
12 minute read
Pluralidade
a calar as diferentes vozes, particularmente as dos excluídos, a não enfrentar a desigualdade e a exclusão crescentes na nossa sociedade. O primeiro passo para uma educação para a paz é andar com os olhos abertos, não se negar a enfrentar a realidade por mais dura e desconcertante que seja e não querer “ proteger” as crianças e adolescentes da dimensão dura da vida. No entanto, não basta ser capaz de ver, analisar, conhecer, é necessário também se situar diante desta realidade, compreender os mecanismos que perpetuam a exclusão e as desigualdades e produzem violência., assim como os esforços de tantas pessoas, grupos, organizações para criar uma realidade diferente. A paz não pode ser construída como um elemento isolado. É indissociável da justiça e da solidariedade. Paz, justiça e solidariedade constituem um conjunto e não se pode separar qualquer destes elementos dos demais. Querer a paz exige favorecer a justiça e construir solidariedade. A paz é um produto que se constrói com estes diferentes componentes. Não é somente uma meta a ser alcançada. É também um processo, um caminho. Neste sentido, é importante radicalizar a capacidade de diálogo e de negociação. Não construiremos a paz se não nos desarmarmos das nossas armas materiais, mas também se não desamarmos nossos espíritos, nossos sentimentos, tudo o que há em nós de negação do outro, de não reconhecimento, de prepotência, de exclusão dos “diferentes”. Para educar para a paz é fundamental desenvolver a capacidade de diálogo e de negociação sem limites. Sempre é possível conversar, expressar a sua palavra, resgatar o melhor de nossas experiências, ressituar as questões, construir plataformas de negociação no plano interpessoal, grupal e social. Trata-se de trabalhar muito a capacidade de escuta do outro, de deixar-se afetar, de repensar as próprias convicções, idéias, sentimentos, de desenvolver a capacidade de negociação, básica para construir com outros, conjuntamente. Em sociedades e culturas autoritárias como a nossa esta é uma dimensão fundamental. A cultura da violência está cada vez mais presente nos diferentes ambientes sociais, da família ao Estado. A escola não está imune a esta dinâmica. A solução para esta problemática é, em geral, buscada acentuando-se as políticas de segurança. As situações passam a ser exclusivamente uma questão de segurança, de responsabilidade da polícia. Mais polícia nas ruas e nas escolas, mais repressão e punição, mais controle. É reforçada a lógica da contraposição de forças, o que é antagônico a uma cultura de paz. Uma educação para a paz procura desenvolver uma cultura dos direitos humanos, que passa pelo reconhecimento da dignidade de cada pessoa, pelo resgate da memória histórica, por nomear os mecanismos que favorecem em cada um de nós e no corpo social as reações violentas, pela expressão de sonhos partilhados, pela construção de um horizonte comum de vida e de sociedade que assuma a diferença positivamente. Educação deve ser voltada para o diálogo e para a pluralidade.
Pluralidade
Advertisement
Substantivo feminino 1. fato de existir em grande quantidade, de não ser único; multiplicidade, diversidade. "a p. de raças no Brasil" 2. o maior número; maioria. "eleito pela p. de opiniões"
Texto complementar
Ensinar Pluralidade Cultural ou viver Pluralidade Cultural?
Pela educação pode-se combater, no plano das atitudes, a discriminação manifestada em gestos, comportamentos e palavras, que afasta e estigmatiza grupos sociais. Contudo, ao mesmo tempo que não se aceita que permaneça a atual situação, da qual a escola é cúmplice ainda que só por omissão, não se pode esquecer que esses problemas não são essencialmente do âmbito comportamental, individual, mas das relações sociais, e que 138 como elas têm história e permanência.
O que se coloca para a escola é o desafio de criar outras formas de relação social e interpessoal, por meio da interação o trabalho educativo escolar e as questões sociais, posicionando-se crítica e responsavelmente diante delas. O cotidiano oferece muitas manifestações que permitem o trabalho sobre pluralidade: os fatos da comunidade ou comunidades do entorno escolar, questões típicas de adolescência e juventude, as notícias de jornal, rádio e TV, pro-
gramas e suplementos destinados a essa faixa etária específica, as festas locais.
