Manual de Teologia - J. L. Dagg

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Em seu Manual de Teologia, Dagg demonstra muito bem a coerência entre, de um lado, teologia e cristologia ortodoxas e, de outro lado, uma soteriologia evangélica reformada. Sua discussão sobre os atributos de Deus lança sólido fundamento para sua exposição da soberania da graça. Sua discussão sobre a pessoa de Jesus Cristo é fundamental para seu entendimento da obra de expiação de Cristo. No entanto, seu tema dominante é o Espírito Santo como agente de transformação do coração humano, por e para as verdades do evangelho. Cristãos de todas as convicções podem se beneficiar grandemente de suas lúcidas argumentações.

Dr. Thomas Nettles (PhD, Southwestern Baptist Theological Seminary), autor prolífico e professor aposentado de teologia histórica, tendo lecionado no Southern Baptist Theological Seminary.

Depois de haver labutado muito em meus primeiros anos como pastor, estudando obras de Knapp e Turretin, Dwight e Andrew Fuller, além de outros teólogos minuciosos, descobri neste Manual de Teologia um autêntico deleite e tenho sentido, no decorrer de minha vida, o agradável impulso que ele deu à minha inquirição e reflexão teológica.

John Broadus (1827-1895), pastor batista e segundo presidente do Southern Baptist Theological Seminary.

Com a republicação do Manual de Teologia de Dagg, uma nova geração de ministros e de membros de igrejas poderá apreciar o dom que esse homem tinha para escrever uma teologia que era, a um só tempo, fiel à Bíblia, clara para a mente e acalentadora para

o coração. Se nenhum outro escritor tem estado apto a convencer os leitores de que um verdadeiro conhecimento de Deus envolve tanto a cabeça quanto o coração, deixe John Dagg ter esse privilégio. Ele foi um guia confiável para muitos no passado, e ainda podemos confiar nele hoje.

Mark Dever (PhD, Cambridge University), pastor da Captol Hill Baptist Church, presidente do ministério 9Marcas e autor de 9 marcas de uma igreja saudável, O evangelho e a evangelização, Igreja: o evangelho visível, entre outros.

TEOLOGIA Manual de

John Leadley Dagg

MANUAL DE TEOLOGIA

Traduzido do original em inglês Manual of Theology: A treatise on Christian Doctrine

Originalmente publicado em inglês por American Baptist Publication Society, Philadelphia, EUA.

• Copyright © 2022 Editora Fiel

Primeira edição em português: 1989 Segunda edição em português: 1998

Terceira edição em português: 2003

Quarta edição em português: 2022

Os textos das referências bíblicas foram extraídos da versão Almeida Revista e Atualizada, 2ª ed. (Sociedade Bíblica do Brasil), salvo indicação específica.

Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Editora Fiel da Missão Evangélica Literária Proibida a reprodução deste livro por quaisquer meios, sem a permissão escrita dos editores, salvo em breves citações, com indicação da fonte.

Diretor: Tiago J. Santos Filho Editor-chefe: Tiago J. Santos Filho Editor: Tiago J. Santos Filho Coordenação Editorial: Gisele Lemes Tradução: João Bentes Revisão: Laíse Helena Oliveira, Rafael Bello, André Soares, Lucas Vasconcellos Freitas Diagramação: Rubner Durais Capa: Rubner Durais Ilustração: Marcos Rodrigues ISBN impresso: 978-65-5723-197-5 ISBN e-book: 978-65-5723-198-2

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São José dos Campos-SP PABX.: (12) 3919-9999 www.editorafiel.com.br

John L. Dagg

SUMÁRIO

LIVRO I: O ESTUDO DA VERDADE RELIGIOSA

Capítulo 1: A obrigação

25 Capítulo 2: Fontes de conhecimento............................................................................... 33 Inspiração e transmissão

da

LIVRO II: DOUTRINA CONCERNENTE A DEUS

Introdução: O dever de amar a Deus

Apresentação .................................................................................................... 19 Prefácio.............................................................................................................. 23
......................................................................................................
............................................................................... 38 Apêndice 1: Origem e autoridade
Bíblia ..................................................................... 45 Origem ............................................................................................................. 45 Autoridade ....................................................................................................... 66
................................................................................ 73 Capítulo 1: A existência de Deus ...................................................................................... 85 Capítulo 2: Os atributos de Deus ..................................................................................... 95 1. Unidade........................................................................................................ 95 2. Espiritualidade............................................................................................ 97 3. Imensidade e onipresença ...................................................................... 102
4. Eternidade e imutabilidade .................................................................... 106 5. Onisciência................................................................................................ 113 6. Onipotência .............................................................................................. 124 7. Bondade ..................................................................................................... 126 8. Verdade ...................................................................................................... 138 9. Justiça ......................................................................................................... 140 10. Santidade 142 11. Sabedoria ................................................................................................. 143 Conclusão .......................................................................................................................... 153 LIVRO III: DOUTRINA CONCERNENTE À VONTADE E ÀS OBRAS DE DEUS
1: A
.......................................................................................
Vontade
...................................................................................
Vontade
..................................................................................
2: As
.......................................................................
Capítulo 3: As
1. Preservação ............................................................................................... 194 2. Governo geral ........................................................................................... 196 3. Governo natural ....................................................................................... 198 4. Governo moral ......................................................................................... 200 5. Livre agência ............................................................................................. 202 6. Necessidade moral ................................................................................... 204 7. Desígnios da providência ....................................................................... 213 8. Providência sobre o pecado ................................................................... 216 Conclusão 225
Introdução: O dever de nos deleitarmos na vontade e nas obras de Deus.............. 161 Capítulo
vontade de Deus
167
de comando
169
de propósito
171 Capítulo
obras de Deus: A criação
185
obras de Deus: Providência 193

