantaneamente, de fatos que acabaram de ocorrer em locais distantes.

Embora o acesso ao conhecimento tenha sido facilitado principalmente pela internet, a qualidade das informações ou sua veracidade não seguiu o mesmo padrão: não é incomum recebermos notícias que nos causam estranheza ou que acreditamos serem verdadeiras inicialmente, mas que se mostram falsas ou imprecisas em um segundo momento. Portanto, é muito importante sabermos como identificá-las.

Como identificar fake news?

CONSIDERE A FONTE

Clique fora da história para investigar o site, sua missão e contato.

VERIFIQUE O AUTOR

Faça uma breve pesquisa sobre o autor. Ele é confiável? Ele existe mesmo?

VERIFIQUE A DATA

Repostar notícias antigas não significa que sejam relevantes atualmente.

É PRECONCEITO?

Avalie se seus valores próprios e crenças podem afetar seu julgamento.

LEIA MAIS

Títulos chamam a atenção para obter cliques. Qual é a história completa?

FONTES DE APOIO?

Clique nos links. Verifique se a informação oferece apoio à história.

ISSO É UMA PIADA?

Caso seja muito estranho, pode ser uma sátira. Pesquise sobre o site e o autor.

CONSULTE ESPECIALISTAS

Pergunte a um bibliotecário ou consulte um site de verificação gratuito.

Fonte: IFLA. Como identificar notícias falsas. Tradução: Denise Cunha. Haia, 2019. Disponível em: https://www.ifla.org/files/assets/hq/topics/info-society/images/portuguese_-_how_to_spot_fake_news.pdf. Acesso em: 14 out. 2024.

Os objetivos de disseminar notícias falsas são muitos e vão desde proporcionar o aumento do número de cliques de uma notícia (que pode resultar em uma compensação financeira) até a manipulação de informações para fins políticos e econômicos, por exemplo.

Segundo o First Draft , um projeto da Universidade Harvard, nos EUA, que atua no combate a esse tipo de desinformação, existem sete tipos de notícia falsa (sendo a 1 com menor potencial de dano, e a 7 com máximo potencial).

Tipos de notícia falsa

Conexão falsa

1 2 3 4

Sátira ou paródia Não tem a intenção de causar prejuízo, mas possui potencial para enganar o leitor.

Apresenta fotos, títulos ou legendas que não estão de acordo com o conteúdo apresentado no texto.

Contexto falso

PARA ER

Dicas para não se deixar enganar com notícias falsas

O manual Fábio Fato não dá mole para notícias falsas foi produzido no formato de quadrinhos e apresenta algumas dicas de como não ser enganado por notícias fake.

MENEZES, L. F. Estes quadrinhos vão ajudá-lo a descobrir se uma informação é verdadeira ou falsa. Aos Fatos, 28 mar. 2018. Disponível em: https://www.aosfatos.org/noticias/este-cartum-vaiajuda-lo-a-descobrir-se-uma-informacao-e-verdadeira-ou-falsa/. Acesso em: 14 out. 2024.

Conteúdo impostor Dados falsos são atribuídos a uma fonte conhecida.

O conteúdo original é compartilhado com informações fora de contexto ou com contexto falso.

Conteúdo enganoso

Utiliza dados reais para levar a uma conclusão inadequada.

6 7 5

Conteúdo fabricado Conteúdo 100% falso, feito com o objetivo de enganar o leitor.

Conteúdo manipulado Imagens ou notícias são alteradas para passar mensagem diferente da original.

Fonte dos dados: THE deceptive seven: most common types of mis and disinformation - Pacific examples - Training. FirstDraft , 15 jun. 2021. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=sepC-zGxjGQ&ab_channel=FirstDraft. Acesso em: 14 out. 2024. [Tradução do editor.]

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Em grupos, pesquisem notícias ou informações falsas que se enquadrem em uma das classificações: sátira ou paródia, conexão falsa, contexto falso, conteúdo enganoso, impostor, manipulado e fabricado. Reúnam-se em grupos para analisar diferentes fontes e temas: saúde, educação, leis, trabalho, trânsito, entre outros.

2. Discutam quais características das notícias encontradas por vocês permitiram:

a) classificá-las como falsas; b) indicar em quais tipos de notícia falsa do projeto First draft elas se inserem.

Vocês sabem como e onde consultar a veracidade das informações divulgadas pela internet? Em grupo, elaborem argumentos que permitam refutar a informação ou notícia falsa que vocês identificaram. Combinem estratégias para pesquisa de informações que auxiliem nessa ação.

O conhecimento científico pode ser usado para combater fake news?

Fake news são danosas em qualquer situação, no entanto, propagar notícias enganosas em questões que envolvem as Ciências pode ser particularmente perigoso. Propagandas de ingestão de substâncias para tratar determinadas doenças ou tratamentos alternativos utilizam-se muitas vezes da exploração de termos científicos que podem induzir o leitor a presumir se tratar de uma informação verdadeira. No entanto, muitos recursos são requeridos para configurar a veracidade das informações, portanto, ter uma postura duvidosa e questionadora frente aos dados que nos são apresentados é fundamental. Neste contexto, recorrer a fontes confiáveis de notícias relacionadas às Ciências, como as de divulgação científica, é uma alternativa para evitar acreditar em dados enganosos, além de ser um modo de aplicar os conhecimentos que lhe são apresentados ao longo dos seus estudos na educação básica. As disciplinas estudadas reúnem boa parte do conhecimento científico desenvolvido pela humanidade, utilizando uma linguagem própria, que proporciona a formação geral de jovens como você.

Além de contribuir para o reconhecimento de uma informação falsa, os conhecimentos científicos podem auxiliar no combate de fake news em situações que envolvem o debate sobre a veracidade de uma determinada informação. Ter embasamento e justificar um ponto de vista fundamentado em conhecimentos científicos são ações necessárias para estruturar argumentos que sejam válidos.

Produção de conhecimento científico

De modo geral, podemos definir como conhecimento científico aquele originário da observação e análise da natureza (por natureza, consideramos tudo que existe no Universo), com o objetivo de estruturá-la em leis ou padrões, capazes de não apenas dizer como a natureza funciona, mas também prever como se comportará em algumas situações. Vale destacar que a Ciência é dinâmica, ou seja, a construção do conhecimento permite que respostas novas e mais precisas substituam ou atualizem as antigas, sucessivamente.

GRINBOX/SHUTTERSTOCK

Atualmente, a produção científica está concentrada majoritariamente nas universidades e em centros de pesquisas espalhados pelo mundo. Em alguns casos, inclusive, ocorre a colaboração de diversos países em um mesmo projeto ou estudo. Alguns laboratórios de pesquisa atuam de forma cooperativa: é o caso do CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear), que conduz pesquisas avançadas em Física, nas quais cientistas de várias partes do mundo trabalham juntos, com financiamento e recursos compartilhados por diversos países. No Brasil, boa parte das pesquisas também é desenvolvida em universidades públicas e em centros de pesquisa, como a Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

PARA ER

Código de Boas Práticas Científicas

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) possui um código de boas práticas para publicações científicas com diretrizes, normas, condutas e outras informações.

FAPESP. Código de boas práticas científicas. São Paulo, 2014. Disponível em: https://fapesp.br/ boaspraticas/2014/FAPESP-Codigo_de_Boas_Praticas_ Cientificas.pdf. Acesso em: 14 out. 2024.

A importância da divulgação científica

É provável que você já tenha visto ou lido uma entrevista de um cientista; por exemplo, durante o inverno, é comum telejornais entrevistarem médicos sobre a relação do tempo seco e a ocorrência de problemas respiratórios. Já no verão, cientistas comentam sobre os cuidados que precisamos ter na exposição ao Sol. Além das entrevistas concedidas para meios de comunicação, como programas em rádios ou TV, ou na internet, é comum alguns cientistas publicarem livros sobre assuntos relacionados à Ciência. Nesses casos, o pesquisador está realizando um trabalho de divulgação científica, que é a difusão de um saber relacionado à Ciência feito para o público não especializado. Além da divulgação científica, a Ciência se comunica dentro das suas esferas de atuação, ou seja, cientistas dialogam com outros cientistas. O principal meio utilizado para esse tipo de comunicação são os artigos e trabalhos publicados em revistas científicas. Por serem direcionados a esse público, eles possuem uma linguagem diferente da apresentada em um texto de divulgação.

A Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro (RJ), é uma instituição de pesquisa nas áreas de Ciências Biológicas e Saúde.

Observe a seguir como dois textos abordam um mesmo tema: enxaqueca. Qual deles você associaria a um texto de divulgação científica?

Enxaqueca

[...]

Enxaqueca, também conhecida por migrânea, é um tipo de dor de cabeça (cefaleia) incapacitante, com base biológica e que acomete pessoas geneticamente predispostas

Esse tipo de cefaleia primária pode ocorrer em qualquer idade, mas costuma se manifestar mais em adolescentes, adultos jovens e afeta mais as mulheres que os homens.

Em cerca de 15% dos casos, o quadro de dor é precedido (ou acompanhado) por uma aura premonitória que envolve sintomas visuais. Sua principal característica é o embaçamento da visão ou a presença de pontos luminosos, em zigue-zague ou manchas escuras nos períodos que precedem as crises dolorosas.

[...]

BRUNA, M.H.V. Portal Drauzio Varella, 2023. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-esintomas/enxaqueca/. Acesso em: 14 out. 2024.

PARA ACESSAR

ComCiência

A ComCiência é uma revista eletrônica de jornalismo científico desenvolvida pelo Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp em parceria com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Em seu site, encontram-se disponíveis diversos artigos e informações sobre divulgação científica e outros temas.

COMCIÊNCIA. Revista eletrônica de jornalismo científico. Disponível em: comciencia.br/. Acesso em: 14 out. 2024.

Enxaqueca: revisão literária

A enxaqueca é definida como uma dor de cabeça intensa e recorrente, frequentemente acompanhada por sintomas como náusea, vômito e sensibilidade à luz e ao som. Ela pode durar de algumas horas ou até vários dias e pode ser debilitante, afetando significativamente a qualidade de vida do indivíduo.

[...]

Em questões epidemiológicas, tem-se que a enxaqueca demonstra uma prevalência entre 15-18% da população mundial, ocupando o oitavo lugar no mundo como doença incapacitante. Ademais, a distribuição entre sexos é heterogênea, sendo uma prevalência de 18% no sexo feminino e cerca de 6% no sexo masculino, assim, é possível perceber que a população feminina torna-se alvo maior da propriedade incapacitante da patologia.

[...]

Na fisiopatologia da enxaqueca, uma variedade de desencadeadores contribui para o aumento da frequência das crises, frequentemente associados a distúrbios metabólicos. Os principais gatilhos descritos incluem atividade física, consumo de álcool, flutuações hormonais, especialmente as ovarianas, alterações no sono, mudanças climáticas e até mesmo fatores psicológicos. Tanto o estresse físico quanto o psicológico podem precipitar crises, principalmente devido ao estresse oxidativo decorrente dessas condições.

[...]

Atualmente não existe ainda cura definitiva para a enxaqueca, de modo que o tratamento almeja melhorar a qualidade de vida do paciente por meio da diminuição da frequência, duração e da intensidade dos sintomas da doença.

PINTO, M. P. C.; MELGES, F. M.; CALDAS, P. V. D.; SILVA, A. E. C.; MENEGHETTE, R. L. Enxaqueca: revisão literária. Brazilian Journal of Health Review, [S. l.], v. 7, n. 3, p. e70456, 2024. DOI: 10.34119/bjhrv7n3-359. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals. com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/70456. Acesso em: 14 out. 2024.

E então, qual deles é um texto de divulgação científica? Se você respondeu o primeiro texto, acertou. A linguagem utilizada na divulgação científica tende a ser mais simples e direta para o leitor, sem perder o caráter científico que o tema aborda.

A percepção da Ciência pelos jovens

Seis em cada dez brasileiros têm interesse em temas de ciência e tecnologia, aponta levantamento

Mais da metade (60,3%) dos brasileiros se diz interessada ou muito interessada por temas de ciência e tecnologia (C&T), segundo dados da pesquisa Percepção pública da C&T no Brasil 2023. Os resultados foram divulgados no dia 15 de maio pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O índice está no mesmo patamar de 2019, que era de 61%.

Em sua sexta edição, a pesquisa trouxe novidades, como a visão dos participantes sobre mudanças climáticas e o consumo de desinformação. Os dados revelaram que metade dos 1.931 entrevistados (50,8%) se depara com notícias falsas com muita frequência – e, enquanto outros 29,2% dizem ver esse tipo de conteúdo de maneira ocasional, apenas 5,1% relatam nunca encontrar fake news . Os participantes foram ouvidos entre novembro e dezembro de 2023, tinham mais de 16 anos e eram de todas as regiões do país.

[...]

A pesquisa também detectou um avanço das mídias sociais como fontes de conhecimento: em 2023, quase 40% dos entrevistados buscaram e consumiram com frequência informações sobre ciência, tecnologia, saúde e meio ambiente principalmente nas redes sociais, aplicativos de mensagens e plataformas digitais [...] – até 2015, a televisão ocupava esse posto.

[...]

À frente de ciência e tecnologia, os temas que mais despertam o interesse dos entrevistados são medicina e saúde (77,9%), meio ambiente (76,2%) e religião (70,5%). Para 66,2% dos entrevistados, a ciência e a tecnologia trazem apenas benefícios ou mais benefícios que malefícios para a humanidade, proporção menor que a de 2019 (72,1%). Esse índice já esteve em 81,2% em 2010. Aqueles que veem a ciência e a tecnologia como neutras – trazem tanto benefícios como malefícios – cresceram de 18,9%, em 2019, para 24,6%, em 2023.

[...]

Quando questionados se o governo deveria aumentar, manter ou diminuir os investimentos em C&T, 82% dos brasileiros apoiaram o aumento e 12% disseram que os recursos deveriam ser mantidos. Em 2019, esses índices eram de 66% para o aumento e 24% para a manutenção.

[...]

Já o conhecimento sobre a ciência brasileira ainda tem um campo amplo para ser trabalhado, segundo o estudo. Apenas 17,9% dos brasileiros souberam indicar o nome de alguma instituição de pesquisa científica em 2023: Instituto Butantan, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Universidade de São Paulo (USP) foram as mais lembradas. Já 9,6% se lembraram do nome de um cientista, como Carlos Chagas (1878-1934) e Oswaldo Cruz (1872-1917).

SCHMITT, S. Seis em cada dez brasileiros têm interesse em temas de ciência e tecnologia, aponta levantamento. Pesquisa Fapesp, 26 maio 2024. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/seis-em-cada-dez-brasileiros-tem-interesse-emtemas-de-ciencia-e-tecnologia-aponta-levantamento/. Acesso em: 14 out. 2024

Frequência no contato com desinformação

29,20%

De vez em quando

50,80% Frequentemente

As

principaits fontes de informação

Nunca 1,10% Não sabe/não respondeu

Pesquisa realizada pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com quase 2 mil pessoas, revela o que os jovens pensam, sabem e não sabem sobre a Ciência e a Tecnologia no Brasil.

Enciclopédias on-line

Livros

Rádios e podcasts

Matérias de jornais ou revistas

Programas de televisão

Redes sociais, apps de mensagens, plataformas digitais

Com frequência De vez em quando Raramente Nunca Não sabe/não respondeu

AT¡v¡DaDeS Não escreva no livro.

Fonte: Pesquisa de percepção pública da C&T no Brasil - 2023.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Organizem-se em duplas e respondam: Vocês acham que a Ciência é irrefutável? Por quê?

2. Façam uma pesquisa para compreender como o fazer científico se alterou ao longo do tempo.

3. Façam pesquisas para descobrir fontes confiáveis que realizam trabalho de divulgação científica. Indiquem a área de atuação dessas fontes.

4. Apresentem argumentos que indicam como a divulgação científica pode colaborar no combate às fake news.

A importância do diálogo

no ato de combater fake news

A circulação de fake news tem sido associada frequentemente a situações de tensões e conflitos em diversos contextos da sociedade e podem apresentar dimensões regionais ou até globais.

As opiniões que se formam sob influência de informações falsas tendem a estimular reações e comportamentos pouco racionais, e isso pode contribuir para a intolerância e a violência entre grupos.

Diante disso, combater fake news se apresenta como uma postura necessária para uma convivência mais pacífica e segura em sociedade e contribui para a democracia. Para isso, são necessárias habilidades para lidar com as dificuldades de mediar os conflitos que se apresentam nesse contexto da vida em sociedade.

Mediação de conflitos e cultura de paz

As situações de conflito estão presentes em diferentes contextos cotidianos. É necessário reconhecer, no entanto, que a existência de conflitos é inerente à vida em sociedade e que nossas posturas e ações são fatores determinantes para que o conflito se configure em algo prejudicial para a convivência ou sirva de oportunidade para aprendizado e crescimento dos envolvidos, bem como para a promoção de uma cultura de paz, que é definida pela Organização das Nações Unidas (ONU) da seguinte maneira:

Uma Cultura de Paz é um conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilos de vida baseados:

a) No respeito à vida, no fim da violência e na promoção e prática da não violência por meio da educação, do diálogo e da cooperação;

[...]

c) No pleno respeito e na promoção de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais;

d) No compromisso com a solução pacífica dos conflitos;

[...]

g) No respeito e fomento à igualdade de direitos e oportunidades de mulheres e homens;

h) No respeito e fomento ao direito de todas as pessoas à liberdade de expressão, opinião e informação;

i) Na adesão aos princípios de liberdade, justiça, democracia, tolerância, solidariedade, cooperação, pluralismo, diversidade cultural, diálogo e entendimento em todos os níveis da sociedade e entre as nações; e animados por uma atmosfera nacional e internacional que favoreça a paz.

[...]

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração e programa de ação sobre uma cultura de paz . Brasília, DF, 6 out. 1999. Disponível em: http://www.comitepaz.org.br/download/Declaração%20e%20Programa%20de%20Ação%20sobre%20uma%20 Cultura%20de%20Paz%20-%20ONU.pdf. Acesso em: 14 out. 2024.

Visto que ações de violência são muito presentes nas relações sociais estabelecidas no contexto contemporâneo, fica clara a pertinência de considerarmos a cultura de paz orientadora de nossas práticas. Com essa premissa, o ideal é lidarmos com os conflitos, cada vez mais complexos que se apresentam na sociedade contemporânea, de maneira menos competitiva e com mais ações de cooperação e parcerias entre os indivíduos.

P ráticas restaurativas e comunicação não violenta

As práticas restaurativas correspondem a um conjunto de ações que visam ao gerenciamento positivo de conflitos e possibilitam a construção de relações de cooperação.

conexão com o próximo, a comunicação entre os atores escolares, familiares, comunidades e redes de apoio; buscam a restauração das relações; ensinam as pessoas a lidar com os conflitos de forma diferenciada, pois ao desafiar tradicionais padrões punitivos passa-se a encarar os conflitos como oportunidades de mudança e de aprendizagem, ressaltando os valores da inclusão, do pertencimento, da escuta ativa e da solidariedade.

As práticas restaurativas são úteis para conter a raiva, a frustração e a dor, bem como ajudam a acolher a alegria, a verdade, os paradoxos, as divergências e as diferentes visões de mundo.

Paradoxo: contradição.

SÃO PAULO (Estado). Ministério Público. Diálogos e práticas restaurativas nas escolas: guia prático para educadores. São Paulo, 2018. Disponível em: https://efape.educacao.sp.gov.br/convivasp/wp-content/ uploads/2019/11/Di%C3%A1logos-e-Pr%C3%A1ticas-Restaurativas-nasEscolas.pdf. Acesso em: 14 out. 2024.

Nesse processo, busca-se o estabelecimento de relações baseadas em uma comunicação não violenta, na qual os envolvidos se comunicam de forma transparente, empática e livre de julgamentos ou acusações. Isso exige mudanças de comportamento nos indivíduos, dado que, na cultura dominante, a agressividade verbal é comumente praticada e pouco questionada.

O diálogo na resolução de problemas

Durante um diálogo que visa à discussão de um problema comum a um grupo de pessoas, é importante ter ações e comportamentos que garantam que a comunicação seja conduzida de forma respeitosa, proporcionando momentos de fala e de escuta de forma equilibrada entre todos os envolvidos. Para garantir esses momentos de fala, é possível eleger um mediador que organizará a conversa, especialmente em situações delicadas.

No diálogo, as opiniões divergentes não devem ser combatidas, mas acolhidas com atenção aos argumentos que as sustentam. Após o momento de escuta, caso considerem necessário, é possível se posicionar e apresentar outros pontos de vista sobre o mesmo tema. É importante, no entanto, sempre adotar uma postura pacífica e respeitosa durante a exposição de um contraponto.

A atuação em diálogos é uma prática que favorece o fortalecimento de vínculos interpessoais, a convivência com as diversidades e divergências, promovendo ótimas oportunidades de experiências que contribuem com o aprendizado e o amadurecimento pessoal.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Em grupo, vocês deverão realizar um debate utilizando fake news da área de Ciências.

• cada grupo será responsável por pesquisar uma notícia e trazê-la para o debate: metade dos grupos deverá trazer notícias verídicas e a outra metade, notícias falsas. O professor deve escolher o tipo de notícia que cada grupo precisa trazer. O interessante é que essa escolha seja feita em sigilo para que nenhum participante saiba de antemão o tipo de notícia que os outros grupos vão providenciar;

• as notícias devem vir de fontes on-line: sites, aplicativos de mensagens instantâneas, mídias sociais etc.;

• cuidado ao escolher as notícias: elas não devem ser extremamente fantasiosas, do contrário serão facilmente classificadas como falsas;

• na primeira rodada de apresentação, todos os grupos deverão apresentar para a turma a notícia selecionada. Os demais grupos deverão classificá-la como verdadeira ou falsa, justificando as escolhas (caso os integrantes do grupo divirjam de opinião, deverão realizar uma votação, para que a classificação reflita a opinião da maioria);

• o professor ou um estudante escolhido pela turma deverá registrar na lousa as opiniões da turma quanto à classificação das notícias;

• na segunda rodada de apresentação, cada grupo deve revelar e anotar na lousa se a notícia que trouxe era verdadeira ou falsa e apresentar argumentos que justifiquem esse fato;

• ao final, realizem uma reflexão oral com toda a turma sobre as escolhas realizadas.

Durante a realização da atividade, lembre-se de ter atitudes e posturas que garantam a ordem durante o momento de debate de um tema, tais como pedir a palavra ao iniciar uma fala, expressar-se de forma clara, ouvir as falas dos demais colegas e as justificativas apresentadas, respeitar opiniões e ideias divergentes. No trabalho em grupo, atue com empatia e cooperação.

Manchete: título da notícia com grande apelo.

Linha fina: apresentação da notícia em poucas linhas.

Fake news que parecem verdade

Uma das estratégias utilizadas para tentar conferir credibilidade a notícias falsas é caracterizá-las com elementos comuns do gênero jornalístico. O gênero jornalístico é um tipo de gênero textual que possui linguagem e características específicas, conforme o objetivo do texto proposto: informar, comentar, emitir opinião, apresentar relatos de entrevistas etc.

Dentro desse gênero, a notícia possui destaque. Criada com o objetivo de informar o leitor, estrutura-se de forma a apresentar dados e fatos atuais. No entanto, por apresentar linguagem direta e estrutura preestabelecida, pode ser facilmente copiada e distorcida, com potencial de tornar-se fake news.

E strutura de um texto jornalístico

Vamos agora conhecer alguns elementos principais de uma notícia jornalística.

Informações gerais da publicação: contém dados da mídia, como nome do jornal e informações sobre a edição (data, local de edição etc.)

MISTERSTOCK/SHUTTERSTOCK.COM, ANTON_IVANOV/SHUTTERSTOCK.COM, KOLONKO/SHUTTERSTOCK.COM

A notícia e você

Brasil, quinta-feira, 6 de setembro de 2024

Loja revende produtos afetados pela enchente do Rio Grande do Sul

Grande empresa de logística do sul do Brasil faz a compra lotes de produtos afetados na grande enchente para revenda no varejo, CEO da marca garante qualidade

Lide: primeiro parágrafo da notícia; contém as principais informações.

A empresa criou um site para oferecer seus produtos em grandes conjuntos e assim descontos maiores. Um deles é o combo 4 pneus aro 14 175/65 82t.

Esta semana a empresa iniciou as operações de venda direta para o consumidor, a diretoria executiva da empresa decidiu iniciar a liquidação dos estoques utilizando o e-commerce para acelerar o processo e baratear o preço final do produto. Pneus afetados pela enchente teria grande valor no mercado local.

Corpo da notícia: texto com a notícia completa.

Legenda: descreve a imagem e destaca alguns pontos importantes da notícia.

Fonte dos dados: É GOLPE site com promoção de pneus ‘recuperados’ das enchentes no Rio Grande do Sul. 9/8/2024. Agência Lupa, 9 ago. 2024. Disponível em: https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/08/09/e-golpe-site-com-promocao-de-pneus-recuperadosdas-enchentes-no-rio-grande-do-sul. Acesso em: 14 out. 2024.

O que é real e o que é fake?

O texto a seguir, do Tribunal Superior Eleitoral, alerta para alguns pontos que podem ser observados para checar a veracidade de uma informação recebida que possui elementos semelhantes à de uma notícia jornalística.

Antídoto contra a desinformação

1. Título chamativo, sensacionalista ou bombástico: o primeiro sinal de que há algo errado

[...] Esse é o primeiro alerta vermelho: nunca se apegue somente ao título e verifique se o conteúdo foi publicado em sites confiáveis de notícias.

2. Identificou erros ortográficos ou gramaticais? Fique atento!

[...] Se o conteúdo contém palavras com grafia errada, abra o olho e cheque a procedência da informação em veículos mais reconhecidos.

3. Fuja de textos opinativos tratados como se fossem notícia

Canais de comunicação confiáveis possuem regras: todo artigo opinativo deve vir assinado pela autora ou pelo autor. Mesmo em entrevistas, a opinião das pessoas entrevistadas é apresentada de forma imparcial pelo jornal, site e emissoras de rádio ou televisão. [...]

4. A desinformação mora em sites ou canais desconhecidos

[...] Toda vez que um conteúdo novo surge na rede mundial de computadores, diversos veículos de comunicação correm atrás para confirmar (ou não) essa informação. Por isso, cheque se outros sites também falaram sobre o assunto. [...]

5. Parece verdadeira, mas é uma notícia antiga? Sinal amarelo

Nem sempre as notícias são falsas, mas podem ser antigas e/ou estar gravemente descontextualizadas, gerando desinformação. E é exatamente por esse motivo que é tão importante verificar a data do texto e buscar fontes adicionais para saber se algo mudou desde que o conteúdo foi publicado.

6. Cuidado com o golpe da URL falsificada!

É comum que as notícias falsas sejam divulgadas em páginas com endereços que aparentemente pertencem a um veículo tradicional. Só que, ao serem acessados, direcionam o usuário para outro endereço onde está publicado o texto enganoso. Para não cair no conto das fake news, verifique se o site também é verdadeiro.

ANTÍDOTO contra a desinformação: 7 passos para identificar uma notícia falsa. Disponível em: https://www.tse.jus.br/comunicacao/ noticias/2023/Novembro/antidoto-contra-a-desinformacao-aprenda-a-identificar-uma-noticia-falsa-em-7-passos. Acesso em: 14 out. 2024.

AT¡v¡DaDe Não escreva no livro.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Em grupo, pesquisem e apresentem justificativas que evidenciem a falsidade das informações contidas na ilustração do jornal mostrado na página anterior.

ATiViDADE DE AMP i AÇÃO

Pesquisem outros exemplos de notícias falsas que circularam em jornais ou revistas. Indiquem os elementos presentes nos textos pesquisados que remetem à estrutura de texto jornalístico, dada na página anterior.

EDITORIA DE ARTE

Avaliando notícias de Ciências

É possível que você já tenha tido contato com fake news da área de Ciências. Se isso já aconteceu, então, a partir de agora que você já sabe o que é uma fonte confiável, como conferir a veracidade de informações e como classificar uma notícia como falsa, provavelmente sua postura ao receber esse tipo de informação será outra, muito mais atenta e desconfiada. Caso você nunca tenha recebido uma notícia falsa de Ciências ou apenas não se recorda, poderá, da mesma forma, agir de maneira mais responsável e crítica diante das informações que recebe.

Observe as informações presentes nos balões a seguir. Sem realizar nenhuma pesquisa, considerando apenas seu conhecimento ou opinião sobre o assunto, como você as classificaria?

Ondas radioativas de aparelhos de micro-ondas causam danos à saúde.

Água quente de abacaxi mata células cancerígenas. Adesivo para tratamento de Alzheimer já está disponível pelo SUS.

Fosfoetanolamina: composto orgânico presente no corpo humano que participa da formação de membranas celulares.

Mamografia causa câncer de tireoide.

Chá de folhas de goiaba e pitanga tem poder cicatrizante.

Fosfoetanolamina , a pílula que acaba com as células de câncer.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Em grupo, analisem as informações disponíveis nos balões de fala presentes na página anterior e nesta. Considerando a opinião e o conhecimento prévio de vocês, classifique-as em verdadeiras ou falsas. Investiguem e complementem com outras informações.

2. Compartilhem as análises. Troquem ideias e tentem chegar a um consenso sobre as afirmações, expondo seus argumentos e ouvindo os dos demais colegas de forma paciente e respeitosa.

3. Oralmente, de forma conjunta com todos os grupos, vocês deverão expor suas impressões sobre as afirmações dos balões, apresentando as justificativas. Cada afirmação dos balões deverá ser questionada de forma isolada. Os grupos deverão, de forma organizada, apresentar suas conclusões. Neste momento, as opiniões individuais ou dos grupos poderão ser conflitantes. Uma postura adequada é aquela que ouve e respeita a opinião do outro. Atue individualmente dessa forma e estimule essa atitude por parte dos colegas.

Passar farinha de trigo é eficaz para tratar queimaduras.

Cientistas franceses conseguem remover completamente o HIV de células infectadas.

Público Federal proíbe vacina contra HPV.

Disponível em: https://www.saude.df.gov.br/web/guest/w/saude-sem-fake-news. Acesso em: 5 set.

Fonte dos dados: BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde sem fake news Brasília, DF, 2020.
2024.
Tossir evita infarto.
Quiabo cura diabetes.
Ministério

Fake news que ameaçam a saúde

Algumas fake news possuem grande impacto e afetam diretamente a vida das pessoas. Como já citamos, em casos que envolvem questões de saúde, o compartilhamento de informações falsas pode levar a situações em que grupos de pessoas passam a acreditar nos dados recebidos. Esse é o caso do movimento antivacina, que reúne pessoas que não acreditam na eficácia das vacinas ou creem que elas são danosas quando tomadas. A comunidade médica acredita que esse movimento tenha ganhado força após a publicação dos estudos conduzidos pelo médico britânico Andrew Wakefield, que, em 1998, publicou na revista Lancet, um importante periódico da área médica, um estudo que relacionava a aplicação de vacinas contra caxumba, sarampo e rubéola (a vacina tríplice viral) ao surgimento de autismo. Anos depois, o resultado dessa pesquisa mostrou ser falso, pois Wakefield havia apresentado dados falsos e alterado informações sobre os pacientes. A revista Lancet publicou uma retratação, porém isso não foi suficiente para desmentir a informação que havia chegado à população como confiável.

Fake news sobre vacinas buscam

gerar medo, dúvidas e lucro

Em meio à pandemia de covid-19, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que o mundo entrou em uma outra emergência de saúde pública: a infodemia. Com o excesso de informações publicadas por todo tipo de fonte na internet, essa crise torna difícil encontrar fontes idôneas e orientações confiáveis quando se precisa. A OMS ressaltou, na época, que esse fenômeno é amplificado pelas redes sociais e se alastra mais rapidamente, como um vírus, afetando profundamente todos os aspectos da vida.

ER

As fake news estão nos deixando doentes?

O relatório do estudo realizado pela Avaaz em parceria com a Sociedade Brasileira de Imunizações está disponível para consulta e apresenta uma série de dados que ajudam a entender como a desinformação sobre vacinas pode contribuir com problemas de cobertura vacinal e, consequentemente, de saúde pública.

AS FAKE news estão nos deixando doentes? Avaaz, nov. 2019. Disponível em: https://avaazimages.avaaz.org/ AVAAZ_RELATORIO_ANTIVACINA-v2. pdf. Acesso em: 14 out. 2024.

[...] Desde a pandemia de covid-19, o foco dos grupos que disseminam desinformação em saúde tem sido as vacinas, o que impacta os esforços para elevar as coberturas do Programa Nacional de Imunizações (PNI) [...]

[...]

“A desinformação é algo que ameaça a nossa democracia, é mais ampla que a saúde, e a ação de combate à desinformação está na saúde de forma piloto, inclusive para agir no ataque à desinformação de forma sistemática. [...]”.

[...]

A ação coordenada dos antivacinistas para prejudicar o Movimento Nacional pela Vacinação lançado em fevereiro pelo Ministério da Saúde foi mapeada pelo Laboratório de Estudos de Internet e Mídias Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NetLab/UFRJ). [...] O NetLab conseguiu identificar um grupo de 36 mil perfis que retuitaram mais de 100 mil publicações com conteúdo antivacina após o lançamento. Tal articulação acabou sendo mais intensa que a dos 41 mil perfis que fizeram 79 mil retuítes a favor da vacinação.

LISBOA, V. Fake news sobre vacinas buscam gerar medo, dúvidas e lucro. Agência Brasil, 17 set 2023. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2023-09/fake-news-sobre-vacinas-buscam-gerar-medoduvidas-e-lucro. Acesso em: 14 out. 2024.

PARA

Imunidade coletiva

Imunidade coletiva é a resistência de determinada população à disseminação de uma doença. Nesse contexto, quanto mais pessoas são vacinadas em uma população, menores as chances de um agente infeccioso se disseminar. É importante lembrar que existem pessoas que não podem receber alguns tipos de vacina, como grávidas, pessoas com dificuldade no sistema imunitário ou com alguma condição especial de saúde. Nesses casos, a pessoa passa a ser protegida pela imunização coletiva: se as pessoas ao seu redor estão imunizadas, ela também estará.

Disseminação de doenças contagiosas em diferentes populações

Representação de diferentes cenários de disseminação de doenças contagiosas conforme a porcentagem de imunização da população.

Fonte dos dados: IFSC verifica. Disponível em: https://www.ifsc.edu.br/ documents/1920563/1999438/ ifsc_verifica_imunidade_ rebanho_grafico_portal.jpg/ df4f56d4-c26a-4da9-b64a8cc14841ec40?t=1600778790228. Acesso em: 14 out. 2024.

AT¡v¡DaDeS Não escreva no livro.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Em grupo, discutam e proponham uma explicação de como a decisão individual de não se vacinar pode impactar na imunidade coletiva e quais podem ser as consequências para a saúde pública.

2. Relacionem o movimento antivacina ao ressurgimento de doenças antes erradicadas. Realize uma pesquisa e traga um exemplo para ilustrar essa situação.

3. Façam um trabalho de pesquisa sobre outras fake news relacionadas à saúde que tenham ocasionado problemas. Cada grupo deverá ser responsável pela pesquisa de um exemplo. Vocês deverão produzir um material ilustrativo, como mostrado no modelo abaixo, para alertar sobre esse tipo de notícia falsa, com exemplos de como a ideia falsa foi propagada, qual é a informação falsa presente nela e uma fonte de pesquisa que pode auxiliar no esclarecimento do assunto.

Vacina contra diabetes foi oficialmente anunciada?

Um grupo de pesquisadores do Massachusetts General Hospital está estudando a eficácia do uso da vacina BCG para tratamento da diabetes tipo 1, ou seja, a pesquisa está em fase de testes e funcionaria apenas para a diabetes do tipo 1. A manchete da notícia dá a entender que essa vacina funcionaria para todos os tipos de diabetes.

O site do médico Drauzio Varella apresenta justificativas para entender como se deu a propagação da notícia falsa. Dúvida?

Fonte de pesquisa: NÃO existe vacina contra o diabetes. Drauzio Varella, 2020. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/checagens/nao-existe-vacina-contra-o-diabetes/. Acesso em: 14 out. 2024.

Modelo para divulgar fake news de saúde

Para finalizar

PRODUTO

Painel: informando e propondo soluções

Nesta etapa do projeto, vamos planejar e construir um painel que apresente à comunidade informações sobre como identificar fake news e propõe sugestões de como combatê-las de forma pacífica e conciliadora. Para isso, considere todas as informações utilizadas ao longo do projeto, incluindo as conclusões elaboradas durante os diversos momentos de análise de dados e debate de ideias. Durante a montagem e execução do painel, todos da turma precisarão trabalhar de forma colaborativa. A seguir, são apresentadas algumas sugestões para a realização desta etapa final do projeto.

E laborando e montando o painel

O painel é uma ferramenta de comunicação que pode ser usada, entre outras funções, para apresentar a um público diverso dados e informações obtidas e elaboradas ao longo de um estudo ou trabalho. O painel pode proporcionar, ainda, a interação do público com as informações que estão sendo apresentadas. Para cumprir a função comunicativa de forma adequada e eficiente, o painel precisa ser claro, apresentar dados e informações de maneira sucinta e organizada. Outro recurso importante nos painéis são os recursos visuais, como figuras, diagramas, esquemas, infográficos. Lembre-se: a comunicação não é feita apenas por meio de palavras. Nos painéis, é esperado haver muitas imagens, que devem despertar a atenção das pessoas. Já os textos devem ser mais curtos e objetivos.

Diante de tantos detalhes e necessidades, antes de ser executado, o painel precisa ser bem planejado. Outros fatores que devem ser considerados para uma boa apresentação no painel dizem respeito a sua dimensão e aos elementos que vão compô-lo (tamanho de fonte, por exemplo), cores de fundo e dos elementos apresentados, de modo a obter um bom contraste, o que favorece a leitura das informações.

O que considerar durante a elaboração de um painel?

Formatos: o painel pode ter variados formatos, sendo o retangular o mais comum. Tamanhos e formas também podem ser explorados nos materiais que serão apresentados no painel.

Cores: explorem as cores de maneira harmoniosa no painel. A escolha das cores a serem utilizadas tem relação com o público e os objetivos que se quer atingir com o produto final.

Textos: escolham o tipo de letra e o tamanho da fonte que será utilizado. Para cada material apresentado, esses modelos podem variar. Optem por textos curtos, diretos e objetivos. Diagramas e esquemas podem auxiliar na apresentação de informações textuais.

Imagens: são elementos de grande importância em um painel, pois chamam bastante a atenção do espectador. Utilizem gráficos, infográficos, fotografias e outros recursos que podem auxiliar a comunicar uma mensagem de forma não textual.

Distribuição dos materiais: pensem na quantidade de materiais que serão expostos e o espaço que cada um deles ocupará no painel. A boa distribuição desses materiais é determinante para a leitura adequada das informações que serão apresentadas.

P rodução dos conteúdos

Para produzir os materiais que vão compor o painel, vocês podem se reunir em seis grupos, cada um responsável por desenvolver um tema a ser exposto no painel. No entanto, mesmo que cada grupo fique responsável pela apresentação de um dos temas, é importante que todas as informações presentes sejam reflexo de um consenso da turma. Lembrem-se de agir de forma democrática para decidir como as tarefas serão divididas e quais informações serão incluídas.

A seguir, vejam algumas sugestões de como dividir os trabalhos:

• Grupo 1: criação do conteúdo que informe o que são fake news.

• Grupo 2: criação do conteúdo que informe estratégias para identificar fake news.

• Grupo 3: criação do conteúdo que informe como o conhecimento científico e a divulgação científica podem auxiliar no combate a fake news.

• Grupo 4: criação de conteúdo que apresente a importância de atitudes cidadãs no uso de ferramentas digitais.

• Grupo 5: seleção de notícias e informações sobre Ciências debatidas ao longo da etapa 2 e elaboração de esclarecimentos que atestem a autenticidade dessas informações.

• Grupo 6: criação de conteúdo que aborde os conflitos que podem ser gerados por conta de fake news e exposição de dicas de como agir de maneira pacífica e conciliadora.

Cada grupo deve se organizar da forma que julgar ser mais adequada para realizar a elaboração dos conteúdos propostos para serem expostos no painel. Se necessário, solicitem a ajuda do professor.

E xposição do painel

O painel deverá estar disponível à comunidade. Se houver a possibilidade, organizem um evento especial envolvendo a presença de convidados para que as informações e propostas apresentadas sejam exploradas e debatidas. Nesse caso, combinem com o professor e a direção da escola qual o melhor dia para o evento e dividam-se em turnos para que representantes da turma estejam disponíveis para orientar e esclarecer possíveis dúvidas do público. Além disso, o painel poderá ser utilizado como um meio pelo qual a comunidade interaja com as informações apresentadas, incluindo seus próprios dados e relatos pessoais que façam relação com o tema fake news. Com isso, os conflitos que se apresentam no contexto local podem ser refletidos coletivamente e a proposição de soluções para essa problemática pode ocorrer de forma colaborativa, envolvendo a ação mediadora do professor, de estudantes e de alguns membros da comunidade.

Essa é uma sugestão de conteúdos que podem ser apresentados no painel e de como o trabalho pode ser dividido entre os grupos. Estes, no entanto, podem se organizar de outras maneiras e elaborar conteúdos que julgarem mais pertinentes ou condizentes ao contexto específico de trabalho que foi realizado ao longo deste projeto.

Avaliação

Veja nas Orientações para o professor observações e sugestões sobre o uso dos quadros avaliativos.

Para avaliar o processo de construção dos saberes, das atitudes e a reflexão sobre o tema e o mundo do trabalho, sugerimos a elaboração de quadros que permitem o acompanhamento da produção e a reflexão do que foi desenvolvido nas etapas do projeto. Os quadros devem ser copiados e preenchidos de acordo com as orientações do professor.

Avaliação dos saberes

ETAPA 1 – VAMOS COMEÇAR

Conhecer, de forma geral, o que são fake news e suas principais formas de disseminação.

Não escreva no livro.

B.

Refletir sobre atitudes e comportamentos manifestados durante uso de redes sociais.

Reconhecer os riscos associados à circulação de notícias e informações falsas. C.

ETAPA 2 – SABER E FAZER

Identificar e classificar fake news. A.

Considerar os aspectos relacionados à produção do conhecimento científico. B.

C.

D.

AVALIAÇÃO DAS AÇÕES D ESENVOLVIDAS

1 Realizei com facilidade

2 Realizei

3 Realizei com dificuldade

4 Não realizei

Discutir o papel da divulgação científica e a importância de buscar informações em fontes confiáveis.

Entender a percepção dos jovens sobre a Ciência.

Compreender como o conhecimento científico contribui para combater as fake news. E.

F.

G.

Reconhecer a importância de atuar de forma conciliadora em situações de conflito.

Identificar fake news de Ciências disfarçadas de notícias com elementos do gênero jornalístico notícia.

ETAPA 3 – PARA FINALIZAR

Elaborar materiais e conteúdos que informem a comunidade escolar sobre o que são fake news e apresentem estratégias para identificá-las e combatê-las de forma pacífica e conciliadora.

Organizar e montar painel coletivo utilizando os materiais e conteúdos elaborados. B.

Expor o painel para a comunidade, compartilhando as propostas que visam conter o problema das fake news em contexto local. C.

Avaliação das atitudes

Realizo as tarefas nas datas sugeridas de forma atenta e responsável.

Atuo com organização, trazendo para as aulas todo o material solicitado.

Demonstro comportamento adequado e comprometido nos diferentes momentos de desenvolvimento do projeto.

Escuto com atenção as explicações e proposições do professor, colegas e outras pessoas envolvidas nas atividades propostas.

Apresento atitude colaborativa, compartilhando opiniões, sugestões e propostas com os colegas.

Falo com clareza, ao compartilhar dúvidas e opiniões. F.

Atuo de forma respeitosa em relação às dificuldades apresentadas pelos colegas.

Demonstro empatia e respeito quando lido com opiniões e contextos diferentes dos meus. H.

MUNDO DO TRABALHO

Neste projeto, tratamos de um tema presente na atualidade e que envolve tanto aspectos da nossa rotina pessoal quanto da possível dinâmica profissional que você deverá estabelecer na sua vida. Que tal conhecer algumas características de alguns profissionais relacionados com a divulgação de informações nas mídias digitais? Para isso, faça uma pesquisa sobre jornalistas e divulgadores, especialmente os científicos, e com a orientação do professor e a colaboração dos colegas de sala, elabore um painel com os resultados da investigação, evidenciando os profissionais que se destacam e os temas de que tratam.

AVALIAÇÃO DAS ATITUDES E POSTURAS

1 Sempre

2 Frequentemente

3 R aramente

4 N unca

Veja nas Orientações para o professor observações e sugestões sobre o uso dos quadros avaliativos.

Não escreva no livro.

ÁGUA DA CHUVA: É POSSÍVEL UTILIZÁ-LA?

A água cobre aproximadamente 70% do nosso planeta, o que nos faz pensar que ela nunca acabará. No entanto, segundo dados do Programa Ambiental das Nações Unidas (Unep, em inglês), a água doce – a que utilizamos para beber, tomar banho, regar as plantas, limpar a casa, entre outras atividades diárias – equivale a menos de 3% da água do mundo. De acordo com estudo da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU) feito em 2023, considerando os nossos hábitos de consumo atuais, estima-se que entre 1,7 e 2,4 bilhões de pessoas sofrerão com a falta de água até 2050. É por isso que devemos, sempre que possível, pensar em soluções que melhorem os nossos hábitos de consumo.

Neste projeto, investigaremos a disponibilidade de água doce no planeta, os usos da água em diversos meios e a formação e o regime de chuvas do Brasil. Utilizando conhecimentos de diversas áreas, desenvolveremos soluções criativas para sugerir a idealização de um protótipo de sistema de captação de água de chuva que poderá contribuir para um melhor uso desse recurso. Ao final, as propostas desenvolvidas deverão ser apresentadas à comunidade.

A água é um recurso fundamental para a vida.

ViSÃO GERA DO PROjETO

Água da chuva: é possível utilizá-la?

TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS:

• Educação ambiental

• Educação para o consumo

• Ciência e Tecnologia

COMPONENTES CURRICULARES:

• Trabalho

• Saúde

• Líder: Ciências da Natureza e suas Tecnologias – Física, Química e Biologia

• Outros perfis disciplinares: Matemática e suas Tecnologias – Matemática; Cências Humanas e Sociais

Aplicadas – Geografia e História; Linguagens e suas Tecnologias – Arte

OBJETOS DO CONHECIMENTO:

• Vida e evolução

• Leitura e interpretação de tabelas e gráficos

ETAPAS

DO PROJETO

O percurso deste projeto pode ser alterado e construído de acordo com as necessidades da turma.

• Biodiversidade e ciclo hidrológico

• Tempo e espaço

Vamos começar

Apresentação geral do tema do projeto e de como ele será desenvolvido. Discussão geral sobre a utilização da água como recurso fundamental. Reflexão sobre o acesso à água potável. Reconhecimento de algumas alternativas utilizadas em diferentes regiões e épocas para obter um melhor aproveitamento da água potável.

> PRODUTO FINAL:

Desenvolvimento de uma proposta de sistema de captação de água da chuva.

OBJETIVOS:

• Compreender a importância da água como recurso essencial.

• Promover a utilização do conhecimento de diferentes componentes curriculares para a conscientização sobre a economia da água.

JUSTIFICATIVA:

• Planejar a construção de um sistema de captação de água da chuva.

O acesso à água potável, de qualidade, deveria ser um direito garantido a todos. No entanto, a disponibilidade em nosso planeta desse recurso essencial é finita e sua escassez já é uma realidade para muitos. Compreender a importância desse recurso e utilizá-lo de forma adequada é uma conscientização que todos devemos desenvolver. Para isso, é fundamental utilizar conhecimentos de diferentes componentes curriculares de forma criativa e aplicada, criando soluções para otimizar o uso da água no contexto em que estamos inseridos.

Saber e fazer

Reconhecimento da disponibilidade de água no planeta. Compreensão do ciclo da água e de formação da chuva. Análise dos climas do Brasil. Reconhecimento da quantidade de água necessária para realizar algumas atividades rotineiras. Entendimento dos procedimentos necessários para tornar a água potável. Compreensão do conceito de pegada hídrica.

Para finalizar

Análise de algumas propostas de sistemas de captação de água da chuva. Compreensão dos elementos fundamentais desse tipo de sistema. Elaboração de proposta de sistema de captação de água da chuva para a escola, residência ou outro local relevante para a comunidade. Apresentação das propostas para a comunidade.

Vamos começar

CONVERSA INICIAL

A água é um recurso fundamental

Presente nas nossas vidas de forma mais ou menos abundante, a água é um recurso fundamental à nossa existência. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO, em inglês), a média diária de consumo de água potável por pessoa varia entre 2 e 4 litros. No entanto, esse valor refere-se apenas à parte ingerida; isso significa que o consumo individual de água é muito superior a essa média. Esse recurso é utilizado não apenas para nos hidratarmos, mas também na manutenção da nossa higiene e até na produção de equipamentos, conforme vemos nos exemplos a seguir:

A água

higienização de alimentos. Para produzir alimentos utiliza-se grande quantidade de água potável.

Na indústria, a água é utilizada na fabricação, por exemplo, de veículos, vestuário e equipamentos eletrônicos.

Grande parte da energia elétrica produzida no Brasil é gerada a partir da água utilizada nas usinas hidrelétricas. Usina de Itaipu em Foz do Iguaçu (PR), 2023.

potável é utilizada na

Com a orientação do professor, leiam o texto e conversem sobre informações presentes no Relatório de Desenvolvimento Mundial da Água, lançado pela Unesco em 2024.

“A medida que o estresse hídrico aumenta, também aumentam os riscos de conflitos locais ou regionais. A mensagem da UNESCO é clara: se queremos preservar a paz, devemos agir rapidamente não apenas para proteger os recursos hídricos, mas também para promover a cooperação regional e global nesta área.”

A fala é de Audrey Azoulay, diretora-geral da UNESCO, o braço da ONU para educação, ciência e cultura. Na 6ª feira (22/3), Dia Mundial da Água, a entidade lançou a edição 2024 do Relatório de Desenvolvimento Mundial da Água. E o documento destaca como o desenvolvimento e a manutenção da segurança hídrica e o acesso equitativo aos serviços de água são essenciais para garantir a paz e a prosperidade para todos.

De acordo com o relatório, 2,2 bilhões de pessoas em todo o planeta não têm acesso a água potável [...] [...]

A crise climática vem perturbando o ciclo da água no planeta, destaca o documento. Embora algumas regiões do mundo sofram inundações devastadoras, como as que atingiram o Paquistão em agosto de 2022, outras têm secas prolongadas ou enfrentam a salinização de suas reservas de água doce, devido à subida do nível do mar, como em Bangladesh. [...]

PARA ACESSAR

Usos da água

No site da Agência Nacional de Águas, é possível consultar alguns relatórios sobre os usos da água no Brasil para os setores de irrigação, abastecimento, indústria, eletricidade, mineração etc.

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO (ANA). Disponível em: https://www. gov.br/ana/pt-br. Acesso em: 19 out. 2024.

A procura por água aumenta 1% por ano no mundo, mostra o relatório. Essa alta se deve à industrialização dos países, ao estabelecimento de cada vez mais populações nas cidades e aos hábitos alimentares. Já o crescimento populacional tem pouco impacto na procura por água. As populações que crescem mais rapidamente, como as africanas, são as com o menor consumo de água per capita. E das 2,2 bilhões de pessoas no mundo que não têm acesso à água potável, 80% vivem em áreas rurais, detalha a UNESCO.

[...]

DIA Mundial da Água: 2,2 bilhões de pessoas não têm acesso a água potável. ClimaInfo, 25 mar. 2024. Disponível em: https://climainfo.org.br/2024/03/25/dia-mundial-da-agua-22bilhoes-de-pessoas-nao-tem-acesso-a-agua-potavel/. Acesso em: 19 out. 2024.

AT¡v¡DaDeS Não escreva no livro.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Em média, recomenda-se o consumo de 2 litros de água por dia para manter as funções do nosso organismo. Como é uma média, dependendo das condições de vida e até mesmo da região onde se vive, espera-se que esse valor tenha variações. Você sabe o quanto de água consome? Durante uma semana, estime a quantidade de água ingerida diariamente. Para isso, ao tomar água, utilize como referência um recipiente cujas medidas você conheça e, ao final da semana, obtenha a média de seu consumo diário.

COM

CRSTOCKER/SHUTTERSTOCK

ATiViDADE DE AMP i AÇÃO

Com a orientação do professor, pesquisem em livros, revistas ou sites da internet alguns exemplos de funções que a água realiza no nosso corpo.

Água da chuva: é possível utilizá-la? 143

Diferentes maneiras de captação de água

Ao longo da História, o ser humano aprimorou conhecimentos adquiridos por gerações e desenvolveu técnicas para melhorar o aproveitamento de alguns recursos da natureza: estabeleceu o plantio de alimentos em regiões com terras mais férteis; identificou a melhor época do ano para realizar esse plantio; percebeu as características dos regimes de chuvas e cheias dos rios etc.

A disponibilidade de água doce tem um papel fundamental no desenvolvimento de qualquer grupo humano, especialmente por estar atrelada à produção de alimentos.

Por ser um recurso finito e nem sempre disponível, ao longo do tempo, diferentes povos têm enfrentado o desafio de resolver problemas relacionados à falta de água e de pensar em maneiras de captá-la e armazená-la. Vejamos, a seguir, as estratégias utilizadas por alguns povos para melhorar o abastecimento de água em diferentes condições ambientais.

Argentina

Vala de irrigação em uma vinícola em uma área semidesértica do norte da Argentina.

O rio Nilo compõe a bacia hidrográfica do Nilo, a segunda maior do continente africano. Trata-se do segundo maior rio do mundo em extensão, atrás apenas do rio Amazonas. No Egito antigo, o rio Nilo exercia um papel muito importante para a manutenção e sobrevivência que, por esse motivo, viviam às suas margens. Por se tratar de um rio perene, ou seja, que não desaparece no período de seca, reservatórios foram construídos para armazenar a água que transbordava dele em épocas de cheia. A água armazenada era utilizada para a agricultura e para o consumo humano nos períodos de seca. Mesmo atualmente, a maior parte da população se concentra às margens desse rio.

Algumas cidades da Argentina estão localizadas em uma região seca e que apresenta baixo índice pluviométrico. Para resolver o problema da falta de água, foi adotada uma técnica utilizada pelo povo inca , que consiste na construção de vales e canais para aproveitar a água proveniente do degelo na cordilheira dos Andes. Com essa técnica, foi possível abastecer as cidades, que tornaram a Argentina um dos principais produtores de frutas do mundo e um exemplo pelo sistema de captação de água adotado.

Povo inca: civilização que viveu na região da cordilheira dos Andes pelo menos até o início do século XVI.

Rio Nilo, Egito
Luxor, cidade às margens do rio Nilo (Egito), 2023.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

Rio São Francisco, Brasil

Usina hidrelétrica do Xingó, no rio São Francisco, 2023.

Eixo norte da transposição do rio São Francisco em São José de Piranhas (PB), 2022.

O rio São Francisco está localizado na bacia hidrográfica do rio de mesmo nome e é um dos principais do país. É utilizado como fonte para o abastecimento de água de diversas regiões, especialmente daquelas de clima semiárido, e também é aproveitado para a geração de energia elétrica, apresentando ao longo de sua extensão (2 800 km) seis usinas hidrelétricas. Atualmente, o rio São Francisco passa por um processo de transposição: canais foram construídos para levar parte de suas águas para os estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará.

1. Você sabe como a água que consome chega até você? Converse com os colegas e compare suas considerações.

2. Você enfrenta ou já enfrentou algum problema relacionado à falta de água?

3. Pergunte a amigos e familiares se eles já enfrentaram essa situação e, caso a tenham vivenciado, quais soluções utilizaram para resolvê-la.

4. Reúna-se em grupo com até quatro colegas e façam uma pesquisa sobre as dificuldades ou facilidades envolvidas nos sistemas de obtenção de água apresentados nas fotografias e nos textos desta dupla de páginas. Comparem com as informações, obtidas na questão 1, sobre como a água que vocês utilizam chega até vocês.

PARA ER

Como 5 cidades do mundo estão combatendo a falta d’água

A reportagem apresenta cinco alternativas desenvolvidas em cidades que combatem a falta de água: Pequim, na China; Perth, na Austrália; Nova York, nos EUA; Zaragoza, na Espanha; e Cidade do Cabo, na África do Sul.

IDOETA, P. A.; BARIFOUSE, R. Como 5 cidades do mundo estão combatendo a falta d’água. BBC News Brasil, 22 mar. 2017. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/ internacional-39351153. Acesso em: 19 out. 2024.

Água da chuva: é possível utilizá-la? 145

ORGANIZANDO OS TRABALHOS

P rojetoÁgua da chuva

O uso consciente da água, com opções que viabilizem a sua reutilização, é algo fundamental para garantir que esse recurso esteja disponível com qualidade para o maior número de pessoas. Neste projeto, vamos investigar o regime de chuvas nas regiões brasileiras, a disponibilidade desse recurso e onde ele é utilizado para repensar o próprio consumo. Ao longo do projeto, vocês serão convidados a refletir sobre a importância desse recurso e considerar seu uso em diversos meios para que possam propor, ao final, um sistema de captação da água da chuva.

Um sistema de captação de água da chuva pode ser criado conectando-se canos à calha de um telhado, como no exemplo da imagem.

PARA AS PROXiMAS ETAPAS

1. Com a ajuda do professor, vocês deverão se organizar em grupos de até quatro integrantes (o grupo de trabalho deverá ser o mesmo do início ao fim do projeto). Para isso, é importante que analisem as habilidades de cada integrante para fazer uma boa execução do projeto. Habilidades para pesquisa, desenho e desenvolvimento de uma apresentação e comunicação serão requeridas neste projeto.

2. Ao longo do projeto, vamos desenvolver atividades individuais, em dupla e em grupo. Sempre que possível, organizem-se para compor a dupla com um integrante do mesmo grupo.

3. Para compreender a problemática proposta neste projeto, vocês serão convidados a conhecer a quantidade de água doce disponível no nosso planeta e o quanto de água é necessário para realizar algumas funções diárias. Conheceremos também os processos envolvidos para formação da chuva e em quais funções essa água pode ser utilizada. Além disso, você deverá refletir sobre seus hábitos de consumo, pensando criticamente em alternativas para diminuí-lo quando for possível.

4. Como proposta de produto final deste projeto, vocês deverão propor um sistema de captação e/ou armazenamento de água da chuva.

Cada grupo deverá elaborar uma proposta, considerando qual das possibilidades é mais adequada para o seu contexto local (apenas a captação ou o armazenamento considerando um uso posterior). Além disso, esse sistema deverá funcionar como uma alternativa à utilização de água potável para algumas situações, tais como limpeza de áreas comuns, de veículos ou até mesmo no vaso sanitário.

5. Por fim, o trabalho deverá ser apresentado preferencialmente para além da comunidade escolar. Para isso, vocês deverão organizar um dia de apresentações para divulgar as propostas que desenvolveram.

Materiais:

• Caderno para anotações.

• Computador, tablet ou smartphone com acesso à internet.

• Materiais para consulta e pesquisa (livros, jornais, revistas etc.).

Uma sugestão para continuidade ou ampliação deste projeto é realizar a construção do sistema de captação de água proposto pelos estudantes. Caso seja possível, é fundamental o envolvimento da comunidade externa à escola nessa construção. Profissionais da área de construção civil podem auxiliar nessa tarefa, bem como podem ser utilizados materiais de baixo custo, provenientes de doações ou parcerias com alguma loja de materiais de construção da região. Uma sugestão é que os estudantes fiquem responsáveis pela coleta desse material e os adultos, pela construção efetiva do projeto.

2

Saber e fazer

Água como recurso

Ao observamos imagens de satélite da Terra, conseguimos identificar que a quantidade de água presente na superfície do planeta é muito superior à de terra. Cerca de 70% de todo o planeta está coberto por água, principalmente aquela proveniente dos oceanos que circundam os continentes. Pensando nisso, podemos concluir que a falta de água não chega a ser um problema, não é mesmo?

Representação da Terra mostrando a presença de água, em azul.

Contudo nem toda água está disponível para uso, pois o volume maior corresponde à água do mar, que é salgada e, portanto, imprópria para utilização na alimentação ou higiene. Para essas atividades, utilizamos a água doce, que se apresenta em quantidade inferior à massa de água salgada, conforme você pode observar na ilustração a seguir.

Quanta água doce disponível há na Terra?

Água salgada (oceanos)

Água doce

Água doce superficial

(1%)

Representação das quantidades de água salgada e doce disponíveis no planeta (os valores de porcentagens são aproximados).

Fonte: PHILLIPSON, O. Atlas geográfico mundial. Curitiba: Fundamento Educacional, 2011. p. 22.
Geleiras e icebergs
Lençóis freáticos Lama Vapor d'água (8%)
Organismos vivos (1%) Rios
Lagos

Á gua: disponibilidade e consumo

Em 2024, cerca de 2,2 bilhões de pessoas em todo o mundo não dispunha de serviços de água potável, 4,2 bilhões de pessoas não dispunha de serviços de saneamento geridos de forma segura e 3 bilhões não dispunha de instalações básicas para a lavagem das mãos.

Países com maior disponibilidade de água (em km3) – 2020

110 litros por habitante/dia é a quantidade recomendada pela Organização Mundial da Saúde

Fonte dos dados: INTERNATIONAL renewable freshwater resources by region [recursos internos renováveis de água doce por região]. Our World in Data, 20 maio 2024. Disponível em: https://ourworldindata.org/grapher/ internal-renewable-freshwater-resources-by-region?country=OWID_OCE~ Central+America+and+Caribbean~East+Asia~Central+Asia~Eastern +Europe~Middle+East~OWID_NAM~Northern+Africa~OWID_SAM~ Sub-Saharan+Africa~South+Asia~Western+%26+Central+Europe~ BRA~RUS~CAN~USA. Acesso em: 19 out. 2024.

2008200920102011201220132014201520162017

2008200920102011201220132014201520162017

anos de 2008 a 2017

Fonte dos dados: IBGE. Contas econômicas ambientais da água: Brasil 2013-2017. Brasília, DF: Ministério do Desenvolvimento Regional: Ministério da Economia: ANA, p.12. Disponível em: https://www.gov.br/ana/pt-br/assuntos/noticias-e-eventos/noticias/ana-e-ibge-atualizam-levantamento-que-aponta-opapel-da-agua-na-economia-brasileira/ceaa_2013-2017_informativo.pdf. Acesso em: 19 out. 2024.

AT¡v¡DaDeS Não

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Considerem as porcentagens de disponibilidade de água no planeta apresentadas na ilustração da página anterior. Imaginem que, ao todo, estivesse disponível 20 litros de água na Terra. A proporção de água doce corresponderia a quantos litros? Qual tipo de recipiente vocês utilizariam para armazená-la?

2. Conforme os dados disponíveis no gráfico “Países com maior disponibilidade de água”, o Brasil é o país com maior disponibilidade de água do mundo. Vocês acham que a água está disponível de forma equilibrada em todas as regiões do país? Por quê?

3. Observando o gráfico “Países com maior disponibilidade de água”, nota-se que o consumo médio de água por habitante brasileiro está superior ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde. No seu grupo, identifiquem ações que vocês observam ou realizam que podem justificar esse consumo além do recomendado. Conversem a respeito e proponham ações simples para reduzir o consumo diário de água potável.

O ciclo da água

O ciclo da água (ou ciclo hidrológico) é o movimento contínuo da água pelo planeta de forma permanente e constante que envolve transformações do seu estado físico. O principal agente responsável por esse ciclo é o Sol, que atua como fonte de energia capaz de fazer a água, presente em locais como rios e mares, evaporar. Essa água sobe para a atmosfera, e parte dela se condensa e pode formar nuvens. Em condições específicas, ela é capaz de precipitar-se, formando a chuva, que, ao atingir o solo, pode chegar até rios e mares, iniciando novamente o ciclo.

Representação do ciclo da água. (Imagem sem escala; cores-fantasia.)

Fonte: REECE, J. B. et al Biologia de Campbell São Paulo: Artmed, 2011. p. 1244.

Os estados físicos da matéria correspondem à configuração geométrica que seus átomos, moléculas ou íons

possuem:

estado líquido: razoável mobilidade, apresenta forma definida pelo recipiente que contém a matéria; estágio intermediário de energia;

estado gasoso: grande mobilidade; estado elevado de energia;

estado sólido: pouca mobilidade, com forma e volume bem definidos; baixo estado de energia.

O que é a chuva e como ela se forma

Quando a água proveniente de rios, mares e lagos evapora, o vapor de água, mais quente, sobe para as camadas superiores da atmosfera, onde a temperatura é mais baixa. Com o resfriamento do vapor de água, há a formação de gotículas de água e cristais de gelo, que dá origem às nuvens. Conforme a quantidade de água condensada e cristais de gelo aumenta, as nuvens ficam pesadas e carregadas. Caso ocorra uma instabilidade na atmosfera, com troca de calor, essa água pode precipitar-se, dando início à chuva.

As chuvas podem ser classificadas de três formas: chuva frontal, chuva orográfica e chuva convectiva. Veja as imagens a seguir.

Barreira orográfica: formação de relevo, como serras ou montanhas, que interfere na passagem de massas de ar.

Convecção: processo de propagação do calor que ocorre pelo movimento da matéria de uma região para outra.

ar quente (mais leve) ar frio

fria

A chuva orográfica ocorre quando nuvens carregadas de vapor de água encontram uma barreira orográfica. (Imagem sem escala; cores-fantasia.)

A chuva frontal ocorre quando duas massas de ar com características diferentes, como uma quente e outra fria, se encontram. (Imagem sem escala; cores-fantasia.)

ascensão de ar aquecido

ar frio descendente

A chuva convectiva ocorre quando as massas de ar realizam movimento vertical em virtude da existência de correntes de convecção. (Imagem sem escala; cores-fantasia.)

Fonte: GALVANI, E. O vapor de água na atmosfera: tipos de chuva - frontal, convectiva e orográfica. Laboratório de Climatologia e Biogeografia. Departamento de Geografia. Universidade de São Paulo. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4299936/mod_resource/content/1/ Tipos%20de%20precipita%C3%A7%C3%A3o.pdf. Acesso em: 18 out. 2024.

chuva
chuva
frente
LUIS
MOURA
vento
chuva

Aágua da chuva é potável?

Depende. “Em uma cidade grande, a chuva tem vários contaminantes. No campo e nas florestas, ela é mais limpa”, diz a química Adalgiza Fornaro, da USP. Mas não existe chuva pura, composta só de água, em nenhum lugar do mundo. A razão é simples: quando as gotinhas se formam, elas reúnem um pouco de tudo o que está na atmosfera ao redor. Assim, o coquetel chuvoso tem água, é claro, mas também partículas sólidas e gases que ficam em suspensão. “A chuva do campo costuma ser rica em cálcio e potássio vindos do solo. No litoral, os temporais devolvem o sódio que evaporou com o sal da água do mar.” Nas cidades, é mais perigoso.

Para se ter uma ideia, a chuva em São Paulo contém [...]: amônio (que vem da amônia, substância produzida em processos de decomposição, inclusive aqueles ligados ao metabolismo de seres vivos), nitrato (resultante da emissão de óxidos de nitrogênio pelos escapamentos), sulfato (originado dos óxidos de enxofre lançados com a queima de combustíveis), ácidos fórmicos e acéticos (que vêm dos hidrocarbonetos, também liberados pelos carros). Pior: quando a chuva cai, minúsculos grãos de poeira e de fuligem (aquela fumaça preta) ou até mesmo vírus e bactérias podem vir de carona nas gotas. [...]

A ÁGUA da chuva é potável? Superinteressante, Abril Comunicações S.A., 22 fev. 2024. Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/a-agua-da-chuva-e-potavel/. Acesso em: 19 out. 2024.

AT¡v¡DaDeS Não escreva no livro.

A chuva é um fenômeno meteorológico e consiste na precipitação de água da atmosfera.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. De acordo com o texto, por que a água da chuva nas cidades é considerada mais perigosa do que no campo ou em florestas?

2. O ciclo da água representa algumas mudanças de estado físico da água. Você conhece outras situações, além das citadas no texto, que envolvem a mudança de estado físico da água? Descreva alguns exemplos.

3. Em grupo, analisem as opções de mudanças de estado físico que vocês indicaram na questão anterior. Vocês acham que algum(ns) desses exemplos pode(m) contribuir para um melhor uso de algum(ns) recurso(s) natural(is)? De que forma?

4. Considerando a água proveniente da chuva, de que maneira vocês acham que essa água pode ser aproveitada? Façam uma pesquisa para investigar o possível potencial de aproveitamento.

ATiViDADE DE AMP i AÇÃO

. Façam uma pesquisa sobre chuva ácida e elaborem uma definição para o fenômeno. Procurem explicar porque ela apresenta acidez maior que o normal e quais impactos no ambiente essa chuva pode causar.

Água da chuva: é possível utilizá-la? 153

O clima e os regimes de chuva no Brasil

O território brasileiro apresenta grande extensão norte-sul o que resulta na existência de diferentes tipos de clima em nosso território. Para determinar o clima de um local, é necessário considerar um conjunto de fatores: a posição geográfica da região no globo terrestre, ausência ou presença de cadeias de montanhas e dinâmica das massas de ar, dentre outros.

Situado quase inteiramente na faixa de baixas latitudes, atravessado ao norte pela linha do equador e ao sul pelo Trópico de Capricórnio, o clima predominante no Brasil é o tropical conforme é possível observar no mapa a seguir.

Latitude: posição do globo terrestre medida a partir da linha do equador, correspondendo a, no máximo, 90º para o Norte ou para o Sul. Valores considerados de baixa latitude estão entre 0° e 30°.

Equatorial

Equatorial

(Imagem sem escala; cores-fantasia.)

Equatorial úmido

Apresenta temperatura média elevada o ano todo (acima de 18 graus) e alto índice de chuvas.

Equatorial subúmido

Apresenta características semelhantes às do clima equatorial, com a presença de uma estação seca.

Semiárido

Apresenta temperaturas médias elevadas o ano todo (acima de 18 graus), com chuvas irregulares e escassas.

Tropical

Apresenta duas estações bem definidas: verão quente e úmido e inverno ameno e seco.

Tropical de altitude

Semelhante ao clima tropical, apresenta duas estações bem definidas, com verões mais amenos e invernos mais frios.

Subtropical

Apresenta verão quente e inverno frio, com chuvas regulares ao longo do ano.

Climas do Brasil

A posição geográfica de um determinado local é um dos principais fatores relacionados com seu regime de chuvas. Para propor um protótipo de sistema de captação de água da chuva, seja para armazenagem para uso futuro, seja imediato, é fundamental conhecer o regime de chuvas da região onde vivemos. Saber quando chove e o quanto chove é um fator importante para que esse plano seja feito da forma mais eficaz possível.

Outra maneira de analisar a incidência de chuva de um local é consultar os dados pluviométricos . Um pluviômetro é um equipamento que mede a precipitação de chuva em um dado local. Conforme as medidas são realizadas ao longo do tempo, é possível construir um gráfico da quantidade de precipitação ao longo dos meses do ano para esse local, como os climogramas ao lado.

Dados pluviométricos: informações sobre o índice de chuvas de uma determinada região.

Climogramas

Este pode ser um bom momento para explorar ou recordar a leitura de gráficos. Nos exemplos dados, a linha vermelha corresponde à temperatura observada ao longo do ano, enquanto o eixo vertical direito apresenta os valores da temperatura em °C. A precipitação, indicada pelas barras azuis e pelos valores que podem ser observados no eixo vertical esquerdo, corresponde ao valor acumulado de chuva em milímetros, obtido para cada mês do ano (indicados no eixo horizontal).

Fontes: Climate Data. Disponível em: https://pt.climate-data.org/america-dosul/brasil/amazonas/parintins-765463/ e https://pt.climate-data.org/americado-sul/brasil/pernambuco/caruaru-34674/. Acessos em: 19 out. 2024.

AT¡v¡DaDeS Não escreva no livro.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Observem o mapa da página anterior que caracteriza os tipos de clima do Brasil. Na cidade onde vocês vivem, qual é o tipo de clima predominante?

2. Considerando a região onde vocês moram, o que é melhor: propor um sistema de captação de água da chuva para uso imediato ou um sistema de captação e armazenamento? Por quê?

3. Pesquisem os índices pluviométricos da sua cidade. Qual(is) momento(s) do ano é(são) mais propício(s) para captar água da chuva?

Precipitação de chuva no Brasil

No site do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), é possível pesquisar a precipitação de chuva incidente no país para cada dia, mês ou trimestre.

BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia. Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos. Brasília, DF: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2020. Disponível em: https://www.cptec.inpe.br/. Acesso em: 19 out. 2024. Água da chuva: é possível utilizá-la? 155

CARUARU (PE)
GRÁFICOS: LUIS MOURA
PARA ACESSAR

Água: consumo e potabilidade

Limpar a calçada com mangueira durante 15 minutos consome aproximadamente 280 litros de água. Uma alternativa mais sustentável é utilizar uma vassoura na limpeza.

Diversos fatores influenciam na quantidade de água de uma região. Enquanto algumas regiões têm esse recurso em abundância, outras sofrem com sua falta. A região Amazônica, por exemplo, possui grande concentração de água doce, enquanto muitas regiões do Nordeste brasileiro enfrentam problemas relacionados à escassez desse recurso.

Muitas vezes, a falta de água é resultado da utilização inadequada. Por esse motivo, é preciso sempre que possível utilizar a água de maneira consciente. Uma forma de fazer uso racional da água é rever nossos hábitos de consumo. Veja abaixo alguns valores estimados de consumo de água para realizar algumas atividades diárias e sugestões de como diminuí-lo.

Tomar banho de chuveiro por 20 minutos: 120 litros

Tomar banho de chuveiro por 5 minutos: 30 litros

Lavar carro com a mangueira parcialmente aberta por 30 minutos: 220 litros.

Lavar carro utilizando um balde: 60 litros.

Escovar os dentes ou barbear-se por 3 minutos com a torneira aberta: 18 litros.

Lavar roupa no tanque com a torneira parcialmente aberta por 15 minutos: 280 litros.

Lavar roupa enchendo o tanque e fechando a torneira: 80 litros.

Escovar os dentes ou barbear-se por 3 minutos com a torneira fechada: 2 litros.

Acionar a descarga por 6 segundos: de 10 a 14 litros.

Utilizar vaso sanitário econômico: de 3 a 6 litros.

Lavar louça por 15 minutos com a torneira aberta: 240 litros.

Lavar louça por 15 minutos com a torneira fechada: 80 litros.

Fonte dos dados: CAESB. A água, o cidadão e a Caesb. Brasília, DF, 2014. Disponível em: https://www.caesb. df.gov.br/images/arquivos_pdf/ cartlilha_agua_cidadao2.pdf. Acesso em: 19 out. 2024.

Tornando a água potável

Para que fique adequada ao consumo humano, a água doce, proveniente de rios, lagos ou reservatórios, deve passar por alguns processos até que se torne potável. Para isso, existem as estações de tratamento de água (ETAs), onde são retiradas as partículas impróprias para o consumo e adicionados alguns produtos químicos para eliminar da água microrganismos que podem provocar doenças. Veja no infográfico a seguir como é feito o tratamento da água no reservatório.

Como é feito o tratamento da água

2 1 4 3

Representação de uma estação de tratamento de água. (Imagem sem escala; cores-fantasia.)

Fonte dos dados: SABESP. Tratamento de água. São Paulo, 2020. Disponível em: https://www. sabesp.com.br/o-que-fazemos/fornecimento-agua/tratamento-agua. Acesso em: 29 out. 2024.

AT¡v¡DaDeS Não escreva no livro.

1. A água da represa é bombeada para o primeiro tanque sendo que grades auxiliam na barragem de impurezas maiores, como rochas, folhas, plásticos e galhos.

2. Cloro é adicionado à água para auxiliar na retirada de materiais orgânicos e metais. Na sequência, cal ou soda é misturada à água para deixá-la com valores de pH adequados às etapas do tratamento. Por fim, adiciona-se um coagulante (sulfato de alumínio ou cloreto férrico, por exemplo). A água é agitada violentamente, o que resulta na desestabilização elétrica das eventuais partículas de sujeira que ainda permanecem. Utilizando-se o processo de atração de cargas elétricas, essa sujeira é mais facilmente agregada.

3. A água passa por mais três processos. O primeiro é a floculação: a água é misturada vagarosamente resultando na formação de brumas de partículas de sujeira. O segundo é a decantação (método de separação de misturas heterogêneas), processo responsável pela retirada da bruma de sujeira formada na etapa de floculação. Por último, ocorre a filtração: a água entra em um tanque com carvão, areia e cascalho, o que propicia a retirada da sujeira resultante da etapa anterior. Após os três processos, a correção final do pH da água é feita.

4. No reservatório final, cloro e flúor são adicionados. O cloro contribui para desinfetar a água, e o flúor auxilia na prevenção de cáries. Assim, a água está pronta para distribuição e consumo.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Reflita sobre seus hábitos de consumo de água e pense nas atividades que você realiza diariamente. Quais delas necessitam de água?

2. O que você pode mudar no seu dia a dia para contribuir com a economia de água?

3. Em dupla, compartilhem os métodos que vocês apontaram como sugestões para a diminuição do consumo de água. Vocês acham que seria possível aplicar esses métodos na escola ou na residência onde moram? De que forma?

4. Após a leitura do texto e a análise do infográfico, descrevam duas etapas do tratamento da água nas ETAs e expliquem por que elas são essenciais para garantir que a água seja segura para o consumo humano.

A água que consumimos, mas não vemos

Muitos produtos que consumimos ou utilizamos diariamente necessitam de água durante o processo de produção e, apesar de não percebermos, estamos consumindo indiretamente essa água ao utilizá-los. As indústrias de eletrônicos, alimentos, vestuários, os setores de energia, mineração e transporte, por exemplo, também necessitam de água para realizar suas atividades. Medir a quantidade de água necessária para produzir produtos está atrelado ao conceito denominado pegada hídrica.

Uma medida de sustentabilidade ambiental: pegada hídrica

[...] O conceito dominante de desenvolvimento sustentável consiste em descobrir como o planeta pode proporcionar recursos suficientes para assegurar o bem-estar das pessoas, em toda parte. Neste particular, as pegadas ecológica, hídrica e de carbono demonstram que a humanidade está vivendo, atualmente, além da capacidade da Terra [...]. No início de 1990 o conceito de pegada ecológica (PE) foi introduzido como medida da apropriação humana das áreas biologicamente produtivas [...]. Cerca de dez anos depois [...] um conceito similar denominado pegada hídrica (PH) [foi lançado] para medir a apropriação humana da água doce no globo. Muito embora ambos os conceitos tenham raízes e métodos de medição diferentes, em alguns aspectos os dois conceitos os têm em comum pois traduzem o uso de recursos naturais pela humanidade [...]. A PE expressa o uso de espaço (hectares) enquanto a PH mede o uso total de recursos de água doce (em metros cúbicos por ano).

[...]

[…] A PH é definida como o volume de água total usada durante a produção e o consumo de bens e serviços, bem como o consumo direto e indireto no processo de produção. A determinação da PH é capaz de quantificar o consumo de água total ao longo da cadeia produtiva [...].

