360 arte

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Por Toda Parte VOLUME

ÚNICO

Solange Utuari Daniela Libâneo Fábio Sardo Pascoal Ferrari

PARTE I

Arte

VOLUME

ÚNICO

Por Toda Parte

ISBN 978-85-20-00309-1

9

788520 003091

11640004

VOLUME

ÚNICO


Solange Utuari

Mestre em Artes (área: Artes visuais) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Licenciada em Educação Artística pela Universidade de Mogi das Cruzes. Especialização em Antropologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Especialização em Arte Educação pela Universidade de São Paulo. Artista plástica e ilustradora, formadora de educadores em Arte, assessora de projetos educativos e culturais, autora de materiais didáticos e de livros para formação em diversos níveis.

Daniela Leonardi Libâneo

Mestre em Artes pela Universidade Estadual de Campinas. Licenciada em Pedagogia pela Pontifícia Universidade de São Paulo. Bailarina e professora de dança por 17 anos, professora universitária, gerente acadêmica, pesquisadora institucional e consultora educacional.

Fábio Sardo

Mestre em Artes (área: Processo de Criação Musical) pela Universidade de São Paulo. Bacharel em Música pela Faculdade de Artes Alcântara Machado. Professor de música em escolas particulares de São Paulo e elaborador de projetos para a rede pública paulista voltados a CEUs, ONGs e fundações. Violonista, instrumentista, arranjador e interventor musical em ambientes corporativos.

Pascoal Ferrari

Mestre em Ciências (área de concentração: ensino de Ciências) pela Universidade Cruzeiro do Sul. Especialização em Sociologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Licenciado em Pedagogia pela Universidade Camilo Castelo Branco. Licenciado em Psicologia pela Universidade Braz Cubas. Professor universitário, ator, diretor de teatro, consultor em projetos culturais em Artes Cênicas e autor de materiais didáticos para cursos de formação de professores em ambientes virtuais.

Solange Utuari Daniela Libâneo Fábio Sardo Pascoal Ferrari

Arte

Por Toda Parte VOLUME

ÚNICO

1ª. edição São Paulo – 2015


Todos os direitos reservados à Editora FTD S.A. Diretor editorial Lauri Cericato Gerente editorial Flavia Renata P. de Almeida Fugita Editoras Angela C. Di Cesare M. Marques, Valquiria Baddini Tronolone Editoras assistentes Roberta Vaiano, Lilian Ribeiro de Oliveira Gerente de produção editorial Mariana Milani Coordenadora de produção Marcia Berne Coordenadora de arte Daniela Máximo Projeto gráfico e capa Casa Paulistana e Tania Abreu Editor de arte Carlos Augusto Asanuma, Roque Michel Jr. Diagramação AGWM Editora e Produções Editoriais, Essencial design, Lucas Trevelin Tratamento de imagens Ana Isabela Pithan Maraschin, Eziquiel Racheti Coordenadora de preparação e revisão Lilian Semenichin Preparação Líder: Sônia Cervantes Preparadores: José Alessandre S. Neto, Veridiana Maenaka Revisão Líder: Viviam Moreira Revisores: Alessandra Maria R. da Silva, Paulo Andrade, Rita Lopes Supervisora de iconografia Célia Maria Rosa de Oliveira Iconografia Assistente de iconografia: Priscila Massei Pesquisadora: Ana Stein Diretor de operações e produção gráfica Reginaldo Soares Damasceno

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) 360º : Arte : por toda parte : volume único / Solange dos Santos Utuari Ferrari...[et al.]. – 1. ed. – São Paulo : FTD, 2015. Outros autores: Daniela Leonardi Libâneo, Fábio Sardo, Pascoal Fernando Ferrari ISBN 978-85-20-00309-1 (aluno) ISBN 978-85-20-00310-7 (professor) 1. Arte (Ensino médio) I. Ferrari, Solange dos Santos Utuari. II. Libâneo, Daniela Leonardi. III. Sardo, Fábio. IV. Ferrari, Pascoal Fernando. 15-03883 CDD-700 Índices para catálogo sistemático: 1. Arte : Ensino médio 700

Envidamos nossos melhores esforços para localizar e indicar adequadamente os créditos dos textos e imagens presentes nesta obra didática. No entanto, colocamo-nos à disposição para avaliação de eventuais irregularidades ou omissões de crédito e consequente correção nas próximas edições. As imagens e os textos constantes nesta obra que, eventualmente, reproduzam algum tipo de material de publicidade ou propaganda, ou a ele façam alusão, são aplicados para fins didáticos e não representam recomendação ou incentivo ao consumo.

Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998 Todos os direitos reservados à

Editora ftd S.A. Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP CEP 01326-010 – Tel. (0-XX-11) 3598-6000 Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 www.ftd.com.br E-mail: ensino.medio@ftd.com.br


Apresentação Sons, imagens e gestos inventam a arte. Podemos estar em um show de música, ouvindo instrumentos feitos com os mais inusitados materiais, andar por uma instalação cheia de cores e formas, assistir a uma peça de teatro, interpretá-la na escola ou simplesmente estar em um terminal de ônibus, em uma estação ferroviária, no metrô, e depararmos com uma bailarina que de repente começa a dançar... A arte é assim: pode estar aqui, ali, acolá, é preciso estar atento para perceber as muitas linguagens que nos convidam a pensar, sentir e criar. Estudar arte é conhecer diferentes linguagens e compreender como construímos conhecimento por meio de sons, gestos, movimentos e imagens. No estudo de Arte aprendemos a entender a natureza estética e criativa da humanidade em diversos tempos e lugares, a reconhecer as várias maneiras de expressar pensamentos, ideologias, crenças, estilos, formas, sonhos... A arte proporciona uma reflexão sensível, necessária para a compreensão de como reagimos diante de acontecimentos da vida e de como nos expressamos. O estudo e a criação da arte englobam muitas razões e emoções. Mergulhar no universo de artistas, de obras, de processos de criação e de linguagens da arte pode ser instigante, incômodo, prazeroso e desafiador. Essa aventura vale a pena! Convidamos você, então, para uma conversa sobre arte. Vamos? Os autores


Conheça o seu livro

Conheça seu livro A obra Por toda parte apresenta o conteúdo do curso dividido em 7 capítulos, de modo organizado e orgânico, para proporcionar a construção do conhecimento em arte de forma significativa. O Capítulo 7 é dedicado à história da arte e apresenta obras e artistas de forma cronológica e contextualizada.

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MATÉRIAS DA ARTE

Filme de Wim Wenders. Pina. Alemanha. 2010. Foto: Everett Collection/Keystone

C A P ÍT U L O

“[...] Eu movo dezenas de músculos para sorrir... Nos poros a contrair, nas pétalas do jasmim

Abertura de capítulo

Com a brisa que vem roçar da outra margem do mar... [...] E a alma aproveita pra ser a matéria e viver...”

Na abertura de cada capítulo, há uma imagem e um texto que estão relacionados com o conteúdo que será abordado.