Introdução: O dever do arrependimento

Introdução: O dever de crer em Jesus Cristo

LIVRO IV: DOUTRINA CONCERNENTE À QUEDA E AO ESTADO ATUAL DO HOMEM
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1.
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3.
4.
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233 Capítulo 1: O estado original do homem
239 Capítulo 2: A Queda
243 Capítulo 3: O estado atual do homem
253
Realidade do pecado
253
Depravação
255
Condenação 262
Incapacidade
277 Conclusão
283 LIVRO V: DOUTRINA CONCERNENTE A JESUS CRISTO
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1.
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2.
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3.
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1.
2.
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3.
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289 Capítulo 1: A pessoa de Cristo 295
Sua humanidade
295
Sua divindade
298
União de naturezas
324 Capítulo 2: Os estados de Cristo
327
Sua glória original 327
Sua humilhação
330
Sua exaltação
332 Capítulo 3: Os ofícios de Cristo
335 Jesus Cristo é o mediador entre Deus e os homens
335 Conclusão
365

LIVRO VI: DOUTRINA CONCERNENTE A O ESPÍRITO SANTO

Introdução: O dever de viver e andar no Espírito ........................................................ 375

Capítulo 1: A personalidade do Espírito Santo ........................................................... 377

Capítulo 2: A divindade do Espírito Santo ................................................................... 381

Capítulo 3: O ofício do Espírito Santo 385 Conclusão .......................................................................................................................... 387

LIVRO VII: DOUTRINA CONCERNENTE À GRAÇA DIVINA

Introdução: O dever de ser grato pela graça divina...................................................... 393

Capítulo 1: A Trindade ..................................................................................................... 397

Capítulo 2: O pacto da graça ........................................................................................... 407

Capítulo 3: As bênçãos da graça ..................................................................................... 415

Capítulo 4: A soberania da graça .................................................................................... 479 Conclusão .......................................................................................................................... 523

LIVRO VIII: DOUTRINA CONCERNENTE AO MUNDO

Introdução: O dever de nos prepararmos para o mundo vindouro.......................... 531

Capítulo 1: A separação e imortalidade da alma ......................................................... 535

Capítulo 2: A ressurreição ................................................................................................ 541

Capítulo 3: O juízo final ................................................................................................... 549

Capítulo 4: O céu ............................................................................................................... 557

Capítulo 5: O inferno ........................................................................................................ 567 Conclusão 585

APRESENTAÇÃO

Em 1824, J. B. Jeter ouviu John Dagg pregar em Romanos 1.14. A ocasião era uma reunião de uma Sociedade Missionária. O local era Richmond. Jeter descreveu assim o estilo da pregação de Dagg: Sua conduta era calma e pausada; sua voz era nítida e solene; seu estilo era puro, concentrado e vigoroso; seus gestos eram poucos, mas apropriados; e seu raciocínio era pertinente, convincente e impressionante.

Mude tal descrição para descrever o meio escrito em vez do oral e, novamente, as palavras corretamente descrevem John Dagg. Em clareza, convergência e fidedignidade das expressões, nenhum teólogo do Século 19 supera John L. Dagg. Assim celebro o surgimento desses volumes como uma bênção de Deus para a igreja. Esta edição da Teologia de Dagg é singular. Ela traz em si ambas as partes de seu clássico: Manual de Teologia e Manual de Eclesiologia1. As duas obras refletem o espírito genuinamente cristão do autor. Em ambos os tratados, o vibrante calvinismo prático de Dagg cativa o espírito do leitor e abre sua mente para considerar a magnitude da graça de Deus.

1 John Dagg, Manual de Eclesiologia (Rio de Janeiro: Pro Nobis, 2022).

Dagg, nascido em 1794, em Loudoun County, Virgínia, viveu mais de 90 anos. Ele faleceu em junho de 1884, como um dos homens mais respeitados no cenário batista e permanece como um dos pensadores mais profundos que sua denominação produziu. A diversidade de seus trabalhos demonstra isso.

