Jornal da Arquidiocese de Florianópolis Abril de 2014

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Florianópolis, Abril de 2014 Nº 199 - Ano XVIII

O TRÍDUO PASCAL

Papa Francisco avalia seu primeiro ano como bispo de Roma Em entrevista concedida ao jornal Corriere della Sera, o Papa fala de sua relação com Bento XV XVII , das mudanças na Cúria Romana, da opção pelos pobres e do papel das mulheres na Igreja. PÁGINA 14

Encontros vocacionais atraem muitos jovens PÁGINA 05

Abaixo-assinado reivindica estrutura para localizar desaparecidos. PÁGINA 0 7 07

Caminhada lembra os que deram a vida pela Fé

Durante a solenidade, nosso arcebispo Dom Wilson falou em nome da Arquidiocese. Proclamou que a Igreja e a sociedade se opoem ao tráfico humano porque fere a dignidade das pessoas vitimadas.

Alesc promove sessão especial pela CF-2014 Durante a solenidade, foram homenageadas pessoas e entidades que trabalham pela causa dos desaparecidos e vítimas do tráfico humano Uma sessão especial realizada na noite do dia 17 de março, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina Alesc, refletiu sobre o tema

da Campanha da Fraternidade de 2014. O evento reuniu lideranças católicas e pessoas que atuam no combate ao tráfico hu-

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Participe do Jornal da Arquidiocese

Campanha contra a fome e a pobreza

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Em outubro de 1991, o Papa João Paulo II esteve em Florianópolis para a celebração em que beatificou Madre Paulina. Como, no dia 27 de abril, ele será declarado Santo, o Colégio Catarinense resolveu abrir para a visitação do público o local onde ele foi hospedado. O quarto onde o Papa se hospedou ficou preservado na forma original e transformado em um memorial de sua visita, reunindo fotos de sua passagem por Florianópolis, do encontro com os jesuítas, das reportagens de jornais que noticiaram a visita, bem como o vídeo da missa campal e de outros encontros.

Exposição do Sudário impressiona os visitantes

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mano e com as pessoas desaparecidas. Na solenidade, foram homenageadas 14 entidades que atuam na causa.

Memorial lembra passagem de João Paulo II pela Arquidiocese

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A Igreja entende por Tríduo Pascal como os três dias em que se celebra a Páscoa de Cristo, sua passagem da cruz para a glória. A Páscoa envolve três momentos: a morte, a sepultura e a ressurreição. O Tríduo Pascal começa na celebração da Missa da Ceia do Senhor, na Quinta-feira santa à noite, e termina com o Ofício das Vésperas, no Domingo de Páscoa à tarde. É preciso que contemos os dias do mesmo modo que os judeus: de um pôrdo-sol a outro. Assim, temos: o primeiro dia, que vai de Quinta à noite até Sexta no final da tarde: é o dia da morte; o segundo dia, de Sexta à noite até Sábado no final da tarde: é o dia da sepultura, da ausência; o terceiro dia, de Sábado à noite até Domingo no final da tarde: é o dia da ressurreição. Portanto, não são três dias preparatórios. Mas, como se fossem um só dia festivo, para celebrar o Mistério Pascal!

A Cáritas Internacional está coordenando a Campanha Mundial contra a Fome e a Pobreza. No Brasil, onde a desigualdade social é considerada uma das principais causas da fome e da pobreza, a Campanha tem como lema “Uma família humana, pão e justiça para todas as pessoas”. Na Arquidiocese foi constituído um grupo de entidades que terá a missão de elaborar materiais escritos sobre a temática, realizar fóruns de debates virtuais e seminários, levantar a realidade, e propor plano de ação. PÁGINA 10

