SeLecT nº 10

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panorâmica

“Na Europa, ninguém realmente conhece muito sobre a produção artística contemporânea da América Latina. Da Colômbia, por exemplo, quando sabem alguma coisa, são os clichês de sempre: Fernando Botero, a cantora Shakira ou o piloto de corridas de Fórmula 1 Juan Pablo Montoya”, diz Hans-Michael Herzog

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cesso iniciado em 2000 que envolveu muitas viagens à América Latina e o contato direto com cada um dos artistas da coleção –, Herzog destaca que “a Casa Daros será o primeiro centro latino-americano para os latino-americanos e para o resto do mundo, uma plataforma de intercâmbio e serviços para colocar as pessoas em contato, para os artistas encontrarem seus colegas e o público encontrar os artistas”. Herzog admite que sua ambição é “colocar a arte latino-americana no mapa”. Sim, ele já visitou várias edições da Bienal do Mercosul e da Bienal de São Paulo. Visita com regularidade todas as grandes mostras internacionais. Continua, porém, achando que falta colocar a arte latino-americana no mapa. “Ela ainda não está lá”, frisa. Pelo menos com o protagonismo que esse obstinado alemão deseja. “Na Europa, ninguém realmente conhece muito sobre a produção artística contemporânea da América Latina. Da Colômbia, por exemplo, quando sabem alguma coisa, são os clichês de sempre: Fernando Botero, a cantora Shakira ou o piloto de corridas de Fórmula 1 Juan Pablo Montoya.” Foi para começar a ampliar o repertório do público europeu que Herzog organizou a exposição Cantos Cuentos Colombianos,

em duas mostras sucessivas, exibidas em Zurique, de outubro de 2004 a janeiro de 2005 e de janeiro a abril de 2005. “Foi a maior mostra de arte colombiana contemporânea realizada na Europa”, sustenta Herzog. É o mesmo recorte de obras, com montagem diversa, que agora chega ao Rio de Janeiro. “Ela continua atualíssima”, diz o curador.

Força simbólica

“Mesmo na Colômbia esses excelentes artistas eram pouco conhecidos”, afirma Herzog. Ele observa que suas escolhas foram premonitórias de uma percepção mais nítida dessa produção. “Depois das exposições na Suíça, o público colombiano parece ter finalmente descoberto sua arte.” Livros recentes trataram de incorporá-los à história e ao circuito principal de mostras internacionais. O catálogo-livro da mostra, com 410 páginas e longas entrevistas com os artistas no formato pergunta e resposta, significou outra eficaz divulgação e contextualização. A coletiva Cantos Cuentos Colombianos traz um conjunto equilibrado de peças de grande força simbólica. Juan Manuel Echavarría comparece com tra-


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