Além dos mencionados tratados teológicos, Dagg escreveu um livro-texto sobre ética cristã, intitulado The elements of moral science (Os elementos da ciência moral, 1860), além de uma defesa da fé cristã intitulada The evidences of Christianity (As evidências do cristianismo, 1869).

A quantidade volumosa de escritos, a persuasão de seus argumentos e a relevância de seus insights revelam essas obras como algo extraordinário para um homem em condições normais de saúde. Contudo, quando se descobre que Dagg era praticamente cego, mudo e aleijado no momento de sua maior produtividade, tal conquista excede a compreensão.

John Broadus tinha em alta conta o caráter de Dagg e beneficiou-se significativamente de seus escritos. Em Memoir of James Petigru Boyce, Broadus afirma:

O Dr. Dagg era um homem de grande habilidade e um caráter amável. Seus trabalhos são dignos de um estudo meticuloso, especialmente seu pequeno volume Manual de Teologia, que é digno de nota quanto a suas declarações claras de verdades profundas e sua doçura devocional. Perdoem o autor dessas Memórias ao reconhecer que, depois de muito labutar, em seus primeiros anos como pastor, com as obras de Knapp e Turretin, Dwight e Andrew Fuller, assim como outros teólogos complexos,

Apresentação 12

encontrou alegria nesse Manual e tem sentido um prazeroso impulso dado por ele à reflexão e às pesquisas teológicas.2

A teologia de Dagg tem sido classificada como “calvinismo-agostinianismo moderado”. Tal nomenclatura não deve deixar a impressão de que as doutrinas teológicas e soteriológicas de Calvino fossem rejeitadas ou estivessem escondidas de qualquer forma. Entendida corretamente, a frase revela Dagg como um calvinista prático, não apenas como um teólogo escolástico. A evidência estrutural mais notável da aplicabilidade da teologia de Dagg é sua combinação impressionante e nítida das verdades do dever e da graça.

O dever do homem é apresentado na introdução de cada “livro” da pesquisa teológica. Na verdade, a introdução do Manual declara a obrigação do homem de estudar a verdade religiosa.

O estudo da verdade religiosa deveria ser empreendido e continuado com base no senso do dever, tendo como escopo o aprimoramento do coração. Uma vez aprendida, essa verdade não deveria ser guardada em uma estante, como se fosse um objeto de pesquisa; antes, deveria ser implantada profundamente no coração, onde o seu poder santificador pode ser sentido. Essa é a postura e a forma de toda a obra:

• no Livro II, “Doutrina concernente a Deus”, a primeira seção começa com uma explicação do dever de amar a Deus;

• o Livro III, “Doutrina concernente à vontade e às obras de Deus”, começa com um tratado sobre “o dever de nos deleitarmos na vontade e nas obras de Deus”;

2 John Broadus, Memoir of James Petigru Boyce (New York: A. C. Armstrong and Son, 1893), p. 112-113, n1.

Apresentação 13

• o Livro IV, “Doutrina concernente à Queda e ao estado atual do homem”, inicia-se com uma declaração sobre o dever do arrependimento;

• o Livro V, “Doutrina concernente a Jesus Cristo”, começa com uma admoestação quanto ao dever de crer em Jesus Cristo;

• o Livro VI, “Doutrina concernente ao Espírito Santo”, começa com o dever de viver e andar no Espírito;

• o Livro VII, “Doutrina concernente à graça divina”, inicia afirmando o dever da gratidão pela graça divina;

• o Livro VIII, “Doutrina concernente ao mundo vindouro”, tem em sua introdução uma declaração acerca do dever de preparar-se para o mundo futuro.

Paralelamente ao dever ou obrigação do homem, Dagg insere a graça de Deus. Enquanto um homem deve realizar todo o seu dever para com Deus, ele não pode fazê-lo à parte da graça de Deus. Da mesma forma, enquanto, somente pela graça, alguém pode arrepender-se e crer, essa realidade não o isenta da obrigação de cumprir tais deveres. Dever designa a relação do homem com Deus; sem a livre graça, não é possível realizar nenhum dever.

A doutrina de que a salvação é pela graça não é uma especulação sem proveito; antes, está no âmago da experiência cristã, e a fé que não a reconhece também não recebe a Cristo da maneira como ele é apresentado no evangelho. Dagg enxerga o amor de Deus como a causa eficiente que produz fé dentro do pecador.

Está claro, portanto, que o amor de Deus atua como uma causa eficiente, antes de operar como um motivo para a santidade...

A fé é produzida pelo poder eficiente desse mesmo amor...

Apresentação 14

Essa operação divina, que é uma adição ao poder motivador da verdade, provém daquilo que se tem denominado como a influência direta do Espírito Santo.

Assim, a fé, um dever, é gerada pelo amor de Deus sob a atuação direta e efetiva do Espírito Santo.