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Opinião

Abril 2014

Palavra do Bispo

Dom Wilson TTadeu adeu Jönck

Jornal da Arquidiocese

Arcebispo de Florianópolis

ACÍDIA O tempo da quaresma pede atitudes capazes de renovar a caminhada do cristão no seguimento de Cristo. É tempo de revisão da vida pessoal, da prática cristã, do empenho comunitário. Desta forma o cristão se prepara para celebrar a festa da Páscoa. Os mestres de espiritualidade têm mostrado com insistência as dificuldades que encontra o cristão no caminho de discípulo de Cristo. A quaresma é tempo em que o cristão é convidado a posicionar-se diante dos vícios que o fazem esmorecer na caminhada. Um dos maiores inimigos para a perseverança na vida cristã é, justamente, a acídia, palavra que vem do grego e significa originalmente “negligência”, “indiferença”. A acídia pode ser definida como tédio pelas coisas espirituais, in-

dolência em cumprir os deveres da vida cristã. A pessoa sente uma incapacidade de estar por inteiro no momento presente e de envolver-se com o que está acontecendo. Manifesta um desgosto de estar onde se encontra. Não obtém o que deseja, mas não sabe o que quer exatamente. Quando trabalha, prefere não fazer nada; quando não faz nada, se aborrece. Não consegue se envolver com a oração, com o trabalho pastoral, não consegue sequer desfrutar o tempo livre. Costuma culpar os outros por não estar bem. Já houve quem definisse a acídia como “indolência agitada”. Evágrio, monge antigo, afirma que a acídia é o pior demônio que pode assaltar quem busca um caminho espiritual. Pode dilacerar a pessoa por dentro. João Cassiano, outro monge,

Palavra do Papa

Francisco

apresenta um catálogo de estados derivados da acídia. São eles a ociosidade, a sonolência, o mau humor, a inquietude, o vagar sem destino, a atividade excessiva, a verbosidade e a curiosidade. As três primeiras atitudes mostram a recusa de envolvimento com alguma coisa. Os outros cinco estados são o resultado da rebelião manifestada pelo mau humor. As pessoas afetadas por esse estado de espírito apresentam incapacidade de ir até o fim nas atividades iniciadas. Ao falar da acídia, S. Tomás de Aquino realça o fato de que a pessoa não encontra alegria nas coisas espirituais. A tristeza e o desgosto entorpecem a alma e tornam a vida espiritual deprimida e indolente. É o contrário da alegria, da caridade e da bondade. A acídia gera malícia, rancor, desespero,

Opinião

A cegueira interior O Evangelho de hoje nos apresenta o episódio do homem cego de nascença, ao qual Jesus doa a visão. O milagre é narrado por João em apenas dois versículos (Jo 9,67), porque o evangelista quer atrair a atenção não sobre o milagre, mas sobre o que acontece depois, sobre as discussões que suscita, também sobre as fofocas: tantas vezes uma obra boa, uma obra de caridade, suscita fofocas e discussões, porque há alguns que não querem ver a verdade.[...] Enquanto o cego se aproximava gradualmente da luz, os doutores da Lei, ao contrário, caíam sempre mais em sua cegueira interior. Fechados em suas presunções, acreditam já ter a luz; e por isso não se abrem à verdade de Jesus. O caminho do cego, ao invés, é um percurso de etapas, que parte do conhecimento apenas do nome de Jesus: “Aquele homem que se chama Jesus fez lodo, ungiu-me os olhos” (v. 11). Seguindo as insistentes perguntas dos doutores da lei, considera-O antes de tudo um profeta (v. 17) e depois um homem próximo a Deus (v. 31). Depois que se afastou do templo, excluído da sociedade, Jesus encontra-o de novo e lhe “abre os olhos” pela segunda vez, revelando-lhe a própria identidade. Nesse momento, aque-

le que estava cego exclama: “Creio, Senhor!” (v. 38), e se prostra diante de Jesus. Este é um trecho do Evangelho que faz ver o drama da cegueira interior de tanta gente, também a nossa, porque nós, algumas vezes, temos momentos de cegueira interior. A nossa vida às vezes é similar à do cego que se abriu à luz, que se abriu a Deus, que se abriu à sua graça. Às vezes, infelizmente, é um pouco como a dos doutores da Lei: do alto do nosso orgulho, julgamos os outros, e até mesmo o Senhor! Hoje somos convidados a abrir-nos à luz de Cristo para levar frutos à nossa vida, para eliminar os comportamentos que não são cristãos! [...] Também nós, de fato, fomos “iluminados” por Cristo no Batismo, a fim de que, como nos recorda São Paulo, possamos comportar-nos como “filhos da luz” (Ef 5, 8), com humildade, paciência, misericórdia. Aqueles “doutores da Lei” não tinham nem humildade, nem paciência, nem misericórdia! [...] À Virgem Maria confiemos nosso caminho quaresmal, para que também nós, como o cego curado, com a graça de Cristo, possamos ‘seguir rumo à luz’, e renascer para uma vida nova.