BROWN, Carlinhos; MONTE, Marisa; ANTUNES, Arnaldo. A alma e a matéria. Intérprete: Marisa Monte. In: Universo ao meu redor. Rio de Janeiro: EMI, 2006. CD. Faixa 9. Disponível em: <http://www.marisamonte.com.br/pt/musica/universoao-meu-redor/letra/a-alma-e-a-materia>. Acesso em: 19 maio 2014.

Cena do documentário Pina. Direção de Wim Wenders, 2010.

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AS FORMAS E OS CONTEÚDOS DA ARTE

Observe o elemento de linguagem tempo, na relação entre imagem e movimento, no cinema; na duração de uma nota ou do silêncio, na música; o tempo marcado nos gestos da regência do maestro João Carlos Martins (1940-); o tempo presente também no passo do bailarino; no gesto e na palavra do ator; em instalações, entre tantas outras linguagens artísticas.

[...] As coisas não têm paz. GIL, Gilberto; ANTUNES, Arnaldo. As coisas. Intérpretes: Caetano Veloso e Gilberto Gil. Tropicália 2. Rio de janeiro: Polygram, 1993. LP. Faixa 7.

Observe o elemento de linguagem luz invadindo palcos nas artes cênicas, representado em pinturas, presente em intervenções urbanas, transformando-se em espetáculo visual tanto no palco como na plateia nos shows de música e de importância fundamental no cinema e na televisão.

Alessandro Bianchi/Reuters/Latinstock

Tudo que vemos e percebemos ao nosso redor têm peso, massa, volume, tamanho, tempo, forma, cor, como expressa a letra da música As coisas, de Arnaldo Antunes (1960-) e Gilberto Gil (1942-). As coisas podem ter muitos significados em função de suas formas. A arte, como um modo de apresentar, expressar, representar, enfim, de falar sobre as coisas do mundo, de muitas maneiras e abordando os mais diversos assuntos, utiliza-se de elementos de linguagem para criar poesias, pinturas, músicas, dramatizações e outras manifestações artísticas por meio de pontos, linhas, planos, formas, cores, tempos, volumes, texturas, dimensões, movimentos, luzes, entre outros componentes. É a forma e o conteúdo na arte!

A luz em uma obra artística pode ser apresentada de muitos modos, às vezes como tema, como materialidade ou elemento expressivo. Na obra do artista italiano Giancarlo Neri (1955-), a luz e o tempo são um espetáculo à parte que acontece no espaço público. Em 2012, na Praça Paris, do bairro da Glória, no Rio de Janeiro, esse artista apresentou a obra Máximo silêncio em Paris. Essa obra foi composta por cerca de 9 000 globos luminosos (em lâmpadas de LED) que, de tempos em tempos, mudavam de cor, apresentando aos olhos dos espectadores um universo de luzes e cores que se espalhavam no espaço. O artista também trabalhou com a efemeridade do tempo, uma vez que a obra foi exposta ao público durante pouco mais de uma semana. Trata-se de um exemplo importante do uso do espaço, do tempo e da luz como elementos de linguagem da arte.

Temas O maestro João Carlos Martins conduzindo a Filarmônica Bachiana SESI-SP no Avery Fisher Hall, em Nova York, EUA, em setembro de 2010.

Giancarlo Neri. 2007. Circo Máximo, Roma. Foto: Alessandra Tarantino/AP/Glow Images

Apresentação do espetáculo Botanica, do grupo de dança Momix, no Teatro Olímpico de Roma, em fevereiro de 2010.

A construção da linguagem artística acontece como na linguagem escrita, em que letras combinadas formam vocábulos, palavras formam frases organizadas pelas pontuações, princípios e elementos linguísticos são descritos e regidos pela gramática. Do mesmo modo, cada linguagem artística possui seus próprios códigos, elementos linguísticos que, combinados, constroem as formas e conteúdos na Arte. As linguagens artísticas possuem sua própria “gramática”. O mesmo elemento de linguagem pode ser base da comunicação e expressão de várias linguagens artísticas, como o espaço, o tempo, a luz.

Em cada tema, há textos, obras e conceitos pertinentes ao assunto de cada capítulo e aos territórios abordados, convidando os alunos para a investigação e reflexão em arte.

Dica para frequentar

Observe o elemento de linguagem espaço, o qual os gestos dos corpos de atores, dançarinos ou artistas performáticos ocupam e exploram; o espaço tridimensional, da escultura, dos sons da música que se propagam; o espaço bidimensional, do papel em que as linhas do desenhista se espalham.

Em muitas cidades há centros culturais, pontos e casas de cultura ou projetos ligados a secretarias de cultura estaduais e municipais que oferecem aulas gratuitas de dança. Procure saber mais sobre isso em sua cidade.

Máximo silêncio em Paris, de Giancarlo Neri, 2007. Lâmpadas de 25 cm que mudam de intensidade e cor.

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Capítulo 5 •

A arte em sua forma, a forma em seu conteúdo

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Foto: Agnaldo Passos/Acervo do projeto Bailarina Projétil

Giro de ideias: As bailarinas

Giro de ideias A seção promove a reflexão e a discussão sobre o território abordado, com o levantamento de conhecimentos prévios e experiências estéticas e culturais. Valoriza a oralidade e a construção de ideias com base no debate coletivo.

Ainda hoje existe a ideia de que a dança é apenas a clássica ou de que essa arte é somente para o gênero feminino. A dança, assim como a sociedade, está em constante mudança, e hoje temos uma imensa variedade de estilos de dança artística praticados tanto por homens como por mulheres. A visão sobre quem dança também mudou. Muitas vezes, temos a imagem de como os artistas são por conta da história que nos foi contada. Quando você pensa em uma bailarina, o que vem à sua mente? O que vem à sua memória é a figura de uma jovem com roupas esvoa­ çantes dançando com sapatilhas de ponta? Esse tipo de figurino ainda existe e muitas com­ panhias de balé escolhem compor espetáculos no estilo do ballet clássico, estética artística da dança que nasceu nas cortes europeias e que teve seu apogeu na França, na corte de Luís XIV, conhecido como o “Rei Sol”. Ele foi um grande incentivador das artes, criando uma série de instituições destinadas a promovê­las, dentre as quais a Académie Royale de Danse, em 1661. Em seu reinado, surgiram as figuras do professor e do coreógrafo de dança. Suas características referem­se à linearidade nos movimentos; à verticalidade; à utilização de narrativas associadas aos contos de fadas, histórias de príncipes e princesas; ao padrão estético definido: bailarinos e bailarinas magros, altos, de pernas longas, em busca pelo etéreo, divino, além do humano.

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Projeto experimental de arte PIQUENIQUE COM ARTE

Que tal fazermos como os impressionistas?

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Três das 50 imagens da série A Catedral de Rouen, de Claude Monet. Essa série foi pintada em horários diferentes, entre 1893 e 1894, reproduzindo as diferentes incidências de luz. Óleo sobre tela, 110 cm 3 73 cm; 100 cm 3 65 cm; 100 cm 3 65 cm (respectivamente).