Dagg é quase despretensioso demais. Ele cita poucos autores – e, mesmo assim, praticamente só em Manual de Eclesiologia. Essa atitude baseia-se no propósito de apresentar uma exposição direta e sistemática dos ensinos das Escrituras, em vez de analisar a crença de outros homens. As Escrituras são citadas abundantemente, e nenhuma proposição sustenta a si mesma sem suporte do ensino das Escrituras. Ele tem o propósito de evitar “a região espinhosa das polêmicas teológicas”.

Não se deve concluir disso que Dagg não estivesse ciente da teologia e dos argumentos de outros homens. Ele estava claramente informado das posições que divergiam de suas próprias e apresenta tais argumentos diferentes de forma justa. Ele, então, procede para desmantelar o ponto mais forte da oposição com as fortes e convincentes ferramentas da exposição bíblica, interpretando a Escritura de acordo com a gramática, história e analogia da fé. Ele, contudo, não menciona nomes, pois estava resoluto a não se envolver em controvérsias, “senão com a incredulidade dos nossos próprios corações”.

Em seu Manual de Teologia, Dagg demonstra muito bem a coerência entre, de um lado, teologia e cristologia ortodoxas e, de outro lado, uma soteriologia evangélica reformada. Sua discussão sobre os atributos de Deus lança sólido fundamento para sua exposição da soberania da graça. Sua discussão sobre a pessoa de Jesus Cristo é fundamental para seu entendimento da obra de expiação de Cristo.

Apresentação 15

No entanto, seu tema dominante é o Espírito Santo como agente de transformação do coração humano, por e para as verdades do evangelho. Cristãos de todas as convicções podem se beneficiar grandemente de suas lúcidas argumentações.

Seu Manual de Eclesiologia será especialmente proveitoso para os batistas, visto ser uma das mais coerentes defesas da visão batista sobre a igreja. Além disso, aqueles de convicção batista verão esse como um complemento necessário para uma soteriologia reformada. A defesa que Dagg faz da igreja universal é significativa no contexto da crescente influência do landmarquismo3 na sua geração. O autor, porém, não se aprofundou nesse tratado com o mesmo deleite que o acompanhou no anterior, sobre doutrina; mas, em conformidade com sua própria posição teológica, ele seguiu pelo senso de dever.

Em 1879, a Convenção Batista do Sul endossou, de forma expressiva, a posição teológica básica de Dagg. Sob a liderança de W. H. Whitsitt, a Convenção decidiu que “um catecismo fosse desenvolvido, contendo a essência da fé cristã para instrução de crianças e servos e que o irmão John L. Dagg fosse designado para escrevê-lo”.

Minha oração é que esse volume renove o compromisso teológico entre os batistas e, mais do que isso, que o espírito desse homem fique tão evidente, que cheguemos a compartilhar de seu caloroso compromisso experimental com as realidades de Deus, como ele expressou em sua autobiografia:

Para encorajar gratidão a Deus, eu desejo mencionar a bondade do Senhor para com a nossa família. Todos os meus cinco filhos professaram a Cristo. Dois deles já estão no céu e os três

3 N. T.: Influência das ideias do artigo An old landmark reset, escrito por J. M. Pedleton em 1854.

Apresentação 16

restantes estão no caminho. 17 dos meus netos professaram a Cristo e são verdadeiros discípulos, eu espero. Se todos esses 22 são herdeiros da herança incorruptível, a qual vale mais do que todos os reinos da terra, que família rica somos! Vamos todos nos unir em gratidão a Deus por suas bênçãos sem fim. Mas não nos esqueçamos de que há ainda nove netos e oito bisnetos que precisam de Cristo e sua grande salvação. Por eles, devemos orar fervorosamente, para que todos sejam trazidos para os braços de Cristo e o sirvam fielmente na terra, unindo-se aos demais, para formar uma família inteira no céu.

Apresentação 17

Este volume foi projetado para ser usado por aqueles que não têm tempo nem oportunidade de estudar obras mais volumosas sobre teologia. Ao prepará-lo, o meu propósito foi apresentar o sistema de doutrinas cristãs com clareza e demonstrar, a cada passo, a sua veracidade e a sua tendência para santificar o coração do crente. Indivíduos dotados de inclinação e talento para pesquisas profundas talvez prefiram discussões mais laboradas. No entanto, se a pessoa iniciada na religião cristã obtiver, através deste livro, ajuda na tarefa de determinar no que consiste a verdade e qual o seu uso apropriado, então, a principal meta desta obra terá sido alcançada.