[...]

A sustentabilidade de uma pegada hídrica depende inteiramente de fatores locais, como as características hídricas da região. Por exemplo, uma PH grande torna-se sustentável em áreas ricas em água enquanto uma PH pequena pode comprometer a sustentabilidade em áreas com escassez de água. Deste modo, o desmatamento e o reflorestamento afetam o processo hidrológico de tal forma, que podem influenciar diretamente a disponibilidade de água [...].

[...] A pegada hídrica de um consumidor é calculada pela soma de suas pegadas hídricas direta e indireta, em que a pegada hídrica direta (uso direto) se refere ao consumo e à poluição da água que é utilizada em casa ou no jardim enquanto a pegada hídrica indireta (uso indireto) corresponde ao consumo e à poluição de água utilizada na produção de bens e serviços utilizados pelo consumidor (exemplo: alimentação, vestuário, energia, papel e consumo de bens industriais). O uso indireto da água é calculado multiplicando-se todos os produtos consumidos por suas respectivas pegadas hídricas.

A PH foi definida com base no uso real da água por unidade de consumo; logo, ela só pode ser calculada através da análise da fonte de bens de consumo e só então considerar o uso real da água nos países de origem, ou seja, onde a produção acontece.

SILVA, V. P. R. et al. Uma medida da sustentabilidade ambiental: pegada hídrica. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 17, n. 1, p. 100-105, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-43662013000100014. Acesso em: 19 out. 2024. MAUVEINEIMAGES/SHUTTERSTOCK.COM/

Observe, a seguir, exemplos de valores de pegada hídrica de alguns alimentos e produtos.

Exemplos de pegada hídrica

Para produzir uma xícara: são necessários 123 litros de água.

Para produzir um litro: são consumidos mil litros de água.

Para fabricar 100 g: são necessários 1 7 19 litros de água.

Para produzir 1 kg: são necessários 2 497 litros de água.

AT¡v¡DaDeS Não escreva no livro.

Para produzir 1 kg: são necessários 18 415 litros de água.

Para produzir uma folha de papel A4: são necessários 10 litros de água.

Para produzir 1 litro de etanol (de cana) são necessários 2 107 litros de água.

Para produzir um 1 kg: são necessários 4 325 litros de água.

em: https://www.ebc.com.br/especiais-agua/agua-invisivel/. Acesso em: 19 out. 2024.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Retome os dados levantados por você sobre seus hábitos de consumo (obtidos no item Água: consumo e potabilidade). Você inseriu algum dos exemplos citados na pegada hídrica?

2. Refaça a estimativa do seu consumo indicando agora alguns exemplos relacionados aos alimentos que você consome ou produtos que utiliza indicados nos exemplos da imagem acima.

3. Pesquisem, em grupos, a quantidade de água necessária em diferentes setores, como de vestuário, alimentos, eletrônicos, transporte e outros. Cada grupo deverá ficar responsável pela pesquisa e apresentação dos dados obtidos referentes a um dos setores escolhidos.

4. De forma integrada com toda a turma, exponham os dados encontrados na questão anterior. Organizem essas informações em uma tabela. Ela poderá ser utilizada na apresentação final para a comunidade e contribuirá para a conscientização dos hábitos relacionados ao consumo de água.

Água da chuva: é possível utilizá-la?

Chocolate Automóvel
Leite
Folha de papel A4
Café
Arroz
Carne bovina
Carne de frango
Fonte dos dados: WATER footprint network. Product Gallery; FERREIRA, P. Água invisível. EBC Disponível

Casa de adobe com cisterna para captação de água da chuva no Quilombo da Lapinha, em Matias Cardoso (MG), 2022.

Para finalizar

P roposta de sistema de captação de água da chuva

PRODUTO FINAL

Existem diferentes tipos de sistemas de captação e armazenamento de água da chuva. Vamos iniciar o processo de elaboração de uma proposta para a construção de um desses sistemas.

Como nem todos os usos da água no nosso dia a dia exigem que ela seja potável, a água da chuva pode ser uma alternativa útil. Ela pode ser utilizada em diversas atividades diárias, como lavar o chão ou na descarga do vaso sanitário. Dependendo do tipo de tratamento que essa água receber, ela pode ser utilizada para outras funções, como regar jardins ou plantações. No entanto, ela não é indicada para beber ou preparar alimentos. Como já vimos, para torná-la potável, é necessário um longo processo de tratamento.

Caso julgue possível, incentivar os estudantes a pesquisar métodos de análise de água para verificar a qualidade dela. Outra alternativa possível é entrar em contato com institutos especializados que realizam esse tipo de análise e solicitar a verificação da água captada.

Além da economia do consumo de água, desenvolver um sistema de captação de água da chuva pode proporcionar uma economia financeira. Leiam juntos um texto sobre o tema.

Sesc-SC economiza 214 mil litros com uso de água da chuva

No Dia Mundial da Água, instituição reforça importância de iniciativas sustentáveis para uso eficiente do recurso hídrico [...]

O uso da água da chuva para irrigação de áreas verdes como hortas, estufas e jardins e ainda nas descargas dos vasos sanitários permitiram uma economia de cerca de 215 mil litros por dia. O consumo de água é um dos indicadores do Projeto Ecos de Sustentabilidade, desenvolvido nacionalmente pelo Sesc, que tem como finalidade o acompanhamento e a realização de ações para sensibilização de colaboradores e da comunidade, quanto à adoção de práticas sustentáveis como a redução do consumo e a mitigação do desperdício.

Não apenas no Dia Mundial da Água, mas ao longo de todo o ano, são desenvolvidas ações e adotados novos modelos de infraestrutura capazes de atender aos requisitos de eficiência e sustentabilidade buscados pela instituição. Além da captação e do armazenamento da água das chuvas, os principais exemplos são uso de redutores de pressão, a implantação de caixas acopladas de vasos sanitários com duplo comando e o uso de temporizadores em torneiras de pias. [...]

SESC. SESC-SC economiza 214 mil litros com uso de água da chuva, 21 mar. 2023. Disponível em: https://www.sescsc.com.br/institucional/sesc-sc-economiza-214-mil-litros-com-uso-de-agua-da-chuva-.Acesso em: 19 out. 2024.

C onhecendo algumas opções

Por serem muito versáteis, os sistemas para captação de água da chuva já foram e são utilizados de diversas formas. Antigas civilizações, como os incas, já enfrentavam problemas relacionados à falta de água em alguns períodos e, por isso, sentiram a necessidade de criar maneiras para armazenar e economizar água. Da mesma forma, a demanda atual de consumo de água reflete a necessidade de construir estratégias para proporcioná-la àqueles que, por algum motivo, não têm acesso a ela.

O Programa Cisternas

O Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome financia o Programa Nacional de Apoio à Captação de Água de Chuva e outras Tecnologias Sociais com o Programa Cisternas (desde 2003). Esse programa promove o acesso à água, a partir da construção de cisternas para armazenagem de água proveniente das chuvas, e é destinado às famílias rurais de baixa renda que vivem no semiárido e na Amazônia. As cisternas podem ser construídas em residências, escolas ou locais de produção agrícola, com grande potencial de armazenagem da água e com os elementos necessários para torná-la potável. Elas são capazes de suprir as necessidades de água em escolas, residências ou para a produção agrícola. Leiam a seguir um outro texto sobre o tema.

Água da chuva: é possível utilizá-la? 161

Com retomada do investimento, Governo leva mais de 58 mil cisternas ao Semiárido

No Semiárido nordestino, um sonho começa a ganhar forma. A retomada do Programa Cisternas vem enchendo a casa das famílias de esperança. Em meio às obras de uma cisterna para a produção de alimentos em sua propriedade, Jamile da Silva, 26 anos, faz planos para o futuro. A tecnologia de acesso à água, combinada com o recurso do Programa Fomento Rural, vai proporcionar a ela uma renda extra.

A produtora mora na comunidade Pau Preto, zona rural de Juazeiro, ao norte da Bahia. “O Programa Cisternas é perfeito”, definiu Jamile, sorridente. São mais de 42 mil cisternas contratadas, a partir de convênio entre o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e o Consórcio Nordeste. [...]

[...] O convênio prevê a instalação de 39 mil tecnologias de acesso à água para consumo humano e 2,89 mil sistemas para consumo animal e produção de alimentos. As famílias que recebem as cisternas para a produção de alimentos também são inseridas no Programa Fomento Rural, em um repasse de R$ 13,3 milhões pelo acordo.

Somadas essas novas 42 mil cisternas, desde o ano passado [2023] o Governo Federal contratou 62,7 mil unidades, sendo 58,2 mil para o Semiárido e as demais para a região Amazônica.

[...]

“Essa cisterna vai me ajudar na atividade produtiva, vou saber que estou consumindo alimento saudável. E o Fomento vai me dar uma garantia de ter uma criação melhor, que eu preciso também, de caprinos e ovinos”, projetou Jamile, enquanto acompanha em detalhes o processo de construção da estrutura. Nascida e criada na zona rural, é nessa mesma terra em Juazeiro que ela quer continuar a escrever sua história.

[...]

A poucos quilômetros da propriedade em que Maria Sonia cria caprinos, a família de André Nascimento também tem na pequena agricultura o meio de subsistência. É da atividade no campo que o produtor colhe qualidade de vida para os três filhos. Ao lado da esposa, Márcia Cristina, ele enxerga no Programa Cisternas a chance de ampliar e otimizar a produção na área em que vivem.

Aos 43 anos, essa será a primeira vez que o agricultor vai manejar uma horta.

[...]

As tecnologias sociais de acesso à água são um importante equipamento para a convivência com as regiões, promovendo dignidade, saúde, segurança alimentar e melhores condições de vida. Além disso, pesquisas científicas mostram a importância desses sistemas na saúde de gestantes e recém-nascidos.

COM retomada do investimento, Governo leva mais de 58 mil cisternas ao Semiárido. Agência GOV, 14 jun. 2024. Disponível em: https://agenciagov. ebc.com.br/noticias/202406/programa-cisternas-avanca-e-promovecidadania-as-familias-do-semiarido-nordestino. Acesso em: 19 out. 2024.

Cisterna para captação de água da chuva na Escola Estadual Saturnino Vieira de Melo na comunidade Malhador, em Buíque (PE), 2023.

ADRIANO KIRIHARA/PULSAR IMAGENS

P ropondo uma alternativa

Agora é o momento de elaborar a proposta de um sistema de captação de água da chuva. Uma proposta tem por finalidade apresentar os pontos que serão abordados na realização do produto, a fim de comunicar uma ideia a alguém que se interesse por ele. Esta proposta deve conter informações gerais, como objetivo, justificativa, cronograma e materiais necessários para produzir o produto escolhido.

Como a ideia é apresentar uma proposta de sistema de captação de água da chuva, a inserção de um esboço faz-se necessária. Um esboço é um desenho do que se deseja produzir, com informações como tamanho, tipos de materiais que podem ser utilizados, local onde será construído etc. Fazer o esboço é muito importante, pois possibilita visualizar com mais facilidade os aspectos físicos da proposta e permite que sejam feitas alterações. O esboço é o primeiro passo para idealizar um protótipo para o sistema que foi planejado e poderá funcionar como um teste caso a construção do sistema seja efetivada.

terraço

apartamentos

Protótipo que simula um sistema de captação e armazenamento de água da chuva.

telhado
calha
local de filtragem
tanque de captação
tanque de armazenamento de água para uso
poço

Quais são os elementos fundamentais?

Existem diversos tipos de formatos de sistemas de captação de água da chuva, mas, considerando que essa água poderá ser utilizada para diversos fins e em diversos momentos, é interessante acoplar a esse sistema um reservatório protegido com tampa. Esse reservatório pode ser feito de diferentes materiais: desde garrafas plásticas conectadas a um sistema de escoamento da água até reservatórios maiores feitos de plástico ou concreto.

Um sistema de captação de água da chuva necessita de alguns componentes. O filtro é um elemento acoplado à primeira entrada de água no reservatório (cano conectado à calha) ou à própria tampa do reservatório. Esse filtro barra algumas sujeiras que podem ser carregadas, como folhas, galhos e insetos. Para a filtragem, é possível utilizar materiais como coador de café e peneira de chá acoplados ao cano. Já para a tampa do reservatório, o ideal é utilizar uma tela mosquiteiro. A decantação pode ser realizada no reservatório. Esse método consiste em deixar a água do reservatório em repouso por algum tempo, até que o material de maior densidade se deposite no fundo do recipiente. Por isso é interessante que a torneira de saída do reservatório fique um pouco acima de sua base para que a água que será utilizada não saia com esse material. Por fim, para evitar a proliferação de microrganismos e, consequentemente, diminuir a qualidade da água coletada, é recomendável que seja adicionado cloro à água.

O ideal é que a primeira água da chuva seja desprezada, pois ela contém sujeiras presentes no telhado e na calha.

O cano é acoplado à calha e direciona a água para o reservatório.

A tampa é um elemento fundamental. Ela evita que sujeiras entrem em contato com a água reservada, impede a proliferação de mosquitos (como os da dengue) e evita acidentes, como eventuais quedas dentro do reservatório.

A calha, acoplada ao telhado, funciona como local para escoamento da água proveniente da chuva.

O coador funciona como um filtro e pode ser acoplado ao cano ou à tampa do reservatório, cobrindo-o totalmente. O coador impede que a água que entra no reservatório contenha galhos, folhas e outros elementos que a deixem suja.

O ladrão impede que o reservatório transborde. Ele pode ser acoplado a outros reservatórios, garantindo um acúmulo de água maior, ou pode ser utilizado para desprezar parte da água. Para garantir que nenhum mosquito entre, o reservatório precisa ser vedado com uma tela de mosquiteiro.

MANZI

C omo desenvolver uma proposta?

Para iniciar a estruturação da proposta de sistema de captação de água da chuva, reúna-se com seu grupo de trabalho. As questões a seguir podem auxiliá-los no desenvolvimento da proposta, mas outras podem ser pensadas e acrescentadas conforme sentirem necessidade.

1. Que tipo de sistema de captação de água da chuva atende melhor a realidade de vocês?

O ideal é um sistema somente de coleta ou uma opção que possibilite a armazenagem?

2. Quais materiais são necessários para a construção do sistema?

3. É possível reduzir o custo de construção do sistema? De que maneira?

A proposta desenvolvida por vocês deverá conter, no mínimo, as seguintes informações:

• desenho do sistema de captação de água: façam um esboço de como deverá ficar o sistema;

• listagem dos materiais: o que é preciso para construir o sistema? Pode-se utilizar qualquer material ou não? Quais materiais podem contaminar a água que será armazenada e não devem ser utilizados?

• local da implantação: a proposta do sistema é para qual local – residência, escola, outro?

• estimativa de custo: pensando nos materiais listados e na mão de obra necessária, qual seria o custo para executá-la? É possível estabelecer parcerias na região para fazê-lo? Quais? É possível reutilizar materiais, barateando o custo da produção?

• fontes de pesquisa: indiquem na proposta as fontes pesquisadas. Utilizem sempre fontes confiáveis, como sites governamentais, de universidades, jornais e revistas conhecidos, livros didáticos ou de especialistas da área, etc. Informem a data de acesso aos endereços eletrônicos consultados, ano e edição de livros ou revistas especializadas.

Espaço da Escola Municipal Durvalina Pereira Oliveira De Assis sobre sistema de captação de água da chuva em Londrina (PR), 2023.

E xemplo de sistema de captação de água da chuva para regar horta orgânica urbana em São Paulo (SP), 2021.

C omunicando a proposta

Agora é o momento proposta que vocês

Este é o momento de refletir sobre o que aprenderam e construíram, criando uma estratégia de comunicação para que a comunidade possa conhecer as propostas da turma e, principalmente, sensibilizar-se com o tema trabalhado.

A seguir, será apresentada uma proposta para essa comunicação, mas vocês, com o professor, podem pensar em outras opções que se adaptem melhor tanto à realidade escolar quanto ao público que receberá essas informações. Os pontos a seguir podem auxiliá-los na elaboração desta apresentação. Registrem as respostas no caderno e garantam que elas apareçam de alguma forma na comunicação que será elaborada. de comunicar a

Por que é importante conscientizar a comunidade sobre o uso mais consciente da água?

Como foi o processo de criação da proposta?

Quais foram os conceitos científicos aplicados na proposta?

Como funciona o sistema que vocês planejaram? Como ele contribuiria para a economia de água, caso fosse implantado?

Como será comunicado?

Para comunicar o resultado deste projeto, vocês realizarão uma apresentação, preferencialmente, para um público externo à escola. No seu grupo de trabalho, um integrante deverá ser escolhido para apresentar a proposta, podendo ser uma pessoa com facilidade de comunicação.

É fundamental que todos contribuam para a realização do evento, pois, antes de sua realização, será necessário organizar todas as informações em uma apresentação, utilizando principalmente recursos visuais, que atraem mais facilmente o público.

Para esse evento, como será necessária a organização da escola para receber um público, algumas ações devem ser consideradas:

• organizar antecipadamente com os professores, a direção e a coordenação da escola uma data para a realização do evento;

• verificar um local na própria escola ou na região, que pode ser utilizado para o evento;

• identificar se nesse local os itens necessários para a apresentação já estão disponíveis e, caso não estejam, providenciá-los antecipadamente;

• analisar a quantidade de pessoas que esse local pode receber;

• lembrar-se de convidar o público antecipadamente para que as pessoas se programem para o evento. Caso necessário, fazer um convite formal, impresso, mas pensar em alternativas mais sustentáveis, como um convite verbal ou por algum canal de comunicação da escola;

• se for possível, convidar também profissionais da área que podem contribuir para a execução das propostas elaboradas e, ainda, profissionais que atuam em institutos de análise de água;

• no dia da apresentação, organizar um grupo de estudantes para receber e acomodar os convidados, agradecendo antecipadamente a participação;

• mostrar brevemente a agenda de apresentações do evento, listando-as por grupo ou proposta;

• garantir que cada grupo tenha um tempo curto de apresentação, de 5 a 10 minutos, para não torná-la demasiadamente longa;

• deixar um tempo livre para questionamentos, dúvidas ou comentários que possam surgir por parte da plateia ao final de todas as apresentações;

• por fim, agradecer novamente a presença de todos.

Em uma apresentação, é fundamental expressar-se de forma clara, precisa e segura. Caso considere necessário, treine antecipadamente com os colegas.

Avaliação

Veja nas Orientações para o professor observações e sugestões sobre o uso dos quadros avaliativos.

Para avaliar o processo de construção dos saberes, das atitudes e a reflexão sobre o tema e o mundo do trabalho, sugerimos a elaboração de quadros que permitem o acompanhamento da produção e a reflexão do que foi desenvolvido nas etapas do projeto. Os quadros devem ser copiados e preenchidos de acordo com as orientações do professor.

Avaliação dos saberes

ETAPA 1 – VAMOS COMEÇAR

A.

B.

Não escreva no livro.

Discutir sobre a importância da água como recurso fundamental e sua utilização em diferentes setores.

Refletir sobre o acesso à água potável, considerando a população mundial.

Reconhecer alternativas desenvolvidas em diferentes épocas e em diferentes regiões que evidenciam um melhor aproveitamento da água.

ETAPA 2 – SABER E FAZER

AVALIAÇÃO DAS AÇÕES D ESENVOLVIDAS

1 Realizei com facilidade

2 Realizei

3 Realizei com dificuldade

4 Não realizei

Reconhecer a disponibilidade da água potável no planeta e como é sua distribuição.

Compreender o ciclo da água. B.

C.

D.

E.

Conhecer o processo de formação de chuvas.

Reconhecer que a água da chuva não é potável e pode conter contaminantes.

Analisar os climas do Brasil e seus impactos no regime de chuva nas diferentes regiões do país.

Reconhecer quanta água é necessária para realizar algumas atividades comuns no nosso cotidiano. F.

Entender quais procedimentos são necessários para tornar a água potável, realizados nas estações de tratamento (ETAs). G.

H.

Compreender o conceito de pegada hídrica e conhecer os valores para alguns produtos e alimentos.

ETAPA 3 – PARA FINALIZAR

Analisar algumas propostas de sistemas de captação de água da chuva.

Compreender alguns elementos importantes de um sistema de captação de água da chuva. B.

C.

D.

Elaborar propostas de um sistema de captação de água da chuva.

Apresentar as propostas de sistemas de captação de água da chuva para a comunidade.

Avaliação das atitudes

Não escreva no livro.

Realizo as tarefas nas datas sugeridas de forma atenta e responsável. A.

B.

Atuo com organização, trazendo para as aulas todo o material solicitado.

Demonstro comportamento adequado e comprometido nos diferentes momentos de desenvolvimento do projeto. C.

D.

E.

F.

G.

H.

Escuto com atenção as explicações e proposições do professor, colegas e outras pessoas envolvidas nas atividades propostas.

Apresento atitude colaborativa, compartilhando opiniões, sugestões e propostas com os colegas.

Falo com clareza, ao compartilhar dúvidas e opiniões.

Atuo de forma respeitosa em relação às dificuldades apresentadas pelos colegas.

Demonstro empatia e respeito quando lido com opiniões e contextos diferentes dos meus.

MUNDO DO TRABALHO

Na sua cidade, a empresa responsável pelo abastecimento de água desempenha um papel fundamental para garantir que a água chegue às casas de maneira segura e adequada para o consumo. Pesquise sobre essa empresa, identificando os profissionais que trabalham nela, como engenheiros civis, técnicos ambientais, operadores de ETA, entre outros. Escolha um desses profissionais e escreva um pequeno parágrafo explicando suas funções e como esse trabalho contribui para o fornecimento de água potável à população.

AVALIAÇÃO DAS ATITUDES E POSTURAS

1 Sempre.

2 Frequentemente.

3 Raramente.

4 N unca.

Veja nas Orientações para o professor observações e sugestões sobre o uso dos quadros avaliativos.

MODA E CONSUMO: COMO PRATICAR AÇÕES SUSTENTÁVEIS?

Este projeto propõe uma análise crítica sobre as relações entre moda e consumo, visando a uma atitude mais sustentável de todos. O protagonismo juvenil se fará presente na participação ativa e cidadã dos estudantes estimulados a desenvolverem sua capacidade de argumentação crítica. Além disso, faremos uma reflexão sobre o nosso próprio consumo, explorando questões socioambientais envolvidas na indústria da moda e produzindo, ao final, um evento de moda sustentável para toda a comunidade.

Consumir é um hábito que precisa ser repensado, pois, muitas vezes, compramos com exagero e sem necessidade.

ViSÃO GERA DO PROjETO

Moda e consumo: como praticar ações sustentáveis?

TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS:

• Educação para o consumo

• Trabalho

• Educação em direitos humanos

• Diversidade cultural

COMPONENTES CURRICULARES:

• Ciência e tecnologia

• Direitos da criança e do adolescente

• Processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso

• Líder: Ciências da Natureza e suas Tecnologias – Química e Biologia

• Outros perfis disciplinares: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas – Geografia e História; Linguagens e suas Tecnologias – Língua Portuguesa e Arte

OBJETOS DO CONHECIMENTO:

• Vida e evolução

• Produção, circulação e consumo de mercadorias

• Cidadania, diversidade cultural e respeito às diferenças sociais, culturais e históricas

• Processos de criação

ETAPAS

DO PROJETO

O percurso deste projeto pode ser alterado e construído de acordo com as necessidades da turma.

ETAPA

Vamos começar

Apresentação geral do tema do projeto e de como ele será desenvolvido. Reconhecimento do papel da moda como forma de expressão, identidade e também como modo de consumo. Reflexão sobre os próprios hábitos de consumo. Discussão geral sobre a necessidade de se repensar o consumo excessivo, tornando-o mais sustentável.

> PRODUTO FINAL:

Organização de um evento de moda sustentável

OBJETIVOS:

ETAPA 2

• Refletir sobre os padrões de consumo da moda, sobre as implicações sociais, ambientais e no mundo do trabalho.

• Refletir sobre quais práticas podem ser aplicadas no dia a dia para se ter atitudes mais sustentáveis em relação ao consumo, em especial, associado à moda.

• Atuar de forma criativa e expressiva por meio dos temas moda e consumo.

• Compreender os impactos ambientais da cadeia de produção têxtil.

• Discutir a atribuição social das roupas como parte da identidade de determinados grupos.

JUSTIFICATIVAS:

Os padrões de consumo da moda atual levam as pessoas a tratarem as roupas e os acessórios como algo efêmero e descartável, ocasionando graves problemas ambientais. Outra implicação, de cunho social, são os padrões de beleza impostos de forma excludente e com pouca representatividade na sociedade. Este projeto propõe uma reflexão sobre essa e outras questões, tendo como conceito norteador a sustentabilidade, e envolve ainda o desenvolvimento da criatividade, espírito de equipe e consciência sobre o significado da moda para a identidade e o protagonismo do jovem no meio em que vive.

Saber e fazer

Caracterização dos conceitos fast fashion e slow fashion. Reconhecimento dos impactos ambientais causados pela produção de roupas. Compreensão dos fatores envolvidos na precificação das roupas. Reflexão sobre a exploração social existente na indústria da moda. Discussão sobre a importância de evitar consumir produtos de marcas que violem os direitos humanos e trabalhistas. Reconhecimento da moda como alvo e meio de protestos. Valorização da importância do respeito às individualidades sem se nortear pelos padrões estéticos. Reflexão sobre a influência da moda nos diversos aspectos das nossas vidas.

Para finalizar

Planejamento e execução de um evento de moda sustentável que contará com uma exposição de painéis, um bazar solidário e um desfile. Elaboração de painéis temáticos sobre a influência da moda em nossa vida pessoal, evidenciando também a perspectiva profissional a partir da organização do evento. Arrecadação de roupas que serão utilizadas no evento. Customização de roupas para o desfile. Realização do evento com a participação da comunidade.

ETAPA

Coletivo: aquilo que pertence ou é inerente a um grupo de coisas ou pessoas.

Vamos começar

O que a roupa representa?

CONVERSA INICIAL

Usar roupas é algo trivial que faz parte do nosso cotidiano e, posto isso, é interessante pensarmos sobre o ato de usar roupas, o que ele simboliza e o que mais pode estar associado a ele.

Além de proteger do frio, dos raios solares e da exposição do corpo, as roupas também são fonte de informação sobre a história da humanidade.

Elas podem nos dizer muito sobre a cultura, os costumes, os comportamentos, as classes sociais e as identidades diferentes épocas e locais do mundo. O modo de se vestir retrata a história da humanidade, bem como a evolução das tecnologias relacionadas ao mundo do trabalho, especialmente a produção. A moda é capaz de refletir opiniões, sentimentos, autoidentidade de grupos ou indivíduos, exercendo um papel de comunicação e expressão.

Além dessas questões, as roupas representam um coletivo e a realidade na qual ele se insere. Podem transmitir, por exemplo, informações sobre o cotidiano das pessoas, sobre seu trabalho (uniformes, roupas características), sobre sua religião, sua cultura, tradições etc.

Representação de pessoas de diferentes origens.

É comum associarmos certo estilo de roupa a um determinado período. Roupas coloridas e descontraídas, por exemplo, geralmente são associadas ao movimento hippie das décadas de 1960 e 1970, enquanto a década de 1950 ficou marcada por seus trajes de banho característicos.

Alguns estilos de roupa são tão característicos que se tornam referências para certas épocas ou profissões. Neste caso, as roupas coloridas e descontraídas remetem às décadas de 1960 e 1970 (A), enquanto o jaleco branco remete aos profissionais da área de saúde (B).

Moda como expressão da identidade

Notícia de divulgação de estudo realizado pela Universidade de São Paulo sobre como a moda está relacionada a diversos fatores psicológicos, sociais e culturais em diversos momentos da História.

SOUZA, A. P. Estudo da EACH afirma o papel essencial da moda na formação da identidade. Agência USP de Notícias, 16 out. 2013. Disponível em: https://www5.usp.br/noticias/sociedade/estudo-da-each-afirma-o-papel-essencial-da-moda-na-formacao-da-identidade/. Acesso em: 22 out. 2024.

AT¡v¡DaDeS Não escreva no livro.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Vocês já repararam como a forma de se vestir muda ao longo do tempo? Comentem sobre isso com base em suas experiências pessoais, considerando, por exemplo, o que vocês observam em fotografias antigas, peças de teatro, filmes, seriados etc. e também nas próprias mudanças de visual pelas quais já passaram ao longo da vida.

2. O modo de vestir em uma mesma época também pode variar. Pensando nisso e considerando os dias de hoje, citem exemplos de diferentes estilos que você já viu na sua própria cidade, incluindo, por exemplo, roupas características de algumas profissões.

3. Vocês estabelecem alguma relação entre a roupa e a pessoa que a usa?

4. Como vocês escolhem suas roupas? Há algum motivo para vocês usarem as roupas que usam?

A B
PARA ER

C onsumo e sustentabilidade

Além de ser uma forma de expressão, a moda também diz muito sobre o nosso comportamento em relação aos modos de consumo e se estes são sustentáveis ou não. Portanto, primeiro, é importante definirmos esses dois conceitos.

O que é consumo?

Consumo é a atividade que envolve a aquisição e utilização de bens, serviços ou materiais, naturais ou artificiais.

O que é sustentabilidade?

O conceito de sustentabilidade está relacionado ao nosso modo de interagir com o mundo e propõe um equilíbrio entre a conservação do meio ambiente e o desenvolvimento social e econômico.

O consumo de produtos, além da real necessidade, pode representar um problema para o meio ambiente, como a maior geração de lixo e o maior consumo de matérias-primas.

As grandes empresas de moda, que buscam a maior produção com o menor custo, bem como os atuais padrões de consumo da sociedade acabam extrapolando o limite da necessidade. Nos últimos anos, temos também observado, sobretudo em áreas mais urbanizadas, um aumento no número de lojas que comercializam roupas, sapatos e acessórios. Neste contexto, um dos grandes problemas gerados é a exploração dos trabalhadores envolvidos na confecção das roupas, que muitas vezes se encontram em regimes de trabalho análogo à escravidão. Outro exemplo mais evidente é a quantidade de resíduos têxteis produzida, que geralmente não é reciclada e acaba por se tornar um sério problema para o meio ambiente. Não é incomum ver, em locais de descarte de lixo, ou em locais inapropriados para descartes, como terrenos baldios, amontoados de roupas em meio ao lixo comum.

O modo como se consome (abaixo, dentro ou acima da necessidade), a durabilidade ou o tempo de uso (longo, médio ou curto prazo) e como se descarta (adequada ou inadequadamente; reciclado ou não) um determinado produto pode revelar o nível de conscientização dos consumidores, bem como a necessidade de práticas mais sustentáveis.

STUDIOVIN/SHUTTERSTOCK.COM

Para se conhecer o contexto em que se vive, é necessário refletir sobre os perfis de consumo e de descarte pessoais e locais. Vale também o exercício de pensar sobre a responsabilidade de cada um de nós na solução dos problemas locais, na autoconscientização e conscientização do coletivo, como um primeiro passo para a resolução de problemas de âmbitos mundiais, como o esgotamento de matérias-primas e a geração de diferentes resíduos. Além disso, é importante ressaltar que a velocidade com que exploramos os recursos naturais já é maior do que aquela necessária para que eles sejam renovados pelo planeta.

Destino irregular de restos de resíduos têxteis descartados no Parque da Raposa em Apucarana, Paraná, em 2019.

Ver nas Orientações para o professor observações e sugestões para estas atividades.

1. Responda no seu caderno o que se pede nos itens a seguir:

a) Como a moda está inserida em sua vida? Em que momentos ela se faz presente e de que forma isso acontece?

b) Você já pensou sobre a origem das roupas? De onde elas vêm? Quem as produziu? Quais são os recursos e materiais necessários para que sejam produzidas?

2. Você considera o seu visual um hábito de consumo? Justifique.

3. Sobre o seu padrão de consumo, responda:

a) Quantas peças de roupas, sapatos ou acessórios você costuma adquirir por mês?

b) Qual método de descarte você utiliza ou que destino dá às peças que não lhe interessam mais?

4. Organizem a sala em roda e exponham os principais pontos refletidos durante a realização das atividades anteriores.

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ORGANIZANDO OS TRABALHOS

P rojeto – Moda e consumo

A indústria da moda é uma das mais lucrativas e ativas na economia mundial. Hoje, há uma intensificação na produção de mercadorias e uma banalização do consumo para além daquilo que é necessário, o que traz várias consequências negativas.

Além de sustentável, a personalização de roupas envolve diferentes habilidades e estimula, principalmente, a criatividade.

Os problemas relacionados à sua produção vão desde regimes de trabalho análogo à escravidão até a geração de resíduos em grandes escalas. Entretanto, apesar dos problemas, a indústria da moda tem inúmeros pontos positivos, como geração de empregos, oportunidade para o desenvolvimento de tecnologias e atuação como forma de expressão cultural e artística. Além disso, a moda frequentemente está associada à defesa de determinadas causas, campanhas solidárias de doação de roupas e desfiles beneficentes.

Ao longo do projeto, refletiremos sobre problemas e soluções para diferentes pontos relacionados ao mundo da moda, com uma abordagem voltada à sustentabilidade, aliando o uso da criatividade e a utilização da moda como manifestação cultural e de identidade.

Como produto final, realizaremos um evento de moda sustentável, que será composto por três atividades:

• um desfile de roupas sustentáveis produzidas por vocês;

• um bazar solidário;

• uma mostra de painéis sobre como a moda influencia nossas vidas.

BIBADASH/SHUTTERSTOCK

PARA AS PROXiMAS ETAPAS

Caso julgue interessante, é possível adiantar as decisões sobre nome, data, local e convite do evento. Além disso, também é possível adiantar a arrecadação de roupas para que ela ocorra paralelamente à etapa 2.

1. Vocês deverão se organizar em grupos de até quatro integrantes que trabalharão juntos até o final do projeto. Para isso, é importante que pensem em cada integrante para compor um grupo com uma boa diversidade de perfis, pois serão necessárias habilidades como leitura e interpretação de texto, pesquisa, habilidades manuais para personalização de roupas (costura, recorte etc.) e muita criatividade.

2. Além disso, algumas atividades serão realizadas em duplas. Portanto, escolha alguém que pertença ao seu grupo para ser sua dupla, quando necessário.

3. Na sequência, teremos atividades que aprofundarão a análise sobre aspectos ambientais, econômicos e sociais relacionados à indústria da moda, possibilitando a ampliação do seu conhecimento cultural, estimulando seu pensamento crítico a respeito do mundo que o cerca e possibilitando a reflexão sobre os seus próprios hábitos de consumo.

4. Em seguida, vocês desenvolverão painéis temáticos relacionando o que foi abordado e como a moda está presente em suas vidas. Esses painéis serão expostos no evento final.

5. Para finalizar, teremos atividades mais voltadas à realização do evento de moda sustentável, incluindo a arrecadação de roupas para o desfile e para o bazar solidário. Essas atividades proporcionarão oportunidades valiosas, como a de planejar e organizar um evento, criar soluções para possíveis imprevistos que poderão surgir e transmitir ideias que forem construídas ao longo do projeto.

Materiais:

• Roupas e tecidos usados.

O produto final proposto é uma sugestão para finalizar o trabalho sobre o tema abordado neste projeto. Uma possibilidade de ampliar essa proposta é organizar o bazar periodicamente, inserindo-o na rotina escolar. Outra possibilidade é convidar pessoas inseridas no mundo da moda para palestrar, seja ao vivo, por videoconferência ou por vídeos gravados e exibidos durante o evento.

• Materiais de costura (agulhas, tesouras, cola, alfinetes, linhas etc.).

• Materiais de uso têxtil em geral (botões, cadarços etc.).

• Cartolinas, canetas coloridas e outros materiais de escritório.

Cuidado no manuseio de objetos cortantes e pontiagudos.

A personalização das roupas depende essencialmente da criatividade dos estudantes, e, portanto, todos os materiais utilizados para tal podem ser adaptados, de acordo com a disponibilidade da escola.

Moda e consumo: como praticar ações sustentáveis? 179

2

Saber e fazer

A velha moda está saindo de moda

O modelo de produção fast fashion é praticado por muitas marcas no Brasil e, de um modo geral, não pode ser considerado sustentável.

A indústria da moda se transformou nas últimas décadas. De lá para cá, o lançamento de novas peças, que antes era sazonal (as famosas coleções de verão e inverno), passou a acontecer mais rapidamente, em intervalos de poucos meses ou até mesmo semanas. Esse novo modelo de produção, chamado fast fashion (moda rápida), já está consolidado mundo afora e é praticado por diversas marcas nacionais e internacionais. Entretanto, é crescente a percepção de que ele possui um alto custo socioambiental. Posto isso, há uma importante questão que deve ser levantada: quanto custa esse modo de produção? Objetivamente, para o consumidor e para a marca, pouco; mas para o meio ambiente, muito. O fast fashion é um modelo que estimula significativamente o consumo de forma nada sustentável.

Atualmente, tem havido um aumento no número de consumidores que, por ter a sustentabilidade como valor pessoal, optam por não consumir marcas que utilizam esse modo produtivo. Na contramão do fast fashion, surgiu o movimento slow fashion (moda lenta) para designar aquelas marcas que se opõem a esse modelo danoso e que têm como valor central um processo de produção sustentável, o que nos leva à próxima pergunta: o que é, de fato, um processo de produção sustentável?

Pode-se dizer que priorizar um processo sustentável não significa proibir toda e qualquer atividade ao longo do processo de produção da moda, mas sim realizá-la de um modo que traga desenvolvimento social para a região, seja economicamente viável e, principalmente, gere o menor impacto possível para o meio ambiente, inclusive tendo a preocupação de não esgotar os recursos naturais para as próximas gerações.

A s condições de trabalho (A) e a destinação dos resíduos têxteis gerados (B) são dois fatores que definem o modo de produção das indústrias têxteis e estão diretamente atrelados ao conceito de sustentabilidade.

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Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. As marcas que vocês consomem utilizam que tipo de modo de produção: fast fashion ou slow fashion? Justifiquem suas respostas relacionando as características de cada um desses modos de produção com o utilizado pelas marcas escolhidas.

Em sua região há locais que vendem roupas sustentáveis? Quais são as características que essas roupas e seu modo de produção deveriam apresentar para que você as considere sustentáveis? Caso seja necessário, façam uma pesquisa em diferentes meios (fontes confiáveis na internet, em redes sociais, perguntando para os familiares, amigos de fora da escola etc.) para buscar marcas que se consideram sustentáveis.

ROBERTO WESTBROOK/TETRA IMAGES/GETTY IMAGES

O impacto da moda no meio ambiente

A indústria têxtil causa problemas ambientais em escala local a global. Seu modo de produção, quando se baseia em monoculturas como a de algodão, pode levar ao esgotamento do solo e a impactos nos ecossistemas quando envolve o uso de pesticidas e agrotóxicos.

Além disso, um dos maiores impactos globais da atualidade é a geração de resíduos sólidos, ou resíduos têxteis. O modo de vida e de consumo das pessoas em todo o mundo levou ao excesso de produção e à banalização dos bens materiais, gerando enorme quantidade de resíduos. Na indústria da moda, grandes marcas e confecções adotam políticas de descarte de produtos de estações passadas ou fora de linha danosas para o meio ambiente, como queima ou descarte em local inapropriado.

Além da geração de resíduos e dos impactos na produção de algodão, temos um grande problema ambiental, que é o uso da água. Na produção têxtil, a quantidade de água utilizada é considerável. Saber quanta água é usada pela indústria e como isso afeta nosso cotidiano ajuda a entender o que está por trás, por exemplo, da confecção de uma camiseta ou uma calça jeans.

Quanta água é usada pela indústria da moda?

São gastos, aproximadamente, 3,8 mil litros de água para a produção de uma calça jeans.

Estes são os números da indústria da moda para o consumo de água. Em contrapartida, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 110 litros bastam para atender às necessidades diárias de uma pessoa.

São gastos, aproximadamente, 2,7 mil litros de água para a produção de uma camiseta de algodão.

Fontes dos dados: ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Brasil. O que tem na sua calça jeans? Brasília, DF, 17 dez. 2018. Disponível em: https://brasil. un.org/pt-br/81903-o-que-tem-na-sua-calca-jeans. Acesso em: 22 de out. 2024.

Na indústria da moda, usa-se uma enorme quantidade de água no processo de tingimento das roupas. A diluição dos pigmentos concentrados é feita com frequência, a um custo baixo para as empresas. Já para o meio ambiente, o impacto dessas ações é alto, pela necessidade de consumo de grandes quantidades de água e, também, pelo fato de a água utilizada durante o processo ser descartada sem passar por nenhum tipo de tratamento e levar consigo substâncias que contaminam solo e corpos d’água, que, em alguns casos, são utilizados inclusive para consumo humano. Em torno de 20% da poluição da água associada à atividade industrial mundial vem do tingimento e tratamento de produtos têxteis.

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Poluição da indústria têxtil: qual o impacto dela nos oceanos e quais as soluções sustentáveis

Que a indústria têxtil é importantíssima para a economia global é notório. Porém, ela também é sabidamente um agente poluidor do meio ambiente, em especial dos mares e oceanos. Hoje, no entanto, há soluções sustentáveis para mitigar o impacto da indústria têxtil no ambiente - e nos oceanos. A seguir, detalhamos alguns problemas e soluções.

Poluição da indústria têxtil: impacto nos oceanos

A indústria têxtil tem uma parcela significativa de culpa na poluição dos oceanos. E ela pode acontecer de duas formas: no topo da cadeia, o descarte inadequado de produtos químicos, como corantes e tratamentos à prova d’água, é muitas vezes feito pelos fabricantes têxteis. E mais: frequentemente esses produtos podem vazar para rios e oceanos, causando estragos nos ecossistemas aquáticos. [...]

Tintas e corantes têxteis

Já a produção e o descarte de tintas e corantes têxteis tóxicos representam outro perigo. Essas substâncias químicas podem prejudicar gravemente os ecossistemas marinhos. Para combater essa poluição, a principal saída é a indústria têxtil investir em tintas e corantes não tóxicos, bem como na reciclagem de resíduos químicos.

E o tingimento?

A indústria de tingimento têxtil é uma das maiores fontes de poluição da água em todo o mundo. No entanto, a conscientização está aumentando e, como resultado, medidas estão sendo tomadas para minimizar seu impacto. Muitas empresas estão explorando métodos de tingimento mais limpos, como o uso de corantes à base de plantas, e estão implementando tecnologias de reciclagem de água para reduzir o consumo.

Alternativas sustentáveis na indústria têxtil

Para mitigar a poluição da indústria têxtil, alternativas sustentáveis estão emergindo. Isso inclui o uso de fibras orgânicas, como algodão orgânico e linho, que têm um impacto menor no meio ambiente. Além disso, a reciclagem de têxteis e práticas de produção mais eficientes e ecológicas estão sendo adotadas.

POLUIÇÃO da indústria têxtil: qual o impacto dela nos oceanos e quais as soluções sustentáveis. Future Print, 14 nov. 2023. Disponível em: https://digital.feirafutureprint.com.br/textil/poluicao-da-industria-textil-qual-o-impacto-dela-nos-oceanos-e-quais-solucoes-sustentaveis. Acesso em: 22 out. 2024.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Com a orientação do professor, elaborem uma lista dos problemas citados no texto.

2. Quais outros impactos ambientais são gerados pela indústria da moda? Pesquise, em diferentes fontes, informações sobre o assunto.

3. A ONU recomenda que, diariamente, cada pessoa consuma 110 litros de água. Considerando esse valor, respondam:

a) Quantos dias uma pessoa teria que ficar sem consumir água para compensar o gasto desse recurso na produção de uma calça jeans?

b) E uma camiseta de algodão?

Quanto custa uma camiseta?

A indústria da moda movimenta muito dinheiro no Brasil. Com o intenso crescimento do e-commerce a partir de 2020 por conta da pandemia da covid-19, o mercado da moda atingiu 78% do consumo online, negociando cerca de 6,55 bilhões de peças em 2023, segundo estimativa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). E a estimativa de faturamento de todo o setor no mundo, em 2025, é de um trilhão de dólares.

Em vista desses altos valores e pensando em entender melhor como essa indústria funciona, é importante compreendermos os fatores envolvidos no preço de venda de cada peça de roupa.

E-commerce: negócio de compra e venda de produtos exclusivamente pela internet.

A indústria da moda no Brasil só perde para a de alimentação, em valores de venda.

Qual a diferença entre uma camiseta branca de R$ 30 e uma de R$ 100?

Por que comprar uma camiseta branca por R$ 100 quando podemos comprar uma camiseta branca por R$ 30? Afinal, ambas cumprirão a mesma função independente do preço. [...] Seriam mão de obra, matéria-prima, qualidade do produto (ou nenhuma dessas coisas) responsáveis por deixar os preços tão diferentes?

O preço de produtos similares pode variar por diversas razões; uma delas pode ser a preferência da marca por atingir somente o público de maior poder aquisitivo.

A percepção comum para essa diferença de preço normalmente tange questões de marca; aquele valor agregado imensurável que sabemos ser responsável, muitas vezes, por salgar os preços, principalmente de itens de luxo. Normalmente, o que ouvimos por aí é: se uma camiseta custa R$ 100 é porque ela é de alguma “grife”.

Porém, quem trabalha do outro lado da indústria sabe que, nem sempre, a diferença de valores é assim tão impalpável e, na realidade, são fatores bem objetivos que determinam os preços como custos diretos e indiretos de uma empresa. [...]

[...]

“Um custo que as pessoas não fazem ideia que exista é o da modelagem. Se eu desenvolver uma modelagem que custa R$ X e diluir este valor em uma produção grande é uma coisa, mas o custo de uma modelagem em uma produção menor é alto”, explica ela [Tatiana Marcondes, empresária do ramo da moda]. “Temos uma estrutura enxuta, mas que para sobreviver precisa ser paga e ela é paga com o dinheiro das vendas. Custos fixos como aluguel da loja, do escritório, funcionários, luz, água, internet, limpeza, segurança, material de escritório, de loja, transporte, sistema administrativo de vendas da loja física, da loja on-line , contador e embalagem”, completa.

[...]

Flávia Aranha, estilista [...] conhecida por trabalhar com tecidos e tingimento naturais, alerta: “Tecidos que não respeitam o meio ambiente e infrações de leis ambientais nos processos de tingimento, tecelagem, fiação etc. são mais baratos”. E tudo isso reflete no preço final de um produto de moda.

[...]

Entretanto, é importante ficar atento e ser curioso. Como a própria estilista diz, “no caso de uma camiseta de R$ 100, infelizmente, nada impede que ela tenha sido resultado de uma cadeia [de produção] igualmente precária, já que o preço maior pode apenas refletir um posicionamento de marca que tem uma margem [de lucro] mais elevada”. Por isso, é ideal conhecer mais a história da marca e entender um pouco seu processo de produção. [...]

COLERATO, M. Qual a diferença entre uma camiseta branca de R$ 30 e uma de R$ 100? Modefica, 13 jan. 2016. Disponível em: https://www.modefica.com.br/qual-a-diferenca-entre-uma-camisa-branca-de-r-30-e-umade-r-100/. Acesso em: 22 out. 2024.

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Muitos fatores estão envolvidos na precificação dos produtos, como gastos com matéria-prima e produção, estrutura do fabricante e margem de lucro.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Com base na leitura do texto, que fatores podem estar envolvidos no cálculo do preço final de uma peça de roupa?

2. Vocês têm preferência por alguma marca de roupas específica? Por quê?

3. Vocês preferem pagar mais por uma roupa de uma marca famosa ou menos por uma roupa de mesma qualidade, mas de uma marca desconhecida? Por quê?

4. Vocês acham que os altos preços de algumas marcas são uma forma de exclusão social? Este fato pode ocorrer de forma intencional? Justifiquem seu posicionamento, compondo um pequeno texto que inclua também o que foi discutido nas atividades anteriores.

Moda e consumo: como praticar ações sustentáveis?

A moda como alvo e meio de protestos

A indústria da moda é frequentemente alvo de diversos protestos, sejam eles de cunho ambiental, social, ético ou outros. Em sua maioria, os alvos são a indústria e o modo como as peças de roupas são produzidas, e não a moda em si. Esta, por sua vez, é continuamente utilizada como ferramenta visual nesses mesmos protestos, devido ao seu poder de expressão, funcionando como meio de reivindicação nesses casos.

R egime de trabalho análogo à escravidão

Seja na busca pelo barateamento da produção e consequente aumento da margem de lucro ou pela intensificação da produção para suprir uma demanda cada vez maior de consumidores, muitas marcas utilizam (ou já utilizaram) maneiras ilícitas de obtenção de matérias-primas e de exploração de mão de obra para a fabricação de seus produtos. Inclusive, muitos dos protestos contra a indústria têxtil estão relacionadas a essas questões.

PARA ER

Trabalho infantil: 301 crianças e adolescentes são resgatados em PE

Em agosto de 2024, uma operação de fiscalização no agreste pernambucano resgatou 301 crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, principalmente em fábricas têxteis. Os resgatados foram encaminhados para a rede de proteção e programas de aprendizagem profissional.

MACIEL, N. Trabalho infantil: 301 crianças e adolescentes são resgatados em PE. Agência Brasil, 8 ago. 2024. Disponível em: https://agenciabrasil. ebc.com.br/radioagencia-nacional/direitos-humanos/audio/2024-08/ trabalho-infantil-301-criancas-e-adolescentes-sao-resgatados-em-pe. Acesso em: 22 out. 2024.

Essas ações, frequentemente, ocorrem de forma clandestina, ou até mesmo de forma legalizada em países onde as leis trabalhistas e ambientais e/ou sua fiscalização são mais brandas. Muitas vezes opta-se por essa conduta na confecção das peças de marcas que estão distribuídas em grandes centros comerciais, shopping centers e virtualmente, via e-commerces (vendas pela internet).

As violações dos direitos humanos e trabalhistas vão desde condições precárias nos ambientes de trabalho, péssimos acordos salariais, jornadas de trabalho exaustivas em fábricas e confecções, com riscos à integridade física dos trabalhadores e abusos de diversas naturezas. Em alguns casos, o regime de trabalho torna-se análogo à escravidão e faz até mesmo uso da mão de obra infantil.

Em 2013, em Bangladesh, um prédio de três andares onde funcionava uma fábrica de tecidos desabou. O edifício descumpria normas básicas de segurança do país e, nesta tragédia, centenas de pessoas morreram. Note o edifício desabado ao fundo, outras fábricas em funcionamento ao redor e a grande quantidade de trabalhadores nas ruas.

No Brasil, o trabalho escravo ou análogo à escravidão é crime, de acordo com a Lei no 10.803, de 11 de dezembro de 2003:

Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:

I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.

§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: I – contra criança ou adolescente; II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.

BRASIL. Lei no 10.803, de 11 de dezembro de 2003. Brasília, DF: Casa Civil, 11 dez. 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.803.htm. Acesso em: 22 out. 2024.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), regimes de trabalho análogo ao trabalho escravo ocorrem em todas as regiões do mundo. Dados divulgados por essa agência apontam que, no Brasil:

O Brasil resgatou, em 2023, 3.151 trabalhadores em condições análogas à escravidão. O número é o maior desde 2009, quando 3.765 pessoas foram resgatadas. [...]

O trabalho no campo ainda lidera o número de resgates. A atividade com maior número de trabalhadores libertados foi o cultivo de café (300 pessoas), seguida pelo plantio de cana-de-açúcar (258 pessoas). Entre os estados, Goiás teve o maior número de resgatados (735), seguido por Minas Gerais (643), São Paulo (387) e Rio Grande do Sul (333).

MÁXIMO, W. Brasil resgatou 3,1 mil trabalhadores escravizados em 2023. Agência Brasil, 3 jan. 2024. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2024-01/brasilresgatou-31-mil-trabalhadores-escravizados-em-2023. Acesso em: 22 out. 2024.

Portanto, de posse da informação de que nem todas as marcas possuem uma cadeia produtiva ética e pensando em não incentivar essas práticas, que por vezes são criminosas, é importante buscarmos por informações sobre a história da marca e seu processo de produção, com o objetivo de evitarmos consumir produtos daquelas que violem os direitos humanos e trabalhistas.

Q uando a moda comunica

Ao mesmo tempo que a indústria da moda muitas vezes é alvo de protestos e contestações por parte de ativistas e da população de um modo geral, as roupas também são utilizadas para conscientização, como alertas ou transmissão de mensagens. É muito comum desfiles de moda serem palco de protestos, ou grupos de pessoas ganharem as ruas vestindo determinado tipo de roupa e acessório, especificamente com a intenção de protestar.

Aliás, a moda pode ser utilizada como forma de protesto contra a própria indústria da moda e outras relacionadas, por exemplo, contra produtos testados em animais, ou que fazem uso deles, a favor de cadeias de produção ambientalmente corretas, para incitar discussões sobre os padrões de beleza impostos e/ou reforçados pelas campanhas publicitárias, entre outros.

O texto na página seguinte exemplifica uma situação ocorrida no início de 2018, em que a moda foi utilizada explicitamente como forma de protesto.

Ativistas da ONG PETA (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais) protestam em Nova York, em 2022, contra o uso de peles de animais como peça de moda. Note, nas placas, a expressão Wear your own skin (Use sua própria pele) e o gorro com os dizeres Fur is Murder (Pelo é assassinato) representando os animais que perdem suas vidas em nome de uma "tendência" da moda.

RON ADAR/SHUTTERSTOCK

Entre bordados e tanques de guerra: o desfile-protesto de Zuzu Angel

[...] Em meio à barbárie e violência [Da ditadura militar no Brasil], a cultura foi uma importante ferramenta de resistência, e a moda não se exclui disso. Mas entre aqueles que faziam das roupas uma forma de protesto, havia uma estilista, em especial, que se destacou nessa luta. Seu nome é Zuzu Angel.

[...]

Aclamada no Brasil e nos Estados Unidos desde 1968, encantava a clientela com calças, blusas e vestidos de algodão, linho e brim. [...].

Para ela, nasceu da dor. Stuart Angel, seu primogênito de 26 anos, protestava contra o governo no Rio de Janeiro, quando desapareceu. Sua tortura e morte só foram reveladas anos depois, por meio de uma testemunha, mas, nesse intervalo, Zuzu nunca deixou de procurar o filho.

Foi com essa motivação que a costureira decidiu apresentar um desfile-protesto, em Nova York, longe da censura militar. Ainda assim, o fez dentro da casa do cônsul brasileiro, para deixar claro o diálogo com o Brasil.

Nos modelos desfilados, Zuzu trocou seus tradicionais motivos alegres por estampas e bordados com desenhos coloridos, mas que evocavam cenários sombrios. Pássaros em gaiolas, quepes, aviões, tanques militares, soldados e canhões eram algumas imagens nos vestidos que cruzaram a passarela. Entre eles, vestidos de linho branco com diferentes comprimentos de manga e um intenso longo com saia godê, em gorgorão de algodão vermelho-escuro, e a imagem de um anjo bordada na frente com canutilhos, miçangas e paetês.

BEAUHARNAIS, G. Entre bordados e tanques de guerra: o desfile-protesto de Zuzu Angel. ELLE Brasil, 31 mar. 2021. Disponível em: https://elle.com.br/ moda/entre-bordados-e-tanques-de-guerra-o-desfile-protesto-de-zuzu-angel. Acesso em: 22 out. 2024.

AT¡v¡DaDeS Não escreva no livro.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Você já utilizou algum tipo de roupa com a intenção de enviar uma mensagem ou apoiar alguma causa? Compartilhe essa experiência com seus colegas de classe.

ATiViDADE DE AMP i AÇÃO

Em grupos, pesquisem por empresas relacionadas à moda condenadas por trabalho análogo à escravidão ou envolvidas em algum tipo de protesto. Registrem em seus cadernos: o que aconteceu, qual a relação com a indústria da moda e, no caso de um protesto, como a moda foi utilizada em favor do protesto.

Zuzu Angel desfila usando vestido de luto. Nova York década de 1970. Moda

Seria interessante realizar, após a atividade de ampliação, um breve debate de fechamento sobre tudo que foi exposto pelos grupos. É interessante estimular os estudantes a perceberem a necessidade de sermos mais conscientes, solidários e protagonistas e que isso pode ser feito por meio do conhecimento dos produtos que consumimos.

ACERVO DO INSTITUTO ZUZU ANGEL

Desconstruindo o padrão de beleza

Uma das grandes críticas à indústria da moda é a sua atuação na reprodução de um padrão de beleza específico, ou seja, um modelo estético considerado excludente e com pouca representatividade na sociedade. É difícil apontar exatamente quem determina esse padrão, mas é possível indicar influenciadores, como as indústrias cinematográfica e da música, além da própria indústria da moda. É muito comum basearmos nosso estilo, seja o corte de cabelo ou o modo como nos vestimos, em pessoas famosas e populares, como os influenciadores digitais.

DEBBY WONG/SHUTTERSTOCK.COM, FEATUREFLASH PHOTO AGENCY/SHUTTERSTOCK.COM, LANDMARK MEDIA/ALAMY/FOTOARENA, KAYLA OADDAMS/WIREIMAGE/GETTY IMAGES

Não há nada de interessante em parecer perfeita –você perde o propósito. Você quer que o que você usa diga algo sobre você, sobre quem você é.

EMMA Watson: “There’s Nothing Interesting about Looking Perfect”. TeenVogue, [2009]. Tradução do editor. Disponível em: https:// www.teenvogue.com/story/teen-voguecover-girl-emma-watson_090622. Acesso em: 22 out. 2024.

Ícones da televisão e da música que influenciaram gerações e tiveram seu visual copiado por muitas pessoas. Da esquerda para a direita, o cantor Harry Styles, a atriz Zendaya, Jennifer Aniston (no seriado Friends na década de 1990) e a cantora Rihanna, cujas roupas e cortes de cabelo se tornaram referência por inspirar muitas pessoas em suas respectivas épocas.

Entretanto, é perceptível que esse padrão de beleza muda com o passar do tempo. Se hoje o visual esbelto ou atlético é mais valorizado, no passado a corpulência, tida como sinônimo de poder econômico, era enaltecida. Realizando uma comparação entre os padrões de beleza de diferentes épocas, é possível perceber que esse padrão é apenas uma construção social e, geralmente, passageira.

Construção social: algo que não pertence à natureza, construído e existente somente em determinadas sociedades e em certos períodos de tempo.

Esta compreensão é interessante porque, mais do que nunca, vivemos em um momento de aceitação do corpo como ele é, de respeito às individualidades de cada um, sem o objetivo de atingir nenhum padrão. É importante saber diferenciar inspiração, em referências famosas, de exclusão, daquilo que é diferente dessa referência e, principalmente, adotar, cada vez mais, uma postura inclusiva e de respeito ao outro.

PARA

Garota em chapéu grande (1645-50), de Caesar Boetius van Everdingen (1616-78). Óleo sobre tela, 91,9 × 81,7 cm. Museu nacional dos Países Baixos, Amsterdã.

Auto retrato (1669), de Ferdinand Bol (1616-80). Óleo sobre tela, 127 × 102 cm. Museu nacional dos Países Baixos, Amsterdã.

AT¡v¡DaDeS Não escreva no livro.

ER

Sete vovós fashionistas que você precisa seguir no Instagram

A matéria da Harper's Bazaar lista sete vovós fashionistas que fazem sucesso no Instagram, cada uma com um estilo único, de excêntrico a clássico.

HUNGRIA, C. Sete vovós fashionistas que você precisa seguir no Instagram. Harper's Bazaar Brasil, 26 jul. 2018.Disponível em: https:// harpersbazaar.uol.com.br/moda/sete-vovosfashionistas-que-voce-precisa-seguir-noinstagram/. Acesso em: 22 out. 2024.

Pinturas típicas do século XVII. Note como o padrão estético representado, tanto para mulheres quanto para homens, era diferente do que costumamos ver hoje em dia.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Leiam juntos o texto sobre a indústria da moda e padrões de beleza, conversem e descrevam citando exemplos de como a moda atua na reprodução de padrões específicos de beleza.

2. Peçam para seus familiares mais velhos que emprestem fotografias de quando eram mais jovens. Registrem o ano em que cada fotografia foi tirada e algumas características, como o estilo do corte de cabelo e das roupas utilizadas.

3. Organizem as fotos em ordem crescente de data e respondam:

a) Ao longo do tempo, vocês notam semelhanças ou diferenças no modo de vestir das pessoas nas fotos?

b) É possível agrupar as fotos por estilo? Se sim, realizem esse agrupamento e listem algumas características em comum para cada grupo.

4. Com base nas discussões e informações apresentadas, respondam:

• É perceptível que existe um padrão de beleza social? Ele é fixo ou varia de acordo com a época? Opinem e compartilhem as possíveis respostas.

Caso julgue interessante, retome a o item a da atividade 1 do tópico Em foco, (página 177) e peça aos estudantes que respondam novamente à questão e, em seguida, comparem as duas respostas.

C omo a moda influencia nossas vidas

Como vimos, a moda está presente em nosso cotidiano de diferentes formas, seja direta ou indiretamente, positiva ou negativamente. Um exemplo é a própria função de vestimenta, como uma linguagem e um modo de expressão, mas também a reprodução de um padrão de beleza a ser seguido. A moda pode ser palco para discussões a respeito de questões ambientais, sociais, éticas e econômicas envolvidas em sua cadeia produtiva, e pode também ser explorada como manifestação de identidade de diversas culturas e de toda e qualquer diversidade.

Moda como forma de identidade

Aspectos positivos

Em diversos locais do mundo, as vestimentas são utilizadas como uma forma de identidade cultural ou religiosa, bem como modo de preservar tradições de um grupo ou nação.

Moda como ferramenta histórica

Os modos de vestir, ou algumas peças em específico, são típicas de um momento histórico. Entre muitos exemplos, os trajes coloridos e descontraídos do movimento hippie simbolizam um período entre as décadas de 1960 e 1970.

Moda como oportunidade de ações solidárias

Diversas são as campanhas para a solidariedade envolvendo a indústria da moda, desde a confecção de peças com intuito de reversão de lucros para entidades, campanhas de doações, como as famosas campanhas do agasalho, até desfiles de moda filantrópicos.

Moda como forma de protestos e conscientização

A moda também pode ser uma maneira de protesto, por meio da inserção de frases de efeito ou cores específicas em vestuários, manifestações e ações favoráveis ou contrárias a temas específicos em eventos de moda, entre outros.

Geração de resíduos e banalização de materiais

Aspectos negativos

O barateamento da produção e da venda, somado à propaganda de um consumo exagerado e rápido, tem como consequência uma grande geração de resíduos têxteis.

Problemas ambientais

gerados na produção

Problemas sociais

relacionados à cadeia produtiva

Reprodução de um padrão de beleza

São muitos os impactos ambientais decorrentes da cadeia produtiva têxtil, como a contaminação de águas e distúrbios ecológicos por uso de inseticidas e agrotóxicos, processos de tingimento com liberação de contaminantes no meio ambiente, grande consumo de água e liberação de gases poluentes na atmosfera, entre outros.

Os modos e meios de produção atuais de muitas das grandes marcas e confecções, que buscam baratear e intensificar a produção das peças, são caracterizados pela precariedade das condições trabalhistas e exploração desleal da mão de obra, muitas vezes com condições análogas à escravidão.

A indústria da moda, de um modo geral, perpetua a existência de um modelo estético ideal, desestimulando, ainda que indiretamente, o respeito às individualidades de cada um e inibindo uma postura inclusiva e de respeito ao outro.

Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.

1. Partindo dos temas anteriormente listados nos aspectos positivos e negativos da indústria da moda (mas não necessariamente se limitando a eles), escolham um para, em grupos, desenvolver um painel que incorpore tanto suas experiências pessoais quanto informações pesquisadas referentes ao tema escolhido. Por exemplo, pode-se compor um painel que aborde impactos ambientais gerados pela indústria da moda na sua região ou que retrate como as vestimentas representam uma identidade cultural em suas famílias.

• Orientem-se por sua criatividade e utilizem os materiais aos quais tenham acesso e que julguem interessantes, como cartolinas, canetas coloridas, recortes de revistas, fotografias e, especialmente, materiais reutilizados, descartados e/ou materiais recicláveis, como roupas e tecidos velhos, botões, linhas, fitas, entre outros.

• Esse painel será exposto durante o evento de moda, ao final do projeto.

Se possível, oriente os grupos a realizar uma pesquisa que ajude na elaboração do painel, explorando o tema escolhido. As pesquisas podem ser realizadas com a utilização de diversos meios e mídias (internet, jornais, revistas, documentários etc.), incluindo aqueles recomendados ao longo do projeto.

3

Para finalizar

Organização de um evento de moda sustentável

Chegou a hora de preparar o evento final. Para isso, é preciso muita organização e disposição de todos os envolvidos.

As etapas apresentadas até aqui buscaram aprofundar nosso entendimento sobre diversos aspectos relacionados ao mundo da moda e nos nortear para o objetivo do projeto. Esse entendimento enriquece a reflexão sobre muitos dos contextos nos quais a moda está inserida, proporcionando oportunidades para o desenvolvimento de ações solidárias e de conscientização socioambiental.

É fundamental ressaltar que esse evento de moda deve ser inclusivo, tendo sempre, como principal objetivo, o respeito a qualquer diversidade, seja de tradições, gênero, religião, biotipos ou culturas.

E lembre-se: comunique aos outros o que aprendeu nesse projeto e, principalmente, utilize esse conhecimento para repensar seus hábitos e ter, cada vez mais, consciência sobre aquilo que você consome.

Temos, a seguir, algumas sugestões para a organização do evento, mas, caso sinta necessidade, converse com o restante da turma para incluir ou eliminar ideias. É importante tomar decisões em conjunto, uma vez que o evento é da sala como um todo.

A moda está intimamente relacionada ao nosso modo de interagir com o mundo e, em função disso, é essencial repensarmos nossos hábitos para que essa interação seja sustentável para todos os envolvidos.

Nome, data, local e convite do evento

A data e o local no qual será realizado o evento devem ser decididos democraticamente pela sala e combinados com o professor e a direção da escola. Ao propor o local, deve-se levar em consideração o número de participantes envolvidos no evento e uma estimativa de convidados. Deve-se ter em mente que o evento envolve três atividades: desfile, exposição dos painéis e bazar.

Quanto ao convite, cabe à turma decidir se ele será digital ou impresso. Devem constar informações fundamentais, como nome, data, horário e local do desfile, de maneira clara e criativa. Para o nome do evento, uma sugestão é a realização de uma votação. Em um primeiro momento, cada estudante é livre para sugerir opções que devem ser listadas na lousa ou em uma cartolina. Em seguida, façam uma votação. Podem participar dessa votação todos os estudantes da escola, por exemplo. Ganha o nome com maior número de votos.

A arrecadação de roupas

A s características de cada local podem ser utilizadas de forma criativa. Por exemplo, uma sala de aula com mochileiro pode facilitar a exposição das roupas para o bazar.

Todos estão convidados a doar roupas e materiais que serão utilizados no bazar e no desfile.

No entanto, é importante escolher um ou dois grupos para administrar o processo de arrecadação, contabilizar o que foi doado e organizar os itens recebidos.

É importante definir um prazo suficiente para que os doadores tenham tempo de se organizar, escolher os materiais e levá-los ao ponto de coleta (que pode ser a própria escola). No entanto, esse prazo deve ser escolhido com cuidado, pois as roupas ainda deverão ser preparadas para o bazar e personalizadas para o desfile antes do evento.

No momento em que fizerem a doação, não se esqueçam de já entregarem os convites do evento aos doadores.

Organizar eventos beneficentes auxilia o desenvolvimento da solidariedade e a construção de uma perspectiva comunitária e cidadã.

Uma sugestão para armazenar as roupas doadas até a data do evento é escolher um lugar que não incomode o funcionamento da escola e que seja facilmente acessível. É importante separar as doações em dois grupos: um para as roupas que serão disponibilizadas no bazar e outro para os materiais que serão utilizados na personalização das roupas do desfile.

ANNA NAHABED/SHUTTERSTOCK.COM

A personalização das roupas

Uma peça velha de roupa pode ter um destino bem melhor do que o lixo. Além da doação e dos bazares, elas podem ser modificadas e configurar, assim, uma oportunidade para o uso da imaginação e da criatividade, dando a elas utilidade por um maior período de tempo.

Que tal modificar peças usadas e criar, com elas, peças únicas e muito estilosas para o nosso desfile de moda? Esse processo se chama customização, que é a modificação e personalização de uma peça original, adaptando o material para o seu próprio gosto.

Passado o prazo de arrecadação, você deverá escolher uma peça de roupa e personalizá-la. Utilize a criatividade e, se possível, crie algum tipo de significado para a personalização da roupa, ou seja, algo que seja relevante para você.

Embora esta seja uma atividade individual, uma sugestão é trocar ideias com seus colegas ou, ainda, olhar catálogos e revistas de moda em busca de inspiração para a customização. Esse processo pode ocorrer na escola, junto com seus colegas, ou na sua casa, conforme for combinado com o restante da turma e com o professor.

A seguir, veja algumas dicas que podem servir de auxílio nesse processo.

Apliques

A colocação de diferentes apliques, desenhos bordados, com contas e miçangas ou pintados pode ser feita com o uso de cola ou costurando-os em quaisquer partes da camiseta.

Cortes e nós

Com uma tesoura, partes da camiseta podem ser alteradas, como o corte da gola para modificar o decote, tiras nas mangas e na base da camiseta (nas quais podem ser feitos pequenos nós ou franjas).

Consertos e reparos

Furos ou rasgos podem ser reparados com costuras coloridas (com a utilização de linhas mais grossas, como as de crochê), alfinetes com miçangas, apliques etc.

Desenhos

A criação de estampas pode ser feita com canetas e tintas de tecido; podem-se utilizar modelos ou desenhos livres e também escrever frases de efeito nas camisetas.

Tingimento

É possível realizar o tingimento de tecidos com corantes e pigmentos naturais, como urucum (em pó ou em sementes), repolho-roxo, cúrcuma, açafrão, amoras, cascas de romã, entre outros. Uma técnica simples, muito popular nas décadas de 1960 e 1970, e que pode ser utilizada, é o tie dye

Tie dye: do inglês "amarrar e tingir", é uma técnica de tingimento artístico de tecidos.

Podem-se demonstrar conceitos de diluição de soluções aos estudantes e sua relação com o tingimento de roupas, bem como realizar oficinas de tingimento.

Cuidado no manuseio de objetos cortantes e pontiagudos.

O bazar

O bazar ocorrerá no dia do evento e será responsabilidade dos mesmos grupos que organizaram o processo de arrecadação, porém é importante planejar antecipadamente como ele funcionará. De forma coletiva e democrática, a sala deve escolher se as roupas recolhidas serão oferecidas aos participantes, se haverá um preço simbólico a ser pago por elas (e o que acontecerá com o dinheiro recolhido) ou se elas serão doadas. Neste último caso, o bazar atuaria, na verdade, como um ponto de coleta de doações.

Uma sugestão é cobrar alimentos não perecíveis como pagamento simbólico pelas roupas do bazar e doá-los a uma instituição de caridade após o evento.

É importante planejar a forma de exposição das roupas. Vocês precisarão de mesas para a exposição das peças, araras (que podem ser improvisadas com um varal) e cabides. Além disso, é interessante estipular um horário de funcionamento do bazar, para que não ocorra no mesmo momento do desfile.

Além disso, pode-se pensar em como os participantes do evento levarão as roupas do bazar para casa. Por exemplo, o convite pode conter uma orientação para que cada um traga uma sacola ecológica, ou, ao menos, recomendando que não utilizem sacolas plásticas.

Uma alternativa ao bazar é realizar um evento de troca de roupas entre pessoas interessadas. Pode-se combinar que cada pessoa leve para o evento algumas roupas que não usa mais e que estejam em bom estado e as troque com outra pessoa, em horário e local preestabelecidos.

É importante identificar o local do bazar de forma criativa e bem visível. Seria interessante, inclusive, utilizar materiais têxteis para isso.

É necessário repensar o nosso padrão de consumo quando ele se torna exagerado, além da nossa real necessidade. Doações ou trocas de roupas são boas formas para iniciar uma mudança de hábito.

Nada para usar

Painéis

Um grupo deverá se responsabilizar pela montagem da instalação dos painéis. É importante ter cuidado ao manuseá-los, pois são peça importante do evento. Além disso, deve-se escolher um local bastante visível para a instalação. Podem-se complementar os painéis com outros elementos, colocando-os no chão, pendurados nas paredes ou outros locais. O importante é ser criativo.

Uma alternativa é estipular previamente um horário na programação do evento e realizar uma performance artística. Pode-se, por exemplo, simular um protesto contra uma empresa fictícia.

Desfile

Um desfile de moda envolve tarefas que não se limitam apenas aos modelos. Será preciso distribuir as tarefas a seguir de acordo com a escolha de cada grupo. Caso não haja consenso, deve-se realizar um sorteio, e, se houver mais grupos que tarefas, deve-se analisar qual tarefa é mais trabalhosa para redividi-la. Nesse caso, podem-se alterar a composição e/ou o tamanho de alguns grupos.

Apoio – Pessoas que ficarão nos bastidores para auxílio dos modelos nas trocas e organizações das roupas, na coordenação do desfile (dirigindo quem entra primeiro, quem entra a seguir etc.).

Mestre de cerimônias – Uma ou duas pessoas que apresentem o desfile, contem um pouco sobre o processo de construção do evento e o que aprenderam sobre a indústria da moda e a sustentabilidade.

Modelos – É essencial que as pessoas que desempenhem essa função se voluntariem para tal, e que haja uma preocupação de buscar a maior diversidade possível. Elas utilizarão as roupas personalizadas pelos outros estudantes.

Maquiadores e cabeleireiros – A turma pode optar por realizar maquiagens e penteados nos modelos, para tornar a tarefa mais divertida. Vale ressaltar que a utilização de glitter e lantejoulas pode ser um problema para o meio ambiente. O ideal é que os materiais utilizados sejam biodegradáveis.

Técnico de som ou DJ – Uma ou mais pessoas deverão ficar responsáveis pelo som durante o desfile, alternando músicas de acordo com o que está sendo apresentado. É importante que o estilo das músicas seja previamente definido por toda a sala, de forma democrática.

Fotografia, filmagem e divulgação – Um grupo deve realizar registros oficiais do evento e das etapas de preparação. É importante divulgá-lo de todas as formas possíveis, seja nas redes sociais ou por meio de comunicação pessoal, ao longo de todo o processo de construção, e não só no dia do evento.

Decoração e iluminação – Um grupo pode ficar responsável pela iluminação e pela decoração. Uma dica é utilizar tecidos e materiais que foram arrecadados e não utilizados no processo de personalização das roupas.

Preparação da passarela e bastidores (ou camarim)

Uma vez definido o local em que passarela e camarim ficarão, a turma, em conjunto, deve decidir como eles serão e o que será necessário para montá-los. Dependendo da quantidade de trabalho, um ou dois grupos podem se responsabilizar pela montagem.

A passarela precisa ter, no mínimo, cerca de 4 metros de extensão, podendo variar de acordo com o espaço disponível na escola ou qualquer outro local escolhido. Pode ser elevada ou não com relação à altura da plateia, porém, sempre prezando pela segurança das pessoas que irão circular por ela. A passarela pode ser feita com tábuas de madeira espalhadas pelo local escolhido ou até com tapetes ou tecidos enfileirados. Independentemente do material utilizado, é importante garantir que estejam presos ao chão para evitar tropeços e quedas.

Ao fundo da passarela deverá haver um espaço para a realização dos bastidores; este pode ser uma sala fechada, se houver, ou pode ser estendida uma cortina para impedir a visão dos espectadores. Os bastidores devem servir de local de armazenamento das roupas e acessórios que serão utilizados no desfile, e como espaço de espera dos modelos (antes e depois de desfilarem). Além disso, as trocas de roupas podem acontecer nos bastidores desde que haja um local adequado, como um banheiro ou uma sala que possa ser fechada.

Para a plateia, podem ser dispostas cadeiras ao redor da passarela ou na frente dela, a depender do espaço e da infraestrutura do local. Dependendo do local e do tempo que durará o desfile, pode haver também almofadas nas quais os espectadores possam se acomodar.

É importante que a passarela seja firme e sem irregularidades, para facilitar o desfile dos modelos.

OVIDIU HRUBARU/SHUTTERSTOCK.COM
Uma dica para agilizar as trocas de roupa é deixar separados os trajes de cada modelo em araras ou cabideiros e colocar identificações claras e visíveis.

Avaliação

Veja nas Orientações para o professor observações e sugestões sobre o uso dos quadros avaliativos.

Para avaliar o processo de construção dos saberes, das atitudes e a reflexão sobre o tema e o mundo do trabalho, sugerimos a elaboração de quadros que permitem o acompanhamento da produção e a reflexão do que foi desenvolvido nas etapas do projeto. Os quadros devem ser copiados e preenchidos de acordo com as orientações do professor.

Avaliação dos saberes

ETAPA 1 – VAMOS COMEÇAR

A.

B.

C.

Não escreva no livro.

Reconhecer o papel da moda como forma de expressão, identidade e também como modo de consumo.

Refletir sobre os próprios hábitos de consumo.

Discutir sobre a necessidade de se repensar o consumo excessivo, tornando-o mais sustentável.

ETAPA 2 – SABER E FAZER

A.

B.

Caracterizar e diferenciar os conceitos fast fashion e slow fashion.

AVALIAÇÃO

DAS AÇÕES

D ESENVOLVIDAS

1 Realizei com facilidade

2 Realizei

3 Realizei com dificuldade

4 Não realizei

Reconhecer que a produção de roupas pode gerar grandes impactos ao meio ambiente.

Compreender os fatores envolvidos na determinação do preço de peças de roupa. C.

Refletir sobre a exploração social existente na indústria da moda.

Discutir sobre a importância de evitar consumir produtos de marcas que violem os direitos humanos e trabalhistas. E.

F.

Reconhecer que a moda pode ser utilizada como alvo e meio de protestos.

Valorizar a importância do respeito às individualidades sem se basear em padrões estéticos.

Refletir sobre a influência da moda nos diversos aspectos das nossas vidas.

ETAPA 3 – PARA FINALIZAR

Planejar e executar um evento de moda sustentável composto por uma exposição de painéis, um bazar solidário e um desfile.

B.

C.

D.

E.

Elaborar painéis temáticos sobre a influência da moda em nossas vidas.

Arrecadar roupas para a realização do evento.

Empenhar-se na customização das roupas.

Realizar o evento de moda com a participação da comunidade.

Avaliação das atitudes

B.

C.

D.

E.

F.

Não escreva no livro.

Realizo as tarefas nas datas sugeridas de forma atenta e responsável.

Atuo com organização, trazendo para as aulas todo o material solicitado.

Demonstro comportamento adequado e comprometido nos diferentes momentos de desenvolvimento do projeto.

Escuto com atenção as explicações e proposições do professor, colegas e outras pessoas envolvidas nas atividades propostas.

Apresento atitude colaborativa, compartilhando opiniões, sugestões e propostas com os colegas.

Falo com clareza, ao compartilhar dúvidas e opiniões.

Atuo de forma respeitosa em relação às dificuldades apresentadas pelos colegas. G.

H.

Demonstro empatia e respeito quando lido com opiniões e contextos diferentes dos meus.