Na escolha de cores para pintar, podemos elencar vários critérios. Que significados as cores têm para você? Você tem uma cor preferida? O artista francês Henri Matisse (1869-1954), assim como o brasileiro Cildo Meireles, já citado, criou obras em que predominam a cor vermelha. Escolha uma cor e pinte uma superfície (um suporte). Você pode optar por trabalhar com guaches prontos, mas experimente fazer suas próprias tintas. Depois faça algum tipo de interferência sobre sua pintura, usando imagens impressas, objetos, palavras, enfim, não há regras, mas procure estabelecer relações entre a cor e um assunto, tema, ou significado. Henri Matisse. 1911. Óleo sobre tela. Museu de Arte Moderna, Nova York. Foto: VG-Bild-Kunst Bonn/Glow Images

Henri Matisse. 1908. Óleo sobre tela. Museu Hermitage, St. Petersburgo. Foto: Album/Joseph Martin/Fototeca H. Matisse/Latinstock

Claude Monet. 1894. Óleo sobre tela. Museu Marmottan, Paris

O pintor francês Claude Monet (18401926), como forma de aprofundar suas pesquisas sobre a visão da cor e a pintura, fez vários estudos de vistas da Catedral de Rouen, na França. Em cada pintura, utilizou cores diferentes, em função da percepção de mudanças na iluminação da luz do Sol e das influências de materiais na atmosfera, como o ar e sua umidade. Dos estudos de Monet aprendemos que, a cada momento do dia ou período do ano, a mesma paisagem pode mudar de cor. Você e os colegas podem escolher um parque ou praça em sua cidade, levar telas, tintas e se aventurar a criar observando a própria natureza.

Projeto experimental de arte A COR SIGNIFICA Claude Monet. 1894. Óleo sobre tela. Museu Metropolitano de Arte, Nova York

Claude Monet. 1894. Óleo sobre tela. Galerie Beyerler, Basel

Há artistas considerados coloristas por aplicarem muitas cores em seus trabalhos. Os impressionistas, como eram chamados os artistas seguidores do Impressionismo (ver índice do Glossário), saíram dos ateliês para registrar como o olho vê as cores e como poderiam traduzir essas visões cromáticas em imagens pictóricas.

A sobremesa: harmonia em vermelho, de Henri Matisse, 1908. Óleo sobre tela, 180 cm 3 220 cm.

O estúdio vermelho, de Henri Matisse, 1911. Óleo sobre tela, 181 cm 3 219,1 cm.

Veja agora uma maneira de fazer tintas. Para fazer cada cor, reserve os materiais a seguir.

• Uma gema de ovo (que funcionará como um aglutinante – ver Capítulo 4). • ½ copo de água (a água funciona como solvente e dá fluidez à tinta, ou seja, você pode controlar a quantidade de água para obter uma tinta mais rala ou mais densa). • Pigmentos (você pode usar pigmentos naturais, como urucum, açafrão, beterraba etc., ou, pigmentos minerais de várias cores, como óxido de ferro, que é vendido em casas de materiais para construção, ou, ainda, anilinas comestíveis, que são vendidas em supermercados). • Copos descartáveis, panos para limpeza e pincéis de vários tamanhos e espessuras. Para fazer a tinta à base de ovo, misture os materiais: para cada gema de ovo (sem a película), acrescente de uma a duas colheres de sopa de água. Lembre-se de que você pode escolher entre tintas mais aguadas e tintas mais espessas, variando a quantidade de água. Depois acrescente o pigmento na cor desejada. Se o pigmento estiver em estado líquido, coloque 1 colher de sopa; se o pigmento se apresentar em pó, você pode acrescentar 2 colheres de sopa. A quantidade de pigmento, seja líquido ou pó, dependerá da consistência da tinta que você deseja obter. Desse modo, a proposta é a de que você faça experiências e eleja qual é o melhor tipo de tinta para o seu projeto. Capítulo 5 •

Matérias da arte

Hiroyuki Ito/Hulton Archive/Getty Images

TEMA

Capítulo 4 •

A arte em sua forma, a forma em seu conteúdo

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Projeto experimental de Arte O boxe propõe uma diversidade de atividades artísticas que contemplam as linguagens cênica, plástica e musical, proporcionando situações de aprendizado que estimulam a compreensão e a produção significativa em Arte.

Deise Gabrielle, bailarina do Projeto Bailarina Projétil, em Ferrovia, Salvador, BA. Foto de 2013.

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Conexões: Arte e Tecnologias – a desmaterialização do corpo

No curta-metragem de dança Ghostcatching (1999, 7 min.), realizado pelos artistas digitais Paul Kaiser (Alemanha, 1956-) e Shelley Eshkar (EUA, 1970-), o bailarino e coreógrafo norte-americano Bill T. Jones (1952-) parece uma animação gráfica computadorizada. No filme, dança e cinema interagem com o vídeo, o computador e a internet, abrindo uma nova tendência para as artes do movimento: a desmaterialização do corpo. A proposta do filme é capturar o essencial do movimento por meio de processos digitais. Foram gravadas primeiro cenas do dançarino girando e dançando, captadas também por meio de sensores ópticos colados ao corpo em movimento. Depois, essas imagens são multiplicadas e editadas, promovendo uma interação umas com as outras, nas quais são aplicadas, ainda, efeitos de computação gráfica. O desenho de seu corpo foi apagado e apenas seus movimentos foram preservados. A ideia foi apresentar a dança sem o próprio corpo, ou seja, sem o suporte e a ferramenta, restando apenas o movimento da matéria. Essa técnica é semelhante à usada em efeitos especiais e caracterização de personagens de muitos filmes, principalmente de animação.

Conexões O boxe contempla textos e discussões que abordam as diferentes dimensões do ser humano: éticas, estéticas, culturais, históricas, profissionais e saberes interdisciplinares.

Conversa com o músico Papo de artista: esculturas sonoras

Miriam Matsuda

Fernando Sardo é músico, luthier, artista plástico e arte-educador. Unindo seus conhecimentos sobre música e artes visuais, cria instrumentos musicais, esculturas e instalações sonoras com os mais diversos materiais, tendo como consequência o registro de uma enorme variedade sonora e objetos incríveis. Trabalhando formas e sons constituídos de materialidades, Sardo explica que esculturas sonoras “são obras plásticas-musicais construídas artesanalmente que proporcionam ao público a apreciação visual, aliada à interação artística e lúdica, por meio de fontes sonoras timbrísticas e melódicas” (disponível em: <http://ftd.li/ cobfb5>; acesso em: 19 maio 2014). Leia, a seguir, um trecho da entrevista especial que Fernando Sardo concedeu para esta obra, na qual nos conta como escolhe os materiais para construir instrumentos e esculturas sonoras.