Ao delinear a verdade divina, podemos expô-la segundo diferentes aspectos e relações. Podemos encará-la como proveniente de Deus, dotada de suprema autoridade; ou, então, como um sistema revelado por Jesus Cristo, cujas suas partes se conjugam harmoniosamente umas às outras, agrupando-se em torno da doutrina da cruz, que é o ponto central; ou, ainda, como verdade que penetra no coração humano através da agência do Espírito Santo, transformando-o segundo a imagem de Deus. Esforcei-me, sobretudo, para que este último aspecto se tornasse o traço mais proeminente destas páginas. O princípio moral e religioso do homem requer uma influência

PREFÁCIO

adequada para que se desenvolva e aperfeiçoe; nas verdades aqui descritas, encontra-se tal influência. A capacidade de uma doutrina em produzir esse efeito é aqui considerada como prova de sua veracidade e de sua origem divina. De acordo com isso, até certo ponto, podemos deduzir os “artigos da fé” pelos exercícios da piedade no íntimo.

Entretanto, não se dependeu exclusivamente desse método para demonstrar a veracidade das doutrinas. Também foram examinadas outras fontes de conhecimento religioso, sobretudo a Bíblia, na qual a verdade de Deus é diretamente conhecida. O apelo final sempre é feito ao Livro Santo, o padrão supremo; a harmonia de suas estipulações com as deduções extraídas de nossa experiência interna é sempre observada para confirmação da nossa fé. Mesmo que esse sistema seja aqui visto como algo que emanou de Deus e que agora atua sobre o ser humano, não temos dirigido a nossa atenção exclusivamente para a sua origem ou sua conclusão. Não foi negligenciada a convergência de todas as suas linhas para o glorioso centro, que é a cruz de Cristo. Espero que o leitor ache provas, nestas páginas, do fato de que a doutrina da cruz é o ensino segundo a piedade. Não fez parte de meu propósito conduzir o humilde interessado à região espinhosa das polêmicas teológicas. Evitar tudo que estivesse sujeito às controvérsias era impossível, porquanto cada aspecto da verdade divina tem sido atacado. Porém, planejei acompanhar o curso das investigações sendo afetado o menos possível pelos conflitos dos disputantes religiosos e não entrando em disputa alguma, senão com a incredulidade dos nossos próprios corações. Foram examinadas as questões capazes de deixar perplexos os inquiridores sinceros; e, se elas não puderam ser totalmente elucidadas ou respondidas para a satisfação de todos, espero que tenham sido tratadas de tal maneira que a mente do investigador descanse pacificamente sobre a verdade

Prefácio 20

claramente revelada, esperando com paciência pela luz mais forte da eternidade, a qual dissipará toda e qualquer treva restante.

Nos assuntos religiosos, os homens parecem mui naturalmente inclinados para aquilo que é difícil e obscuro; talvez porque fujam da inquietante verdade plenamente revelada. O próprio iniciante, abandonando assuntos claros, gosta de mergulhar em investigações profundas, em raciocínios difíceis, os quais o teólogo habilidoso sente ser mais sábio evitar. Surge a frequente necessidade de relembrar ao investigador que existem temas que se prolongam até muito além dos limites de sua compreensão e que, se ele se esforçar por explorá-los além do ponto até onde é guiado pela revelação divina, corre o risco de confundir a verdade de Deus com meras hipóteses ou com as deduções de raciocínios enganosos. Uma hipótese pode ser legitimamente admitida com o propósito de remover objeções, contanto que jamais nos esqueçamos de que uma hipótese é apenas uma hipótese. Um raciocínio complexo deve ser permitido quando for necessário penetrarmos em labirintos, com o propósito de desembaraçar dali os que neles se perderam. Não obstante, quando se trata de provas diretas, atinentes a todo e qualquer artigo de fé, este livro depende das declarações expressas da Palavra de Deus ou daquelas deduções que podem ser utilizadas por mentes práticas e destituídas de complicações. Qualquer pessoa que deseje examinar uma história das opiniões religiosas não a encontrará neste volume. A religião é uma transação que se efetua entre cada indivíduo e o seu Deus; cada indivíduo deveria buscar a verdade com independência, sem importar quais sejam as opiniões de outras pessoas. Tenho sido guiado pelo alvo de procurar orientar a mente do leitor diretamente às fontes do conhecimento religioso, incitando-o a investigar essas fontes por si mesmo,

Prefácio 21

sem qualquer consulta a autoridades humanas. Ele poderá conhecer, através da ajuda aqui oferecida, quais são os meus pontos de vista. Todavia, desejo acautelá-lo, de uma vez por todas, a não adotar qualquer opinião que eu porventura apresente, além daquilo que estiver solidamente sustentado pela Palavra de Deus. Se o meu desejo fosse fixar a fé do investigador na autoridade humana, eu me teria utilizado de citações de escritores célebres em apoio às minhas opiniões; mas preferi não o fazer. O meu desejo é que, no que concerne à autoridade humana, o leitor não enxergue nas doutrinas aqui expostas senão a mera opinião de um verme falível; mas que, no que diz respeito ao apoio da Palavra de Deus, ele as receba como a verdade divina. Este volume não contém coisa alguma referente aos aspectos externos da religião. A forma da piedade é tão importante quanto o seu poder, e a doutrina referente à piedade é uma porção integrante do sistema cristão; todavia, fui incapaz de incluí-la na presente obra. Caso esta humilde tentativa de beneficiar a outros não alcance sucesso, ainda assim, ela não terá sido inútil para mim mesmo. Diante da eternidade que já se aproxima, senti ser vantajoso reexaminar os alicerces sobre os quais repousa a minha fé. Se o manuseio destas páginas proporcionar ao leitor tanto proveito e deleite quanto propiciou ao autor a sua preparação, então, no mundo futuro, acharemos motivos para nos regozijarmos juntos pelo fato de que amigos cristãos tenham demandado esse pequeno serviço em favor da causa do nosso Redentor.