Entendo o jejum como sinônimo de abstinência e reflexão. É um momento de me abdicar da-

Irmã Rosiléa S. Maia Irmãs da Divina Providência

quilo que posso estar praticando ou consumindo em excesso, visando sempre o equilíbrio e uma melhor espiritualidade, rumo a santidade. Por isso, antes de jejuar, procuro refletir como estou vivendo. Todo ano escolho uma prática de jejum na quaresma, ofertando-o a Cristo, como um gesto singelo de gratidão por tamanho amor por nós.

A Quaresma é um momento propício para o jejum, para a reconciliação e o perdão sincero, mais oração, caridade, misericórdia, conversão... Entendo que o jejum me propõe a caminhar atenta à vontade do Criador, porque meu desejo é viver a proximidade Dele. Jejum é sair do comodismo e colaborar com o Reino de Deus com amor e serviço. Com o exemplo de Jesus Cristo, levo para o cotidiano a prática da acolhida, do amor e da tolerância, que deve se estender até meu último dia na terra. Maria Luiza Nogueira Nogueira, Igreja Santa Catarina de Alexandria, Fpolis

Sérgio W Weber eber,, Paróquia Santa eber Cruz, Areias, São José

Caso queira compartilhar conosco algo que deseje ser refletido nesse espaço, envie sua sugestão para jornal@ar q uifln.org.br uipe. jornal@arq uifln.org.br.. As sugestões serão analisadas pela eq equipe.

Jornal da Arquidiocese de Florianópolis Rua Esteves Júnior, 447 - Centro - Florianópolis 4-4 799 Cep 88015-130 - Fone/Fax (48) 322 3224-4 4-4799 E-mail: jornal@arquifln.org.br - Site: www.arquifln.org.br 24 mil e plares mensais exx em emplares

A quaresma é tempo em que o cristão é convidado a posicionar-se diante dos vícios que o fazem esmorecer na caminhada”.

Como você vive e entende o jejum quaresmal?

Vivo no meu dia a dia. Com alegria, sou convidada a fazer jejum através da oração, sacrifício, em minhas atitudes de respeito para com as pessoas e amor ao próximo. Renunciar as coisas boas com um objetivo claro. Jejuar também é a renúncia de alimento, mas não somente isso. É assumir aquilo que nos custa, nos desafia e faz o outro e a outra pessoa a viver melhor e ser feliz.

Roma, 3 0 de março - Angelus

más distrações. Um dos efeitos externos é a preguiça. Outra manifestação da acídia é a evasão para as distrações que o mundo oferece. Cada época apresenta seus produtos. Nos dias de hoje é comum as pessoas preencherem o espaço do tempo livre com a informática, com a televisão, com todo tipo de diversão. O tempo da quaresma é tempo de penitência, mudança de atitudes. É tempo de retomar a caminhada cristã com confiança e esperança. A preparação para a festa da Páscoa convida a fazer renascer em nós a saudável tensão que leva a vencer os contratempos e as tendências negativas da natureza humana. Um dos inimigos a ser combatido pela prática quaresmal é a acídia, que sempre pode aparecer na caminhada espiritual do cristão.

Dire orial: Dom Wilson Tadeu Jönck, Pe. Leandro Rech, Dirett or: Pe. Ney Brasil Pereira - Conselho Edit Editorial: Pe. Revelino Seidler, Pe. José Artulino Besen, Pe. Vitor Galdino Feller, Ir. Marlene Bertoldi, Leda Cassol Vendrúscolo, Maria Antônia Carsten, Maria Glória da Silva Luz, Carlos Martendal, João Augusto de Farias Jornalista R esponsáv el: Zulmar Faustino - SC 01224 JP - (48) 8405-6578 - Coor Responsáv esponsável: Coor.. de Publicidade: Pe. Pedro José Koehler - Revisão: Pe. Ney Brasil Pereira - Editoração e Fotos: Zulmar Faustino Distribuição: Juarez João Pereira - Impressão: Diário Catarinense


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Colégio cria memorial para o Papa João Paulo II Em outubro de 1991, o Papa ficou hospedado no Colégio Catarinense, em Florianópolis Foto Márcio Alexandre