“Quando me proponho a construir instrumentos tradicionais, como violão, violino, marimbas ou flautas, escolho os materiais com os quais esses instrumentos foram desenvolvidos na história da música e luthieria e que já fazem parte da expressão cultural de uma sociedade. O mesmo se dá quando construo instrumentos de origem indígena brasileira: utilizo os materiais característicos desses instrumentos, ou quando faço um koto japonês e utilizo as madeiras que são próprias para esse instrumento. Ou seja, quando faço um instrumento tradicional, procuro fazê-lo com a sonoridade parecida com a dos que já existem. Para que isso ocorra, tanto a forma do instrumento quanto as características dos materiais são importantes. Por outro lado, se um violoncelo for construído com madeiras de características muito diferentes das madeiras utilizadas nos tradicionais, ele poderá ter um som bem diferente.

Que tal fazer uma pesquisa sobre esse tema na internet: Que outras obras usaram essa técnica? Como é realizado o processo? Quais são as ferramentas digitais necessárias?

Imagem do filme Ghostcatching, realizado pelos artistas digitais Paul Kaiser e Shelley Eshkar, 1999. Efeitos de computação em imagens gravadas fazem o dançarino Bill T. Jones parecer uma animação gráfica.

Dica para navegar Você pode acessar o site do projeto Ghostcatching e visualizar mais imagens do projeto (disponível em: <http://ftd.li/4xnmys>) ou assistir a um trecho do filme na internet (disponível em: <http://ftd.li/hi88h9>). Acessos em: 19 maio 2014.

Capítulo 4 •

Quando invento instrumentos, por outro lado, minha busca é explorar novas sonoridades e descobrir diferentes timbres, e para isso é natural experimentar diversos materiais. Quando construo um tipo de violino com a caixa acústica feita de cabaça, ele fornece uma sonoridade bem diferente da de um instrumento similar com a caixa acústica feita de lata, ou plástico ou papel, como também da de um violino tradicional; cada um terá uma identidade sonora própria. Também existem outras criações nas quais realizo instrumentos musicais, esculturas e instalações sonoras que invento e que muitas vezes não partem de uma ideia de um instrumento que já existe dentro do universo dos instrumentos tradicionais. Para essas criações, algumas vezes eu parto de uma ideia de forma plástica e sonoridade que imagino e a partir disso pesquiso os materiais mais adequados. Outras vezes, as criações surgem simplesmente da experimentação dos materiais que acabam por si só abrindo a visão de uma criação, como, por exemplo, certa vez em que toquei em uns tubos de alumínio com arcos de violino e, ao perceber o resultado sonoro, tive a ideia de fazer uma escultura sonora que batizei de Pássaro. Para mim, o resultado dessa pesquisa na área da luthieria amplia o universo sonoro com que posso fazer música.”

Qual a linguagem artística de que você mais gosta e que tipo de material chama mais sua atenção? Convide seus amigos para produzir arte em várias linguagens, usando os mais variados materiais. Depois, organize uma mostra de arte com os trabalhos realizados.

Expedição cultural Quando estamos diante de uma obra de arte, geralmente ficamos mais preocupados com o sentido, o significado e as mensagens que a arte pode nos passar. Entretanto, pode ser bem interessante também prestar atenção nas materialidades e nos procedimentos artísticos que fazem nascer as obras de arte. Observar como um bailarino ou ator de teatro utiliza seu corpo como material expressivo, perceber como nossos cantores prediletos usam sua voz e como os instrumentistas tiram o máximo de som e arranjos de suas guitarras, violões, baterias, investigar como cada pintor, em diferentes culturas, aplica as tintas para conseguir cores que fascinam nosso olhar, todos esses detalhes podem acrescentar informações. O lixo que pode virar arte, por exemplo, nos traz uma nova consciência sobre o meio ambiente. Enfim, são infinitas as possibilidades de materiais e os jeitos de fazer arte. Pesquise sobre esse tema, veja se em sua cidade há artistas que apresentam obras com materiais diferentes, além dos tradicionais. Sempre que possível, vá a exposições, assista a shows, espetáculos de teatro e dança, e anote tudo que você descobrir em seu diário de bordo. Informe-se sobre a programação cultural da região em que você vive. Geralmente há algo bom, barato e até de graça sendo apresentado. E se não houver, que tal começar a criar? Mãos à obra! Capítulo 4 •

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A seção Conversa com (teóricos, artistas e outros profissionais) explora a obra e a vida de alguém relacionado diretamente ao território artístico abordado no capítulo.

Ação cultural

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Matérias da arte

Conversa com

Neste capítulo, apresentamos várias materialidades. Utilizando desde o próprio corpo aos mais diversos materiais fabricados ou encontrados na natureza, os seres humanos criam arte. O que você aprendeu de novo? Gostaria de investigar e fazer seus próprios instrumentos, tintas e outros materiais para fazer arte?

Fernando Sardo em seu ateliê, em foto de 2013.

Este ícone indica a existência de um Objeto Educacional Digital (OED). Trata-se de uma ferramenta multimídia relacionada ao tema ou assunto que você está estudando.

Paul Kaiser, Shelley Eshkar e Bill T. Jones. 1999. Foto: Acervo dos artistas

Desde a segunda metade do século XX, misturas e fusões entre as artes e a tecnologia vêm gerando variadas expressões artísticas, nas quais a questão da combinação de materialidades também é constantemente questionada.

Matérias da arte

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Ação cultural

Expedições culturais

A seção Ação cultural retoma conceitos e debates provocados pelos conteúdos temáticos do capítulo.

A seção propõe ações e percursos educativos que despertem a atenção e a experiência significativa dos espaços onde os alunos estão inseridos.

Fique de olho:

enem e vestibulares Iorque em 1917. A transformação de um urinol em obra de arte representou, entre outras coisas, a) a alteração do sentido de um objeto do cotidiano e uma crítica às convenções artísticas então vigentes. b) a crítica à vulgarização da arte e a ironia diante das vanguardas artísticas do final do século XIX.

c) José Leonilson, no contexto de celebração, em virtude da industrialização recente no Brasil. d) Waltércio Caldas, no contexto da popularização do carnaval, o que implicava em destaque internacional para o país. e) Cildo Meireles, no contexto de censura e medo, derivados da repressão e do regime militar.

3. (Unicamp-SP)

c) o esforço de tirar a arte dos espaços públicos e a insistência de que ela só podia existir na intimidade. d) a vontade de expulsar os visitantes dos museus, associando a arte a situações constrangedoras.

(Fonte – obra de Marcel Duchamp, fotografada por Alfred Stieglitz.)

Fique de olho: Enem e vestibulares

b) Artur Barrio, no contexto do surgimento da bossa-nova, importante momento cultural do país.

Eugène Delacroix. 1830. Óleo sobre tela. Museu do Louvre, Paris

1. (Vunesp-SP) A peça Fonte foi criada pelo francês Marcel Duchamp e apresentada em Nova

e) o fim da verdadeira arte, do conceito de beleza e importância social da produção artística.

Questões de vestibulares e exames nacionais são apresentadas e relacionadas com os conteúdos abordados no livro.