Prefácio 22

O ESTUDO DA VERDADE RELIGIOSA

LIVRO I

A OBRIGAÇÃO

O estudo da verdade religiosa deveria ser empreendido e continuado com base no senso do dever, tendo como escopo o aprimoramento do coração. Uma vez aprendida, essa verdade não deveria ser guardada em uma estante, como se fosse um objeto de pesquisa; mas implantada profundamente no coração, onde o seu poder santificador pode ser sentido. Estudar teologia com o propósito de satisfazer à curiosidade ou de preparar-se para uma profissão seria um abuso, uma profanação daquilo que precisa ser considerado como extremamente santo. Aprender as realidades referentes a Deus meramente para efeito de diversão, ou buscando-se alguma vantagem secular, ou a fim de satisfazer o mero amor ao conhecimento é tratar o Altíssimo com desdém. Nossos interesses eternos estão envolvidos na questão religiosa, e deveríamos estudá-la dentro desses interesses. Um agricultor deveria estudar agronomia tendo em vista aumentar a sua produção; porém, se, em lugar disso, vier a esgotar suas energias, indagando como as plantas multiplicam as suas espécies ou como os diferentes tipos de solo foram originalmente formados, os seus campos ficarão repletos de espinheiros e abrolhos, e seu

CAPÍTULO 1

verdade religiosa

celeiro, vazio. Igualmente sem proveito será aquele estudo das doutrinas religiosas que for efetuado com o mero propósito da especulação. Seria como se o alimento necessário para o sustento do corpo, em vez de ser ingerido e digerido, fosse preparado apenas para satisfazer a vista. Em tal caso, o corpo certamente pereceria de fome. Com idêntica certeza, a alma perecerá de inanição espiritual, se não for nutrida com a verdade de Deus.

Quando a doutrina religiosa é considerada meramente como objeto de especulação, a mente não se contenta com a verdade simples, conforme ela pode ser encontrada em Jesus, mas corre atrás de questões sem proveito e acaba se enredando em dificuldades das quais é incapaz de desvencilhar-se. Disso é que resulta o ceticismo de muitos. A verdade que poderia salvar e santificar as suas almas é por eles intencionalmente rejeitada, por não satisfazer a sua imensa curiosidade e, tampouco, solucionar todas as suas perplexidades. Estes agem à maneira de um lavrador qualquer que rejeita a ciência inteira da agricultura, recusando-se a cultivar o seu terreno, tão somente porque existem muitos mistérios no desenvolvimento das plantas, os quais ele se sente incapaz de explicar.

Se dermos início à nossa inquirição pela verdade religiosa movidos pelo senso do dever e com o propósito de fazer o melhor uso possível dessa verdade, podemos estar certos do êxito. O Senhor abençoará os nossos esforços, porquanto ele mesmo prometeu: “Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina” (Jo 7.17). À medida em que formos avançando, descobriremos tudo quanto se faz necessário para qualquer finalidade prática; o senso do dever, sob o qual haveremos de agir, não nos impulsionará para além desse limite.

O estudo da
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O senso de obrigação religiosa que nos impele a buscar o conhecimento da verdade, embora desconsiderado por larga porção da humanidade, pertence à própria constituição da natureza humana. O homem foi originalmente criado para seguir a religião, assim como o olho foi formado com o propósito de ver. Será de grande vantagem considerarmos bem esse fato logo no início das nossas investigações. Então, sentiremos que estamos prosseguindo de conformidade com os melhores ditames da natureza humana.

As diversas partes que constituem o mundo no qual habitamos são admiravelmente adaptadas umas às outras. Muitas dessas adaptações tornam-se patentes diante de nossa mais descuidada observação; se as procurarmos com diligência, elas se multiplicarão quase infinitamente diante dos nossos olhos. A semente cai no solo como se fosse um grão de areia, mas, diferentemente da areia, ela encerra em suas minúsculas dimensões uma maravilhosa provisão para a produção de uma futura planta. Tal provisão, entretanto, seria destituída de finalidade, se não encontrasse um solo adaptado para a nutrição do gérmen. A umidade também é um fator necessário; o vapor, elevando-se de algum mar distante, é levado pelo vento, e, condensando-se na atmosfera, desce na forma de chuva fertilizadora. Todavia, todas essas adaptações seriam insuficientes, se não fosse suprido o calor. Assim, para completar o processo, a cerca de 140 milhões de quilômetros, o sol envia os seus raios vivificadores. Arranjos complicados como esses são abundantes em todas as obras da natureza.