No dia 27 de abril, o Papa Francisco declarará Santo o Papa João Paulo II. De 17 a 21 de outubro de 1991, ele esteve em Florianópolis, na sua segunda visita apostólica ao Brasil, ocasião em que declarou Beata a Madre Paulina, que fundou, em Nova Trento, a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Nesse período, o Papa ficou hospedado no Colégio Catarinense. Para marcar esse momento histórico para os católicos do Brasil, o Colégio Catarinense abriu ao público dois espaços em homenagem ao Beato João Paulo II, no prédio que leva seu nome e abriga os anos iniciais da Unidade I. João Paulo II hospedou-se na residência dos jesuítas, junto ao Colégio Catarinense. Segundo o diretor-geral do Colégio Catarinense, Afonso Luiz Silva Silva, o espaço relembra as passagens de João Paulo II no Brasil, em especial sua visita realizada em 1980, em São Paulo, para beatificar o Padre Anchieta. A capela reproduz o oratório em que o Papa João Paulo II fazia suas orações, mantendo o genuflexório e

Quando aqui esteve para a beatificação da Madre Paulina, João Paulo II se hospedou no Colégio, que manteve os ambientes onde ele ficou o sacrário originais. O espaço é amplo e acolherá momentos de reflexão e oração. O quarto onde o Papa se hospedou foi preservado na forma original e transformado em um memorial de sua visita, reunindo fotos de sua passagem por Florianópolis, do encontro com os jesuítas, das reportagens de jornais que noticiaram a visita, bem como o vídeo da missa campal e de outros encontros. Com esse acervo,

os visitantes poderão ter acesso aos dias em que Florianópolis acolheu o Novo Santo da Igreja, que faleceu no dia 02 de abril de 2005. Os horários para visitação são de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h30min e das 14h às 17h. As visitas são monitoradas e o número máximo de visitantes é de oito pessoas por vez, em função do espaço. Os interessados em visitar o espaço, deverão fazer o agendamento pelo fone (48) 3251-1567.

Pós-Graduação em Doutrina Social da Igreja A Faculdade Católica de Santa Catarina, FACASC/ITESC, está com as inscrições abertas para o Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Doutrina Social da Igreja na Realidade Brasileira Brasileira. O curso é destinado a coordenadores(as) de pastorais sociais; agentes de pastoral; assessores e multiplicadores; padres, diáconos, seminaristas e religiosas/os; lideranças comunitárias; militantes sociais etc. A Pós-Graduação é dividida em três etapas, com aulas um fim de semana por mês mês, preferen-

cialmente às sextas e sábados, às vezes também no domingo. As disciplinas serão ministradas por professores da FACASC e professores convidados. As inscrições vão até o dia 30 de junho e custam R$ 150,00. A mensalidade será de 20 parcelas de R$ 120,00. São 60 vagas. Os interessados devem apresentar comprovante de graduação reconhecido pelo MEC. Mais informações no site www .f acasc.edu.br www.f .facasc.edu.br acasc.edu.br, ou pelo email secretaria@facasc.edu.br ou ainda pelo fone (48) 3234-0400.

Vai acontecer...

Jornada da Juventude O Setor Juventude da Arquidiocese realizará no dia 12 de abril, sábado anterior ao Domingo de Ramos, a Jornada Arquidiocesana da Juventude Juventude. Com o tema “Felizes os pobres no Espírito, porque deles é o reino do Céu” (Mt 5,8), a Jornada será realizada na igreja matriz da Paróquia Santa Cruz, em Areias, São José a partir das 16 horas, com a presença de Dom Wilson TTadeu adeu Jönck Jönck, Arcebispo da Arquidiocese de Florianópolis. O objetivo é proporcionar aos jovens a possibilidade de encontro para celebrar a vida e a fé, em um espaço onde possam ma-

nifestar seus anseios. A programação contará com Shows, Catequese, Missa e Vigília.