2. (UEL-PR) Observe as imagens a seguir, ambas da década de 1970.

Observe a obra do pintor Delacroix, intitulada A Liberdade guiando o povo (1830), e assinale a alternativa correta. (inserção em circuitos ideológicos)

(quem matou herzog?)

(Disponível em: <www.macvirtual.usp.br>. Acesso em: 18 out. 2009.)

42

a) Os sujeitos envolvidos na ação política representada na tela são homens do campo com seus instrumentos de ofício nas mãos. b) O quadro evoca temas da Revolução Francesa, como a bandeira tricolor e a figura da Liberdade, mas retrata um ato político assentado na teoria bolchevique.

Assinale a alternativa que contém as informações corretas com relação ao autor de ambos os trabalhos, assim como o contexto brasileiro do qual fizeram parte.

c) O quadro mostra tanto o ideário da Revolução Francesa reavivado pelas lutas políticas de 1830 na França quanto a posição política do pintor.

a) Hélio Oiticica, no contexto de pressão, fruto da crise da bolsa de valores de Nova Iorque de 1929 que afetou o mundo.

d) No quadro, vê-se uma barricada do front militar da guerra entre nobres e servos durante a Revolução Francesa, sendo que a Liberdade encarna os ideais aristocráticos.

Capítulo 1 •

o que é arte?

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Linha do tempo Linhas do tempo enriquecem o Capítulo 7 e destacam as imagens apresentadas em cada tema de forma cronológica.


Sumário Capítulo 1 O que é arte?

Detalhes da arte de Andy Warhol ...............................................................................................

Tema 1 O sentido das coisas

Giro de ideias: O que é arte?

15

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16

.....................................................

16

..........................................................

...................................................................

Detalhes da arte de Paulo Bruscky

16 18

........................

19

.........................................

20

Tema 4 A arte sempre foi arte?

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22

.............................................................

23

36

Giro de ideias: Arte poética

37

........................................................

Detalhes da arte de Duchamp

...........................................

Projeto experimental de arte: em busca da poética

....................................................

Tema 7 Arte é experiência?

...............................................

....................................

Detalhes da arte de Nelson Leirner Giro de ideias: Linguagens contemporâneas

......................

.............................

25 28

.....................................................

Projeto experimental de arte: música

Conversa com o filósofo

.....................................................

40

Ação cultural

...................................................................................

40

Expedição cultural

....................................................................

Fique de olho: Enem e vestibulares

Capítulo 2 Por línguas e línguas

42

.......................................................................

44

................

46

.....................

47

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48

Detalhes da arte de Alex Flemming Arte em todos os lugares

Giro de ideias: Cotidiano e arte

................................

51

............................................................

29

Projeto experimental de arte: divulgando a arte

51

30

Projeto experimental de arte: linguagens artísticas

52

30

................

30

..................

31

Conexões: Arte e História – ideia e opinião Tema 6 Se a arte está perto, tudo pode ser arte?

......

..................................................................................

Giro de ideias: Espelhos da alma

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Conexões: Arte e Língua Portuguesa – versos para ver

32

Tema 2 A proposição das linguagens Detalhes da arte de Hélio Oiticica

33

53 55

................

56

..........................

57

Detalhes da arte de Augusto Boal A rua é o lugar da linguagem

Marcel Duchamp. 1917/1964. Porcelana. Museu Nacional de Arte Moderna, Paris. Foto: RMN/Otherimages

41

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Projeto experimental de arte: dança

38 40

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Projeto experimental de arte: linguagens artísticas

37

......................

Tema 1 Linguagens que se misturam

Conexões: Arte e Filosofia – estética e poética

35

Projeto experimental de arte: um mundo visual

Giro de ideias: Experiência estética

Conexões: Arte e Tecnologias – mergulhos virtuais

Tema 3 Procurando pela arte

14

................

Projeto experimental de arte: linguagens artísticas

Tema 5 Renascem ideias

..........................

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............................................

Detalhes da arte de O Teatro Mágico

Tema 2 O que é arte?

12

.........................

58

.....................................

58

Giro de ideias: O “espect-ator”

61

Projeto experimental de arte: nós, os “espect-atores”

61

Conexões: Arte e Cidadania – teatro fórum

63

..................................

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..........................................................................

Tema 3 As linguagens artísticas no tempo 64 ...

Conexões: Arte e Matemática – joias do tempo

67

Conexões: Arte e Literatura – música e palavra

68

....................................................................

...............................................................


Tema 4 A s dez linguagens da arte e outras suposições

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Giro de ideias: Arte em coleções

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

70 73

Projeto experimental de arte: artes visuais 74 ..

Projeto experimental de arte: criando tintas, descobrindo cores e transparências

103

Projeto experimental de arte: imagens para observar, lembrar e imaginar

103

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Tema 5 A s linguagens estão se transformando

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

75

Detalhes da arte de Adriana Varejão

..................

77

Detalhes da arte de June Paik

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

77

Conexões: A diversidade cultural e as linguagens artísticas

78

Projeto experimental de arte: artes visuais

79

.................................................

.............................................................................

Projeto experimental de arte: gravura

.. . . . . . . . . . . . . .

79

Conversa com a iluminadora

.........................................

80

Ação cultural

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

81

Expedição cultural

.....................................................................

Fique de olho: Enem e vestibulares

.......................

Capítulo 3 A criação

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Tema 1 Intervenção como criação

...........................

Detalhes da arte de Alexandre Orion

.................

81 82

84 86 87

Detalhes da arte de Gabriel o Pensador

..........

88

Giro de ideias: Liberdade de expressão

.. . . . . . . . . . . .

89

Projeto experimental de arte: criação no reverso

............................................................

89

Tema 3 Criação e registro

..................................................

Detalhes da arte de Raymond Murray Schafer

.....................................

.......................

106

Giro de ideias: Percepções

.............................................

107

Projeto experimental de arte: movimentos, criação e registros

...................

107

Projeto experimental de arte: registro sonoro

.................................................................

108

Conexões: Arte e Ciências – todo mundo cria!

109

...........................................................

Tema 4 Lugares para criar

.................................................

110

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

112

Criando em grupo

Giro de ideias: Amigos artistas

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

113

Projeto experimental de arte: criando um ateliê

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

113

Projeto experimental de arte: “musicoteca” – um lugar para ouvir e fazer música 116 ..................

Projeto experimental de arte: o ambiente das artes cênicas

117

Conexões: Arte e Língua Portuguesa – os manifestos da arte

118

Conexões: Arte e Matemática – a tangência perfeita

120

Tema 5 O espetáculo não pode parar: criação como improvisação

121

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

....................................................

Conexões: Arte e Língua Portuguesa – metáforas

..................................................................................

91 92

................................................

Improvisação como técnica teatral

Conexões: Arte e Meio ambiente – ação artística

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

......................

...................

Arte é conhecimento

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Coisas para observar, lembrar e imaginar Giro de ideias: Criatividade e talento artístico

......

...............................................................