Além disso, a prática de intercâmbio entre escolas de diferentes regiões do Brasil e de diferentes municípios de um mesmo estado, e a consulta a órgãos comunitários e de imprensa, inclusive na própria comunidade, são instrumentos pedagógicos privilegiados a serviço da formação de crianças e adolescentes.
Partilhar um cotidiano em que o simples “olhar-se” permite a constatação de que todos — alunos, professores e demais auxiliares do trabalho escolar — são provenientes de diferentes famílias, diferentes origens e possuem, cada qual, diferentes histórias, permite desenvolver uma experiência de interação “entre diferentes”, na qual cada um aprende e cada um ensina. Traz a consciência de que cada pessoa é única e, por essa singularidade, insubstituível. Aprender a posicionar-se de forma que compreenda a relatividade de opiniões, preferências, gostos, escolhas, é aprender o respeito ao outro. Ensinar suas próprias práticas, histórias, gestos, tradições, é fazer-se respeitar ao dar-se a conhecer. Esse respeito não é incompatível com o respeito às normas institucionais embora possa, às vezes, exigir flexibilidade em sua aplicação (por exemplo, os feriados religiosos, os horários de serviço do adolescente trabalhador).
A importância das tribos
Você já ouviu falar em tribos?
Tribo (do termo latino tribu) é o nome que se dá a um agrupamento humano unido pela língua, cos-

tumes, instituições e tradições. O termo era, originalmente, empregado para designar cada uma das trinta divisões da Roma Antiga (mais tarde, trinta e cinco) formadas por cidadãos plebeus. Passou a ser aplicado, posteriormente, às divisões dos povos da Antiguidade, como as dozeTribos de Israel, por exemplo. Nas épocas colonialista e neocolonialista, foi utilizado pela antropologia, passando a ter um sentido pejorativo de "agrupamento humano com cultura rudimentar". Porém, devido à imprecisão do termo, o mesmo deixou de ser usado tecnicamente pela antropologia. “As tribos urbanas são agrupamentos semi-estruturados, constituídos predominantemente de pessoas que se aproximam pela identificação comum a rituais e elementos da cultura que expressam valores e estilos de vida, moda, música e lazer típicos de um espaço-tempo.” (Maffesoli). São pessoas com hábitos, valores culturais, estilos musicais e ideologias semelhantes. Os vínculos duram enquanto se mantém o interesse pela atividade. Não há planos ou preocupação com o futuro da tribo. A ampla diversidade cultural auxilia na formação de diferentes tribos. As tribos levam os adolescentes do anonimato para o reconhecimento. Estética das Tribos: função de identificar e agrupar. • Fonte de socialização menos repressiva. • Fonte de identificação e referência comportamental. • Estes modelos influenciam na capacidade de reflexão e nas intenções do sujeito. Segundo estudiosos, os adolescentes buscam novos comportamentos. O compartilhamento de códigos, estilo e práticas sociais cria uma a ilusão de identidade. Os adolescentes de uma tribo possuem um caráter volátil de seus vínculos internos. Os mesmos migram de uma tribo à outra. Segundo Vygotsky, as funções complexas do comportamento humano são elaboradas conforme são utilizadas, a depender do conteúdo adjetivo sobre o qual incidem e das interações a partir das quais se constroem. Para Vygotsky, a natureza humana é essencialmente social, ter tribos ou grupos é culturalmente aceito.
Rock ‘n Roll

Surgiu na década de 1950 nos Estados Unidos. Década de 1950 e 1960 - termos como “delinquência juvenil” foram substituídos por outros, como“cultura dos jovens”. Figuras importantes: Carl Parkins, Chuck Berry, Elvis Presley e Bill Haley
Hippies
Surgiu no EUA na década de 1960. No Brasil na década de 1970. Nômades, comunhão com a natureza, "Paz e Amor", amor livre, não violência, igualdade e anti-militarismo. Culto pelo prazer livre, físico e sexual ou intelectual. Figuras importantes: Raul Seixas, banda Mutantes, Jimi Hendrix.