Amigos Canção Nova A Canção Nova de Florianópolis está realizando toda primeira terça-feira de cada mês um encontro com amigos. Trata-se do Grupo de Amigos Canção Nova Nova. Os encontros são realizados na Sala São Bento, na Igreja Matriz da Paróquia Santíssima Trindade, em Florianópolis. Os encontros reúnem pessoas que se identificam com o Carisma “Canção Nova” e que, de alguma forma, querem estar próximos da missão e dos missionários. “São justamente essas pessoas que nos ajudam na missão de evangelizar”, disse Vânia Regina, uma das missionárias em Florianópolis. Segundo Vânia, do grupo de

amigos também saem os futuros candidatos aos encontros vocacionais (encontros para discernir a vocação daqueles que se sentem chamados ao Carisma CN).O grupo iniciou em setembro de 2013.E reúne casais e solteiros. “Qualquer pessoa que tiver interesse pode participar, e será bem vindo”, acrescentou. Mais informações pelo blog http://blog.cancaonova. com/florianopolis/ amigoscn/ amigoscn/. Contato pelo Twitter @FloriapaSN @FloriapaSN, pelo Facebook: facebook.com/floripacn facebook.com/floripacn, ou pelo fone (48) 3364-2963, ou ainda pelo e-mail amigosfloripa @cancaonova.com


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Tema do Mês

O PRIMEIRO DIA: A MORTE

Não existe ressurreição sem morte. O Cristo vivo, glorioso, ressuscitado, não é um fantasma, uma idéia, uma teoria. É alguém vivo, concreto. É aquele que morreu, que amou até o fim, que foi fiel e obediente ao Pai no projeto de um Reino de vida para todos, a começar com aqueles que são excluídos. O ressuscitado é o crucificado. Por isso, já se celebra a Páscoa, quando se faz memória da morte de Jesus. Também por-

O TRÍDUO PASCAL Gritamos vitoriosos: “O Senhor morreu, o Senhor ressuscitou, o Senhor vem!” Divulgação/JA

A palavra tríduo significa o espaço de três dias consecutivos. Carrega normalmente a idéia de preparação. Falamos de Tríduo Vocacional em preparação a uma ordenação diaconal ou presbiteral. Falamos de Tríduo Preparatório para a festa do padroeiro. Para muitos cristãos, Tríduo Pascal seria o conjunto dos três dias que antecedem e preparam a Páscoa. Mas não é esse o entendimento da liturgia da Igreja. Pois, Tríduo Pascal não é preparação; já é celebração festiva da Páscoa do Senhor. Tríduo Pascal é o centro de toda a liturgia da Igreja e, por isso, de toda a vida cristã. É a fonte de onde brota e o ápice para onde se encaminha todo o mistério de nossa vida pessoal e comunitária. A Igreja entende por Tríduo Pascal os três dias em que se celebra a Páscoa, isto é, a passagem de Cristo, da morte para a vida, da cruz para a glória. Por isso, já se celebra a Páscoa quando se celebra a morte. Pois não há ressurreição sem morte, não há alegria sem sofrimento. A Páscoa (do hebraico pessach) envolve três momentos: o ponto inicial – a morte; o ponto intermediário – a sepultura; o ponto final – a ressurreição. O Tríduo Pascal começa na celebração da Missa da Ceia do Senhor, na Quinta-feira santa à noite, e termina com o Ofício das Vésperas, no Domingo de Páscoa à tarde. Para entender que há três dias nesse espaço, é preciso contar os dias do mesmo modo que os judeus: de um pôr-do-sol a outro. Assim, temos: o primeiro dia, que vai de Quinta à noite até Sexta no final da tarde: é o dia da morte; o segundo dia, de Sexta à noite até Sábado no final da tarde: é o dia da sepultura, da ausência; o terceiro dia, de Sábado à noite até Domingo no final da tarde: é o dia da ressurreição. Portanto, não são três dias preparatórios e um dia de celebração. Mas, três dias de celebração da Páscoa, em três momentos significativos: a morte, a ausência, a ressurreição! É como se fosse uma só grande celebração. Que começa com o sinal da cruz inicial no início da Missa da Ceia do Senhor, na Quinta-feira santa, e termina com o sinal da cruz da bênção final da última missa no domingo da Páscoa.