121

Projeto experimental de arte: jogo de improvisação teatral

122

96

Conexões: Arte e Sociedade – trabalhos colaborativos

..........................................

123

98

Conversa com as atrizes

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

123

99

Ação cultural

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

125

95

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Tema 2 “ Dom”, virtuosismo, genialidade ou curiosidade?

105

Detalhes da arte de Rudolf Laban

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Projeto experimental de arte: improvisação e ritmo

104

Expedição cultural 102

..................................................................

Fique de olho: Enem e vestibulares

....................

125 126


Capítulo 4 Matérias da arte

..................................................................................

Tema 1 Materialidade: o corpo da arte

Giro de ideias: As bailarinas

128

.......

130

...........................

133

.......................................

134

Detalhes da arte de Pina Bausch

Projeto experimental de arte: o corpo tem alguém como recheio

Marcel Duchamp. Séc. XX. Ready made: ampola de vidro. Museu de Arte Moderna, Paris. Foto: RMN/Otherimages

Sumário

Giro de ideias: Criando um som

.............................

166

136

Conexões: Arte e Biologia – a voz

Conexões: Arte e Tecnologias – a desmaterialização do corpo

.........................

137

Projeto experimental de arte: os sons que ecoam em nossa afrodescendência 168

Conexões: Arte e Saúde – dançar é salutar!

............................................................

138

Tema 7 Do barro ao lixo extraordinário 170

Tema 2 As marcas no corpo

...........

...........................................

Giro de ideias: A tatuagem

..........................................

139 141

Conexões: Arte e Sexualidade – a valorização do corpo

142

Conexões: Arte e Pluralidade cultural – marcas culturais

144

...........................................

..............................................................

Projeto experimental de arte: arte corporal

......................................................................

Tema 3 A alquimia da arte

..............................................

145 147

Tema 4 Do Oriente ao Ocidente, a arte é 149 um fazer

.......................

167

..........

....

Conversa com o músico

....................................................

172

Ação cultural

................................................................................

173

Expedição cultural

.................................................................

Fique de olho: Enem e vestibulares

Capítulo 5 A arte em sua forma, a forma em seu conteúdo

173

....................

174

....................................................

176

Tema 1 As formas e os conteúdos da arte

......................................

178

..............................................

180

..........................................................................

181

Tema 2 A gramática visual

............................................................................................................

Detalhes da arte de Massao Okinaka

..............

Projeto experimental de arte: a arte dos samurais

.....................................................

Tema 5 Tudo azul! Pigmentos como crenças e poéticas contemporâneas

....................................................

Detalhes da arte de Yves Klein

...............................

Giro de ideias: O significado das cores

...........

Conexões: Arte e Meio ambiente – fora do lugar

......................................................................

Projeto experimental de arte: ferramentas para pintar

........................................

Conexões: Arte e Química – as têmperas

Há alguma coisa no ar! O som das cordas

A linha poética

Giro de ideias: Traçando linhas

...............................

183

Projeto experimental de arte: ponto de vista

...................................................................

183

Projeto experimental de arte: linhas de luz

........................................................................

185

154

As formas

.........................................................................................

186

157

As formas e os movimentos

157

Projeto experimental de arte: as fotoformas

187

Projeto experimental de arte: arte cinética

188

Conexões: Arte e História – poéticas e reflexões

188

152

........................................

....................................................................

158

........................................................................

159

...................................................

.........................................................................

Tema 6 Se a criação é mais, tudo é coisa musical!

152

......................................

162

163

....................................................

164

....................................................................

166

Projeto experimental de arte: criando imagens incríveis E a luz se fez

187

.....................................

189

.................................................................................

190

Detalhes da arte de Lucia Koch

..............................

Giro de ideias: Quem tem medo do escuro?

............................

193 193


Projeto experimental de arte: entre luzes e sombras

195

Conexões: Arte e Ciências – luz, arte e vida

195

..............................................

.................................................................

Um mundo em cores para ver Giro de ideias: Cores e coisas

..................................

198

.....................................

199

Conexões: Arte e Biologia – olhares sabidos

................................................................

200 202

Projeto experimental de arte: a cor significa

203

................................................

....................................................................

Projeto experimental de arte: escolhendo cores

...........................................................

............................................

Giro de ideias: A dança como louvação Projeto experimental de arte: dança A língua do corpo

204 206

........

206

...............

207

..................................................................

Detalhes da arte de Charlie Chaplin Formas no teatro

207

.................

208

.....................................................................

209

A forma da comédia

............................................................

Giro de ideias: Pesquisa de teatro

.......................

............................................................................

215

Giro de ideias: Dimensões de sons

Projeto experimental de arte: música Ação cultural

211

Projeto experimental de arte: gestos do cinema

..........................................................

.............................

..........................................................................

212 212 213

216

.............

217

...............................................

217

................................................................................

219

Conversa com a bailarina

.................................................................

Fique de olho: Enem e vestibulares

Capítulo 6 Bagagem cultural

219

....................

220

...............................................................................

222

Tema 1 Tudo o que me compõe Vidas privadas e públicas

...............................

224

...............................................

225

Detalhes da arte de Jackson Pollock

.................

Detalhes da arte de Geoffrey Farmer Projeto experimental de arte: essa imagem é a minha cara!

226

..............

227

.....................

228

..........................

228

Giro de ideias: Imagens marcantes

211

Projeto experimental de arte: a força dos gestos

........................................................

......................

Projeto experimental de arte: uma celebridade em minha vida!

211

........................................................

Conexões: Arte e Literatura – caminhante

214

209

Projeto experimental de arte: teatro de sombras

Dramaturgias da luz e do gesto

Ouvindo vozes

...........................................

Expedição cultural

Projeto experimental de arte: piquenique com arte

Tema 3 O conjunto da obra

Tema 4 As qualidades, parâmetros do som

...............

229

Mundo visual que se transforma

..........................

230

Giro de ideias: Imagens e efeitos

..........................

235

A música popular brasileira e as gerações de ouvintes

........................................

235

Detalhes da arte de Cartola

.......................................

238

........................................

239

Detalhes da arte de Cazuza

Giro de ideias: O que é passado e presente?

...........................

239

Projeto experimental de arte: trilhas sonoras

..................................................................

240

Conexões: Arte e História – na mala da memória

240

Conexões: Arte e Literatura – vamos comer!

242

.................................................

....................................................................

Projeto experimental de arte: criando um 243 novo som ................................................................................

Salvador Dalí. 1979-1982. Bronze com pátina escura. Coleção particular. Foto: Araldo de Luca/ Corbis/Latinstock


Sumário Fique de olho: Enem e vestibulares

Tema 2 Tem gente que guarda cada coisa! 244 .

Colecionismo: a mania de guardar

......................

245

...................................................

247

Sensações para guardar

Giro de ideias: Coleções de arte

.............................

272

.........................................................................................

274

248

Projeto experimental de arte: coletas sensoriais

248

Conexões: Arte e Língua Portuguesa – gavetas para me guardar

249

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Capítulo 7 Arte no tempo

....................