MUNDO DO TRABALHO

No projeto sobre moda sustentável, você conheceu diversos aspectos da indústria da moda e suas implicações sociais e ambientais. Agora, escolha uma profissão envolvida na produção de moda sustentável, como estilista, designer de moda, técnico têxtil, especialista em marketing sustentável, gestor de resíduos ou consultor de moda ética. Pesquise textos e imagens que apresentem aspectos sobre as funções e responsabilidades dessa profissão e como ela pode contribuir para um setor da moda mais consciente e sustentável. Em seguida, elaborem um painel coletivo com os resultados das investigações, evidenciando:

• Quais são as principais atividades desempenhadas por essa profissão no contexto da moda sustentável.

• Como essa profissão pode influenciar e promover mudanças positivas na indústria da moda.

AVALIAÇÃO DAS ATITUDES E POSTURAS

1 Sempre

2 Frequentemente

3 R aramente

4 N unca

Veja nas Orientações para o professor observações e sugestões sobre o uso dos quadros avaliativos.

COMPETÊNCiAS E HABi iDADES

DESENVO VIDAS NESTA OBRA

Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), as competências são identificadas por números (de 1 a 10) e as habilidades, por códigos alfanuméricos, como, por exemplo, EM13LGG103, cuja composição é explicada da seguinte maneira:

• as duas primeiras letras indicam a etapa da Educação Básica, no caso, Ensino Médio (EM);

• o primeiro par de números indica que as habilidades descritas podem ser desenvolvidas em qualquer série do Ensino Médio (13); a s egunda sequência de letras indica a área (três letras) ou o componente curricular (duas letras): LGG = Linguagens e suas Tecnologias; LP = Língua Portuguesa; MAT = Matemática e suas Tecnologias; CNT = Ciências da Natureza e suas Tecnologias; CHS = Ciências Humanas e Sociais Aplicadas;

o s três números finais indicam a competência específica (1o número) e a habilidade específica (dois últimos números).

No caso de Língua Portuguesa, as habilidades específicas estão organizadas em campos de atuação social.

A seguir, os textos na íntegra das competências gerais, competências específicas e habilidades de Ciências da Natureza e suas ecnologias desenvolvidas nesta obra.

A relação de competências específicas e habilidades das demais áreas de conhecimento desenvolvidas nos projetos integradores encontra-se nas Orientações para o professor

Competências gerais da Educação Básica

1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.

2. E xercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.

3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.

4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.

5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e f azer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista

e d ecisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.

9. E xercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.

10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

Competências específicas e habilidades do Ensino Médio

Área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Competência 1:

Analisar fenômenos naturais e processos tecnológicos, com base nas interações e relações entre matéria e energia, para propor ações individuais e coletivas que aperfeiçoem processos produtivos, minimizem impactos socioambientais e melhorem as condições de vida em âmbito local, regional e global.

• (EM13CNT104) Avaliar os benefícios e os riscos à saúde e ao ambiente, considerando a composição, a toxicidade e a reatividade de diferentes materiais e produtos, como também o nível de exposição a eles, posicionando-se criticamente e propondo soluções individuais e/ou coletivas para seus usos e descartes responsáveis.

Competência 2:

Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argumentos, realizar previsões sobre o funcionamento e a evolução dos seres vivos e do Universo, e fundamentar e defender decisões éticas e responsáveis.

• (E M13CNT205) Interpretar resultados e realizar previsões sobre atividades experimentais, fenômenos naturais e processos tecnológicos, com base nas noções de probabilidade e incerteza, reconhecendo os limites explicativos das ciências.

• (E M13CNT207 ) Identificar, analisar e discutir vulnerabilidades vinculadas às vivências e aos desafios contemporâneos aos quais as juventudes estão expostas, considerando os aspectos físico, psicoemocional e social, a fim de desenvolver e divulgar ações de prevenção e de promoção da saúde e do bem-estar.

Competência 3:

Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC).

• (EM13CNT301) Construir questões, elaborar hipóteses, previsões e estimativas, empregar instrumentos de medição e representar e interpretar modelos explicativos, dados e/ou resultados e xperimentais para construir, avaliar e justificar conclusões no enfrentamento de situações-problema sob uma perspectiva científica.

• (E M13CNT302) Comunicar, para públicos variados, em diversos contextos, resultados de análises, pesquisas e/ou experimentos, elaborando e/ou interpretando textos, gráficos, tabelas, símbolos, códigos, sistemas de classificação e equações, por meio de diferentes linguagens, mídias, tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC), de modo a participar e/ou promover debates em torno de temas científicos e/ou tecnológicos de relevância sociocultural e ambiental.

(E M13CNT303) Interpretar textos de divulgação científica que tratem de temáticas das Ciências da Natureza, disponíveis em diferentes mídias, considerando a apresentação dos dados, tanto na forma de textos como em equações, gráficos e/ou tabelas, a consistência dos argumentos e a coerência das conclusões, visando construir estratégias de seleção de fontes confiáveis de informações.

• (E M13CNT306) Avaliar os riscos envolvidos em atividades cotidianas, aplicando conhecimentos das Ciências da Natureza, para justificar o uso de equipamentos e recursos, bem como comportamentos de segurança, visando à integridade física, individual e coletiva, e socioambiental, podendo fazer uso de dispositivos e aplicativos digitais que viabilizem a estruturação de simulações de tais riscos.

• (EM13CNT307 ) Analisar as propriedades dos materiais para avaliar a adequação de seu uso em diferentes aplicações (industriais, cotidianas, arquitetônicas ou tecnológicas) e/ou propor soluções seguras e sustentáveis considerando seu contexto local e cotidiano.

• (E M13CNT310) Investigar e analisar os efeitos de programas de infraestrutura e demais serviços básicos (saneamento, energia elétrica, transporte, telecomunicações, cobertura vacinal, atendimento primário à saúde e produção de alimentos, entre outros) e identificar necessidades locais e/ou regionais em relação a esses serviços, a fim de avaliar e/ou promover ações que contribuam para a melhoria na qualidade de vida e nas condições de saúde da população.

REFERÊNCiAS BiB i OGRAFiCAS COMENTADAS

A ÁGUA da chuva é potável? Superinteressante , Abril Comu nicações S.A., 22 fev. 2024.

Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/a-agua-dachuva-e-potavel/. Acesso em: 10 out. 2024.

Reportagem sobre a potabilidade da água da chuva.

ALMEIDA, R.; MAIA, G. Quanto plástico é produzido no mundo. E de onde ele vem. Nexo, 6 jun. 2019.

Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/grafico/2019/06/06/ quanto-plastico-e-produzido-no-mundo-e-de-onde-ele-vem. Acesso em: 10 out. 2024.

Apresentação de dados relativos à produção mundial de plásticos. ANTÍDOTO contra a desinformação: 7 passos para identificar uma notícia falsa. Tribunal Superior Eleitoral, 2 nov. 2023.

Disponível em: https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2023/ Novembro/antidoto-contra-a-desinformacao-aprenda-a-identificaruma-noticia-falsa-em-7-passos. Acesso em: 10 out. 2024.

• Artigo do Tribunal Superior Eleitoral alertando como identificar uma notícia falsa.

APENAS 9% do plástico global é reciclado; no Brasil, a porcentagem é ainda menor. Jornal da USP, 6 mar. 2024. Disponível em: https://jornal. usp.br/radio-usp/apenas-9-do-plastico-global-e-reciclado-no-brasil-porcentagem-ainda-e-menor/. Acesso em: 10 out. 2024.

• Reportagem sobre a quantidade de plástico reciclado no Brasil e no mundo.

AS FUNÇÕES no cinema. Artescétera, 29 ago. 2013. Disponível em: http://www.artescetera.com.br/cinema/as-funcoes-nocinema/. Acesso em: 10 out. 2024.

• Artigo com informações sobre as funções no cinema.

BAQUERO, R.; BAQUERO, M. Educando para a democracia: valores

democráticos partilhados por jovens porto-alegrenses. Ciências Sociais em Perspectiva, v. 6, n. 11, p. 139-153, 2007. Disponível em: http://e-revista.unioeste.br/index.php/ ccsaemperspectiva/article/view/1506/1224. Acesso em: 10 out. 2024.

• Artigo que problematiza a questão da educação para a democracia examinando os valores democráticos partilhados por jovens porto-alegrenses.

BEAUHARNAIS, G. Entre bordados e tanques de guerra: o desfile-protesto de Zuzu Angel. ELLE Brasil, 31 mar. 2021. Disponível em: https://elle.com. br/moda/entre-bordados-e-tanques-de-guerra-o-desfile-protesto-de-zuzu-angel. Acesso em: 10 out. 2024.

• Reportagem sobre Zuzu Angel, o desfile-protesto e sua influência na moda brasileira.

BERZAGHI, F. et al. Carbon stocks in central African forests enhanced by elephant disturbance. Nature Geoscience, n. 12, p. 725-729, set. 2019. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41561-019-0395-6. Acesso em: 30 ago. 2024.

• Artigo sobre a influência dos elefantes nos estoques de carbono nas florestas da África Central.

BOTELHO, V. Microplásticos da poluição podem contaminar o sangue por meio da alimentação e respiração. Jornal da USP, 23 maio 2022. Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/ microplasticos-da-poluicao-podem-contaminar-o-sangue-por-meio-daalimentacao-e-respiracao/. Acesso em: 10 out. 2024.

• Artigo sobre a presença de microplásticos no sangue humano. BRASIL é o 4 o país do mundo que mais gera lixo plástico. WWF Brasil, 4 mar. 2019.

Disponível em: https://www.wwf.org.br/?70222/Brasil-e-o-4-pais-domundo-que-mais-gera-lixo-plastico. Acesso em: 10 out. 2024.

• Panorama brasileiro sobre geração e descarte de plásticos.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Rotulagem nutricional: novas regras em vigor em 120 dias. 1 nov. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/ noticias-anvisa/2022/rotulagem-nutricional-novas-regras-entram-emvigor-em-120-dias. Acesso em: 10 out. 2024.

• Comunicado da Anvisa sobre as novas regras da rotulagem nutricional.

BRASIL. Instituto de pesquisa DataSenado. Pesquisa DataSenado revela o que pensa o brasileiro sobre Fake News. Brasília, DF, ago. 2024. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/institucional/datasenado/ materias/pesquisas/pesquisa-datasenado-revela-o-que-pensa-obrasileiro-sobre-fake-news. Acesso em: 10 out. 2024.

• Divulgação da pesquisa Panorama Político com informações sobre como as notícias falsas podem impactar as eleições no Brasil.

BRASIL. Instituto Nacional de Meteorologia - INMET. Brasília, DF: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Disponível em: https://clima.inmet.gov.br/GraficosClimatologicos/ DF/83377. Acesso em: 10 out. 2024. Gráficos climatológicos dos municípios.

BRASIL. Lei n o 10.803, de 11 de dezembro de 2003. Brasília, DF: Casa Civil, 11 dez. 2003.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.803. htm. Acesso em: 10 out. 2024.

Texto da Lei no 10.803 que altera o art. 149 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, para estabelecer penas ao crime nele tipificado e indicar as hipóteses em que se configura condição análoga à de escravo.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instituto Nacional de Meteorologia. Brasília, DF, 2020. Disponível em: https://portal.inmet.gov.br/. Acesso em: 10 out. 2024. Site com informações sobre meteorologia.

BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos. Brasília, DF, 2020.

Disponível em: https://www.cptec.inpe.br/. Acesso em: 10 out. 2024. Site com informações sobre o clima.

BRASIL. Ministério da Saúde. Alimentos regionais brasileiros . 2. ed. Brasília, DF, 2015.

Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/alimentos_ regionais_brasileiros_2ed.pdf. Acesso em: 10 out. 2024. Texto com informações e receitas de uma série de alimentos regionais brasileiros.

BRASIL. Ministério da Saúde. Boletim epidemiológico: cenário da obesidade no Brasil. v. 55, n. 7, 9 abr. 2024. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/ publicacoes/boletins/epidemiologicos/edicoes/2024/boletimepidemiologico-volume-55-no-07.pdf. Acesso em: 10 out. 2024. Boletim epidemiológico que discute o cenário da obesidade no Brasil.

BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. 2. ed. Brasília, DF, 2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_ alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf. Acesso em: 10 out. 2024.

• Guia que traz orientações sobre alimentação saudável.

BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Manual de saneamento. 3. ed. rev. Brasília, DF, 2004. Disponível em: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/ residuos/Manual%20de%20Saneamento.pdf. Acesso em: 10 out. 2024.

• Manual com orientações técnicas sobre saneamento básico.

BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Brasília, DF, 2012.

Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_ nacional_alimentacao_nutricao.pdf. Acesso em: 10 out. 2024.

• Texto que discute os direitos humanos à saúde e à alimentação.

BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde sem fake news. Brasília, DF, 2020. Disponível em: https://www.saude.df.gov.br/web/guest/w/saude-semfake-news. Acesso em: 10 out. 2024.

• Portal do Ministério da Saúde com diversas informações sobre fake news.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional. Programa Cisternas: captação de água de chuva para abastecimento humano em escolas. 2023. Disponível em: https://www.gov.br/mdr/pt-br. Acesso em: 10 out. 2024.

• Descrição do programa do governo brasileiro que promove a instalação de cisternas em escolas de áreas rurais, contribuindo para o acesso à água potável e a educação ambiental.

BRASIL. Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br. Acesso em: 10 out. 2024.

• Site do governo com reportagens e informações sobre os direitos humanos.

BRASIL. Senado Federal. Câmara dos Deputados. Redes sociais, notícias falsas e privacidade de dados na internet . Brasília, DF, nov. 2019. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/institucional/datasenado/ arquivos/mais-de-80-dos-brasileiros-acreditam-que-redes-sociaisinfluenciam-muito-a-opiniao-das-pessoas. Acesso em: 10 out. 2024.

• Pesquisa sobre redes sociais, notícias falsas e privacidade de dados na internet.

BRUNA, M.H.V. Enxaqueca. Portal Drauzio Varella, 7 ago. 2023. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/ enxaqueca/. Acesso em: 10 out. 2024.

• Artigo que explica o que é enxaqueca e seus sintomas.

CAESB. A água, o cidadão e a Caesb. Brasília, DF, 2014.

Disponível em: https://www.caesb.df.gov.br/images/arquivos_pdf/ cartlilha_agua_cidadao2.pdf. Acesso em: 10 out. 2024.

• Publicação que apresenta o papel da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal e como o usuário pode ajudar na conservação e preservação do ambiente.

CALDAS, E. Quando os livros de ficção científica estavam certos. Galileu, 5 maio 2014.

Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Cultura/noticia/2014/05/ quando-os-livros-de-ficcao-cientifica-estavam-certos.html. Acesso em: 10 out. 2024.

• Artigo com uma pequena lista das “previsões” da ficção científica que se tornaram realidade.

CIENTISTAS criam filmes comestíveis para embalagens. Embrapa, 6 jan. 2015. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/ noticia/2411923/cientistas-criam-filmes-comestiveis-para-embalagens. Acesso em: 10 out. 2024.

• Texto que apresenta pesquisas que utilizam alimentos e nanotecnologia para desenvolver embalagens comestíveis.

CLEAN CLOTHES CAMPAIGN. Direitos dos trabalhadores na indústria da moda: desafios e progressos. 2023. Disponível em: https://cleanclothes.org. Acesso em: 10 out. 2024.

• Organização que promove a melhoria das condições de trabalho na indústria da moda, com relatórios sobre abusos trabalhistas e campanhas por mudanças.

COLE, J. Tingimento: o impacto no meio ambiente e as soluções sustentáveis. Vogue, 5 jun. 2019.

Disponível em: https://vogue.globo.com/moda/moda-news/ noticia/2019/06/tingimento-o-impacto-no-meio-ambiente-e-solucoessustentaveis.html. Acesso em: 10 out. 2024.

• Artigo que aborda possíveis soluções para os problemas atrelados ao processo de tingimento na indústria da moda.

COLERATO, M. Qual a diferença entre uma camiseta branca de R$ 30 e uma de R$ 100? Modefica, 13 jan. 2016.

Disponível em: https://www.modefica.com.br/qual-a-diferenca-entreuma-camisa-branca-de-r-30-e-uma-de-r-100/. Acesso em: 13 set. 2024.

• Artigo que discute o que está embutido no preço de uma roupa.

COM retomada do investimento, Governo leva mais de 58 mil cisternas ao Semiárido. Agência GOV, 14 jun. 2024. Disponível em: https://agenciagov.ebc.com.br/noticias/202406/ programa-cisternas-avanca-e-promove-cidadania-as-familias-dosemiarido-nordestino. Acesso em: 10 out. 2024.

• Reportatem sobre a retomada do Programa Cisternas.

CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO. Universidade de Santo Amaro. IPESPE. Estudo sobre a consciência vacinal no Brasil: relatório de pesquisa quantitativa.

Disponível em: https://www.cnmp.mp.br/portal/images/noticias/2024/ Junho/Relatório_Estudo_Quantitativo_sobre_Consciência_Vacinal_no_ Brasil_-_2024_junho.pdf. Acesso em: 10 out. 2024.

• Relatório da pesquisa Estudo sobre a Consciência Vacinal no Brasil de março de 2024.

CRICHTON, M. Jurassic Park . São Paulo: Aleph, 2015. E-book. Livro que inspirou o filme de Steven Spielberg.

DIA Mundial da Água: 2,2 bilhões de pessoas não têm acesso a água potável. Climainfo, 25 mar. 2024. Disponível em: https://climainfo.org.br/2024/03/25/dia-mundial-daagua-22-bilhoes-de-pessoas-nao-tem-acesso-a-agua-potavel/. Acesso em: 10 out. 2024.

Reportagem que reflete sobre a escassez de água no mundo.

DOMÍNGUEZ, N. Nobel de Física prevê que em 50 anos confirmaremos que a “vida no universo está por toda parte”. El País, 2 jan. 2020.

Disponível em: https://brasil.elpais.com/ciencia/2020-01-02/ nobel-de-fisica-preve-que-em-50-anos-confirmaremos-que-a-vida-nouniverso-esta-por-toda-parte.html. Acesso em: 10 out. 2024. Entrevista com o prêmio Nobel de Física 2019, Didier Queloz, que comanda as operações científicas de um telescópio espacial que observará centenas de planetas extrassolares.

DREW, D.; REICHART, E. Os impactos sociais e econômicos da fast fashion

WRI Brasil, 6 fev. 2019.

Disponível em: https://wribrasil.org.br/pt/blog/2019/02/os-impactoseconomicos-e-sociais-da-fast-fashion. Acesso em: 10 out. 2024. Artigo aponta a dimensão do desperdício e os impactos causados pela indústria da fast fashion

É GOLPE site com promoção de pneus ‘recuperados’ das enchentes no Rio Grande do Sul. Agência Lupa, 9 ago. 2024.

Disponível em: https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2024/08/09/e-golpesite-com-promocao-de-pneus-recuperados-das-enchentes-no-riogrande-do-sul. Acesso em: 10 out. 2024.

Reportagem que verifica suposta notícia sobre a venda de produtos afetados pelas enchentes no Rio Grande do Sul.

ENTENDA como uma empresa pretende trazer mamute-lanoso de volta à vida. Galileu, 14 set. 2021.

Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Tecnologia/ noticia/2021/09/entenda-como-uma-empresa-pretende-trazer-mamutelanudo-de-volta-vida.html. Acesso em: 10 out. 2024.

Reportagem sobre empresa que pretende aplicar a técnica de edição genética para trazer mamute-lanudo de volta.

FACTCHECK.ORG. Combate à desinformação na área da saúde. 2023. Disponível em: https://www.factcheck.org. Acesso em: 10 out. 2024.

• Site que faz a checagem de fatos relacionados à saúde, expondo informações falsas que circulam nas redes sociais e na mídia. FAKE NEWS sobre vacinas buscam gerar medo, dúvidas e lucro. Agência Brasil, 17 set. 2023.

Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2023-09/ fake-news-sobre-vacinas-buscam-gerar-medo-duvidas-e-lucro. Acesso em: 10 out. 2024.

• Reportagem sobre o excesso de informações, muitas falsas, sobre a pandemia e a vacinação.

FAPESP. Código de boas práticas científicas. São Paulo, 2014. Disponível em: https://fapesp.br/boaspraticas/2014/FAPESP-Codigo_de_ Boas_Praticas_Cientificas.pdf. Acesso em: 10 out. 2024.

• Documento que traz diretrizes para as atividades científicas.

FERREIRA, P. Água invisível. EBC Disponível em: https://www.ebc.com.br/especiais-agua/agua-invisivel/. Acesso em: 10 out. 2024.

• Artigo sobe a água invisível – que está no processo de produção e que ninguém vê.

FINOTTI, I. Autor revisa história da ficção científica e adianta seu nascimento em dois séculos. Folha de S.Paulo, 11 jul. 2018.

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2018/07/ autor-revisa-historia-da-ficcao-cientifica-e-adianta-seu-nascimento-emdois-seculos.shtml. Acesso em: 10 out. 2024.

• Reportagem sobre o livro A verdadeira História da Ficção científica –do preconceito à conquista das massas, de Adam Roberts.

FIRST Draft flashcards. First Draft , 2019. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=sepCzGxjGQ&t=87s&ab_channel=FirstDraft. Acesso em: 10 out. 2024. [Tradução do editor.]

• Projeto para combater a desinformação online

FRANKENSTEIN. The Internet Movie Script Database, 8 fev. 1993. Disponível em: https://www.imsdb.com/scripts/Frankenstein.html. Acesso em: 10 out. 2024. [Tradução do editor].

• Roteiro em inglês do filme Frankenstein FUSCO, C. “A verdadeira história da ficção científica”, de Adam Roberts: a FC como um mapa para a humanidade. Medium@grupopensamento, São Paulo, 21 maio 2018. Disponível em: https://medium.com/@grupopensamento/a-verdadeirahistoria-da-ficcao-científica-de-adam-roberts-a-fc-como-um-mapapara-a-humanidade-13dd792635e0. Acesso em: 10 out. 2024.

• Texto que aborda a obra A verdadeira história da ficção científica, de Adam Roberts, e discute as dificuldades de se definir o gênero e traçar sua história.

GALF, R. Dicas e ferramentas para não espalhar fake news Folha de S.Paulo, 16 dez. 2019.

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2019/12/dicas-eferramentas-para-nao-espalhar-fake-news.shtml. Acesso em: 10 out. 2024.

• Artigo que orienta como verificar se o que foi recebido por aplicativo de mensagens é ou não verdade.

GIELOW, I. Revelação de imagem ilumina a subcultura dos buracos negros. Folha de S.Paulo, 10 abr. 2019.

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2019/04/ revelacao-de-imagem-ilumina-a-subcultura-dos-buracos-negros.shtml. Acesso em: 10 out. 2024.

• Texto que aborda a semelhança entre a imagem real do buraco negro e a concepção artística do filme Interestelar

GOOD ON YOU. Avaliação de marcas de moda sustentável e ética 2023.

Disponível em: https://www.goodonyou.eco. Acesso em: 10 out. 2024.

• Ferramenta que classifica marcas de moda com base em sua sustentabilidade, fornecendo informações sobre as práticas ambientais e sociais das empresas.

GRAGNANI, J. Como seu glitter no Carnaval chega aos peixes no oceano.

BBC Brasil, 28 jan. 2018.

Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-42797763. Acesso em: 10 out. 2024.

• Artigo sobre os impactos ambientais do uso do glitter, comum no Carnaval.

GREENPEACE AUSTRALIA PACIFIC. The alarming presence of microplastics and plastic in the human body. Greenpeace, 19 jul. 2024.

Disponível em: https://www.greenpeace.org.au/article/microplastic-inthe-human-body/. Acesso em: 10 out. 2024.

• Reportagem do Greenpeace que discute os efeitos dos microplásticos na saúde humana e na biodiversidade, com foco em pesquisas recentes sobre a presença de plásticos no corpo humano.

GUILHERME, G. Crescimento das fake news influencia agenda pública e requer ações. Jornal da Unicamp, 14 set. 2018. Disponível em: https://www.unicamp.br/unicamp/index.php/ju/ noticias/2018/09/14/crescimento-das-fake-news-influencia-agendapublica-e-requer-acoes. Acesso em: 10 out. 2024.

• Reportagem sobre seminário com informações de combate às fake news HEWITT, P. G. Física conceitual. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002.

• Conceitos gerais da Física são apresentados nesse livro. IBGE. Atlas escolar IBGE . Disponível em: https://atlasescolar.ibge.gov.br/images/mapas/pdf/ brasil-diversidade-ambiental-clima- e-climas-zonais-p-99.pdf. Acesso em: 10 out. 2024.

• Referência para divisão de climas e climas zonais. IBGE. Contas econômicas ambientais da água: Brasil 2013-2017. Brasília, DF: Ministério do Desenvolvimento Regional: Ministério da Economia: ANA. Disponível em: https://www.gov.br/ana/pt-br/assuntos/ noticias-e-eventos/noticias/ana-e-ibge-atualizam-levantamentoque-aponta-o-papel-da-agua-na-economia-brasileira/ ceaa_2013-2017_informativo.pdf. Acesso em: 10 out. 2024. Apresentação das contas ambientais da água de 2013 a 2017. IFLA. Como identificar notícias falsas . Tradução: Denise Cunha. Haia s.n.], 2019.

Disponível em: https://www.ifla.org/files/assets/hq/topics/info-society/ images/portuguese_-_how_to_spot_fake_news.pdf. Acesso em: 10 out. 2024. R esumo da International Federation of Library Associations and Institutions para identificar notícias falsas.

INTERNATIONAL renewable freshwater resources by region [recursos internos renováveis de água doce por região]. Our World in Data , 20 maio 2024.

Disponível em: https://ourworldindata.org/grapher/internal-renewablefreshwater-resources-by-region. Acesso em: 10 out. 2024. Dados da quantidade de água doce interna dos países.

KAZA, S. et al. What a waste 2.0: A global snapshot of solid waste management to 2050. Washington, DC: World Bank, 2018. (Urban Development eries). ©World Bank. License: CC BY 3.0 IGO. Disponível em: https://openknowledge.worldbank.org/ handle/10986/30317. Acesso em: 10 out. 2024. Estudo mundial sobre o descarte de resíduos sólidos.

LOPES, R. J. No 2019 de “Blade Runner”, faltam smartphones e sobram orelhões. Folha de S.Paulo, 31 out. 2019.

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/10/ blade-runner-que-se-passa-em-novembro-de-2019-nao-previu-atecnologia-de-hoje.shtml. Acesso em: 10 out. 2024. A rtigo compara tecnologias mostradas no filme Blade Runner : o caçador de androides para o fictício ano de 2019 com as tecnologias existentes no 2019 real.

LOPES, R. J. Veja verdades e mitos científicos no filme “Interestelar”. Folha de S.Paulo, 16 nov. 2014.

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2014/11/1548517veja-verdades-e-mitos-cientificos-no-filme-interestelar.shtml. Acesso em: 10 out. 2024.

• Texto aponta erros e acertos presentes no filme Interestelar.

MACHADO, A. Padrões de beleza restritivos causam sofrimento a mulheres. Humanista, 24 maio 2018.

Disponível em: https://www.ufrgs.br/humanista/2018/05/24/padroes-debeleza-restritivos-causam-sofrimento-a-mulheres/. Acesso em: 10 out. 2024.

• Texto sobre como a relação com o corpo foi ressignificada ao longo do tempo até chegarmos ao padrão da mulher branca e magra como ícone de beleza e sucesso.

MARASCIULO, M. Júlio Verne: previsões do autor que se tornaram realidade. Galileu, 27 mar. 2018. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Cultura/noticia/2018/03/ julio-verne-previsoes-do-autor-que-se-tornaram-realidade.html. Acesso em: 10 out. 2024.

• Texto que chama a atenção para antecipações tecnológicas presentes em algumas obras do autor francês.

MARTINS, A. P. B. et al. Participação crescente de produtos ultraprocessados na dieta brasileira (1987-2009). Revista Saúde Pública, v. 47, n. 4, p. 656-65, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v47n4/0034-8910rsp-47-04-0656.pdf. Acesso em: 10 out. 2024.

• Texto que discute o aumento da participação de alimentos ultraprocessados na dieta brasileira.

MÁXIMO, W. Brasil resgatou 3,1 mil trabalhadores escravizados em 2023. Agência Brasil, 3 jan. 2024. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/ direitos-humanos/noticia/2024-01/brasil-resgatou-31-mil-trabalhadoresescravizados-em-2023. Acesso em: 10 out. 2024.

• Reportagem sobre o trabalho análogo à escravidão que ainda existe no Brasil.

MEDEIROS, T. Cinco motivos para não deixar de tomar água. Drauzio Varella , 2 mar. 2021. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/ alimentacao/5-motivos-para-nao-deixar-de-tomar-agua/. Acesso em: 10 out. 2024.

• Artigo que discute a importância do consumo de água.

MELO, P. C. T. Definições e critérios da classificação botânica e comercial das hortaliças. São Paulo: ESALQ/USP, 2019. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile. php/4601309/mod_resource/content/1/1a.%20Aula_Hort.-2019Classifica%C3%A7%C3%A3o%20Olericultura_vers%C3%A3o%202.pdf. Acesso em: 10 out. 2024.

• Apresentação de definições e critérios de classificação botânica e comercial das hortaliças.

MORI, N. T. Slow fashion : conscientização do consumo de moda no Brasil. 2016. Monografia (Especialização em Estética e Gestão de Moda) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016.

Disponível em: https://moda.eca.usp.br/monografias/NATALIA%20MORIUSP.pdf. Acesso em: 10 out. 2024.

• M onografia sobre o slow fashion, movimento de moda sustentável criado pela inglesa Kate Fletcher.

NÃO existe vacina contra o diabetes. Drauzio Varella, 2020. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/checagens/nao-existevacina-contra-o-diabetes/. Acesso em: 10 out. 2024.

• Reportagem esclarecendo a notícia falsa sobre uma possível vacina contra diabetes.

OECD. Global Plastics Outlook: Economic Drivers, Enviromental Impacts and Policy Options. Paris: OECD Publishing, 2022. Disponível em: https://www.oecd.org/content/dam/oecd/en/ publications/reports/2022/02/global-plastics-outlook_a653d1c9/ de747aef-en.pdf. Acesso em: 10 out. 2024.

• Relatório sobre a produção, o uso e a geração de resíduos plásticos em nível global.

O FUTURO chegou! – “De volta para o futuro”. TV Cultura, 2015. Disponível em: https://tvcultura.com.br/videos/14299_o-futuro-chegoude-volta-pro-futuro.html. Acesso em: 10 out. 2024.

• Reportagem de 2015 sobre as tecnologias antecipadas para o fictício ano de 2015 no filme De volta para o futuro 2

OLIVEIRA, F. R. Como a ficção científica conquistou a atualidade: tecnologias de informação e mudanças na subjetividade. Intercom: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, v. 28, n. 2, p. 103-122, 2005.

Disponível em: https://revistas.intercom.org.br/index.php/ revistaintercom/article/view/385. Acesso em: 10 out. 2024.

• Texto apresentado no XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom), em 2001, que busca compreender como a ficção científica, de gênero literário menor, restrito a fãs, conquistou a vanguarda artística e acadêmica, tornando-se a ficção da atualidade.

ONU Programa para o meio ambiente. Como os países estão virando a maré da poluição plástica nos mares.

Disponível em: https://www.unep.org/pt-br/noticias-e-reportagens/ reportagem/como-os-paises-estao-virando-mare-da-poluicao-plasticanos-mares. Acesso em: 5 ago. 2024.

• Reportagem sobre a campanha Mares Limpos para lutar contra o lixo marinho e a poluição por plástico.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração e programa de ação sobre uma cultura de paz. Brasília, DF, 6 out. 1999.

Disponível em: http://www.comitepaz.org.br/download/ Declara%C3%A7%C3%A3o%20e%20Programa%20de%20

A%C3%A7%C3%A3o%20sobre%20uma%20Cultura%20de%20Paz%20 -%20ONU.pdf. Acesso em: 10 out. 2024.

• Documento da Assembleia Geral da ONU com declaração e programa de ações para uma cultura de paz.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. O que tem na sua calça jeans? Brasília, DF, 17 dez. 2018.

Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/81903-o-que-tem-na-suacalça-jeans. Acesso em: 10 out. 2024.

Artigo discute o conceito de sustentabilidade na indústria da moda. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. Brasília, DF.

Disponível em: https://www.fao.org/brasil/pt/. Acesso em: 10 out. 2024. Texto sobre o que é e a que se propõe a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

PARKER, L. Por que a poluição plástica se tonou uma crise global?

National Geographic , 15 abr. 2024.

Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/ meio-ambiente/2024/04/por-que-a-poluicao-plastica-se-tornou-umacrise-global. Acesso em: 23 out. 2024.

Artigo que explora a amplitude do problema da poluição plástica nos oceanos, destacando como a ação humana contribui para o acúmulo de resíduos plásticos no ambiente.

PINTO, M. P. C.; MELGES, F. M.; CALDAS, P. V. D.; SILVA, A. E. C.; MENEGHETTE, R. L. Enxaqueca: revisão literária. Brazilian Journal of Health Review, S l ], v. 7, n. 3, p. e70456, 2024. DOI: 10.34119/bjhrv7n3-359.

Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/ article/view/70456. Acesso em: 10 outt. 2024.

Revisão literária sobre a enxaqueca.

PLASTIC POLLUTION COALITION. Combate à poluição por plásticos: estratégias globais e locais. 2023.

Disponível em: https://www.plasticpollutioncoalition.org. Acesso em: 10 out. 2024.

Site com recursos sobre como reduzir o uso de plásticos descartáveis, incluindo guias para indivíduos, empresas e formuladores de políticas.

POLUIÇÃO atmosférica & chuva ácida. In: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Laboratório de Química Ambiental. Educação Ambiental e Cidadania . São Paulo, 2006.

Disponível em: http://www.usp.br/qambiental/chuva_acidafront.html. Acesso em: 10 out. 2024.

Artigo que define chuva ácida.

POLUIÇÃO da indústria têxtil: qual o impacto dela nos oceanos e quais as soluções sustentáveis. FuturePrint , 14 nov. 2023.

Disponível em: https://digital.feirafutureprint.com.br/textil/ poluicao-da-industria-textil-qual-o-impacto-dela-nos-oceanos-e-quaissolucoes-sustentaveis. Acesso em: 10 out. 2024.

• Reportagem que discute o impacto da poluição têxtil nos oceanos e quais as soluções sustentáveis.

PROJETO experimental de aproveitamento de água da chuva com a tecnologia da minicisterna para residência urbana. Manual de construção e instalação. Versão 1.2. Sempre Sustentável, 2018. Disponível em: http://www.sempresustentavel.com.br/hidrica/ minicisterna/minicisterna.htm. Acesso em: 10 out. 2024.

• Projeto experimental de aproveitamento da água de chuva com a tecnologia da minicisterna para residência urbana.

REACTOR.COM. Ficção científica e suas influências na cultura contemporânea.

Disponível em: https://reactormag.com/. Acesso em 10 out. 2024.

• Site em inglês sobre fantasia e ficção científica.

REECE, J. B. et al. Biologia de Campbell. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.

• Conceitos gerais da Biologia são apresentados nesse livro.

REIS, L. D. et al. Influência das mídias sociais no comportamento de jovens do ensino médio. In: MOSTRA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO, 19. Resumos [...]. Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul, 2019. Disponível em: http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/ mostraucsppga/xixmostrappga/paper/viewFile/6342/2077. Acesso em: 10 out. 2024.

• Artigo sobre pesquisa realizada com jovens a respeito da influência das mídias sociais em seu comportamento.

RINKESH, K. Causes, Effects and Incredible Solutions to Plastic Pollution You’ll Wish You’d Known Conserve Energy Future, 2020. Disponível em: https://www.conserve-energy-future.com/causeseffects-solutions-of-plastic-pollution.php. Acesso em: 10 out. 2024.

• Texto que aborda causas, impactos e formas de remediação e prevenção da poluição plástica.

RIPKA, L. A. Grande depósito de lixo do Pacífico contém 87 mil toneladas de plástico. Folha de S.Paulo, 23 mar. 2018. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2018/03/ grande-deposito-de-lixo-do-pacifico-contem-87-mil-toneladas-deplastico.shtml. Acesso em: 10 out. 2024.

• Reportagem que aborda a problemática dos plásticos e o grande depósito de lixo que se encontra no oceano Pacífico.

ROBERTS, A. A verdadeira história da ficção científica: do preconceito à conquista das massas. São Paulo: Seoman, 2018.

• Obra que propõe uma nova leitura da história da ficção científica.

SABESP. Tratamento de água . São Paulo, 2020. Disponível em: https://www.sabesp.com.br/o-que-fazemos/ fornecimento-agua/tratamento-agua. Acesso em: 29 out. 2024.

• Fases do processo convencional de tratamento de água.

SAHD, L. Qual a função dos diferentes profissionais num set de cinema? Superinteressante, 20 jan. 2016.

Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/qual-afuncao-dos-diferentes-profissionais-num-set-de-cinema/. Acesso em: 10 out. 2024.

• Artigo com resumo sobre as funções dos profissionais do cinema.

SALAS, P. Cuidado com a fábrica de mentiras. Nova Escola, n. 312, maio 2018. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/11701/cuidado-coma-fabrica-de-mentiras. Acesso em: 10 out. 2024.

• R eportagem com informações sobre fake news e como abordar o assunto em sala de aula.

SÃO PAULO (Estado). Ministério Público. Diálogos e práticas res t aur ativas nas escolas: guia prático para educadores. São Paulo, 2018. Disponível em: https://efape.educacao.sp.gov.br/convivasp/wp-content/ uploads/2019/11/Di%C3%A1logos-e-Pr%C3%A1ticas-Restaurativas-nasEscolas.pdf. Acesso em: 10 out. 2024.

• Página para educadores com sugestões de como trabalhar com o diálogo e as práticas restaurativas na sala de aula.

SCHMITT, S. Seis em cada dez brasileiros têm interesse em temas de ciência e tecnologia, aponta levantamento. Revista Pesquisa Fapesp, 25 jun. 2024.

Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/ seis-em-cada-dez-brasileiros-tem-interesse-em-temas-de-ciencia-etecnologia-aponta-levantamento/. Acesso em: 5 set. 2024.

• Reportagem sobre a pesquisa Percepção pública da C&T no Brasil 2023.

SCIENCE FICTION AND FANTASY WRITERS OF AMERICA (SFWA). Recursos para escritores de ficção científica e fantasia. 2024. Disponível em: https://www.sfwa.org. Acesso em: 10 out. 2024.

• Site em inglês da associação de escritores de fantasia e ficção científica. SEMIS, L. Como identificar uma notícia falsa? Nova Escola, 15 ago. 2018. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/12305/comoidentificar-uma-noticia-falsa. Acesso em: 10 out. 2024.

• Artigo explica como distinguir a verdade de boatos em aplicativos de mensagens e em redes sociais.

SESC-SC economiza 214 mil litros com uso de água da chuva. Sesc SC , 21 mar. 2023.

Disponível em: https://www.sesc-sc.com.br/institucional/sesc-sceconomiza-214-mil-litros-com-uso-de-agua-da-chuva-. Acesso em: 10 out. 2024.

Reportagem sobre a utilização de água da chuva em unidades do Sesc. SETORES do MICBR: moda pode atingir faturamento de US$ 1 trilhão em 2025. Gov.br, 6 nov. 2023.

Disponível em: https://www.gov.br/cultura/pt-br/assuntos/noticias/setoresdo-micbr-moda-pode-atingir-faturamento-de-us-1-trilhao-em-2025. Acesso em: 10 out. 2024.

Reportagem do Ministério da Cultura sobre a indústria da Moda. SHELLEY, M. Frankenstein. Edição de bolso. Porto Alegre: L&PM, 1997. E-book

SHELLEY, M. Frankenstein: uma história de Mary Shelley. Contada por Ruy Castro. 32. reimpr. São Paulo: Selo Seguinte, 2014. p. 16 e 17. Romance de terror gótico da escritora britânica Mary Shelley.

SILVA, V. P. R. et al. Uma medida da sustentabilidade ambiental: pegada hídrica. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental , Campina Grande, v. 17, n. 1, p. 100-105, 2013.

Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1415-43662013000100014. Acesso em: 10 out. 2024.

Artigo que explica o conceito da pegada hídrica.

SLOW fashion e fast fashion: saiba quais as diferenças na hora de comprar! Ariana Nasi, 5 jul. 2019. Disponível em: http://www.ariananasi.com.br/a-diferenca-entre-slowfashion-e-fast-fashion/. Acesso em: 10 out. 2024.

Artigo que explica a diferença entre fast fashion e slow fashion para possibilitar o desenvolvimento do consumo consciente.

SLYWITCH, E. Guia alimentar de dietas vegetarianas para adultos. São Paulo: Sociedade Vegetariana Brasileira, 2012. Disponível em: https://old.svb.org.br/livros/SVB-GuiaAlimentar-2018.pdf. Acesso em: 10 out. 2024.

Guia com orientações para uma dieta vegetariana.

SOARES, M. Setor têxtil e de vestuário irá crescer nos próximos anos no país. Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, 26 jun. 2019. Disponível em: https://www.fiesp.com.br/noticias/setor-textil-e-devestuario-ira-crescer-nos-proximos-anos-no-pais/. Acesso em: 10 out. 2024.

• Texto sobre o crescimento do mercado da moda e as estimativas de expansão.

SOARES, V. Estudo aponta que as fake news podem ser internalizadas como verdades. Correio Braziliense, 2 out. 2019. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ ciencia-e-saude/2019/10/02/interna_ciencia_saude,793585/estudoaponta-que-as-fake-news-podem-ser-internalizadas-como-verdades. shtml. Acesso em: 10 out. 2024.

• Implicações sociais da disseminação de fake News

SUDRÉ, L. Por que precisamos reduzir a produção de plásticos em 75% até 2040? Greenpeace, 7 nov. 2023.

Disponível em: https://www.greenpeace.org/brasil/blog/por-queprecisamos-reduzir-a-producao-de-plasticos-em-75-ate-2040/. Acesso em: 10 out. 2024

• Reportagem do Greenpeace que discute os efeitos dos microplásticos na saúde humana e na biodiversidade, com foco sobre a crise climática

THE LIFECYCLE of plastics. WWF-Australia, 1º jul. 2021.

Disponível em: https://www.wwf.org.au/news/blogs/the-lifecycle-ofplastics#gs.sgko3v. Acesso em: 10 out. 2024.

• Reportagem em inglês que apresenta o ciclo de vida de alguns pláticos.

THE SCIENCE FICTION AND FANTASY RESEARCH DATABASE. Recursos e estudos sobre ficção científica. 2024.

Disponível em: https://sffrd.library.tamu.edu. Acesso em: 10 out. 2024.

• B anco de dados com artigos acadêmicos, resenhas e ensaios sobre ficção científica e fantasia, cobrindo uma ampla gama de temas e autores.

UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME.

Disponível em: https://www.unenvironment.org/pt-br. Acesso em: 10 out. 2024.

• Site do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). VASCONCELOS, Y. Planeta plástico. Revista Fapesp, jul. 2019. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/2019/07/08/planetaplastico/. Acesso em: 10 out. 2024.

• Informações gerais sobre o plástico, tais como produção, consumo, descarte, classificação, entre outros.

VOGT, C.; GOMES, M.; MUNIZ, R. (org.). ComCiência e divulgação científica. Campinas: Unicamp, 2018.

Disponível em: http://www.comciencia.br/wp-content/uploads/2018/07/ livrocomciencia_cb.pdf. Acesso em: 10 out. 2024.

• Publicação celebra os vinte anos da trajetória de experiências e experimentações na divulgação científica e cultural da revista ComCiência. WATER footprint network. Product Gallery. [s.d.].

Disponível em: https://www.waterfootprint.org/resources/interactivetools/product-gallery/. Acesso em: 10 out. 2024.

• Vários exemplos de produtos com as informações de pegada hídrica.

WOJCIECHOWSKI, M. Como fazer um roteiro. AiC , 7 dez. 2017.

Disponível em: https://www.aicinema.com.br/como-fazer-um-roteiro/. Acesso em: 10 out. 2024.

• Artigo com orientações sobre como elaborar um roteiro.

ORIENTAÇÕES PARA O PROFESSOR

Caro professor, cara professora,

Os Projetos Integradores que elaboramos para vocês apresentam estudos interdisciplinares que pretendem mobilizar o protagonismo juvenil e as competências e habilidades cognitivas e socioemocionais. Além disso, as ações elaboradas estimulam a investigação e instigam a reflexão sobre os aspectos da vida pessoal e profissional dos estudantes.

Certamente, no cotidiano da sua escola, você já desenvolveu práticas integradoras em diferentes situações. Assim, ao preparar este Manual, pretendemos oferecer outras possibilidades de trabalhar temas que fazem parte do cotidiano dos estudantes e da comunidade onde estão inseridos.

Sabemos que o livro é somente um dos instrumentos disponíveis para a produção de conhecimento. Por esse motivo, sugerimos recursos alternativos que ampliam e valorizam tanto a sua capacidade de ação como a dos estudantes.

Esperamos que as práticas desenvolvidas nos Projetos Integradores sejam úteis, dinâmicas e eficazes para você no propósito que é o de todo educador: o de formar e acolher todas as juventudes da escola.

Bom trabalho!

SUMÁRIO

Conhecendo a Coleção

Para começar – escola, transformação e projetos

As transformações sociais, científicas e tecnológicas, no decorrer do século XX e nas primeiras décadas do século XXI, atingiram fortemente o espaço escolar. A escola é um lugar voltado para a produção do conhecimento e, neste contexto de inovação, é desafiada a criar novas formas de produzir, transmitir e coletivizar o conhecimento para propiciar uma educação que estimule o desenvolvimento dos estudantes, a fim de adquirir condições de enfrentar as demandas do mundo contemporâneo.

[...]

As transformações sociais, políticas e econômicas que vivenciamos nas décadas recentes estenderam a educação formal para quase 100% da população, trazendo consigo demandas e necessidades de uma sociedade democrática, inclusiva, permeada por diferenças. Além disso, o surgimento de novas realidades e linguagens, digitais e virtuais vem demandando de educadores, políticos e da população em geral uma reinvenção da escola que conhecemos, cujo modelo se consolidou no século 19.

Para continuar ocupando o papel de destaque que as sociedades lhe destinaram nos últimos 300 anos, a escola depende, paradoxalmente, tanto da capacidade de conservar suas características de excelência e de produtora de conhecimentos como da capacidade de transformação para adaptar-se a novas tecnologias e exigências da sociedade, da cultura e da ciência. [...] (Araújo, 2014, p. 8).

A necessidade de transformações fundamenta a elaboração de métodos que inovam as formas de desenvolver os conteúdos trabalhados na escola. Além disso, é preciso ressaltar que esses saberes proporcionam a busca de valores que podem influenciar na formação de um cidadão engajado na produção das prementes transformações sociais, científicas e econômicas, entre outras, que contribuirão para um futuro mais satisfatório para a humanidade.

Dentro dessa concepção, é indispensável a “reinvenção” de uma educação escolar que contemple a utilização das novas tecnologias na construção dos conhecimentos. É nesse contexto que propomos o trabalho com metodologias de projeto interdisciplinar na escola, destinadas a apresentar situações de aprendizagem dinâmicas e investigativas, capazes de envolver estudantes e comunidade escolar não somente na produção de informações, mas também no desenvolvimento de habilidades, na mudança

de comportamentos e na obtenção de conhecimentos significativos de forma cooperativa, integrada e criativa.

O Novo Ensino Médio

As rápidas transformações tecnológicas e culturais que ocorrem em nossa sociedade nos trazem também a tarefa de reavaliarmos, como professores, o que compreendemos por juventude. O reconhecimento dos jovens como sujeitos de direitos exige que passemos a compreendê-los como pessoas dotadas de singularidades que não correspondem à visão de que eles são apenas “adultos em formação”. É preciso reconhecer que existem múltiplas juventudes em nosso país, respeitando-as em sua pluralidade.

A presente obra foi elaborada de acordo com as orientações curriculares formuladas na Base Nacional Comum Curricular, a BNCC, que se baseia na perspectiva da multiplicidade. Como se sabe, esse documento “é um conjunto de orientações que deverá nortear a (re)elaboração dos currículos de referência das escolas das redes públicas e privadas de ensino de todo o Brasil. A Base trará os conhecimentos essenciais, as competências, habilidades e as aprendizagens pretendidas para crianças e jovens em cada etapa da educação básica” (Brasil, 2018).

Nesse contexto, uma ampla reformulação do currículo tem ocorrido em todas as etapas da Educação Básica. No caso do Ensino Médio, especificamente, a Lei no 13.415/2017 definiu uma nova organização, considerando a complexidade do mundo do trabalho e da sociedade contemporânea. Essa reestruturação está prevista na BNCC e nos itinerários formativos baseados no desenvolvimento de competências e habilidades.

Competências e habilidades

A nova organização curricular tem como base a formação ética voltada a valores de justiça, solidariedade, respeito aos direitos humanos e combate a preconceitos.

É importante destacar que os componentes curriculares farão parte do processo de formação dos estudantes nos Projetos Integradores, de forma integrada nas áreas. A interdisciplinaridade atua na integração de componentes curriculares com o propósito de relacionar temas e conteúdos específicos de cada área e promover o diálogo, a interação e a globalização dos saberes, como explica Hernández: “Globalizar, do ponto de vista escolar, significa somatória de matérias, conjunção de diferentes disciplinas ou ciências, centralizar múltiplos ângulos de um tema para descobrir conexões de saberes” (1998, p. 47). Assim, esta obra pretende oferecer caminhos de trabalho com

abordagem globalizada e alinhada aos pressupostos da BNCC (Brasil, 2018, p. 470), na qual [...] para cada área do conhecimento, são definidas competências específicas, articuladas às respectivas competências das áreas do Ensino Fundamental, com as adequações necessárias ao atendimento das especificidades de formação dos estudantes do Ensino Médio.

Portanto, em consonância com a BNCC, o novo Ensino Médio pretende ampliar os repertórios e a autonomia nos estudos, tendo como desafios o diálogo entre as áreas do conhecimento e o uso das novas tecnologias de maneira crítica e consciente. Espera-se, dessa forma, favorecer o protagonismo do jovem na escola e na sociedade e seu desenvolvimento socioemocional.

Mas e as c ompetências, o que são? Competência é definida como “a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas cognitivas e socioemocionais) e atitudes e valores, para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno e xercício da cidadania e do mundo do trabalho” (Brasil, 2018, p. 8).

As competências gerais foram formuladas considerando-se a perspectiva de que os estudantes tenham acesso a uma educação integral, que inclui a aprendizagem de tecnologias presentes em nosso cotidiano. Por meio delas, é esperado que os jovens aprendam a saber fazer, estando abertos e reagindo de forma autônoma às rápidas mudanças que vivenciarem. Dessa maneira, o conjunto de competências consideradas imprescindíveis para que os estudantes atinjam os objetivos de aprendizagem, dominem procedimentos necessários e potencializem o desenvolvimento socioemocional na escola são, conforme a BNCC (Brasil, 2018, p. 9-10):

1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.

2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.

3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.

4. Utilizar diferentes linguagens − verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, vi-

sual, sonora e digital −, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.

5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.

9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.

10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

O conjunto de competências gerais e específicas da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias possibilita que sejam delineados os conteúdos atitudinais e procedimentais pertinentes a cada turma, à estrutura da escola e à comunidade onde os estudantes estão inseridos. Assim, para o Novo Ensino Médio, espera-se uma maior flexibilidade para que docentes elaborem seus planos de ensino de acordo com o perfil e necessidades de seu público.

Competências socioemocionais

A educação tem mudado sua prática nos últimos anos para além do desenvolvimento das habilidades cognitivas vinculadas ao conhecer, compreender, relacionar, comparar, entre outras. Para a resolução dos problemas contemporâneos, considera-se também importante desenvolver as competências socioemocionais: ser solidário, trabalhar em grupo, ter empatia e ética, por exemplo, são valores essenciais para a formação de um cidadão autônomo, crítico e criativo para o mundo.

De acordo com as novas diretrizes da BNCC, as competências socioemocionais deverão ser incluídas ao currículo escolar. Assim, também cabe aos Projetos Integradores ampliar e relacionar os conhecimentos conceituais às atitudes, com o objetivo de mobilizar o estudante para uma aprendizagem significativa e integral para a vida no século XXI. Para tanto, cinco competências são essenciais:

Autoconsciência Relaciona-se com os conhecimentos, as forças e as limitações das pessoas, sempre estimulando atitudes otimistas e voltadas para o crescimento.

Autogestão Envolve a definição de metas, o controle dos impulsos e o gerenciamento do estresse.

Consciência social Envolve o respeito à diversidade e o exercício da empatia.

Habilidades de relacionamento Relacionam-se com as habilidades de falar com clareza, ouvir com empatia, cooperar na solução de conflitos de modo respeitoso e resistir à pressão social inadequada, como o bullying.

Tomada de decisão responsável Envolve as interações sociais e as escolhas pessoais, de acordo com os cuidados e padrões éticos que envolvem uma sociedade. Assim, o grande desafio é investir nas competências acadêmicas e emocionais para beneficiar o estudante no seu desenvolvimento integral, contribuindo para o aprimoramento das relações no espaço escolar e em todos os âmbitos da vida. Com essas diretrizes, é recomendável, sempre que for oportuno, tematizar questões relacionadas com problemas que ocorrem na vida do jovem, como bullying, comportamento agressivo, violência praticada contra o outro ou autoprovocada, enfim, questões que interferem na saúde mental dos estudantes. Os Projetos Integradores, por sua metodologia, permitem que esses problemas também sejam trabalhados. A reflexão sobre eles pode ser bem-sucedida se resultar em atividades que promovam relações mais empáticas, respeitosas e éticas.

Projetos Integradores

A palavra projeto é derivada do latim projectus, que significa “lançar-se para frente”, possibilitando a ideia de movimento, de mudança. Os projetos podem ser entendidos como planos de ação ou estratégias organizadas explicitamente para alcançar resultados determinados.

Se refletirmos sobre a educação escolar com base nessas ideias, a metodologia de projetos integradores de pesquisa é uma proposta que busca a solução de problemas como fonte de desafio e de aperfeiçoamento educacional. Ela se estrutura em experiências e vivências colaborativas, envolvendo diferentes componentes curriculares integrados, para construir conhecimentos e promover o protagonismo do estudante. Os Projetos Integradores desenvolvem habilidades relacionadas à pesquisa, à tomada de decisões e à atuação em equipe para atingir objetivos de aprendizagem predeterminados.

O estudante e a comunidade têm papel fundamental na construção do conhecimento motivado pelas perguntas suscitadas nos projetos. Dessa forma, no ensino promovido pela metodologia de projetos integradores de pesquisa, aprende-se com experiências colaborativas e atividades motivadoras, nas quais prevalece a comunhão de vivências entre estudantes, professores e comunidade escolar de forma significativa e contextualizada.

No Ensino Médio, pode-se buscar mais problematização e análise de contextos, conjunturas e fenômenos locais e globais. Dessa f orma, por meio de métodos de pesquisa escolar, pautados em evidências científicas, os estudantes podem construir hipóteses, argumentos e caminhos possíveis para solucionar problemas de sua r ealidade, contando com o auxílio do professor no sentido de facilitar a aquisição de capacidades relacionadas com:

– a autodireção: pois favorece as iniciativas para levar adiante, por si mesmo e com outros, tarefas de pesquisa;

– a inventiva: mediante a utilização criativa de recursos, métodos e explicações alternativas;

– a formulação e resolução de problemas, diagnóstico de situações e o desenvolvimento de estratégias analíticas e avaliativas;

– a integração, pois favorece a síntese de ideias, experiências e informação de diferentes fontes e disciplinas;

– a tomada de decisões, já que será decidido o que é relevante e o que se vai incluir no projeto;

– a comunicação interpessoal, posto que se deverá contrastar as próprias opiniões e pontos de vista com outros, e tornar-se responsável por elas, mediante a escrita ou outras formas de representação [...] (Hernández, 1998, p. 73-74).

Metodologias de aprendizagem baseadas em Projetos Integradores

Sabemos que nenhum conhecimento é estanque ou isolado, pois todos se integram a outros conhecimentos quando vistos em contexto. Áreas, saberes, competên -

cias e habilidades se relacionam dando origem a novos conhecimentos.

Ao definir os conteúdos que deverão ser desenvolvidos no ano letivo, os professores se deparam com questões relacionadas ao que é, de fato, importante ensinar aos estudantes em cada componente curricular: Quais conhecimentos são relevantes e quais habilidades eles precisam desenvolver no Ensino Médio?

Nesse sentido, um planejamento escolar minucioso e bem organizado pode ajudar na seleção dos conteúdos adequados, haja vista não ser viável abarcar a totalidade de conteúdos de todos os componentes curriculares em um período letivo limitado. Além disso, um planejamento escolar que se propõe a esgotar os conteúdos acaba por não selecionar ou definir o que é o mais importante para o estudante aprender e desenvolver.

A metodologia de aprendizagem fundamentada em projetos interdisciplinares apresenta-se como uma estratégia didática voltada à construção de saberes significativos, que agregam conhecimentos de diversas disciplinas e ativam os saberes em direção a questões relacionadas ao cotidiano do estudante e do mundo que o cerca.

[...]

Todos os processos de organizar o currículo, as metodologias, os tempos, os espaços precisam ser revistos e isso é complexo [...]. Por isso, é importante que cada escola defina um plano estratégico de como fará estas mudanças. Pode ser de forma mais pontual inicialmente, apoiando professores, gestores e alunos – alunos também e alguns pais [...]. Podemos realizar mudanças incrementais, aos poucos ou, quando possível, mudanças mais profundas, disruptivas, que quebrem os modelos estabelecidos. Ainda estamos avançando muito pouco em relação ao que precisamos. [...] (Morán, 2015, p. 31).

Se, anteriormente, a função dos estudantes se restringia a aprender os conteúdos e a fazer tarefas, atualmente o que se espera é que eles tenham participação ativa no processo de aprendizagem. Nesta proposta, o professor deixa o papel centralizador que tradicionalmente é atribuído a ele. Tampouco os livros escolares precisam apresentar longos textos teóricos e atividades organizadas para auxiliar o trabalho do professor e a aprendizagem do estudante.

As propostas aqui desenvolvidas não objetivam a memorização de conteúdos, mas colocam o estudante como foco do processo de aquisição de saberes, com o professor atuando como orientador, a fim de instigar e auxiliar os estudantes no processo de produção do conhecimento. O livro é um instrumento auxiliar, sistematizando o processo do conhecimento, oferecendo as orientações necessárias para a investigação, organização e aplicação do conhecimento produzido.

Se assumimos que a aprendizagem tem como meta principal a produção de conhecimentos significativos, valorizando questões do universo do estudante e da comunidade escolar, o papel que cabe às escolas, aos professo-

res e aos estudantes é pesquisar, refletir e experimentar soluções mais eficazes para problemas do mundo contemporâneo. Assim, a escola contribuirá para a construção de uma sociedade preocupada com o desenvolvimento de valores como respeito mútuo, ética, democracia, sustentabilidade e com a formação de cidadãos capacitados e questionadores, que buscam qualidade de vida e a preservação do planeta e dos seres que nele habitam.

A escola, como uma comunidade de investigação, deve proporcionar aos estudantes todos os meios possíveis para uma aprendizagem significativa, que lhes sirva futuramente para aprender com autonomia.

Melhorar a compreensão leitora é uma das dimensões essenciais desses objetivos, como discute o texto a seguir. [...]

Promover a antecipação ou predição de informações, acionar conhecimentos prévios, verificar hipóteses são algumas das estratégias que ele [o professor] pode ensinar os estudantes a realizarem para que eles tenham boa compreensão leitora. O certo é que o processo inferencial ocorre com grande dinamismo e conduz o leitor a organizar constantemente as informações para processar e compreender o que lê. Esse processo pode ser ensinado por meio de estratégias que conduzem à explicitação dos implícitos, ao preenchimento de lacunas com informações que emergem com base em pistas textuais associadas ao conhecimento de mundo que tais pistas requisitam e, além disso, à exclusão ou confirmação de hipóteses cuja pertinência depende de comprovação. A informação inferida não está no texto, mas só pode ser acessada por meio dele (Dell'isola, 2014).

Perguntas-chave e sequências didáticas

Um dos alicerces da proposta desta obra são as perguntas-chave que abrem cada Projeto Integrador e que devem ser respondidas pelos estudantes. Trata-se de uma abordagem que lhes possibilita compreender que os saberes escolares têm relevância social e que, somando-se ao processo de investigação e criação que eles desenvolverão durante as atividades aqui propostas, torna o ato da aprendizagem mais significativo para os estudantes. Já as sequências didáticas são um recurso bastante útil no planejamento das atividades. Sabendo de antemão os recursos e as técnicas que utilizará, o professor poderá administrar melhor o tempo de cada aula e mais facilmente dimensionar a distribuição dos conteúdos ao longo do planejamento elaborado por ele.

Resumidamente, sequências didáticas são

[...] um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos (Zabala, 1998, p. 18).

As sequências didáticas estão relacionadas ao planejamento de ensino, o que implica objetivos e metas definidos a partir dos conteúdos a serem trabalhados.

[...] uma forma de planejamento de aulas que deve favorecer o processo de aprendizagem por meio de atividades planejadas e desenvolvidas como situações didáticas encadeadas, formando um percurso de aprendizagem para que o estudante construa conhecimentos ao realizá-las. Assim, as atividades que constituem uma sequência didática não são escolhidas aleatoriamente. O professor as encadeia a partir de sua hipótese sobre as necessidades de aprendizagem, de modo que cada atividade potencialize a outra, permitindo que os estudantes reelaborem conhecimentos, coloquem em uso e/ou ampliem o que já aprenderam. O professor cria nesses encadeamentos desafios perante os conteúdos apresentados [...]. (São Paulo, 2007).

Nesse excerto, evidencia-se a ideia de percurso, que remete ao caminho a ser trilhado pelo estudante, previamente definido pelo professor. As hipóteses levantadas pelo professor sobre as necessidades de aprendizagem indicam a importância da relação entre teoria e prática para a elaboração da sequência. Sendo a hipótese uma resposta preliminar a um problema ou a uma pergunta, em sala de aula, é importante que elas criem desafios vinculados às necessidades de aprendizagem identificadas também na sala de aula. É no contato regular com eles que o professor poderá reavaliá-las, tendo como base os referenciais teóricos adotados.

Metodologias ativas

As estratégias mencionadas até aqui, que buscam garantir uma aprendizagem significativa colocando o estudante como protagonista da produção do conhecimento, são chamadas metodologias ativas.

Sabe-se que as ações educativas, em qualquer âmbito, contribuem para a introdução, o desenvolvimento e a consolidação de diferentes conhecimentos ao longo da vida. No processo de construção do conhecimento escolar, é fundamental que as ações educativas sejam motivadoras, para que os estudantes possam compartilhar os saberes já adquiridos, fazer descobertas, desenvolver competências e adquirir novos conhecimentos.

Dessa maneira, ações educativas devem assegurar que as intervenções didáticas atuem de forma que as atividades estimulem o desenvolvimento das estruturas cognitivas e afetivas. Além disso, as ações educativas também precisam possibilitar a formação para a cidadania, para que os estudantes, ao se apropriarem do conhecimento científico, compreendam melhor a realidade e manifestem consciência de seus direitos e de valores como justiça, igualdade e solidariedade.

Este livro baseia-se em pesquisas sobre ensino e aprendizagem que mostram diferentes maneiras de esti-

mular o pensamento crítico e de promover a capacidade de argumentar e resolver problemas. Dessa forma, pretende-se que os estudantes questionem ou ampliem a visão que possuem, apropriando-se de experiências que instigam o saber e o saber fazer, sempre amparados no conhecimento científico.

As abordagens educacionais, tanto no âmbito curricular como em relação às metodologias de ensino, destacam cada vez mais o protagonismo do estudante na construção do conhecimento, a ampliação do repertório cultural e a formação de um sujeito de direitos. Isso implica mudanças ou ampliação de práticas pedagógicas que deem suporte a esse processo.

[...] As situações que nos parecem mais favoráveis ao processo de construção são aquelas em que o aluno participa efetivamente do planejamento das atividades, com objetivos claramente estabelecidos, mesmo que as tarefas e seu significado venham a se modificar ao longo da execução do projeto negociado com a turma. Quanto maior o envolvimento do aprendiz com o seu processo de aprendizagem, com os objetivos de seu conhecimento, maiores serão as possibilidades de uma aprendizagem significativa, de uma mudança conceitual efetiva e duradoura. Além disso, o processo favorece não apenas a aprendizagem de conceitos, mas ainda de procedimentos e atitudes em relação ao conhecimento e ao trabalho cooperativo. [...] (Aguiar Junior, 1995, p. 14).

Diante disso, com uma formação docente sólida, que considere os saberes conceituais e metodológicos do componente que será ensinado, o professor não apenas trabalha com esses conhecimentos e saberes, mas também tem mais repertório e estratégias para integrá-los e relacioná-los a outros componentes ou áreas, organizando suas aulas por meio de situações de aprendizagem que contextualizem os conteúdos.

Ao descrever uma situação, conjugando o conhecimento escolar à realidade do indivíduo, o professor estimula seus estudantes a aplicar conhecimentos em vivências cotidianas, facilitando a compreensão conceitual.

O professor, quando apresenta a origem científica dos saberes, observando um fato ou fenômeno ou provocando o estudante a superar uma visão estática e dogmática da natureza do conhecimento, ajuda-o a superar o senso comum. Dessa maneira, um ensino com foco na transmissão de dados e na memorização é um grande obstáculo para o desenvolvimento de habilidades cognitivas necessárias para a metodologia ativa por resolução de problemas, pois ela envolve diferentes situações de aprendizagem, tais como relatos, discussões, argumentações, questionamentos e explicações, de modo a mobilizar o pensamento do estudante.

[...]

Uma só forma de trabalho pode não atingir a todos os alunos na conquista de níveis complexos de pensamento e de comprometimento em suas ações, como desejados, ao mesmo tempo e em curto tempo. Essa é a razão

da necessidade de se buscarem diferentes alternativas que contenham, em sua proposta, as condições de provocar atividades que estimulem o desenvolvimento de diferentes habilidades de pensamento dos alunos e possibilitem ao professor atuar naquelas situações que promovem a autonomia, substituindo, sempre que possível, as situações evidentemente controladoras. Cabe ao professor, portanto, organizar-se, para obter o máximo de benefícios das Metodologias Ativas para a formação de seus alunos. [...] (Berbel, 2011, p. 37).

Nos Projetos Integradores, quando se atua dessa forma, assume-se que a aula passa a ser investigativa, por meio da resolução do problema.

Aprendizagens por resolução de problemas

O método PBL (problem-based learning) ou ABP (aprendizagem baseada em problemas) visa a uma aprendizagem ativa e significativa orientada pelos seguintes princípios: construtivo, colaborativo, contextual e autodirigido.

Nesse método, a partir da contextualização e da resolução de problemas reais, o estudante constrói ativamente o conhecimento de maneira colaborativa ao compartilhar tarefas e responsabilidades. O resultado, no decorrer desse trabalho, é a formação do sujeito e o desenvolvimento de conhecimentos e habilidades, como liderança, senso crítico, comunicação, trabalho em equipe, raciocínio lógico, entre outras.

No contexto das práticas pedagógicas, sabe-se que existem várias maneiras de ensinar e aprender; contudo, ao propor mudanças nas práticas de sala de aula, há a necessidade de fazer leituras de aprofundamento para que as alterações nas práticas não sejam compreendidas como “modismos pedagógicos”. A prática com base em metodologias ativas por resolução de problemas é um caminho de mudanças pedagógicas que possibilita mobilizar os estudantes para a construção do conhecimento e para a busca pela autonomia intelectual.

Muitos professores têm experiência em sala e consciência de que não há uma única e perfeita metodologia que esolva uma situação de ensino e aprendizagem. Também sabem, por experiências concretas, que algumas medidas reais e muito próximas do cotidiano podem tornar a aprendizagem mais estimulante e significativa, e o ensino, coerente com a proposta de formar sujeitos que contribuam com a sociedade, questionando valores, levantando hipóteses sobre o que lhes acontece e argumentando cientificamente sobre fatos e fenômenos.

Como qualquer método de ensino, o PBL tem diferentes formas de aplicação e princípios filosóficos e metodológicos. Além disso, o PBL adota uma linha metodológica que, necessariamente, precisa apresentar problemas bem definidos, porque são eles que determinam os conceitos e conteúdos que serão desenvolvidos e a motivação que será gerada nos estudantes. Nesse sentido, o PBL supera

uma prática de aula tradicional para torná-la um ambiente de ensino no qual estudantes e professores trabalham em conjunto para construir conhecimento com significado.

O que vai definir a qualidade do problema são o objetivo e o processo de investigação; e é no contexto da resolução que o estudante percebe os conteúdos embutidos no problema. Portanto, ao propor uma pergunta ou um problema, o estudante deve ser motivado a pensar, estabelecendo conexões entre áreas do conhecimento.

Ao conduzir uma aula que supera um ambiente tradicional, o professor permite ao estudante percorrer os próprios caminhos para a aprendizagem, pensando nos saberes científicos e, também, em como ”fazer ciência” e em entender de que forma se pode investigar (pesquisar) por meio da resolução de problemas.

Pelas etapas do PBL, o professor planeja um percurso para a aula considerando os interesses dos estudantes, seus conhecimentos prévios e as ações que podem desestabilizá-los cognitivamente, com o objetivo de obter mudanças conceituais e competências associadas à obtenção de informação e à resolução de problemas. Tendo por base os fundamentos da teoria de Ausubel (1968), a aprendizagem significativa poderá ocorrer se houver uma contextualização envolvendo fatos e fenômenos do cotidiano relacionados às explicações científicas. Essa linha metodológica pode acontecer em toda a educação básica.

A bibliografia a respeito do PBL informa que, até os anos 1980, sua aplicação estava majoritariamente vinculada ao currículo das áreas da saúde, como Medicina e Enfermagem, e aos cursos de Engenharia, Química e Física. Já nos anos 1990, propagaram-se experiências relacionadas ao PBL para as áreas de Direito e Administração e, no final dessa década, encontramos relatos do PBL aplicado ao Ensino Fundamental e Médio (Glasgow, 1997; Lambros, 2002).

Teorias cognitivas

Os trabalhos recentes sobre PBL têm se apoiado em teorias cognitivistas, que são aquelas que investigam como o indivíduo interpreta e armazena a informação adquirida.

Pelas teorias cognitivistas, o indivíduo aprende por meio de um processo dinâmico, no qual o que será aprendido se relaciona com sua estrutura cognitiva e passa por um processo de organização, ruptura e atribuição de novos significados.

As primeiras aplicações dos estudos das ciências cognitivistas no campo da educação foram realizadas por Robert Gagné em meados dos anos de 1970. O modelo do tratamento da informação criado por Gagné contribuiu para melhorar a compreensão do processo de aprendizagem. A partir desse modelo, é possível ver que o processo de aprendizagem comporta três fases distintas, porém complementares: a aquisição, a retenção e a transferência. Pode-se acrescentar a isso o desenvolvimento da metacognição.

Tomando por base a teoria cognitivista, o docente deve:

1. Ensinar explicitamente como fazer, quando fazer, onde fazer e por que fazer.

2. Assegurar-se de que as aprendizagens foram realizadas pelo menos algumas vezes em aula.

3. Ajudar o estudante a distinguir o essencial, a reter aquilo que viu e ouviu ou objetivar as aprendizagens realizadas em aula.

Para os cognitivistas, as atividades de aprendizagem constituem uma situação de resolução de problemas. No processo de aprendizagem, resolver diferentes problemas gera novos saberes (Gauthier; Tardif, 2010).

O que é um problema?

A concepção em torno do que é um problema, adotada no desenvolvimento desse material, pode ser entendida na seguinte frase de Pozo, Postigo e Crespo (1995, p. 16):

[...] a solução de problemas estaria mais relacionada à aquisição de procedimentos eficazes para a aprendizagem, sendo um procedimento definido como um conjunto de ações organizadas para a consecução de uma meta.

[...]

Orientar o currículo para a solução de problemas significa procurar e planejar situações suficientemente abertas para induzir os estudantes à busca e apropriação de estratégias didáticas; por exemplo, a pesquisa em fontes diversas e o uso de diferentes gêneros textuais para dar respostas a perguntas escolares e/ou para o desenvolvimento do conteúdo escolar.

Partir de uma pergunta ou de um processo investigativo para estudar reforça o enfoque das metodologias ativas e isso pode ocorrer em qualquer área do conhecimento escolar.

A metodologia da resolução de problemas fundamenta-se na ideia de que a educação é uma ação e um processo exercidos na mediação entre professor e estudante. Sendo assim, no processo educativo, os estudantes devem ser estimulados a pensar, a ter consciência de suas capacidades de trabalhar por hipóteses, a ressignificar suas experiências, a fim de dar sentido ao que aprendem na escola. Carvalho (2011, p. 255-257) assim descreve as premissas iniciais de uma sequência de ensino investigativa:

Da importância de um problema para um início da construção do conhecimento. Esse é um ponto fundamental que retiramos das leituras dos trabalhos piagetianos: sempre eram propostas questões para que o indivíduo organizasse seu pensamento. Esse ponto – a importância do problema como gênese da construção do conhecimento – também está presente nos trabalhos de Bachelard [...], quando ele propõe que “todo conhecimento é a resposta a uma questão”.

Da ação manipulativa para a ação intelectual. Traduzindo para o ensino a necessidade apontada pelos trabalhos de Piaget da passagem da ação manipulativa para a ação intelectual e vice-versa, isto é, da ação intelectual para a construção de novas hipóteses que levarão a uma ação manipulativa mais diferenciada, temos de criar espaços em nossas au-

las [...] para que o aluno tenha a oportunidade de elaborar essas passagens.

A importância da tomada de consciência de seus atos para a construção do conhecimento. A tomada de consciência é um fator essencial na construção do conhecimento [...] sendo que o referencial teórico nos mostra que nem sempre isso acontece, de maneira espontânea. Assim, em uma sala de aula [...] cabe ao professor, por meio de questões, levar os alunos à tomada de consciência do que fizeram, isto é, quais foram suas ações, para resolver o problema proposto.

As diferentes etapas das explicações científicas. As discussões com os alunos precisam chegar até a etapa das explicações do fenômeno que está sendo estudado. Observamos esta fase quando, nas falas dos alunos, estes deixam de ser eles próprios os agentes e passam a falar do fenômeno com um agente ativo [...]. Alguns alunos vão além atribuindo uma inovação (uma nova palavra) à realidade para dar coerência a suas explicações. Ao responderem à pergunta “por que deu certo o problema?”, alguns alunos param nas explicações legais dando suporte às leis. Alguns alunos vão mais longe chegando às explicações causais, e nessa hora eles vão procurar uma nova palavra em seu vocabulário para se comunicar – é o começo da conceitualização. Na sala de aula [...] o professor deve ter consciência dessa possibilidade ajudando os alunos na conceitualização do conteúdo e não esperando que todos cheguem sozinhos a essa etapa.

As atividades propostas visam vincular o estudante ao processo, ou seja, inseri-lo em situações reais, tais como um cenário do cotidiano, uma imagem, um vídeo, entre outras situações, reforçando a ideia de que a aprendizagem por descoberta promove significados.

As investigações sugeridas nas atividades podem ser elaboradas de forma individual, em dupla ou em grupos de trabalho e são indicadas nos enunciados ou em ícones, que buscam auxiliar tanto na organização das propostas, como também orientar nas possíveis configurações do espaço escolar.

Temas Contemporâneos Transversais (TCTs)

Os Temas Contemporâneos Transversais (TCTs) presentes na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) buscam a contextualização de temas relevantes para o desenvolvimento dos estudantes como cidadãos.

De acordo com o MEC (2018), os TCTs visam garantir aos estudantes os direitos de aprendizagem, pelo acesso aos conhecimentos que possibilitam a formação para a cidadania, a democracia e o mundo do trabalho, além de estimular o respeito às características econômicas e culturais regionais, locais e específicos da comunidade escolar.

Eles estão dispostos em seis temáticas, identificadas no esquema a seguir:

Meio ambiente

Educação ambiental e Educação para o consumo

Economia

Ciência e tecnologia

Ciência e tecnologia

Trabalho, Educação financeira e Educação fiscal

Temas Contemporâneos

Transversais (TCTs) BNCC

Multiculturalismo

Diversidade cultural e Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras

Saúde Saúde e Educação alimentar e nutricional

Cidadania e civismo

Vida familiar e social, Educação para o trânsito, Educação em direitos humanos, Direitos da criança e do adolescente e Processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso

Os Temas Contemporâneos Transversais são utilizados como referência nacional para a elaboração de propostas pedagógicas e as temáticas abordadas estão presentes nas investigações sugeridas nos Projetos Integradores disponíveis neste livro. Para os estudantes, evidenciamos os TCTs nas páginas iniciais que apresentam a visão geral do projeto, e para os professores, eles estão indicados nas orientações didáticas.

Projetos Integradores, cidadania e o mundo do trabalho

O Ensino Médio engloba uma proposta educacional que tem como meta preparar os estudantes para suas necessidades pessoais e seus projetos que envolvem futuras demandas pessoais e profissionais. Além disso, busca exercitar a cidadania plena, mediante o desenvolvimento da autonomia intelectual, do pensamento crítico e da reflexão sobre a sustentabilidade planetária, conforme sugerido em documentos como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).

Neste livro de Projetos Integradores, contemplamos aspectos fundamentais relacionados à cidadania e ao projeto de vida, principalmente relacionado com o mundo do trabalho. No decorrer de cada projeto, são desenvolvidas propostas, nas quais os estudantes, com a orientação dos professores, são convidados a exercitar e tomar decisões que envolvem autonomia, responsabilidade e desenvolvem a percepção e a reflexão sobre as aspirações cidadãs e profissionais. Desta forma, estruturamos propostas, com textos e perguntas desafiadoras, que atendem e mobilizam questões que envolvem:

• A reflexão sobre a cidadania, abrangendo a relação dos estudantes, com os colegas, os familiares e a comunidade, para que eles atuem de forma respeitosa, consciente e sustentável.

• A percepção e a identificação dos interesses e aspirações profissionais que abrange o mundo do trabalho, bem como a promoção e o alinhamento entre a vida pessoal e profissional dos estudantes.

Nesse sentido, os temas que apresentam as múltiplas visões sobre os fenômenos e processos envolvendo o trabalho humano e os distintos campos de atuação profissional relacionados com os saberes característicos das áreas do conhecimento são desenvolvidos em diversos momentos no decorrer dos conteúdos tratados e, por essa razão, não apresentam um lugar fixo nos projetos.

Propostas de ampliação e inclusão

A escola é um ambiente ideal para preparar os estudantes para a vida em sociedade. Encontramos nela distintas realidades, dessa forma, é necessário diversificar as estratégias de ensino-aprendizagem para possibilitar a construção de conhecimentos e o desenvolvimento de competências e habilidades dos alunos.

No que diz respeito às pessoas com deficiência, a educação inclusiva é um fundamento essencial para o desenvolvimento de uma sociedade mais respeitosa, justa e igualitária. Para o educador, pesquisador e especialista em acessibilidade Romeu Sassaki (1938-2022), a inclusão educacional precisa promover uma ampla cultura de respeito às diferenças e envolver a adaptação de práticas pedagógicas para a inserção de estudantes com deficiência no ambiente escolar. A escola inclusiva deve possibilitar que todos os alunos tenham acesso ao aprendizado em condições de equidade, respeitando suas potencialidades e necessidades específicas.