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segundo dia do Tríduo Pascal, que vai de Sexta à noite até Sábado no final da tarde, a Igreja celebra a sepultura de Jesus, a ausência de seu Amigo, a ida do Senhor à mansão dos mortos. É dia de silêncio e recolhimento, para recordar a quênose máxima do Senhor, isto é, seu rebaixamento e humilhação até a morte. Nesse dia, também não há nenhuma celebração litúrgica: missas, batismos, casamentos etc. As igrejas permanecem fechadas, em sinal de luto. Na noite de Sexta-feira, quando começa esse segundo dia, a religiosidade popular costuma expressar a dor cristã, através da Procissão do Senhor morto e do Encontro com Nossa Senhora das Dores. É um modo simples e profundo de acompanhar o Filho de Deus em sua ida à mansão dos mortos, e sua Mãe Desolada na alegria contida pela vitória de Deus sobre o maior inimigo do ser humano, a morte!

O TERCEIRO DIA: A RESSURREIÇÃO

que aquele que morre não é uma vítima qualquer. Mas é o Senhor da vida, o Senhor que dá a vida. O primeiro dia começa com a Missa da Ceia do Senhor. A Quaresma vai até Quinta-feira santa à tarde. À noite, começa a Páscoa, com a celebração desses momentos tão significativos do final da vida de Jesus: a ceia de despedida, o lava-pés, as três instituições, do mandamento novo do amor e dos sacramentos da Eucaristia e do Sacerdócio. Celebra-se a entrega de Jesus, sua humilhação e rebaixamento. Pois não há verdadeiro amor sem humildade, sem doação e entrega de si. No ritual desses momentos celebramos a morte de Jesus na forma de entrega, como de um Amigo que se deixa em sacramento de partilha, um Mestre que continua na pequenez do pão comido e do vinho bebido, um Cordeiro que se

Não são três dias preparatórios e um dia de celebração. Mas, três dias de celebração da Páscoa, em três momentos significativos: a morte, a ausência, a ressurreição!”.

deixa levar ao matadouro, um Salvador que se deixa trair. Esse primeiro dia continua pela noite afora, com a memória da traição de Judas, da agonia no Horto, da prisão, da condenação diante do Sinédrio e de Pilatos. E termina

na tarde de Sexta-feira, com a Celebração da Paixão do Senhor, quando se recorda a crucifixão, as últimas palavras e o último suspiro de Jesus, quando ele já nos entrega o Espírito Santo. Faz-se a leitura do Servo Sofredor, lê-se o Evangelho de sua Paixão e Morte, adorase a sua Cruz, recebe-se o sacramento de seu Sacrifício redentor. Nesse dia, além da Missa da Ceia e da Celebração da Paixão, não há nenhuma celebração litúrgica: missas, batismos, casamentos etc. As manifestações da religiosidade popular, como viassacras, caminhadas com a cruz etc., expressam e dramatizam, na oração e no silêncio, a dor pela morte do Senhor.

O SEGUNDO DIA: A AUSÊNCIA

A passagem da morte para a vida implica uma ausência. No

Com a celebração da Vigília Pascal, na noite de Sábado santo, começa o terceiro dia, o dia da glória, da luz, da vida, da ressurreição. O Senhor vence o poder da morte. Ele ressuscita glorioso sobre o poder do mal. Ele paga o mal com o bem, o ódio com o amor, a vingança com o perdão. Com isso, propõe uma reviravolta em nosso modo de pensar e agir. Chama-nos a fazer, também nós, a passagem: do pecado para a graça, do egoísmo para a comunhão, da indiferença para a solidariedade, da escravidão dos vícios para a liberdade da virtude cristã. Com a Missa da Vigília Pascal, na noite de Sábado, e as missas do Domingo de Páscoa, a Igreja celebra a vida em abundância que jorra do sacrifício redentor de Cristo. Na Liturgia da Luz, com a bênção do Fogo Novo e a procissão do Círio Pascal, caminhamos nas trevas seguindo o Cristo, a nuvem luminosa de nossa salvação. Na Liturgia da Palavra, ouvimos as leituras da história da salvação, como alguém que do final do túnel olha para trás e vê que todo o passado ganha uma nova compreensão. Na Liturgia Batismal, festejamos nosso batismo, quando morremos para o pecado e ressuscitamos para a vida nova de filhos de Deus. Na Liturgia Eucarística, fazemos memória do mistério pascal, isto é, da morte e da ressurreição do Senhor. NB: Com algumas modificações, este artigo foi publicado no Jornal da Arquidiocese, em março de 2008. Pe. Vitor Galdino Feller Vigário Geral da Arq., Prof. de Teologia e Diretor da FACASC/ITESC Email: vigariogeral@arquifln.org.br