Tema 1 T empo: o compositor de histórias

......................................................................

Ver e ler uma obra de arte

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Detalhes da arte de Sheila Hicks

Tema 3 O patrimônio nosso de cada dia 251 ....

Giro de ideias: O patrimônio da minha cidade

......................

253

Prédio tombado também cai?

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

254

O teatro como Patrimônio Cultural da Humanidade

254

Giro de ideias: A catarse

257

............................

Conexões: Arte, História e Ciências – ao sabor de Cronos

......................................................

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

..................................................

Conexões: Arte e Língua Portuguesa – palavras para guardar

..............................................

276 276 277 278

Tema 2 A rte e cultura na Pré-História (c. 2 milhões a.C. a c. 3000 a.C.) 280 ......

Conexões: Arte e direitos humanos – preservação de coisas belas

...............................

257

281

Giro de ideias: Cooperativas de trabalhos artísticos

.. . . . . . .

282

O poder das imagens

..........................................................

282

Projeto experimental de arte: leitura dramática

258

As artes cênicas na Pré-História

..............................

283

As maravilhas do mundo

................................................

259

Operação salvamento

260

..........................................................................

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Conexões: Geografia e Arte – os geoglifos

284

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Giro de ideias: S.O.S. bens patrimoniais

.. . . . . . . .

Arqueologia acústica: o estudo da música no passado 285

261

............................................................................

Projeto experimental de arte: bem que te quero bem!

.........................................

261

Detalhes da arte da Pré-História brasileira

.. . . . . . . . . .

286

A matéria do imaterial

......................................................

262

Arte do fogo

.................................................................................

287

263

Conexões: Arte e cultura indígena – pluralidade cultural

287

Projeto experimental de arte: padrões abstratos

288

Giro de ideias: Bens imateriais

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

.....................................................

Projeto experimental de arte: na roda de capoeira – som e movimento 264 ....

Projeto experimental de arte: o ofício da viola de cocho

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Conexões: Arte e Geografia – na boca do povo!

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Coisas preciosas para guardar

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

265 267 268

Conversa com o artista intermídia

.......................

269

Ação cultural

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

271

Expedição cultural

..................................................................

Conexões: Cultura, História e Ciência – a arte dos trabalhadores do tempo

..........

288

Giro de ideias: Nossos ancestrais

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

289

Tema 3 H istórias da Idade Antiga (c. 4 mil a.C.- 476 d.C.)

.....................................

292

...........................................................

294

A arte da eternidade

271 Sandro Botticelli. 1486. Galeria Uffizi, Florença

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Conexões: Arte e Matemática – a geometria sagrada

295

A arte dos gregos e romanos

.....................................

296

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

296

..................................................

A busca pela perfeição

A estética na arquitetura e na música

.............

298

Conexões: Arte e Literatura – para guardar e contar histórias

.....................

299

O lugar do teatro na história

.....................................

300


O realismo nas esculturas e pinturas de Roma

301

Dança na cultura greco-romana

301

...................................................................................

.............................

Detalhes da arte de Isadora Duncan

.................

Tema 4 A rte e fé na Idade Média (476-1453)

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

301

304

Giro de ideias: Culturas afrodescendentes

.................................

305

Imagens da fé

..............................................................................

305

Arte românica

.............................................................................

306

Arte gótica

......................................................................................

307

Giro de ideias: Lendo uma imagem

....................

307

Os cantos gregorianos e os cantos pagãos 308 .. . . . .

Dos cantos aos ritos e autos sacros

......................

308

Os templos, a música e a dança no Oriente 309 ...

As culturas pré-colombianas

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

311

Conexões: Arte e religião – imagens da fé 312 ......

Projeto experimental de arte: os autos

..........

..........................

Conexões: Arte, História e Língua Portuguesa – a mania dos “ismos”

..............

316

.................

317

Conexões: Arte e Literatura – como nasceram os livros

........................................

318

Renascimento: a era do pensamento antropocentrista

319

Os artistas renascentistas

320

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

...............................................

337

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

337

Maneirismo e Alegorismo

Academicismo e Neoclassicismo

.............................

338

O Neoclassicismo no Brasil

............................................

339

Romantismo e Pré-rafaelismo

...................................

340

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

342

O Romantismo no Brasil

O termo Modernismo e os “ismos”

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

343

Realismo: a vida como ela é

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

343

O Impressionismo e as pinturas inacabadas

.. . . . . . .

344

Influências do movimento Impressionista no Brasil

..........................................

345

O Neoimpressionismo e sua fragmentação sistemática

........................

346

O Simbolismo

...............................................................................

347

A dança e o teatro moderno

......................................

347

..........................................

348

...........................................................

350

Muralismo mexicano

Futurismo e Cubismo

...........................................................

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

351

A arte contemporânea: linguagens e tecnologias

......................................

354

Giro de ideias: tempo Cronos e tempo Kairós

........................

355

..................................................................

355

.................................

323

Expedição cultural

A arte renascentista em cena

....................................

324

Fique de olho: Enem e vestibulares

Os sons que renascem

........................................................

325 326

As cores e as formas exuberantes do estilo rococó

327

O Barroco brasileiro

328

................................................

...............................................................

..............................................................

Giro de ideias: Obras barrocas e do estilo 330 rococó perto de você .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

360

Artigos, entrevistas, textos, filmes e documentários

360

Sites oficiais de artistas, companhias e museus

361

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

..................................................................................

331

Referências

...................................................................................................

365

333

Lista de Instituições Promotoras de Exames

367

Modos e tons

................................................................................

.. . . . . . . .

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Arte na web Sugestões de aprofundamento

364

330

Projeto experimental de arte: as máscaras da Commedia dell’Arte

358

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

.........

...............................................................

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Índice do Glossário

Nos tempos do Rei Sol: dança e música Projeto experimental de arte: sarau de música

350

Abstracionismo, Surrealismo e outros “ismos”

Projeto experimental de arte: imagens em profundidade

O drama da arte barroca

336

............

Fauvismo e Expressionismo

Tema 5 V isões de mundo: a Idade Moderna (1453-1789) Giro de ideias: Verdade ou mentira?

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Tema 6 O tempo e a arte na Idade Contemporânea (de 1789 aos dias atuais)

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Crédito das imagens dos infográficos

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C a p ít u l o

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Rodrigo Berton/Acervo OTM

O que é arte?

Apresentação do grupo O Teatro Mágico em São Paulo, SP, em 2012.

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“[...] Uma parte de mim é só vertigem: outra parte, linguagem. Traduzir uma parte noutra parte — que é uma questão de vida ou morte — será arte?” GULLAR, Ferreira. Traduzir-se. In: Na vertigem do dia. 17. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980. p. 335.

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tema

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O sentido das coisas Nem toda palavra é Aquilo que o dicionário diz Nem todo pedaço de pedra Se parece com tijolo ou com pedra de giz [...] Tem aquele que parece feio Mas o coração nos diz que é o mais bonito

Fernando Anitelli em apresentação do grupo O Teatro Mágico, em São Paulo, SP, em 2012.