Os propósitos realizados por essas adaptações, com frequência, são perfeitamente óbvios. No caso das plantas e dos animais, elas dão provisão para a vida de cada um e para a continuação das espécies. As plantas foram adaptadas de tal modo que se tornaram alimentos para os animais, e tanto plantas quanto animais prestam

A
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obrigação

importantes benefícios ao homem. Entretanto, o próprio ser humano tem suas adaptações, e, com base em considerações como essas, o lugar que cabe ao homem pode ser compreendido dentro do imenso sistema do universo.

À semelhança de outras formas de vida, o homem foi constituído de tal maneira que há provisões para a continuação de sua vida, bem como da raça. Se não houvesse na constituição do homem sinais de qualidades mais elevadas, ele poderia comer e beber como qualquer animal; a satisfação dos seus apetites naturais e de suas propensões poderia ser considerada a mais elevada finalidade do seu ser. Todavia, quando os homens se brutalizam, isso é uma manifesta degradação da sua natureza. Os seres humanos possuem faculdades que os qualificam para propósitos muito mais nobres do que esses.

Os elevados poderes intelectuais do homem requerem um exercício apropriado e condigno. Seus conhecimentos não se limitam a objetos ao alcance de suas mãos nem àquelas relações e propriedades das coisas que são percebidas de imediato pelos sentidos. A sua razão percebe relações remotas, seguindo a cadeia de causas e efeitos através de longas sucessões. Partindo do momento presente, perscruta a história passada, vinculando acontecimentos na ordem própria de dependência uns dos outros. Mediante o seu conhecimento do passado, o homem é capaz de prever e de preparar-se para o futuro. Nas causas atualmente existentes, ele pode descobrir efeitos que se desenvolverão dentro de longo prazo. Tais faculdades humanas harmonizam-se bem com a opinião de que o homem é um ser imortal e que sua presente vida transitória é apenas a preparação para outra existência, a qual jamais terá fim; mas, de forma alguma, concordam com a opinião de que o homem morre como um bruto. Ninguém diz que o boi ou o asno preocupa-se com o problema de que, possivelmente, a

O estudo da verdade
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religiosa

imortalidade o aguarda ou que é importante que ele se prepare para a imortalidade. Todavia, a ideia de um estado futuro tem ocupado um lugar na mente dos homens de todos os séculos e sob todas as formas de expressão religiosa. A abelha e a formiga preparam-se para o inverno; e o inverno, para o qual os seus instintos as impelem a se prepararem, realmente lhes sobrevém. Se, porventura, nunca chegar a concretizar-se a vida futura, pela qual os homens têm esperado de uma maneira tão generalizada, pela qual suas mentes estão amoldadas a esperar e em face da qual eles se têm preparado laboriosamente, com cuidados incessantes, então, tal irrealização violaria toda a analogia, discordando com a harmonia da natureza universal. A mente humana está qualificada para um contínuo progresso no conhecimento e, assim sendo, para o estado da imortalidade. Essa adaptação inclui um insaciável desejo de obter conhecimento, bem como a capacidade de adquiri-lo. O pintinho, não muitas horas depois de haver abandonado a casca do ovo, onde começara a sua débil existência, já é capaz de selecionar o seu alimento, de andar à cata dele e de retornar à proteção das asas da galinha. O homem nasce neste mundo como o mais dependente de todos os seres. Semanas cansativas se escoam antes de começarem a aparecer os primeiros sinais de desenvolvimento de seus poderes intelectuais. O progresso é lento, e muitos meses de aprimoramento gradual se passam antes que ele possa equiparar-se, quanto à capacidade de autopreservação, a muitas outras criaturas que têm vivido apenas algumas horas. Os animais, entretanto, estacam em um ponto além do qual, segundo podemos asseverar, nunca progridem. As aves edificam os seus ninhos tais e quais já os construíam há cinco mil anos; as admiráveis organizações sociais que se verificam entre as abelhas e as formigas não estiveram sujeitas a qualquer processo de

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melhoramento. Não obstante, nenhum ponto, nenhuma linha são capazes de limitar o progresso da mente humana.