Punk´s
Surgiu nos Estados Unidos, baseado do Rock’n’Roll. Ideias apartidárias e de liberdade. Estilo visual grosseiro, humor ácido e sarcasmo. Calças jeans justas, rasgadas, jaquetas de couro, coturnos, tênis converse, correntes, Moicano. Bandas: The Ramones, Sex Pistols, Bad Religion, The Cash.
Texto complementar
Estereótipos
Durante todas as relações do nosso dia, estamos julgando pessoas com base nos estereótipos delas. Uma moça com cabelo preso e saia longa é “crente”. Um guri com tatuagens é “rebelde”. E assim por diante. Contudo, a parte mais interessante é pensar que nós TAMBÉM estamos sendo julgados por nossos estereótipos, quer estejamos conscientes ou não. Vestir uma camisa é um ato que não se encerra em si mesmo. Pelo contrário, tem consequências durante todo nosso dia, definindo como nos olharão e nos julgarão, o tipo de tratamento inicial que receberemos e as oportunidades que conseguiremos. Se você, por exemplo, usar uma camisa de desenhos infantis, provavelmente será levado menos a sério do que se usar um terno.
Uma ilustração muita sã do poder de um estereótipo é o filme “Prenda-me se for capaz”, com Leonardo DiCaprio. Nele, o ator norte-americano interpreta o falsário Frank Abagnale Jr., que consegue rios de dinheiro e influência com suas falcatruas. Abagnale é um mestre em usar o poder do estereótipo: em uma cena antológica, veste-se de piloto de avião comercial e, acompanhado de aeromoças vultosas, passa despercebido pela legião de policiais que queriam pegá-lo. Sacou? Roupa de piloto + moças bonitas = pessoa admirável, nunca um falsário desonesto. Está tudo no estereótipo.
Visto o poder imenso demonstrado pelo estereótipo, é de se esperar que muitas pessoas tentem controlar os seus. E, de fato, é o caso: uma pesquisa no Google para “Manual de Etiqueta”, um clássico estereótipo social, retorna nada menos que seis milhões de resultados. Coisa séria, portanto. E por que o adolescente, tão inserido no mundo como é atualmente, ficaria de fora dessa busca por controlar a própria imagem? Ele não fica, ora! Contudo, há um grande problema que o jovem deve enfrentar: pelas leis mais básicas da óptica, toda imagem pressupõe a existência de um objeto. Ou seja, para se passar algo por meio do estereótipo, é necessário primeiro que tenhamos uma essência consolidada e objetivos definidos. Algo a passar, enfim. Por exemplo: se parte da minha essência é “empreendedor” e o meu objetivo é “angariar sócios”, o estereótipo passado pelo meu terno nada mais é do que um reflexo dessas duas características. É a parte de mim que revelei para alcançar o que eu desejo. Portanto, o bom uso do estereótipo é usar a aparência para demonstrar ao mundo a nossa essência. Mas, ora, por excelência, nós adolescentes somos seres confusos. Qual nossa essência? Como você é com sua mãe? E com seus tios? E amigos? Talvez, com uns, seja mais respeitoso e fale menos palavrões, além de iniciar assuntos sobre novela. Cidadão-modelo. Já com outros, é despojado, boca-suja e gosta de falar de UFC. Cidadão rebelde. Assim, quem realmente é você? Se, ao depender da pessoa com quem está se relacionando, toma condutas e preferências distintas, quais são suas reais características? Modelo ou rebelde? Eis perguntas significativas. Sem respostas para elas, não sabemos quem somos. Não temos nenhum objeto para passar uma imagem. Com isso, fica impossível ter uma relação saudável com os estereótipos. Eles deixam de nos refletir e de nos auxiliar.