Por isso, ao longo deste livro, sugerimos a utilização de atividades de ampliação e de propostas que possibilitem a realização de trabalhos em diferentes formatos, como em duplas ou em grupos, onde os estudantes possam interagir socialmente. São também fornecidas algumas indicações simples de estratégias individuais, coletivas ou colaborati-

vas a fim de acomodar estudantes com deficiência e dificuldades de aprendizagem para, dessa forma, ampliar o repertório pedagógico. Essas estratégias podem ser expandidas e adaptadas para diversos contextos educacionais e propostas, principalmente pelas atividades de múltiplas linguagens desenvolvidas nos Projetos Integradores.

Avaliação de aprendizagem

O processo de aprendizagem e de avaliação está diretamente relacionado com o ato de aprender e de ensinar. Nesses processos, é preciso levar em consideração o enfoque pretendido, isto é, se o objetivo é averiguar se o estudante assimilou e aprofundou informações sobre um tema ou se associou os conceitos e as informações com situações do cotidiano. Assim, é essencial que o processo de avaliação seja funcional e adequado aos objetivos propostos. Por ser um processo contínuo, sistemático e ordenado, a avaliação deve ser discutida com os estudantes, que precisam saber “como, por que e para que” são avaliados. Desse modo, os estudantes entendem que não são avaliados pela produção final, mas durante todas as propostas de trabalho.

Como na aprendizagem proposta em projetos, o problema é o ponto de partida, sendo fundamental que todos os procedimentos sejam planejados e definidos em todo o processo. Dessa forma, os projetos foram desenvolvidos em etapas que visam acompanhar todo o período de aprendizagem dos estudantes. Na etapa 1: Vamos começar – é promovido o diagnóstico dos conhecimentos prévios e das afinidades que os estudantes têm com o tema. Na etapa 2: Saber e fazer – são estabelecidos os conhecimentos somativos necessários para a elaboração do produto final. Na etapa 3: Para finalizar – os conhecimentos adquiridos são formalizados e aplicados na construção da proposta que deverá ser compartilhada entre estudantes e comunidade.

Estudantes e professores estabelecem as melhores formas de atuar diante dos problemas em cada etapa, utilizando como base os procedimentos adequados de investigação e pesquisa. Assim, entende-se que a aprendizagem é mutável e imprevisível, e que existem muitas possibilidades ou caminhos para produzir respostas às perguntas propostas.

Além disso, o processo de avaliação não deve se limitar a um instrumento ou forma avaliativa. As propostas oferecidas nos Projetos Integradores permitem que os professores tenham à sua disposição diversos instrumentos e possibilidades de avaliação coerentes com as expectativas e os objetivos propostos e com as competências e as habilidades previstas. Métodos e práticas distintas de avaliação, que oferecem aos estudantes diferentes possibilidades de demonstrar o conhecimento e ao professor diversas maneiras de verificação da aprendizagem, estabelecem contínua relação entre o avaliador e a pessoa avaliada, entre

professor e estudante. Dessa forma, é possível verificar a intenção do avaliador e o aprendizado dos estudantes.

Avaliação nas etapas do projeto

Nos Projetos Integradores, a avaliação está diretamente relacionada ao acompanhamento de cada proposta apresentada para os estudantes. É fundamental que o professor considere na avaliação todos os objetivos sugeridos em todas as etapas e que observe como o estudante atuou nas propostas de trabalho em grupo, em dupla ou individual.

Avaliar nessa perspectiva coloca a produção dos estudantes em outro patamar, pois o mais importante é acompanhar o processo de escolha e a construção dos caminhos escolhidos para resolver os problemas, perceber os argumentos utilizados em grupo e fundamentar a avaliação a partir dos objetivos definidos para as aulas.

O trabalho em seu conjunto permite ao estudante uma real dimensão do que de fato aprendeu e mostra ao professor o que deve ser feito para que ocorra a aprendizagem, especialmente no caso dos estudantes que não tiveram um desenvolvimento esperado ou não chegaram a compreender alguma das etapas propostas nos itinerários.

É importante que todas as atividades estejam registradas, para que sejam analisadas em seu conjunto, valorizando a produção de todos os estudantes em relação aos saberes adquiridos e às competências e habilidades previstas. Partindo dessa necessidade, sugerimos quadros de avaliação com os objetivos e as atividades propostas em cada etapa do Integrador.

Quadros de avaliação

O quadro de avaliação proposto para aluno e professor permite o acompanhamento minucioso do desenvolvimento da produção.

Eles são apresentados no Livro do Estudante, na etapa de finalização do Projeto, e possibilitam ao professor e ao estudante uma rápida localização das atividades desenvolvidas. Observe, a seguir, como os critérios de avaliação adotados são claros e diretos, possibilitando ao estudante momentos de reflexão. São eles:

• Realizei com facilidade

• Realizei

• Realizei com dificuldade

• Não realizei

Os quadros podem ser copiados em folha avulsa e preenchidos pelos estudantes individualmente, no momento de finalização de cada etapa ou no final do itinerário. Sugerimos que eles utilizem os quadros como ferramentas de reflexão e construção do automonitoramento.

Se considerar adequado, amplie o quadro com outras propostas ou ações, conforme as necessidades do grupo e da comunidade escolar.

O importante é permitir que, ao final da avaliação, os estudantes, com o professor, estabeleçam compromissos e metas para as próximas etapas de produção do conhecimento.

Após o preenchimento, sugerimos que você organize conversas individuais ou coletivas com os estudantes para identificar possíveis dificuldades no processo de aprendizagem, sugerir métodos e práticas de aprimoramento, destacar os avanços na produção do conhecimento, entre outras estratégias para aprimorar o desempenho dos estudantes.

Avaliação atitudinal

A escola é um lugar privilegiado para pensar estratégias que incentivem os estudantes a respeitar e construir atitudes relacionadas ao desenvolvimento da identidade e à formação cidadã.

No Livro do Estudante, apresentamos uma proposta de quadro de avaliação atitudinal que possibilita ao estudante tomar consciência das suas atitudes durante o percurso de aprendizagem, refletindo sobre as atitudes individuais e em colaboração com os colegas. Sugerimos que o quadro seja utilizado como um convite para uma conversa entre docente e educando, logo após a etapa de reflexão individual.

A conversa sobre as questões inseridas no quadro possibilita o diálogo entre professor e estudante acerca das propostas apresentadas no decorrer do itinerário e auxilia ambos no planejamento de ações futuras.

Se considerar adequado, amplie o quadro proposto no Livro do Estudante com outros temas relacionados à atitude e à postura dos estudantes, conforme as necessidades do grupo e da comunidade escolar.

Os Projetos Integradores deste livro

Considerando os referenciais teóricos expostos anteriormente, trilhamos percurso nos seis Projetos Integradores que desenvolvemos neste livro, contemplando os diversos momentos e procedimentos para a elaboração de um produto final em cada projeto, a partir de questões geradoras, levantamento de conhecimentos prévios, sensibilização, problematização, recorte do objeto de investigação, pesquisa e mobilização de habilidades e competências para construir argumentos e solucionar a pergunta-chave proposta em cada investigação.

Estrutura dos Projetos Integradores

Os Projetos Integradores foram planejados e divididos em três etapas:

ETAPA 1: Vamos começar

Nessa etapa, é estabelecido o diagnóstico dos conhecimentos prévios dos estudantes e a pergunta-chave é evidenciada. Desse modo, o tema e a problematização envolvida no percurso do projeto são introduzidos por meio de atividades de sensibilização. Após esse momento, o processo de investigação é planejado e os grupos de trabalho são organizados, levando em consideração diferentes critérios de seleção dos componentes.

ETAPA 2: Saber e fazer

Após a apresentação do tema, o próximo momento é de formalizar e ampliar os conhecimentos dos estudantes por meio de subsídios e atividades que os convidem à investigação científica. O livro oferece uma diversa gama de textos, infográficos, fotografias, ilustrações, entre outros recursos que pretendem nortear o itinerário de investigação. Este é aprofundado nas atividades de pesquisa e sistematização dos conhecimentos pesquisados, os quais serão utilizados na próxima etapa.

ETAPA 3: Para finalizar

Nesse momento, são adicionados e formalizados os conhecimentos levantados nas etapas anteriores para a composição do produto final. As etapas anteriores são retomadas com as atividades de sensibilização e pesquisa propostas, na intenção de elaborar um produto baseado na aprendizagem significativa e com função social. Após a produção e apresentação do produto, professor e estudantes são convidados à realização de diferentes propostas de avaliação e de autoavaliação, e de ação relacionada com o mundo do trabalho, evidenciada na temática do projeto.

Cada um dos seis projetos pode ser realizado por livre escolha dos professores. A seleção do professor que vai liderar cada projeto pode ser estabelecida por afinidade, conhecimento ou experiência em relação aos assuntos e às temáticas tratados. Na parte específica destas Orientações , dedicada a cada projeto, evidenciamos algumas temáticas que prioritariamente podem ser desenvolvidas por professores de determinados componentes curriculares. As abordagens, orientações e sugestões aqui propostas permitem que qualquer professor, de qualquer com-

ponente curricular da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, possa desenvolver os Projetos Integradores desta obra.

Sugestões de cronograma

Com o propósito de facilitar o trabalho do professor, mas sem engessá-lo, sugerimos a seguir possibilidades de cronograma para o desenvolvimento dos Projetos Integradores. Nessa condição, cada Projeto pode ser desenvolvido ao longo de um bimestre. A seguir, sugestão da quantidade de aulas destinadas a cada uma das etapas, considerando uma aula por semana.

Cronograma bimestral – Total de 8 aulas

Etapa 1 2 aulas

Etapa 2 4 aulas

Etapa 3 2 aulas

Caso seja mais adequado à sua realidade escolar, o Projeto pode ser desenvolvido em um trimestre, também considerando uma aula por semana. Para isso, basta utilizar as atividades e propostas de ampliação sugeridas no manual.

Cronograma trimestral – Total de 12 aulas

Etapa 1 3 aulas

Etapa 2 6 aulas

Etapa 3 3 aulas

Pode-se, ainda, adequar o seu cronograma desenvolvendo 3 projetos a cada semestre. Para isso, amplie ou reduza as propostas considerando as necessidades de seus estudantes e o número de aulas disponíveis.

No caso da preferência pelo desenvolvimento de forma completamente integrada, a quantidade de aulas destinadas ao projeto pode ser ampliada e combinada com todos os professores participantes.

Projeto 1 Plásticos: por que substituí-los?

Síntese do Projeto

Temas Contemporâneos Transversais:

• Ciência e Tecnologia, Educação Ambiental, Educação em Direitos Humanos, Trabalho e Saúde.

Componentes Curriculares:

Líder: Ciências da Natureza e suas Tecnologias – Química e Biologia.

Outros perfis disciplinares: Ciências Humanas e Sociais

Aplicadas – Geografia; Linguagens e suas Tecnologias –Arte; Matemática e suas Tecnologias

Objetos do Conhecimento:

Matéria e energia, Produção, circulação e consumo de mercadorias, Processos de criação, Leitura e interpretação de tabelas e gráficos.

Produto Final:

Relatório de pesquisa com proposta de um substituto para um material plástico utilizado no cotidiano.

Introdução

A palavra “plástico” vem do grego plastikós, que significa algo moldável, flexível, e era usada para nomear desde esinas de certas árvores até o marfim. Hoje, utilizamos o termo para designar uma série de polímeros, compostos macromoleculares que podem ser moldados e facilmente convertidos, mediante calor e pressão, em uma variedade de objetos. É difícil negar que os plásticos – uma das invenções mais revolucionárias da segunda metade do século XIX, mas só popularizada a partir da primeira década do século XX –trouxeram praticidade para a vida cotidiana nas grandes cidades. Não há um momento do nosso dia a dia em que não deparamos com, pelo menos, um destes polímeros: o poliéster de alguma roupa, lençol ou estofado; o policloreto de vinila (PVC) das tubulações; o náilon (uma poliamida) das cordas de varal e de instrumentos musicais; o poliuretano dos estofados de automóveis e das rodas de skate; entre outros.

Desde a década de 1950, a produção e o consumo do plástico têm aumentado, mas, só a partir da década de 1970 começou-se a dar atenção ao descarte inadequado, ao desperdício e à necessidade de reciclagem desse material. O fato de a ONU Meio Ambiente ter anunciado, em 2018, que o plástico é o maior desafio ambiental do século XXI, mostra que ainda são necessárias ações efetivas que visem a conscientização e à adoção de práticas mais sustentáveis relacionados ao mundo do trabalho, que envolve a produção desse material, além de aspectos que tratam da educação ambiental e da cidadania, como o consumo e o descarte adequado do plástico.

Este projeto busca gerar reflexões sobre a importância de se pensar em maneiras de reduzir o consumo de plástico. Para

isso, recorrendo a uma série de textos e atividades, serão trabalhados dados diversos que poderão contribuir para a compreensão da problemática relacionada ao tema. Além disso, esse trabalho poderá estimular os estudantes na ação criativa de propor possibilidades para substituição do plástico por outros materiais mais sustentáveis, que podem ser usados na fabricação de objetos utilizados no dia a dia, articulando conhecimentos das diversas áreas do conhecimento.

A BNCC neste projeto

Este projeto proporciona oportunidades de desenvolver competências gerais da BNCC, bem como competências específicas e habilidades de todas as áreas do conhecimento.

A seguir estão apontados os códigos das habilidades e competências desenvolvidas neste projeto.

Competências gerais da BNCC:

• 1, 2, 6, 7 e 10

Competências específicas e habilidades:

• Área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias:

• competência específica 1: EM13CNT104

• competência específica 3: EM13CNT301, EM13CNT302, EM13CNT303, EM13CNT306 e EM13CNT307

• Área de Linguagens e suas Tecnologias:

• competência específica 3: EM13LGG301

• Língua Portuguesa por campo de atuação:

• campo das práticas de estudo e pesquisa: EM13LP30 (competência específica 7) e EM13LP34 (competência específica 3)

• campo da vida pessoal: EM13LP22 (competência específica 3)

• campo de atuação na vida pública: EM13LP27 (competência específica 3)

• Área de Matemática e suas Tecnologias:

• competência específica 1: EM13MAT101

• Área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas:

• competência específica 3: EM13CHS301 e EM13CHS304

Como trabalhar a BNCC

Ao longo deste projeto, trabalham-se as competências gerais 1 e 2, ao contextualizar o problema do uso excessivo dos plásticos na sociedade. É solicitado aos estudantes que façam uma pesquisa de campo, investigando como ocorre o descarte de materiais plásticos em um ambiente da convivência deles. A curiosidade intelectual é estimulada durante a investigação sobre um material alternativo ao plástico que seja mais sustentável, proposta que pode corresponder a uma solução para o uso excessivo e descarte inadequado de plásticos em um contexto local. As descobertas devem ser sintetizadas em um relatório final a ser apresentado para a comunidade. Dessa maneira, os estudantes são motivados a mobilizar seus conhecimentos prévios para elaborar questões, desenvolver estratégias para respondê-las, criar metodologias de intervenção e comu-

nicar o resultado desse processo a um público (competência geral 2). Além disso, eles farão uso de conhecimentos historicamente construídos, como dados de produção de materiais plásticos coletados ao longo dos anos, para entender e explicar uma problemática real que envolve, o uso dos plásticos em nossa sociedade (competência geral 1).

Os diferentes momentos deste projeto propiciam a discussão das relações próprias do mundo do trabalho e permitem aos estudantes a fazerem escolhas alinhadas ao exercício da cidadania com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade (competência geral 6).

O planejamento de materiais substitutos ao plástico, proposta que deverá ser apresentada por meio do relatório de pesquisa a ser compartilhado com a comunidade, é resultado de um processo de leitura e interpretação crítica de textos científicos, construção de hipóteses e desenvolvimento criativo e organizado de novos materiais. Nesse processo, os estudantes têm a oportunidade de obter dados e informações a respeito do consumo e dos impactos gerados pelo plástico que podem ser usados como argumentos em momentos de discussão de ideias, durante a produção do cartaz para conscientização sobre o descarte de produtos de plástico, e para justificar a necessidade de repensar os materiais utilizados em busca de alternativas mais sustentáveis (competência geral 7). A consciência ambiental, o consumo responsável e um posicionamento ético são esperados como resultado deste projeto, que explora, ainda, a autonomia individual e coletiva na construção de conhecimentos que permitam a tomada de decisões mais conscientes e éticas, bem como a construção de uma cultura de sustentabilidade (competência geral 10).

O projeto está relacionado à análise de um problema de cunho ambiental, visando: ao uso do conhecimento científico para discernir informações confiáveis e não confiáveis (EM13CNT303); ao uso de metodologias científicas para resolver problemas (EM13CNT301); e ao compartilhamento e diálogo sobre os processos e resultados desenvolvidos que são trabalhados e necessários para a construção do produto final (EM13CNT302).

A exploração das propriedades e características estruturais dos plásticos permite aos estudantes avaliar aspectos referentes ao seu uso, dos benéficos aos prejudiciais, bem como relacionar o contexto cotidiano ao ambiental (EM13CNT104, EM13CNT306, EM13CNT307).

A integração entre Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas está presente quando tratamos de hábitos e práticas individuais e coletivas de produção, reaproveitamento e descarte de resíduos ou quando os estudantes apresentam propostas de ação que promovem a sustentabilidade ambiental (EM13CHS301). Os impactos ambientais decorrentes de práticas de instituições governamentais, de empresas e dos indivíduos são pesquisados e debatidos para conscientização dos estudantes (EM13CHS304).

A integração com a área de Matemática e suas Tecnologias se dá pela análise de gráficos e dados referentes à produção, descarte e reciclagem de plásticos. Um exemplo ocorre com o gráfico Evolução da produção global de

plástico entre 1950 e 2019, que retrata a variação anual da produção de materiais plásticos no mundo, em milhões de toneladas (EM13MAT101).

O componente curricular Linguagens e suas Tecnologias está presente, por sua vez, de duas maneiras. Primeiro, no que tange aos aspectos de design, tanto artísticos (formas, cores, estilo) quanto funcionais (facilidade de manuseio, boa funcionalidade etc.) do objeto a ser proposto ao final do projeto (EM13LGG301). Segundo, na apropriação, por parte dos estudantes, de procedimentos e gêneros textuais envolvidos na realização de pesquisas e produção de textos próprios do ambiente científico (EM13LP30, EM13LP34). Também está presente na reflexão sobre o modo de produção e as profissões envolvidas na cadeia de produção e descarte do plástico (EM13LP22) e na reflexão sobre o uso e descarte do plástico (EM13LP27).

Este projeto articula os temas transversais ciência e tecnologia, ao explorar o uso do conhecimento científico para compreensão da problemática e das tecnologias relacionadas à produção do plástico; educação ambiental e saúde, ao enfatizar a importância da mudança de comportamentos em relação à problemática ambiental; educação em direitos humanos, ao incentivar a valorização de atitudes e comportamentos que os respeitem; e trabalho, ao estimular a escuta ativa, trabalhar aspectos interpessoais e desenvolver responsabilidade e espírito de equipe, buscando soluções para problemas cotidianos.

Professores envolvidos

Sugerimos que o professor de Química lidere a condução deste projeto. Ainda assim, é de grande relevância contar com o auxílio de outros professores.

O professor de Biologia pode colaborar nas discussões sobre os prejuízos causados pelo plástico ao ambiente e à saúde humana e sobre as formas de descarte dos resíduos plásticos. O professor de Geografia pode auxiliar nas abordagens relacionadas ao petróleo e aos seus impactos no ambiente. Além disso, os professores de Arte e de Matemática poderão auxiliar na elaboração do esboço do objeto a ser produzido com material alternativo ao plástico, trazendo conhecimentos sobre design e engenharia de produtos.

Materiais necessários

• Computador, smartphone ou tablet com acesso à internet.

• Jornais, revistas, livros e outros meios de pesquisa.

• Papéis e cartolinas.

• Canetas coloridas.

• Materiais alternativos ao plástico para a produção de bens duráveis e não duráveis.

Os materiais sugeridos podem ser substituídos ou adequados de acordo com as necessidades e a disponibilidade dos itens na escola. Estimule os estudantes a reutilizar materiais e a solicitar o apoio da comunidade local para obtenção de materiais indisponíveis no ambiente escolar ou para ajudar na realização de alguma etapa específica do projeto.

Orientações didáticas

Etapa 1: Vamos começar

Oceanos em perigo

Nesse momento, a sensibilização dos estudantes será pautada nos impactos dos plásticos no ambiente, sobretudo na fauna marinha.

Inicie com uma discussão sobre o uso e o descarte de plásticos no cotidiano, com a finalidade de levantar os conhecimentos prévios dos estudantes sobre a temática, sobretudo os problemas ambientais relacionados ao descarte dos plásticos. Podem ser abordados os seguintes questionamentos, entre outros que julgar pertinentes: Você consegue dimensionar a presença dos plásticos na sua vida? Já se perguntou quais são as razões para o uso tão frequente desses materiais? Alguma vez refletiu sobre a forma como era o mundo antes de os plásticos serem desenvolvidos? Consegue imaginar como seria deixar de usá-los?

Evidencie a importância do tema para a atualidade e o futuro do planeta, de modo a construir sentido no desenvolvimento do projeto. Além do lixo doméstico, mais conhecido pelo estudante, existem outros tipos cujo descarte é problemático. Para subsidiar essa discussão, sugerimos: POLUIÇÃO global por plásticos pode chegar a um ponto irreversível? Ecodebate, 15 jul. 2024.

Disponível em: https://www.ecodebate.com.br/2024/07/15/ poluicao-global-por-plasticos-pode-chegar-a-um-pontoirreversivel/. Acesso em: 5 ago. 2024.

MOUHAMAD, L. Poluição na beira do Deck Sul preocupa frequentadores e ambientalistas. Correio Braziliense, 31 jul. 2024.

Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/cidadesdf/2024/07/6909600-poluicao-na-beira-do-deck-sul-preocupafrequentadores-e-ambientalistas.html. Acesso em: 5 ago. 2024.

Utilizando mapas, auxilie os estudantes na localização da “ilha de plásticos” existente no oceano Pacífico. O vídeo Um mar de lixo, sugerido no boxe Para assistir, é uma animação que explica a origem e os impactos gerados pelo lixo nos oceanos. Chame a atenção para as imagens que representam tartarugas marinhas se alimentando de uma água-viva e de uma sacola plástica.

Verifique as percepções dos estudantes quanto à forma como a comunidade local encara o tema. É provável que relatem que a comunidade reconheça que os plásticos causam impactos, mas desconheça o problema com profundidade e apresente dificuldades em mudar seus hábitos de consumo. Para ampliar a abordagem com esse tema, sugerimos:

• POLUIÇÃO plástica nos oceanos quadruplicará até 2050.

WWF-Brasil, 25 abr. 2022.

Disponível em: https://www.wwf.org.br/?82290/Poluicaoplastica-nos-oceanos-quadruplicara-ate-2050-aponta-estudo. Acesso em: 4 ago. 2024.

• OCEANOS de plástico. Direção: Craig Leeson. Reino Unido, 2016. Vídeo (100 min).

Atividades Página 15

1. a) Resposta pessoal. O objetivo é remeter o estudante a situações que ele talvez tenha vivenciado.

b) Resposta pessoal. O objetivo é demonstrar que atos considerados simples e aparentemente inofensivos, como jogar lixo no chão, podem ter consequências ambientais graves.

2. Resposta pessoal. O objetivo é analisar as percepções dos estudantes quanto à responsabilidade de cada um, possibilitando mudanças de atitudes em relação ao problema.

3. Resposta pessoal. O objetivo é verificar o que os estudantes conhecem sobre os processos e as matérias-primas envolvidas na produção do plástico e os impactos decorrentes do descarte incorreto.

4. a) Resposta pessoal. O objetivo é analisar as percepções dos estudantes quanto à forma como as comunidades local e global encaram o tema.

b) Resposta pessoal. O objetivo é analisar as percepções dos estudantes sobre a diferença entre conhecimento e mudanças de atitudes em relação ao problema.

Repensar é preciso

Para iniciar o trabalho com esse tópico, proponha um rápido debate à turma com o propósito de levantar algumas atitudes dos estudantes quanto aos próprios comportamentos e também propostas de mudança.

Para a sensibilização dos estudantes, sugere-se assistir ao documentário Lixo extraordinário, que permite uma visão geral sobre a questão dos descartes no ambiente e a situação dos catadores que trabalham diretamente com esses materiais. Os estudantes podem assisti-lo em casa e, na sala de aula, expressar suas opiniões sobre o vídeo. A seguir, são fornecidos os dados técnicos do documentário.

• LIXO extraordinário. Direção: Lucy Walker, João Jardim, Karen Harley. Reino Unido; Brasil, 2010. Vídeo (98 min).

A reportagem Retirada de plástico do rio Tietê gera renda para 45 famílias em cooperativa no interior de SP mostra como famílias estão conseguindo renda a partir da retirada de plástico do rio Tietê. Pode ser realizada a leitura conjunta em sala de aula e o debate sobre as oportunidades de trabalho que essas famílias encontraram. Se julgar pertinente, pode-se solicitar uma pesquisa para os estudantes sobre como são montadas cooperativas de reciclagem e a vantagem dos catadores em trabalhar nesse tipo de iniciativa. A lei que regulamenta as cooperativas no Brasil é a Lei nº 5764/1971.

• RETIRADA de plástico do rio Tietê gera renda para 45 famílias em cooperativa no interior de SP. G1, 12 dez. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/ noticia/2021/12/12/retirada-de-plastico-do-rio-tiete-gerarenda-para-45-familias-em-cooperativa-no-interior-de-sp.ghtml. Acesso em: 4 ago. 2024.

Atividades Página 17

1. Resposta pessoal. Estimule os estudantes a refletir sobre suas atitudes relacionadas ao consumo e ao descarte de materiais plásticos. As respostas levantadas

aqui podem ser retomadas e reformuladas ao longo do desenvolvimento do projeto.

2. a) FALSA. Materiais plásticos descartáveis são utilizados excessivamente. Espera-se que os estudantes reflitam sobre a utilização de materiais plásticos no cotidiano e o comportamento da sociedade quanto a esse uso.

b) FALSA. A produção de materiais plásticos aumenta ano após ano e, consequentemente, o uso desses materiais também. Essa questão busca refletir sobre os aspectos práticos e positivos do uso do plástico, como flexibilidade de uso, durabilidade, higiene, preço baixo, facilidade de acesso, entre outros.

c) VERDADEIRA. Os plásticos podem ser encontrados em muitos materiais no cotidiano, como cosméticos (esfoliantes), painel de automóveis, móveis, carcaça de produtos eletrônicos, como celulares, materiais de pesca, peças do vestuário, entre outros.

d) VERDADEIRA. De fato, alguns plásticos podem levar centenas de anos para se decompor completamente quando abandonados na natureza.

e) FALSA. As destinações ambientalmente mais corretas para o plástico são reciclagem e reutilização. O depósito em aterros sanitários, apesar de muito comum, deveria ser utilizado somente na impossibilidade de reciclagem ou reutilização, pois também gera uma série de impactos ambientais.

f) FALSA. A extração do petróleo, seu beneficiamento, a formulação de novos materiais a partir do plástico, transporte e produção de produtos a partir da matéria prima envolve muitos profissionais.

g) VERDADEIRA. Esses plásticos são chamados de microplásticos e são partículas de diâmetro de até 5 milímetros. São formados intencionalmente, como é o caso do glitter, ou pela degradação dos plásticos no ambiente, e podem se acumular em diferentes organismos, inclusive nos seres humanos.

Atividade de Ampliação

Resposta pessoal. As questões formuladas pelos estudantes nesse momento serão retomadas na Etapa 2, na atividade 2 do tópico Consequências que não vemos. Este é um bom momento para estimular os estudantes a pensar sobre questões relacionadas à produção, ao consumo e ao descarte do lixo. Caso os estudantes tenham dificuldade em formular as questões, proponha uma roda de conversa esclarecendo possíveis dúvidas.

Organizando os trabalhos

Projeto

– Plástico

Esse é o momento da apresentação do cronograma completo. Solicite a formação de grupos com quatro integrantes que tenham interesses em comum e que trabalharão juntos na resolução de algumas tarefas até o final do projeto.

As questões, vídeos e leituras anteriores proporcionaram momentos de reflexão e análise sobre o cenário atual na produção, consumo e descarte do plástico. Encerre a

Etapa 1 com uma redação, para sintetizar as ideias dos estudantes e prepará-los para a elaboração do relatório.

Na Etapa 3, em que serão sugeridos materiais que poderão substituir o plástico, estimule a construção de objetos levando em conta a disponibilidade de materiais na escola. O relatório também poderá ser feito de forma digital, para facilitar seu compartilhamento com a comunidade.

Uma forma de ampliação é explorar as políticas públicas locais que versam sobre o consumo de materiais plásticos, estimulando os estudantes a sugerir melhorias com embasamento nos conhecimentos construídos ao longo do projeto ou, ao menos, melhorias na política da própria escola, por exemplo, desenvolvendo lixeiras próprias para cada tipo de resíduo.

Etapa

2:

Saber e fazer

Os momentos desta etapa podem ser realizados na ordem que mais se adapte à realidade da turma; podem, inclusive, ser ampliados conforme a demanda dos estudantes.

Do que o plástico é feito?

Esse tópico dá aos estudantes uma visão geral das etapas iniciais de produção dos plásticos, com enfoque no petróleo. Se julgar adequado, podem-se explorar alguns aspectos de uma torre de fracionamento do petróleo, mostrando que esse produto é composto de diferentes moléculas e que elas podem ser separadas com base em seus tamanhos (simbolizados pela quantidade de átomos de carbono de cada uma). Além disso, é possível apresentar as características físico-químicas de substâncias derivadas do petróleo. Para essa abordagem, sugerimos:

• COMO funciona a destilação do petróleo? CBIE, 26 jul. 2019. Disponível em: https://cbie.com.br/como-funciona-a-destilacaodo-petroleo/. Acesso em: 4 ago. 2024.

• SÃO PAULO (Estado). Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Emergências químicas. São Paulo, 2020. Disponível em: https://cetesb.sp.gov.br/emergencias-quimicas/ tipos-de-acidentes/vazamentos-de-oleo/caracteristicas-dooleo/aspectos-fisicos-e-quimicos/. Acesso em: 4 ago. 2024. Pode-se estabelecer um trabalho conjunto com os professores de Biologia e Geografia. Em relação à Biologia, podem-se abordar os impactos ambientais referentes à extração e ao consumo de combustíveis fósseis, enquanto, do ponto de vista da Geografia, podem-se abordar aspectos geopolíticos de controle das reservas petrolíferas, bem como a análise da cadeia de produção e os profissionais envolvidos da extração ao produto final.

Além disso, pode-se exibir o vídeo Plástico feito de cana-de-açúcar é usado pela Nasa indicado no boxe Para assistir. Ele mostra uma matéria-prima alternativa que pode ser usada para a produção do plástico. É possível realizar uma reflexão com os estudantes sobre as vantagens e desvantagens dessa nova matéria-prima, incluindo se possível, os professores de Biologia e/ou Geografia.

Importante notar que relatórios confiáveis acerca de plástico (e de questões ambientais de modo geral) são produzidos a cada 5 anos, contendo dados de até 2 ou 3 anos

antes. Nesse contexto, os dados mais confiáveis seriam do relatório da OECD 2022, que possui dados de até 2019. Disponível em: https://www.oecd.org/content/dam/oecd/ en/publications/support-materials/2022/02/global-plasticsoutlook_a653d1c9/Global%20Plastics%20Outlook%20I.pdf. Acesso em: 6 ago. 2024.

Atividade Página 21

1. a) Um dos fatos históricos sobre o plástico que os estudantes podem encontrar é sobre o químico belga Leo Hendrik Baekeland, que em 1907 criou a primeira resina totalmente sintética: o baquelite. Ele desenvolveu um aparato que permitia controlar as variações do calor e da pressão na combinação de ácido carbólico (fenol) com formaldeído, dando origem ao baquelite, que é considerado o primeiro polímero totalmente sintético criado e, portanto, o primeiro plástico a ser considerado economicamente viável.

b) Possíveis aspectos positivos: é possível produzi-los mais rapidamente; costumam ser mais baratos por partirem de matéria-prima simples; não são utilizados vegetais ou animais diretamente na sua produção. Possíveis a spectos negativos: é necessária a realização de reações químicas que demandam grande quantidade de energia; materiais sintéticos como o plástico demoram para se degradar no ambiente; sua degradação pode liberar substâncias nocivas à saúde humana e ao ambiente.

c) O plástico é feito do petróleo e há diferentes profissionais: petroleiros, engenheiros de petróleo, químicos, engenheiros de material, geólogos, técnicos de sonda, mecânicos de sonda, entre muitos outros.

d) Aproximadamente 8% do petróleo dá origem à nafta, que é a principal matéria química da indústria de polímeros.

A extração de petróleo envolve a injeção de água nos poços para que a alta pressão desloque o petróleo. Essa água é descartada normalmente no ambiente marinho, alterando sua composição. Além disso, há riscos de vazamento de petróleo, na extração ou no transporte, que causam enormes impactos no ambiente costeiro.

e) Estima-se que a população mundial em 2019 era de 7,75 bilhões de pessoas. Portanto, ao dividirmos 459,75 milhões de toneladas por 7,75 bilhões de pessoas, chegamos a um total de, aproximadamente, 59,32 kg por pessoa. Note que milhões de toneladas equivalem a bilhões de quilos.

Como utilizamos o plástico?

É importante lembrar os estudantes com certa antecedência de que o conjunto de atividades deste tópico requer que eles tragam objetos plásticos e/ou respectivas embalagens de suas casas.

Pode-se propor uma investigação acerca dos objetos e solicitar aos estudantes que busquem diferenças e semelhanças entre eles, no que concerne às características do material (e não do objeto). Por exemplo, a ideia é avaliar diferenças e semelhanças na flexibilidade de dois talheres de plástico, e não se um garfo tem mais dentes que outro. Em seguida, a proposta seria usar o gráfico Utilização do plástico em 2019 e pedir aos estudantes que sugiram obje-

tos de cada setor feitos de plástico. Por exemplo, temos: embalagens – qualquer tipo de plástico que envolva alimentos e objetos em geral; construção – encanamentos e revestimentos, entre outros; têxteis – roupas feitas com fibras sintéticas, como elastano e poliéster, botões, entre outros; produtos de consumo – pratos, talheres e canudos descartáveis, entre outros; transportes – diversas peças, como uma maçaneta ou o revestimento do cinto de segurança; eletroeletrônicos – botões, controles remotos, entre outros; maquinário industrial – peças utilizadas na fabricação das máquinas. Durante esse exercício, seria interessante frisar que as fibras sintéticas que compõem muitas das nossas roupas são, na verdade, plásticos. Se possível, sugira aos estudantes que olhem a etiqueta de suas camisetas, ou peçam permissão para olhar a de um colega, a fim de que verifiquem se as roupas são 100% feitas de algodão ou se têm algum outro componente, como elastano ou poliéster.

Atividades Página 23

1. Oriente os estudantes na pesquisa, se necessário dividindo-os em grupos para que cada um deles seja responsável por um tipo de plástico. Se possível, peça que tragam objetos de exemplo para que todos possam observar as características. Sugestão de quadro:

Cód. de ident. Nome completo Características Presente em

1 PET Tereftalato de polietileno

2 PEAD

Transparente e resistente

Polietileno de alta densidade

Plástico colorido comum

3 PVC Policloreto de vinila Rígido

Garrafas de bebidas, entre outros

Frascos de iogurte, leite e produtos de limpeza, entre outros

Tubos e conexões utilizados em construção civil, entre outros

4 PEBD Polietileno de baixa densidade Mole e flexível

5 PPPolipropileno Duro e flexível

6 PSPoliestireno Rígido e frágil

Embalagens de arroz e açúcar, entre outros

Potes e tampas, entre outros

Pratos e copos descartáveis, entre outros

Cód. de ident.

7 OutrosOutros

Todos os outros tipos de plástico, incluindo acrílicos e náilon

Mamadeiras, lentes de óculos, para-choques de carro, entre outros

2. O objetivo é ampliar o repertório do conhecimento sobre objetos que são feitos de plástico. Caso não seja possível classificar algum deles nos respectivos códigos, pode-se propor aos estudantes que pesquisem sobre a classificação em um site de pesquisa on-line. Para isso, eles podem, por exemplo, utilizar como palavras-chave “do que é feito a(o)” e o nome do objeto.

Atividade de Ampliação

a) A classificação errônea ou a mistura de materiais plásticos pode gerar vários problemas para o processo de reciclagem, tais como: ineficiência no processo de reciclagem (quando diferentes tipos de plástico são misturados ou mal identificados, pode resultar em lotes contaminados, o que dificulta a eficácia da reciclagem); dificuldade na identificação (isso torna o processo mais lento e menos eficiente, além de aumentar o custo da triagem manual); risco de contaminação (alguns plásticos, quando reciclados juntos, podem liberar substâncias tóxicas); desvalorização dos materiais (a falta de clareza na classificação dos plásticos pode resultar em produtos reciclados de menor qualidade e valor de mercado, desincentivando a coleta e reciclagem).

b) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes identifiquem tipos de plásticos mais comuns utilizados no dia a dia de acordo com o quadro elaborado na atividade 1. Aproveite a oportunidade para verificar o aprendizado do tema até o momento. Caso os estudantes tenham dificuldade, proponha uma roda de conversa para esclarecer possíveis dúvidas.

A extensão do problema

Uma forma atrativa de abordar esse tema é iniciar uma discussão sobre lixo espacial, utilizando questionamentos como “Vocês acham que há lixo no espaço?” ou “Sabendo que há lixo ao redor da Terra, vocês diriam que há algum problema em termos lixo orbitando o planeta Terra?”. Para subsidiar essa discussão, sugerimos:

• VOCÊ sabe o que é lixo espacial?. 2018. Vídeo (2min6s). Publicado pelo canal Diário de Pernambuco. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=tgU4C5DOpqQ. Acesso em: 4 ago. 2024. O tópico A relação entre produção e descarte é uma ótima oportunidade para estimular as habilidades de interpretação de gráficos dos estudantes. Uma sugestão é reproduzir os gráficos no quadro e realizar uma interpretação coletiva. Especificamente sobre o gráfico Tempo de vida útil médio de materiais plásticos por aplicação, explique aos estudantes que o eixo “Probabilidade da vida útil

dos produtos” indica que nem todos os produtos de um mesmo grupo têm a mesma vida útil. Por exemplo, cerca de 20% dos produtos de maquinário industrial têm 20 anos de vida útil (maior valor de probabilidade para esse grupo), enquanto uma minoria tem 50 anos (menor valor de probabilidade para esse grupo). Já para o grupo das embalagens, a vida útil é de aproximadamente dois anos para 100% desses objetos.

Ao trabalhar com o tópico Os principais impactos ambientais, é possível propor que cada grupo apresente uma imagem que demonstre impactos ambientais decorrentes do descarte inadequado dos materiais plásticos e uma breve contextualização explicando o que se vê na imagem. Para obtê-la, os grupos podem, por exemplo, explorar e fotografar as redondezas da escola ou de suas casas, ou então realizar uma pesquisa on-line, em revistas, jornais, entre outros. Com isso, eles terão um melhor entendimento tanto da extensão quanto do significado dos impactos.

Aproveite a oportunidade para discutir também os impactos na extração do petróleo. A matéria indicada a seguir pode servir de base para a discussão.

• IMPACTOS ambientais do petróleo pressionam o setor para a energia limpa. WWF-Brasil, 19 dez. 2022. Disponível em: https://www.wwf.org.br/?84444/impactosambientais-do-petroleo-pressionam-o-setor-para-a-energialimpa. Acesso em: 16 out. 2024.

A roda de conversa sugerida no Livro do Estudante pode ter papel de fechamento para os seminários. Como sugestão de aprofundamento e ampliação para este tópico, é possível propor a análise da legislação referente aos materiais plásticos nos diferentes estados do país. Para isso, sugerimos o texto a seguir, que aborda mudanças na legislação de alguns estados brasileiros e traz citações de especialistas sobre o tema.

• ROCHA, C. As leis que pretendem combater o plástico de uso único no país. Nexo, 10 jul. 2019.

Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/expresso/ 2019/07/10/As-leis-que-pretendem-combater-o-pl%C3%A1sticode-uso-%C3%BAnico-no-pa%C3%ADs. Acesso em: 4 ago. 2024. Além disso, é interessante, se possível, apresentar aos estudantes um texto de lei original com o intuito de tornar mais palpável o entendimento de um documento que caracteriza o que é ou não crime e de aproximá-los das características de um texto jurídico. Pode-se, por exemplo, expor otexto da lei aos estudantes e pedir a eles que o analisem de forma crítica e avaliem se há ou não embasamento científico que o suporte, tendo como base os conhecimentos construídos até aqui.

Atividade Página 27

1. Essa roda de conversa tem o objetivo de abordar os impactos causados pelo descarte incorreto de materiais pl á sticos. Para isso, podem-se retomar os gráficos e as tabelas apresentados nesse tópico e realizar uma interpretação coletiva. É interessante estimular a troca de experiências entre os estudantes, por exemplo, sugerindo que eles nomeiem lugares em que já viram o

descarte incorreto. Além disso, é importante nortear a discussão para uma compreensão de que, mais do que o descarte correto, é fundamental reduzir o consumo de materiais plásticos.

Consequências que não vemos

Nesse tópico, seria interessante comentar que existem muitas lacunas não respondidas, pois ainda não há conhecimento capaz de preenchê-las. Esse aspecto reforça uma visão da ciência como campo de constante produção de conhecimento. No que se refere à vida dos estudantes, são temas que eles precisam continuar acompanhando para conhecer os resultados nos próximos anos.

Quanto aos microplásticos especificamente, sugerem-se dois vídeos que possibilitam uma ampliação do tema:

MICROPLÁSTICOS e a poluição nos oceanos. 2016. Vídeo (2min53s). Publicado pelo canal Minuto da Terra.

Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=adc0cOqE4qs. Acesso em: 4 ago. 2024.

IMPACTO dos microplásticos em ambientes marinhos. 2016. Vídeo (5min49s). Publicado pelo canal Antártica ou Antártida?.

Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=3hcQEFtpr2o. Acesso em: 4 ago. 2024.

Convém ressaltar aos estudantes que os materiais plásticos não desaparecem com o processo de degradação, mas sim se decompõem em frações menores, por vezes invisíveis a olho nu, e a essas frações damos o nome de microplásticos. O e-book a seguir aborda o tema:

DIAS, S. L. F. G. et al Single-use plastic in Brazil: context and environmental impacts. São Paulo: Escola de Artes, Ciências e Humanidades, 2023.

Disponível em: https://www.livrosabertos.abcd.usp.br/ portaldelivrosUSP/catalog/download/1175/1075/4038?inline=1. Acesso em: 29 out. 2024.

Ao explorar o tópico Contaminação química e biológica, como forma de contextualização, sugere-se questionar os estudantes sobre os tipos de recipiente que eles utilizam no micro-ondas. É importante dirigir a conversa para que haja um entendimento de que a melhor alternativa para evitar a contaminação dos alimentos é substituir os materiais plásticos por recipientes de vidro, cerâmica e até mesmo materiais descartáveis feitos de papel (é importante destacar que os metais não podem ser utilizados nesses equipamentos em nenhuma hipótese). O BPA pode ser utilizado como exemplo durante a conversa e, se julgar pertinente, compartilhe com os estudantes o texto a seguir para ampliar a discussão.

A substância, encontrada no ambiente, causa preocupação e tem sido bastante estudada por ter mostrado potencial impacto sobre a saúde humana em experimentos de laboratório. [...] [...]

No Brasil, o bisfenol A já foi detectado na maioria das amostras analisadas em pesquisas feitas em rios e estações de tratamento de água e esgoto no Estado de São Paulo, segundo Cassiana Carolina Montagner,

do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Onde é procurado, ele é detectado”, destaca. “Com relação às concentrações encontradas de BPA, elas podem ser consideradas baixas, ainda que alguns trabalhos da literatura descrevam efeitos causados devido à exposição crônica nesses níveis de concentração”, diz.

Uma pesquisa recente feita na Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), do Paraná, em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com ratos mostrou que a exposição materna a bisfenol A durante a gravidez e logo após o parto afeta negativamente a espermatogênese (processo fisiológico que resulta na produção de espermatozoides) da prole quando adultos. Os resultados foram publicados no Journal of Toxicology and Environmental Health em fevereiro deste ano [2019].

JONES, F. A ameaça dos microplásticos. Revista Pesquisa FAPESP, São Paulo, n. 281, jul. 2019. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/ 2019/07/08/a-ameaca-dos-microplasticos/. Acesso em: 17 jan. 2020.

Ao final da leitura, proponha aos estudantes que elaborem um pequeno texto que apresente uma possibilidade alternativa para evitar o uso de plásticos no micro-ondas, justificando a escolha com base nos aspectos levantados durante a discussão do texto.

Atividades Página 29

1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reflitam sobre hábitos cotidianos, como, por exemplo, a utilização de qualquer tipo de plástico no micro-ondas ou para armazenamento de alimentos.

2. Abordar os problemas como: acúmulo do material no ambiente que facilita a proliferação de vetores de doenças, como pequenos roedores e mosquitos; acúmulo nos organismos por ingestão passiva (exemplo, a i ngestão de uma presa que já apresentava plástico no organismo) e a ativa (quando, por exemplo, animais confundem o plástico com uma presa); poluição visual; decomposição que libera substâncias nocivas; transporte de outras substâncias tóxicas que se fixam na s uperfície; transporte de microrganismos causadores de doenças; entre outros.

Descarte: como fazer direito

Nesse momento, é importante que os estudantes entendam as limitações do uso de aterros sanitários, tanto em termos de logística (aumento do material descartado e espaço reduzido de armazenamento) quanto em termos ambientais (impactos de construção e contaminação). Ao explorar esse tema, é possível propor aos estudantes a leitura do texto a seguir.

[...]

[O aterro sanitário] enfrenta limitações por conta do crescimento dos grandes centros urbanos, associado, por consequência, ao aumento da quantidade de lixo produzida e descartada. [...]

Aterro sanitário é uma obra de engenharia, repita-se, destinada à estocagem, ao armazenamento ou à guarda de resíduos ou lixo gerados pelas grandes aglomerações urbanas da sociedade consumista. São grandes valas rasgadas no solo e subsolo que passam por um processo de impermeabilização com aplicação de uma camada de argila de baixa textura que é compactada para reduzir a porosidade e aumentar sua capacidade impermeabilizante. Sobre essa primeira camada, é colocado um lençol plástico e, sobre esse, uma segunda camada de argila é aplicada e novamente compactada.

Sobre essa última camada de argila são instalados drenos para fluir a retirada de gases e líquidos gerados pela decomposição dos resíduos orgânicos. [...]. Para essa operação são necessários grandes desmontes e movimentação de terra. Convertem-se em intermináveis e verdadeiros sanduíches de resíduos.

[...]

PORTELLA, M. O.; RIBEIRO, J. C. J. Aterros sanitários: aspectos gerais e destino final dos resíduos. Revista Direito Ambiental e sociedade, v. 4, n. 1, 2014 (p. 115-134). Disponível em: http://ucs.br/etc/revistas/ index.php/direitoambiental/article/viewFile/3687/2110. Acesso em: 4 ago. 2024.

Para ampliar essa abordagem, se possível, aconselha-se organizar uma visita a um aterro sanitário e/ou uma cooperativa de reciclagem. Esse tipo de saída a campo enriquece o aprendizado dos estudantes por permitir um contato direto com o objeto de estudo.

No tópico Reciclagem e reutilização, são apresentadas informações sobre a quantidade de lixo gerada no Brasil. É interessante ampliar essa análise e propor aos estudantes que busquem por dados de outros países. Para subsidiar essa abordagem, sugerimos:

BRASIL é o 4o país do mundo que mais gera lixo plástico. WWF Brasil, 4 mar. 2019.

Disponível em: https://www.wwf.org.br/?70222/Brasil-e-o-4-paisdo-mundo-que-mais-gera-lixo-plastico. Acesso em: 18 jan. 2020. Após essa análise, solicite aos estudantes que pesquisem acerca dos 5 Rs da sustentabilidade (repensar, recusar, eduzir, reutilizar e reciclar), incluindo maneiras de implementá-los em seu cotidiano. Essa abordagem é mais completa e significativa do que a tradicional abordagem dos 3 Rs (reduzir, reutilizar e reciclar), e recomenda-se o enfoque principal em repensar e recusar, já que são atitudes mais fáceis de implementar no cotidiano e contribuem significativamente para a redução do consumo de materiais plásticos. Para compreender melhor o significado de cada R, sugerimos:

• SILVA, S. et al . Os 5 R’s da sustentabilidade. In : SEMINÁRIO DE JOVENS PESQUISADORES EM ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO, 5. Anais [...]. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2017. p. 1-16. Disponível em: https://www.ufsm.br/app/uploads/ sites/533/2019/05/OS_5_RS_DA_SUSTENTABILIDADE_OS_5_ RS_DA_SUSTENTABILIDADE_OS_5_RS_DA_SUSTENTABILIDADE_ OS_5_RS_DA_SUSTENTABILIDADE_OS_5_RS_DA_ SUSTENTABILIDADE_OS.pdf. Acesso em: 4 ago. 2024.

Nessa abordagem, pode-se, por exemplo, separar a sala em grupos, distribuir os “Rs” entre eles e solicitar aos estudantes que leiam os textos e sintetizem informações que julgarem relevantes sobre seus respectivos “Rs”. Para finalizar a atividade, cada grupo pode realizar um breve seminário sobre o que leu. No boxe Para ler, o texto sugerido apresenta maneiras de reutilizar materiais plásticos que seriam descartados. É a oportunidade para os estudantes mostrarem outras formas de reutilização que conhecem e praticam.

Atividades Página 31

1. A reciclagem transforma o material já usado em matéria-prima para a produção de novos materiais, fazendo que a matéria assuma uma dinâmica cíclica no processo produtivo. Evitam-se o acúmulo dos materiais no ambiente e a extração de mais recursos naturais, bem como os impactos da liberação de substâncias decorrentes de sua decomposição.

2. Espera-se que os estudantes citem a redução no consumo e a reutilização dos materiais, cujos benefícios incluem reduzir tanto a produção de lixo plástico quanto os gastos para a produção de novos materiais plásticos.

3. Os catadores de material reciclável são trabalhadores informais que recolhem, classificam e vendem materiais recicláveis, como papel, plástico, vidro e metais, para empresas de reciclagem. Esses profissionais desempenham um papel crucial na gestão de resíduos, contribuindo significativamente para a redução do volume de lixo que vai para os aterros e para a proteção do meio ambiente. Além de promoverem a reciclagem e a reutilização de materiais, eles ajudam a gerar economia circular e a conscientizar a população sobre a importância da separação e do descarte adequado dos resíduos.

4. O valor do plástico pode oscilar conforme a qualidade, a limpeza do material e as condições do mercado. Geralmente, os metais como alumínio geram mais retorno.

5. Os catadores ajudam a mitigar o acúmulo de resíduos nos ambientes ao realizar a coleta seletiva e a triagem de materiais recicláveis, desviando uma parte significativa do lixo dos aterros e reduzindo o impacto ambiental dos resíduos sólidos. Eles contribuem para a diminuição da poluição, economizam recursos naturais e reduzem a necessidade de novos aterros.

Uma forma de abordar esse tema é propor uma discussão sobre o papel dos catadores na gestão de resíduos, questionando “Vocês sabem quem são os catadores e qual é o papel deles na nossa sociedade?” ou “Considerando a quantidade de lixo que produzimos, como vocês acham que os catadores podem contribuir para mitigar o acúmulo de resíduos nos ambientes?”.

Essa abordagem destaca a importância dos catadores na reciclagem e na redução do impacto ambiental e permite uma reflexão sobre a precarização do trabalho e as dificuldades no dia a dia. É essencial discutir c omo podemos apoiar e valorizar esses profissionais, promovendo melhores condições de trabalho e maior reconhecimento social.

• BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Catadores de materiais recicláveis.

Disponível em: https://antigo.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/ residuos-solidos/catadores-de-materiais-reciclaveis.html. Acesso em: 27 set. 2024.

• Observatório da reciclagem Inclusiva e Solidária, As atividades dos catadores e a coleta seletiva durante e após a pandemia da COVID-19.

Disponível em: https://www.mncr.org.br/biblioteca/publicacoes/ livros-guias-e-manuais/as-atividades-dos-catadores-e-a-coletaseletiva-durante-e-apos-a-pandemia-da-covid-19-manualoperacional. Acesso em: 27 set. 2024.

Etapa 3: Para finalizar

Produto final

Relatório com proposta de substituto ao plástico

A finalização do projeto acontecerá com a apresentação de um relatório de pesquisa e uma proposta de substituto para o plástico.

Explorando seu ambiente

Organize os estudantes nos mesmos grupos do início para que façam um levantamento quantitativo do plástico consumido por eles no cotidiano. Oriente que cada componente do grupo desempenhe uma função.

Nesse momento, o grupo deve escolher o local da coleta, o período e o que será coletado. Oriente os estudantes para que organizem em uma tabela os dados coletados. Se a pesquisa foi feita em três dias, extrapole para 30 dias.

Após a coleta, a organização e a classificação do material, cada grupo vai analisar os resultados e verificar as possibilidades de montar um cartaz com as questões sugeridas no Livro do Estudante ou outras que queiram formular.

A confecção dos cartazes ficará a cargo da criatividade dos estudantes, mas a mensagem precisa estar clara para quem observa o cartaz.

Para garantir a segurança durante a coleta, busquem utilizar alguns dos seguintes materiais para proteção: luvas descartáveis; máscaras faciais; pinças e/ou pegadores; óculos de proteção; aventais ou roupas de proteção; sacos de lixo reforçados; desinfetante para as mãos.

Pesquisando

possíveis substitutos

Neste momento do trabalho, cada grupo escolherá um dos objetos plásticos coletados e criará um substituto para ele. No Livro do Estudante são apresentados alguns exemplos (plástico derivado do maracujá, canudos biodegradáveis, biopelículas). Para ampliar essa abordagem, pode-se utilizar o vídeo:

• LOJAS substituem plástico por um material improvável. 2019. Vídeo (1min44s). Publicado pelo canal Incrível. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=yiplusSp6rM. Acesso em: 4 ago. 2024.

A leitura sugerida no boxe Para ler é um bom incentivo aos estudantes quanto a seu desempenho, pois mostra duas estudantes do Ensino Médio que desenvolveram projetos de ciências com resíduos e foram premiadas.

A proposta

Exponha aos estudantes que, após toda pesquisa, organização de dados, muitas conversas e debates, chegou a hora de elaborar a proposta do material para substituir o plástico. Para isso, eles terão de apresentar uma justificativa de sua escolha e indicar quais são as suas vantagens.

Sugira aos estudantes explorar materiais biodegradáveis e duráveis disponíveis na região. Na proposta, também é necessário deixar claro se o material escolhido para substituir o plástico precisa sofrer adaptações e quais são as ferramentas necessárias para essa tarefa.

O esboço do produto se torna necessário para que fiquem claras sua forma física e funcionalidade. A criatividade artística é importante nesse momento. Com isso, outros professores, entre eles os professores de Arte e Matemática, podem auxiliar os estudantes nesse trabalho.

Esta pode ser uma oportunidade para comentar sobre as profissões de designer de produtos, que envolve a concepção de ideias, desenhos e projetos concretizáveis por meio de materiais específicos, e de engenheiro de produtos, que envolve o desenvolvimento e a operacionalização de produtos. Pode-se propor aos estudantes que pesquisem outras profissões relacionadas. O artigo a seguir traz uma discussão interessante:

• CALEGARI, E. P.; OLIVEIRA, B. F. Um estudo focado na relação entre design e materiais. Projética, Londrina, v. 4, n. 1, p. 49-64, jan./jun. 2013.

Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/ projetica/article/view/14348/13418. Acesso em: 4 ago. 2024.

Escrevendo e divulgando o relatório

O relatório é um instrumento de comunicação que possibilita evidenciar a metodologia aplicada e os resultados obtidos em pesquisas.

Por meio do relatório de pesquisa, os estudantes poderão organizar, analisar e resumir suas conclusões, explorando o uso de textos e imagens que comuniquem os resultados de forma eficaz. Oriente os estudantes para que incluam no relatório o esboço que apresenta um material alternativo ao plástico. Por fim, auxilie-os na tomada de decisão sobre a forma como os relatórios serão compartilhados com a comunidade.

Avaliação

Com relação às avaliações, realize-as de acordo com o que julgar pertinente, levando em conta o comportamento e a participação dos estudantes durante o desenvolvimento do projeto. As questões sugeridas podem ser ampliadas ou outras podem ser incluídas para que o quadro avaliativo se adeque a sua realidade escolar.

Os quadros podem ser utilizados para a autoavaliação e para a avaliação do estudante pelo professor. Você pode agendar uma conversa com cada estudante para discutir os itens desses quadros. Busque sempre o consenso. O preenchimento dos quadros pode ser feito gradualmente, à medida que o projeto for desenvolvido, ou ao final, após a realização do produto final, o relatório de pesquisa com a proposta de um substituto para um material plástico utilizado no cotidiano.

Na etapa de avaliação, os estudantes têm a oportunidade de refletir sobre seu aprendizado e também avaliar os estudantes do grupo. Além disso, há também a oportunidade de aprofundamento no mundo do trabalho na cadeia produtiva do plástico, refletindo sobre as funções e condições de diversas profissões.

Planejamento

A seguir, apresentamos uma sugestão da quantidade de aulas destinadas a cada uma das etapas para que o projeto seja trabalhado ao longo de um semestre. Consideramos uma aula por semana destinada ao projeto.

Caso seja mais adequado para a sua realidade escolar, o projeto pode ser desenvolvido em outro período de tempo, por exemplo, ao longo de um bimestre ou um trimestre. Para isso, basta rever o total de aulas destinadas ao projeto por semana.

Sugestão de cronograma

Sugerimos que este projeto seja dividido em três etapas e desenvolvido em 16 aulas, distribuídas ao longo de um semestre, como indicado a seguir.

Cronograma geral

Etapa 1 3 aulas

Etapa 2 6 aulas

Etapa 3 7 aulas

Etapa 1: Vamos começar

Na Etapa 1 são identificadas as habilidades e os conhecimentos prévios dos estudantes. Com isso, é possível diagnosticar as afinidades e as possíveis dificuldades dos estudantes em relação aos temas que serão tratados no decorrer da investigação.

Na primeira aula, explore a imagem de abertura e realize um levantamento dos conhecimentos prévios dos estudantes sobre consumo e descarte de plásticos. É uma aula de conscientização. Na aula 2, trabalhe as informações da seção Conversa inicial e proponha um debate. O levantamento do conhecimento dos estudantes sobre as “ilhas de plásticos” nos oceanos é o ponto de partida para o debate. Também é possível que o estudante, em casa, assista ao vídeo proposto no boxe Para assistir e traga suas impressões para o debate na aula. Proponha a realização das atividades. Na aula 3, os estudantes trabalharão com a seção Em foco. Promova uma conversa sobre as atitudes cotidianas dos estudantes

em relação ao consumo e descarte do plástico. Proponha a realização das atividades. A aula pode ser finalizada com a seção Organizando os trabalhos.

Etapa 2: Saber e fazer

A Etapa 2 é realizada ao longo do processo de investigação. Ela é formativa e ocorre a partir de textos e atividades, onde os estudantes são convidados a desenvolver e compartilhar os conhecimentos necessários para a elaboração do produto final.

A atividade desta aula 4, sobre o tópico Do que o plástico é feito?, requer pesquisa, portanto é interessante certificar-se de que as ferramentas disponibilizadas pela escola estão ao dispor dos estudantes. Para a aula 5, deve-se realizar o que é proposto no tópico Como utilizamos o plástico? Para isso, convém avisar aos estudantes que é necessário que tragam objetos plásticos de suas casas para que a proposta de análise desses objetos possa ser realizada. Na aula 6, dois caminhos são possíveis: deixar que os estudantes, em grupos, leiam os textos do tópico A extensão do problema com uma roda de conversa coletiva ao final, ou realizar uma leitura conjunta da sala, ampliando a roda de conversa proposta para a aula toda. Para a aula 7, proponha a elaboração do texto solicitado na atividade 2 ao fim do tópico Consequências que não vemos. Para a aula 8, realize a leitura dos textos e das atividades de reflexão propostas no tópico Descarte: como fazer direito. A aula 9 foi pensada para dar certa flexibilidade ao cronograma, e pode ser utilizada caso alguma atividade não se complete no período pré-estipulado. Alternativamente, pode-se dedicar mais uma aula para a elaboração do texto solicitado na atividade ao fim do tópico Consequências que não vemos.

Etapa 3: Para finalizar

A Etapa 3 é somativa, nela os estudantes desenvolvem o produto final partindo dos conhecimentos adquiridos em todas as etapas anteriores.

Na aula 10, os grupos deverão fazer uma explanação dos procedimentos para a confecção dos materiais e escolha dos locais de coleta. Os estudantes serão convocados para a coleta dos objetos de plásticos, em um período predeterminado. As aulas 11 e 12 são destinadas a contabilizar o material coletado e classificá-lo, utilizando os códigos de identificação do plástico. Essa coleta será feita em diferentes locais (escola, casa, bairro etc.). No terceiro dia de coleta, organize os dados em tabela e extrapole para 30 dias. Reserve as aulas 13 e 14 para a confecção dos cartazes com as questões sugeridas. Nas aulas 15 e 16, será elaborada a proposta para o material substituto do plástico. Na aula 15, cada grupo elegerá um material plástico e fará uma pesquisa do possível substituto. O grupo deverá desenhar um esboço para a confecção do objeto. Na aula 16, os estudantes irão redigir o relatório e apresentar os resultados para a comunidade escolar.

Projeto 2 Alimentação

saudável: qual é a importância?

Síntese do Projeto

Temas Contemporâneos Transversais:

• Saúde, E ducação alimentar e nutricional, Ciência e tecnologia, Trabalho e Educação para valorização do multiculturalismo nas matizes históricas e culturais brasileiras

Componentes curriculares:

Líder: Ciências da Natureza e suas Tecnologias – Química e Biologia

Outros perfis disciplinares : Matemática e suas Tecnologias; Ciências Humanas e Sociais Aplicadas –Geografia, História e Sociologia; Linguagens e suas Tecnologias – Língua Portuguesa e Arte

Objetos do Conhecimento:

Vida e evolução, Matéria e energia, Leitura e interpretação de tabelas e gráficos, Cultura, Planejamento e produção de apresentações orais, Processos de criação

Produto Final:

Elaboração de um fôlder

Introdução

Entender a relação entre a alimentação e a saúde física, emocional e social possibilita ao jovem cuidar de si mesmo e dos outros. Os hábitos de vida no mundo moderno tornam a manutenção de uma alimentação saudável um desafio cotidiano. Por um lado, há um grande apelo da publicidade envolvendo alimentos industrializados, considerados não saudáveis; por outro, há uma grande quantidade de informação, veiculada na internet, nas redes sociais, na TV e em revistas a respeito do que se deve ou não comer e de vários tipos de dieta para emagrecer ou ganhar massa muscular, incluindo dietas restritivas quanto às fontes alimentares. Os jovens, cujos organismos estão em fase de desenvolvimento, são mais vulneráveis e tendem a ceder às pressões mercadológicas em favor de alimentos pouco saudáveis ou às pressões sociais que ditam padrões estéticos ao corpo, os quais podem levar à escolha de dietas inadequadas ou ao uso indiscriminado de suplementos alimentares. Por essa razão, os prejuízos à saúde dos jovens podem ser maiores e mais duradouros.

A educação para a alimentação é um tema que família e escola compartilham durante o crescimento das crianças e adolescentes. É muito importante possibilitar aos estudantes a reflexão sobre o tema à luz do conhecimento científico, sempre incluindo um olhar dos estudantes sobre seus próprios hábitos alimentares.

De forma geral, o projeto possibilita o acesso dos estudantes a importantes conhecimentos sobre a alimentação e propõe três situações de aprendizagem de relevante valor pedagógico, principalmente pelo protagonismo implicado: a elaboração de um diário alimentar, de uma entrevista e de um fôlder, que será apresentado para a comunidade, com informações sobre alimentação saudável e uma proposta de refeição saudável. Em conjunto, tais conhecimentos, reflexões e práticas criam condições para que os estudantes desenvolvam melhor compreensão sobre si mesmos e sobre as suas realidades locais, possibilitando uma atuação transformadora sobre essa realidade que se apresenta em seu contexto real cotidiano e se estende ao mundo do trabalho, onde a saúde e os hábitos alimentares podem influenciar diretamente na qualidade de vida profissional.

A BNCC neste projeto

Este projeto proporciona oportunidades de desenvolver competências gerais da BNCC, bem como competências específicas e habilidades de todas as áreas do conhecimento.

A seguir estão apontados os códigos das habilidades e competências desenvolvidas neste projeto.

Competências gerais da BNCC:

• 3, 6, 7 e 8

Competências específicas e habilidades:

• Área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias:

• competência específica 2: EM13CNT207

• competência específica 3: EM13CNT302

• Área de Linguagens e suas Tecnologias:

• competência específica 1: EM13LGG104

• competência específica 7: EM13LGG704

• Língua Portuguesa por campo de atuação:

• todos os campos de atuação social: EM13LP12 (competências específicas 1 e 7)

• campo das práticas de estudo e pesquisa: EM13LP33 (competência específica 3)

• Área de Matemática e suas Tecnologias:

• competência específica 4: EM13MAT406

• Área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas:

• competência específica 1: EM13CHS106

Como trabalhar a BNCC

O projeto abrange a competência geral 7 e a competência geral 8 ao promover o autoconhecimento e o cuidado com a saúde física, bem como o uso de conhecimentos científicos na defesa de ideias acerca do consumo responsável de alimentos, da consciência socioambiental vinculada à produção e à distribuição de alimentos e dos direitos humanos, que incluem o direito universal a uma alimentação saudável. Essas competências gerais têm lugar privilegiado no diário alimentar elaborado pelos estudantes no início da Etapa 2, à medida que novos conhecimentos são adquiridos quanto aos tipos de nutriente, ao grau de processamento dos alimentos

e aos aspectos nutricionais dos grupos alimentares (cereais, hortaliças, carnes etc.), contribuindo para que os estudantes desenvolvam uma consciência de suas escolhas alimentares e, com isso, possam fazer escolhas mais saudáveis.

Os diferentes momentos deste projeto permitem aos estudantes valorizarem a diversidade de saberes e vivências culturais e fazerem escolhas alinhadas ao exercício da cidadania com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade (competência 6).

A habilidade EM13CNT207 pode ser trabalhada nos momentos em que os estudantes são convidados a identificar e analisar as vulnerabilidades e os desafios relacionados à manutenção de uma alimentação saudável, bem omo nos momentos em que são propostas discussões sobre o risco dos alimentos industrializados, a incidência de obesidade entre jovens, o grau de processamento dos alimentos, as dificuldades para uma alimentação saudável, entre outros aspectos. Ao se propor aos estudantes que discutam e levantem soluções para suas próprias dificuldades (última atividade da Etapa 2), espera-se que os conhecimentos e as reflexões do projeto ajudem-nos a superar alguma eventual condição de vulnerabilidade. Além disso, ao propor a elaboração do fôlder como produto final, o projeto ainda incentiva os estudantes a difundir para a comunidade os conhecimentos elaborados ao longo do trabalho.

O estudo acerca dos preparos culinários das diferentes regiões do país, a análise do diário alimentar e o planejamento de um cardápio para uma refeição que valorize a tradição culinária e os alimentos típicos da região em que os estudantes vivem são atividades que valorizam a diversidade cultural e requerem a aplicação do conhecimento científico-tecnológico na tomada de decisões e a argumentação quanto à qualidade nutricional de diferentes formas de se alimentar (competência geral 3).

A elaboração, aplicação e análise das entrevistas com pessoas da comunidade escolar, acerca de seus hábitos alimentares, bem como a elaboração do diário alimentar e do fôlder exigem alto grau de protagonismo dos estudantes. A entrevista, além de mobilizar conceitos, fatos e classificações dos alimentos, possibilita o desenvolvimento de competências e habilidades ligadas às áreas de Linguagens e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias, omo o uso de “diferentes linguagens, levando em conta seus funcionamentos, para a compreensão e produção de textos e discursos em diversos campos de atuação social” (EM13LGG104), a elaboração e a aplicação de instrumento de coleta de dados e informações (EM13LP33), a construção e a interpretação de tabelas obtidas em pesquisas por amostras estatísticas (EM13MAT406) e, de forma mais ampla, a apropriação crítica e contextualizada de um processo de pesquisa e busca de informação (EM13LGG704).

A produção do fôlder solicita aos estudantes uma retomada geral dos diferentes momentos do projeto, conjugando a necessidade de uma conexão com os conhecimentos científicos aprendidos e com os dados levantados e a possibilidade de criação de um texto comunicativo original. Nesse

sentido, são desenvolvidas: (a) a habilidade EM13CHS106, pois o fôlder requer o uso de linguagem gráfica e gênero textual que difunda de forma crítica, significativa, reflexiva e ética os conhecimentos desenvolvidos no projeto, contribuindo para a vida coletiva; (b) a habilidade EM13CNT302, pois se realizam a avaliação de aplicações do conhecimento científico e tecnológico no mundo para soluções de demandas locais e a comunicação a públicos variados de resultados de pesquisas e análises via textos, gráficos e tabelas, visando à promoção de debates em torno de um tema de relevância sociocultural; (c) duas habilidades ligadas à área de Linguagens e suas Tecnologias, pois o material ”usa diferentes linguagens, levando em conta seus funcionamentos, para a compreensão e produção de textos e discursos em diversos campos de atuação social” (EM13LGG104) e possibilita a seleção de informações, dados e argumentos em fontes confiáveis para um texto com um nível de aprofundamento adequado, para além do senso comum (EM13LP12).

Este projeto se vincula aos temas contemporâneos transversais saúde, educação alimentar e nutricional, educação para valorização do multiculturalismo nas matizes históricas e culturais brasileiras, ao valorizar a diversidade cultural representada pela culinária das diferentes regiões do país; trabalho, quando aponta os conhecimentos científicos relacionados ao mundo do trabalho industrial, como base fundamental para a escolha de alimentos saudáveis; e ciência e tecnologia, quando aponta o conhecimento científico como base fundamental para a escolha de alimentos saudáveis.

Professores envolvidos

Para a condução deste projeto, sugerimos o professor de Biologia. Há diversas ocasiões, entretanto, em que será necessário recorrer a professores da mesma e de outras áreas do conhecimento.

O professor de Matemática, por exemplo, pode auxiliar os estudantes na análise e na interpretação de gráficos e tabelas, bem como na elaboração desses elementos para análise dos dados obtidos pelos estudantes por meio das entrevistas. O professor de Geografia pode conduzir uma discussão sobre os aspectos sociais, políticos e econômicos das regiões às quais se referem os pratos da culinária brasileira citados no projeto e o professor de História ou Sociologia, uma discussão sobre como esses pratos se constituíram como característicos dessas regiões. Na apresentação dos nutrientes dos alimentos e do grau de processamento dos alimentos, é fundamental o auxílio do professor de Química, que pode trazer conceitos como funções orgânicas, reações de esterificação, sais, ácidos, dispersões coloidais e valor energético dos alimentos. Já o professor de Língua Portuguesa poderá auxiliar na abordagem das principais características de um diário, com indicações das informações que esse gênero literário deve conter e das maneiras de organizá-lo. O professor de Língua Portuguesa também pode auxiliar os estudantes na realização das entrevistas, orientando-os na elaboração das questões e

sobre a melhor forma de coletar e processar os dados. Já oprofessor de Arte pode auxiliar na elaboração do fôlder, discutindo aspectos de design, abordando a importância da escolha das cores, a inserção de elementos gráficos, entre outras características formais.

Materiais necessários

• Dispositivos eletrônicos com acesso à internet.

• Impressora colorida.

• Gravador de áudio e/ou vídeo.

Folhas de papel A4.

Lápis de cor, canetas coloridas, tesoura, fita adesiva, entre outros.

Os materiais sugeridos podem ser substituídos por outros que estejam disponíveis ou correspondam a alternativas mais adequadas à realidade da escola. Sempre que possível, estimule os estudantes a utilizarem recursos digitais e a solicitarem a participação e a colaboração da comunidade, caso necessitem de apoio para a realização de alguma proposta específica do projeto.

Orientações didáticas

Etapa 1: Vamos começar

Nossas escolhas alimentares

Este momento tem o objetivo de sensibilizar os estudantes e aproximá-los do tema. Aproveite esse momento para estimulá-los a refletir sobre os principais aspectos de uma alimentação saudável e a levantar conhecimentos prévios. As questões propostas auxiliam nessa tarefa. Algumas das respostas podem ser retomadas ao longo do desenvolvimento do projeto.

Se considerar adequado, para exemplificar a tendência do aumento do consumo de alimentos industrializados apresente para os estudantes o artigo: ESTANISLAU, J. Consumo de alimentos ultraprocessados aumenta 5,5% em dez anos. Jornal da USP, 26 jun. 2023.

Disponível em: https://jornal.usp.br/radio-usp/consumo-dealimentos-ultraprocessados-aumenta-55-em-dez-anos/. Acesso em: 21 out. 2024.

Auxilie-os na interpretação do gráfico, chamando atenção para as grandezas presentes nos dois eixos. Debata com os estudantes sobre sua própria dieta e aponte os alimen tos industrializados. Na E tapa 2 conceituaremos os alimentos industrializados em processados e ultraprocessados. O professor de Matemática pode contribuir nesse processo de análise dos dados apresentados no gráfic o. P ara obter mais dados e informações sobre o aumento do consumo de ultraprocessados e seu impacto na saúde na América Latina, sugerimos o material a seguir.

• ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE. Alimentos e bebidas ultraprocessados na América Latina :

tendências, efeito na obesidade e implicações para políticas públicas. Organização Pan-americana de saúde. Brasília, DF, 2018. Disponível em: http://iris.paho.org/xmlui/bitstream/ handle/123456789/34918/9789275718643-por.

pdf?sequence=5&isAllowed=y. Acesso em: 21 out. 2024. Se necessário, explique aos estudantes que a obesidade é uma condição em que o excesso de massa corporal afeta negativamente a saúde e o bem-estar do indivíduo. Outros fatores, associados aos hábitos de vida contemporâneos, como o sedentarismo, contribuem para o aumento da quantidade de indivíduos obesos. Atualmente, a obesidade já vem sendo tratada como uma epidemia. Para obter mais informações sobre o tema, acesse o material indicado a seguir.

• MARACCINI, G. Quase metade dos brasileiros terão obesidade até 2044, diz estudo. CNN Brasil, 26 jun. 2024. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/quasemetade-dos-brasileiros-terao-obesidade-ate-2044-diz-estudo/. Acesso em: 21 out. 2024

Atividades Página 47

1. Resposta pessoal. É importante considerar as definições de alimentação saudável dos estudantes e promover a retomada dessa resposta ao longo do desenvolvimento do projeto, para que, com base nas informações que forem sendo adquiridas, a definição seja ampliada e, caso necessário, readequada.

2. Resposta pessoal. É importante que os estudantes elaborem argumentos que justifiquem a indicação do alimento que consideram saudável. Essa discussão também deve ser ampliada ao longo do desenvolvimento do projeto, e os exemplos podem ser revistos em momentos oportunos. Esta atividade tem relação com o produto final, que envolve o planejamento de uma refeição saudável.

Atividade de ampliação

a) Resposta pessoal. Este é um bom momento para estimular os estudantes a pensar não só sobre os tipos de nutriente e a quantidade de calorias dos alimentos que ingerem, mas também sobre o local e a forma de produção, o grau de processamento, a estação do ano em que determinada leguminosa ou fruta foi colhida, entre outros aspectos.

b) Resposta pessoal. Novamente os estudantes podem ser estimulados a pensar sobre o que significa uma alimentação saudável e a refletir sobre os próprios hábitos. As respostas podem ser revistas ao longo do desenvolvimento do projeto. Na Etapa 2 deste projeto, será proposta a elaboração de um diário alimentar, ação que poderá tornar os estudantes mais conscientes dos alimentos que consomem.

Este é um bom momento para questionar os estudantes sobre o que puderam aprender até aqui, verificando se conseguiram atingir os objetivos propostos. Organize uma roda de conversa e solicite que compartilhem suas ideias sobre escolhas e hábitos alimentares, sanando eventuais dúvidas.

Culinária: cultura, tradições e qualidade alimentar

Este é um momento bastante oportuno para envolver os professores de História, Sociologia e Geografia. É importan te que os estudantes conheçam a importância da alimentação para a perpetuação da cultura de determinados povos e grupos sociais. No caso do Brasil, a alimentação registra aspectos importantes da formação étnico-racial do país. Dessa maneira, valorizar as tradições culinárias é defender o patrimônio cultural, sua história e sua diversidade e, em alguns casos, até mesmo colaborar com a conservação ambiental.

Para ampliar essa discussão, sugerimos as seguintes obras:

DÓRIA, C. A. Formação da culinária brasileira . São

Paulo: Três Estrelas, 2014.

CASCUDO, L. da C. História da alimentação no Brasil. São Paulo: Global, 2011.

Debata com os estudantes como a culinária local, além de representar a cultura e as tradições de uma região, também é uma importante fonte de geração de empregos. Valorizando as tradições culinárias, preservamos o patrimônio cultural e impulsionamos a economia local, criando oportunidades de trabalho em restaurantes, mercados, feiras e festivais gastronômicos. Essa valorização também envolve diversos profissionais, desde agricultores e pescadores que fornecem ingredientes frescos, até chefs e cozinheiros que transformam esses insumos em pratos típicos. Além disso, o turismo gastronômico cresce em regiões que promovem suas tradições culinárias, atraindo visitantes e fomentando ainda mais empregos no setor de serviços. Antes que sejam apresentados exemplos de pratos da culinária brasileira, você pode pedir aos estudantes que apontem pratos típicos que conheçam, indicando, se possível, a região do país e os ingredientes principais. Uma possibilidade de atividade extra seria solicitar aos estudantes que pesquisem quais são os principais nutrientes presentes nos pratos típicos estudados.

Atividades Página 49

1. Resposta pessoal. Oriente os estudantes a pensar em um prato típico, da cidade ou do estado em que vivem, que já experimentaram, prepararam ou viram alguém preparar. Caso não conheçam os ingredientes e a forma de preparo, essas informações podem ser pesquisadas na internet, em livros de receita ou mediante consulta a familiares e amigos.

2. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes identifiquem uma tradição culinária da família e se familiarizem com outros aspectos da alimentação, associando o ato de cozinhar a uma prática cultural e social.

3. Resposta pessoal. Este é um bom momento para estimular os estudantes a trocar vivências e a conhecer dados sobre hábitos e costumes alimentares presentes no grupo. É importante estabelecer um ambiente acolhedor e respeitoso, de forma que se promova um diálogo em que todos se sintam à vontade para falar e expor

suas ideias. Caso os estudantes tenham fotografias dos momentos familiares nos quais essas receitas foram compartilhadas, podem ser convidados a trazê-las e mostrá-las aos colegas.