Embora estejamos bem familiarizados com os notáveis avanços que têm sido obtidos nos campos das artes e das ciências, contemplamos essas realizações com espanto e admiração; sentimos que uma carreira sem limites está aberta à frente do intelecto humano, convidando-o a fazer os esforços que ele internamente sente estar preparado para fazer. Porém, no que concerne a cada indivíduo, abrir-se-iam em vão os vastos campos do conhecimento, existiriam em vão as suas potencialidades para explorar esses campos e requeimariam em vão no seu peito os impulsos para explorá-los, se a vida presente, que voa ligeira como a lançadeira de um tecelão, fosse realmente a única oportunidade conferida ao homem, e se todas as suas esperanças e aspirações fossem sepultadas juntamente com ele, para sempre, no túmulo.

As faculdades morais com as quais o homem foi dotado adaptam-no para um estado de sujeição ao governo moral. Nossas mentes foram constituídas de tal maneira que somos capazes de perceber uma certa qualidade moral nas ações, podendo nós aprová-las ou desaprová-las. A consciência de termos feito o que é direito oferece-nos um de nossos mais elevados prazeres; a angústia do remorso, por causa de alguma maldade praticada, é tão intolerável como qualquer outro sofrimento ao qual o coração humano esteja suscetível. A nossa consciência exerce um certo governo moral, recompensando-nos ou castigando-nos pelas nossas ações, de acordo com o seu caráter moral. Grande parcela de nossa felicidade depende da aprovação daqueles com quem estamos associados. E, assim, encontramos o governo moral tanto fora como dentro de nós mesmos; a cada ponto, em nossas relações com outros seres inteligentes, sentimos as restrições desse

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império moral. Onde se acham os limites do governo moral? Eles precisam ser tão extensos quanto as nossas relações com outros seres morais e tão duradouros como a nossa própria existência.

São verdades fundamentais da religião os fatos de que o homem é imortal e de que está debaixo de um governo moral, mediante o qual o seu futuro estado será bem-aventurado ou miserável, em consonância com a sua conduta na vida presente. O homem é um ser religioso, e é por isso que a persuasão sobre a sua própria imortalidade e a expectação de alguma futura retribuição encontram guarida em sua mente. Ninguém imagina que pensamentos dessa ordem tenham sido entretidos, por um momento sequer, por qualquer dos inúmeros animais existentes sobre a face da terra. No caso da raça humana, esses pensamentos têm prevalecido em todas as nações e em todas as épocas. Tais pensamentos têm estado misturados com as cogitações de sábios e ignorantes, de letrados e analfabetos, por igual modo, mesclando a religião com a história da humanidade.

As considerações que acabamos de apresentar demonstram que a verdade religiosa merece nosso mais elevado respeito e nossa mais diligente investigação. Aquele que negligencia essas reivindicações da verdade religiosa está agindo contrariamente à sua própria natureza e está se degradando até ao nível dos animais. Todavia, que homens costumam degradar-se desse modo é um fato que um correto ponto de vista da verdade religiosa não pode ignorar: “O boi conhece o seu possuidor, e o jumento o dono da sua manjedoura; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende” (ls 1.3). Trata-se de uma glória peculiar e de uma excelente característica da revelação cristã o fato de que ela foi adaptada a essa condição decaída da humanidade e que tem o poder de efetuar a sua restauração. É medicamento para o enfermo, assim como alimento

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para o indivíduo saudável. Um apetite saudável clama por alimento nutritivo, e o alimento, quando recebido, administra a nutrição que se faz necessária. Desse modo, a adaptação é recíproca. Entretanto, nos estados doentios, o estômago repele os alimentos e rejeita os medicamentos de que precisa para ser curado. Contudo, a adaptação do remédio para a condição do enfermo nunca deixa de ser um fato. Outro tanto sucede no caso do evangelho de Cristo. Embora rejeitado pelos homens, o evangelho é “digno de inteira aceitação”, porque ele é um medicamento admiravelmente adaptado à nossa condição de depravação. Milhares e milhares que têm experimentado o poder restaurador do evangelho se unem, recomendando sua eficácia às multidões que não se dispõem ao menos a examiná-lo. Ao considerarmos as verdades da religião, podemos apreciá-las de vários ângulos. Podemos considerá-las provenientes de Deus, ou demonstradas por provas abundantes, ou harmônicas entre si, ou tendentes à glória de Deus. É interessante e instrutivo ver tais verdades no seu contato imediato com o coração humano, e, à semelhança do Espírito de Deus pairando por sobre o caos original, produzindo ordem onde havia confusão, e infundindo luz e vida onde previamente reinavam as trevas e a morte. Ao exercer esse poder de criar vida nova, aparece a origem divina das verdades cristãs, e essa demonstração torna-se tanto mais satisfatória por ser prática, ao alcance da capacidade de todos os homens.

Na qualidade de seres religiosos, procuremos compreender as verdades da religião. Na qualidade de seres dotados de imortalidade, esforcemo-nos por nos familiarizar com a doutrina da qual depende a nossa felicidade eterna. Tenhamos o cuidado para não aceitar essa verdade com um frio entendimento, mas de tal maneira que o seu poder renovador jamais cesse de atuar em nossos corações.

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