Filosofia autentica

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pensamento que não se submetiam a uma mentalidade colonializadora. Ao contrário, dedicavam-se a pensar filosoficamente questões relativas à realidade de nosso continente. Alguns envolveram-se, inclusive, com o tema da natureza humana indígena e negra, com o tema da escravidão, com os direitos dos índios e dos negros, com temas de Economia e de Direito etc. Dois dos nomes mais conhecidos merecem ser evocados aqui: Bartolomeu de las Casas (1474-1566), espanhol que viveu no México, e Antonio Vieira (1608-1697), português que viveu no Brasil. Outros pensadores, mesmo vivendo na Europa, adotavam uma “perspectiva latino-americana”, como, por exemplo, Tomás de Mercado (15251575), que nasceu no México, mas também estudou e ensinou na Universidade de Salamanca, Espanha. Tomás de Mercado, aliás, é considerado um dos fundadores da reflexão filosófica moderna sobre a Economia e sobre as relações entre Economia, Direito e Ética. Alguns especialistas chegam a afirmar hoje que diferentes pensadores da América Colonial propunham formas de pensamento contrárias à própria ideia de “colônia”. Uma visita ao site do projeto Scholastica colonialis permite conhecer vários pensadores Acesse: e várias obras de filósofos que se dedicaram a pensar de uma perspectiva latinoamericana: <http://www.scholasticaco lonialis.com> (acesso em: 24 abr. 2016).

Um aspecto delicado da prática filosófica brasileira – que, porém, deve ser sempre lembrado e pensado – refere-se ao fato de que o estudo de Filosofia em nosso país foi tirado de nossas escolas durante a ditadura militar. A disciplina de Filosofia era considerada inútil. O que se valorizava era a formação técnica e tecnológica dos estudantes, pois, como diziam os líderes do governo, o Brasil precisava entrar no cenário mundial dos países desenvolvidos. Eles acreditavam que os estudos filosóficos eram perda de tempo porque não interessavam ao desenvolvimento do país e simplesmente cancelaram as aulas de Filosofia nas escolas. Além disso, como o pensamento filosófico dá liberdade a quem o pratica, não interessava cultivar Filosofia em um contexto autoritário e violento como foi a ditadura militar. Apenas em 2008 foi retomada a obrigatoriedade do ensino de Filosofia no Ensino Médio. A respeito da história do ensino de Filosofia no Brasil, é de grande proveito a leitura do Capítulo 1 do livro organizado por Marcelo Carvalho, Gabriele Cornelli e Márcio Danelon, Filosofia: coleção Explorando o Ensino (MEC, 2010), disponível gratuitamente em: <http://portal.mec. gov.br/index.php?option=com_docman& Acesse: view=download&alias=7837-2011filosofia-capa-pdf&category_slug=abril2011-pdf&Itemid=30192> (acesso em: 24 abr. 2016). p. 510

Sugestões bibliográficas

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Filosofia e filosofias – existência e sentidos


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