Organizando os trabalhos

Projeto – Alimentação saudável

Neste momento, é importante que os estudantes tenham uma clara visão do que será desenvolvido por eles no projeto. Devem saber que serão produzidos um diário alimentar, uma entrevista e um fôlder e como essas produções se articularão entre si e com os conceitos e informações estudados. Sugere-se que haja um tempo para que os estudantes apresentem suas dúvidas e sugestões e para que se organizem nos grupos que realizarão os trabalhos ao longo do projeto.

Oriente os estudantes para que façam uma organização heterogênea de pessoas, pois diferentes habilidades serão requeridas nos grupos de trabalho. Além disso, reforce a importância de se aprender a trabalhar em grupo. Ao longo deste projeto, serão realizadas atividades em duplas e em grupo, mas é importante que os estudantes se organizem dentro do próprio grupo para compor as duplas.

Etapa 2: Saber e fazer

Os momentos desta etapa podem ser realizados na ordem que mais se adapte à realidade da turma; podem, inclusive, ser ampliados conforme a demanda dos estudantes.

Aspectos gerais da alimentação saudável

A alimentação adequada e saudável é um direito humano básico. Portanto, os governos não devem se preocupar apenas em solucionar o problema da fome, mas também em garantir o acesso a uma alimentação saudável e adequada, considerando seus diversos aspectos (nutricional, social, cultural, entre outros). Evidencie, para os estudantes, que a elaboração de alimentos industrializados envolve diferentes etapas de produção e comercialização, em que profissionais como nutricionistas, engenheiros de alimentos e químicos atuam, e que também ocorrem grandes investimentos em marketing que estimulam o consumo destes alimentos. Se houver interesse, como atividade de ampliação, sugira para os estudantes uma investigação sobre o mercado profissional e as carreiras nesta área. O consumo de alimentos que não contenham os nutrientes necessários para o organismo – ou que contenham um nutriente em excesso e outro em falta – resulta em subnutrição. Da mesma forma, o abandono das tradições culinárias das populações, a maioria das quais saudáveis e equilibradas, em proveito de alimentos sem riqueza nutricional causa danos à saúde. Tornou-se muito comum também influenciadores de dietas, muitas vezes sem formação necessária. Reforce a importância dos profissionais da área, enfatizando com os estudantes sobre os perigos de buscar por pessoas não formadas que ganham fama com dietas na internet.

Assim, é importante que os estudantes compreendam que todos os aspectos apresentados neste tópico se relacionam à saúde, em seu sentido mais amplo, como o definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS): a saúde é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente a ausência de afecções e enfermidades”. Para ampliar essa discussão, sugerimos a leitura do artigo:

• LESLIE, I. Conspiração amarga. Revista Piauí, São Paulo, edição 117, jun. 2016.

Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/materia/ conspiracao-amarga/. Acesso em: 21 out. 2024.

• Redação Homework. 7 mitos e verdades constantes que falam sobre o veganismo. Terra, 23 jan. 2024.

Disponível em: https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/7-mitos-everdades-constantes-que-falam-sobre-o-veganismo,6a8d664c75 af14b6a27d3494813bf6fdkz8b033s.html. Acesso em: 21 out. 2024. Se achar oportuno, explique que a mistura arroz com feijão fornece grande parte dos nutrientes necessários para o organismo porque o arroz é uma fonte de carboidratos e o feijão é uma leguminosa, fonte de proteínas.

Atividade Página 53

1. Oriente os estudantes a fazerem registros precisos, pois este diário alimentar será retomado ao longo do desenvolvimento deste projeto e as informações obtidas serão necessárias para as atividades propostas nas próximas etapas de trabalho. Neste momento, enfatize a quantidade de produtos industrializados consumidos pelos estudantes. Peça-lhes que analisem o modo de produção destes alimentos, analisando sua composição, cadeia produtiva e profissionais envolvidos. Inicie também um debate sobre o apelo e acesso a estes produtos, debatendo o marketing envolvido que gera demandas de consumo e a facilidade de encontrar pontos de venda.

Os nutrientes dos alimentos

Esse tópico possibilita um diálogo rico entre as disciplinas de Biologia e Química. O objetivo aqui não é focar o onteúdo, mas fazer os estudantes terem uma melhor noção sobre os vários tipos de nutriente que compõem a alimentação. Enfatize a importância da ingestão de nutrientes diversos nas refeições e discuta sobre os cuidados com o consumo excessivo de um único tipo de alimento. É comum a mídia divulgar dicas para uma alimentação saudável, que costumam envolver dietas restritivas ou consumo de superalimentos. É importante que os estudantes possam analisar essas propostas de forma crítica, argumentando com base nas informações que obtiveram nesta parte do projeto. Sempre buscando informações em fontes confiáveis e de profissionais da área.

Esse tópico pode ser ampliado, a depender do tempo disponível e do interesse dos estudantes, com um aprofundamento sobre o processo de digestão. Para essa abordagem, pode-se apresentar a animação sugerida a seguir, que demonstra o percurso realizado pelos alimentos ao longo do trato digestório e traz informações que relacionam alimentação e saúde.

• O CAMINHO do alimento. 2015. Vídeo (3min6s). Publicado pelo canal A.C.Camargo Cancer Center.

Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=uRwwKYDnKp8. Acesso em: 21 out. 2024.

Seria interessante também, no final da abordagem deste tópico, estimular uma discussão sobre vegetarianismo e veganismo. Questione-os se eles sabem a diferença entre os dois e se é possível obter os nutrientes necessários para o organismo quando se adota uma dessas duas dietas.

Uma forma de engajar os estudantes, por exemplo, é pedir que pesquisem por atletas que adotam uma dieta baseada em vegetais, pois é provável que eles se deparem com muitos nomes famosos.

Uma outra forma de engajamento, desta vez voltada à produção do diário alimentar, é propor a eles que divulguem as refeições em suas redes sociais utilizando uma hashtag escolhida pela turma, como #diárioda(nome da escola).

Vincular o projeto aos hábitos cotidianos dos estudantes é benéfico, especialmente quando se trata das redes sociais, pois aumenta a interação entre eles e o projeto, além de configurar um estímulo extra para a integração social entre os estudantes. O professor de Língua Portuguesa pode auxiliar os estudantes nessa abordagem.

Atividades Página 57

1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes retomem a definição que apresentaram anteriormente, na Etapa 1, para alimentação saudável e verifiquem se ela envolvia o aspecto nutricional do alimento.

2. Espera-se que os estudantes reconheçam que alimentos diversos significam variedade de nutrientes, o que contribui para o bom funcionamento do organismo.

3. a) Resposta pessoal. Neste momento, os estudantes devem fazer uma avaliação nutricional da alimentação deles ao longo de uma semana. Na tabela sugerida no boxe Para ler há informações sobre uma grande variedade de alimentos, mas, caso os estudantes não consigam encontrar algum item, auxilie-os a utilizar outras fontes para consulta ou a considerar alimentos semelhantes. b) Resposta pessoal. Os estudantes devem refletir sobre a própria alimentação considerando os tipos de nutriente predominantes nos alimentos que consomem. Não há indicações oficiais da quantidade de cada nutriente que deve compor uma dieta balanceada e saudável, até porque isso varia de acordo com uma série de critérios. O importante é verificar se há variedade de nutrientes na alimentação e, em casos particulares, como no consumo de gorduras, se há ingestão de itens não recomendados, como gorduras trans e saturadas.

O grau de processamento dos alimentos

Nesse tópico, apresentamos a classificação dos alimentos de acordo com o Guia alimentar para a população brasileira , do Ministério da Saúde. Guias alimentares constituem importantes ferramentas para melhorar os padrões de alimentação e nutrição das populações,

contribuindo para a saúde coletiva. Além disso, os guias consideram os aspectos mais amplos da alimentação, de acordo com as características típicas da população a que se destina. Estimule os estudantes a tornarem a consulta a esse guia uma prática cotidiana, visando ao cuidado com a própria saúde.

Compreender as informações que constam nos rótulos dos alimentos também é uma habilidade essencial para que os estudantes desenvolvam autonomia nas escolhas alimentares. Estimule-os a ler a lista de ingredientes dos alimentos para se informar sobre o que estão consumindo. É importante também saber onde buscar informações sobre os aditivos industriais e seus efeitos na saúde. A seguir, uma sugestão de fonte de consulta sobre o assunto.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologias . Brasília, DF, 2020.

Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/setorregulado/ regularizacao/alimentos/aditivos-alimentares. Acesso em: 21 out. 2024.

SÃO PAULO (Estado). Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. PL proíbe alimentos ultraprocessados em unidades de ensino do Estado de São Paulo . São Paulo, 18 set. 2023.

Disponível em: https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=459783. Acesso em: 21 out. 2024.

Pode-se ampliar essa discussão propondo que cada grupo defina um alimento processado ou ultraprocessado que costuma ser consumido com frequência pelos estudan tes e analise o rótulo desse alimento, listando os ingredientes que não são conhecidos por eles. Os grupos deverão, então, realizar uma pesquisa sobre esses ingredientes, buscando informações sobre eles. Com as informações em mãos, cada grupo poderá apresentar para a turma uma breve explicação sobre o alimento escolhido, nomeando os ingredientes desconhecidos e explicando sua função. Se julgar pertinente, sistematize no quadro as informações apresentadas, organizando em uma tabela cada ingrediente com sua respectiva função (conservantes, estabilizantes, espessantes etc.). Pode-se também buscar se há em seu estado proje tos de lei que visam tornar a merenda mais saudável e realizar um debate com os estudan tes, analisando também suas motivações e a tramitação do projeto.

Atividades Página 61

1. Espera-se que os estudantes indiquem que os alimentos ultraprocessados, em geral, têm grande quantidade de sal, açúcar e gordura e que esses ingredientes aumentam o risco de desenvolver obesidade e uma série de doenças, entre elas as cardiovasculares.

2. Espera-se que os estudantes indiquem que a frase citada recomenda dar preferência a alimentos in natura, que precisam ser descascados e são mais saudáveis, em detrimento dos industrializados, geralmente ultraprocessados, que precisam ser desembalados e cujo consumo pode causar prejuízos à saúde.

3. Espera-se que os estudantes mencionem que as regras garantem a transmissão de informações importantes sobre o alimento para os consumidores, possibilitando que escolham alimentos mais adequados para o consumo. É possível que diversas informações complementares sejam propostas; verifique se elas contribuem para a autonomia do indivíduo na escolha do alimento. Alguns exemplos de informação complementar que os estudantes podem sugerir são a indicação do uso de defensivos ag rícolas e alertas sobre a quantidade excessiva de ingredientes prejudiciais, como alto teor de sal ou açúcar Para ampliar a discussão, sugerimos a leitura dos seguintes artigos:

• BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Rotulagem nutricional : definido prazo para uso de embalagens antigas.

Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/ noticias-anvisa/2023/rotulagem-nutricional-definido-prazopara-uso-de-embalagens-antigas. Acesso em: 21 out. 2024.

• A PEDIDO do Idec, Justiça determina que indústria se adeque ao selo da lupa. Instituto de defesa do consumidor (IDEC), 15 fev. 2024.

Disponível em: https://idec.org.br/noticia/pedido-do-idecjustica-determina-que-industria-se-adeque-ao-selo-da-lupa. Acesso em: 21 out. 2024.

Atividade de ampliação

a) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes usem o Guia alimentar para a população brasileira e outras fontes disponíveis em livros ou na internet para caracterizar os alimentos listados no diário alimentar quanto ao grau de processamento. Outro material que pode ser utilizado neste momento é indicado a seguir.

• BR ASIL. Ministério da Saúde. Processamento dos Alimentos. 14 jun. 2022.

Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/ saude-brasil/glossario/processamento-dos-alimentos. Acesso em: 21 out. 2024.

Este é um bom momento para questionar os estudantes sobre o que puderam aprender até aqui, verificando se conseguiram atingir os objetivos propostos. Organize uma roda de conversa e solicite que compartilhem suas ideias sobre os nutrientes dos alimentos, o grau de processamento e rotulagem, sanando eventuais dúvidas.

b) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes associem refeições baseadas em alimentos in natura ou minimamente processados como mais saudáveis que as baseadas em produtos processados ou ultraprocessados.

A escolha dos alimentos para uma refeição

O que é apresentado nesse tópico é apenas uma recomendação para refeições saudáveis, que podem variar de acordo com preferências pessoais e regionais. Oriente os estudantes de forma que compreendam que a principal recomendação é basear as refeições em alimentos in natura ou minimamente processados, diversificando-os. Dessa

forma, eles irão obter os nutrientes necessários e consumir alimentos saudáveis.

Também é importante destacar o consumo de alimentos próprios da região. Você pode convidar o professor de Geografia para contribuir com uma discussão que relacione alimentação a impactos ambientais. Nessa conversa, aborde a importância de práticas sustentáveis na produção e no consumo de alimentos. Discuta como dar preferência para alimentos típicos da região, cultivados por pequenos produtores locais, contribui para a conservação do ambiente. Para obter informações que subsidiem essa discussão, sugerimos acesso ao site a seguir.

SLOW FOOD BRASIL.

Disponível em: https://slowfoodbrasil.org.br/. Acesso em: 29 out. 2024.

Se julgar pertinente, é possível contar com o auxílio do professor de História e propor também uma discussão sobre a importância da mandioca entre os indígenas sul-americanos.

Outra possibilidade de ampliação neste momento do projeto é explorar o significado do termo “dieta”, que não deve ser associado apenas a estratégias para perder de peso. A origem grega da palavra dieta, díaita, significa modo de vida. Portanto, pode-se dizer que a dieta de uma pessoa é um hábito, uma orma de viver, algo mais amplo e que não se limita somente ao que é ingerido, mas também ao quanto, como e quando a ingestão ocorre. O que é ingerido está relacionado com a qualidade nutricional dos alimentos, ou seja, se o conjunto do que foi ingerido contém os nutrientes necessários para suprir a estrutura e o funcionamento do organismo. O quanto é ingerido está relacionado com a quantidade que é ingerida, uma vez que, além de qualidade, deve-se ter equilíbrio também na quantidade. Como ingerir está relacionado com a forma em que a alimentação ocorre, que, apesar de subestimada, tem papel importante na digestão (e consequentemente na absorção dos nutrientes). Uma refeição habitual, quando realizada de forma rápida, resulta em menor absorção de nutrientes do que se fosse realizada de maneira tranquila, sem pressa. Um exemplo está na mastigação, que desempenha papel fundamental no processo digestivo e é frequentemente negligenciada em rotinas mais “apressadas”. Por fim, o quando é ingerido está relacionado com o momento em que a alimentação ocorre. É recomendado realizar as refeições sempre no mesmo horário, para que o organismo regule seu relógio biológico e esteja pronto para receber os alimentos. Para mais informações sobre o assunto, recomendamos o artigo a seguir.

• COMO os horários de refeição influenciam sua qualidade de vida. BBC Brasil, 29 ago. 2018. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/ geral-45340942. Acesso em: 21 out. 2024. Se achar oportuno, comente com os estudantes que é preciso considerar que a escolha dos alimentos depende em grande medida dos hábitos de vida. Um maratonista, por exemplo, tem uma demanda energética muito diferente de um fisiculturista e, consequentemente, a dieta e a escolha dos alimentos serão diferentes.

Atividades Página 65

1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes verifiquem se compõem refeições com alimentos diversos, de todos os grupos, refletindo sobre suas escolhas. O objetivo é analisar o diário alimentar com base nas informações trabalhadas até aqui para que os estudantes adquiram mais conhecimento sobre a qualidade de sua alimentação e elaborem conclusões a respeito do que constitui uma alimentação saudável.

2. Solicite aos estudantes que leiam com atenção os cinco passos da sugestão de como proceder para a realização de entrevistas e a coleta de dados consistentes. Auxilie-os na leitura dos dados e na identificação das tendências. O professor de Matemática pode contribuir neste momento, explorando conceitos de Estatística.

Se a escola tiver merenda, converse com os profissionais da área sobre como os cardápios são montados. Analise o cardápio semanal e as quantidades de nutrientes em cada refeição. Algumas tendências que podem resultar da análise dos dados: muitos fazem as principais refeições fora de casa, muitos se alimentam principalmente de ultraprocessados etc.

Com relação às recomendações, esse é um bom momento para explicar como e por que ter uma alimentação mais saudável, argumentando com base no que aprenderam sobre o assunto neste momento do projeto. Se possível, proponha aos estudantes que enviem essas recomendações por e-mail ou por carta para os entrevistados, sem esquecer que o texto deve ser respeitoso e embasado nos conhecimentos adquiridos.

O professor de Língua Portuguesa poderá auxiliar no planejamento da entrevista e na análise dos dados obtidos. Para isso, oriente os estudantes para que as decisões sejam tomadas considerando a opinião de todos. É importante ajudá-los a interagir de forma positiva, respeitando as opiniões divergentes. Este é um bom momento para que eles desenvolvam a capacidade de argumentar com base em fatos e dados.

A análise dos dados em conjunto será uma tarefa trabalhosa que exigirá a sua participação ativa para organizar a turma. Faça questionamentos para que os estudantes proponham hipóteses sobre as condições dos hábitos alimentares da comunidade escolar. Eles também podem se basear nos principais problemas alimentares identificados na análise dos diários alimentares para formular hipóteses. Em seguida, podem partir para a análise dos dados coletados nas entrevistas para verificar essas hipóteses.

Dificuldades para uma alimentação saudável

A escolha dos alimentos para compor uma refeição não é apenas individual, mas passa também por questões econômicas e sociais. Com a participação do professor de Sociologia, Geografia ou História, converse com os estudantes sobre como políticas públicas e algumas atitudes individuais podem ajudar a contornar as limitações para uma alimenta-

ção saudável. Além das alternativas citadas no texto, peça que eles proponham outras. Estimule-os também a sempre pensar na própria realidade. Quais são as principais dificuldades deles para manter um hábito alimentar saudável e o que eles fazem ou podem fazer para resolvê-las. Para ampliar as informações sobre o a produção de alimentos no Brasil, informe os estudantes que a agricultura familiar é a base da economia de 90% dos municípios brasileiros com até 20 mil habitantes, segundo o IBGE. Tal forma de agricultura é responsável por diferentes grãos, hortaliças, proteína animal vegetal, frutas e legumes a colocando como a 8ª maior produtora de alimentos do mundo. A Lei 11326/2006 regulamenta a profissão de agricultor familiar.

Se possível, peça que os estudantes pesquisem se há na região algum local que venda de produtores locais e pensem em formas de aumentar o acesso a esse tipo de produto.

Considerando as diversas limitações, que podem variar de indivíduo para indivíduo, é importante, ao abordar os pressupostos para uma alimentação saudável, que se evite usar o imperativo. Deixe sempre claro que são recomendações e que cada indivíduo pode adaptá-las de acordo com a situação e as possibilidades.

Se achar que convém, convide o professor de Filosofia para ampliar a discussão, trazendo textos filosóficos que abordem a questão da alimentação. O artigo indicado a seguir pode ser usado como uma introdução para essa ampliação.

DRUCKER, C. Apontamentos preliminares para uma história da filosofia da comida. In: MENDES, R. T.; VILARTA, R.; GUTIERREZ, G. L. (org.). Qualidade de vida e cultura alimentar. Campinas: Ipês Editorial, 2009. p. 157-165. Disponível em: https://www.fef.unicamp.br/fef/sites/uploads/ deafa/qvaf/cultura_alimentarcap16.pdf. Acesso em: 21 out. 2024. Outra possibilidade de ampliação neste momento do projeto é avaliar a viabilidade de propor aos estudantes que cultivem uma horta para a escola. O material a seguir traz informações úteis sobre essa prática.

IRALA, C. H.; FERNANDEZ, P. M. Manual para escolas: a escola promovendo hábitos alimentares saudáveis. Brasília, DF: Departamento de Nutrição/Faculdade de Ciências da Saúde/Universidade de Brasília, 2001. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ horta.pdf. Acesso em: 21 out. 2024.

Atividades Página 68

1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reflitam sobre os pontos levantados (falta de informação, dificuldades no acesso e pelo alto custo, inabilidade culinária e hábitos de vida) e citem outros.

2. Espera-se que os estudantes compartilhem uns com os outros as medidas que tomam ou pensaram em tomar para contornar as dificuldades citadas na questão anterior. Aproveite para debater a dificuldade que trabalhadores encontram em ter uma alimentação saudável quando se alimentam fora de casa e debata com os estudantes formas que empresas podem adotar para auxiliar que os trabalhadores tenham refeições saudáveis como refeitório

no local de trabalho. Reserve um tempo para a troca e discussão de ideias e estimule os estudantes a pensar tanto em medidas individuais quanto coletivas.

Produto Final

Etapa 3: Para finalizar

Fôlder com sugestão de cardápio

Nesta etapa final do projeto, os estudantes terão que planejar um cardápio de uma refeição saudável para a comunidade, considerando informações e dados obtidos na Etapa 2.

Planejamento do cardápio

Questione os estudantes sobre o que eles acham importante pensar para planejar a refeição a ser proposta para a comunidade. Solicite que considerem os aspectos diversos que influenciam a alimentação abordados ao longo deste projeto.

Oriente-os a dar preferência para alimentos regionais. O material indicado na Etapa 2, Alimentos regionais brasileiros, do Ministério da Saúde, é uma boa fonte para a consulta antes de iniciar a montagem do cardápio. Os estudantes devem também considerar o custo dos ingredientes para que seja proposto algo de acordo com a realidade local.

Produção do fôlder

Em seguida, os estudantes terão de produzir um fôlder a ser entregue para a comunidade, contendo, além da descrição do cardápio, os principais dados e conclusões das entrevistas, informações sobre alimentação saudável e a justificativa da escolha dos alimentos. Caso não seja possível fazê-lo de forma digital e imprimi-lo, proponha aos estudantes que produzam cartazes com as mesmas informações organizadas para o fôlder e os exponham na escola para que a comunidade possa ler. Os professores de Língua Portuguesa e Arte podem auxiliar em vários momentos que envolvem a produção do fôlder.

É importante conversar com os estudantes sobre a produção do fôlder corresponder a uma sistematização global do projeto. A Etapa 3 do projeto traz uma descrição detalhada das seis partes que devem compor o fôlder (capa, contracapa, partes A, B, C e D). Sugerimos que haja uma leitura coletiva dessa descrição e o levantamento de dúvidas quando forem feitas a composição dos grupos de trabalho e a distribuição de tarefas.

Uma alternativa à divisão da turma em seis grupos para a produção de um fôlder e à produção de um fôlder por grupo seria a divisão da turma em dois ou três grandes grupos (com seis subgrupos cada), em que cada grupo produziria um fôlder com cardápios que descrevessem refeições diversas: almoço e jantar (no caso de dois fôlderes) ou café da manhã, almoço e jantar (no caso de três fôlderes). Uma sugestão, que difere um pouco da indicada na Etapa 3, é apresentada seguir. (Ver próxima página)

Capa e contracapa teriam as mesmas orientações para todos os fôlderes, conforme indicado no projeto. Considerando a produção de dois fôlderes:

Distribuição do fôlder

Os estudantes poderão organizar um evento para a distribuição do fôlder. Para isso, é importante combinar com a direção da escola as datas possíveis, o que poderá ser utilizado, a infraestrutura que a escola poderá oferecer, entre muitos outros aspectos.

Verifique a possibilidade de servir para a comunidade a refeição proposta no fôlder. Nesse caso, seria necessário um planejamento mais cuidadoso, o que envolveria a solicitação de ajuda de pessoas da comunidade para a obtenção e o preparo dos alimentos e para a limpeza no final do evento.

Grupo

1 Capa e contracapa.

2

Fôlder I

Parte A: dados sobre os hábitos alimentares da comunidade escolar de acordo com o levantamento.

3 Parte B: principais pressupostos para uma alimentação saudável.

4 Parte B: importância de uma alimentação saudável.

5 Parte C: cardápio de almoço.

Fôlder II

Capa e contracapa.

Parte A: breve apresentação sobre a importância das proteínas, carboidratos e lipídios para o bom funcionamento do organismo.

Parte B: breve apresentação sobre a importância das vitaminas e sais minerais para o bom funcionamento do organismo.

Parte B: indicação de alimentos que são boas fontes de proteínas, carboidratos, lipídios, vitaminas e sais minerais.

Parte C: cardápio de jantar.

6 Parte D: justificativa da escolha dos alimentos.Parte D: justificativa da escolha dos alimentos.

Considerando a produção de três fôlderes:

1 Capa e contracapa.

2

Parte A: dados sobre os hábitos alimentares da comunidade escolar de acordo com o levantamento.

3 Parte B: principais pressupostos para uma alimentação saudável.

4 Parte B: importância de uma alimentação saudável.

e contracapa.

Parte A: breve apresentação sobre a importância das proteínas, carboidratos e lipídios para o bom funcionamento do organismo.

Parte B: breve apresentação sobre a importância das vitaminas e sais minerais para o bom funcionamento do organismo.

Parte B: indicação de alimentos que são boas fontes de proteínas, carboidratos, lipídios, vitaminas e sais minerais.

5 Parte C: cardápio de almoço.Parte C: cardápio de jantar.

6 Parte D: justificativa da escolha dos alimentos.

Parte D: justificativa da escolha dos alimentos.

e contracapa.

Parte A: diferenças nutricionais entre alimentos in natura, processados e ultraprocessados.

Parte B: texto sobre aditivos alimentares, incluindo os tipos e alguns exemplos.

Parte B: textos sobre os riscos que alguns aditivos alimentares trazem à saúde.

Parte C: cardápio de café da manhã.

Parte D: justificativa da escolha dos alimentos.

Grupo
Fôlder I
Fôlder II
Fôlder III
Capa
Capa

Avaliação

Com relação às avaliações, realize-as de acordo com o que julgar pertinente, levando em conta o comportamento e a participação dos estudantes durante o desenvolvimento do projeto. As questões sugeridas podem ser ampliadas ou outras podem ser incluídas para que o quadro avaliativo se adeque a sua realidade escolar.

Os quadros, localizados ao final do projeto, podem ser utilizados para a autoavaliação e para a avaliação do estudante pelo professor. Você pode marcar uma conversa com cada estudante para discutir os itens desses quadros. A atividade sobre as feiras livres e o cotidiano dos feirantes aproxima os estudantes a refletirem sobre a organização da cidade e do como ela influencia o modo de trabalho desses profissionais. A depender da localização, os feirantes podem ser os próprios produtores ou ainda o alimento passar por entrepostos comerciais. Busque sempre o consenso. O preenchimento dos quadros pode ser feito gradualmente, à medida que o projeto for desenvolvido ou ao final, após a realização do produto final, a elaboração do fôlder.

O último quadro pode ser usado, também, para que os grupos avaliem seus integrantes, permitindo que os pares se avaliem, o que possibilita momentos de conversas produtivas que podem colaborar para o desenvolvimento de cada um dos estudantes. Durante todo o processo avaliativo, é fundamental que as colocações sejam respeitosas e sinceras sob uma perspectiva cidadã.

Para desenvolver a atividade proposta, organize os estudantes em grupos pequenos e atribua a cada grupo uma carreira associada ao campo da alimentação para pesquisa (por exemplo, Nutricionista, Agrônomo(a), Cozinheiro(a), Engenheiro(a) de Alimentos, produtores(as) rurais). Solicite que os grupos pesquisem sobre o papel, as responsabilidades e a importância do profissional em sua área específica. Os grupos devem buscar informações em livros, sites confiáveis e outras fontes de referência. Cada grupo deve preparar um resumo sobre a carreira pesquisada, abordando:

As funções e responsabilidades principais do profissional.

A importância da carreira para a qualidade da alimentação e a promoção da saúde.

Como o profissional contribui para práticas alimentares saudáveis e sustentáveis.

Exemplos de atividades realizadas e possíveis desafios enfrentados na área.

Os grupos devem apresentar suas descobertas para a turma, destacando como a carreira pesquisada se relaciona com o conteúdo do projeto e com a melhoria dos hábitos alimentares. Após as apresentações, promova uma discussão em sala de aula sobre como essas carreiras podem influenciar e melhorar a qualidade da alimentação na comunidade escolar e além.

Planejamento

A seguir, apresentamos uma sugestão da quantidade de aulas destinadas a cada uma das etapas para que o projeto

seja trabalhado ao longo de um semestre. Consideramos uma aula por semana destinada ao projeto.

Caso seja mais adequado para a sua realidade escolar, o projeto pode ser desenvolvido em outro período de tempo, por exemplo, ao longo de um bimestre ou trimestre. Para isso, basta rever o total de aulas destinadas ao projeto por semana.

Sugestão de cronograma

Sugerimos que este projeto seja dividido em três etapas e desenvolvido em 16 aulas, distribuídas ao longo de um semestre, como indicado a seguir.

Cronograma geral

Etapa 1 2 aulas

Etapa 2 9 aulas

Etapa 3 5 aulas

Etapa 1: Vamos começar

Na Etapa 1 são identificadas as habilidades e os conhecimentos prévios dos estudantes. Com isso, é possível diagnosticar as afinidades e as possíveis dificuldades dos estudantes em relação aos temas que serão tratados no decorrer da investigação.

Esta etapa se completa em duas aulas. Na primeira aula, ocorrerá a apresentação geral do tema do projeto e se iniciará a discussão sobre alimentação saudável, considerando seus pressupostos e sua importância. As informações e atividades do tópico Conversa inicial permitem contextualizar e justificar a importância do assunto para os estudantes.

Na aula 2, os estudantes trabalharão com a seção Em foco, tendo um primeiro contato com informações sobre alimentos e culinária típicos de diferentes regiões do Brasil. O trabalho com essa seção poderá ser ampliado com a realização das atividades propostas. A atividade 2 será feita em casa, pois envolve a conversa com um parente. Se julgar pertinente, reserve o início da próxima aula para que os estudantes contem aos colegas o que descobriram sobre as tradições culinárias da família. A aula pode ser finalizada com a seção Organizando os trabalhos, que orienta a formação dos grupos e apresenta os principais passos envolvidos na Etapa 2 e o produto final a ser elaborado na Etapa 3.

Etapa 2: Saber e fazer

A Etapa 2 é realizada ao longo do processo de investigação. Ela é formativa e ocorre com base em textos e atividades, em que os estudantes são convidados para desenvolver e compartilhar os conhecimentos necessários para a elaboração do produto final.

Nas aulas 3 a 8, os estudantes entrarão em contato com informações diversas relacionadas a uma alimentação saudável. Cada tópico desta etapa (Aspectos gerais da alimentação saudável, Os nutrientes dos alimentos, O grau de processamento dos alimentos, A escolha dos alimentos

para uma refeição e Dificuldades para uma alimentação saudável) poderá ser desenvolvido em uma aula, com exceção de O grau de processamento dos alimentos, que deve ocupar duas aulas (5 e 6), por envolver também as orientações para a leitura dos rótulos. Todas as aulas podem ser finalizadas com a realização ou orientação para a realização em casa das atividades propostas. Ao final da aula 3, é importante enfatizar para os estudantes a importância de já iniciarem a produção do diário alimentar, pois seus dados serão analisados nas atividades da aula 4. Quanto ao tópico O grau de processamento dos alimentos, a aula 5 pode ser finalizada com as atividades 1 e 2 e a aula 6, com a atividade 3 e a atividade de ampliação.

As aulas 9 a 11 devem ser reservadas para a entrevista que os estudantes realizarão com um membro da comunidade escolar. O planejamento dessa entrevista deve ocorrer na aula 9. É importante que os estudantes já saiam dessa aula com o roteiro da entrevista pronto e com as definições sobre as características da pessoa que irão entrevistar, como faixa etária, posição na comunidade escolar e outros critérios que garantam a diversidade da amostragem.

Na aula 10, os estudantes irão reunir os dados obtidos por toda a turma, pensando na melhor forma de organizá-los e analisá-los. Eles podem utilizar o tempo da aula para pensar na melhor forma de fazer tabelas e gráficos e de dividir as responsabilidades entre os estudantes ou grupos de estudantes. A análise conjunta dos dados e a identificação das principais conclusões sobre eles ocorrerão na aula 11.

Etapa 3: Para finalizar

A Etapa 3 é somativa, nela os estudantes desenvolvem o produto final partindo dos conhecimentos adquiridos em todas as etapas anteriores.

Essa etapa ocupará as aulas 12 a 16. Na aula 12 os estudantes farão o planejamento do cardápio. É também nessa aula que deve ocorrer a divisão dos estudantes em grupos menores para a produção do fôlder e as definições do que cada um ficará responsável. Reserve a aula 13 para a produção do material do fôlder. É possível que eles precisem finalizar esse procedimento fora do horário de aula; oriente-os para isso. Reúna o que os estudantes produziram e imprima a quantidade necessária para distribuição. Leve o material já impresso para a aula 14 para que os estudantes possam fazer as dobras e finalizar o fôlder. Nessa aula, eles também iniciarão o planejamento da distribuição dos fôlderes à comunidade, que pode ocupar dois dias, as aulas 15 e 16.

Projeto

3 Ficção científica: ciência ou ficção?

Síntese do Projeto

Temas Contemporâneos Transversais:

• Ciência e Tecnologia, Diversidade Cultural e Trabalho

Componentes Curriculares:

• Líder: Ciências da Natureza: Física, Química e Biologia

• Outros perfis disciplinares: Linguagens e suas Tecnologias – Arte e Língua Portuguesa; Ciências Humanas e Sociais Aplicadas – História

Objetos do Conhecimento:

• Vida, Terra e Cosmos, Leitura, escuta, produção de textos e análise, Arte e tecnologia e A ação das pessoas no tempo e no espaço.

Produto Final:

• Produção de um filme curto de ficção científica.

Introdução

A ficção científica é um gênero que tem se tornado cada vez mais popular. É notável o aumento de publicações de obras literárias e histórias em quadrinhos, bem como de produções de filmes, séries e jogos cujas narrativas exploram alguma característica desse gênero. Se fizermos uma busca rápida pela expressão “ficção científica” em uma plataforma com tecnologia para transmissão de conteúdo on-line (conhecida como plataforma de streaming), em uma livraria ou na internet, constataremos uma variedade ampla de produtos. Podemos dizer inclusive que, em razão dessa popularidade, sua simbologia influencia a linguagem cotidiana e nosso modo de pensar.

Outro indicativo dessa popularidade é sua ramificação em uma variedade de subgêneros, como afrofuturismo, cyberpunk, new wave etc. No Brasil, existem várias obras de autores nacionais classificadas em uma série de subgêneros da ficção científica e, ao contrário do que se costuma pensar, o país tem uma produção rica de literatura do gênero.

Talvez a principal razão dessa crescente celebridade do gênero ficção científica seja o nosso fascínio pelo desconhecido, representado por outros planetas, outros seres vivos desconhecidos ou outras organizações sociais, e o fato de que nossas vidas estão cada vez mais entrelaçadas com a ciência e a tecnologia. A ficção científica pode ser, assim, um interessante caminho para o entendimento da influência cultural da ciência ao longo da história e para o aprendizado e a divulgação de conceitos científicos (ou, no mínimo, um estímulo para que as pessoas busquem a compreensão de determinado conceito científico).

Neste projeto, recorrendo a uma série de textos e atividades, buscamos familiarizar os estudantes com algumas características do gênero e sua história e engajá-los na apropriação dessas informações para fazê-las circular mediante produção de um filme curto de ficção científica. O projeto é estruturado de tal forma que eles aprenderão sobre a realização de filmes do gênero ficção científica e, para isso, realizarão, como produto final, um filme de ficção científica.

A BNCC neste projeto

Este projeto proporciona oportunidades de desenvolver competências gerais da BNCC, bem como competências específicas e habilidades das áreas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias e de Linguagens e suas Tecnologias.

A seguir estão apontados os códigos das habilidades e competências desenvolvidas neste projeto.

Competências gerais da BNCC:

• 1, 3, 4, 5, 7 e 9

Competências específicas e habilidades:

• Área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias:

• competência específica 2: EM13CNT205

• competência específica 3: EM13CNT303

• Área de Linguagens e suas Tecnologias:

• competência específica 1: EM13LGG101, EM13LGG103 e EM13LGG104

• competência específica 3: EM13LGG301 e EM13LGG302

• competência específica 7: EM13LGG703

Língua Portuguesa por campo de atuação:

• todos os campos de atuação social: EM13LP01 (competência específica 2), EM13LP15 (competências específicas 1 e 3), EM13LP17 (competências específicas 3 e 7) e EM13LP18 (competência específica 7)

Área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas:

• competência específica 1: EM13CHS106

Como trabalhar a BNCC

O trabalho proposto neste projeto possibilita, em diversos momentos, explorar a ação argumentativa dos estudantes, abrangendo, com isso, a competência geral 7. Dessa forma, ao produzir uma crítica a uma história de ficção científica e ao discutir e apresentar os resultados de uma pesquisa para os colegas, os estudantes poderão exercitar a capacidade de argumentação com base em fatos, dados e informações confiáveis. Além dessas propostas, destaque é dado à produção do filme curto de ficção científica, pois, para sustentar a proposta de história (o argumento) do filme, os estudantes poderão usar fatos e conhecimentos científicos como base para extrapolações e uso da imaginação, construindo argumentos que mantenham a coerência da história elaborada.

Ao propor a utilização de conhecimentos científicos como inspiração para produção de um filme curto de ficção científica, o projeto explora a visão crítica dos estudantes, que devem realizar a distinção entre conhecimento científico e conteúdos divulgados nas produções de ficção científica, verificando o quão verossimilhantes são esses conceitos que aparecem em diferentes produções de ficção científica. Além disso, os estudantes serão apresentados a uma abordagem histórica da ficção científica e instigados a relacionar esse gênero com possíveis perspectivas de como a ciência e tecnologia podem afetar o futuro (competência geral 1).

Ao longo do projeto e especialmente durante a filmagem, os estudantes são estimulados a produzir conteúdos recorrendo ao uso de diferentes linguagens para expressar e partilhar informações, ideias e sentimentos. Entre essas linguagens, destacamos, na atividade de filmagem, a verbal e a corporal, por meio do trabalho dos atores, e a visual, a sonora e a digital, por meio do trabalho com câmeras,

microfones e programas de edição (competência geral 4). Essa proposta também proporciona o trabalho com a competência geral 3, uma vez que, partindo da apresentação de várias obras de ficção científica publicadas em livros e filmes, é proposto aos estudantes que produzam sua própria história no gênero, incentivando-os a atuar em uma produção artístico-cultural.

Os estudantes podem e devem utilizar tecnologias digitais de informação, como smartphones, tablets e aplicativos, ao buscar informações na internet, na produção do filme curto de ficção científica e mesmo na sua divulgação para a comunidade. É importante que o uso dessas tecnologias seja feito de forma crítica e ética, comunicando os conhecimentos desenvolvidos ao longo do projeto à comunidade (competência geral 5).

Em diferentes momentos do projeto, os estudantes têm a oportunidade de exercer autonomia para lidar com possíveis problemas que surgirem no processo, exercitando a cooperação, o diálogo e a empatia, tomando decisões e realizando ações de forma coletiva, sempre respeitando e valorizando os diferentes saberes e potencialidades que se apresentam no grupo (competência geral 9).

Ao longo do projeto, há diversas oportunidades para se trabalhar com as competências específicas e habilidades da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias e as competências específicas e habilidades das áreas de Linguagens e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. É interessante que os estudantes percebam que o pensamento tecnocientífico não é um limitador da criatividade; ao contrário, ele é uma ferramenta que enriquece as produções de ficção científica. Ao entender um conceito científico, podemos, por meio da imaginação, transpô-lo ou extrapolá-lo para que atenda às exigências de uma história a ser contada. Interpretações sobre a dinâmica da vida, da Terra e do cosmo, por exemplo, têm sido uma fonte inesgotável para narrativas ficcionais. Assim, argumentos e previsões sobre o funcionamento e a evolução dos seres vivos e do Universo podem ser bastante úteis na elaboração do produto final deste projeto (competência específica 2 de Ciências da Natureza e suas Tecnologias). Da mesma forma, saber interpretar informações sobre atividades experimentais, fenômenos naturais e processos tecnológicos (EM13CNT205) pode convir para essa atividade.

Um filme de ficção científica não tem necessariamente de propor soluções a quaisquer demandas, mas ele pode fazer uma investigação de situações-problema e uma avaliação de “aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza” (competência específica 3 de Ciências da Natureza e suas Tecnologias).

Tanto a elaboração do roteiro e do storyboard quanto a realização da filmagem permitirão aos estudantes que compreendam o funcionamento dessas práticas culturais e mobilizem esses conhecimentos ao assistir a um filme ou ao produzir discursos sobre eles (EM13LGG101).

As atividades do tópico Pesquisa, divulgação e ficção científicas, na Etapa 2, sugerem a análise e a inter-

pretação de textos de ficção científica, de artigo científico e de artigo de jornalismo científico, possibilitando a construção de “estratégias de seleção de fontes confiáveis de informações” (EM13CNT303). Para as atividades dos tópicos Um pouco de história e Frankenstein, na Etapa 2, espera-se que os estudantes relacionem os textos lidos “com suas condições de produção e seu contexto sócio-histórico de circulação” (EM13LP01). As atividades do último tópico da Etapa 2 promovem uma análise do funcionamento de duas linguagens, roteiro e romance, e o uso de uma delas, o que possibilitará aos estudantes que produzam criticamente o discurso fílmico (EM13LGG103; EM13LGG104).

Na Etapa 3, serão mobilizadas habilidades como EM13LGG301, EM13LGG302, EM13LGG703, EM13LP15, EM13LP17, EM13LP18 e EM13CHS106, pois nesse momento os estudantes devem participar de um processo de produção colaborativa de um filme curto, o que requer o uso de diferentes linguagens, mídias e ferramentas digitais e um posicionamento crítico diante das diversas visões de mundo.

Este projeto se vincula aos temas contemporâneos transversais ciência e tecnologia, ao discutir a influência do conhecimento científico e tecnológico sobre a ficção científica; diversidade cultural, ao introduzir o subgênero afrofuturismo; e trabalho, ao abordar tarefas e profissões relacionadas ao tema.

Professores envolvidos

Para a condução deste projeto, sugerimos o professor de Física. Há diversas ocasiões, entretanto, em que será necessário recorrer a professores de componentes curriculares omo Química, Biologia, Língua Portuguesa, Arte e História. Seria interessante a colaboração entre os três professores de Ciências da Natureza (Química, Física e Biologia) nos tópicos que envolvem análise de textos de pesquisa, divulgação e ficção científicas e verificação da influência da ciência sobre a ficção científica. A colaboração do professor de História é valiosa na leitura e interpretação das linhas do tempo. Ao longo de todo o projeto, o auxílio dos professores de Língua Portuguesa e de Arte será fundamental, uma vez que uma série de obras literárias e cinematográficas serão discutidas. Esses professores poderão contribuir também na orientação dos estudantes para a confecção do roteiro, do storyboard e do filme curto de ficção científica, trazendo, por exemplo, a maneira de trabalhar de alguns cineastas.

Materiais necessários

• Aparelho celular ou câmera de vídeo.

• Microfone.

• Computador.

• Papel e/ou cartolina.

para a produção do filme. Caso o uso desses recursos seja inviável, você pode promover uma exposição de roteiros e storyboards produzidos pelas turmas da escola. Sugira aos estudantes que reutilizem tecidos, metais e plásticos descartados para confeccionar as roupas que serão empregadas no figurino. Em especial, se algum familiar dos estudantes trabalha na área da moda ou costura, encoraja-se que busquem orientação e apoio nesse processo, valorizando essas habilidades profissionais essenciais para a realização do projeto.

Orientações didáticas

Etapa 1: Vamos começar

Onde está a ficção científica?

Como esta é a aula inaugural, exponha a ideia geral do projeto e siga com as atividades propostas para sensibilizar os estudantes.

A ideia central, neste momento, é introduzi-los no gênero ficção científica, fazendo-os perceber que ele está em uma série de mídias, como a literatura, o cinema, o streaming, a história em quadrinhos, o rádio e o videogame

Ao falar sobre onde está a ficção científica, convém questionar os estudantes se eles acham que todas as obras de ficção científica apresentam as mesmas características. Como diz a jornalista Cláudia Fusco, mestre em estudos de ficção científica pela Universidade de Liverpool, na Inglaterra:

[...] Não dá para reduzir o gênero apenas em seus símbolos mais famosos, como raças alienígenas, explosões e idiomas estranhos; muito da FC [Ficção Científica] acontece no microscópio, nas relações humanas (que talvez sejam, afinal, o maior tema do gênero), na visão de mundo ocidental sobre expansão territorial, poder e redenção. Como agrupar o arrepiante 1984 [de George Orwell] e o sensível filme Ela [de Spike Jonze] em uma só caixinha, por maior que ela seja? Como apresentar a história da ficção científica mundial, esmiuçando as contradições e belezas do gênero, sem fazer injustiças a ela?

[...]

FUSCO, C. “A verdadeira história da ficção científica”, de Adam Roberts: a FC como um mapa para a humanidade. Medium, 21 maio 2018. Disponível em: https://medium.com/@grupopensamento/averdadeira-hist%C3%B3ria-da-fic%C3%A7%C3%A3ocient%C3%ADfica-de-adam-roberts-a-fc-como-um-mapa-para-ahumanidade-13dd792635e0. Acesso em: 17 out. 2024.

• Caneta e/ou lápis.

• Blocos autoadesivos.

• Roupas e objetos variados para o figurino.

Estimule, sempre que possível, o uso de recursos digitais

Ou seja, as obras do gênero trazem de fato certa simbologia em comum, mas elas se diferenciam nas histórias, na abordagem das relações humanas, nas discussões sobre poder, opressão, solidão e liberdade, por exemplo. Estimule os estudantes a assistir ou ler um dos formatos citados de A guerra dos mundos, de H. G. Wells. Incentive-os também a assistir ao menos a uma das obras citadas no boxe Para assistir. Na trilogia De volta para o futuro, um dos personagens principais, Dr. Emmett Brown,

é um cientista que modifica um carro para torná-lo uma máquina do tempo. Os três filmes da franquia fazem uso livre dos conceitos de energia e tempo, porém o foco são as aventuras temporais arriscadas do personagem Marty McFly. Em Blade Runner: o caçador de androides, alguns androides criados para servirem aos seres humanos se rebelam e buscam a liberdade. Um agente de uma força especial da polícia é convocado para contê-los. O filme discute temas como longevidade e consciência em máquinas, mas dá enfoque primordial ao “futuro” da vida humana na Terra em 2019.

Questione se os estudantes acham que algum dos cenários futuros apresentados nos filmes se tornou realidade hoje em dia. No segundo filme da trilogia De volta para o futuro, o ano de 2015 traz carros e skates voadores, pagamento com impressão digital, roupas e sapatos com autossecagem e ajuste automático de tamanho, tratamentos de ejuvenescimento, projeções cinematográficas em 3D, autosserviço em lojas, entre outros aspectos. Podemos dizer que boa parte desse cenário não se tornou realidade, mas algumas dessas invenções já fazem parte de nosso cotidiano hoje. O pagamento de alguns serviços utilizando pulseiras atreladas à conta bancária ou smartphones já é uma realidade. Da mesma forma, um protótipo de tênis que se amarra sozinho foi desenvolvido e patenteado, e hoje a indústria de cosméticos investe cada vez mais em tratamentos intensivos de beleza que rejuvenescem.

Escolhemos Blade Runner: o caçador de androides, de 1982 (e não a versão mais recente, de 2017), porque ele se passa em 2019, que já é nosso passado. Assim, é possível comparar cenários. No filme, o ano de 2019 traz robôs inteligentes, comunicação fácil e barata via vídeo, carros voadores e uma cidade (Los Angeles, nos Estados Unidos) com clima desarranjado. Hoje, robôs inteligentes e carros voadores ainda são protótipos, mas chamadas por videoconferência entre pessoas localizadas em países diferentes são simples e baratas (basta que aparelhos celulares estejam conectados à internet). Infelizmente as cidades grandes estão cada vez mais poluídas, e o clima do planeta cada vez mais instável, como no cenário representado no filme. Para explorar alguns aspectos das tecnologias atuais, em comparação às exploradas pelo filme, é possível apresentar aos estudantes o vídeo sugerido a seguir.

CARRO voador japonês faz voo de um minuto em teste. G1, 5 ago. 2019.

Disponível em: http://g1.globo.com/tecnologia/videos/t/ exclusivos-do-g1/v/carro-voador-japones-faz-voo-de-umminuto-em-teste/7819694/. Acesso em: 17 out. 2024. Esta seria uma excelente ocasião para estimular uma discussão sobre quais adaptações as leis de trânsito deverão sofrer para dar conta da circulação de carros voadores, comuns em uma série de obras de ficção científica. Questione se os estudantes acham que vai ser mais fácil ou mais difícil organizar o trânsito e por quê. Uma atividade interessante seria solicitar a eles que busquem a edição mais recente do código de trânsito brasileiro na internet ou a versão impressa em alguma biblioteca, escolham algumas leis que certamente terão de ser modificadas ou adaptadas para regular

o trânsito de carros voadores e as reescrevam para que fiquem adequadas a essa situação fictícia. O trabalho com o filme Blade Runner também pode contar com a participação do professor de Biologia e envolver uma discussão sobre ciclo de vida das espécies, particularmente na abordagem do tempo de vida dos replicantes, os androides do filme.

Atividades Página 79

1. Resposta pessoal. Aproveite este momento para analisar o engajamento prévio que a turma tem com o tema.

2. Resposta pessoal. Essa questão pode ser discutida de forma oral. Incentive os estudantes a pensar sobre as possibilidades. É provável que estudantes com habilidade de escrita considerem a produção de um conto uma opção mais fácil; outros, com aptidão para o desenho, podem considerar a produção de histórias em quadrinhos algo mais simples. Por fim, aqueles que já utilizam o celular para a produção de vídeos, por exemplo, podem considerar essa ferramenta adequada para a realização de um filme. Observe essas variações e inicie a orientação dos estudantes com relação ao desenvolvimento deste projeto em etapas, que vão requerer deles habilidades diversas.

3. Espera-se que alguns estudantes já tenham lido ou assistido a obras do gênero, jogado algum videogame com características do gênero ou ouvido algum programa de rádio ou podcast que aborde o tema. Caso muitos deles ainda não conheçam esse universo, incentive-os a assistir a algum dos filmes citados até aqui: Interestelar, A guerra dos mundos, De volta para o futuro (1, 2 ou 3) ou Blade Runner. Se for possível, sugira a eles que realizem a leitura de trechos de alguma obra do gênero.

A ficção científica prevê o futuro?

Esse tópico discute a aparente capacidade que a ficção científica tem de antecipar tecnologias. É importante frisar que autores desse gênero não são videntes, eles apenas fazem exercícios mentais em que imaginam futuros ou presentes (e passados) alternativos. E, antes de acertar, erram muito. Se qualquer obra de ficção científica que tenha sido lançada dez ou mais anos atrás for analisada, algumas “falhas de imaginação” serão observadas. Ou seja, em meio a alguns acertos surpreendentes, há diversas “previsões” equivocadas. Mencione que isso não é um problema, a ficção científica não pretende ser premonitória.

Uma possível ampliação desse tema é discutir se o caráter antecipador de tecnologias da ficção científica não seria porque ela serve de inspiração para avanços tecnológicos. Para embasar essa discussão, sugerimos o artigo:

• ROCHA, C. Qual a influência da ficção científica na ciência de fato. Nexo, 11 abr. 2018. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/ 04/11/Qual-a-influência-da-ficção-científica-na-ciência-de-fato. Acesso em: 17 out. 2024.

Atividades Página 81

1. De volta para o futuro 2 (1989) e Blade Runner: o caçador de androides (1982), que recomendamos anteriormente, são dois exemplos de filmes que podem ser analisados.

Caso haja dificuldade de acesso a obras de ficção científica, recomendamos:

• LOPES, R. J. No 2019 de ‘Blade Runner’, faltam smartphones e sobram orelhões. Folha de S.Paulo, 31 out. 2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/10/ blade-runner-que-se-passa-em-novembro-de-2019-nao-previua-tecnologia-de-hoje.shtml. Acesso em: 17 out. 2024.

• BLADE Runner: 7 previsões para 2019 que o filme acertou, errou ou se antecipou. G1, 4 nov. 2019.

Disponível em: https://g1.globo.com/pop-arte/cinema/ noticia/2019/11/04/blade-runner-7-previsoes-para-2019-que-ofilme-acertou-errou-ou-se-antecipou.ghtml. Acesso em: 17 out. 2024. O futuro chegou! – De volta para o futuro. TV Cultura, 21 out. 2015.

Disponível em: https://tvcultura.com.br/videos/14299_o-futurochegou-de-volta-pro-futuro.html. Acesso em: 17 out. 2024.

2. Resposta pessoal. Deixe os estudantes totalmente livres para criar com base em tecnologias existentes, mesmo que os desdobramentos sejam praticamente impossíveis à luz da ciência contemporânea. Entretanto, seria interessante comentar com eles por que determinado desdobramento é improvável e discutir um pouco o conceito científico que mostra isso. Você pode sugerir também que eles imaginem uma nova tecnologia e suas aplicações.

Atividade de ampliação

Resposta pessoal. Os estudantes podem argumentar que as ideias de Da Vinci estavam muito à frente de seu tempo e que, por isso, poderiam, na época, ser consideradas fantasiosas. No entanto, é interessante deixar claro que o objetivo dele era construir e desenvolver aparatos. Ele realizava testes de materiais e criava estratégias para melhorá-los, ou seja, as ilustrações e os modelos dos equipamentos não eram fruto da imaginação. Caso os estudantes não conheçam muito o trabalho de Leonardo Da Vinci, aproveite este momento para mostrar alguns desenhos. Na reportagem a seguir, você encontra alguns exemplos: LOPES, R. J. Da Vinci não criou tecnologias práticas, mas apontou para o futuro. Folha de S.Paulo, 14 abr. 2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2019/04/ da-vinci-nao-criou-tecnologias-praticas-mas-apontou-para-ofuturo.shtml. Acesso em: 17 out. 2024.

Este é um bom momento para questionar os estudantes sobre o que puderam aprender até aqui, verificando se conseguiram atingir os objetivos propostos. Organize uma roda de conversa e pergunte se o conceito de ficção científica ficou claro, sanando eventuais dúvidas.

Aqui convém o auxílio do professor de Língua Portuguesa, para discutir as características desse tipo de narrativa, e do professor de Arte, para discutir aspectos estéticos da obra do polímata italiano.

Organizando os trabalhos

Projeto – Ficção científica

De cunho mais organizacional, este é o momento de apresentar, caso ainda não tenha sido feito, o cronograma

completo, bem como organizar duplas e grupos específicos, com interesses em comum, que trabalharão juntos na resolução de algumas atividades e na realização das tarefas que a produção do filme requer.

É fundamental que sejam promovidos, na resolução de todas as atividades deste projeto e na produção do filme curto de ficção científica, o pluralismo de ideias e a investigação científica. Os estudantes devem ser estimulados a ouvir, a respeitar as opiniões uns dos outros e a se colocar de maneira respeitosa. Convém, nos momentos de debate, que a turma seja organizada de forma que essas atitudes sejam incentivadas (em círculo, por exemplo).

Com relação a filmagens utilizando aparelhos celulares, você pode mencionar que atualmente diversos cineastas utilizam essa tecnologia, inclusive para fazer longas-metragens.

Explore com os estudantes o conhecimento que eles têm de produções de divulgação científica ou de criação de conteúdo em redes de vídeos curtos.

Etapa 2: Saber e fazer

Os momentos desta etapa podem ser realizados na ordem que mais se adapte à realidade da turma; podem, inclusive, ser ampliados conforme a demanda dos estudantes.

Pesquisa, divulgação e ficção científicas

Para encontrar mais exemplos de textos de artigo científico, sugerimos a plataforma Scielo, biblioteca digital de livre acesso que adota um modelo cooperativo de publicação de periódicos científicos de países como Brasil, Argentina, Bolívia, Espanha, Portugal e África do Sul:

• SCIENTIFIC ELETRONIC LIBRARY ONLINE.

Disponível em: https://www.scielo.org/. Acesso em: 17 out. 2024. Para textos de jornalismo científico, sugerimos utilizar jornais com suplemento de ciência e as revistas on-line como:

• SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL.

Disponível em: http://sciam.uol.com.br/. Acesso em: 17 out. 2024.

• CIÊNCIA HOJE.

Disponível em: http://cienciahoje.org.br. Acesso em: 17 out. 2024.

• AGÊNCIA FAPESP.

Disponível em: http://agencia.fapesp.br. Acesso em: 17 out. 2024. Por fim, para exemplos de textos de ficção científica, sugerimos buscar editoras que trabalham com esse gênero literário. Sugestão:

• 5 editoras para o fã brasileiro de HQs e ficção científica. IGN Brasil, 11 ago. 2023.

Disponível em: https://br.ign.com/livros/71152/gallery/5editoras-para-o-fa-brasileiro-de-hqs-e-ficcao-cientifica. Acesso em: 17 out. 2024.

Atividades Página 86

1. Espera-se que os estudantes indiquem o primeiro texto como de ficção científica, o segundo como trecho de jornalismo científico e o terceiro como trecho de artigo científico. Após a conclusão da atividade, você pode apresentar as referências e aproveitar essa oportunidade para

discutir com eles as diferenças entre elas. Na primeira, há indicação do autor e do título do livro, da editora que o publicou e da localidade e ano de publicação. Na segunda, notam-se o nome do portal de notícias em que o artigo foi publicado, o título do artigo e a data de sua publicação. Na terceira, há indicação dos autores do artigo (“et al. ” significa que há mais de quatro autores, algo bastante comum na pesquisa científica), do título, da revista em que ele foi publicado (nesse caso, a revista Nature Geoscience ), do número da revista, das páginas e do mês e ano de publicação.

2. Resposta pessoal. Provavelmente os estudantes indicarão o trecho do artigo científico, por causa da linguagem mais técnica, voltada para especialistas.

Atividade de ampliação

Espera-se que os estudantes busquem em livros ou na internet exemplos desses textos e se possível, leia trechos deles com a turma. Com relação às semelhanças e diferenças, pode-se indicar que os textos de ficção científica são imaginativos, contam uma história envolvendo personagens nem sempre humanos, não registram nem transmitem informações cientificamente precisas, entre outras características; os textos de artigo científico trazem uma linguagem técnica, têm uma estrutura específica (de modo geral, resumo, introdução, materiais e métodos, resultados e discussão), apresentam imagens de experimentos, entre outras características; e os textos de jornalismo científico (divulgação científica) têm uma linguagem mais informal, com uso de analogias e metáforas, recorrem a imagens artísticas, buscam o didatismo, entre outras características. Esta atividade é uma oportunidade para verificar se os estudantes compreenderam a diferença entre ficção científica, artigo científico e artigo de jornalismo científico verificando se conseguiram atingir os objetivos propostos e sanando eventuais dúvidas.

Um pouco de história

Nessa seção, seria interessante explorar a variedade de subgêneros da ficção científica. Sobre o assunto, sugerimos: PARANÁ. Secretaria da Comunicação Social e da Cultura. Jornal da Biblioteca Pública do Paraná. Subgêneros da ficção científica.

Disponível em: https://www.bpp.pr.gov.br/Candido/Pagina/CapaSubgeneros-da-Ficcao-Cientifica. Acesso em: 17 out. 2024. Além disso, é possível mostrar para os estudantes que houve e há uma rica produção de ficção científica no Brasil. A seguir, apresentamos algumas dicas de livros, HQ e filmes brasileiros do gênero, a maior parte da década de 2010:

• BEYRUTH, D Astronauta: magnetar. São Paulo: Panini, 2012.

• BRANCO Sai, Preto Fica. Direção: Adirley Queirós. Brasil: Cinco da Norte, 2015. Vídeo (93 min).

• DODSWORTH, A. O esplendor. São Paulo: Draco, 2016.

• ERA Uma Vez Brasília. Direção: Adirley Queirós. Brasil: Cinco da Norte, 2017. Vídeo (100 min).

• FERNANDES, F. Os dias da peste. São Paulo: [S.n.], 2017. E-book.

• KABRAL, F. O caçador cibernético da rua 13 . Rio de Janeiro: Malê Editora, 2017.

• NASCIMENTO, G. S. O fantasma da máquina. São Paulo: Plutão Livros, 2019.

• SYBYLLA, L. Deixe as estrelas falarem. São Paulo: Dame Blanche, 2017.

• VALEK, A. As águas-vivas não sabem de si . Rio de Janeiro: Rocco Digital, 2019. Outra dica interessante é a narrativa de ficção científica transmídia – ou seja, a história é contada em várias plataformas – Auss & Auss, criada pelo músico e produtor Nikima no final de 2017. A obra é sobre uma corporação, chamada Auss & Auss, que tem o monopólio da produção de energia na Terra. A reportagem a seguir apresenta o artista e sua obra:

• MENEZES, T. de. Com música, texto e animação, músico Nikima lança narrativa transmídia. Folha de S.Paulo, 3 jan. 2018.

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2018/01/ 1947613-com-musica-texto-e-animacao-musico-nikima-lancanarrativa-transmidia.shtml. Acesso em: 17 out. 2024.

Ao realizar a leitura da linha do tempo apresentada no item A ficção científica na história, explore os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o assunto e faça as ampliações que julgar relevantes para o contexto da turma. A live indicada a seguir explora o tema com uma rica linha do tempo:

• A ficção científica e a eterna pergunta: Estamos sozinhos no Universo?

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Zy9vFGC5dQ&t=3s&ab_channel=Profa.Dra.FloraBacelar. Acesso em: 17 out. 2024.

Ainda como possibilidade de abordagem da linha de tempo, sugerimos a participação do professor de Sociologia para promover uma discussão sobre a falta de representatividade histórica de mulheres e negros no cânone literário do gênero e a razão de esse cenário estar mudando atualmente. A atividade 3 pode ajudar nesse debate.

Atividades Página 91

1. a) Resposta pessoal. Incentive os estudantes a compartilhar qual(is) eles conhecem.

b) Resposta pessoal. Incentive os estudantes a indicar as razões pelas quais o autor, o livro ou o filme chamou mais a atenção. Eles podem citar a capa do livro, o título do livro ou do filme, a cena do filme, a sinopse, entre outros motivos.

2. É importante que os estudantes sejam protagonistas na escolha dessas duas obras, que podem ser de autores brasileiros ou estrangeiros. O importante aqui é estimular o contato e o interesse por esse gênero literário.

3. No Brasil, é possível citar Emília Freitas, Adalzira Bittencourt, Dinah Silveira de Queiroz, Lúcia Benedetti, Cristina Lasaitis, Lady Sybylla, Aline Valek, Ana Rüsche, entre outras. No mundo, é possível citar Valentina Nikolayevna Zhuravleva,

Margaret Atwood, Anne McCaffrey, N. K. Jemisin, Nnedi Okorafor, Ytasha Womack, Thea von Harbou, Hiromu Arakawa, entre outras. O importante aqui é mostrar e ressaltar que a ficção científica não é restrita ao gênero masculino. Incentive os estudantes a buscar e conhecer a produção das autoras pesquisadas.

A ciência influenciando a ficção

Nesta seção, discute-se como as reflexões promovidas pela Ciência servem como base para as elaborações imaginativas da ficção científica, sejam elas otimistas (utópicas) ou pessimistas (distópicas) em relação ao nosso futuro no planeta Terra e ao futuro do Universo.

Assim, para muitos pesquisadores da Educação, a ficção científica pode e deve ser uma ferramenta para o ensino de conceitos das Ciências da Natureza. A atividade 1 será uma oportunidade para mostrar aos estudantes esse aspecto do gênero.

Seriam interessantes o envolvimento e o auxílio dos três professores das Ciências da Natureza (Química, Física e Biologia) para que tanto a análise das obras quanto aos termos científicos quanto a seleção de notícias sobre avanços científicos e tecnológicos sejam mais ricas.

As seguintes referências podem ajudá-lo a pensar nas relações entre a ficção científica e as possibilidades de ensino das disciplinas de Ciências da Natureza:

DENTILLO, D. B. Cinema e literatura a serviço da ciência. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 64, n. 2, abr./jun. 2012. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252012000200025. Acesso em: 17 out. 2024.

MALUF, M. C. G.; SOUZA, A. R. A ficção científica e o ensino de ciências: o imaginário como formador do real e do racional. Ciência & Educação, Bauru, v. 14, n. 2, maio 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1516-73132008000200006. Acesso em: 17 out. 2024.

PIASSI, L. P. de C. Contatos: a ficção científica no ensino de ciências em um contexto sociocultural. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. Disponível em: http://www.hu.usp.br/wp-content/uploads/ sites/293/2016/05/TeseLUIZPAULO.pdf. Acesso em: 17 out. 2024.

SUPPIA, A. L. P. de O. A divulgação científica contida nos filmes de ficção. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 58, n. 1, jan./mar. 2006.

Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252006000100024. Acesso em: 17 out. 2024.

Atividades Página 93

1. Resposta pessoal. Oriente os estudantes na seleção da obra e ajude-os, se necessário, na escolha desses termos. Você pode sugerir as obras listadas na linha do tempo ou as mencionadas em outras seções do Livro do Estudante ou nestas Orientações para o professor. Há diversos termos científicos que são usados de maneira recorrente em obras de ficção científica,

como ácido, quântico, atômico, molecular, genético etc. Incentive-os a buscar a definição correta, de maneira autônoma, em livros didáticos ou na internet, por exemplo. É importante ressaltar que não há qualquer problema no fato de as obras de ficção científica tomarem liberdade artística em relação aos conceitos científicos. Como comentamos anteriormente, nesse gênero, não se espera rigor técnico e conceitual. O importante é desenvolver a criticidade dos estudantes para que percebam a diferença entre os “conceitos” usados na ficção e o s conceitos validados pela Ciência.

2. Espera-se que os grupos discutam se o avanço técnico ou científico selecionado colaborará para a criação d e um mundo melhor ou para o acirramento de crises ambientais e sociais. Estimule a criatividade dos estudantes para que eles possam pensar nas implicações a longo prazo de uma determinada tecnologia ou conceito científico. Por exemplo, será que a técnica de edição genética CRISPR (do inglês Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats , em tradução livre, “repetições palindrômicas curtas regularmente interespaçadas e agrupadas”) poderá erradicar doenças crônicas do planeta? Ou será que ela se tornará uma ferramenta para a promoção de discriminações? O filme Gattaca (1997), dirigido por Andrew Niccol, pode ser utilizado nessa discussão. Outra questão que pode ser proposta para os e studantes é: Será que a facilidade de acesso ao espaço vai gerar apenas mais conhecimento e recursos? Ou s erá que teremos o esgotamento de outros planetas e uma nova corrida bélica entre as grandes potências? O livro As crônicas marcianas (1950), de Ray Bradbury e o filme Silent Running (1973), podem ser utilizados nessa discussão.

Frankenstein

Essa é uma excelente oportunidade para discutir aspectos da biografia da autora de Frankenstein, Mary Wollstonecraft Shelley. Na seção do Livro do Estudante, é mencionado que a primeira edição, de 1818, foi publicada de forma anônima e que o nome da autora só foi adicionado à segunda edição, de 1823. Você pode pedir aos estudantes que especulem e apresentem hipóteses sobre por que a publicação foi feita dessa forma. Questione-os se teria sido de fato uma escolha da autora. Quão fácil era para uma mulher, no início do século XIX, publicar um livro com um tema como o de Frankenstein? Solicite a eles que defendam suas hipóteses de maneira respeitosa, sempre ouvindo as opiniões de outros colegas. O professor de Sociologia pode participar dessa discussão. Para uma familiarização com a biografia da autora, sugerimos a leitura dos textos:

• CAPELHUCHNIK, L. Quem foi Mary Shelley. E cinco obras da criadora de ‘Frankenstein’. Nexo, 12 jan. 2018. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/ 01/12/Quem-foi-Mary-Shelley.-E-cinco-obras-da-criadora-de%E2%80%98Frankenstein%E2%80%99. Acesso em: 17 out. 2024.

• FERREIRA, C. V.; NESTAREZ, O. Criadora e criatura: o poder de Mary Shelley e seu Frankenstein. Galileu, 8 mar. 2018. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Cultura/

noticia/2018/03/criadora-e-criatura-o-poder-de-mary-shelley-eseu-frankenstein.html. Acesso em: 17 out. 2024.

Antes de realizar a leitura dos trechos da obra Frankenstein, o professor de Química pode apresentar o cientista italiano Luigi Galvani e introduzir alguns conceitos de Eletroquímica. Os seguintes artigos podem ajudar nessa apresentação:

• TOLENTINO, M.; ROCHA-FILHO, R. C. O bicentenário da invenção da pilha elétrica. Química Nova na Escola, São Paulo, n. 11, p. 35-39, maio 2000.

Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc11/v11a08. pdf. Acesso em: 17 out. 2024. OKI, M. da C. M. A eletricidade e a química. Química Nova na Escola, São Paulo, n. 12, p. 34-37, nov. 2000. Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc12/v12a08. pdf. Acesso em: 17 out. 2024.

Atividades Página 95

1. a) O narrador diz ter descoberto como e por que a vida é gerada.

b) Sugira aos estudantes que consultem o significado da palavra “ética” em um dicionário. Em seguida, estimule uma discussão sobre a pergunta nas duplas. Questione os estudantes se eles acham que hoje há a possibilidade de realizarmos o mesmo que Victor Frankenstein, o narrador, realizou na história, ou seja, a criação de um ser vivo. Explique que, com a tecnologia atual, já é possível replicar tecidos ou órgãos de um ser vivo ou mesmo criar genomas novos a partir dos existentes, mas não da mesma maneira que na obra.

2. Para uma definição de inteligência artificial, os estudantes podem acessar sites , recorrer a livros etc. De modo resumido, IA é a capacidade de máquinas raciocinarem como pessoas e simularem comportamentos inteligentes. Sobre IA, sugerimos a leitura dos artigos:

SATO, P. O que é inteligência artificial? Onde ela é aplicada?. Nova Escola, 9 jun. 2009.

Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/1115/o-que-einteligencia-artificial-onde-ela-e-aplicada. Acesso em: 17 out. 2024. CUNHA, C. Tecnologia: você sabe o que é inteligência artificial e singularidade?. UOL, 2018. Disponível em: https://vestibular.uol.com.br/resumo-dasdisciplinas/atualidades/tecnologia-voce-sabe-o-que-e-inteligenciaartificial-e-singularidade.htm. Acesso em: 17 out. 2024.

Sobre semelhanças ou não entre o ser vivo criado por Victor Frankenstein e um sistema IA, os estudantes podem afirmar que um IA não é um ser vivo. Entretanto, o físico inglês Stephen Hawking, por exemplo, considerava os vírus de computador semelhantes a seres vivos. Ou seja, o fato de um IA ser uma máquina não o impediria de ser classificado como ser vivo de acordo com o critério do que é vida adotado. Incentive os estudantes a discutir entre si suas opiniões. Neste momento, o importante é que os estudantes reflitam livremente sobre essa questão. Para a discussão sobre o conceito de ser vivo, sugerimos os artigos:

• O QUE é um ser vivo?. Mundo Estranho, 18 abr. 2011. Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/oque-e-um-ser-vivo/. Acesso em: 17 out. 2024.

• POR que é tão difícil definir o que é vida e o que são seres ‘vivos’. BBC Brasil, 5 fev. 2017. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/vertearth-38800106. Acesso em: 17 out. 2024.

Outra abordagem possível é promover uma discussão sobre o que os estudantes acham que seria um androide e se há uma semelhança entre ele e a criatura Frankenstein. Sugerimos a leitura do artigo:

• CORONA, S. Robô Sophia: “Os humanos são as criaturas mais criativas do planeta, mas também as mais destrutivas”. El País, Guadalajara, 8 abr. 2018.

Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/04/06/ tecnologia/1523047970_882290.html. Acesso em: 17 out. 2024.

Sobre o boxe Para jogar, tenha em mente que os videogames e sua linguagem fazem parte da cultura juvenil e constituem uma mídia bastante dinâmica, atualizada em consonância com os avanços das tecnologias digitais. Portanto, é provável que os estudantes tenham preferências por certos jogos e que elas mudem com frequência. O objetivo de apresentar esse boxe é atrair a atenção deles para o fato de que a ficção científica está efetivamente em uma variedade de mídias. Você pode solicitar a eles que tragam outras referências de videogames com características do gênero e que indiquem quais são essas características e por que as consideram típicas de obras de ficção científica (convém retomar a observação feita pela jornalista Cláudia Fusco, citada no tópico Onde está a ficção científica? nestas Orientações para o professor

No tópico Da literatura para o cinema, recomenda-se o auxílio dos professores de Arte e Língua Portuguesa, pois os estudantes serão introduzidos às principais características de um roteiro de cinema e, ao fim das atividades, devem ser capazes de distingui-lo de outros tipos de texto, como os de obras literárias. O entendimento de como um roteiro se estrutura é fundamental para a próxima etapa, que envolve a produção de um filme curto.

Na internet, há uma série de roteiros disponíveis para consulta. Se julgar pertinente, você pode selecionar alguns exemplos de roteiros e apresentá-los para os estudantes. Na atividade 3, propõe-se demonstrar que a melhor forma de aprender sobre roteiros é produzindo-os.

Atividades Página 97

1. Espera-se que os estudantes indiquem que os dois textos abordam mais ou menos o mesmo acontecimento, mas sob perspectivas diferentes. No roteiro, d escrições breves do ambiente e diálogos marcados com os nomes dos personagens, Walton, o capitão do navio, Victor Frankenstein e Grigori. No livro, há narrativa em primeira pessoa do capitão (não está explícito, m as é possível deduzir; trata-se, na verdade, de uma carta escrita por Walton para sua irmã) e descrições mais minuciosas do ambiente, de sentimentos e de aparências. Em resumo, o roteiro tende a ser mais enxuto, e há alterações em relação a personagens, cenário, enredo etc. O filme Frankenstein (1994), por exemplo, começa pelo final do livro; o discurso de

Victor Frankenstein presente no livro não está roteirizado; o personagem Grigori não é nomeado no livro; e a s sim por diante.

2. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes indiquem que as frases descrevem um sentimento, uma qualidade de uma fala, um ruído ou uma ação. Normalmente, essas frases têm o objetivo de orientar os atores na construção dos personagens.

3. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes atentem para as características gerais do roteiro do filme Frankenstein e as utilizem nesta atividade. Eles devem escrever diálogos e breves descrições de cenas, bem como usar o recurso das frases entre parênteses.

Produto final

Etapa 3: Para finalizar

Produção de um filme curto

Sugira aos estudantes que eles podem escolher, por votação, a melhor história produzida na atividade 2 do tópico A ficção científica prevê o futuro? e transformá-la no roteiro que será filmado. Podem também produzir uma história completamente original, criada com a contribuição de todos os estudantes da turma, ou se basear em algum texto de ficção científica clássico ou atual, como as obras citadas na linha do tempo ou as mencionadas em outras seções do Livro do Estudante ou nestas Orientações para o professor

Oriente os estudantes na formação dos grupos específicos. Sugere-se que os integrantes tenham interesses em omum, mas é extremamente importante que os grupos dialoguem entre si. Os que elaborarão o roteiro precisam trocar ideias com os que produzirão o storyboard, com os que montarão os cenários, com os que criarão o figurino etc. O grupo responsável pela direção tem de conversar com os roteiristas e storyboarders, com os atores e as atrizes, com a produção etc. Além dessa troca constante, espera-se também, para o sucesso deste projeto, uma cultura colaborativa, acolhedora e democrática, bem como uma participação ativa de todos os estudantes.

Preparativos

Ressalte para os estudantes que o papel de um roteirista no cinema é fundamental para o desenvolvimento de um filme. Ele é responsável por criar a base narrativa do projeto. O trabalho envolve a concepção de personagens, o desenvolvimento de enredos e a construção de arcos narrativos que engajem o público. Além disso, ele colabora com o diretor e com outros membros da equipe de produção para assegurar que a visão do filme seja coesa e realizável. A habilidade de traduzir ideias abstratas em scripts detalhados e emocionalmente impactantes faz do roteirista um elemento importante na criação de obras cinematográficas de sucesso.

Como complemento do guia de nove etapas para confecção de um roteiro (baseado em um texto publicado no

site da Academia Internacional de Cinema), você pode consultar também:

• MOSS, H. Como formatar o seu roteiro. e-Disciplinas –Universidade de São Paulo

Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile. php/247034/mod_resource/content/1/Hugo%20Moss.pdf. Acesso em: 17 out. 2024.

Silêncio no estúdio, ação!

Como complemento da orientação para a elaboração do storyboard, você pode consultar também:

• FISCHER, G.; SCALETSKY, C. C.; AMARAL, L. G. O storyboard como instrumento de projeto: reencontrando as contribuições do audiovisual e da publicidade e seus contextos de uso no design Strategic Design Research Journal, v. 3, n. 2, p. 54-68, maio/ago. 2010.

Disponível em: http://revistas.unisinos.br/index.php/sdrj/article/ view/4787/2041. Acesso em: 17 out. 2024.

• TRINDADE, E. A. Desenho e cinema. Dissertação (Mestrado em Desenho e Técnicas de Impressão) – Faculdade de Belas Artes, Universidade do Porto, Porto, 2013.

Disponível em: https://biblioteca.fba.up.pt/docs/Elisa_Almeida/ Elisa_Almeida_TESE.pdf. Acesso em: 17 out. 2024.

Avalie a possibilidade de exibir os filmes produzidos e de organizar um festival de cinema. Convide a comunidade escolar para assisti-los. Caso a projeção dos filmes não seja possível, você pode abrir um canal da escola em uma plataforma de compartilhamento de vídeos, postá-los e enviar os links para os membros da comunidade. Incentive os estudantes a compartilhá-los nas redes sociais, criando palavras-chave ( hashtags ) associadas ao tema deste projeto, como #escola(nomedaescola)fazcinema, #meuprimeirofilme, #ficçãocientíficanaescola, entre outras possibilidades.

Adeque o produto final às necessidades específicas de cada contexto local. Caso a produção do filme não seja possível, por exemplo, promova uma exposição de roteiros e storyboards e convide a comunidade escolar a comparecer ao evento.

Avaliação

Com relação às avaliações, realize-as de acordo com o que julgar pertinente, levando em conta o comportamento e a participação dos estudantes durante o desenvolvimento do projeto. As questões sugeridas podem ser ampliadas ou outras podem ser incluídas para que o quadro avaliativo se adeque a sua realidade escolar.

Os quadros, localizados ao final do projeto, podem ser utilizados para a autoavaliação e para a avaliação do estudante pelo professor. Você pode marcar uma conversa com cada estudante para discutir os itens desses quadros. Busque sempre o consenso. O preenchimento dos quadros pode ser feito gradualmente, à medida que o projeto for desenvolvido ou ao final, após a realização do produto final, a produção de um filme curto de ficção científica.

O último quadro pode ser usado, também, para que os grupos avaliem seus integrantes, permitindo que os pares se avaliem, o que possibilita momentos de conversas produ-

tivas que podem colaborar para o desenvolvimento de cada um dos estudantes. Aproveite para debater com os estudantes sobre o grande grupo de profissionais responsáveis para a realização de um filme e estimule o trabalho em equipe.

A pesquisa sobre as profissões envolvidas na produção de um filme auxilia os estudantes a compreenderem mais dessas profissões e ampliar seu repertório. Estimule que a pesquisa seja sobre diversas profissões, ressaltando o trabalho de equipe para a produção criativa. Profissionais capazes de criar conteúdos visuais e interativos têm uma vantagem competitiva em áreas como marketing, produção audiovisual e design.