No entanto, eles continuam lá. Assim, estão refletindo o que? Ora, simples: os outros. Os estereótipos nos adolescentes têm a tendência de não serem a essência deles, mas um mero meio de ser aceito socialmente por grupos de outros jovens. Comumente, na adolescência passa-se por mil estereótipos sociais, não tendo nenhum elo profundo com nenhum deles: no mês do Rock in Rio, se é Rockeiro; deixando o cabelo crescer se vestindo de preto, apenas porque todo mundo vai nos shows; no mês da visita do Papa, torna-se cristão convicto postando salmos aleatórios no Facebook, a fim de ganhar likes dos outros amigos da JMJ; em época de eleição, é o mais politizado homem do mundo (e, fora dela, acha discutir política um saco), a fim de parecer intelectual frente aos amigos que debatem na escola. Woddy Allen, sempre ele, dá um forte exemplo de como o estereótipo se manifesta no adolescente no seu filme “Zelig” (1983). Neste, o protagonista, Zelig, é um incrível “homem camaleão” que toma os trejeitos, tiques e posturas de qualquer um que está perto. Repare diferença
entre ele e Frank Abagnale: enquanto este usa conscientemente do estereótipo para alcançar objetivos, Zelig simplesmente mimetiza de forma espontânea todos ao seu redor, para se enturmar. É exatamente o que o adolescente faz. As consequências disto tendem a ser negativas. Primeiramente, o adolescente perde a noção dos seus reais gostos pessoais. Ele não sabe se gosta de rock, cristianismo ou política, se gosta dos três ou se não gosta de nenhum, pois só conhece essas três práticas superficialmente. Sem saber das próprias preferências, tende a se frustrar com muito mais facilidade. Não há figura mais comum do que o jovem entediado. O tédio advém de não retirar real prazer de nada do que pratica. A guitarra machuca muito os dedos, a reza não tranquiliza e Karl Marx não parece fazer sentido. Tudo é cinza. Ademais, há outra consequência evidente para qualquer um que já esteve nesta situação: eventualmente, todos os grupos que tentamos agradar percebem nossa falta de essência e se afastam. Os rockeiros riem de nós por não sabermos todas as músicas, os cristãos nos rechaçam por não praticarmos a palavra e os politizados notam nosso desconhecimento e deixam de nos levar em consideração. Portanto, na ânsia de se ser tudo, finda-se sendo nada. No desejo de ser fiel a todos, trai-se a si mesmo. Eis o maior drama adolescente. Assim sendo, é de responsabilidade de todo jovem lutar para evitar que se vire um Zelig. Ou seja, é necessário que cada adolescente descubra a própria essência e gostos pessoais, sob pena de virar um adulto imaturo, melancólico e desagradável. Então, como prosseguir? Na minha visão, o primeiro passo é respeitar a grandeza e história das ideologias e grupos que queremos implementar em nossa imagem. Isso envolve, sempre que temos um interesse mínimo por algo, fazer uma pesquisa, conhecer as origens e a filosofia de vida daquele grupo. O aspirante a rockeiro por exemplo, deve, ora, ouvir músicas de Rock, saber o que diferencia o rock de outras músicas. Com esse conhecimento em mãos, deve-se avaliar nossa relação com a tal ideologia, por meio de perguntas como “Eu realmente gosto disso?”, “Isso está de acordo com algum objetivo que tracei para a minha vida?”, “Se ninguém do meu ciclo de amigos gostasse de Rock, eu ainda me sentiria motivado a me vestir feito rockeiro?”. Caso a resposta para a maioria seja sim, use o estereótipo de rockeiro ^-^ Com certeza você estará de acordo com a própria essência e, assim, não ofenderá os outros praticantes e nem atentará contra a possibilidade. Desta forma, é possível que o adolescente tenha, finalmente, uma relação saudável com os estereótipos - controlando-os ao invés de ser controlados por esse - e dê um passo de importância ímpar para sua maturidade.
Fonte: Cloudcoaching. Autor: Bruno Sales. Disponível em: http://www.cloudcoaching.com. br/os-estereotipos-e-os-adolescentes/post#.WFfP0lMrKUk. Acesso em: 16 dez. 2016.