Descobrir o verdadeiro sentido das coisas é querer saber demais Querer saber demais [...] O TEATRO MÁGICO. Sonho de uma flauta. In: O Teatro Mágico: segundo ato. CD, 2008. Disponível em: <http://www.vagalume.com.br/o-teatro-magico/ sonho-de-uma-flauta.html>. Acesso em: 7 maio 2014.

Durante a busca motivada pelo interesse em compreender algo, em saber os sentidos das coisas, geralmente encontramos vários caminhos. Podemos procurar explicações lógicas, científicas, baseadas em nossa vivência ou em crenças.

Marcos Hermes/Acervo OTM

Marcos Hermes/Acervo OTM

Em meio a tanta diversidade, como explicar o que é arte? Ao nos dizer, na letra de sua música, que “Nem toda palavra é aquilo que o dicionário diz”, o grupo O Teatro Mágico pode nos indicar algumas pistas sobre esse tema.

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Uma palavra, por pertencer a uma linguagem, pode ser manipulada pelo autor de uma obra, como um poeta ou um escritor, por exemplo, e assumir muitos usos e diversas interpretações. Em um espetáculo de arte contemporânea, como o do grupo O Teatro Mágico, encontramos a arte de bailarinos, atores, poetas, músicos e artistas circenses, além de programadores visuais, iluminadores, sonoplastas e tantos outros artistas dos bastidores, que têm sua importância na construção de um produto cultural, nesse caso, um show. Essas múltiplas linguagens são reunidas no mesmo palco para mostrar, contar e cantar algo, para transmitir mensagens por meio das línguas da arte. Para o filósofo italiano Luigi Pareyson (1918-1991), a arte é uma linguagem que se reinventa constantemente para construir, conhecer e expressar questões dos seres humanos (Pareyson apud Bosi, 1989). Entretanto, realizada de diversos modos e formas, a arte

Arte contemporânea: expressão que usamos para nos referir a produções artísticas surgidas a partir da segunda metade do século XX até nossos dias.


muitas vezes faz e provoca perguntas em vez de apresentar respostas prontas. O artista cria com base em suas ideias e intenções, mas quem aprecia a obra também cria por meio de suas interpretações. Não podemos estabelecer uma verdade absoluta sobre o que as obras de arte querem dizer porque sempre há a interpretação de quem as olha, prova, toca ou ouve, ou seja, o espectador, o apreciador de arte.

Luiza Prado/Acervo OTM

Para compreender a arte, precisamos nos deixar levar pelo seu teor poético, pelo que ela nos provoca e entrar em um universo de sentimentos, pensamentos e sensações que ela nos propõe, desprovidos de respostas esquematizadas e verdades preestabelecidas. Conhecer arte é observar, sentir e nos permitir descobrir o inesperado.

O grupo O Teatro Mágico em foto de 2013.

Detalhes da arte de O Teatro Mágico Com elementos de circo, música e artes cênicas, entre outras linguagens artísticas, o grupo O Teatro Mágico, conhecido como OTM, tem se apresentado em vários espaços culturais desde 2003. Sua origem é paulista, da cidade de Osasco. A proposta do grupo de artistas, criado pelo ator, músico e compositor paulista Fernando Anitelli (1974-), é apresentar poesia, música, dança e filosofia em espetáculos que utilizam linguagens diversificadas, efeitos visuais e tecnologias aliados à singeleza das performances circenses. Seus componentes misturam sons e gêneros musicais originários de diversos contextos culturais. O OTM acredita na acessibilidade de músicas e vídeos via internet, por meio da flexibilização do direito autoral. Na visualidade de seus shows, vemos músicos, atores e bailarinos vestidos de palhaço, com maquiagem e roupas que exploram a ideia de que cada um de nós tem um personagem escondido, um clown, um poeta a se revelar por meio da arte.

Clown: termo usado para se referir à figura do palhaço, um arquétipo que faz as pessoas rir.

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Dica para navegar A linguagem do circo é antiga, mas continua fascinando diversos grupos de artistas contemporâneos. Hoje, é possível aprender a linguagem circense em vários projetos e em escolas de artes cênicas. Procure saber se em sua cidade há esse tipo de ação educativa. O grupo O Teatro Mágico estuda a linguagem circense para utilizá-la em seus shows. Conheça mais sobre essa trupe por meio de seu site oficial, disponível em: <http://ftd.li/qmomz5> (acesso em: 7 maio 2014).

Giro de ideias: O que é arte? O que é arte? se alguém lhe fizer essa pergunta, o que você vai responder? E seus colegas, que conceitos têm sobre esse tema? Para conhecer as opiniões da turma, organize um fórum. Pode ser na sala de aula ou em algum ambiente virtual.

Projeto experimental de arte L I N G U A G EN S A R T Í ST I C A S Você pode ter suas próprias escolhas ao selecionar o que considera arte. Crie um desenho ou uma imagem usando colagens, pintura, programas de computador ou outro tipo de recurso que represente sua concepção do que seja arte. se preferir, escreva um trecho de um poema ou de uma música de que você gosta e também considera um exemplo de arte.

Conexões: Arte e Tecnologias – mergulhos virtuais Na chamada era da informação, iniciada no século XX e vivenciada potencialmente hoje por nós, os modos de conhecer as coisas do mundo se ampliam e mudam rapidamente, oferecendo também múltiplas oportunidades de acesso para conhecer a arte. Atualmente, temos disponíveis ferramentas que podem nos ajudar a visitar e conhecer acervos de museus de vários países. Os museus virtuais são espaços interativos em que podemos conhecer patrimônios históricos, artísticos e culturais. Em vários deles é possível, inclusive, percorrer esses espaços virtualmente, simulando uma visita real. Há ambientes virtuais que utilizam efeitos de imagem em profundidade que proporcionam

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http://www.googleartproject.com#collections/

a ilusão de se estar dentro da sala de exposição. Trata-se de uma experiência que pode ampliar muito seu repertório cultural. Pesquise espaços virtuais de arte na internet. Você encontrará sites oficiais de artistas plásticos e de grupos de teatro, dança e música, de galerias de arte e outros espaços culturais. O Google Art Project, por exemplo, mostra acervos de vários museus de todo o mundo, nos quais podemos fazer um passeio virtual e conhecer o que está sendo apresentado como exemplos de arte. Obras do passado e do presente estão disponíveis em: <http://ftd.li/5ad2ro> (acesso em: 16 maio 2014).

http://www.googleartproject.com#collections/

Reproduções da página do projeto Google Art que mostra o acervo da Coleção Frick, Nova York, EUA.

Depois de um giro pela internet para conhecer o que outras pessoas no mundo estão considerando como arte, combine com os colegas a montagem de uma exposição virtual com as obras de arte favoritas da turma. Não se esqueça de verificar o uso de direitos de imagens, músicas, textos etc.

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