Planejamento

A seguir, está a sugestão da quantidade de aulas destinadas a cada uma das etapas para que o projeto seja trabalhado ao longo de um semestre. Consideramos uma aula por semana destinada ao projeto.

Caso seja mais adequado para a sua realidade escolar, o projeto pode ser desenvolvido em outro período de tempo, por exemplo, ao longo de um bimestre ou trimestre. Para isso, basta rever o total de aulas destinadas ao projeto por semana.

Sugestão de cronograma

Sugerimos que este projeto seja dividido em três etapas e desenvolvido em 16 aulas, distribuídas ao longo de um semestre, como indicado a seguir.

Cronograma geral

Etapa 1 2 aulas

Etapa 2 6 aulas

Etapa 3 8 aulas

Etapa 1: Vamos começar

Na Etapa 1 são identificadas as habilidades e os conhecimentos prévios dos estudantes. Com isso, é possível diagnosticar as afinidades e as possíveis dificuldades dos estudantes em relação aos temas que serão tratados no decorrer da investigação.

Na primeira aula, ocorrerá a apresentação geral do tema do projeto e se iniciará a discussão sobre o que caracteriza a ficção científica e sua presença em diferentes formatos (literatura, quadrinhos, cinema etc.). As informações e atividades do tópico Conversa inicial permitem contextualizar e justificar a importância do assunto para os estudantes.. Para a atividade 3, solicite aos integrantes do grupo que definam qual obra de ficção científica será analisada, para que a resenha seja apresentada no início da aula 2.

Em seguida, os estudantes trabalharão com a seção Em foco, realizando uma análise da aparente capacidade que várias obras do gênero têm de antever tecnologias, o que poderá ser ampliado com as atividades propostas. A aula

pode ser finalizada com a apresentação dos principais passos envolvidos na criação do produto final deste projeto.

Etapa 2: Saber e fazer

A Etapa 2 é realizada ao longo do processo de investigação. Ela é formativa e ocorre a partir de textos e atividades, onde os estudantes são convidados para desenvolver e compartilhar os conhecimentos necessários para a elaboração do produto final.

Nas aulas 3 a 8, os estudantes entrarão em contato com informações diversas relacionadas às características do gênero ficção científica. Cada tópico desta etapa (Pesquisa, divulgação e ficção científicas, Um pouco de história, A ciência influenciando a ficção e Frankenstein) poderá ser desenvolvido em uma aula, com exceção de A ciência influenciando a ficção (aulas 5 e 6) e Frankenstein (aulas 7 e 8), por envolver atividades mais complexas ou mais numerosas. Todas as aulas podem ser finalizadas com a realização ou orientação para a realização em casa de algumas atividades. Ao final da aula 3, oriente os estudantes a realizar a pesquisa de textos em casa, pois os resultados dessa pesquisa serão analisados na aula 4. Quanto ao tópico Um pouco de história, a aula 4 pode ser finalizada com as atividades 1 e 2. A atividade 3 pode ser realizada em casa, e o resultado da pesquisa, apresentado na aula 5. A atividade 2 do tópico A ciência influenciando a ficção deve ocupar parte da aula 5. Para que ela possa ser realizada em sala de aula, seria interessante que você trouxesse exemplos de notícias sobre avanços científicos e tecnológicos que ocorreram na última década e solicitasse aos estudantes que escolhessem uma delas para discutir seus possíveis impactos. Se for possível, oriente uma pesquisa na internet. A atividade 1 deve ser realizada em casa; oriente os estudantes na seleção da obra e ajude-os, se necessário, na escolha dos termos. A apresentação das pesquisas da atividade 1 e a conclusão das discussões da atividade 2 devem ser feitas na aula 6. No tópico Frankenstein, a pesquisa sobre inteligência artificial, pode ser solicitada na aula 7 e entregue na aula 8.

Etapa 3: Para finalizar

A Etapa 3 é somativa, nela os estudantes desenvolvem o produto final partindo dos conhecimentos adquiridos em todas as etapas anteriores.

Na aula 9 deve ocorrer a divisão dos estudantes em grupos que ficarão responsáveis pelas tarefas para a realização do curta-metragem. Na aula 10, eles farão o roteiro e, nas aulas 11 e 12, o storyboard. Reserve as aulas 13 e 14 para a produção, do cronograma, do cenário e do figurino, a definição dos papéis, a busca por equipamentos e a leitura do roteiro pelos atores e pelas atrizes. Nas aulas 15 e 16, os estudantes devem realizar a filmagem. É possível que eles precisem finalizar os procedimentos das aulas 13, 14, 15 e 16 fora do horário de aula. Oriente-os em relação a isso. Enfatize a importância de ter um adulto ou professor supervisionando as atividades fora do horário de aula. A exibição dos filmes produzidos e a organização do festival de cinema, envolvendo a comunidade escolar, podem ser feitas fora do horário de aula.

Projeto 4 Fake news: como identificá-las e combatê-las?

Síntese do Projeto

Temas Contemporâneos Transversais:

• Saúde, Trabalho, Ciência e tecnologia, Educação em Direitos Humanos, Vida familiar e social e Educação para o trânsito.

Componentes Curriculares:

Líder: Ciências da Natureza e suas Tecnologias –Biologia, Química ou Física

Outros perfis disciplinares: Linguagens e suas Tecnologias – Língua Portuguesa e Arte; Matemática e suas Tecnologias – Matemática; Ciências Humanas e Sociais Aplicadas –Filosofia e Sociologia

Objetos do Conhecimento:

Vida e evolução, Elaboração de texto informativo, Sociedade, Cultura, Ética e Processos de criação.

Produto Final:

Elaboração de um painel informativo sobre fake news.

Introdução

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua sobre o módulo de Tecnologia da Informação e Comunicação – TIC (realizada em 2023 pelo IBGE), 72,5 milhões de domicílios tinham acesso à Internet (92,5%) no Brasil. Nas áreas urbanas, o percentual passou de 93,5% para 94,1% e nas áreas rurais, de 78,1% para 81,0%. Esses dados indicam que a internet corresponde, atualmente, a um elemento fundamental de comunicação e informação. Apesar de haver desigualdades regionais no acesso e uso da internet, especialmente se comparadas às áreas urbanas e rurais e às diferentes classes sociais, é possível considerar que o alcance da informação, principalmente entre a população de jovens, é cada vez maior.

Em contrapartida, a facilidade de acesso à informação proporcionada pela internet também expõe a população a riscos, uma vez que acessar uma informação não garante, necessariamente, que ela seja confiável e de qualidade. Ao mesmo tempo que a tecnologia e a informação se tornam mais acessíveis, é por meio da velocidade tecnológica digital e das redes sociais que a produção e a disseminação das fake news ganham a proporção em que se apresentam atualmente. Nesse cenário, todo usuário de internet pode consumir e produzir conteúdos, e essa abundância de informações acaba desafiando o senso crítico, pois fica mais difícil reconhecer o que são fatos e o que são fake news Dessa forma, é essencial que as práticas de uso da inter-

net e de tecnologias que possibilitam o compartilhamento de informações sejam realizadas de forma crítica, segura e responsável. E é diante dessas demandas que o projeto Fake news: como identificá-las e combatê-las? é proposto. Durante o desenvolvimento deste projeto, os estudantes trabalharão com dados e informações que, além de contribuir com a construção de conhecimentos que auxiliam a identificação de uma fake news, proporcionarão a eles refletir e se conscientizar sobre o fato de a internet também corresponder a um campo no qual o papel de cidadão deve ser exercido. Por meio da proposta do produto final, os estudantes poderão aplicar conhecimentos e práticas de como mediar conflitos cotidianos relacionados às fake news, atuando de forma crítica e propositiva na construção de um ambiente de paz e respeito, tanto no contexto social como de trabalho. Nessa ação, é essencial considerar como premissa a coexistência de perspectivas discordantes, caminho que possibilita uma convivência social em acordo com os valores democráticos.

A BNCC neste projeto

Este projeto proporciona a oportunidade de desenvolver várias competências gerais da BNCC, bem como competências específicas e habilidades de todas as áreas do conhecimento.

A seguir estão apontados os códigos das habilidades e competências desenvolvidas neste projeto.

Competências gerais da BNCC:

• 6, 7, 9 e 10

Competências específicas e habilidades:

• Área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias:

• competência específica 2: EM13CNT207

• competência específica 3: EM13CNT303

• Área de Linguagens e suas Tecnologias:

• competência específica 1: EM13LGG102 e EM13LGG104

• competência específica 3: EM13LGG303

• Área de Matemática e suas Tecnologias:

• competência específica 1: EM13MAT101

• Área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas:

• competência específica 2: EM13CHS202

Como trabalhar a BNCC

Com base no entendimento de que na sociedade contemporânea o desenvolvimento das relações, especialmente entre os jovens, passa pelo uso expressivo das mídias sociais e que hábitos e comportamentos relacionados às práticas de receber e compartilhar uma informação podem favorecer a disseminação em massa de fake news, o presente projeto propõe um trabalho que possibilita a análise de informações de diversas naturezas a fim de desenvolver o senso crítico dos estudantes com relação à identificação da veracidade e autenticidade de uma informação. Além disso, espera-se que os estudantes reconheçam que a circulação de fake news, além de gerar impactos negati-

vos na saúde individual e coletiva, pode afetar a convivência em sociedade, uma vez que esse tipo de desinformação tem sido constantemente associado a situações de tensão e desentendimento entre indivíduos de um grupo.

Os diferentes momentos deste projeto propiciam a discussão das relações próprias do mundo do trabalho e permitem aos estudantes a fazerem escolhas alinhadas ao exercício da cidadania com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade (competência geral 6).

Também propiciam a valorização e o reconhecimento da importância do conhecimento científico, uma vez que esses conhecimentos podem ser mobilizados para referenciar a formulação de pontos de vista e a defesa de ideias acerca da validade de informações que são compartilhadas especialmente por meio das redes sociais. A argumentação om base em fatos, dados e informações confiáveis é uma ação fundamental para o combate às fake news e uma das maneiras possíveis de posicionar-se de forma crítica e responsável diante desse problema que afeta a vida, tanto individual quanto coletivamente e a própria relação do jovem om a sociedade (competência geral 7).

Durante o desenvolvimento deste projeto, os estudantes serão convidados a refletir sobre suas práticas com relação ao uso de ferramentas digitais para comunicação de informações, reconhecendo-se como agentes que devem atuar de forma autônoma, responsável e ética em seu contexto social (competência geral 10) bem como no profissional. Além disso, serão propostos momentos de debates, os quais proporcionarão o aprimoramento da empatia, do respeito à diversidade de opiniões, da importância de ouvir e da abertura ao diálogo em favor da coletividade. Tais posturas são bastante favoráveis para a resolução de conflitos que se apresentam em contextos reais da vida em sociedade e, portanto, é importante valorizá-las ao longo das diferentes etapas deste projeto (competência geral 9).

A elaboração do painel, o produto final deste projeto, solicita aos estudantes uma retomada geral das etapas desenvolvidas, associando as informações aos conhecimentos científicos trabalhados ao longo do projeto de forma a elaborar conteúdos que serão apresentados para a comunidade. Nesse painel, é esperado que os estudantes informem à comunidade o que são as fake news e apresentem propostas de atuação conciliadora e pacífica para lidar com esse problema. Com essa proposta de produto final, portanto, os estudantes têm a oportunidade de intervir em uma problemática real que gera conflitos em situações cotidianas. Por meio da elaboração do painel, os estudantes deverão fazer uso de diferentes linguagens, as quais devem se associar de forma a cumprir seu papel comunicativo, possibilitando que expressem os conhecimentos desenvolvidos no projeto de forma crítica, propositiva e ética, contribuindo para a vida coletiva, uma vez que aplicações do conhecimento científico e tecnológico se voltam para resolver demandas e conflitos locais relacionados à circulação de fake news. Com isso, é possível relacionar à proposta de produto final à habilidade EM13LGG104, vinculada à competência específica 1 da área de Linguagens e suas Tecnologias.

Para a área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, a proposta deste projeto possibilita trabalhar, por exemplo, a habilidade EM13CNT207, nos momentos em que os estudantes são convidados a identificar seus próprios hábitos e comportamentos relacionados ao uso de redes sociais e ao recebimento e compartilhamento de informações, a fim de adquirir uma postura crítica ao se tornarem capazes de analisar o quão vulneráveis estão com relação à exposição às fake news , especialmente aquelas que impactam negativamente a saúde individual e coletiva, possibilitando que eles tenham a oportunidade de rever seus hábitos em busca de ações mais seguras e responsáveis. O projeto possibilita o desenvolvimento da habilidade específica EM13CNT303, ao propor o trabalho com textos de divulgação científica que tratem de temáticas das Ciências da Natureza, de forma a reconhecê-los como fontes confiáveis de informações, possibilitando, com isso, que os estudantes adquiram estratégias adequadas para a seleção de fontes de informações que sejam confiáveis.

O projeto também possibilita trabalhar com habilidades específicas da área de Linguagens e suas Tecnologias, além da citada anteriormente. É o caso, por exemplo, da habilidade EM13LGG102, mobilizada quando os estudantes são incentivados a reconhecer motivações ou interesses relacionados à produção e disseminação de informações falsas, propiciando o desenvolvimento de um olhar crítico a elementos que possam facilitar a identificação de uma informação não confiável. Já a habilidade EM13LGG303 é trabalhada neste projeto nos momentos em que se propõe a discussão e o debate de questões de relevância social, como as que envolvem fake news, levando em consideração os diferentes argumentos e opiniões que possivelmente serão expostos para formular, negociar e sustentar posições diante da análise de perspectivas distintas.

Para a área de Matemática e suas Tecnologias, o projeto possibilita mobilizar a habilidade EM13MAT101, ao propor que os estudantes interpretem dados e gráficos de pesquisas de diferentes fontes de informações, favorecendo a construção de uma visão ampla a respeito de como as pessoas se informam, qual a visão delas a respeito da ciência e quão informadas elas estão a esse respeito.

Por fim, é possível também relacionar o trabalho deste projeto com a habilidade EM13CHS202, da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, nos momentos em que os estudantes serão requisitados a analisar os impactos das tecnologias nas dinâmicas sociais no contexto contemporâneo, de forma a entender como a disseminação de fake news pode interferir em decisões sociais, ambientais, culturais, o que pode gerar impactos, inclusive na saúde individual e coletiva.

Este projeto se vincula principalmente aos temas contemporâneos transversais educação em direitos humanos e vida familiar e social e o impacto das fake news nesses âmbitos. Há também relações com os temas saúde e educação para o trânsito, ao analisar o impacto que as fake news podem gerar na saúde individual e coletiva; e com o tema ciência e tecnologia, ao valorizar o conheci-

mento científico e considerá-lo fundamental nas ações de identificação e combate às fake news. Há também o foco no trabalho e atividades que se relacionam à análise de fake news em outras situações.

Professores envolvidos

Para liderar a condução deste projeto, sugerimos o professor de Biologia. Há diversos momentos do projeto, entretanto, em que a participação de outros professores favorecerá o trabalho a ser desenvolvido.

Assim, os professores de Química e Física podem contribuir com as discussões sobre produção de conhecimento científico e sobre a importância de valorizar o conhecimento científico para combater as fake news, bem como auxiliar na discussão de temas e conceitos específicos da disciplina que corriqueiramente são divulgados de maneira equivocada ou inadequada por meio das fake news. O professor de Filosofia poderá auxiliar o trabalho nos momentos que envolvem a conciliação de diferentes opiniões para a resolução de um conflito comum ao grupo, enfatizando a importância de uma cultura de paz e do respeito aos valores democráticos. Já o professor de Língua Portuguesa poderá atuar durante as propostas que envolvem o trabalho com variados tipos de textos que se apresentam em diferentes contextos cotidianos, como os da esfera jornalística, de divulgação científica ou mesmo aqueles compartilhados em edes sociais. O professor de Sociologia também poderá contribuir com as discussões sobre como a manipulação de informações, sobretudo na imprensa, pode contribuir para a disseminação de informações falsas, citando situações reais que já aconteceram ao longo da história. O professor de Matemática poderá colaborar na leitura dos gráficos, das pesquisas e das porcentagens. E o professor de Arte poderá auxiliar nas ações que envolvem a elaboração do painel, explorando as funções comunicativa e conscientizadora que se fazem necessárias para cumprir o propósito de produto final deste projeto integrador.

Materiais necessários

Computador, tablet, smartphone com acesso à internet. Impressora colorida.

Folhas de papel A4 e cartolinas.

• Lápis de cor, canetas coloridas, tesoura, fita adesiva, entre outros.

• Tintas e pincéis.

Durante as atividades, os estudantes deverão realizar pesquisas, levantar e organizar dados e responder às questões propostas. Para a pesquisa, é importante a consulta a fontes confiáveis, mas para exemplos de notícias em jornais pode ser utilizado o formato impresso e, se for possível, é interessante que tragam alguma notícia falsa que tenha sido publicada em jornal, algo comum em materiais antigos, quando as checagens nem sempre eram realizadas. Além disso, os materiais necessários para o desen-

volvimento do painel podem ser substituídos e adaptados, considerando a sua realidade local e a oferta disponível.

Orientações didáticas

Etapa 1: Vamos começar

Fake news: as notícias falsas da era digital

Neste momento inicial, os estudantes entrarão em contato com o universo das fake news. Inicie a discussão questionando-os sobre o conhecimento que eles têm sobre o tema. É bem provável que eles já tenham tido contato, recebido uma notícia falsa ou compartilhado algo falso (até mesmo sem saber). Aproveite este momento para convidar os estudantes a relatarem suas experiências pessoais, enfatizando que esse espaço é um momento de acolhimento para reflexão e um exercício de empatia.

Utilize este momento para tratar do papel das mídias sociais no compartilhamento de informações falsas. O texto a seguir poderá ser utilizado de forma complementar na sala de aula:

De cada 100 brasileiros, 87 usavam internet em 2022, aponta IBGE.

O uso da internet chegou a 87,2% da população brasileira em 2022, um aumento de 21,1 pontos percentuais em relação a 2016, usada por 66,1% da população. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Tecnologia da Informação e Comunicação 2022 (Pnad), divulgada nesta quinta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Houve aumento mesmo na comparação com 2021, quando o percentual de usuários da rede mundial era de 84,7%. O estudo considerou apenas pessoas com 10 anos ou mais de idade.

O crescimento no acesso à internet foi ainda maior entre as pessoas com 60 anos ou mais. Em 2022, eram 62,1% de usuários, índice superior aos 57,5% de 2021 e cerca de 2,5 vezes maior que os 24,7% de 2016. Ou seja, a parcela de idosos com acesso à rede passou de um quarto para dois terços da população.

[...]

ABDALA, V. De cada 100 brasileiros, 87 usavam internet em 2022, aponta IBGE. Agência Brasil, 9 nov. 2023. Disponível em: https:// agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2023-11/de-cada-100brasileiros-87-usavam-internet-em-2022-aponta-ibge. Acesso em: 14 out. 2024.

A leitura da imagem da página 111 possibilita compreender como a atuação de robôs contribui para a disseminação de notícias falsas. Este pode ser um bom momento para atuar de forma colaborativa com o professor de Língua Portuguesa, abordando o tema letramento digital –habilidade relacionada ao domínio para acessar, interagir, interpretar e desenvolver competências para a leitura das

diferentes mídias, competências cada vez mais presentes no mundo do trabalho. Para ajudar no desenvolvimento desse trabalho, sugerimos:

• EDUCAÇÃO midiática: como identificar uma fake news? 2018. Vídeo (1min54s). Publicado pelo canal Nova Escola. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?time_ continue=114&v=iTJYMJAQLpQ&feature=emb_logo. Acesso em: 14 out. 2024.

Atividades Página 111

1. Resposta pessoal. É provável que eles já tenham recebido algum tipo de fake news . Valorize a discussão com base nas experiências dos próprios estudantes e incentive-os a pensar sobre o próprio comportamento na internet, buscando reconhecer a forma como costumam agir ao receber qualquer tipo de informação, quais os principais meios pelos quais recebem informações, se têm o hábito de verificar a veracidade dessas informações e, em caso afirmativo, a maneira como fazem isso. Incentive o debate entre os estudantes do grupo e o compartilhamento das informações.

2. Resposta pessoal. É importante proporcionar um espaço de fala para os estudantes, pois eles certamente terão algum relato a fazer relativo à própria experiência ou de alguém da família ou amigo, visto que em redes sociais se formam grupos de toda ordem, principalmente de familiares ou de comunidades de vizinhos, nos quais a troca de informações é intensa.

3. Resposta pessoal. Nesse momento, é importante acolher as falas de maneira respeitosa, evitando julgamentos e culpabilização. É possível que surjam argumentos justificando o fato de que todos nós estamos sujeitos à exposição e à indução ao erro motivados por notícias falsas. Ressalte que a troca de informações falsas nem sempre é feita de forma intencional ou consciente, e que nesses casos cabe um esclarecimento a quem se sentir ofendido ou lesado pela informação recebida, para que o possível mal-entendido se desfaça, no intuito de garantir a convivência pacífica e a manutenção das relações entre emissor e receptor da informação.

O acesso à informação e a desinformação

Nesta seção, o objetivo é fazer os estudantes compreenderem que a facilidade de acesso aos meios de comunicação não reflete, necessariamente, um recebimento de informações com qualidade. Com tantas pessoas conectadas e compartilhando dados, é primordial que eles adquiram ferramentas e desenvolvam o senso crítico ao analisá-las. É oportuno ressaltar que os perigos virtuais são um confronto da vida diária, mas que podem ser combatidos com ações preventivas e comportamentos que estabeleçam um convívio harmonioso. Se julgar pertinente, proponha perguntas sobre segurança, compartilhamento de dados e/ou informações, autoimagem, cyberbullying, respeito e direitos autorais para aprofundar o tema e estabeleça um diálogo para que a construção seja efetiva. Veja a seguir sugestões de questões que podem ser debatidas com os estudantes.

• Segurança: Você sabe como criar uma senha segura? Suas senhas de e-mail são as mesmas usadas em outros sites? Utiliza algum tipo de antivírus?

• Compartilhamento: Com quem você costuma compartilhar telefones de pessoas da família? Que tipo de f otografias e vídeos você compartilha? E com quem? Existe a possibilidade de esse conteúdo provocar algum problema? Você sabe como desativar a localização geográfica em um aparelho de celular? Você sabia que alguns softwares de reconhecimento facial podem encontrá-lo, mesmo que você não esteja marcado em uma fotografia?

• Autoimagem: Como você se sente quando está navegando na internet? Você fica mais feliz ou mais triste?

• Cyberbullying: Como você trata seus colegas em redes sociais ou aplicativos de mensagens? O que você escreve pode prejudicar alguém?

• Respeito: Como você se comporta? De maneira ética ou se esconde atrás do anonimato?

• Direitos autorais: Você cita as fontes ao utilizar conteúdo de terceiros?

Outro tema que poderá ser explorado é o conceito de cidadania digital, que está relacionado à ética na internet e à segurança da informação. Trata-se de uma postura cidadã diante do mundo, visando a uma atitude consciente e responsável ao utilizar ferramentas digitais.

Neste momento, o desenvolvimento do trabalho poderá ser feito de forma colaborativa com o professor de Língua Portuguesa, que poderá contribuir para as discussões sobre autoimagem e direitos autorais; o professor de Filosofia, que poderá contribuir com questões relacionadas à segurança da informação, compartilhamento de dados e informações, cyberbullying e respeito; e o professor de História, discutindo a manipulação da informação para fins políticos e trazendo exemplos de como isso foi feito ao longo da história.

Na continuidade, a discussão deverá abordar o tema das agências de checagem. Para combater a proliferação das fake news, as agências, inclusive jornalísticas, têm criado departamentos exclusivos que verificam a veracidade das notícias. Porém, essa é uma ocasião que demanda um esforço coletivo para a alfabetização e letramento digital. Esclareça aos estudantes que não basta ler o que é compartilhado. É preciso interpretar a intenção, saber de sua autoria e em que contexto está sendo utilizado. As ferramentas digitais devem se valer em favor da construção de uma cidadania plena.

Atividade Página 113

1. Respostas pessoais. Esse é um bom momento para propor aos estudantes que reconheçam e reflitam sobre seus hábitos e comportamentos relacionados à aquisição de informações e à maneira como isso pode torná-los suscetíveis às fake news e conflitos que podem ser gerados por elas. Solicite às duplas que registrem os dados levantados durante a conversa e, após a finalização desse processo, proponha a compilação dos dados gerais da turma para

análise do perfil apresentado pelo grupo. Aproveite o momento para que os estudantes compartilhem experiências de fake news que já presenciaram e como lidaram com elas. Neste momento, pode-se aprofundar com outras notícias falsas que destacam o mundo do trabalho e também buscar outras fontes oficiais de canais governamentais.

Organizando os trabalhos

Projeto – Fake news

Neste momento, você deverá propor a organização do trabalho do projeto. Oriente os estudantes para a montagem dos grupos de trabalho e início das pesquisas para estruturar a construção do painel. Os textos e atividades pr esen tes ao longo da Etapa 2 auxiliarão neste processo, mas é fundamental que os estudantes se organizem, nos respectivos grupos, para realizar as pesquisas necessárias.

Oriente os estudantes para que façam uma organização heterogênea de pessoas, pois diferentes habilidades serão requeridas nos grupos de trabalho (para realizar pesquisas diversas sobre fake news, desenhar, comunicar-se, apresentar o trabalho etc.). Além disso, reforce a importância de se aprender a trabalhar em grupo. Ao longo deste projeto, serão realizadas atividades em duplas e em grupo, mas é importante que os estudantes se organizem dentro do próprio grupo para compor as duplas.

Etapa 2: Saber e fazer

Os momentos desta etapa podem ser realizados na ordem que mais se adapte à realidade da turma e ser ampliados conforme a demanda dos estudantes.

Fake news: o que são, como

identificá-las e classificá-las

Neste momento, os estudantes serão apresentados à definição de fake news. Utilize o infográfico Como identificar fake news? para apresentar alguns elementos para identificação de uma notícia falsa. Para saber se uma notícia é falsa ou não, os estudantes precisam ter senso crítico ao receber qualquer conteúdo e, principalmente, antes de compartilhá-lo. Ler o título da reportagem ou notícia não é suficiente. É necessário clicar no link e ler a matéria integralmente. Nem sempre é fácil avaliar o que é verdadeiro ou não, e cada vez é mais comum as notícias falsas serem sofisticadas o suficiente para enganar o leitor. Por isso, é essencial que os estudantes aprendam ações básicas para identificar as fake news. Uma forma de fazê-lo é com a leitura dos passos destacados nesse infográfico. Apresen te as características que definem uma fake news e discuta a classificação proposta pelo site First Draft sobre os tipos de informações falsas. Aproveite a oportunidade para debater sobre o dano que cada tipo de informação falsa pode gerar: se, por um lado, a apresentação de uma sátira pode ser uma ferramenta para chamar a atenção para uma no tícia falsa (classificação 1), a criação de um conteúdo impostor, manipulado ou 100%

falso (classificações 5, 6 e 7) pode resultar em danos maiores, principalmente se contiver informações relacionadas à saúde. Uma proposta de trabalho em conjunto c om o professor de Língua Portuguesa é trazer para a classe alguns exemplos de fake news nas classificações propostas pelo First Draft e realizar, em aula, a proposta da atividade 1

Além disso, essa é uma excelente oportunidade para os estudantes agirem com responsabilidade e autonomia. Para desenvolver as atividades 1 e 2, eles deverão apresentar argumentos que justifiquem as classificações propostas. Como sugestão de atividade complementar, os grupos poderão elaborar um cartaz virtual com dicas para descobrir a veracidade de uma notícia. Sua distribuição poderá ser feita por meio do compartilhamento nas redes sociais ou outra mídia disponível na escola.

Outra alternativa é criar uma pequena agência de checagem de notícias que poderá funcionar não apenas durante o desenvolvimento do projeto, mas de maneira permanente na escola. Essa atividade permitirá aos estudantes que aprendam o passo a passo para descobrir se determinados boatos e determinadas notícias são falsos ou não. Essa atividade poderá ser desenvolvida em conjunto com diversos professores, pois a agência de checagem pode ser voltada para a investigação de notícias das áreas disciplinares. Essas e as demais atividades criadas ou propostas poderão ser utilizadas na elaboração do produto final. Se julgar oportuno, compartilhe com os estudantes um exemplo de agência de checagem que apresenta o trabalho jornalístico de forma prática.

• OLIVEIRA, I. Como funciona uma agência de checagem de fatos? Veja desafios para rebater fake news Terra , 15 jun 2023.

Disponível em: https://www.terra.com.br/byte/como-funcionauma-agencia-de-checagem-de-fatos-veja-desafios-pararebater-fake-news,5d297f6b51e4809b2a2686b0c5c32315ldqbvj ch.html. Acesso em: 14 out. 2024.

Atividades Página 117

1. Resposta pessoal.

2. a) e b) Resposta pessoal.

Espera-se que os estudantes busquem por notícias ou informações em sites de jornais, revistas, blogs ou tragam históricos de conversas de aplicativos de mensagens instantâneas e publicações em mídias sociais. Oriente os grupos para que cada um deles, se possível, pesquise sobre um tipo de notícia falsa.

Atividade complementar Página 117

Espera-se que os estudantes busquem por notícias ou informações em sites de jornais, revistas, blogs ou tragam históricos de conversas de aplicativos de mensagens instantâneas e publicações em mídias sociais. Oriente os grupos para que cada um deles, se possível, pesquise sobre um tipo de notícia falsa. Retome a seção Em foco para identificar uma agência de checagem que pode ser utilizada neste momento. A atividade proposta para os estudantes organizados em grupos de trabalho busca desenvolver o tema partindo da pesquisa e da argumentação. Se considerar adequado,

utilize a proposta para ampliar os conhecimentos dos estudantes que não atingiram os objetivos propostos nesta fase.

O conhecimento científico pode ser usado para combater fake news?

Neste momento, os estudantes iniciarão o contato com aspectos do conhecimento científico e sua produção e entenderão o papel da divulgação científica para combater fake news relacionadas à área de Ciências.

Fake news são perigosas em diversas situações; no entanto, ao utilizar-se de exemplos relacionados às Ciências, elas podem ser potencialmente perigosas, pois podem desde prometer a cura de doenças, utilizando justificativas científicas, até propagar notícias falsas para tratamentos de saúde ou questionar soluções e métodos amplamente aceitos de tratamento, como as vacinas. Portanto, apropriar-se do conhecimento científico e ser autônomo o suficiente para analisar informações duvidosas que trazem argumentos deste conhecimento é fundamental para identificar fake news de Ciências.

A leitura do item Produção do conhecimento científico traz elementos e características de como o conhecimento científico se desenvolve. Enfatize que não existe uma forma única para produzi-lo e que ele não é inquestionável. Teorias e modelos são desenvolvidos e substituídos por concepções vigentes. Reforce a diferença entre os diferentes profissionais que fazem parte dessa construção, de cientistas, a divulgadores e jornalistas.

Neste momento, sugerimos que o trabalho seja feito de forma conjunta com os professores de Física e Química. Em cada uma dessas áreas, os professores podem contribuir apresentando exemplos que ilustrem a mudança de paradigmas de concepções da área. Uma proposta de ampliação é trazer discussões sobre a História da Ciência. A seguir, apresentamos uma referência que pode ser utilizada para embasar essa discussão.

GURGEL, I. Sobre a importância da História das Ciências. Jornal da USP, São Paulo, 1 nov. 2017.

Disponível em: https://jornal.usp.br/artigos/sobre-aimportancia-da-historia-das-ciencias/. Acesso em: 14 out. 2024. A divulgação científica configura uma importante vertente da divulgação do conhecimento científico. A leitura do item A importância da divulgação científica, e dos dois exemplos de um texto de mesmo assunto escrito em diferentes linguagens, possibilita discutir o papel da divulgação científica e caracterizar a sua importância. Como referência de leitura ou sugestão de complemento para os estudantes, sugerimos a obra:

• VOGT, C.; GOMES, M.; MUNIZ, R. (org.). ComCiência e divulgação científica. Campinas: Unicamp, 2018.

Disponível em: http://www.comciencia.br/wp-content/ uploads/2018/07/Livro-ComCiencia.pdf. Acesso em: 14 out. 2024.

Na parte II dessa obra, constam exemplos de questões relacionadas ao desenvolvimento da Ciência no Brasil que podem ser utilizadas como proposta de ampliação para discutir o texto Seis em cada dez brasileiros têm interesse

em temas de ciência e tecnologia, aponta levantamento. Já a parte III desse livro propicia o debate sobre a importância dos centros de ciências do Brasil, que se propõem a dialogar com a comunidade, esclarecendo e debatendo questões de Ciências para o grande público.

A leitura dos dados apresentados pelo infográfico As principais fontes de informação e pelo gráfico Frequência no contato com desinformação possibilita a compreensão de como a dificuldade em verificar a veracidade de informações relacionadas às Ciências pode contribuir para a proliferação de fake news dessa área. As afirmações presentes no infográfico podem ser discutidas oralmente, em aula. Uma proposta é que os estudantes se posicionem sobre as afirmações apresentadas. Neste momento, poderão ocorrer conflitos e divergência de opiniões. Estimule o diálogo e as discussões e conduza-as para que elas sejam feitas de forma respeitosa.

Atividades Página 122

1. Resposta pessoal. Oriente os estudantes para que concluam que a Ciência não é irrefutável e que o conhecimento científico é produzido de forma contínua. Exemplos como a Teoria da Relatividade, a Teoria Quântica e a Teoria da Evolução ilustram como as concepções científicas são alteradas ao longo do tempo.

2. Resposta pessoal. Os estudantes podem trazer exemplos disciplinares que indicam algumas diferenças do fazer científico ao longo da história. Exemplos como a forma colaborativa de pesquisa, reunindo diversos países, podem ser citados como uma diferença, se comparada com hábitos anteriores, em que a produção científica era restrita a algumas universidades.

3. Resposta pessoal. Alguns institutos de pesquisa e sites de universidade possuem canais para divulgação científica. Diversos pesquisadores atuaram ou atuam nesta área, com a publicação de livros, revistas, sites , podcasts , canais na internet etc. Além disso, em algumas cidades brasileiras existem museus dedicados à propagação e difusão da Ciência.

4. Resposta pessoal. Indique que a consulta de informações relacionadas à área de Ciências da Natureza pode ser feita utilizando meios de comunicação de divulgação científica ou que a conferência de informações duvidosas pode ser feita usando esses locais como referência para consulta.

A importância do diálogo no ato de combater fake news

Muitas situações de conflito se originam quando as diferenças de opiniões que se apresentam em um grupo não são aceitas e respeitadas. Lidar com o diferente pode não ser uma tarefa simples, mas é fundamental para o convívio em uma sociedade democrática e para o mundo do trabalho.

No item Mediação de conflitos e cultura de paz, é importante debater com os estudantes aspectos relacionados às formas como lidar com situações de conflito em sala de aula. O trabalho atrelado à mediação de conflitos e à cultura

de paz trata-se de uma prática que possibilita atuar com os conflitos internos da escola e extrapolar para outras situações comuns no dia a dia.

Uma alternativa para lidar com conflitos de maneira pacífica e conciliadora é contar com a atuação de um mediador. Por ser uma figura imparcial, o mediador facilita o diálogo em uma situação que demanda a conciliação de diferentes opiniões. Desse modo, as pessoas envolvidas no conflito conseguem, com o auxílio do mediador, chegar a um consenso e alcançar soluções para suas demandas de forma positiva.

Neste momento, sugerimos que o desenvolvimento de todos os itens que compõem esse tópico seja feito de forma colaborativa com o professor de Filosofia, que poderá trazer diversas contribuições sobre a importância do diálogo e formas de lidar com as diferenças.

O texto a seguir mostra como a cultura de paz pode ser trabalhada em diferentes âmbitos da sociedade, como a educação para o trânsito, e pode ser apresentado de forma complementar ao texto da ONU.

A cultura de paz no trânsito [...]

Para a saúde pública, a violência reflete impactos. Dentre as principais causas de óbito por acidentes e violência, destacam-se as agressões, homicídios e mortes provocadas pelo trânsito, quedas, acidentes de trabalho e suicídios. Crianças, adolescentes e jovens estão entre as principais vítimas de violências e acidentes na vida cotidiana nos quatro cantos do planeta.

O trânsito aparece nesse contexto como uma causa principal de violência. O agravamento da violência no tráfego das vias públicas levou as Nações Unidas a proclamar a Década de Ação pela Segurança no Trânsito 2011/2020; propondo, mais uma vez, ações integradas para em um primeiro momento estabilizar o quadro atual e progressivamente reduzir os alarmantes números da violência no trânsito.

[...]

Neste contexto, o processo de educação de Trânsito deve efetivamente trabalhar para atuação em valores, atitudes e comportamentos, promovendo ações entre os mais variados atores, buscando princípios na Cultura da Paz e contribuindo para uma efetiva mudança a caminho do que reza a Declaração Universal dos Direitos Humanos, assinada em 1948, que em seu artigo 26, estabelece que todo o ser humano tem direito à educação, que deve ter como objetivo o pleno desenvolvimento da pessoa, fortalecendo o conjunto de diversos direitos humanos e das liberdades fundamentais

[...]

Construir a base segura para um futuro menos violento, estatísticas com menores índices de mortalidade e invalidez e custos na saúde muito inferiores aos níveis atuais e em escala ascendente fortalece os anseios por melhoria da qualidade de vida, mais segurança no trânsito, conduta mais cidadã e muito maior justiça e equilíbrio social.

MANTOVANI, R. A cultura de paz no trânsito. Portal ONSV, 14 dez. 2015. Disponível em: https://www.onsv.org.br/ comunicacao/artigos/a-cultura-de-paz-no-transito. Acesso em: 14 out. 2024.

A figura do mediador pode ser ampliada para outros membros da equipe de professores e, principalmente, de estudantes. Uma sugestão é implementar na escola o Projeto Escola de Mediadores, que consiste na escolha de um representante que será um facilitador de decisões, ou seja, deve agir com imparcialidade e deixar que as partes envolvidas cheguem às suas soluções. Por ser uma atitude fundamental para ser aplicada ao longo da vida, os estudantes devem ser encorajados a desempenhar esse papel.

Nesse contexto, o trabalho com o item Práticas restaurativas e comunicação não violenta contribui para o tratamento de debates oriundos de situações de conflitos. Os textos desse item e do próximo, O diálogo na resolução de problemas, podem ser discutidos em sala de aula e ampliados, caso os estudantes sejam orientados a realizar uma pesquisa sobre o assunto. A seguir, sugerimos uma referência que poderá ser utilizada e discutida em sala de aula neste momento do projeto.

• JUSTIÇA Juvenil Restaurativa e Práticas de Resolução Positiva de Conflitos. Fortaleza: Terre des Hommes, 2013. Disponível em: https://www.mpmg.mp.br/data/files/1C/47/ CF/94/65A9C71030F448C7860849A8/Justica%20Juvenil%20 Restaurativa%20e%20Praticas%20de%20Resolucao%20 Positiva%20de%20Conflitos.pdf. Acesso em: 14 out. 2024.

Para concluir o trabalho com esses itens, reforce com os estudantes que as práticas restaurativas são procedimentos e atividades proativas que podem colaborar para a prevenção e a resolução de conflitos, evitando assim a violência e garantindo o desenvolvimento das boas relações no espaço escolar. É por meio do diálogo, dos círculos de paz e das reuniões restaurativas (rodas de conversa, mediações, círculos de diálogos e círculos restaurativos) que orelacionamento na escola, na família e na comunidade pode melhorar.

Para finalizar, articule esses itens com a proposta do projeto, que é o debate acerca das fake news. Utilize a atividade 1 para estimular a postura de um mediador ou um grupo de mediadores durante o desenvolvimento da atividade. Na realização do debate, estimule o diálogo e o respeito entre os integrantes dos grupos. Este é o momento para que eles vivenciem uma situação hipotética de conflito, mas que poderá gerar conflitos reais, seja por acreditarem em notícias falsas de Ciências ou por adotarem uma defesa que não seja construída de forma conciliadora e democrática. Neste momento, caso julgue necessário, retome os itens estudados neste tópico.

Atividade Página 125

1. Essa atividade poderá atuar como um exemplo de mediação de conflitos. Uma sugestão é que este debate ocorra em duas aulas, para que os estudantes tenham tempo de realizar a conferência das notícias. Os grupos deverão trazer para a discussão exemplos de notícias falsas e verdadeiras que promovam a dúvida nos demais colegas. Caso

seja necessário, sugira alguns exemplos de notícias que podem ser utilizados.

• Brasil. Ministério da Saúde. Saúde com ciência. Brasília, DF, 2024.

Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/ saude-com-ciencia. Acesso em: 14 out. 2024. Neste momento, você deverá atuar como mediador de possíveis conflitos que possam ocorrer durante a exposição das ideias dos grupos. Quais justificativas eles apresentam para classificar as notícias em verdadeiras ou falsas? Eles utilizaram mecanismos de busca de veracidade das informações para classificá-las? Qual(is)? De que maneira o exercício realizado por eles pode ser extrapolado para situações reais de recebimento ou compartilhamento de informações falsas? Como agir nessas situações? Aproveite este momento para explorar também aspectos de ética, cultura de paz e respeito a valores democráticos. A seguir, apresentamos uma referência que pode auxiliar no estímulo ao desenvolvimento de atitudes respeitosas em situações de conflito.

BRASIL. Ministério Público Federal. Diálogos e mediação de conflitos nas escolas: guia prático para educadores. Brasília, DF, 2014.

Disponível em: https://www.cnmp.mp.br/portal/images/ stories/Comissoes/CSCCEAP/Di%C3%A1logos_e_ Media%C3%A7%C3%A3o_de_Conflitos_nas_Escolas_-_Guia_ Pr%C3%A1tico_para_Educadores.pdf. Acesso em: 14 out. 2024.

Ressalte a necessidade de atitudes e posturas que garantam a ordem durante um momento de debate de um tema, como pedir a palavra ao iniciar uma fala, esperar o momento de fala, expressar-se de forma clara, respeitar opiniões e ideias divergentes.

Sugerimos que, após o término da rodada, os estudantes armazenem as notícias falsas, pois elas poderão servir na montagem do painel, seja para explicar todo o processo de identificação das fake news, quais as consequências que elas podem causar, até para estruturar como se comportar diante desse conflito e como o conhecimento científico pode servir de argumento para atestar ou refutar as informações analisadas.

Fake news que parecem verdade

Muitas fake news apresentam características semelhantes às das notícias de veículos de comunicação e são cuidadosamente elaboradas justamente para gerar dúvidas e passar uma imagem de suposta credibilidade. Acreditamos que neste momento o trabalho poderá ser feito de forma colaborativa com o professor de Língua Portuguesa, que poderá contribuir com características e informações sobre o gênero jornalístico notícia. O item Estrutura de um texto jornalístico pode ser utilizado para conduzir essa discussão.

Uma sugestão de atividade complementar é propor a utilização do modelo da imagem que representa uma notícia falsa e desenvolver uma manchete que simule a intenção de venda de um produto falso de saúde, um artefato tecnológico ou um alimento; por exemplo: “suplemento

alimentar elimina gordura da barriga sem parar de comer doce”; “aplicativo promete o fim do ronco”; “comer macarrão verde equivale a um prato de alface” etc.

O objetivo é chamar a atenção do leitor e seduzi-lo, induzindo-o a acreditar que se trata de uma mensagem correta. Os grupos deverão apresentar ao restante da turma as manchetes criadas. Peça que guardem esses materiais, pois eles poderão compor o painel informativo do produto final, acompanhados por argumentos que contestem a veracidade das informações expostas.

Depois da identificação dos elementos de uma notícia, peça aos estudantes que comparem com a estrutura de uma notícia falsa para confirmar se estão presentes as mesmas características. Caso seja necessário, realize a leitura em conjunto do texto da reportagem Loja revende produtos afetados pela enchente do Rio Grande do Sul para que eles observem as características de notícias falsas utilizadas com o propósito de confundir o leitor.

Atividade Página 127

1. Resposta pessoal. A notícia falsa retrata uma suposta notícia sobre a venda de produtos afetados pelas enchentes no Rio Grande do Sul a preço de custo. A falsa matéria afirma que o comércio teria feito uma compra dos pneus de áreas afetadas pelas enchentes para vender no varejo. Ao final da falsa matéria, há um botão que, ao ser clicado, o usuário é redirecionado para outro site de uma falsa loja com dados inconsistentes.

Atividade de ampliação

Resposta pessoal. Os estudantes podem pesquisar nas agências de checagem citadas na seção Em foco e retomar as características de definições do gênero jornalístico notícia para classificar e justificar as notícias falsas. Novamente, este momento pode proporcionar conflitos devido à divergência de opiniões dos grupos ou integrantes dos grupos quanto às notícias pesquisadas. Sempre que isso ocorrer, estimule o respeito à fala e à divergência de opiniões.

Avaliando notícias de Ciências

Neste momento, sugerimos o trabalho em conjunto com os professores de Física e Química, que poderão complemen tar os exemplos dados nos balões informativos apresentados na imagem das páginas 128 e 129 com outros exemplos de fake news relacionadas à própria área disciplinar. Sugerimos, para uma discussão mais aprofundada, a leitura e análise dos textos a seguir. O primeiro é uma ideia legislativa para que o uso do termo “quântico” seja utilizado apenas para se referir à Física e suas áreas; ooutro trata da associação da palavra “química” a algo negativo.

Proibir uso do termo “quântico(a)” em serviços que não são relacionados à Física e suas áreas

A quântica é área de estudo da física que tem como objetivo estudar os fenômenos ocorridos a nível atômico e subatômico. Recentemente, o termo vem sendo

utilizado de maneira inapropriada por pessoas que se dizem profissionais, vendendo produtos e ideias que não possuem nenhum respaldo científico.

A palavra quântica vem do latim “quantum” e diz respeito à quantização de energia, isto é, a quantidade de energia envolvida em processos atômicos e subatômicos. Serviços como “cura quântica”, “terapia quântica”, fazem uso completamente equivocado do que diz respeito à energia e vibração de átomos para venderem serviços que não passam de charlatanismo, causando imenso prejuízo em inúmeras vidas.

BRASIL. Senado Federal. Proibir uso do termo “quântico(a)” em serviços que não são relacionados à física e suas áreas. E-cidadania Brasília, DF. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/ecidadania/ visualizacaoideia?id=123420. Acesso em: 14 out. 2024.

Química é sempre boa [...] Já há muito tempo a imagem da Química vem sendo desgastada, devido às associações com desastres ecológicos e também pelo excesso de uso da palavra química como um verbete popular. Essa palavra tornou-se sinônimo de algo nocivo – por exemplo, quando alguém diz que este ou aquele produto tem “química”, já está embutida a conotação de ruim. Só popularmente na química do amor é que a conotação é positiva, quando alguém diz que há uma química entre duas pessoas. Neste caso, não houve necessidade de dizer uma “química boa”, pois na terminologia do amor a química é sempre boa. [...]

FERREIRA, V. F. Química é sempre boa. Química Nova, v. 30, n. 2, p. 255, 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/qn/v30n2/00.pdf. Acesso em: 14 out. 2024.

Lembre aos estudantes que a estrutura de uma notícia e o percurso que eles fizeram para identificar as fake news neste formato serão importantes elementos para montar o painel do projeto, pois são recursos para orientar as pessoas na identificação de elementos falsos em notícias e informações.

Caso haja conflitos em razão das discordâncias sobre as notícias consideradas falsas e as notícias consideradas verdadeiras, assuma o papel de mediador, a fim de que os estudantes consigam chegar a um acordo sem que haja ofensas e discussões mais exaltadas.

Atividades

Página 129

1. Respostas: Textos verdadeiros, da esquerda para a direita: 2, 4 e 7. Textos falsos: 1, 3, 5, 6, 8, 9, 10, 11 e 12.

2. Resposta pessoal. Estimule atitudes de escuta e fala respeitosa. Promova o debate saudável e medeie possíveis conflitos resultantes das diferentes opiniões.

3. Resposta pessoal. A exposição das opiniões dos grupos e o debate deverão ser realizados de forma organizada e respeitosa. É provável que haja conflitos de opiniões sobre as informações dos balões. Ao final da conversa, revele quais são as notícias falsas, justificando-as. Caso necessário, faça o mesmo com as afirmações verdadeiras.

Fake news que ameaçam a saúde

Boatos relacionados aos temas de saúde encontram na internet e, principalmente, nas redes sociais, o ambiente perfeito para se espalhar. Por isso, é necessário o combate à desinformação por meio da análise de notícias e o estímulo ao senso crítico.

O movimento antivacina é um exemplo perigoso de como a propagação de notícias falsas pode ser danosa à saúde. Aparentemente, a decisão de não tomar vacina pode não trazer prejuízo na esfera individual, mas trará coletivamente, pois vacinar-se é uma questão de saúde pública. Utilize o infográfico da página 131 para discutir o conceito de “imunidade coletiva”, fundamental para a eficácia em um programa de vacinação.

Esse momento pode causar discordâncias de opiniões, considerando principalmente a possibilidade de algum estudante carregar a ideia de que não se vacinar é a melhor decisão. Por isso, esteja atento para mediar o debate e abordar o assunto de maneira adequada para evitar conflitos e preservar as relações. Direcione a discussão para que os próprios estudantes encontrem uma forma de conciliar as opiniões divergentes, enfatizando a importância de utilizarem conhecimentos científicos para embasar argumentos apresentados nessa discussão. Caso seja necessário, interfira em situações em que não ocorra uma discussão pacífica e saudável.

Atividades Página 132

1. Resposta pessoal. Os estudantes podem mencionar o movimento antivacina como um exemplo de saúde pública afetada pela disseminação de fake news. É possível que alguns dos estudantes não tenham o cartão de vacinação em dia por motivos diversos. Nesses casos, reforce a importância da vacinação. Caso algum(ns) deles comente(m) sobre a ineficácia das vacinas ou atrele(m) problemas de saúde a elas, argumente a importância dessa prática trazendo exemplos de análises realizadas por institutos e médicos.

2. Resposta pessoal. Recentemente (no final de 2019), o Brasil enfrentou um surto de sarampo, consequência de um quadro de diminuição da quantidade de pessoas vacinadas (imunizadas). O site da Fundação Oswaldo Cruz apresenta várias informações e notícias sobre vacinas e pode ser acessado pelo endereço indicado a seguir.

• F UNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Disponível em: portal. fiocruz.br/. Acesso em: 14 out. 2024.

Esteja ciente de que nesse momento podem surgir divergências de opiniões entre os estudantes. Dê espaço para que todos possam expor suas perspectivas sobre o assunto. É importante que eles se sintam respeitados, valorizados e ouvidos sem julgamentos, por meio da empatia e da consideração ao outro.

3. Resposta pessoal. Os grupos poderão pesquisar nos sites de checagem listados na seção Em foco. Para a construção do material ilustrativo, eles deverão utilizar a criatividade. O modelo apresentado no Livro do Estudante pode ser usado como referência, mas os estudantes podem pensar em outras estratégias para desenvolver esse material. As

produções realizadas nesta atividade podem ser retomadas na Etapa 3, para serem expostas no painel elaborado pela turma.

P roduto final

Etapa 3: Para finalizar

Painel: informando e propondo soluções

Neste momento, serão apresentadas aos estudantes sugestões e instruções de como construir o painel. Para isso, será necessário retomar alguns itens trabalhados ao longo do projeto: o que são fake news, como identificá-las, exemplos de fake news e como combatê-las utilizando estratégias pacíficas e conciliadoras.

Elaborando e montando o painel

Inicie esse tema discutindo a proposta de comunicação que será realizada neste painel. Os grupos deverão se organizar para realizar as tarefas necessárias. Seria interessante eleger um representante de cada grupo para compartilhar o andamento do painel, se possível por meio das mídias sociais da escola. Isso possibilitará que familiares e colegas acompanhem os bastidores, despertando o interesse sobre o assunto discutido. Além de provocar engajamento da comunidade escolar por meio da participação de comentários e sugestões, os estudantes serão responsáveis pela informação transmitida e contribuirão para ajudar a sociedade a desenvolver habilidades para ler mais criticamente conteúdos que recebem virtualmente.

Caso julgue necessário, faça uma observação geral da estrutura do painel e defina com os estudantes como será o layout do projeto. Os pontos destacados no infográfico O que considerar durante a elaboração de um painel? podem servir como referência nessa elaboração. Determinem o tamanho, os tipos de materiais que serão usados, as fontes, se haverá fotografias, gráficos e como será a linguagem. Lembre-os de que a função do painel é comunicar as informações trabalhadas ao longo deste projeto e que, para isso, o cuidado com a linguagem utilizada e o uso de recursos visuais são bem-vindos; por isso, esse momento pode ser feito de forma colaborativa com os professores de Língua Portuguesa e Arte. Os estudantes podem, inclusive, fazer uso de ferramentas digitais, utilizando sites gratuitos para diagramação e para pesquisar exemplos de painéis já produzidos. Esses elementos são essenciais para criar uma harmonia e continuidade estética para o projeto. As sugestões podem ser utilizadas como referência para a construção do material.

• Precisa ter um título e evidenciar quem foram seus autores.

• Os elementos que serão apresentados podem ser vários. Cartazes feitos com cartolinas, banners elaborados com uso de softwares e impressos, fotografias, colagens diversas ou mesmo a pintura feita diretamente em uma base de painel são alguns exemplos.

• A base pode ser diversa, de acordo com os materiais que serão expostos: uma parede ou muro da escola que esteja disponível, tecidos de lençóis (por exemplo) ou TNT.

Produção dos conteúdos

Para o desenvolvimento desse tópico, é essencial que o professor seja o mediador, desde a organização dos grupos até o monitoramento interno de cada equipe, para que todos trabalhem em harmonia e cooperação.

Explique as funções de cada grupo e auxilie a retomada dos temas correspondentes que os estudantes trabalharam ao longo da Etapa 2.

Por envolver trabalho em grupo, é possível que conflitos surjam devido à divisão de tarefas ou mesmo à divergência de opiniões quanto à forma de apresentar as informações etc. Retome aspectos relativos à comunicação não violenta, mediação de conflitos, cultura de paz e práticas restaurativas. Lembre aos estudantes que esses itens são necessários no painel, mas também durante o desenvolvimento das atividades para a construção dele.

Exposição do painel

É essencial que o local pretendido seja apresentado e sua escolha seja decidida com a diretoria da escola. O espaço deve ser amplo, plano, protegido da chuva e do vento e com grande circulação de pessoas.

É possível transformar a exposição dos painéis em uma atividade interativa, na qual os visitantes sejam convidados a narrar situações de conflitos que já vivenciaram, relacionadas ou não às fake news. O momento é propício para explorar os conhecimentos sobre práticas mediadoras de conflitos adquiridos ao longo deste projeto. Os estudantes, com seu auxílio, podem orientar os visitantes a respeito de como atuar nessas situações de conflito. Se julgar apropriado, proponha que esta atividade interativa seja feita com o auxílio de ferramentas digitais.

Para ampliar ainda mais o alcance do projeto e causar impacto além da comunidade escolar, os estudantes podem organizar outras maneiras de divulgação. Uma sugestão é a criação de um programa de podcast com vários episódios: sobre fake news; consequências de falsas informações relativas à saúde; comunicação não violenta etc., considerando os temas estudados ao longo do projeto e outros de interesse da turma.

Avaliação

Com relação às avaliações, realize-as de acordo com o que julgar pertinente, levando em conta o comportamento e a participação dos estudantes durante o desenvolvimento do projeto. As questões sugeridas podem ser ampliadas ou outras podem ser incluídas para que o quadro avaliativo se adeque a sua realidade escolar.

Se considerar adequado, evidencie para os estudantes que as principais características do mundo do trabalho relacionado com a Mídia Digital. Nesse sentido, é importante destacar que esses profissionais oferecem serviços para empresas privadas ou organizações públicas

desenvolvendo e propagando informações em sites, portais, revistas, jornais, redes sociais, canais e emissoras de rádio e TV, entre outros meios digitais. Sobre a divulgação científica, citada durante o projeto, no painel é interessante destacar que a principal finalidade é disseminar e democratizar o conhecimento científico para os cidadãos.

Evidencie também que as profissões ligadas à tecnologia e a internet apresentam grandes perspectivas de crescimento, a partir do notável crescimento de seu uso, principalmente nas empresas do setor de marketing de qualquer segmento que pretendem proporcionar conteúdos interessantes para o público.

Os quadros, localizados ao final do projeto, podem ser utilizados para a autoavaliação e para a avaliação do estudante pelo professor. Você pode marcar uma conversa om cada estudante para discutir os itens desses quadros. Busque sempre o consenso. O preenchimento dos quadros pode ser feito gradualmente, à medida que o projeto for desenvolvido ou ao final, após a elaboração de um painel informativo sobre fake news

Planejamento

A seguir, apresentamos uma sugestão da quantidade de aulas destinadas a cada uma das etapas para que o projeto seja trabalhado ao longo de um semestre. Consideramos uma aula por semana destinada ao projeto.

Caso seja mais adequado para a sua realidade escolar, o projeto pode ser desenvolvido ao longo de um bimestre ou trimestre. Para isso, basta rever o total de aulas destinadas ao projeto por semana.

Sugestão de cronograma

Sugerimos que este projeto seja dividido em três etapas e desenvolvido em 16 aulas, distribuídas ao longo de um semestre, como indicado a seguir.

Cronograma geral

Etapa 1 2 aulas

Etapa 2 9 aulas

Etapa 3 5 aulas

Etapa 1: Vamos começar

Na Etapa 1, são identificadas as habilidades e os conhecimentos prévios dos estudantes. Com isso, é possível diagnosticar as afinidades e as possíveis dificuldades dos estudantes em relação aos temas que serão tratados no decorrer da investigação.

Na aula 1, ocorrerá a apresentação geral do tema do projeto e se iniciará a discussão sobre a temática das fake news no tópico Conversa inicial. As atividades podem ser debatidas nos grupos de trabalho durante essa primeira aula.

A aula 2 poderá ser iniciada com a discussão do acesso à informação e a desinformação, da seção Em foco, que

poderá, inclusive, ser feita em grupo. O último item da atividade 1 pode servir como diagnóstico para a compreensão de como os estudantes lidam com informações de Ciências. Ao final desta aula, é importante solicitar aos estudantes a divisão em grupos de trabalho, conforme os itens apresentados na seção Organizando os trabalhos

Etapa 2: Saber e fazer

A Etapa 2 é realizada ao longo do processo de investigação. Ela é formativa e ocorre a partir de textos e atividades, onde os estudantes são convidados a desenvolver e compartilhar os conhecimentos necessários para a elaboração do produto final.

Nas aulas 3 a 11, os estudantes entrarão em contato com informações diversas sobre fake news. Para o tópico inicial, Fake news: o que são, como identificá-las e classificá-las, recomendamos dedicar a aula 3. Ao final da aula, peça que façam, em casa, as pesquisas necessárias para responder às atividades 1 e 2

Para trabalhar o tópico O conhecimento científico pode ser usado para combater fake news?, sugerimos duas aulas. Na primeira delas, a aula 4, inicie com a retomada das questões pesquisadas na aula anterior. Reserve um momento para discutir aspectos relacionados às notícias falsas localizadas pelos grupos e as classificações adotadas por eles.

Ainda na aula 4, discuta o item Produção do conhecimento científico. Antecipadamente, traga exemplos para serem discutidos em sala de aula, com indicações de universidades e centros de pesquisas que desenvolvem ciência no Brasil. Ilustre essas informações com exemplos de cientistas brasileiros e pesquisas desenvolvidas por eles. Apresente também exemplos de trabalhos colaborativos desenvolvidos em centros de pesquisas de outros locais do mundo.

Dedique a aula 5 para discutir A importância da divulgação científica. Peça aos estudantes que façam a leitura do texto apresentado nesse tópico e reforce, se necessário, a definição de divulgação científica.

Na continuidade dessa aula, faça a leitura do item A percepção da Ciência pelos jovens. Aproveite este momento para ouvir a opinião dos estudantes sobre a Ciência e verifique se eles possuem considerações semelhantes às apresentadas nos gráficos. Por fim, peça a eles que reflitam sobre a atividade 1 e, ao final da aula, de forma oral, compartilhem com o restante da turma a opinião que têm sobre o assunto. Em grupo, peça que comentem sobre a atividade 4 e, se necessário, sistematize as opiniões levantadas. Elas poderão ser retomadas para a composição do produto final. Peça aos estudantes que realizem, em casa, as pesquisas necessárias para responder às atividades 2 e 3.

As aulas 6 a 8 serão dedicadas para trabalhar o item A importância do diálogo no ato de combater fake news. Inicie a aula 6 retomando a pesquisa solicitada na aula anterior. As fontes de divulgação científica poderão compor o produto final, desde que feita uma curadoria, que poderá ser desenvolvida durante a realização da Etapa 3 deste projeto.

Continue a aula 6 com a leitura dos itens Mediação de conflitos e cultura de paz e Práticas restaurativas e comunicação não violenta. Caso julgue pertinente, peça aos estudantes que relatem algum caso de comunicação violenta que tenha ocorrido com eles e solicite-lhes que proponham uma solução hipotética para o caso, considerando as práticas de comunicação não violenta.

Inicie a aula 7 com a leitura do item O diálogo na resolução de problemas. Faça um paralelo entre os itens estudados nesta aula e na anterior, que tratou da problemática das fake news.

Dedique o restante dessa aula para explicar como será o debate. Os estudantes deverão realizar pesquisas para compor as notícias verdadeiras e falsas. Durante a execução do debate, eles poderão utilizar as estratégias desenvolvidas para trabalhar o conflito, o diálogo e a sua resolução.

A aula 8 deverá ser dedicada integralmente ao debate. Sugira um tempo curto para a discussão da primeira rodada de apresentação de cada grupo. Após cada apresentação, você ou outro membro da turma, escolhido de forma democrática, deverá registrar a opinião dos grupos sobre a veracidade das informações. Dedique alguns minutos para que os grupos discutam e cheguem a um consenso sobre a opinião. A segunda rodada (em que os grupos revelarão a veracidade ou falsidade das informações) também deverá ter um tempo curto de exposição. A sugestão é que boa parte do tempo dessa aula seja dedicado para a discussão da classificação dada pelos grupos acerca das notícias apresentadas. Para a aula 9, discuta o item Fake news que parecem verdade. A leitura do tópico Estrutura de um texto jornalístico possibilita tirar eventuais dúvidas da identificação de uma notícia falsa. Em aula, peça aos estudantes que discutam a atividade 1 e, para casa, que façam as pesquisas necessárias para realizar a atividade de ampliação. As informações obtidas podem ser utilizadas no painel e deverão ser ompartilhadas entre todos os integrantes da turma.

A aula 10 deverá ser dedicada à discussão do item Avaliando notícias de Ciências. Os estudantes deverão realizar as leituras dos textos disponíveis nos balões da imagem apresentada nas páginas 128 e 129 e classificá-las em verdadeiras ou falsas. Nos grupos, deverão compartilhar impressões sobre as afirmações. Ao final da atividade, cada um dos balões deverá ser discutido para que os estudantes avaliem se concluíram corretamente ou não.

Na aula 11, deverá ser discutido o item Fake news que ameaçam a saúde. O movimento antivacina deverá ser debatido ao longo dessa aula. Entre as atividades presentes nesse item, sugerimos a discussão da atividade 1. Para casa, os estudantes deverão realizar as pesquisas das atividades 2 e 3, e esta poderá ser utilizada no painel informativo.

Etapa 3: Para finalizar

A Etapa 3 é somativa, nela os estudantes desenvolvem o produto final partindo dos conhecimentos adquiridos em todas as etapas anteriores.

A aula 12 pode ser utilizada para a discussão inicial do painel. Utilize o item Elaborando e montando o painel para

destacar os elementos necessários que ele deverá conter. Na sequência, poderá ser discutido o item Produção dos conteúdos. Utilize as sugestões de como dividir os trabalhos entre os grupos e, se for necessário, adapte a divisão dos grupos ao contexto da turma. Os grupos deverão realizar as pesquisas em casa ou retomar as pesquisas que foram desenvolvidas ao longo de todo o projeto e adequá-las para serem expostas. As aulas 13 e 14 deverão ser utilizadas para sistematizar as informações, corrigir dados apresentados (se necessário) e validar todas as pesquisas que os estudantes fizeram.

A aula 15 poderá ser utilizada para a escolha dos elementos que comporão o painel e sua respectiva organização. Dedique a aula 16 para a montagem do painel, mas, caso ele fique em um espaço que demande muito trabalho na sua execução, utilize também a aula 15 para esse fim ou reorganize as aulas dedicadas a essa etapa.

Projeto 5 Água da chuva: é possível utilizá-la?

Síntese do Projeto

Temas Contemporâneos Transversais:

• Educação ambiental, Educação para o consumo, Ciência e tecnologia, Trabalho e Saúde.

Componentes Curriculares:

• Líder: Ciências da Natureza e suas Tecnologias – Física, Química e Biologia

• Outros perfis disciplinares: Matemática e suas Tecnologias – Matemática; Ciências Humanas e Sociais Aplicadas – Geografia e História; Linguagens e suas Tecnologias – Arte

Objetos do Conhecimento:

• Vida e evolução, Leitura e interpretação de tabelas e gráficos, Biodiversidade e ciclo hidrológico, Tempo e espaço.

Produto Final:

• Desenvolvimento de uma proposta de sistema de captação de água da chuva.

Introdução

O acesso à água de qualidade é uma realidade distante para muitas pessoas. Dados da ONU (Organização das Nações Unidas). Dados como esses ilustram as diferentes formas com que as pessoas podem ser afetadas devido à dificuldade de seu acesso.

Além da ingestão pelos seres humanos, a água é imprescindível para o funcionamento de diversos setores, como a indústria, a mineração, a energia e a alimentação. Por isso, adquirir hábitos conscientes a respeito de seu uso é fundamental.

Neste projeto, as questões centrais discutidas tratam da importância da água como recurso essencial e das estratégias que podem ser desenvolvidas para que sua utilização seja feita de forma consciente e sustentável. Para isso, serão trabalhados dados e conceitos diversos que subsidiarão os estudantes para a realização do produto final, no qual, integrando conhecimentos deverão atuar de forma criativa e apresentar uma proposta de sistema de captação e/ou armazenamento de água da chuva.

Destacamos que possíveis parcerias podem ser buscadas para verificar a possibilidade da efetivação de uma proposta. O diálogo com outros públicos deve ser incentivado e o estudante deverá construir, ao longo do desenvolvimento deste projeto, argumentos consistentes para justificar este trabalho de forma colaborativa com a comunidade externa à escola. Se a falta de água for um problema na sua região, ela é um problema para todos; assim, uma proposta de sistema de captação de água poderá gerar um benefício comum. Mesmo em realidades em que o acesso à água não seja um problema local, reutilizar a água proveniente da chuva destinando-a a situações que não requerem o uso de água potável estimula uma postura cidadã e promove uma atitude sustentável.

A BNCC neste projeto

Este projeto proporciona oportunidades de desenvolver competências gerais da BNCC, bem como competências específicas e habilidades de todas as áreas do conhecimento.

A seguir estão apontados os códigos das habilidades e competências desenvolvidas neste projeto.

Competências gerais da BNCC: 1, 2, 7 e 10

Competências específicas e habilidades:

Área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias:

• competência específica 3: EM13CNT301, EM13CNT302 e EM13CNT310

Área de Linguagens e suas Tecnologias:

• competência específica 3: EM13LGG304

Área de Matemática e suas Tecnologias:

• competência específica 1: EM13MAT101

• competência específica 2: EM13MAT201

Área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas:

• competência específica 3: EM13CHS302 e EM13CHS304

Como trabalhar a BNCC

Neste projeto, competências gerais e competências específicas e habilidades da BNCC são estimuladas constantemente, sendo importante ressaltar que a produção ativa dos estudantes na resolução de problemas, a presença dos valores para a construção de uma sociedade mais justa e sustentável e a valorização do conhecimento científico e tecnológico são características centrais para sua realização.

Para propor alternativas de sistemas de captação de água da chuva, será fundamental conhecer algumas propostas, compreender como essa água pode ser armazenada e ana-

lisar modelos já desenvolvidos ou construídos ao longo da história (competência geral 1).

Já o estímulo ao desenvolvimento do pensamento crítico, científico e criativo será proporcionado ao exercitar a investigação e a reflexão sobre as propostas existentes de sistemas de captação de água da chuva para analisar criticamente o presente projeto, considerando a sua viabilidade. A imaginação e a criatividade serão capacidades requisitadas ao longo do desenvolvimento de todas as etapas, principalmente durante a elaboração do produto final (competência geral 2).

As propostas de sistema de captação da água da chuva que os estudantes deverão desenvolver implicam uma atuação de forma autônoma, com responsabilidade, considerando princípios sustentáveis e solidários, já que o modelo não precisa ser adotado na própria região onde vivem se essa não for a realidade deles, mas poderá ser compartilhado como uma alternativa que atenda à realidade de outras regiões (competência geral 10).

Para compreender a problemática do acesso à água potável e estimular a promoção da consciência do uso da água não apenas na comunidade escolar, mas também nas comunidades do entorno da escola, será necessário utilizar argumentos consistentes. O trabalho com pesquisa de dados em locais confiáveis e a promoção dos direitos humanos relativos ao acesso à água, especialmente considerando a realidade local, serão desenvolvidos de forma ética e consciente ao longo de todo o percurso, com estímulo ao pensamento crítico sobre o uso da água potável (competência geral 7). A compreensão dos sistemas de captação de água estimula habilidades importantes no mundo do trabalho como autonomia e capacidade de resolução de problemas, adequando soluções.

Ao longo do projeto, os estudantes serão convidados a refletir sobre o acesso à água e a pensar sobre as desigualdades desse acesso, de acordo com a região em que moram (ao comparar os diferentes climas brasileiros). Essa reflexão sobre a facilidade e a dificuldade do acesso à água, considerando propostas que permitam alternativas para captação (EM13CHS302), será feita por meio de gráficos que ilustram a disponibilidade do recurso, o consumo médio por população, os índices de chuva por região (EM13MAT101) e as alternativas empregadas por diferentes civilizações para otimizar o uso do recurso. Nesse contexto, os estudantes serão estimulados a pensar sobre seu próprio consumo, a desenvolver atitudes que possibilitem sua redução e a investigar de que maneira um sistema de captação de água desenvolvido por eles pode sanar ou melhorar a demanda local (EM13CNT310). Além disso, ao terem contato com o conceito de pegada hídrica, poderão iniciar a reflexão crítica sobre a água relacionada à produção de alimentos, produtos e serviços, optando por realizar escolhas que considerem mais sustentáveis (EM13CHS304).

Para o desenvolvimento do produto final, que é uma proposta de sistema de captação de água da chuva, os estudantes serão convidados a refletir sobre uma proposta de intervenção que promova a consciência ambien-

tal do recurso água para a comunidade externa à escola (EM13CNT301 e EM13LGG304). Nessa proposta, habilidades de Matemática, como planejamento do tamanho do sistema de captação de água e dos materiais correspondentes, serão requeridas (EM13MAT201).

Por fim, os estudantes deverão expor para a comunidade externa à escola as propostas desenvolvidas. Cada um dos grupos ficará responsável pela elaboração de uma proposta e poderá variar desde o modelo até o local onde o eventual reservatório poderia ser construído. Nessa apresentação, os estudantes deverão expor a problemática da água, destacar o seu acesso (muitas vezes) desigual, apontar o gasto embutido para a produção de diversos alimentos e serviços e trazer exemplos de atitudes conscientes que são esperadas dos cidadãos diante desse problema (EM13CNT302).

Este projeto se vincula principalmente aos temas contemporâneos transversais educação ambiental e educação para o consumo, ao promover a reflexão da quantidade de água disponível e a gasta para diversas atividades; ciência e tecnologia, trabalho e saúde quando aponta o conhecimento científico como base fundamental para a compreensão de problemas reais cotidianos e para a tomada de decisões que visam solucionar esses problemas.

Professores envolvidos

Neste projeto, sugerimos que o professor responsável por liderá-lo seja o de Física, mas acreditamos ser fundamental o trabalho em conjunto com os professores da mesma área e de outras áreas do conhecimento.

Os professores de Química e Biologia, por exemplo, poderão auxiliar na compreensão de assuntos como o ciclo da água, formação da chuva ácida e etapas do tratamento da água presentes neste projeto. Além disso, os professores de Matemática, Geografia e História poderão auxiliar em diferentes momentos de desenvolvimento das Etapas 2 e 3: na interpretação dos gráficos sobre a disponibilidade de água doce no planeta, no cálculo dos valores de água gastos na fabricação de produtos e alimentos, no mapa sobre climas, nos processos de formação de chuva e na compreensão dos modos como diferentes civilizações construíram alternativas para um melhor aproveitamento desse ecurso. Já o professor de Arte pode auxiliar no momento que envolve a elaboração da proposta de um sistema de captação de água da chuva, considerando todo o design necessário para a elaboração desse modelo.

Materiais necessários

• Caderno para anotações.

• Computador, tablet ou smartphone com acesso à internet.

• Materiais para consulta e pesquisa (livros, jornais, revistas etc.).

Durante as propostas de atividades, os estudantes deverão realizar pesquisas, levantar e organizar dados e responder às questões propostas. Para as atividades de pesquisa, é importante a consulta a fontes confiáveis e a forma

mais comum é fazê-la pela internet, mas não é a única. A consulta a bibliotecas, livros sobre cisternas e entrevistas com profissionais da área também são importantes para desenvolver esse trabalho.

Orientações didáticas

Etapa 1: Vamos começar

A água é um recurso fundamental

Ao iniciar a discussão desta seção faça uma conversa coletiva sobre os exemplos em que a água é utilizada (higienização de alimentos, produção de alimentos, indústria e geração de energia). Questione os estudantes se tinham consciência sobre esses diferentes usos da água. Incentive-os a pensar em outras atividades que envolvem o consumo de água, além dos exemplos dados. A leitura do texto Dia Mundial da Água: 2,2 bilhões de pessoas não tem acesso à água potável estimula a reflexão sobre esse recurso e evidencia como ele é limitado, destacando o alto custo para se obter água potável em algumas regiões do planeta.

As atividades propostas pedem ao estudante que inicie uma reflexão sobre a quantidade de água ingerida diariamente (fundamental para manter as funções do nosso corpo), além de questionar as funções que ela desempenha no organismo humano.

Este momento pode ser útil para avaliar, se possível, a quantidade de água que os estudantes bebem por dia. Aproveite este momento para retomar o resultado das pesquisas levantadas por eles, destacando a importância da água para o funcionamento do nosso corpo. O texto a seguir pode auxiliar nessa discussão.

A importância de beber água regularmente

A hidratação é fundamental para a boa saúde como um todo. Já que o organismo de uma pessoa adulta é composto por aproximadamente 70% de água.

Estudos científicos comprovam que, sem água, a sobrevivência é quatro vezes menor quando se compara ao tempo sem ingestão de comida. Ainda, atividades cerebrais, intestinais e musculares apresentam melhor desempenho quando o corpo está hidratado

A hidratação é essencial para o adequado funcionamento do organismo, reflete visivelmente na aparência da pele e impacta diretamente na performance de atividades físicas.

[...]

A quantidade de água a ser ingerida diariamente varia segundo as características físicas e as necessidades de cada indivíduo, como também é influenciada pelas condições climáticas.

[...]

O Ministério da Saúde, por meio do Guia de Alimentação para a População Brasileira, sugere que a SEDE seja o principal indicador para a ingestão de água.

[...]

Um cálculo simples para a ingestão de água é multiplicar o peso (em quilogramas) por 35 ml/dia de água. Por exemplo, uma pessoa que pesa 60 kg deveria ingerir 2,1 litros de água por dia.

[...]

CASST. importância de beber água regularmente. Coordenação de Atenção à Saúde e Segurança doTrabalho. 7 mar. 2024. Disponível em: https://institucional.ufrrj.br/casst/a-importancia-de-beber-aguaregularmente/. Acesso em: 19 out. 2024.

Atividades Página 143

1. Resposta pessoal. Questione oralmente os hábitos de consumo de água dos estudantes. Fique atento aos casos de pouca ou muita ingestão, o que pode resultar em problemas no organismo. Como indicado no texto sugerido, a quantidade ideal depende de muitos fatores, por isso a sede é um bom indicador de que o organismo precisa de água.

Atividade de ampliação

Algumas informações que possivelmente os estudantes poderão levantar sobre as funções da água no corpo: a água é fundamental para todos os processos fisiológicos do corpo, pois ela auxilia o transporte de nutrientes, hormônios, enzimas e células sanguíneas ajuda a eliminar toxinas por meio da urina e regula a temperatura corporal, dentre outras funções. Este é um bom momento para questionar os estudantes sobre o que puderam aprender até aqui, verificando se conseguiram atingir os objetivos propostos. Organize uma roda de conversa e solicite para apresentarem suas pesquisas, sanando eventuais dúvidas.

Diferentes maneiras de captação de água

Nesta seção os estudantes serão apresentados a algumas opções de captação de água adotados por diferentes países. O objetivo é estimular a consciência sobre a importância desse recurso e conhecer algumas alternativas de uso desenvolvidas por diferentes civilizações. O professor de História poderá ser envolvido nessa discussão, ampliando os exemplos das civilizações e suas relações com orecurso. De forma semelhante, o professor de Geografia poderá contribuir com informações sobre a transposição do rio São Francisco, trazendo desde o mapa que ilustra as regiões com acesso a essa água ou propondo uma discussão e análise crítica sobre esse projeto.

O texto a seguir é mais um exemplo de como um povo –os maias – estruturou uma forma de captar e armazenar a água proveniente da chuva.

Mestres das águas

Os antigos maias enfrentavam problemas parecidos com os que muitas populações têm hoje. As mudanças climáticas eram uma realidade e eles tinham que conviver com longos períodos de estiagem. [...]

As escavações mostram que a cidade [Tikal, na Guatemala], cortada por três riachos e construída so-

bre algumas fontes naturais, tinha 10 reservatórios artif iciais que coletavam água da chuva, além de três represas, entre elas a maior já vista em construções maias, com capacidade para armazenar 74 milhões de litros de água.

O complexo sistema de 9 km² garantia a subsistência da população da cidade, que chegou a ter 80 mil pessoas durante seu apogeu, em 700 d.C. Sem a intervenção de engenharia, a cidade dificilmente resistiria por tantos anos. [...]

Os reservatórios de água, chamados de “aguadas”, eram construídos em pedreiras naturais. Depois que os maias retiravam as rochas necessárias para erguer os prédios da cidade, aproveitavam a cratera para armazenar água da chuva. [...]

A pavimentação da cidade também era impermeabilizada e integrada ao sistema de coleta de água. Qualquer gota de chuva que caísse no chão escorria por canais até os reservatórios. [...]

Os reservatórios tinham um tanque profundo para decantação da água e os arqueólogos ainda encontraram, na entrada de todos eles, uma caixa com areia que provavelmente era usada como filtro. [...]

“Eles mantinham uma sociedade complexa em uma ecologia tropical somente com tecnologia da Idade da Pedra” [...]. “Muitas sociedades de hoje, principalmente em países subdesenvolvidos dos trópicos, vivem os mesmos problemas que eles enfrentavam e poderiam se beneficiar da tecnologia maia para manejo de água, uma tecnologia de baixo custo e sustentável que tem potencial para ser readaptada para servir a nós também.”

MOUTINHO, S. Mestres das águas. Ciência Hoje, 17 jul. 2012. Disponível em: http://cienciahoje.org.br/mestres-das-aguas/. Acesso em: 19 out. 2024.

Esse texto pode ser usado como complemento de leitura. Os estudantes podem ser convidados a investigar outros exemplos de captação de água da chuva adotados por diferentes países ou povos antigos, ou mesmo pesquisar exemplos brasileiros. Como ponto de partida, eles podem utilizar a referência de leitura presente no boxe de sugestão Para ler. Como possibilidade de ampliação do tema neste momento do trabalho, avalie a pertinência de aprofundar a discussão sobre tecnologia, trazendo possíveis definições e concepções do termo e estimulando saberes de profissionais locais. Além disso, é interessante explorar a questão de que tecnologia não necessariamente está relacionada ao uso de ferramentas digitais. Se possível, convide os professores de Filosofia e de Sociologia para contribuir nessa discussão. Como subsídio para a abordagem, sugerimos:

• VERASZTO, E. V. et al. Tecnologia: buscando uma definição para o conceito. Prisma.Com, n. 8, 2009.

Disponível em: https://ojs.letras.up.pt/index.php/prismacom/ article/view/2065. Acesso em: 19 out. 2024.

Atividades Página 145

1. Resposta pessoal. A resposta depende da região onde os estudantes moram (por exemplo, se é rural ou urbana).

Incentive-os a refletir de onde vem a água que abastece as suas residências.

2. Resposta pessoal. A resposta depende da região onde os estudantes moram (por exemplo, se é rural ou urbana). Incentive-os a compartilhar suas experiências relacionadas ao tema.

3. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a perguntar aos familiares ou pessoas da comunidade sobre as experiências relacionadas à falta de água e quais as soluções encontradas para resolvê-las.

4. Resposta pessoal. Propor aos estudantes que investiguem os sistemas apresentados ou, ainda, que ampliem as pesquisas. O exemplo do Egito antigo vivendo à beira do Nilo é um modelo de utilização do recurso da forma mais prática, mas que, em contrapartida, trouxe poluição para algumas partes desse rio, já que as cidades ficavam muito próximas às suas margens. Os elementos de engenharia utilizados pelos incas também são válidos, porém dependem de fenômenos climáticos: em invernos mais rigorosos, o degelo pode demorar para acontecer. Já no exemplo brasileiro, a transposição do rio São Francisco, pode trazer consequências ambientais e afetar as regiões que eram abastecidas originalmente pelo rio.

Nas atividades desta seção, é sugerido que os estudantes pensem sobre como a água que consomem chega até eles e se já enfrentaram ou enfrentam problemas relacionados à falta de água, questionando também amigos e familiares. Como exemplo, a referência indicada a seguir apresenta alguns exemplos de mananciais que abastecem a região metropolitana de São Paulo:

FECOMERCIOSP. Água: o que o empresário do setor do comércio e serviços precisa saber e fazer para preservar este precioso recurso. São Paulo, 2014.

Disponível em: https://www.fecomercio.com.br/upload/ pdf/2015/13/cartilha-agua-preservar.pdf. Acesso em: 19 out. 2024. Para o desenvolvimento da atividade 3, é recomendável que os estudantes realizem pesquisas por meio de entrevistas. O envolvimento com outros profissionais da escola, om pessoas da comunidade escolar e com a própria família é recomendado para aproximar as figuras externas à escola ao tema do projeto. Para uma proposta de atividade para realização de entrevista, sugerimos:

COMUNICAÇÃO oral: entrevista no contexto de estudo. Nova Escola, São Paulo, 2 set. 2017. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/5796/ comunicacao-oral-entrevista-no-contexto-de-estudo. Acesso em: 19 out. 2024.

Organizando os trabalhos

Projeto - Água da chuva

Neste momento, proponha a organização do trabalho do projeto, a montagem dos grupos de trabalho e início das pesquisas para estruturar a proposta de sistema de captação de água da chuva. Os textos e atividades presentes ao longo da Etapa 2 auxiliarão neste processo, mas é fundamental que os estudantes se organizem para realizar as pesquisas necessárias.

Oriente os estudantes para que façam uma organização heterogênea de pessoas, pois diferentes habilidades serão requeridas nos grupos de trabalho (pesquisa, desenho, comunicação, apresentação etc.). Além disso, reforce a importância de se aprender a trabalhar em grupo. Para que essa tarefa flua, é fundamental realizar uma divisão igualitária de atividades, de modo que nenhum integrante fique sobrecarregado. Lembre-se de que esse é um treino para a vida, pois aprender a trabalhar em equipe é uma habilidade fundamental para o mundo do trabalho.

Etapa 2: Saber e fazer

Os momentos desta etapa podem ser realizados na ordem que mais se adapte à realidade da turma; podem, inclusive, ser ampliados conforme a demanda dos estudantes. Água como recurso

Atualmente a busca por uma postura consciente em relação aos recursos que o nosso planeta nos proporciona tem sido cada vez mais comum. Além da atitude crítica referente ao consumo e acesso à água, são realizados reuniões e fóruns sobre o clima, desenvolvidos em conjunto por vários países.

Entre os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável proposto pela ONU, que devem ser implementados por todos os países membros até 2030, há diversos relacionados à água: desde fome zero e agricultura sustentável (objetivo 2), passando pela saúde e bem-estar (objetivo 3), energia limpa e acessível (objetivo 7), indústria, inovação e infraestrutura (objetivo 9), cidade e comunidades sustentáveis (objetivo 11), consumo e produção responsáveis (objetivo 12), ação contra a mudança global do clima (objetivo 13), vida na água (objetivo 14), vida terrestre (objetivo 15) até chegar ao mais atrelado à água potável: água potável e saneamento (objetivo 6). Leia um trecho a seguir.

Objetivo 6.

ÁGUA POTÁVEL E SANEAMENTO

Assegurar a disponibilidade e a gestão sustentável da água e saneamento para todos

A água está no centro do desenvolvimento sustentável e das suas três dimensões – ambiental, econômica e social. Os recursos hídricos, bem como os serviços a eles associados, sustentam os esforços de erradicação da pobreza, de crescimento econômico e da sustentabilidade ambiental. O acesso à água e ao saneamento importa para todos os aspectos da dignidade humana: da segurança alimentar e energética à saúde humana e ambiental.

[...]

Metas do Objetivo 6

6.1. Até 2030, alcançar o acesso universal e equitativo à água potável, segura e acessível para todos

[...]

6.4 Até 2030, aumentar substancialmente a eficiência do uso da água em todos os setores e assegurar

retiradas sustentáveis e o abastecimento de água doce para enfrentar a escassez de água, e reduzir substancialmente o número de pessoas que sofrem com a escassez de água

PNUD. IPEA. Os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável. Plataforma Agenda 2030, Brasília, DF, 2019. Disponível em: https:// projetoods.ib.usp.br/2021/06/28/ods-6/. Acesso em: 19 out. 2024.

Esse texto pode ser utilizado em sala de aula para promover a discussão da disponibilidade de água doce no planeta, presente no infográfico Quanta água doce disponível há na Terra?. Se possível, faça a leitura desse infográfico em aula e promova uma discussão sobre a impressão dos estudantes acerca dos dados apresentados. O professor de Matemática pode contribuir com a leitura, interpretação e discussão dos dados apresentados nesses gráficos.

Os dados presentes no item Água: disponibilidade e consumo indicam que o Brasil é o país com maior disponibilidade de água doce do mundo, mas gasta mais água do que o recomendável para as atividades diárias. No entanto, sabemos que não ocorre uma distribuição igualitária entre as regiões brasileiras. A falta de água é uma realidade especialmente na região do semiárido, que compreende principalmente os estados da região Nordeste. Esse tema será retomado no item O clima e os regimes de chuvas no Brasil

Atividades Página 149

1. Se o valor de 20 litros corresponde a 100% da água disponível para consumo e 3% correspondem à água doce, o valor encontrado seria 600 mL, facilmente armazenados em uma garrafa com essa medida ou um pouco maior, de 1 L, por exemplo.

2. Resposta pessoal. É bem possível que os estudantes saibam que a água doce não está distribuída de forma equilibrada no país, já que o país tem grandes reservas de água e ao mesmo tempo regiões secas; é provável também que alguns deles já tenham vivenciado situações de falta de acesso à água por falta dela em reservatórios naturais, ou conheçam essa realidade por meio de reportagens ou relatos de conhecidos.

3. Os estudantes podem ilustrar situações como lavagem de veículos, de calçadas, banho prolongado, escovar os dentes com a torneira aberta etc. Exemplos de alternativas que podem ser citadas: utilizar um balde com água e p ano para limpeza de veículos, realizar a limpeza da calçada com vassoura, evitar banhos longos, fechar a torneira ao escovar os dentes.

O ciclo da água

É provável que o ciclo da água não seja uma novidade para os estudantes, já que esse tema é comumente abordado no Ensino Fundamental e também nas disciplinas de Biologia e Geografia. Aproveite este momento para retomar, se necessário, conteúdos relacionados a esse tema, tais como: estados físicos da matéria, mudanças de estado físico e influência da temperatura e pressão.

Neste momento, o professor de Física poderá trabalhar de forma colaborativa com o professor de Geografia, pois a discussão pode ser ampliada, trazendo conceitos relacionados aos recursos hídricos, com destaque para os recursos nacionais. Para informações sobre as regiões hidrográficas brasileiras, sugerimos:

• AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). GEO Brasil: recursos hídricos: resumo executivo. Brasília, DF, 2007. Disponível em: http://arquivos.ana.gov.br/wfa/sa/GEO%20 Brasil%20Recursos%20H%C3%ADdricos%20-%20Resumo%20 Executivo.pdf. Acesso em: 19 out. 2024.

Já o trabalho com o professor de Biologia pode ser feito ao trazer para este momento a discussão dos ciclos biogeoquímicos não apenas realizando uma interpretação do fenômeno, como também promovendo discussões a respeito da interferência da ação humana sobre esses ciclos. Exemplos dessa natureza podem ser citados e discutidos em sala de aula, com o objetivo de despertar uma conscientização da ação humana no ambiente.

O que é a chuva e como ela se forma

A chuva é um fenômeno meteorológico de incidência comum em boa parte do Brasil. Sobre o seu processo de formação e os diferentes tipos de chuva, sugere-se um trabalho conjunto com o professor de Geografia, que poderá explorar outros elementos do clima.

Neste momento também é possível explorar, juntamente com o professor de Química, os conceitos de chuva ácida e pH (explorados na atividade de ampliação). Esse fenômeno ocorre em locais onde há intensa atividade industrial, resultando em uma alta concentração de gases na atmosfera, como o óxido de nitrogênio e o dióxido de enxofre. Quando esses gases entram em contato com o vapor de água presente na atmosfera, ocorre uma reação química que resulta na formação de ácidos (principalmente ácido sulfúrico e ácido nítrico), que retornam à superfície na forma de chuva, dando origem ao que chamamos de chuva ácida por possuir uma acidez maior do que a chuva normal. A ilustração a seguir pode ser reproduzida para detalhar melhor o fenômeno aos estudantes:

Queda de partículas (”precipitação seca”)

Condensação da água

Precipitação seca

Danos na vegetação

Ácido sulfúrico (H2SO4) Ácido nítrico (HNO3)

Vapor de água e nuvens

Emissão de dióxido de enxofre e óxido de nitrogênio

Chuva ácida

Neve ácida

Água do degelo ácida

Danos à vida aquática

Toxidade pelo alumí Toxicidade por metais presentes no solo

Representação do processo de formação da chuva ácida. Esse fenômeno pode causar danos à vegetação, ao solo e à vida aquática. (Imagem sem escala; cores-fantasia.). Fonte: HOW does acid rain affect the environment. Earth.org. Disponível em: https://earth.org/ how-does-acid-rain-affect-the-environment/. Acesso em: 19 out. 2024.

Atividades Página 153

1. A água da chuva nas cidades é mais perigosa porque, além de sais vindo do solo ou do mar, ela carrega substâncias nocivas liberadas pelas atividades urbanas, como amônio, nitrato, sulfato e hidrocarbonetos provenientes de escapamentos de veículos, da queima de combustíveis e da decomposição da matéria orgânica. Esses poluentes, somados a partículas sólidas como fuligem, poeira e até micro-organismos, tornam a água da chuva urbana imprópria para o consumo direto.

2. Resposta pessoal. Os estudantes podem apontar a condensação do vapor em um espelho no banheiro, a ebulição da água em uma panela, a solidificação do gelo no freezer, dentre outros exemplos.

3. Resposta pessoal. A secagem de roupas em um varal pode ser citada como exemplo para o processo de evaporação. De forma simples, esse processo contribui para a economia da energia elétrica utilizada por uma secadora de roupas, pois aproveita a abundância de sol, algo frequente em boa parte do território brasileiro.

4. Os estudantes podem citar o uso da água da chuva para a lavagem de quintais e de carros como exemplos de melhor aproveitamento dessas águas. A seguir, apresentamos uma possível referência a ser utilizada nessa pesquisa.

Atividade de ampliação

Denomina-se chuva ácida qualquer precipitação com acidez maior que o normal. Espera-se que os estudantes relacionem a emissão de gases, como óxido de nitrogênio

(NO) e dióxido de enxofre (SO4), com a formação de ácidos, por exemplo nítrico (NHO3) e sulfúrico (H2 SO 4 ), e concluam que, por causa desses compostos (que precipitam na forma de chuva), ela se torna mais ácida do que a chuva normal. Em locais em que a emissão desses gases é menor, como em áreas rurais e florestas, a chuva é menos ácida, pois não há formação desses compostos. Com base na pesquisa, é possível que alguns estudantes tragam o conceito de pH. Este pode ser um bom momento para explorar esse conceito, mostrar escalas de pH com exemplos, enfatizando que um pH menor corresponde a uma solução mais ácida (e vice-versa). Este é um bom momento para questionar os estudantes sobre oque puderam aprender até aqui, verificando se conseguiram atingir os objetivos propostos. Organize uma roda de conversa e pergunte se os conceitos de ciclo da água, de formação das chuvas e de chuva ácida estão claros, sanando eventuais dúvidas.

O clima e os regimes de chuva no Brasil

A Climatologia é uma área de estudo que investiga os padrões climatológicos de uma região. Ao se realizar o estudo ao longo de um período de tempo, é possível inferir informações sobre o clima dessa região.

Conhecer os diferentes climas do Brasil é fundamental para compreender o regime de chuvas de uma região. Além disso, essa informação é extremamente útil para desenvolver a proposta de sistema de captação de água da chuva.

Neblina ácida
Lixiviação ácida

Em locais com chuvas mais frequentes, a captação pode ser para uso imediato e servir como uma alternativa à água potável. Já em locais em que chove pouco, essa água pode ser armazenada e utilizada em tempos de seca.

Fatores como o desmatamento, que altera a umidade do ar na região, e o aquecimento global, que pode provocar alterações em correntes oceânicas e eventos extremos, dentre outros, influenciam também no regime de chuvas. É importante destacar que as condições do tempo nem sempre refletem as condições climáticas previstas para a região.

Novamente, a proposta é que a discussão desse tema seja feita de forma colaborativa com o professor de Geografia. O estudo da Climatologia pode ser ampliado, trazendo aos estudantes informações sobre como ocorre o estudo do clima, o que é atmosfera, o que são e como se formam as massas de ar, entre outros conceitos.

O site IBGEeduca apresenta diversas informações sobre o Brasil e, neste momento, pode ser uma boa referência para estudar os diferentes climas brasileiros.

IBGE Educa. Conheça o Brasil: território: clima. Rio de Janeiro, 2015.

Disponível em: https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-obrasil/territorio/20644-clima.html. Acesso em: 19 out. 2024.

Além disso, este é o momento ideal para saber sobre índices de precipitação ao conhecer o climograma das cidades de Parintins (AM) e Caruaru (PE). Novamente, o trabalho pode ser feito de forma colaborativa com o professor de Matemática. Recomendamos a consulta ao site do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), sugerido no boxe Para acessar, que fornece a previsão do tempo para diferentes cidades brasileiras. Outra possibilidade é propor aos estudantes, caso seja possível, a construção de um pluviômetro para determinar os índices pluviométricos de sua cidade. Para auxiliar essa prática, sugerimos: COMO construir um pluviômetro. Nova Escola, São Paulo, 1 out. 2014.

Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/3300/comoconstruir-um-pluviometro. Acesso em: 19 out. 2024. Como proposta de ampliação, sugerimos a leitura de pelo menos parte da obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos. A obra de 1938 retrata a trajetória de uma família que abandona o sertão onde vive em busca de oportunidade. Esse trabalho pode ser feito de forma colaborativa com o professor de Literatura.

• RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2018.

Atividades Página 155

1. Resposta pessoal. A resposta depende da região onde os estudantes moram. Para ajudá-los, primeiro apresente um mapa do estado e peça para os estudantes localizarem onde fica a cidade. Depois, peça para localizarem no mapa do Brasil e identificar em qual clima a cidade está localizada.

2. Resposta pessoal. Em regiões de clima com poucas chuvas, é interessante pensar em maneiras de armazenar água para ser utilizada em momentos de escassez. Nas regiões

com regimes mais constantes de chuva, essa água pode ser captada para uso imediato.

3. Resposta pessoal. É possível consultar os índices pluviométricos de uma cidade ou de todo o país para uma determinada data.

Água: consumo e potabilidade

Neste momento os estudantes serão incentivados a refletir sobre o gasto de água envolvido em algumas atividades diárias. Sugerimos o trabalho colaborativo com o professor de Matemática, pois os estudantes podem realizar estimativas de seu gasto médio (uma ampliação da atividade 1). Utilize os dados do infográfico da página 156 para promover uma discussão sobre o consumo de água envolvido para realizar tarefas comuns no nosso dia a dia. A tabela a seguir possibilita ampliar essa discussão:

Exemplos de valores de consumo de água em alguns setores

Uso Consumo (litros/ dia) Por unidade

Aeroportos 10 a 12 Passageiro

Cinemas e teatros 2 Lugar

Creches 50 a 80 Criança

Edifícios de escritórios50 a 80Ocupante efetivo

Escolas 50 Aluno

Hospitais e casas de saúde 250 Leito

Hotéis com cozinha e lavanderia 250 a 350 Hóspede

Lava-rápido automático de carros 250Veículo

Lavanderias 30 kg de roupa seca

Lojas e estabelecimentos comerciais 6 a 10 m²

Mercados 5 m²

Parques e áreas verdes 2 m²

Restaurantes 25 Refeição preparada

Shopping centers 4 m²

Fonte dos dados: FECOMERCIOSP. Água: o que o empresário do setor do comércio e serviços precisa saber e fazer para preservar este precioso recurso. São Paulo, 2014. Disponível em: https://www.fecomercio.com.br/upload/pdf/2015/13/cartilhaagua-preservar.pdf. Acesso em: 19 out. 2024. Na sequência, podem ser trabalhadas questões relacionadas ao tratamento da água. Utilize o infográfico Como é feito o tratamento da água para iniciar a discussão que deverá ser feita, preferencialmente, em conjunto com o professor de Química, que poderá contribuir com a abordagem dos aspectos químicos que envolvem esse tratamento. Questões relacionadas ao custo para tratamento da água e do esgoto que geramos também podem ser feitas.

Para subsidiar essa discussão, sugerimos:

• BR ASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional. Secretaria Nacional de Saneamento. Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento . Brasília, DF, 2019.

Disponível em: https://www.gov.br/cidades/pt-br/acesso-ainformacao/acoes-e-programas/saneamento/snis. Acesso em: 19 out. 2024.

A tabela a seguir reúne informações sobre o abastecimento de água e coleta de esgoto nas cinco regiões do Brasil, para o ano de 2021:

Níveis de atendimento de água e esgoto para regiões brasileiras

Região

Fonte: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional. Secretaria Nacional de Saneamento. Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. Brasília, DF, 2019, p.32, 60, 64 e 66. Disponível em: https://antigo.mdr.gov.br/images/stories/ArquivosSNSA/Arquivos_PDF/Snis/AGUA_E_ESGOTO/REPUBLICACAO_DIAGNOSTICO_ TEMATICO_VISAO_GERAL_AE_SNIS_2022.pdf. Acesso em: 19 out. 2024.

Os dados ilustram que, em média, o atendimento da rede de abastecimento de água no Brasil é de 84,2%, enquanto a cobertura da coleta de esgoto é de apenas 55,8%. Durante a discussão do assunto, é importante incentivar uma postura cidadã, pois devemos cobrar do poder público a melhoria urgente da ampliação da cobertura do sistema de esgoto. Reforce, durante o debate e como forma de retomada do que foi onstruído até aqui, a diversidade de profissionais envolvidos e saberes para a análise, tratamento e consumo da água.

Durante o desenvolvimento das propostas de sistemas de captação da água da chuva, um estudo da qualidade da água poderá ser útil, pois com essas informações é possível ampliar a destinação da água captada. Neste momento, os professores de Biologia e Química podem contribuir om informações sobre como realizar esse estudo e quais elementos são permitidos ou não na água, conforme a destinação que se dará à sua utilização, considerando os parâmetros físicos e químicos. O texto a seguir poderá ser utilizado para discutir essas informações ou ser indicado como sugestão de pesquisa.

Tratamento de água da chuva

O tratamento da água de chuva captada no sistema de aproveitamento começa logo após atingir área de captação através da remoção dos sólidos grosseiros presentes no telhado. Em um segundo momento, ocorre outra etapa de pré-tratamento, através do descarte da primeira água de chuva, no qual é dispensado um volume de água com uma alta carga orgânica, micro-organismos e outros contaminantes.

Além desses processos é fortemente recomendado que seja feita a desinfecção da água armazenada. Segundo a NBR 15527/2007, pode-se utilizar para desinfecção um derivado clorado, raios ultravioleta, ozônio ou outros, sendo priorizado o uso do cloro em aplicações onde é necessário um residual desinfetante. O cloro residual livre, quando utilizado, deve estar entre 0,5 mg/L e 3,0 mg/L.

A desinfecção tem como função básica a inativação dos micro-organismos patogênicos, realizada por intermédio de agentes físicos e ou químicos. Ainda que nas outras etapas anteriores do sistema de aproveitamento haja redução do número de micro-organismos presentes na água de chuva, a desinfecção faz-se indispensável para a segurança dos usuários, pois garante a inativação e previne o crescimento microbiológico no reservatório e na rede de distribuição –quando houver [...].

O cloro é o desinfetante mais utilizado, não só pela sua capacidade de esterilização, mas também por apresentar alto poder oxidante, sendo útil no controle de outros parâmetros de qualidade como controle de sabor e odor, prevenção de crescimento de algas, remoção de ferro e manganês e remoção de cor [...]. Além disso, é uma substância de fácil acessibilidade e custo razoável, o que não inviabiliza o sistema economicamente [...]. Os principais produtos disponíveis no mercado para a desinfecção da água são: cloro gasoso, cal clorada, hipoclorito de sódio, hipoclorito de cálcio. Estes produtos podem ser utilizados por intermédio

de alguns equipamentos como bombas dosadoras elétricas (dispositivos automáticos reguladores de cloro), clorador de pastilhas, entre outros [...].

[...]

A necessidade de um tratamento mais complexo deve ser bem avaliada, devido aos custos de implantação, manutenção e monitoramento dos mesmos. Pode ser conveniente analisar a qualidade da água de chuva antes da implantação do sistema.

RODRIGUES, A. B. F. Avaliação de um sistema comercial de tratamento de água da chuva. Trabalho de conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Ambiental) – Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.

Atividades Página 157

1. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a refletir sobre os hábitos diários de consumo de água.

2. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a refletir sobre os hábitos diários de consumo de água.

3. Resposta pessoal. A atividade pode ser ampliada; além do questionamento sobre possíveis alternativas para a redução do consumo, é possível explorar também sugestões dos estudantes para o melhor aproveitamento da água e possíveis reúsos. É provável que os estudantes apresentem propostas ou alternativas de economia nas residências ou em espaços que frequentam; incentive-os a compartilhar essas experiências.

4. Resposta pessoal. Os estudantes poderão citar duas das quatro etapas indicadas no infográfico Como é feito o tratamento da água . Este é um bom momento para questionar os estudantes sobre o que puderam aprender até aqui, verificando se conseguiram atingir os objetivos propostos. Organize uma roda de conversa e pergunte se os conceitos de potabilidade da água estão claros, sanando eventuais dúvidas.

A água que consumimos, mas não vemos

Neste momento, os estudantes serão convidados a refletir sobre o conceito de pegada hídrica. É possível que eles já o conheçam, mas não tenham informação do gasto envolvido nos processos de produção de alguns produtos. Utilize os dados da ilustração Exemplos de pegada hídrica para promover essa reflexão. Os textos a seguir podem servir como ampliação dessa discussão, ao representar o desperdício de alimento e de água.

Em 2022, foram gerados 1,05 bilhão de toneladas de resíduos alimentares (incluindo partes não comestíveis), totalizando 132 quilos per capita e quase um quinto de todos os alimentos disponíveis para os consumidores. Do total de alimentos desperdiçados em 2022, 60% aconteceram no âmbito doméstico, com os serviços de alimentação responsáveis por 28% e o varejo por 12%.

[...]

Domicílios de todos os continentes desperdiçaram mais de 1 bilhão de refeições por dia em 2022, enquanto 783 milhões de pessoas foram afetadas pela fome e um terço da humanidade enfrentou insegurança alimentar, destaca o relatório global.

MUNDO joga fora mais de 1 bilhão de refeições por dia, aponta Índice de Desperdício de Alimentos da ONU. Nações Unidas Brasil, 27 mar. 2024. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/264451-mundojoga-fora-mais-de-1-bilhão-de-refeições-por-dia-aponta-índice-dedesperdício-de. Acesso em: 19 out. 2024.

Em um planeta com 8 bilhões de habitantes, 26% da população global não tem acesso à água potável, ou 2 bilhões de pessoas. Cerca de 46% dos habitantes do planeta não possuem serviços de saneamento seguros, o equivalente a 3,6 bilhões.

[...]

Os dados divulgados pela Unesco apontam para um cenário desafiador. De acordo com o estudo, entre 2 e 3 bilhões de pessoas sofrem com a falta de água por pelo menos um mês do ano.

[...]

NAÇÕES UNIDAS. 46% da população global vive sem acesso a saneamento básico. 22 mar. 2023. Disponível em: https://news. un.org/pt/story/2023/03/1811712. Acesso em: 19 out. 2024.

Já o texto a seguir apresenta questões relacionadas à fome atualmente e o acesso à água e a alimentos. Essas informações podem ser debatidas com os estudantes, realizando um contraponto entre o problema do acesso à água hoje e como ele pode se agravar ainda mais no futuro:

[...]

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima, com base em um cenário “sem alterações” (business-as-usual), que o mundo vai precisar de cerca de 60% mais alimentos até 2050, e que a produção irrigada de alimentos vai aumentar mais de 50% ao longo do mesmo período (FAO, 2017a).

A quantidade de água necessária para esses empreendimentos não está disponível, e a FAO reconhece que a água captada para uso na agricultura pode aumentar somente 10%.

O Grupo de Recursos da Água 2030 (2030 Water Resources Group, 2009) concluiu que o mundo provavelmente vai enfrentar um déficit hídrico global de 40% até 2030, em um cenário “sem alterações” (business-as-usual).

[...]

UNESCO. O Valor da Água. Relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos 2021. Unesco. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/ pf0000375751_por. Acesso em: 19 out. 2024.

Outros conceitos relacionados ao de pegada hídrica podem ser explorados neste momento: pegada ecológica, água virtual etc. Como proposta de ampliação das atividades presentes neste tema, os estudantes, em seus grupos,

podem pesquisar sobre esses conceitos e compartilhar os resultados obtidos com o restante da turma. Essa atividade pode ser feita de forma colaborativa com os professores de Biologia e Química, que podem discutir conceitos relacionados à educação ambiental. Estimule os estudantes a buscarem influenciadores e divulgadores científicos que abordam esses temas e analisarem seus perfis e compartilhá-los.

Brasil é o maior exportador de Água Virtual do mundo e recurso deverá começar a ser cobrado nos produtos

[...] De acordo com o professor de economia da Universidade de Passo Fundo Marco Antônio Montoya, esse é um assunto pouco comentado, mas que é muito importante, ainda mais pelo fato de o Brasil ter a maior reserva de água doce do planeta.

[...]

São milhares de litros de água utilizados para a criação de um boi. Desse modo, o recurso é utilizado, mas não de forma direta pelos seres humanos. (...) Para produzir o algodão, matéria-prima para fabricar tecidos, muitos litros de água estão por trás da produção. Essa água, que não enxergamos, é muito importante, mas pouco falado.

O professor exemplifica a água virtual na criação de gado. Para se produzir qualquer coisa, são utilizados milhares de litros de água. Montoya destaca que o Brasil exporta por ano água virtual para alimentar 100 milhões de pessoas. Essas pessoas não consomem a água brasileira diretamente, mas o recurso hídrico foi usado. O pesquisador afirma que o Brasil está irrigando o mundo com sua água virtual. No entanto, esse é um ativo que ainda não está sendo cobrado. O professor defende que, em um sistema de mercado, para se proteger recursos escassos como a água, é necessário que isso passe a ser valorizado.

[...]

BRASIL é o maior exportador de Água Virtual do mundo e recurso deverá começar a ser cobrado nos produtos. Rádio Uirapuru, 9 out 2023. Disponível em: https://rduirapuru.com.br/brasil-e-o-maiorexportador-de-agua-virtual-do-mundo-e-recurso-devera-comecar-aser-cobrado-nos-produtos/. Acesso em: 19 out. 2024.

Atividades Página 159

1. Resposta pessoal. É provável que muitos estudantes tenham se concentrado na indicação de consumo da água visível.

2. Resposta pessoal. Incentivar os estudantes a utilizar não apenas os exemplos indicados aqui, mas pesquisar sobre outras atividades, produtos ou alimentos que eles consomem e informar a quantidade de água necessária para produzi-los.

3. Resposta em grupo. Para auxiliar no levantamento desses dados, sugerimos:

• AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA): IBGE. Contas econômicas ambientais da água no Brasil 2018-2022 Brasília: ANA, 2023. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/ biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=2102001. Acesso em: 19 out. 2024.

4. Resposta pessoal. Este é um bom momento para auxiliar os estudantes a se manifestarem oralmente. Proponha formas de interação entre os grupos, destacando a importância de cada um deles, e enfatize o respeito ao momento de fala dos demais. Auxilie os estudantes na elaboração da tabela, destacando a importância de serem claros ao organizar as informações e de indicarem fontes de pesquisa confiáveis ao desenvolvê-la.

P roduto final

Etapa 3: Para finalizar

Proposta de sistema de captação de água da chuva

Neste momento serão apresentadas aos estudantes alternativas de sistemas de captação de água da chuva. A ideia de produto final deste projeto é que eles estruturem, nos respectivos grupos, uma proposta de sistema para captação de água de chuva, reunindo conhecimentos trabalhados na Etapa 2 e utilizando de saberes de diferentes profissões como mestre de obras, pedreiros, designers, para pensar a solução. Se possível, estimule que tais profissionais sejam contatados por grupos para tirar dúvidas

A discussão pode ser iniciada destacando os aspectos relacionados à economia do gasto de água potável e à ação sustentável relacionada à atitude de reutilizá-la. Uma proposta de atividade complementar é realizar um breve acompanhamento das contas de água dos estudantes. Eles podem pesquisar propostas de economia com atitudes simples e verificar, após um período de tempo, a redução do consumo de água em metros cúbicos e do valor efetivo da conta. Para orientar as atitudes que podem ser adotadas para redução do consumo e do valor da conta de água, os estudantes podem retomar as dicas do infográfico da página 156. Eles também podem realizar a pesquisa de outras atitudes que podem ser tomadas.

Conhecendo algumas opções

Existem diversas formas de sistemas de captação de água da chuva, desde algumas muitas simples, que utilizam garrafas ou baldes como recipientes de armazenagem da água coletada, até a construção de cisternas feitas de alvenaria. A proposta desenvolvida pelos estudantes deverá atender à demanda local, considerando o seu contexto (escola, residência, espaço comunitário etc.). Por ser uma proposta que pode vir a ser executada, os grupos deverão apontar as características da viabilidade de sua construção.

Considerando a diversidade regional brasileira e as questões relacionadas à dificuldade de acesso à água potável, existem diversos tipos de incentivo à construção de sistemas dessa natureza. Além do Programa Cisternas citado no texto, apresentamos a seguir mais duas alternativas de projetos que envolvem o aproveitamento consciente da água. Se necessário, utilize-as ou indique-as como referência para os grupos. O primeiro deles pode servir de inspiração para os grupos que quiserem desenvolver propostas aplicadas à própria escola.

Escolas são reconhecidas por práticas sustentáveis de reaproveitamento de água

Promover a sensibilização sobre o uso consciente, estimular o reaproveitamento e evitar o desperdício de água são os principais objetivos do projeto “Uso e Reuso de Água na Escola. Quem Paga a Conta?”.

Nesta quarta-feira, [21/08/2024], as escolas que se destacaram no projeto foram reconhecidas durante um evento e receberam homenagens. Esta já é a terceira etapa do projeto, que envolveu diretamente 24 escolas estaduais e 14.862 estudantes. A ação é desenvolvida pela Seed (Secretaria de Educação e Desporto) em parceria com a Caer (Companhia de Águas e Esgotos de Roraima).

“Esse é um projeto muito importante dentro do contexto escolar e está inserido no currículo, pois além de alertar sobre questões ambientais, professores de diversos componentes curriculares conseguem trabalhar conteúdos envolvendo, por exemplo, Matemática, Geografia, Química, entre outros”, destacou a secretária adjunta de Gestão da Educação Básica da Seed, Raimunda Rodrigues.

[...]

As iniciativas das escolas para reutilização da água em ações como limpeza da instituição ou cuidados com as plantas têm gerado resultados tangíveis, refletindo também na redução das contas de água e na mudança de comportamento dos alunos.

[...]

Promovido pelo Governo de Roraima, por meio da Seed, em parceria com a Caer, o projeto tem como objetivo sensibilizar a comunidade escolar sobre a importância do uso responsável da água e promover práticas de reutilização desse recurso vital.

Coordenado pela Divisão de Educação Ambiental do Departamento de Desenvolvimento de Políticas Educacionais da Seed, o projeto já alcançou 54 escolas da capital e mais de 40 mil estudantes nas três etapas realizadas.

“A reutilização da água deve ser levada muito a sério, especialmente porque passamos por um período de estiagem muito longo no ano passado, e o verão está chegando. É essencial que nossos alunos levem essas informações para suas casas e famílias”, explicou a chefe da Divisão de Educação Ambiental da Seed e coordenadora do projeto, Naiva Pereira Lima.

As lições do projeto foram bem recebidas pelos estudantes, como destaca Rebeca Cristina, da Escola Es-

tadual Lobo D’Almada: “Eu acho o projeto muito bom e essencial na escola. O que mais marcou foi o envolvimento dos alunos, todo mundo fazendo de tudo para baixar a conta de água, revendo o que era necessário. O projeto tem sido fundamental na vida dos estudantes e tem sensibilizado bastante. E não trabalhamos só com a água, mas também com as plantas e o meio ambiente, para manter eles saudáveis”, disse Rebeca.

SECOM/RR. Escolas são reconhecidas por práticas sustentáveis de reaproveitamento de água - GOVERNO DE RORAIMA. Disponível em: https://portal.rr.gov.br/escolas-sao-reconhecidas-por-praticassustentaveis-de-reaproveitamento-de-agua/. Acesso em: 19 out. 2024.

O texto a seguir ilustra mais um exemplo de incentivo do governo federal brasileiro. Trata-se de uma proposta de dessalinização da água do mar.

Programa Água Doce – PAD

A falta d’água no semiárido é um drama antigo para milhares de pessoas em comunidades isoladas do nosso estado. As alternativas encontradas e ofertadas são, em geral de baixa qualidade, vinda de barreiros ou pequenos açudes contaminados com coliformes fecais, fungos e bactérias. Mesmo quando é possível abrir um poço ou apelar para água dos barreiros, o problema persiste, devido à composição do solo e evaporação das chuvas. Quando utilizam como fonte d’água os poços profundos, muitas vezes, enfrentam a ocorrência de águas salinas e salobras, pois a maioria desses dispõem desse tipo de água em seu subsolo. Resultado, mais de 80% dos poços da região semiárida do Ceará possuem água salobra.

O Programa Água Doce (PAD) é uma ação do Governo Federal, coordenada pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, por meio de sua Secretaria Nacional de Segurança Hídrica, em parceria com diversas instituições federais, estaduais, municipais e sociedade civil. Visa estabelecer uma política pública permanente de acesso à água de qualidade para o consumo humano por meio do aproveitamento sustentável de águas subterrâneas, incorporando cuidados ambientais e sociais na gestão de sistemas de dessalinização. Busca atender, prioritariamente, localidades rurais difusas do Semiárido Brasileiro. O Água Doce conta com uma rede de cerca de 200 instituições envolvidas no processo, na participação de 10 estados do Semiárido.

Por reduzir as vulnerabilidades no que diz respeito ao acesso à água no Semiárido, o Programa Água Doce é considerado uma medida de adaptação às mudanças climáticas. Estudos indicam que a variabilidade climática na região poderá aumentar, acentuando a ocorrência de eventos extremos (estiagens mais severas) com consequências diretas na disponibilidade hídrica.

O objetivo maior do PAD é implantação e recuperação de sistemas de dessalinização em comunidades que sofrem com elevado déficit de água potável, democratizando dessa forma o acesso à água e concorrendo para resolver os graves problemas de escassez

de água e da ocorrência de águas salinas e salobras na maioria dos poços no semiárido.

O PAD utiliza a tecnologia da dessalinização da água, que promove a sua potabilização. Outro aspecto a ser ressaltado no programa é, que, a responsabilidade pela gestão, implementação e funcionamento dos sistemas de abastecimentos de água, passa a ser das comunidades. Espera-se assim, melhor manutenção e aproveitamento dos sistemas.

SRH. Programa Água Doce - PAD - Secretaria dos Recursos Hídricos. Disponível em: https://www.srh.ce.gov.br/programa-agua-doce-pad/. Acesso em: 19 out. 2024.

Propondo uma alternativa

Neste momento, os estudantes deverão realizar um levantamento de ideias para a proposta de sistema de captação de água da chuva. É recomendável que eles façam um protótipo para verificar a viabilidade da proposta.

Para essa abordagem, sugerimos a participação de todos os professores da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, que poderão contribuir de formas específicas no desenvolvimento da proposta. Além deles, os professores de Matemática e Arte também podem contribuir neste momento. Se por um lado o professor de Matemática pode auxiliar na análise da viabilidade da proposta, em relação aos materiais utilizados e custos envolvidos, o professor de Arte contribuirá com os elementos visuais do projeto, tanto na confecção da proposta como na elaboração da comunicação à comunidade.

Caso seja necessário, eles poderão realizar outras pesquisas sobre como construí-la. Uma possibilidade de fonte de consulta que pode ser indicada aos estudantes é apresentada a seguir.

SEMPRE SUSTENTÁVEL. Projeto experimental de aproveitamento de água da chuva com a tecnologia da minicisterna para residência urbana. 2018.

Disponível em: http://www.sempresustentavel.com.br/hidrica/ minicisterna/minicisterna.htm. Acesso em: 19 out. 2024.

Como sugestão de ampliação, é desejável verificar a possibilidade de construção do sistema proposto. Nessa análise, podem-se definir os materiais necessários, estimar o custo de implementação, buscar por parcerias para doação dos materiais necessários ou investimento de órgãos públicos, estabelecer parcerias para construção do sistema, entre outras possibilidades.

Outra referência que pode ser utilizada neste momento é o Manual para captação emergencial e uso doméstico de água da chuva, do IPT, que apresenta propostas de tratamento de água para casos de extrema necessidade (páginas 8 e 9), e também traz informações sobre como proceder com a coleta e realizar o armazenamento da água captada. Para acessá-lo:

• Manual para captação emergencial e uso doméstico de água de chuva. São Paulo, 2015. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/ 274371165_Manual_para_captacao_emergencial_e_uso_ domestico_de_agua_de_chuva. Acesso em: 19 out. 2024.

Comunicando a proposta

Este é o momento de desenvolver uma estratégia para comunicar os resultados obtidos com o desenvolvimento do projeto. A comunidade externa à escola deverá ser a principal envolvida, mas caso seja possível, é interessante sistematizar as informações para apresentá-las também aos demais membros da escola, ou seja, àqueles que não estiveram envolvidos de alguma forma na sua execução.

Os pontos apresentados neste tópico podem servir como modelo para construção da apresentação, mas outros podem surgir conforme o desenvolvimento do projeto e as etapas necessárias para sua realização. Retome-os e, caso seja necessário, complete as questões apresentadas.

Avaliação

Com relação às avaliações, realize-as de acordo com o que julgar pertinente, levando em conta o comportamento e a participação dos estudantes durante o desenvolvimento do projeto. As questões sugeridas podem ser ampliadas ou outras podem ser incluídas para que o quadro avaliativo se adeque a sua realidade escolar.

Os quadros, localizados ao final do projeto, podem ser utilizados para a autoavaliação e para a avaliação do estudante pelo professor. Você pode marcar uma conversa com cada estudante para discutir os itens desses quadros. Busque sempre o consenso. O preenchimento dos quadros pode ser feito gradualmente, à medida que o projeto for desenvolvido ou ao final, após a realização do produto final, o desenvolvimento de uma proposta de sistema de captação de água da chuva.

O último quadro pode ser usado, também, para que os grupos avaliem seus integrantes, permitindo que os pares se avaliem, o que possibilita momentos de conversas produtivas que podem colaborar para o desenvolvimento de cada um dos estudantes. Durante todo o processo avaliativo, é fundamental que as colocações sejam respeitosas e sinceras sob uma perspectiva cidadã.

A atividade final tem como objetivo ampliar o conhecimento dos estudantes sobre os profissionais envolvidos no processo de abastecimento de água e como suas funções garantem a distribuição segura de água potável para a população. A pesquisa sobre a empresa responsável pelo abastecimento de água na cidade permitirá aos estudantes compreenderem o funcionamento desse serviço essencial e reconhecer a importância dos diferentes profissionais.

Oriente-os a pesquisarem sobre a empresa de abastecimento de água da cidade, identificando os profissionais que trabalham na captação, tratamento e distribuição da água. Sugerir pesquisas em fontes confiáveis, como o site da empresa de abastecimento local.

Após a escrita, promova uma discussão em sala, onde os estudantes poderão compartilhar seus textos e discutir as diferentes funções desses profissionais, valorizando o trabalho em equipe na área de saneamento.

Para finalizar, discuta com os estudantes como o conhecimento adquirido sobre o processo de fornecimento de água se aplica ao contexto da cidade deles, destacando a

importância do uso consciente e da preservação dos recursos hídricos.

Planejamento

A seguir apresentamos uma sugestão da quantidade de aulas destinadas a cada uma das etapas para que o projeto seja trabalhado ao longo de um semestre. Consideramos uma aula por semana destinada ao projeto.

Caso seja mais adequado para a sua realidade escolar, o projeto pode ser desenvolvido em outro período de tempo, por exemplo ao longo de um bimestre ou trimestre. Para isso, basta rever o total de aulas destinadas ao projeto por semana.

Sugestão de cronograma

Sugerimos que este projeto seja dividido em três etapas e desenvolvido em 16 aulas, distribuídas ao longo de um semestre, como indicado a seguir.

Cronograma geral

Etapa 1 2 aulas

Etapa 2 9 aulas

Etapa 3 5 aulas

Etapa 1: Vamos começar

Na Etapa 1 são identificadas as habilidades e os conhecimentos prévios dos estudantes. Com isso, é possível diagnosticar as afinidades e as possíveis dificuldades dos estudantes em relação aos temas que serão tratados no decorrer da investigação.

Esta etapa se completa em duas aulas. Na primeira, ocorrerá a apresentação geral do tema do projeto. As informações do tópico Conversa inicial permitem contextualizar e justificar a importância do assunto para o estudante. Já as atividades promovem uma reflexão sobre a importância da água para manutenção das funções do organismo. Retome-as na próxima aula.

A aula 2 poderá ser iniciada com uma escuta das respostas obtidas pelos estudantes para a atividade 1 e a atividade de ampliação. Ouça sobre o consumo médio de água dos estudantes e sobre os exemplos de funções realizadas pela água no nosso organismo. Na continuidade da aula, os estudantes deverão realizar a leitura da seção Em foco, que poderá inclusive ser feita em grupo. As atividades propostas nesta seção possibilitarão investigar sobre questões relacionadas à falta de água. As atividades 3 e 4 necessitam de pesquisa externa e poderão ser planejadas para o início da próxima aula. Ao final desta aula é importante solicitar aos estudantes a divisão em grupos de trabalho, conforme os itens apresentados na seção Organizando os trabalhos

Etapa 2: Saber e fazer

A Etapa 2 é realizada ao longo do processo de investigação. Ela é formativa e ocorre a partir de textos e atividades,

onde os estudantes são convidados para desenvolver e compartilhar os conhecimentos necessários para a elaboração do produto final.

Nas aulas 3 a 11 os estudantes entrarão em contato com informações diversas sobre água potável. Ao tópico inicial, Água como recurso, recomendamos dedicar duas aulas, a primeira delas poderá enfocar a leitura e interpretação do gráfico Quanta água doce disponível há na Terra?, inclusive propondo questionamentos sobre a quantidade de água potável disponível na Terra. Em aula, peça aos estudantes que respondam à atividade 1. No final desta primeira aula, solicite a eles que leiam o gráfico sobre disponibilidade e consumo da água. Na aula seguinte, retome o gráfico e realize a atividade 2. Ao final da aula, peça que façam, em casa, as pesquisas necessárias para responder à atividade 3

Inicie a aula 5 retomando as questões pesquisadas na aula anterior. Reserve um momento para discutir aspectos relacionados ao acesso à água que os estudantes devem ter pesquisado. Continue a discussão com as alternativas de redução do consumo de água que eles devem ter levantado na atividade 3. Na sequência desta aula, deverá ser solicitada a leitura do item O ciclo da água. É possível que surjam algumas dúvidas relacionadas aos conceitos apresentados nesse item, portanto utilize o restante da aula para respondê-las.

A aula 6 deverá ser reservada para abordar o item O que é a chuva e como ela se forma. Peça aos estudantes que realizem a leitura das imagens presentes na página 152 Aproveite este momento para discutir o conceito de potabilidade de água da chuva, solicitando inicialmente a leitura do texto A água da chuva é potável?. As atividades 1 e 2 podem ser realizadas e discutidas em sala de aula. Solicite as pesquisas para realizar as atividades 3 e atividade de ampliação. Elas servirão de início para a próxima aula.

Inicie a aula 7 retomando as pesquisas solicitadas na aula anterior. O levantamento realizado pelos estudantes referente à atividade 4 poderá ser reservado e utilizado na etapa de comunicação deste projeto. Inicie a discussão do item O clima e os regimes de chuva no Brasil. Essa discussão poderá ser iniciada em uma aula e concluída na seguinte, devido à diversidade de informações apresentadas.

Proponha, ao final da aula 8, que os grupos investiguem os índices pluviométricos da sua cidade, proposto na atividade 3. A aula 9 deverá ser iniciada com a retomada das pesquisas sobre os índices pluviométricos. De posse dessas informações, os grupos já podem começar a definir sobre a proposta de sistema que farão, concluindo, por exemplo, se o ideal é que ele apenas capte água ou contenha um local para armazená-la. Na sequência, eles deverão realizar a leitura dos textos apresentados no tópico Água: consumo e potabilidade, procurando refletir sobre os próprios hábitos de consumo de água. As atividades propostas poderão ser trabalhadas em sala de aula, o que estimulará ainda mais a consciência ambiental para o tema.

Na aula 10, apresente o conceito de pegada hídrica. Comente de forma oral os exemplos de valores de pegada hídrica presentes no infográfico Exemplos de pegada

hídrica. A atividade 1 poderá ser feita em sala de aula e discutida oralmente. Proponha a realização das demais atividades em casa. Inicie e aula 11 ouvindo as respostas das atividades da aula anterior. Reforce a importância de reservar os dados encontrados da atividade 4 para compor a apresentação final. Inicie a discussão acerca do produto final deste projeto reforçando a sua importância econômica e sustentável.

Etapa 3: Para finalizar

A Etapa 3 é somativa, nela os estudantes desenvolvem o produto final partindo dos conhecimentos adquiridos em todas as etapas anteriores.

Neste momento os estudantes deverão iniciar a elaboração das propostas dos sistemas de captação de água da chuva. Na aula 12, eles deverão ler sobre a opção de sistemas de captação de água da chuva apresentados no tópico Conhecendo algumas opções, e realizar, em casa, pesquisas sobre outras opções, o que comporá as referências necessárias para o desenho das propostas apresentadas pelos grupos.

Dedique as aulas 13 e 14 para analisar as propostas desenvolvidas pelos grupos. Caso seja necessário, essas aulas podem ser usadas para auxiliá-los na execução desta etapa. As próximas duas aulas (15 e 16) deverão ser utilizadas para auxiliá-los na elaboração da comunicação. Uma das aulas pode ser usada para uma apresentação prévia da proposta e validada por você e pelos demais grupos da turma.

Projeto 6 Moda e consumo: como praticar ações

sustentáveis?

Síntese do Projeto

Temas Contemporâneos Transversais:

Educação para o consumo, Trabalho, Educação em direitos humanos, Diversidade cultural, Ciência e tecnologia, Direitos da criança e do adolescente, Processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso

Componentes Curriculares:

• Líder: Ciências da Natureza e suas Tecnologias –Química e Biologia

• Outros perfis disciplinares: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas – Geografia e História; Linguagens e suas Tecnologias – Língua Portuguesa e Arte

Objetos do Conhecimento:

• Vida e evolução, Produção, circulação e consumo de mercadorias, Cidadania, diversidade cultural e respeito às diferenças sociais, culturais e históricas, Processos de criação

Produto Final:

• Organização de um evento de moda sustentável

Introdução

Estar na moda é uma preocupação recorrente para diversas pessoas. Mas o que é estar na moda? Se analisarmos a origem latina da palavra moda, modus, chegamos a uma resposta possível. Modus pode significar tanto uma maneira de fazer algo como uma lei. Ou seja, não é difícil concordar que estar na moda atualmente é seguir uma “lei” estabelecida por uma indústria bastante robusta e extremamente lucrativa com o auxílio de uma publicidade com alto poder de influência.

Essa indústria, cujo impulsionamento começou na Revolução Industrial, nem sempre teve toda essa força. Não faz muito tempo costumávamos associar tendências a períodos longos, de dez anos, por exemplo: na década de 1970, estar na moda significava usar calça boca de sino; na de 1980, blazer com ombreiras; nas de 1980 e 1990, calça baggy, entre outros exemplos de roupas. Hoje em dia, ao contrário, pode-se dizer que seguir tendências é mais complicado e exige mais dinheiro, pois as coleções têm uma “sazonalidade” mais curta, chegando, em alguns casos, a ser semanal.

Neste projeto buscamos mostrar que esse ciclo de vida muito curto da moda gera sérios impactos sociais e ambientais. Além disso, o projeto proporciona reflexões sobre padrões de consumo, valorizando as culturas juvenis e estimulando a participação ativa do jovem em perspectiva cidadã. É fundamental, portanto, que, ao longo de todo esse processo, os estudantes sejam instigados a refletir sobre suas próprias realidades e a atuar de maneira transformadora em seus contextos cotidianos, valorizando o conhecimento científico e tecnológico e o respeito aos valores para a construção de uma sociedade mais justa e sustentável.

A BNCC neste projeto

Este projeto proporciona oportunidades de desenvolver competências gerais da BNCC, bem como competências específicas e habilidades das áreas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, de Linguagens e suas Tecnologias e de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.

A seguir estão apontados os códigos das habilidades e competências desenvolvidas neste projeto. O texto completo referente à cada um dos códigos está apresentado nas páginas 202 a 205 deste livro.

Competências gerais da BNCC:

• 3, 4, 7 e 8

Competências específicas e habilidades:

• Área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias:

• competência específica 1: EM13CNT104

• competência específica 3: EM13CNT301 e EM13CNT302

• Área de Linguagens e suas Tecnologias:

• competência específica 2: EM13LGG201

• competência específica 3: EM13LGG301 e EM13LGG303

• competência específica 6: EM13LGG603

• Área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas:

• competência específica 3: EM13CHS301, EM13CHS303 e EM13CHS306

Como trabalhar a BNCC

A realização deste projeto possibilita um trabalho bastante significativo com a competência geral 3 e a competência geral 4, uma vez que é proposto aos estudantes a organização de um evento de moda sustentável como produto final. Por meio dessa proposta, especialmente no que diz respeito ao desfile, os estudantes são inseridos na prática de uma produção artística-cultural, a qual possibilitará que eles utilizem diferentes linguagens para expressão de sentimentos, opiniões, identidades, cultura e momento histórico, com o olhar crítico a problemáticas que se apresentam em diferentes contextos de sua realidade.

Para subsidiar a realização do evento de moda sustentável, ao longo dos diversos momentos da execução do projeto, os estudantes serão convidados a utilizar conhecimentos científicos para realizar a análise crítica de práticas elacionadas à indústria da moda, as quais geram impactos de ordem social, econômica e ambiental. Neste percurso, serão propostos o levantamento e a análise de dados relativos ao consumo de produtos da indústria da moda e seus impactos gerados, bem como a elaboração de argumentos consistentes para a proposição de alternativas e soluções mais sustentáveis para os problemas envolvidos (competência geral 7). Convém, ao longo desse trabalho, propor discussões sobre a imposição de padrões que a indústria da moda acaba impelindo, negando a diversidade e a pluralidade da sociedade, a fim de que seja ressaltada a importância de conhecer-se, respeitar-se e valorizar-se entre a diversidade humana (competência geral 8).

Neste projeto, diferentes problematizações possibilitam o trabalho com habilidades específicas da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, por exemplo nos momentos diversos em que os estudantes serão estimulados a investigar de que maneira os modelos de produção e consumo elacionados à indústria da moda geram impactos ambientais. Para isso, os estudantes muitas vezes partirão da análise de seus próprios hábitos de consumo e da realidade de seu contexto local, buscando analisá-los e compreendê-los sob a perspectiva de conhecimentos científicos. Ao analisar a influência da indústria da moda como uma das principais causadoras do aumento no volume de resíduo têxtil, por exemplo, é possível avaliar e discutir as formas danosas de descartes de materiais e artigos da moda e como os resíduos de tecidos sintéticos geram impactos ao ambiente, propondo aos estudantes que elaborem soluções individuais e/ou coletivas para que seus usos e descartes sejam responsáveis (EM13CNT104). Para tal, será utilizada a construção de questões e elaboração de hipóteses para interpretar dados, a promoção de debates em torno de temas científicos e/ou tecnológicos de relevância sociocultural e ambiental; a interpretação de dados e informações de diferentes naturezas;

a análise de questões socioambientais, políticas e econômicas relativas ao consumo de produtos da moda, bem como a discussão de alternativas e soluções mais sustentáveis para os problemas envolvidos (EM13CNT301). As informações e conhecimentos explorados ao longo do projeto, bem como as possíveis soluções apontadas para resolução dos problemas investigados, serão comunicadas à comunidade durante o evento de moda sustentável (EM13CNT302). Dessa forma, os estudantes têm a oportunidade de atuarem como agentes de transformação no seu contexto local cotidiano, por meio da proposição de ações que busquem a redução dos impactos da indústria da moda e dos hábitos de consumo.

O trabalho com habilidades específicas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas é dado, por exemplo, em momentos em que se propõe problematizar os hábitos e as práticas individuais e coletivos de produção, reaproveitamento e descarte de resíduos têxteis no cotidiano, bem como a proposição de ações de consumo responsável e de sustentabilidade (EM13CHS301); ao debater e avaliar o papel da indústria cultural e das culturas de massa no estímulo ao consumismo no setor da moda, seus impactos econômicos e socioambientais, com vistas à percepção crítica das necessidades criadas pelo consumo e à adoção de hábitos sustentáveis (EM13CHS303); ao analisar e avaliar de forma crítica os impactos econômicos e socioambientais de cadeias produtivas ligadas à produção têxtil e o compromisso com a sustentabilidade (EM13CHS306).

Para a área de Linguagens e suas Tecnologias, podem ser trabalhadas habilidades específicas em momentos do projeto que possibilitam, por exemplo, o debate a respeito de questões de relevância social, como as relacionadas aos meios de produção e às relações de trabalho abusivas dentro da indústria da moda, temáticas que podem ser analisadas e exploradas com base em diferentes pontos de vista e opiniões presentes na turma (EM13LGG303); ao tratar a moda como um tipo de linguagem que se expressa como fenômeno social, cultural, histórico e sensível a diferentes contextos (EM13LGG201); e ao propor aos estudantes que se expressem e desempenhem papel autoral na criação de um desfile de modas, atuação que requer ações individuais e coletivas e uso de diversas linguagens artísticas (EM13LGG301 e EM13LGG603) nesse processo criativo que envolve também a confecção das peças que serão desfiladas.

Este projeto se vincula a temas contemporâneos transversais educação para o consumo, educação para direitos humanos e trabalho, ao explorar a importância de evitar o consumo de marcas que violam direitos trabalhistas e direitos humanos; diversidade cultural, ao incentivar a valorização das individualidades e o respeito à diversidade humana; ciência e tecnologia, quando aponta o conhecimento científico como base fundamental para práticas de consumo consciente e sustentável; direitos da criança e do adolescente, ao abordar o trabalho infantil; e processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso, ao valorizar a presença deles na moda.

Professores envolvidos

Para liderar a condução deste projeto, sugerimos a atuação do professor de Química por abordar questões como processo de tingimento e poluição da indústria têxtil, entre outras. No entanto, para tornar a discussão ainda mais rica, é interessante contar com o auxílio de professores da mesma área e de outras áreas do conhecimento.

O professor de Biologia pode auxiliar as análises sobre formas de descarte de resíduos e sobre impactos ambientais. Além disso, o professor de Geografia poderá auxiliar nas discussões sobre modelos de produção e práticas de monocultura e o professor de História poderá contribuir com a análise sobre direitos humanos e relações de trabalho que envolvem a exploração de mão de obra. O professor de Arte, pode atuar na discussão sobre a história da moda e como ela influencia os nossos hábitos, e sobre a relação entre moda e arte; além disso ter uma participação bastante significativa durante a organização do produto final, especialmente na elaboração das peças que irão compor o desfile de moda.

Materiais necessários

Computador, tablet ou smartphones conectados à internet. Impressora colorida.

Roupas e tecidos usados.

Materiais de costura (agulhas, tesouras, cola, alfinetes, linhas, fitas etc.).

Materiais de uso têxtil em geral (botões, cadarços, canetas e tintas para tecidos etc.).

Cartolinas, canetas coloridas e outros materiais de escritório.

Os materiais sugeridos podem ser substituídos ou adequados de acordo com as necessidades e a disponibilidade de itens na escola. Sugira aos estudantes que, sempre que possível, reutilizem materiais descartados e solicitem o apoio e a participação de familiares, vizinhos, profissionais e comerciantes locais na obtenção de materiais indisponíveis no ambiente escolar.

A organização do bazar demanda um planejamento adequado para que o recebimento das peças arrecadadas ocorra em tempo suficiente para que estejam disponíveis no dia do evento. Alerte os estudantes sobre essa necessidade. O mesmo cuidado deve ser tomado com relação ao desfile de moda, que requer a disponibilidade de um local adequado para sua realização, tais como pátios, corredores, quadras, campos, salas de aula, auditórios ou qualquer espaço amplo dentro ou fora da escola. Além disso, para a realização do desfile de moda são necessários aparelhos e caixas de som para a execução das músicas para o desfile. Caso esses aparelhos não estejam disponíveis na escola, é possível utilizar computadores ou mesmo celulares para a reprodução das músicas. A seguir, são apresentadas informações mais específicas sobre materiais necessários durante o desfile e sugestões alternativas:

• cortinas ou tecidos grandes, como lençóis, por exemplo, para delimitar os bastidores;

• cadeiras para os espectadores;

• varal, araras ou cabideiros para a organização das peças do desfile dentro dos bastidores;

• espelhos, maquiagens, produtos e acessórios para os modelos;

• lanternas para iluminação;

• câmera ou celular para fotografar e filmar.

Orientações didáticas

Etapa 1: Vamos começar

O que a roupa representa?

Como esta é a aula inaugural, exponha a ideia geral do projeto e siga com as atividades propostas para sensibilizar os estudantes para o tema abordado.

A ideia central, neste momento, é que os estudantes percebam que as roupas possuem uma função de caracterização de identidade individual e coletiva, exemplificada em diferentes contextos, culturas, religiões, épocas, grupos e tc.

Incentive os estudantes a discutir sobre o ato de se vestir como uma ação automática. Questione-os se, ao comprar uma nova roupa, eles param para pensar na cadeia de produção de uma peça, nos impactos ambientais que podem ser gerados, em formas de reduzir hábitos consumistas, entre outras possibilidades de questionamentos. É importante conversar sobre o status social que determinada marca pode sugerir quando utilizada e como pode ser um elemento de discriminação. É necessário estar atento à realidade heterogênea dos estudantes, pois é possível que alguns dependam de doações para se vestir no dia a dia, o que pode causar constrangimento no compartilhamento com colegas. Se for o caso, procure abordar o assunto como uma oportunidade para que todos tenham uma relação diferente com o vestuário, independentemente da forma de acesso a ele. Aproveite também, caso julgue pertinente, para incentivar os estudantes a uma reflexão sobre o bullying e como a forma de se vestir pode ser um motivo de exclusão e violência verbal.

Neste momento, é interessante também abordar como as roupas podem ser modelos de identidade que determinam o pertencimento do indivíduo a determinado grupo. Sobre essa questão, o boxe Para ler traz uma sugestão de leitura que pode ser explorada, solicitando que os estudan tes façam um resumo individual do que acharam mais interessante no texto, seguido de um debate em grupo ou c om a sala toda (neste caso, em roda) para que cada um expresse o que lhe chamou mais a atenção. Como possibilidade de ampliação dessa abordagem, pode-se c onvidar o professor de História para discorrer sobre a história do vestuário. Para subsidiar essas discussões, sugerimos:

• CAR VALHO, H. De onde veio a sua roupa. Superinteressante, 2016.

Disponível em: https://super.abril.com.br/historia/de-onde-veiosua-roupa/. Acesso em: 22 out. 2024.

• LEVENTON, M. (org.). História ilustrada do vestuário São Paulo: PubliFolha, 2009.

Atividades Página 175

1. Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes façam comparações com o modo de vestir de seus pais ou outros parentes mais velhos, ou então com algum filme de época que tenham visto, como filmes ambientados na Idade Média. Outra possibilidade é a comparação entre roupas adultas e roupas infantis.

2. Exemplos possíveis elencados pelos estudantes são os orientados por estilo musicais, como sertanejo, rock , hip-hop , entre outros, bem como vestimentas, típicas da região Sul, típicas do campo, da cidade, formais, próprias para praia ou ainda características de alguma profissão, como a cor branca para profissionais de saúde, un iformes, ternos etc.

3. Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes abordem a expressão de identidade trazida pela escolha das roupas ou associação entre determinada vestimenta e uma profissão ou até mesmo a condição econômica da pessoa.

4. Respostas pessoais. É possível que muitos estudantes respondam algo como “escolho o que está na moda”, “escolho as roupas que julgo bonitas” ou “nunca pensei sobre isso”. Outra resposta possível é “uso roupas que considero legais” ou algo semelhante; neste caso, seria interessante comentar que é possível customizar roupas para deixá-las mais atraentes e que isso será explorado ao longo do projeto. É possível que alguns estudantes já pratiquem a customização das próprias roupas. Neste caso, é interessante convidá-los a compartilhar esse processo. Essa customização é feita pelos próprios estudantes, algum familiar ou alguém da comunidade? Ela envolve que tipo de habilidades e materiais? Que outro tipo de customização essas pessoas fazem? O debate pode envolver não só o vestuário, como a confecção de acessórios que utilizam matéria-prima comprada ou reutilizada.

Consumo e sustentabilidade

Este tópico apresenta o escopo do projeto, que será a relação entre consumo e sustentabilidade. Convém questionar os estudantes sobre o que eles já sabem a respeito desses conceitos, buscando reconhecer seus conhecimentos prévios sobre o assunto. É interessante propor aos estudantes que pensem a moda como um produto de consumo, uma vez que essa associação pode não ser tão imediata para eles. Nesse contexto, é possível explorar questões relativas a esgotamento de matérias-primas e recursos naturais, assim como a quantidade de resíduo sólido gerada por hábitos de consumo praticados na sociedade atual. O texto apresentado a seguir traz considerações sobre essa problemática e pode ser compartilhado com os estudantes, caso julgue pertinente fazê-lo.

Dia da Sobrecarga da Terra (1o /8) alerta para mudanças nos modos de produção e consumo O Dia da Sobrecarga da Terra 2024 cai em 1º de Agosto. Isso significa que em apenas sete meses a humanidade utilizou todos os recursos naturais disponíveis para um ano inteiro, retornando para o meio ambiente resíduos e gases de efeito estufa em uma quantidade maior do que o planeta é capaz de regenerar. [...]

[...]

A data calculada pela organização internacional Global Footprint Network varia ano a ano, a partir de cálculos complexos que envolvem a biocapacidade da Terra e a pegada ecológica da humanidade. Em resumo, quanto mais cedo a data, mais cedo cruzamos os limites de regeneração ambiental. Em 1971, o Dia da Sobrecarga da Terra caiu em 25 de dezembro. Cinco décadas passaram e a demanda sobre os serviços ambientais aumentou: hoje, consumimos 1,7 planeta por ano.

[...]

Para adiar o Dia da Sobrecarga da Terra e reduzir tanto a demanda por recursos naturais quanto a geração de resíduos e gases poluentes, é necessária a atuação de todos — pessoas, empresas e governos. DIA da Sobrecarga da Terra (1/8) alerta para mudança nos modos de produção e consumo. Akatu. 26 jul. 2024. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/ rfi/2024/08/01/dia-da-sobrecarga-da-terra-humanidade-ja-consumiutodos-recursos-do-planeta-para-2024.htm. Acesso em: 22 out. 2024.

Uma possível ampliação da abordagem proposta pode ser feita com a exibição do documentário The True Cost (2015), que trata do verdadeiro custo da moda barata e descartável que avança nas sociedades atuais, revelando os impactos sociais do consumo em excesso de produtos da moda. Outra sugestão é o documentário Minimalism: a documentary about the important things (2016), que questiona o consumo compulsivo e aborda o conceito de viver com apenas o necessário. A seguir, são apresentados os dados técnicos desses dois documentários:

• THE true cost. Direção: Andrew Morgan. Reino Unido, França, Itália, Índia, Dinamarca, China, Bangladesh, Camboja, Haiti, Uganda: 2015. (92 min).

• MINIMALISM: a documentary about the important things. Direção: Matt D’Avella. EUA: 2016. (79 min).

Atividades Página 177

1. a) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes comentem momentos cotidianos de troca e/ou lavagem de roupa, de escolha do que se vai vestir, de uso de uniformes (na prática de esportes por exemplo), entre outros. b) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes elenquem aspectos gerais da produção de roupas, como etapas de tingimento, design, costura etc., além de alguns materiais e recursos utilizados, como algodão, poliéster, água, máquinas de costura, entre outros. Provavelmente devem mencionar que as roupas são produzidas de maneira caseira ou em lojas e fábricas. Esse pode ser um bom

momento para levantar as percepções dos estudantes quanto a problemas relacionados ao regime de trabalho análogo à escravidão a que muitas pessoas são submetidas em fábricas têxteis e confecções. Também podem ser abordadas questões relacionadas à economia, como o consumo de roupas produzidas em outros países. Uma sugestão é realizar um trabalho conjunto com as disciplinas de História e Geografia para explorar essas questões.

2. Respostas pessoais. Geralmente, hábitos de consumo são associados com compras de comida, aparelhos eletrônicos, ingressos para eventos culturais etc., mas não com a aquisição de roupas, embora, de fato, o ato de comprar roupas também seja um hábito de consumo.

3. a) Uma forma de auxiliar os estudantes é pedir que relembrem quantas peças compraram nos últimos três meses e depois dividam o total por três.

b) Respostas possíveis são doar, vender ou jogar no lixo.

4. Uma sugestão é propor que alguns estudantes se voluntariem para ler o que escreveram, pois o objetivo aqui é mobilizar e aproximar os estudantes do tema. É interessante propor uma discussão em sala, atuando como mediador e permitindo aos estudantes que exponham suas opiniões, por exemplo, sobre quais recursos são utilizados na produção de roupas, como essa produção é feita e como se devem descartar roupas que não usam mais.

Organizando

os trabalhos

Projeto – Moda e consumo

De cunho mais organizacional, este é o momento de apresentar, caso ainda não tenha sido feito, o cronograma completo, bem como organizar grupos e duplas que trabalharão juntos até o fim do projeto.

Esta atividade é projetada para promover o trabalho colaborativo e a interdisciplinaridade, integrando habilidades manuais, pesquisa e criatividade em um contexto prático sobre moda sustentável. Para a formação dos grupos, oriente os estudantes a valorizar a diversidade de perfis, incentivando a participação ativa de todos e a divisão equilibrada de tarefas. Organize momentos de discussão sobre os aspectos ambientais, sociais e econômicos da moda, estimulando o pensamento crítico e a reflexão sobre hábitos de onsumo. Utilize o painel temático como uma oportunidade para desenvolver competências comunicativas e artísticas, culminando na organização de um evento prático, que envolva planejamento, resolução de problemas e interação com a comunidade escolar. A arrecadação de roupas pode ser antecipada para otimizar o tempo, e o envolvimento de profissionais da área da moda por meio de palestras enriquecerá a experiência. Assegure-se de que os materiais sejam adequados à realidade da escola, permitindo adaptações criativas que favoreçam a aprendizagem significativa.

É fundamental que sejam promovidos, na resolução de todas atividades deste projeto e durante a organização do evento de moda sustentável, o pluralismo de ideias e a valorização de conhecimentos científicos. Os estudantes devem ser estimulados a ouvir, a respeitar as opiniões uns

dos outros e a se colocar de maneira respeitosa. Convém, nos momentos de debate, que a turma seja organizada de forma que essas atitudes sejam incentivadas, explorando, por exemplo, arranjos em círculos ou rodas de conversa, entre outras possibilidades.

Etapa 2: Saber e fazer

Os momentos desta etapa podem ser realizados na ordem que mais se adapte à realidade da turma; podem, inclusive, ser ampliados conforme a demanda dos estudantes.

A velha moda está saindo de moda

Ao discutir os dois modelos de produção praticados pela indústria da moda, fast fashion e slow fashion, incentive os estudantes a refletirem sobre os aspectos que caracterizam cada um desses modelos. O modo de produção fast fashion se caracteriza por baixo preço de venda das peças e curto ciclo de vida (da produção ao descarte). Pode-se dizer que esse modo de produção custa pouco para a marca porque esta geralmente utiliza métodos de barateamento da produção, como a exploração da mão de obra, o descumprimento das normas ambientais e/ou o alto volume de produção. Consequentemente, o preço final para o consumidor também é reduzido. Por outro lado, são muitos os impactos socioambientais gerados por tais métodos, e por isso pode-se dizer que o fast fashion custa muito para o meio ambiente e para a sociedade como um todo. Já o modo de produção slow fashion surgiu como oposição ao fast fashion e se caracteriza por ser um modelo de produção sustentável, em que há uma preocupação socioambiental ao longo de toda a cadeia produtiva. Neste momento, é importante discutir com os estudantes que a escolha de um indivíduo por consumir fast ou slow fashion também está relacionada à classe social e ao poder aquisitivo, uma vez que as marcas de slow fashion costumam ser bem mais caras e limitam o seu público.

A seguir, sugerimos uma leitura que aborda as características e um pouco de história desses dois modelos produtivos.

• SLOW fashion e fast fashion: saiba quais as diferenças na hora de comprar! Ariana Nasi, 5 jul. 2019.

Disponível em: http://www.ariananasi.com.br/a-diferenca-entreslow-fashion-e-fast-fashion/. Acesso em: 22 out. 2024.

É provável que os estudantes consumam marcas que adotam o modelo fast fashion e, em função disso, é importante estimulá-los a investigar a cadeia produtiva que fabrica as roupas que eles usam. É fundamental ficar claro, no entanto, que o objetivo é estimular o senso crítico e o protagonismo dos estudantes quanto ao modo de se vestirem, sem que haja a culpabilização desses diferentes hábitos de consumo, mas sim a conscientização.

É importante colocar em análise o grande apelo das marcas que adotam o modelo de produção fast fashion para atrair o consumidor praticando preços bastante competitivos. Esse modelo tem tentado atrair cada vez mais varejistas com propostas que oferecem grandes vantagens comerciais. Se julgar pertinente, sugira aos estudantes que realizem uma pesquisa na internet buscando informações sobre as vantagens oferecidas aos varejistas da moda que

aderem ao modelo de moda rápida. Com essas informações em mãos, proponha aos estudantes que argumentem sobre quais impactos socioambientais podem se relacionar a cada “vantagem” oferecida pelo modelo fast fashion. A leitura das imagens da página 181 pode contribuir para a elaboração de argumentos pelos estudantes. Para tanto, estimule-os a refletir, por exemplo, sobre elementos dessas imagens que indiquem condições de ambiente de trabalho (são adequadas ou não?) e quantidade de resíduo gerado (muitos resíduos ou poucos?). Ainda, se julgar pertinente, uma possível ampliação neste momento é convidar o professor de Matemática para realizar uma atividade de orçamento familiar, propondo aos estudantes que estimem e analisem o valor gasto com roupas e acessórios, relacionando-o com a qualidade e, principalmente, com a durabilidade das peças adquiridas.

Diante desses dados e informações, é possível estimular os estudantes a avaliar e ponderar o custo socioambiental do modelo fast fashion, em comparação ao modelo slow fashion, que prioriza práticas e processos sustentáveis. Ações como conscientização do mercado consumidor, bem como o oferecimento de produtos com origem e processamentos mais sustentáveis, tornam-se uma propaganda positiva para a mudança dos processos dominantes nesse cenário da indústria da moda e seus impactos. Ações de conscientização acabam forçando as indústrias a mudar seu modo de produção, visto que os consumidores hoje mostram tendência a estar mais dispostos a consumir produtos que recebem selos.

Atividade Página 181

1. Respostas pessoais. Oriente os estudantes a utilizar, por exemplo, as palavras-chave “marcas fast fashion Brasil” em uma busca on-line para ver se encontram alguma informação sobre o modo produtivo dessas marcas. Outra sugestão é procurar nos sites oficiais das marcas por informações sobre sua cadeia produtiva ou quais medidas são utilizadas para assegurar uma produção ética e sustentável, possivelmente nas seções “dúvidas frequentes”, “quem somos”, “sobre nós” etc.

Atividade de ampliação

Resposta pessoal. Este é um bom momento para questionar os estudantes sobre o que puderam aprender até aqui, verificando se conseguiram atingir os objetivos propostos. Organize uma roda de conversa e pergunte se os conceitos de roupa sustentável e fast e slow fashion estão claros, sanando eventuais dúvidas. Espera-se que os estudantes citem características como condições adequadas de trabalho, descarte adequado de resíduos e respeito à legislação ambiental, por exemplo. Quanto à pesquisa, é comum que marcas sustentáveis usem isso como forma de propaganda, sendo, portanto, algo fácil de se encontrar nas redes sociais e no site oficial das marcas, bem como em buscas on-line com as palavras-chave “marcas sustentáveis Brasil”. A ideia é demonstrar aos estudantes que existem possibilidades acessíveis de compra de roupas cuja produção é tida como sustentável, especialmente considerando

que muitas empresas possuem sistemas de entrega que abrangem todo o território nacional.

O impacto da moda no meio ambiente

Nesta seção, será discutido como o excesso do consumo, incentivado pela indústria da moda, impacta o meio ambiente.

É possível contar com a participação do professor de Biologia para auxiliar na análise mais aprofundada sobre os impactos ambientais em consequência do alto consumo. O professor de Geografia também pode contribuir para complementar a discussão sobre modos de produção baseados na monocultura, explorando, por exemplo, dados da monocultura do algodão no Brasil, considerando que o país é um dos maiores exportadores de algodão para uso industrial no mundo. Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), em novembro de 2019 o Brasil possuía uma área de algodão plantado de 1,6 milhão de hectares. Para mais informações sobre o assunto, acesse o site da Conab:

• CONAB.

Disponível em: https://www.conab.gov.br/. Acesso em: 22 out. 2024.

O infográfico Quanta água é usada pela indústria da moda? explora em números o volume de água necessário para a fabricação de uma camiseta de algodão e uma calça jeans. O texto Poluição da indústria têxtil: qual o impacto dela nos oceanos e quais as soluções sustentáveis traz informações que, em associação aos dados do infográfico, expõem o impacto ambiental gerado pela indústria da moda e contribuem para alertar os estudantes sobre a urgência de hábitos de consumo mais responsáveis e sustentáveis.

A discussão sobre o processo de tingimento de peças de vestuário pode ser ampliada, explorando aspectos relacionados ao desenvolvimento científico e tecnológico dos processos químicos envolvidos em técnicas de tingimento utilizadas pela indústria têxtil, avaliando os impactos que esses processos geram no ambiente. Sobre o assunto, veja o artigo:

• MÜNCHEN, S. et al Jeans: a relação entre aspectos científicos, tecnológicos e sociais para o Ensino de Química. Química nova na escola, v. 37, n. 3, p. 172-179, agosto 2015.

Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc37_3/04QS-42-13.pdf. Acesso em: 22 out. 2024.

É possível abordar também alternativas sustentáveis para a realização desse processo, explorando possibilidades de corantes naturais para tingir roupas ou tecidos, ou mesmo considerando o tingimento caseiro e artesanal de roupas uma forma de renovação e ressignificação de peças usadas, atitude que pode estar associada à redução de consumo. Aproveite esse momento para discutir as alternativas para o descarte de roupas usadas, abordando, por exemplo, ações de trocas, vendas e doações. Este pode ser um momento bastante oportuno para iniciar a arrecadação de roupas e sapatos usados para o bazar que será realizado no evento de moda sustentável, ao final do projeto. Orien-

te os estudantes a estabelecer um prazo para recebimento das doações e a organizar um espaço para armazená-las. Se necessário, ressalte aos estudantes a importância de os produtos arrecadados estarem em bom estado.

Atividades Página 183

1. De acordo com o texto, os problemas relacionados com a poluição têxtil são o descarte inadequado de produtos químicos como corantes, tratamentos à prova d’água e tintas tóxicas.

2. Espera-se que os estudantes citem, por exemplo, impactos associados à produção de tecidos sintéticos, que também acarreta sérios problemas ambientais. De modo geral, peças sintéticas, quando lavadas, liberam na água micro e nanopartículas de plástico, que se tornam um grande problema de poluição dos oceanos, contaminando o ambiente marinho e até mesmo o gelo dos polos. Além dos tecidos sintéticos, outro material que é altamente poluente, especialmente para os oceanos, é o glitter. Para mais informações sobre modo de produção do glitter e impactos ambientais decorrentes do seu uso, consulte: SALLES, C. Glitter e o Perigo para os Oceanos: Como Minimizar o Impacto Ambiental - Projeto Ilhas do Rio. Disponível em: https://ilhasdorio.org.br/glitter-e-o-perigo-paraos-oceanos-como-minimizar-o-impacto-ambiental. Acesso em: 22 out. 2024.

3. a) Aproximadamente 34 dias.

b) Aproximadamente 24 dias.

Quanto custa uma camiseta?

Este momento do projeto traz para análise os fatores que envolvem o preço de cada peça de roupa e por que é importante conhecer a história da marca e entender o seu processo de produção.

Amplie a discussão sobre algumas marcas elevarem o preço dos seus produtos a ponto de excluírem uma parcela da sociedade de adquiri-los. Promova um debate questionando o objetivo de certas marcas atuarem com esse objetivo. É possível contar com o auxílio do professor de Matemática para uma abordagem alternativa com essa temática, propondo aos estudantes que busquem informações e dados que possibilitem realizar cálculos para estimar a margem de lucro das marcas que consomem. Outra possibilidade de trabalho é convidar para uma conversa com a turma um profissional que trabalha com confecção de roupas para falar sobre esse assunto.

Oriente os estudantes a pesquisar sobre o modo de produção das principais marcas que eles consomem e, caso manifestem interesse em posicionarem-se criticamente com relação às informações de que tomarem conhecimento por meio das pesquisas, proponha que entrem em contato com essas marcas utilizando canais disponíveis aos clientes nos sites dessas empresas.

É possível, ainda, contar com o auxílio dos professores de Biologia e de Geografia para aprofundar as discussões sobre como as pequenas mudanças individuais podem resultar em um consumo mais consciente e reduzir o impacto

negativo no meio ambiente. A sugestão de leitura apresentada a seguir pode ajudar a conduzir essa discussão:

• C ONSUMIDOR que reflete antes da compra diminui impactos negativos na natureza. Akatu, 2017. Disponível em: https://www.akatu.org.br/noticia/dia-do-meioambiente-consumidor-que-reflete-antes-da-compra-diminuiimpactos-negativos-na-natureza/. Acesso em: 22 out. 2024.

Atividades Página 185

1. Custos fixos como aluguel da loja, do escritório, funcionários, energia elétrica, água, internet, limpeza, segurança, material de escritório, de loja, transporte, sistema administrativo de vendas da loja física, da loja on-line, contador, embalagem etc. Além desses fatores, em alguns casos, o preço das peças de roupa pode ser utilizado de forma exclusiva, determinando que somente a parcela da população com maior poder aquisitivo possa adquiri-las.

2. Respostas pessoais. Os estudantes podem responder que têm preferência por marcas da moda ou podem responder que escolhem a roupa pelo preço ou outras características específicas. Explore com os estudantes as justificativas.

3. Respostas pessoais. É possível que os estudantes tenham opiniões divergentes. Por um lado, podem afirmar que não se importam com a marca desde que a roupa seja bonita e confortável. Por outro, podem expressar que, além de conforto e beleza, é importante que a roupa tenha uma marca bem conhecida e valorizada.

4. Espera-se que os estudantes percebam que os altos preços impedem o acesso à compra por uma parcela da população, mesmo que isso seja intencional ou não. Espera-se também que alguns estudantes aprovem a exclusividade de algumas marcas como forma de valorização e ostentação, enquanto outros desaprovem, por terem um pensamento mais inclusivo.

A moda como alvo e meio de protestos

Decorrem-se aqui as formas ilícitas de uso de matérias-primas e a exploração da mão de obra, muitas vezes, violando direitos humanos e trabalhistas, que diversas marcas de vestuários praticam para baratear a produção e aumentar a margem de lucro. Neste momento do projeto também é explorado o papel comunicativo da moda, uma vez que as roupas podem ser usadas em diferentes situações para transmitir uma mensagem ou mesmo como forma de protesto. O professor de Arte pode contribuir com essa discussão.

Para iniciar o trabalho com esse assunto, pode-se propor uma roda de conversa em que os estudantes trocam suas experiências. É possível que alguns deles já tenham participado de algum protesto ou manifestação em que a roupa utilizada tinha um significado. Situações cotidianas simples também podem ser consideradas, neste momento, como o uso de camisetas com dizeres ou mensagens que representam ideias ou caracterizam um grupo ou movimentos específicos.

Durante a abordagem do tópico Regime de trabalho análogo à escravidão, pode-se convidar o professor de História para uma conversa sobre o processo de escravidão no Brasil e como ele se diferencia dos regimes de trabalho análogo à

escravidão atuais, condição que pode estar presente em determinadas confecções de roupas. Diante dessa problemática, é importante explicitar a necessidade de ter conhecimento sobre a origem do produto consumido para não sermos um consumidor que indiretamente esteja contribuindo com essas circunstâncias que ferem direitos humanos. Apesar de antigo, o caso citado no texto é emblemático e trouxe o debate sobre o regime de trabalho para produção de roupas de marca. Para ampliar, sugira a leitura do texto a seguir.

• DESABAMENTO em Bangladesh revela lado obscuro da indústria de roupas. BBC, 28 abr. 2013. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/ noticias/2013/04/130428_bangladesh_tragedia_lado_obscuro. Acesso em: 22 out. 2024.

Conduza a discussão sobre o impacto das práticas ilegais na indústria da moda, como a exploração de mão de obra, as condições análogas ao trabalho escravo e a exploração do trabalho infantil. Sugira que os estudantes pesquisem notícias recentes sobre o uso de trabalho análogo à escravidão em diferentes indústrias, como a moda e a construção civil.

Para aprofundar o trabalho sobre essa problemática, realize uma roda de conversa e proponha aos estudantes que analisem o Artigo IV da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que apresenta: Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.

BRASIL. Ministério dos Direitos Humanos. A declaração universal dos direitos humanos e os objetivos de desenvolvimento sustentável: avanços e desafios. Brasília, DF, 2018. Disponível em: https://www. mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_ biblioteca/bibli_servicos_produtos/BibliotecaDigital/BibDigitalLivros/ TodosOsLivros/A-Declaracao-Universal-dos-Direitos-Humanos-e-osODS.pdf. Acesso em: 22 out. 2024.

Leia a matéria sugerida na sessão Para ler sobre o trabalho infantil e encoraje os estudantes a refletir sobre o uso de trabalho infantil e suas implicações, especialmente nas confecções de roupas. Proponha uma pesquisa sobre as condições de trabalho infantil em diferentes países e incentive a criação de um painel ou mural informativo com as informações coletadas.

Após essa discussão, solicite aos estudantes que apresentem possíveis alternativas para combater o consumismo exagerado e suas consequências ambientais e sociais. Para isso, promova questões que explorem a relação que todos nós temos com o problema em questão, uma vez que somos parte dessa cadeia de consumo. Estimule os estudantes a propor ações que podem ser feitas para transformar essa situação e reconhecer como podem ser agentes de mudanças quando agem com consciência, responsabilidade e postura cidadã.

Uma das ações que podem ser destacadas pelos estudantes neste momento pode corresponder ao estímulo para o consumo de produtos artesanais produzidos por pequenos artesãos, prática que contribui com a economia local e valoriza esses profissionais. Movimentos como Com-

pro de quem faz são um exemplo desse tipo de ação que valoriza o trabalho de artesãos. Nessa discussão, é possível também que sejam mencionados os selos de certificação ambiental que indicam que determinado produto cumpre requisitos de ordem ambiental e social. No site do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) são apresentadas informações sobre esses selos de certificação ambiental. A seguir, são indicados os endereços eletrônicos das referências citadas acima.

• O QUE é o movimento Compro de Quem Faz (CDQF). Eu sem fronteiras, out. 2023.

Disponível em: https://www.eusemfronteiras.com.br/o-que-e-omovimento-compro-de-quem-faz-cdqf/. Acesso em: 22 out. 2024.

• INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (Idec).

Disponível em: https://idec.org.br/greenwashing/desvende-osselos. Acesso em: 22 out. 2024.

Durante a discussão, possibilite aos estudantes que tenham espaços de fala para expor livremente suas propostas e estratégias para essas novas atitudes e comportamentos que visam ao consumo mais responsável e sustentável.

O tópico Quando a moda comunica aborda a moda como meio de comunicação, que pode ser utilizada em situações de protesto, às vezes em razão de causas relacionadas à própria indústria da moda. Se possível, convide os professores de História e de Arte para auxiliar nessa conversa e facilitar a análise sobre as intervenções artísticas e/ ou protestos e como a moda se insere neles. Um exemplo clássico a ser abordado nesta análise seria o protesto conhecido como “Queima de sutiãs”, que ocorreu nos Estados Unidos em 1968, protagonizado pelo Movimento de Libertação das Mulheres. Nesta análise, é possível considerar a função que os artigos da moda tiveram ao longo do protesto. A seguir, apresentamos uma sugestão de leitura que pode dar subsídios para essa abordagem.

• MACIEL, D. A.; MACHADO, M. R. Da queima do sutiã ao Time’s Up: os desafios da mudança geracional no feminismo. El País, 19 jan. 2018.

Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/01/19/ opinion/1516390183_108057.html. Acesso em: 22 out. 2024. É interessante aproveitar essa ocasião para incentivar os estudantes a pensar nas peças que irão compor o desfile de moda sustentável que eles realizarão durante a Etapa 3.

Atividade Página 189

1. Ajude os estudantes a refletir sobre as próprias experiências, orientando-os a perceber como a moda foi utilizada em cada situação relatada.

Atividade de ampliação

Uma sugestão é orientar os estudantes a utilizar a internet e pesquisar palavras-chave como “empresas trabalho análogo escravo” ou “moda protestos roupas”. Espera-se que eles apresentem um breve resumo do que foi pesquisado. Este é um bom momento para verificar o aprendizado dos estudantes sobre o que foi trabalhado até aqui e se os objetivos propostos foram atingidos. Organize uma roda de conversa para que eles apresentem suas pesquisas sanando eventuais dúvidas.

Desconstruindo o padrão de beleza

A grande relevância do tema abordado neste tópico proporciona uma discussão em torno da pressão imposta por um padrão de beleza que ignora a diversidade que se apresenta na sociedade. É importante valorizar durante a discussão que essa diversidade e a pluralidade das características de cada indivíduo são o que torna um ser humano único. Diante disso, espera-se que os estudantes apreciem-se e compreendam-se nessa diversidade, em vez de se aprisionarem em referências selecionadas pela moda, pela indústria cinematográfica, fotográfica e/ou mesmo por influenciadores digitais.

Uma boa forma de iniciar este debate é explorar a citação de Emma Watson. Se julgar pertinente, proponha aos estudantes que tragam exemplos de pessoas da mídia que atuam na desconstrução do padrão de beleza vigente atualmente. O resultado dessas pesquisas pode ser compartilhado com a turma. A seguir, apresentamos alguns exemplos de personalidades que podem ser apresentadas durante esse trabalho:

Tess Holliday – modelo americana plus size.

Sophia Hadjipanteli – modelo americana que ficou famosa por suas sobrancelhas grossas e unidas.

Connie Chiu – modelo e musicista chinesa albina.

Khoudia Diop – modelo senegalesa conhecida como “a Deusa da melanina”, devido ao seu tom de pele retinto.

Rebekah Marine – modelo americana cujo braço direito é uma prótese mecânica.

Personalidades como as vovós fashionistas sugeridas na sessão Para ler com estilos únicos e ousados que fogem dos padrões convencionais de idade, também são exemplos marcantes de diversidade na moda. Elas mostram que a autenticidade e a criatividade podem romper om estereótipos, inspirando um olhar mais inclusivo sobre oque é belo.

Se julgar pertinente, este pode ser um bom momento para ampliar a discussão, abordando temas de pressão estética, gordofobia e distúrbios alimentares. Esses temas têm grande relevância, pois estão bastante presentes entre os jovens e adolescentes. É importante ressaltar, no entanto, que estas não são angústias exclusivamente femininas. Duas referências que podem auxiliar a abordagem com esses temas são apresentadas a seguir.

• GONÇALVES, J. A. et al. Transtornos alimentares na infância e na adolescência. Revista Paulista de Pediatria, v. 31, n. 1, p. 96-103, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rpp/v31n1/17.pdf. Acesso em: 22 out. 2024.

• OLIVEIRA, R. Mais meninos buscam tratamento para transtornos alimentares. Folha de S.Paulo, 24 jun. 2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ equilibrioesaude/2019/06/mais-meninos-buscam-tratamentopara-transtornos-alimentares.shtml. Acesso em: 22 out. 2024. Para enriquecer a debate, se achar oportuno, discuta com os estudantes que essa percepção sobre o corpo está mudando novamente. Atualmente, a magreza extrema

voltou à moda e os jovens estão buscando na estética dos anos 2000 uma nova forma de viver.

Uma importante tendência entre os jovens é a hashtag Y2K, que faz referência à volta dos anos 2000, que tem ganhado muita força nas redes sociais. Para complementar a discussão, utilize a matéria

• PICANÇO, J. Magreza extrema, cabelos lisos, rostos iguais. Os padrões estéticos voltaram à estaca zero? Marie Claire. 28 dez. 2023.

Disponível em: https://revistamarieclaire.globo.com/beleza/ noticia/2023/12/magreza-extrema-cabelos-lisos-rostos-iguaisos-padroes-esteticos-voltaram-a-estaca-zero.ghtml. Acesso em: 22 out. 2024.

Atividades Página 191

1. Espera-se que os estudantes descrevam os padrões de moda e beleza atuais. Estimule a conversa com muito cuidado, evidenciado a importância da fala e da escuta e o respeito à opinião e a diversidade, e se achar adequado, peça para eles que descrevam como sentem em relação aos padrões estabelecidos na atualidade.

2. Se necessário, oriente os estudantes a observar características como cor, desenhos, estampas, comprimento etc.

3. a) Respostas pessoais. Uma sugestão é orientar os estudantes a procurar semelhanças em fotos do mesmo período e diferenças entre fotos de períodos diferentes.

b) Espera-se que muitas fotos sejam incluídas em grupos, evidenciando que existem padrões de beleza e/ou ícones que servem de inspiração para muitas pessoas. Caso as fotos sejam muito heterogêneas e não sejam agrupadas, peça que os estudantes digam quais características presentes nas fotos são reproduzidas nos estilos de hoje.

4. Resposta pessoal. Se julgar interessante, ressalte aos estudantes a importância de saber diferenciar inspiração em referências famosas de exclusão daquilo que é diferente dessa referência e, principalmente, adotar cada vez mais uma postura inclusiva e de respeito ao outro. Exemplos como os das vovós fashionistas citadas anteriormente mostram que estilo não tem idade e que a beleza pode ser celebrada de várias maneiras, independentemente dos padrões impostos pela sociedade.

Como a moda influencia nossas vidas

Neste último tópico da Etapa 2, os estudantes, considerando os variados dados e informações levantados e trabalhados ao longo dos tópicos anteriores, são convidados a realizar uma análise mais ampla da influência da moda na vida das pessoas, incluindo, logicamente, essa influência na vida deles.

Ao abordar os aspectos positivos e negativos apresentados no texto, solicite aos estudantes que busquem exemplos de seus contextos e vivências que podem ser associados a cada um dos pontos em discussão. Durante a análise dos pontos negativos, é possível também propor aos estudantes que eles pensem em possibilidades de atitudes e comportamentos que eles julgam ser possíveis de adotar visando reduzir os impactos negativos da moda na vida deles.

A sugestão a seguir pode auxiliar na ampliação dessa discussão com os estudantes.

• CRISTINA, B. Nátaly Neri: ‘Tudo é político e tudo também pode ser belo e estético.’ Marie Claire. 23 mar. 2023. Disponível em: https://revistamarieclaire.globo.com/beleza/ noticia/2023/03/nataly-neri-tudo-e-politico-e-tudo-tambempode-ser-belo-e-estetico.ghtml. Acesso em: 22 out. 2024.

Atividade Página 193

1. Oriente os estudantes a reunir-se em grupos e a escolher um dos temas discutidos em sala de aula ou, caso manifestem interesse, outros que possam estar relacionados ao tema central deste projeto. De acordo com o tema escolhido, os estudantes devem realizar uma pesquisa bibliográfica para a elaboração de painéis que apresentem os assuntos pesquisados.

As pesquisas deverão ser realizadas com a utilização de diversos meios e mídias (internet, jornais, revistas, documentários etc.). Se necessário, auxilie os estudantes na pesquisa bibliográfica, sempre ressaltando a importância de se trabalhar com fontes confiáveis.

Incentive os estudantes a usarem a criatividade durante a elaboração dos painéis. Além disso, pode-se destacar a possibilidade de usar a arte como forma de protesto e conscientização.

Sugira que, sempre que possível, explorem o uso de materiais descartados, reutilizados e/ou materiais recicláveis. A parte escrita dos painéis pode ser feita com tinta ou canetas coloridas, ou textos impressos.

Re ssaltar para os estudantes que os painéis produzidos neste momento serão expostos no evento de moda sustentável.

P roduto final

Etapa 3: Para finalizar

Organização de um evento de moda sustentável

Durante a preparação do evento, os estudantes deverão ser lembrados da importância da participação ativa e olaborativa de todos os envolvidos. É fundamental que as decisões sejam tomadas em conjunto, respeitando as diversidades presentes na turma. Além disso, as divergências devem ser trabalhadas de forma respeitosa, buscando sempre um consenso de ideias e opiniões.

Ao planejar o evento de moda sustentável, é importante que os estudantes resgatem as informações e reflexões trabalhadas ao longo do projeto, de modo a comunicá-las para o público que irá participar do evento, expressando isso por meio do desfile, do bazar e dos painéis.

No início do trabalho com a Etapa 3, sugerimos dividir a classe em dois grupos: aqueles que vão participar da organização do bazar e os que estarão envolvidos com a organização do desfile. Auxilie os estudantes na divisão das funções que devem ser desempenhadas em cada uma des-

sas tarefas. Enfatize que todos podem se candidatar para qualquer função e que votações podem ser realizadas, caso julgarem necessário.

Nome, data, local e convite do evento

Primeiro, é necessário decidir onde será realizado o evento. Pode-se, por exemplo, escolher a escola como sede do evento. Neste caso, uma reunião com a coordenação da escola é necessária para decidir quais os lugares e as datas disponíveis para o desfile e para o bazar. No ambiente escolar, pode-se considerar espaços amplos para a realização do desfile, a depender da infraestrutura do local (pátios, corredores, quadras, campos, salas de aula ou auditórios etc.). Para realizar o bazar, pode-se escolher alguma sala de fácil acesso, e, para a mostra de painéis, algum espaço bem visível e que não atrapalhe a circulação dos convidados. Espaços fora da escola também podem ser uma opção, a depender da disponibilidade e permissão de pessoas responsáveis. Neste caso, pode ser necessário se reunir com a associação do bairro para verificar a disponibilidade de espaços comunitários, como quadras, campos, centros comunitários, entre outros. Leve em consideração que o espaço da escola ou comunidade escolhido deve ser avaliado com relação à segurança, capacidade e adequação para a realização do desfile (espaço amplo, plano, com possibilidade para acomodar cadeiras, disponibilidade de tomadas para o som, adequação para a improvisação de um camarim e acessibilidade ao público).

Definidos o espaço e o dia para realização do evento, reúna os estudantes para a elaboração do convite. Proponha aos estudantes que escolham os formatos dos convites (impresso ou digital) e as estratégias que serão adotadas para a sua distribuição. Ao fazerem essas escolhas, ressalte a importância de serem consideradas opções sustentáveis, dado que sustentabilidade é um dos pilares deste projeto. Caso os estudantes optem por um convite impresso, é interessante valorizar a utilização de material reciclado ou reutilizado, como papel, tecido, garrafas e latas de alumínio, caixas de leite etc. Neste caso, a criatividade deve ser explorada para que os convites sejam personalizados de acordo com os materiais escolhidos. Já a escolha pelo convite em formato digital pode ser uma opção mais rápida, que não gera lixo e atinge mais pessoas. No entanto, demanda organização prévia para recolher os e-mails de todos que serão convidados para o evento e requer que uma pessoa se responsabilize pelo envio. Por isso é importante avaliar juntos os prós e contras de cada opção e definir por meio de votação.

Além disso, é interessante sugerir aos estudantes que estabeleçam um prazo para que os convidados confirmem presença, a fim de que seja possível calcular uma quantidade estimada de pessoas e qual o tamanho do espaço mais adequado para a realização do evento, bem como adequar o número e a disposição de cadeiras para o desfile, por exemplo.

Após a escolha do formato dos convites, oriente-os na sua confecção. O convite deve apresentar informações essenciais como hora, data e local. A seguir, apresentamos uma sugestão que pode ser usada como modelo para o convite.

CONVITE

Evento de Moda Sustentável

(acrescentar um nome ao evento, se quiser)

Os estudantes da escola _________ têm a honra de convidá-lo para o grandioso Evento de Moda Sustentável, que trará muita criatividade e conscientização para a necessidade de adotarmos ações mais sustentáveis no dia a dia. (pequeno texto de motivação para o evento)

O evento apresentará um desfile de moda com peças criativas personalizadas pelos próprios estudantes. Durante o evento, teremos também bazar e exposição de painéis.

Data: ____________ H orário: __________ Local: ____________

Contamos com a sua presença!

A arrecadação de roupas

A arrecadação das roupas, sapatos e acessórios para a realização do bazar pode ser uma ação voluntária dos estudantes, podendo inclusive mobilizar a comunidade local em uma ação conjunta. A proposição de venda das peças a preços acessíveis para benefício da comunidade e/ou a realização das trocas, bem como a destinação do dinheiro das vendas, deve ser decidida e autorizada entre os envolvidos, inclusive a direção escolar. É importante ressaltar com os estudantes a necessidade de as peças estarem em boas condições de uso.

Oriente os estudantes a eleger um grupo de representantes, o qual ficará responsável pela arrecadação e organização das peças doadas. No dia do evento, também é necessário que um grupo de estudantes esteja responsável pela realização do bazar, recebendo os convidados neste setor do evento e orientando as práticas de compra e venda e/ou trocas das peças.

A personalização das roupas

Após o período das doações ser finalizado, cada estudante vai escolher uma peça de roupa para personalizar. Para a personalização das roupas, qualquer tipo de material pode ser aproveitado, como botões, linhas, fitas, laços, cadarços etc. Os tecidos, por exemplo, podem provir de roupas usadas ou retalhos que possam ser reutilizados. Esta atividade deve ser realizada em grupo com a presença de um ou mais professores. Seria oportuna a participação do professor de Arte, para auxiliar com referências visuais e de estética. A seguir, sugerimos um texto que pode ser trabalhado com os estudantes neste momento inicial da atividade.

• LIMA, J. D. Qual a história dos pigmentos azuis e sua trajetória na arte. Nexo, 16 fev. 2017. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/ expresso/2017/02/16/Qual-a-história-dos-pigmentos-azuis-esua-trajetória-na-arte. Acesso em: 22 out. 2024. Para essa atividade, os estudantes devem estar sob supervisão dos professores no manuseio de agulhas e alfinetes e em todas as etapas de tingimento, especialmente se a técnica realizada envolver fervura. O tingimento faz

com que os pigmentos presentes nos corantes naturais ou artificiais se integrem às fibras dos tecidos e, com o uso de técnicas fixadoras, que variam de acordo com o tipo de fibra e o tipo de corante, os pigmentos tornam-se mais resistentes às lavagens sucessivas as quais o tecido sofrerá. Convém lembrar que, para realizar o tingimento de peças de vestuário, são necessários alguns materiais específicos, tais como panelas grandes e fogão que comporte esses recipientes.

Para tingir tecidos claros, recomenda-se o uso de pigmentos naturais encontrados em mercados e lojas, por exemplo urucum, repolho roxo, cúrcuma, açafrão, amoras, cascas de romã etc. A proporção a ser utilizada é de, para cada um quilo de tecido, cerca de 200 gramas de pigmento. Inicialmente o tecido precisa ficar de molho em água fria por cinco minutos. Depois, é necessário ferver o tecido por 30 minutos em um litro de água com o pigmento natural escolhido.

Já para os tecidos escuros, uma possibilidade bastante simples é utilizar a técnica tie dye. Durante o processo, partes do tecido são estrategicamente protegidas criando desenhos e formas diferenciadas. Uma maneira muito fácil de fazer tie dye é realizar a descoloração utilizando água sanitária. Para este processo, faça diversas torções em quaisquer partes do tecido e amarre as partes torcidas com barbantes ou elásticos. Fazendo uso de luvas de procedimento, mergulhe a peça a ser descolorida em uma vasilha com água sanitária. Esta pode ser pura ou diluída em água (50% água sanitária e 50% água). Após aproximadamente 30 minutos, retire o tecido do líquido, desamarre as torções, lave a peça em água corrente para a total retirada da água sanitária e deixe a peça secar ao sol. Desenhos serão formados nos tecidos que podem posteriormente ser tingidos por meio de outras técnicas e processos.

O bazar

Para a organização do bazar, os estudantes precisarão definir pontos essenciais, como:

• Como os participantes poderão adquirir as peças? Será cobrado um preço simbólico em dinheiro ou será combinado algum modelo de troca, utilizando, por exemplo, um quilo de alimento perecível?

• Como as roupas serão expostas? Em cabides, no varal? Quais roupas podem estar dobradas? Haverá divisão entre roupas femininas, masculinas e infantis?

• Vai ter algum tipo de decoração?

• Terá algum espaço reservado para experimentar as roupas?

• As pessoas podem levar roupas para doação no dia do bazar?

Além disso, oriente os estudantes a se dividirem para efetuar as diferentes funções necessárias para a realização do bazar, tais como ter um responsável por recolher o dinheiro ou o alimento, outros que atuarão como vendedores, decoradores, organizadores etc.

Painéis

Os estudantes deverão resgatar os painéis elaborados durante a Etapa 2 para a exposição durante o evento. Oriente-os a planejar o espaço em que os painéis serão expostos, levando em consideração a necessidade de ter fácil circulação de pessoas e a visibilidade das informações que estarão expostas. Caso os estudantes manifestem interesse, é possível realizar uma intervenção artística ou até mesmo uma performance. Neste caso, oriente-os para a necessidade de agendar horários e comunicar isso ao público.

Desfile

Para a organização do desfile, os estudantes precisarão definir pontos essenciais, como:

Como será organizado o espaço da passarela?

Como serão dispostas as cadeiras para o público?

Vai ter algum tipo de decoração?

Haverá som e luzes durante o desfile?

Além disso, é necessário que os estudantes se dividam nas diversas funções que devem ser realizadas durante o desfile, por exemplo estilista, costureiros, apresentador, grupo dos bastidores (para auxílio dos modelos nas trocas e organizações das roupas, na coordenação do desfile), modelos, maquiadores, técnicos de luz e som, fotógrafos, cinegrafistas etc.

Preparação da passarela e dos bastidores (ou camarim)

O espaço escolhido deve conter uma sala ou uma área que possa ser coberta por cortinas, que seja o suficiente para a organização das roupas em varais ou cabideiros, mesas para maquiagem e arrumação dos modelos, bem como espaço para troca das roupas. Deixe as roupas indicadas com os nomes de cada modelo e a ordem determinada. Maquiadores devem estar atentos para retocar a cada entrada na passarela.

O técnico de som deve ser responsável em fazer uma lista das músicas que serão tocadas na hora do desfile. Pode ser utilizado um computador ou até mesmo um celular. Para que as músicas tenham maior alcance, conecte o aparelho a uma caixa de som.

Oriente a equipe de filmagem e foto para se posicionar

em lugares que não atrapalhem o trabalho entre si. Comunicação é fundamental. É essencial que não haja invasão na passarela.

A iluminação não pode ser diretamente no rosto do modelo, causando dificuldade no desfilar.

Avaliação

Com relação às avaliações, realize-as de acordo com o que julgar pertinente, levando em conta o comportamento e a participação dos estudantes durante o desenvolvimento do projeto. As questões sugeridas podem ser ampliadas ou outras podem ser incluídas para que o quadro avaliativo se adeque a sua realidade escolar.

Os quadros, localizados ao final do projeto, podem ser utilizados para a autoavaliação e para a avaliação do estudante pelo professor. Você pode marcar uma conversa com cada estudante para discutir os itens desses quadros. Busque sempre o consenso. O preenchimento dos quadros pode ser feito gradualmente, à medida que o projeto for desenvolvido ou ao final, após a realização do produto final, a organização de um evento de moda sustentável.

O último quadro pode ser usado, também, para que os grupos avaliem seus integrantes, permitindo que os pares se avaliem, o que possibilita momentos de conversas produtivas que podem colaborar para o desenvolvimento de cada um dos estudantes. Durante todo o processo avaliativo, é fundamental que as colocações sejam respeitosas e sinceras sob uma perspectiva cidadã.

Explique aos estudantes que esta atividade final tem como objetivo conectar o conteúdo estudado sobre os impactos da moda com as possíveis profissões e carreiras relacionadas à moda sustentável. Destaque a importância de compreender como diferentes profissões podem contribuir para tornar a indústria da moda mais ética, justa e ambientalmente responsável.

Incentive-os a utilizarem fontes diversas e confiáveis para suas pesquisas, como sites de instituições de ensino de moda, blogs especializados em moda sustentável, perfis de profissionais da área nas redes sociais e documentários sobre o tema. Eles também podem entrevistar profissionais locais ou pesquisar empresas de moda sustentável para compreender melhor as demandas do mercado de trabalho.

Após a conclusão da atividade, promova uma discussão em sala de aula. Peça aos estudantes que compartilhem suas descobertas sobre as profissões escolhidas e como essas carreiras se alinham aos conceitos de sustentabilidade discutidos ao longo do projeto. Estimule-os a refletirem sobre como essas profissões podem inspirá-los a considerar escolhas de carreira que estejam alinhadas com valores sustentáveis e cidadania ativa.

Planejamento

A seguir, apresentamos uma sugestão da quantidade de aulas destinadas a cada uma das etapas para que

o projeto seja trabalhado ao longo de um semestre. Consideramos uma aula por semana destinada ao projeto.

Caso seja mais adequado para a sua realidade escolar, o projeto pode ser desenvolvido em outro período de tempo, por exemplo ao longo de um bimestre ou um trimestre. Para isso, basta rever o total de aulas destinadas ao projeto por semana.

Sugestão de cronograma

Sugerimos que este projeto seja dividido em três etapas e desenvolvido em 16 aulas, distribuídas ao longo de um semestre, como indicado a seguir.

Cronograma geral

Etapa 1 2 aulas

Etapa 2 6 aulas

Etapa 3 8 aulas

Etapa 1: Vamos começar

Na Etapa 1 são identificadas as habilidades e os conhecimentos prévios dos estudantes. Com isso, é possível diagnosticar as afinidades e as possíveis dificuldades dos estudantes em relação aos temas que serão tratados no decorrer da investigação.

Esta etapa se completa em duas aulas. Na primeira aula, ocorrerá a apresentação geral do tema do projeto e se iniciará a discussão sobre aspectos da moda, abordando as diferentes funções da roupa e a forma como esses artigos representam e expressam identidades e papéis sociais. As informações do tópico Conversa inicial permitem contextualizar e justificar a relevância do assunto para o estudante. Já as atividades promovem uma reflexão sobre as experiências pessoais sobre o assunto.

Na aula 2, os estudantes trabalharão com a seção Em foco, iniciando a análise das formas de impactos que a moda gera, sempre tomando como base as relações existentes entre os conceitos de consumo e sustentabilidade. A atividade 3 chama o estudante para o importante exercício de refletir sobre seus próprios hábitos e comportamentos com relação a consumo e formas de descarte de produtos da moda. Planeje um tempo adequado para a realização da roda de conversa proposta pela atividade 4, pois este é um excelente momento de fala e compartilhamento de conhecimentos e vivências relacionados ao tema deste projeto. Ao final desta aula é importante solicitar aos estudantes a divisão em grupos de trabalho, conforme os itens apresentados na seção Organizando os trabalhos.

Etapa 2: Saber e fazer

A Etapa 2 é realizada ao longo do processo de investigação. Ela é formativa e ocorre com base em textos e atividades, onde os estudantes são convidados para desenvolver e compartilhar os conhecimentos necessários para a elaboração do produto final.

Nas aulas 3 a 8, os estudantes entrarão em contato com informações diversas sobre a moda e seus diversos impactos. Cada tópico desta etapa (A velha moda está saindo de moda, O impacto da moda no meio ambiente, Quanto custa uma camiseta?, A moda como alvo e meio de protestos, Desconstruindo o padrão de beleza e Como a moda influencia nossas vidas) poderá ser desenvolvido em uma aula. Cada aula pode ser finalizada com a orientação para a realização em casa das atividades individuais, quando houver. Ao final da aula 3, oriente os estudantes a realizar a pesquisa de locais que vendem roupas sustentáveis no bairro deles, bem como buscar conhecimento de marcas sustentáveis. Os resultados das pesquisas realizadas podem ser apresentados ao restante da turma no início da aula 4. Na continuação da aula 4, explore os dados apresentados no tópico O impacto da moda no meio ambiente e proponha a realização da atividade 1. A atividade 2 pode ser realizada em casa, e o resultado da pesquisa, apresentado no início da aula 5. Em continuação da aula 5, inicie o estudo do tópico Quanto custa uma camiseta?. As discussões propostas pelas atividades 1 a 4 devem ocupar boa parte da aula 5, que poderá ser finalizada com a produção de textos proposta na atividade 4. Na aula 6, explore os assuntos tratados pelo tópico A moda como alvo e meio de protestos. A atividade de ampliação, de pesquisa, pode ser proposta para ser realizada em casa, e, no início da aula 7, os estudantes apresentam os dados pesquisados para a turma. Neste final da aula 6, oriente os estudantes a providenciar as fotografias referentes às atividades 2 e 3 do tópico Desconstruindo o padrão de beleza que serão utilizadas na próxima aula. Na aula 7, após apresentação dos dados pesquisados em casa, trabalhe o tópico Desconstruindo o padrão de beleza e realize as atividades 2 e 3, utilizando as fotografias trazidas pelos estudantes. Ao final da aula 7, solicite aos estudantes que providenciem para a próxima aula os materiais que serão utilizados na elaboração dos painéis, proposta da atividade 1 do tópico Como a moda influencia nossas vidas. Na aula 8, explore os conceitos do tópico Como a moda influencia nossas vidas, dedicando a maior parte da aula para a realização da atividade de elaboração dos painéis. Lembre aos estudantes que os painéis serão apresentados no evento final.

Etapa 3: Para finalizar

A Etapa 3 é somativa, nela os estudantes desenvolvem o produto final partindo dos conhecimentos adquiridos em todas as etapas anteriores.

Esta etapa ocupará as aulas 9 a 16. Na aula 9, deve ocorrer a divisão dos estudantes em grupos específicos que ficarão responsáveis pelas tarefas necessárias para a realização do evento de moda sustentável. Na aula 10, eles devem iniciar a arrecadação e a organização das peças do bazar e a escolha do local onde ocorrerá o evento. Na aula 11, podem confeccionar os convites a serem distribuídos ao público que participará do evento. Nas aulas 12 e 13, os estudantes podem realizar a personalização das roupas que serão desfiladas. Nas aulas 14 e 15, os estudantes poderão

produzir detalhes de decoração do evento e providenciar os equipamentos de luz e som que serão utilizados durante o desfile. Na aula 16, deve ocorrer a organização dos diferentes setores (bazar, desfile e exposição de painéis) que irão compor o evento de moda sustentável no local escolhido,

bem como ensaios do desfile no local. É possível que eles precisem finalizar os últimos detalhes dessa organização do evento fora do horário de aula. Oriente-os em relação a isso. O evento final, envolvendo a comunidade escolar, pode ser realizado fora do horário de aula.

Audiotranscrições

Para atender de forma acessível todos os estudantes, seguem as audiotranscrições que compõem os Projetos Integradores de Ciências da Natureza e suas Tecnologias.

Alimentação saudável página 52

(vinheta)

(narradora)

O que você comeu hoje? Sabe dizer se foi uma refeição saudável e com nutrientes balanceados? Se você tomou café com leite, achocolatado ou iogurte e comeu um pão com manteiga ou uma bolacha, saiba que, provavelmente, comeu uma formulação industrial. Sim, o mundo moderno, para otimizar tempo e dinheiro, tirou do nosso prato a comida chamada “de verdade” e, no lugar, vieram os ultraprocessados feitos em larga escala nas fábricas.

(vinheta)

Os alimentos ultraprocessados, ou AUPs, são receitas industriais desequilibradas nutricionalmente, com excesso de gordura, açúcar e sal e que passaram por muitas etapas no processo de fabricação até chegar à prateleira. A validade deles é longa porque eles contam com a adição de substâncias artificiais e sintetizadas em laboratório, muitas derivadas de petróleo ou carvão.

Eles possuem, via de regra, mais de cinco ingredientes que geralmente não são utilizados na culinária caseira, como, por exemplo, adoçantes, corantes, realçadores de sabor, glutamato, estabilizantes, conservantes, sódio, emulsificantes, nitrato, benzoato, BHA, BHT, espessantes… É quase um trava-língua, e a lista é grande. Pequena é a quantidade do alimento real.

(som de criança)

Na lista dos ultraprocessados estão: biscoitos recheados, salgadinhos de pacote, lasanha congelada, cereais adoçados, misturas para bolo, refrigerantes, bebidas energéticas, salsicha, macarrão instantâneo, pães e muitos outros. Mito é achar que os produtos que levam as palavras em inglês light ou diet são mais saudáveis. Eles também merecem cuidado, pois nem sempre são o que parecem. A maioria traz nutrientes sintéticos adicionados ao produto.

Não existem provas concretas sobre o impacto da ingestão desses alimentos ultraprocessados na nossa saúde. Mas são crescentes os dados que apontam que o consumo excessivo ou com alguma regularidade pode causar risco maior de problemas cardiovasculares, hipertensão, obesidade, diabetes tipo 2, câncer, ansiedade e depressão. Foi o que revelou, em 2024, um estudo divulgado no British Medical Journal, uma publicação respeitada na área da Saúde, com base em informações de 9 milhões e 900 mil pessoas do mundo todo.

A ingestão de alimentos ultraprocessados é fator de preocupação em várias partes do mundo e também em nosso país. A pesquisa “Consumo de alimentos ultraprocessados no Brasil: distribuição e evolução temporal 2008–2018”, realizada por pesquisadores da USP, a Universidade de São Paulo, constatou que esse tipo de alimento representou quase 20% das calorias ingeridas em 2017 e 2018 pelos brasileiros. Os estados onde os ultraprocessados têm maior participação na alimentação da população são: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. (vinheta)

Mas como identificar um alimento ultraprocessado? As diferenças entre eles e a comida de verdade você descobre lendo a embalagem. A dica é prestar atenção nos rótulos dos produtos. Na parte frontal, estão especificados, de forma mais simples, os ingredientes e os níveis de açúcar, gordura e sal. Por lei, se o produto tem mais de um ingrediente, é obrigatório trazer a listagem no rótulo. E isso pode ajudar na decisão de compra.

A Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, aprovou, em 2022, uma nova regra para rótulos. O tamanho e o formato ficaram maiores para facilitar a leitura, além de trazer informações sobre quantidade de açúcares totais adicionados ao produto para cada 100 gramas ou 100 milili-

tros. A declaração do valor energético e nutricional também passou a ser obrigatória para ajudar na comparação de produtos. A grande inovação foi a rotulagem frontal da embalagem, que, na parte superior, traz um símbolo em forma de lupa, indicando o alto teor de algum ingrediente específico. Mas atenção: existem produtos ultraprocessados sem a lupa por trazerem uma quantidade menor de gordura, sódio ou açúcar.

(vinheta)

Portanto, a melhor forma de evitar o consumo de ultraprocessados é apostar em alimentos in natura ou minimamente processados, como frutas, verduras, legumes, peixes, grãos, chás, ovos, leite, carnes etc. Ou seja, alimentos que sequer precisam de um rótulo para você entender o que são ou do que são feitos. Opções não faltam, não é mesmo?

Vale lembrar que os alimentos in natura são aqueles obtidos diretamente de vegetais ou animais sem sofrer qualquer alteração. Alimentos minimamente processados são os originalmente in natura que foram limpos e tiveram algumas partes não comestíveis removidas ou fracionadas, além de desidratados, moídos, pasteurizados ou refrigerados, sem envolver adição de sal, açúcar ou óleo.

O Guia Alimentar para a População Brasileira, elaborado pelo Ministério da Saúde, é considerado um dos melhores do mundo e traz recomendações e dicas para uma alimentação saudável e nutritiva de verdade. O material destaca o consumo de arroz, feijão, milho, mandioca, batata, verduras e frutas para uma alimentação nutricionalmente balanceada.

Na dúvida para comer de forma mais saudável, vale a regra: descascar é melhor que desembalar.

(vinheta)

Créditos: As informações deste podcast estão baseadas nos dados trazidos pela matéria “Como identificar alimentos ultraprocessados”, publicada no site da BBC Brasil em 14 de junho de 2024; pelo texto “Como identificar alimentos ultraprocessados a partir dos rótulos?”, publicado no site do Ministério da Saúde em 1º de dezembro de 2022; e pela pesquisa “Consumo de alimentos ultraprocessados no Brasil: distribuição e evolução temporal 2008-2018”, da Revista de Saúde Pública, publicada em 15 de março de 2023. Todos os áudios inseridos neste podcast são da Freesound.

Processo criativo: elaboração de roteiro página 101

(vinheta) (narrador)

Olá! Tudo bem com você? Este podcast não começou assim do nada. Eu não saio falando de improviso e pronto. Tudo o que será dito aqui tem um roteiro. E, assim, como em uma novela, uma série, um filme, primeiro surge uma ideia. Essa ideia vira pesquisa e só depois se transforma em um roteiro.

Em um filme, por exemplo, o processo de criação percorre um caminho que pode durar anos. Foi assim com o filme brasileiro Que horas ela volta?, da diretora e roteirista Anna Muylaert.

(vinheta e trechos sonoros do filme Que horas ela volta?)

O roteiro começou a ser pensado lá em 2002, mas sabe quando o filme estreou? Só em 2015! Até chegar ao cinema, a produção passou por diferentes estágios, como a premissa, o argumento, a escaleta e o roteiro.

(vinheta)

O roteiro é um documento escrito e narrativo que serve de guia para todos os processos da produção. Ele é a alma do negócio. Ele não conta a história simplesmente. Um roteiro mostra a história. Quem o lê deve ser capaz de visualizar, de entender como toda a produção será feita e qual será o resultado dela.

(vinheta)

Agora, vamos conhecer o passo a passo de um roteiro de uma obra de ficção para o cinema.

Primeiro, não basta ter uma boa ideia. É preciso uma história, personagens e conflitos. A premissa — que nada mais é do que o processo de pesquisa dessa história — precede a elaboração do roteiro e é fundamental nessa etapa para o desenvolvimento da ideia. Pode ser construída por meio de entrevistas, leitura de livros, observação da vida cotidiana etc. É nesse momento que o rumo do roteiro é definido e algumas questões precisam ser respondidas, dentre elas: se o gênero a ser trabalhado será drama, comédia ou suspense, por exemplo.

Ah, a premissa de um bom roteiro é o conflito e como a história vai se desenvolver a partir desse conflito. As tramas mais complexas apresentam vários conflitos e personagens com diversas camadas.

Aliás, os personagens são elementos essenciais da trama. Por isso, é preciso que eles tenham consistência, complexidade, entre outras características.

E sabe aquele momento de ansiedade, tensão ou emoção da história? Essa é a curva dramática: quando o clímax da história acontece.

(som de pessoas surpresas)

Tendo a premissa pronta, o próximo passo é o argumento. Nesse momento, a história começa a tomar forma. É o esboço ainda antes do roteiro em si e funciona como ferramenta de trabalho de desenvolvimento do roteirista.

Na sequência, é hora de estruturar a história com a chamada escaleta, que nada mais é que o esqueleto do roteiro. Não tem formato padrão, mas resume como a história será desenvolvida.

Agora, vem aquela parte de criar os diálogos e montar o roteiro propriamente dito. Existem padrões de formatação profissional. O mais comum é o Master Scenes, que é uma formatação contada por minuto e permite que o roteirista tenha noção do tempo do roteiro.

(som de relógio)

Estruturalmente, a capa do roteiro deve ter o título da obra e o nome do roteirista. A primeira página nunca é numerada, enquanto todas as outras devem ser. A fonte padrão é a Courier News, tamanho 12, com espaçamento simples.

A estrutura clássica de um roteiro segue ainda 3 atos. O primeiro é a apresentação com o tom da história e do protagonista até seu primeiro ponto de virada; o segundo é o desenvolvimento da história, em que o protagonista vai lidar com seu conflito até o segundo ponto de virada; por fim, a resolução da história, a reviravolta, o famoso plot twist, que culmina no confronto final em que o protagonista soluciona o conflito. (vinheta)

Roteiro todo escrito e pronto? Ainda não! Falta a etapa final!

Agora, é hora de revisar, ler, ouvir e sentir se a história atingiu o objetivo. Essa é uma etapa importante e que pode ser compartilhada com algum roteirista profissional ou alguém mais experiente, por exemplo. Outras impressões ajudam no processo.

Uma dica interessante é a leitura do roteiro em voz alta com outras pessoas, sejam elas atores ou não. Cada uma pode representar um determinado personagem, e isso facilita a visualização de cada cena e de cada fala.

E como já foi dito lá no início deste podcast, grandes obras do cinema podem levar anos até serem exibidas ao público. Cidade de Deus é outro exemplo. O filme brasileiro de Fernando Meirelles e Kátia Lund, roteirizado por Bráulio Mantovani, passou por 12 revisões de roteiro até ficar pronto.

(trechos sonoros do filme Cidade de Deus)

Lembre-se de que esses processos são formas, e não fórmulas. Um bom texto tem que sempre fazer sentido. Uma dica para treinar a escrita é analisar um filme que você já viu algumas vezes. Tente identificar quem são os personagens, o ponto de virada da história, a mensagem que o filme quer passar, entre outros elementos.

Então, se você tem uma ideia, agora é desenvolvê-la a partir de todas as informações que ouviu neste podcast. Boa sorte e muito sucesso!

(vinheta)

Créditos: Neste podcast, você ouviu um trecho do trailer do filme Cidade de Deus, de Fernando Meirelles e Kátia Lund. Também do filme Que horas ela volta, de Anna Muylaert. Os demais áudios são da FreeSound. O texto “Como fazer um roteiro de cinema”, do site do Instituto de Cinema, foi referência na elaboração deste podcast.

Como acontece a pesquisa científica página 118

(vinheta)

(narradora)

Na Quarta-feira de Cinzas de 2020, enquanto a maior parte dos brasileiros ainda se recuperava da folia do Carnaval, duas cientistas de São Paulo se empenhavam em uma missão importante. Ester Sabino e Jaqueline Goes de Jesus tinham acabado de receber uma amostra de secreção nasal do primeiro brasileiro infectado com o novo coronavírus.

Elas tinham anos de experiência no sequenciamento genético de vírus tropicais, mas agora precisariam se debruçar sobre esse novo microrganismo que se espalhava pela Ásia, pela Europa, prometendo abalar o mundo inteiro. A equipe comandada por elas no Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) foi capaz de uma das maiores façanhas da ciência brasileira nos últimos tempos: fazer o sequenciamento genético do coronavírus em apenas 48 horas e com uma tecnologia mais barata do que a que estava disponível até então.

O trabalho de Ester e Jaqueline foi fundamental para que, mais tarde, fossem desenvolvidas as vacinas que permitiram ao mundo combater a pandemia. Essa colaboração ilustra a importância das pesquisas científicas para a humanidade.

Um avanço científico só é possível quando são observados os passos que levam a uma pesquisa de qualidade. Esses passos incluem o domínio do conhecimento científico produzido até o momento, a formulação de um problema ou questão a ser respondida, experimentos controlados, a análise e discussão dos dados obtidos e a divulgação das conclusões.

É um caminho longo e, às vezes, atribulado. Mas os resultados encontrados ao final dele são os que nos possibilitaram chegar até aqui.

(vinheta)

O primeiro passo da pesquisa científica é identificar e delimitar o problema a ser discutido ou resolvido. Esse problema deve estar claro, ter objetivos gerais e específicos, assim como uma justificativa para um novo projeto.

No caso das cientistas Ester Sabino e Jaqueline Goes de Jesus, o problema estava muito claro desde o começo. Sequenciar os genes de um vírus novo é um dos primeiros desafios que os cientistas precisam superar antes de elaborar estratégias para combatê-lo. Porém, as brasileiras tinham um desafio ainda maior: Como fazer esse sequenciamento genético de maneira rápida e barata?

Nenhuma pesquisa científica nasce necessariamente do zero. Pelo contrário: os avanços científicos se baseiam sempre em conhecimentos já existentes sobre determinado assunto. Os pesquisadores chamam essa etapa de revisão bibliográfica, que é o momento em que eles leem e analisam o que já foi produzido sobre o tema.

Ester e Jaqueline puderam retomar o trabalho que vinham realizando em seus laboratórios até então. Elas resolveram aplicar no coronavírus as técnicas de sequenciamento genético e os materiais que já tinham usado na epidemia de zika vírus, em 2016. Na prática, elas misturaram a secreção do paciente com reagentes específicos e colocaram tudo em um sequenciador portátil, um equipamento do tamanho de um celular que leva um dia inteiro para extrair os dados genéticos da amostra. Será que daria certo? Testar hipóteses formuladas previamente é mais um dos passos da pesquisa científica.

A primeira tentativa não foi bem-sucedida. Então, a equipe coordenada pelas pesquisadoras precisou ajustar o reagente e o equipamento para tentar novamente. Foi um trabalho coletivo, que envolveu dezenas de cientistas dedicados aos resultados. Posteriormente, o sequenciador conseguiu concluir o trabalho. Ao final, elas organizaram os dados e publicaram um resumo em uma plataforma internacional especializada em virologia.

(vinheta)

A divulgação da pesquisa é uma etapa fundamental do processo, porque é por meio dela que o mundo fica sabendo sobre as conclusões e a metodologia do trabalho. Esse cuidado é fundamental para a possível replicação do método utilizado, para a proteção contra fraudes e, consequentemente, o estabelecimento de sua credibilidade.

Em condições normais, a divulgação passaria por um processo minucioso até a publicação, que só aconteceria após a revisão da pesquisa por outros cientistas e até com eventuais correções indicadas.

Mas, com a urgência da pandemia de covid-19, esse processo foi encurtado. O que não quer dizer que as descobertas de Ester e Jaqueline não foram analisadas por cientistas independentes. O virologista Nuno Faria, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, comparou os resultados das brasileiras com o genoma de outras amostras de coronavírus colhidas em outras localidades, assim como fizeram outros cientistas do mundo inteiro.

O trabalho das pesquisadoras brasileiras fez parte de um grande esforço mundial para entender a natureza dessa nova ameaça sanitária e agir rapidamente contra ela.

O Brasil não está entre os países que mais valorizam e respeitam o trabalho dos cientistas, e o resultado disso é que muitos pesquisadores precisam sair do país devido à falta de investimento e de perspectivas na área da pesquisa. Aqueles que permanecem no Brasil se vinculam a universidades e laboratórios de pesquisa ou, não raramente, precisam tirar dinheiro do próprio bolso para manter as atividades nos laboratórios.

Os cientistas continuam lutando por mais estrutura e melhores condições de trabalho. E pesquisas como a de Ester Sabino e Jaqueline Goes de Jesus comprovam que eficiência, competência e criatividade não faltam à ciência brasileira.

(vinheta)

Créditos: Usamos informações da entrevista “Ester Cerdeira Sabino: na cola do coronavírus”, da Revista Pesquisa Fapesp; do artigo “Experiência do Brasil com zika e dengue acelerou sequenciamento do SARS-CoV-2 no início da pandemia, diz imunologista Ester Sabino”, do Portal Butantan; e do artigo “Pesquisadoras tratam dos desafios da carreira para mulheres no país”, da Agência Brasil. Os áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound.

O que é pegada hídrica página 158

(vinheta)

(narradora)

O consumo de água em nosso dia a dia vai além do que utilizamos no banho, na descarga no banheiro e da quantidade de água recomendada para bebermos diariamente.

A água é usada também na indústria de alimentos, na fabricação de roupas, de smartphones e ainda na produção do papel.

Observando-se dados de consumo, a quantidade de água utilizada em alguns processos parece exagerada, mas é a realidade. A agricultura e a pecuária são as responsáveis por grande parte do consumo no planeta. Para se obter um quilo de carne bovina, por exemplo, 18 mil litros de água são utilizados.

Na indústria, uma das que mais consome recursos hídricos é a de vestuário. Você tem ideia de quantos litros são necessários para fabricar uma calça jeans? 10 mil litros! Vamos pensar em outras duas situações: para ser fabricada, uma camiseta utiliza 2700 litros de água. E até o algodão usado para produzir a camiseta entra nessa. São 10 mil litros de água para cada 1 quilo.

(vinheta)

Por isso, o conceito de sustentabilidade nunca fez tanto sentido. A água, que cobre cerca de 3/4 da superfície terrestre, é um recurso finito, e precisamos utilizá-lo melhor, de forma mais racional, para evitarmos desperdícios.

Pelos exemplos dos quais falamos, não é o que tem acontecido. Esse uso desproporcional chega a afetar mais de 2 bilhões e 700 milhões de pessoas pelo menos uma vez por ano. É o que diz um

relatório da Water Footprint, uma organização sem fins lucrativos que faz estudos ligados ao uso da água. Essa organização criou uma medição chamada pegada hídrica. Mas o que isso quer dizer?

(vinheta)

A pegada hídrica surgiu em 2002 e nada mais é que o gerenciamento da água e como ela é destinada. Trata-se de um indicador do volume de água doce gasta direta ou indiretamente, tanto para fabricar um produto quanto para prestar um serviço, bem como o consumo individual da população em todo o planeta.

Uma das ideias defendidas pela Water Footprint é a criação de um projeto de lei que obrigue indústrias e fabricantes a informarem o volume de água gasto no processo de produção de cada produto. Isso pode trazer maior consciência para o consumidor no momento da escolha. Novas tecnologias de captação e economia de água também são alternativas debatidas por essa organização para um consumo mais responsável.

E como funciona a pegada hídrica? O conceito é dividido em 3 níveis: verde, azul e cinza.

A pegada hídrica verde está relacionada ao volume de água necessário para o cultivo de alimentos e fibras sem irrigação artificial. Refere-se ao volume de água das chuvas, da neve ou de rios e lagos.

A pegada hídrica azul mede o volume de água doce de rios, lagos e lençóis freáticos que é usado na irrigação, lavagens, refrigeração etc.

Por fim, a pegada hídrica cinza vai acontecer por meio de cálculos que avaliam a quantidade de água necessária para diluir os poluentes e devolver a água limpa para o ambiente.

Além disso, o uso da água pode ser direto ou indireto. O melhor exemplo para explicar o uso direto é o momento em que você abre a torneira para uma ação direta, como lavar as mãos ou escovar os dentes.

(som de escovação dos dentes)

Já o uso indireto é o que precisa de maior atenção, porque o consumo desnecessário de água passa despercebido. Exemplo de uso indireto está na agricultura. Só no Brasil, para a produção de alimentos é utilizado, pelo menos, 70% do total de recursos hídricos disponíveis, enquanto as indústrias usam 24%, e o uso doméstico fica em torno de 10%. Esses dados são do estudo “Água: debate estratégico para brasileiros e angolanos”, escrito por Maurício Waldman, professor da USP –Universidade de São Paulo.

(som de água)

Aqui no Brasil, segundo estimativas, cada brasileiro consome por dia 154 litros de água de forma direta e indireta. Esse valor é 44 litros maior que a quantidade considerada necessária pela ONU. Mas... como usar a água de forma mais consciente? Em casa, já dá para fazer algumas mudanças para reduzir a sua pegada hídrica. Quer saber como?

(som de chuveiro)

Por exemplo, tomando banhos mais curtos de, no máximo, cinco minutos; fechando a torneira enquanto passa sabonete ou escova os dentes; usando xampus e condicionadores em barra, por economizarem 80% de água na sua produção; utilizando água da chuva ou da lavagem de roupas para limpar o quintal. Na cozinha, lavar a louça em uma bacia, e não com água corrente. Outro exemplo é comprar roupas em brechós para não incentivar a produção de uma nova peça. Na alimentação, reduzir a quantidade de proteína de origem animal no cotidiano.

Viu só como a mudança nos hábitos pode fazer a diferença e reduzir os impactos negativos no ambiente, principalmente sobre os recursos hídricos? Com uma população informada e mais consciente, tudo o que economizamos de água hoje pode significar a manutenção da vida no mundo de amanhã.

(vinheta)

Créditos: Todos os áudios usados neste podcast são da FreeSound. O texto “Pegada hídrica: o que é e como calcular?” está publicado no site Ecycle. O texto “Pegada Hídrica: como calcular e reduzir a sua”, foi publicado em 3 de novembro de 2022 no site Simple Organic.

Moda como reflexo de uma época página 189

(trecho da música “I’m too sexy”, da dupla Right Said Fred)

(narrador)

Quando falamos em padrão de beleza, o que vem à sua mente?

“Tá”, você vai dizer que depende, porque a beleza é subjetiva, cada um tem o seu conceito do que é bonito ou não, e por aí vai, não é?

Durante muito tempo, o mundo da moda foi dominado por um estereótipo praticamente inacessível. Nas passarelas, desfilavam apenas mulheres brancas, magras e altas. Os padrões que ditavam a moda vinham de tendências europeias.

O conceito de beleza também envolvia outras questões. Só para se ter uma ideia, lá na década de 1950, por exemplo, o ideal para as mulheres de classe média era ser dona de casa. Nada de estudar, trabalhar fora, ter uma carreira e seu próprio dinheiro. Para estar na moda, era preciso sonhar com um casamento, ter filhos, cuidar do marido e do lar e, claro, estar sempre bonita e bem-arrumada.

As coisas só começaram a mudar no final dos anos 1960, em 1968 mais precisamente, quando aconteceu um protesto muito simbólico, que abriu a discussão sobre o papel da mulher na sociedade e a pressão pela beleza idealizada e padronizada. Durante um concurso de miss, nos Estados Unidos, em que justamente a aparência feminina é julgada, mulheres jogaram objetos considerados opressivos em latões de lixo: salto alto, maquiagem, espartilho e, lógico, os sutiãs. Foi um ato pacífico, mas muito representativo, e que demonstra como o mundo da moda pode ser palco de reivindicações e mudanças.

(som de protesto)

Ainda na década de 1960, a moda passou a ter mais relevância na transformação social. Pessoas pretas ainda eram minoria em cargos de prestígio, universidades, campanhas publicitárias, no próprio mundo da moda e nos filmes. As atrizes pretas que se destacavam na indústria do cinema estadunidense, sediada em Hollywood, tinham que alisar o cabelo para se encaixarem no modelo de estética dos brancos. Foi nessa época que o empoderamento negro ganhou força com slogans que davam nome a movimentos como “Black Power” (que, mais tarde, também virou sinônimo para um tipo de penteado afro) e “ Black is Beautiful”. Esses movimentos lutavam por igualdade racial, evidenciavam o orgulho da estética preta e incentivavam o povo preto a se gostar e valorizar suas características físicas. No visual, a influência vinha da moda africana, que era rica em estampas e cores. Artistas pretos faziam sucesso, entre eles o grupo feminino The Supremes e o guitarrista, cantor e compositor Jimmy Hendrix.

(trecho da música “Little Wing”, de Jimmy Hendrix)

Aqui no Brasil, a moda também serviu de passarela para protestar. Zuzu Angel, considerada a mãe da moda brasileira, foi a maior representante da moda como espaço também para manifestações. A mineira, nascida Zuleika de Souza Netto, foi uma estilista que não seguia as tendências europeias. Suas criações eram genuinamente brasileiras e destacavam a diversidade da nossa cultura. Suas peças exibiam a renda nordestina, cores diversas e estampas representando a fauna e a flora brasileiras. Para ela, o importante era respeitar o que a mulher queria vestir. Numa época em que o país vivia em plena ditadura militar, Zuzu se valeu de seu prestígio internacional para mobilizar autoridades do exterior contra o regime ditatorial e na busca pelo filho desaparecido à época, que, depois, soube-se, foi torturado e morto durante esse período.

(trecho da música “Angélica”, de Chico Buarque)

Com o tempo, profissionais da moda entenderam que ela é também um importante instrumento de representatividade. Pense, por exemplo, no Brasil. Vivemos em um país onde a diversidade cultural e étnica é imensa. Mas como essa representatividade ganhou espaço por aqui e no mundo? Uma das responsáveis por essa transformação, mais recentemente, foi a internet. As mídias sociais ajudaram a desconstruir os padrões estéticos, até então estabelecidos, e trouxeram pessoas reais ao universo da moda.

(som de internet discada)

Hoje, já é possível ver modelos com vitiligo, albinas, com tatuagens, pessoas trans…. Essa diversidade está cada vez mais presente na publicidade e na moda. É uma tendência que vai além dos modelos chamados plus-size, ou seja, de modelos acima do peso. Um mercado, aliás, bastante consolidado, que, há algumas décadas, seria inimaginável.

Com o envelhecimento da população mundial, outro segmento que ganhou projeção é o de profissionais mais velhos. Idoso não faz mais só propaganda de remédio. Afinal, hoje, os 60 anos são os novos 30. Assim, a moda se rendeu a essa população, que é ativa e continua consumindo. Ou seja, há espaço para todos.

E sabe aquela pergunta que fizemos no início deste podcast sobre padrões de beleza?

Ao longo do tempo, os paradigmas de beleza foram revistos e a revolução da moda está ligada à evolução da sociedade. Portanto, moda é muito mais que vestir uma roupa. Ela dita tendências e influencia na maneira como vivemos, nos comunicamos e nos identificamos.

(trecho da música “I’m too sexy”, da dupla Right Said Fred)

Créditos: Neste podcast, você ouviu trecho da música “I’m too sexy”, da dupla Right Said Fred. Também, um trecho da música “Angélica”, de Chico Buarque. Outra canção foi “Little Wing’”, de Jimmy Hendrix. Os demais áudios são da Freesound.

Referências bibliográficas comentadas

Apresentamos aqui as principais referências que nortearam a produção desta Coleção, bem como as que foram citadas neste texto. Por consequência, estas referências podem, também, fomentar o processo de ensino e de aprendizagem, ampliando e complementando o que foi proposto na obra.

• 46% da população global vive sem acesso a saneamento básico. Nações Unidas, 22 mar. 2023.

Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2023/03/1811712. Acesso em: 23 out. 2024.

• Artigo sobre desenvolvimento econômico que apresenta o relatório da Unesco sobre água no planeta.

• A IMPORTÂNCIA de beber água regularmente. Coordenação de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho, 7 mar. 2024.

Disponível em: https://institucional.ufrrj.br/casst/a-importancia-de-beber-agua-regularmente/. Acesso em: 23 out. 2024.

Artigo da Coordenação de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho sobre os benefícios de beber água regularmente.

• ALVES, M. Z.; HERMONT, C. Estratégias metodológicas de trabalho com jovens. In: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Observatório da Juventude. Curso de Atualização Juventude Brasileira e Ensino Médio Inovador. Belo Horizonte, dez. 2012.

Disponível em: http://observatoriodajuventude.ufmg.br/jubemi/pdf/modulo06.pdf. Acesso em: 23 out. 2024. Texto traz algumas metodologias para facilitar o trabalho com jovens.

• ARAÚJO, U. Temas transversais, pedagogia de projetos e mudanças na educação. São Paulo: Summus, 2014.

Livro discute temas transversais, articulados com a pedagogia de projetos e com os princípios de interdisciplinaridade.

• AS FUNÇÕES no cinema. Artescétera, 29 ago. 2013. Cinema. Disponível em: http://www.artescetera.com.br/as-funcoes-no-cinema/. Acesso em: 23 out. 2024. Artigo com informações sobre as funções no cinema.

• AUSUBEL, D. Educational psychology: a cognitive view. New York: Holt, Rinehart and Winston, 1968.

Livro (em inglês) discute a natureza, as condições e os resultados da aprendizagem, do ponto de vista da aprendizagem verbal.

• BIBIANO, B. et al. Como agrupo meus alunos? Nova Escola, 1 mar. 2009.

Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/1475/como-agrupo-meus-alunos. Acesso em: 23 out. 2024. Texto traz orientações sobre trabalho em grupo.

• BRASIL é o maior exportador de Água Virtual do mundo e recurso deverá começar a ser cobrado nos produtos. Rádio Uirapuru, 9 out 2023.

Disponível em: https://rduirapuru.com.br/brasil-e-o-maior-exportador-de-agua-virtual-do-mundo-e-recursodevera-comecar-a-ser-cobrado-nos-produtos/. Acesso em: 23 out. 2024.

• Reportagem que explica o conceito de água virtual.

• BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, DF, 13 jul. 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 23 out. 2024.

• Lei de 1990 que apresenta o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

• BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF, 20 dez. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 23 out. 2024.

• Lei de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional (LDB).

• BRASIL. Lei n. 12.796, de 4 de abril de 2013. Altera a Lei n. 9.394 para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras providências. Brasília, DF, 4 abr. 2013. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2013/lei-12796-4-abril-2013-775628publicacaooriginal-139375-pl.html. Acesso em: 23 out. 2024.

• Lei de 2013 que altera a LDB de 1996.

• BRASIL. Lei n. 13.005, de 25 junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação. Brasília, DF, 25 jun. 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm. Acesso em: 23 out. 2024.

• Lei de 2014 que estabelece o Plano Nacional de Desenvolvimento da Educação.

• BRASIL. Lei n. 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera a Lei n. 9.394 e dá outras providências para instituir a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. Brasília, 16 fev. 2017.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/l13415.htm. Acesso em: 23 out. 2024. Lei que altera a LDB de 1996 e estabelece uma mudança na estrutura do Ensino Médio.

• BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF, 2018. Texto da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

• BRASIL. Ministério da Educação. Competências socioemocionais como fator de proteção à saúde mental e ao bullying. Brasília, DF, 2018.

Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/praticas/caderno-de-praticas/ aprofundamentos/195-competencias-socioemocionais-como-fator-de-protecao-a-saude-mental-e-aobullying?. Acesso em: 23 out. 2024.

Texto da página oficial da BNCC sobre competências socioemocionais.

• BRASIL. Ministério da Educação. Novo Ensino Médio: perguntas e respostas. Brasília, DF, 2018. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=40361. Acesso em: 23 out. 2024. Texto do Ministério da Educação sobre o novo Ensino Médio.

• BRASIL. Ministério da Educação. Resolução n. 3, de 21 novembro de 2018. Atualiza as Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio. Brasília, DF, 21 nov. 2018. Disponível em: https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/51281622. Acesso em: 23 out. 2024.

Resolução de 2018 que atualiza as Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio.

• BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Temas Contemporâneos Transversais na BNCC: contexto histórico e pressupostos pedagógicos. Brasília, DF, 2019. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/contextualizacao_temas_ contemporaneos.pdf. Acesso em: 23 out. 2024. Texto com informações do contexto histórico e pressupostos pedagógicos dos Temas Contemporâneos Transversais da BNCC.

• BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. 2. ed. Brasília, DF, 2014.

Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf. Acesso em: 23 out. 2024.

• Livro de distribuição gratuita do Ministério da Saúde contendo informações sobre diretrizes alimentares no Brasil.

• BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional. Secretaria Nacional de Saneamento. Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. Brasília, DF, 2019.

Disponível em: https://antigo.mdr.gov.br/images/stories/ArquivosSNSA/Arquivos_PDF/Snis/AGUA_E_ESGOTO/ REPUBLICACAO_DIAGNOSTICO_TEMATICO_VISAO_GERAL_AE_SNIS_2022.pdf. Acesso em: 23 out. 2024.

• Relatório das informações coletadas e divulgadas anualmente pelo sistema de informações de saneamento básico do Brasil.

• BRASIL. Ministério dos Direitos Humanos. A declaração universal dos direitos humanos e os objetivos de desenvolvimento sustentável: avanços e desafios. Brasília, DF, 2018. Disponível em: https://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/ bibli_servicos_produtos/BibliotecaDigital/BibDigitalLivros/TodosOsLivros/A-Declaracao-Universal-dosDireitos-Humanos-e-os-ODS.pdf. Acesso em: 23 out. 2024.

• Publicação que alinha os artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e as metas propostas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

• BRASIL. Senado Federal. Proibir uso do termo “quântico(a)” em serviços que não relacionados à física e suas áreas. E-cidadania. Brasília, DF. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/ecidadania/visualizacaoideia?id=123420. Acesso em: 23 out. 2024.

• Portal criado pelo Senado Federal com o objetivo de estimular e possibilitar maior participação dos cidadãos nas atividades legislativas, orçamentárias, de fiscalização e de representação do Senado.

• CARVALHO, A. M. P. Fundamentos teóricos e metodológicos do ensino por investigação. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, v. 18, n. 3, p. 765-794, set.-dez. 2018.

Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/rbpec/article/view/4852/3040. Acesso em: 23 out. 2024.

Texto fundamenta o ensino por investigação.

• CARVALHO, I. C. de M. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo: Cortez, 2011.

Livro explora a formação de sujeitos com postura ética, alinhada com a dimensão ambiental.

• DE CADA 100 brasileiros, 87 usavam internet em 2022, aponta IBGE. Agência Brasil, 9 nov. 2023.

Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2023-11/de-cada-100-brasileiros-87-usavaminternet-em-2022-aponta-ibge. Acesso em: 23 out. 2024.

Texto explora o aumento do uso da internet pelos brasileiros.

• DIA da Sobrecarga da Terra (1/8) alerta para mudança nos modos de produção e consumo. Instituto Akatu. 26 jul. 2024.

Disponível em: https://akatu.org.br/dia-da-sobrecarga-da-terra-2024/. Acesso em: 23 out. 2024.

Artigo que explica o que é o Dia da Sobrecarga da Terra.

• ECHEVERRÍA, M. P. P.; POZO J. I. Aprender a resolver problemas e resolver problemas para aprender. In: POZO, J. I. (org.). A solução de problemas. Porto Alegre: Artmed, 1998. p. 13-42. Texto discute a solução de problemas como estratégia de aprendizagem.

• FECOMERCIOSP. Água: o que o empresário do setor de comércio precisa saber e fazer para preservar esse precioso recurso. São Paulo: Fecomercio, 2014.

Disponível em: https://www.fecomercio.com.br/upload/pdf/2015/13/cartilha-agua-preservar.pdf. Acesso em: 23 out. 2024.

Documento com informações de água para o setor de comércio e serviços.

• FERREIRA, V. F. Química é sempre boa. Química Nova, v. 30, n. 2, p.255, 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/qn/v30n2/00.pdf. Acesso em: 23 set. 2024.

• Texto explora temas sobre a Química nos meios de comunicação.

• FUSCO, C. “A verdadeira história da ficção científica”, de Adam Roberts: a FC como um mapa para a humanidade. Medium, 21 maio 2018.

Disponível em: https://grupopensamento.medium.com/a-verdadeira-história-da-ficção-científica-de-adamroberts-a-fc-como-um-mapa-para-a-humanidade-13dd792635e0. Acesso em: 23 out. 2024.

• Artigo que apresenta o livro A Verdadeira História da Ficção Científica: Do Preconceito à Conquista das Massas, de Adam Roberts, e discute sua importância para o gênero.

• GAUTHIER, C; TARDIF, M. A pedagogia: teorias e práticas da Antiguidade aos nossos dias. Petrópolis: Vozes, 2010.

• Livro explora a evolução das ideias e das práticas pedagógicas da Antiguidade até nossos dias.

• GLASGOW, N. A. New curriculum for new times: a guide to student- centered, problem-based learning. Thousand Oaks: Corwin Press, 1997.

• Livro (em inglês) traz exemplos de como desenvolver e avaliar currículos baseados em resolução de problemas.

• GUEDES, M. G. de M.; BARBOSA, R. M. N.; JÓFILI, Z. M. S. Aprender ciências em grupo: o que os alunos pensam? In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 6. Anais [...]. Florianópolis: Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 2007. Disponível em: https://abrapec.com/atas_enpec/vienpec/CR2/p865.pdf. Acesso em: 23 out. 2024.

• Artigo traz uma discussão interessante sobre a importância do trabalho em grupo para a aprendizagem.

• HERNÁNDEZ, F; VENTURA, M. A organização do currículo por projetos de trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio. Porto Alegre: Artmed, 1998. Livro discute e apresenta a utilização de projetos para organizar uma proposta pedagógica curricular.

• JONES, F. A ameaça dos microplásticos. Revista Pesquisa FAPESP, São Paulo, n. 281, jul. 2019. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/2019/07/08/a-ameaca-dos-microplasticos/. Acesso em: 23 out. 2024 O artigo apresenta o que são microplásticos, como são formados e como podem afetar a vida.

• LEITE, L.; ESTEVES, E. Ensino orientado para a aprendizagem baseada na resolução de problemas na licenciatura em ensino de Física e Química. In: CONGRESSO INTERNACIONAL PBL. Actas [...]. Lima: Pontificia Universidad Católica del Perú, 2006.

Texto discute aplicação da aprendizagem baseada na resolução de problemas.

• LOIOLA, R. As trocas que fazem a turma avançar. Nova Escola, 1º jan. 2009. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/366/as-trocas-que-fazem-a-turma-avancar. Acesso em: 23 out. 2024.

Texto discute estratégias para a realização de trabalhos em grupo.

• MANTOVANI, Roberta. A cultura de paz no trânsito. Portal ONSV, 14 dez. 2015. Disponível em: https://www.onsv.org.br/comunicacao/artigos/a-cultura-de-paz-no-transito. Acesso em: 23 out. 2024. O artigo discute o Manifesto 2000, seus princípios norteadores e o contexto do trânsito.

• MARKHAM, T.; LARMER, J.; RAVITZ, J. (org.). Aprendizagem baseada em projetos: guia para professores de ensino fundamental e médio. Tradução de Daniel Bueno. Porto Alegre: Artmed, 2008.

Guia para implementação da metodologia de aprendizagem baseada em projetos.

• MOUTINHO, S. Mestres das águas. Ciência Hoje, 17 jul. 2012.

Disponível em: http://cienciahoje.org.br/mestres-das-aguas/. Acesso em: 23 out. 2024. Artigo sobre os sistemas de aproveitamento de água da chuva utilizados pelos maias.

• MOUALLEM, L. Plástico: de mil e uma utilidades a problema ambiental. Nexo Jornal, 6 abr. 2019.

Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/explicado/2019/04/06/plastico-de-mil-e-uma-utilidades-aproblema-ambiental. Acesso em: 23 out. 2024.

Artigo sobre a história do plástico e seus impactos socioambientais tanto positivos quanto negativos.

• MUNDO joga fora mais de 1 bilhão de refeições por dia, aponta Índice de Desperdício de Alimentos da ONU. Nações Unidas Brasil. 27 mar. 2024.

Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/264451-mundo-joga-fora-mais-de-1-bilhão-de-refeições-por-diaaponta-índice-de-desperdício-de. Acesso em: 23 out. 2024.

• Artigo que apresenta o Relatório do Índice de Desperdício de Alimentos 2024 publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)

• PERRENOUD, P.; THURLER, M. G.; MACEDO, L. de.; MACHADO, N. J.; ALESSANDRINI, C. D. As competências para ensinar no século XXI: a formação dos professores e o desafio da avaliação. Porto Alegre: Artmed, 2007.

• Livro aborda a formação de professores à luz de alguns desafios, como as múltiplas formas de aprendizagem, as competências essenciais para o século XXI e a avaliação.

• PERSICH, G. D. O. Ensino por investigação no Ensino Médio: potencialidades do projeto Conexão Delta. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 11. Anais [...] Florianópolis: Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 2017.

Disponível em: https://abrapec.com/enpec/xi-enpec/anais/resumos/R0430-1.pdf. Acesso em: 23 out. 2024.

• Texto apresenta o ensino por investigação como estratégia para a promoção do ensino-aprendizagem de conceitos científicos e a formação cidadã.

• PNUD. IPEA. Os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável. Plataforma Agenda 2030, Brasília, DF, 2019.

Disponível em: https://projetoods.ib.usp.br/2021/06/28/ods-6/. Acesso em: 23 out. 2024. Apresentação do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6 - Água potável e saneamento.

• PORTELLA, M. O.; RIBEIRO, J. C. J. Aterros sanitários: aspectos gerais e destino final dos resíduos. Revista Direito Ambiental e sociedade, v. 4, n. 1, 2014 (p. 115-134).

Disponível em: http://ucs.br/etc/revistas/index.php/direitoambiental/article/viewFile/3687/2110. Acesso em: 23 out. 2024.

O artigo apresenta os aspectos gerais de aterros sanitários e sua legislação.

• POZO, J. I.; POSTIGO, Y.; CRESPO, M. A. G. Aprendizaje de estrategias para la solución de problemas en ciencias. Alambique: Didáctica de las Ciencias Experimentales, Barcelona, n. 5, ano 2, p. 16-26, jul. 1995.

Artigo analisa as possibilidades que novos conteúdos procedimentais oferecem para o ensino de Ciências mediante solução de problemas.

• Programa Água Doce - PAD - Secretaria dos Recursos Hídricos. Secretaria de Recursos Hídricos, (c)2017-2024.

Disponível em: https://www.srh.ce.gov.br/programa-agua-doce-pad/. Acesso em: 23 out. 2024. Apresentação do Programa Água Doce (PAD), ação do Governo Federal coordenada pelo Ministério do Desenvolvimento Regional.

• RODRIGUES, B. A. O ensino de ciências por investigação em escolas da rede pública. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008.

Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/FAEC-85BQLJ/1/disserta__o_bruno_a_ rodrigues_2008.pdf. Acesso em: 23 out. 2024.

Dissertação propõe uma metodologia para avaliar aspectos do conhecimento procedimental geral de estudantes da rede pública no início do Ensino Médio.

• SCARPA, D. L.; CAMPOS, N. F. Potencialidades do ensino de Biologia por investigação. Estudos Avançados, São Paulo, v. 32, n. 94, p. 25-41, dez. 2018.

Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142018000300025. Acesso em: 23 out. 2024.

Artigo busca mostrar as potencialidades do ensino por investigação.

• SECOM/RR. Escolas são reconhecidas por práticas sustentáveis de reaproveitamento de água. Governo de Roraima, 21 ago. 2024.

Disponível em: https://portal.rr.gov.br/escolas-sao-reconhecidas-por-praticas-sustentaveis-dereaproveitamento-de-agua/. Acesso em: 23 out. 2024.

• O artigo apresenta o projeto “Uso e Reuso de Água na Escola. Quem Paga a Conta?”.

• UNESCO. O Valor da Água. Relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos 2021. Unesco, 2021.

Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000375751_por. Acesso em: 23 out. 2024.

• Relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos disponibilizado pela Unesco.

• WOJCIECHOWSKI, M. Como fazer um roteiro. AiC, 7 dez. 2017. Disponível em: https://www.aicinema.com.br/como-fazer-um-roteiro/. Acesso em: 23 out. 2024.

• Artigo com orientações sobre como elaborar um roteiro.

• ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.

• Livro apresenta orientações sobre a ação educativa com o objetivo de melhorá-la.

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