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Encontro ajuda a discernir a vocação Realizado em duas regiões da Arquidiocese, GOV reuniu mais de 340 jovens e adolescentes Divulgação/JA

Carlos Eduardo Guedes tem apenas 12 anos, mas sente no seu coração o desejo de ser padre. Coroinha e membro da equipe de animação litúrgica da Paróquia Santa Cruz, em Areias, São José, ainda não tem muito clara a ideia. Por isso, está participando dos encontros dos Grupos de Orientação Vocacional - GOV. “Eles me têm ajudado a compreender melhor o que é a vocação e se esse é o caminho que quero seguir”, disse. Carlos foi um dos participantes do encontro promovido pela Pastoral Vocacional da Arquidiocese no dia 29 de março. Realizado em dois locais da Arquidiocese, o evento reuniu mais de 340 pessoas: na Paróquia Santa Cruz, em Areias, São José, para a região sul da Arquidiocese, foram 140 os participantes; e na Paróquia Divino Espírito Santo, em Camboriú, na região norte, os participantes foram mais de 200. Em ambos os locais, o encontro teve início às 8h30min. Após a Oração da Manhã, dirigida por uma comunidade de consagrados, os encontristas foram dividi-

Formação em Canto e Música

A Paróquia Santa Cruz, em Areias, São José, foi um dos locais onde foram realizados os encontros do Grupos de Orientação Vocacional dos em dois grupos por faixa etária e tiveram uma palestra sobre vocação. Em seguida, houve a Celebração Eucarística. Na região sul, ela foi presidida pelo nosso bispo emérito, Dom Vito Schlickmann ckmann; já na região norte, foi presidida pelo Pe. Márcio Vignoli Vignoli, pároco anfitrião. À tarde, após o almoço, eles foram divididos em pequenos grupos e tiveram a oportunidade de conhecer as diferentes vocações e carismas presentes na Igreja.

Para Pe. Vânio da Silva Silva, coordenador da Pastoral Vocacional, os GOVs são um reforço para a evangelização dos adolescentes e jovens. “Os encontros dão oportunidade a que os jovens e adolescentes tenham maior discernimento sobre as vocações presentes na Igreja e encontrem a sua vocação”, disse. Segundo ele, os encontros têm tido reflexos positivos tanto nas vocações para o ministério ordenado, quanto para as lideranças nas comunidades.

Pastoral Carcerária forma novos agentes A Pastoral Carcerária, PCr, da Arquidiocese de Florianópolis promove no dia 26 de abril, sábado, um encontro de formação para novos agentes. Será no Seminário Teológico Convívio Emaús, à rua Dep. Antônio Edu Vieira, 1690, Pantanal, em frente à Reitoria da UFSC, em Florianópolis, no horário das 8h às 17h, como almoço no local. A assessoria ficará por conta da Irmã Imelda Maria Jacob Jacob,

Vai acontecer...

coordenadora da PCr do Rio Grande do Sul. Durante a formação, ela explicará o saber ouvir, a paciência, o compromisso em ser voluntário, a relação voluntário e agente prisional, temas relacionados à prática do agente da PCr no sistema prisional. A inscrição é inteiramente gratuita. Mais informações pelo fone (48) 3879-2168 ou pelo e-mail past oralfloripa@y ahoo.com.br pastoralfloripa@y oralfloripa@yahoo.com.br ahoo.com.br.

O Setor de Música e Canto Litúrgico, da Comissão Arquidiocesana de Liturgia, promove no dia 27 de abril, domingo, das 8h às 17h, mais um Seminário de Canto e Música Litúrgica. Realizado na Paróquia São Judas Tadeu e São João Batista, na Ponte do Imaruim, em Palhoça, o evento será assessorado pelos membros da comissão.

A formação será destinada às comarcas do Sul da Arquidiocese: Santo Amaro, São José, Estreito, Ilha e Biguaçu. As inscrições podem ser realizadas pelo site da Arquidiocese www.arquifln.org.br (www.arquifln.org.br www.arquifln.org.br). Mais informações pelo telefone (48) 3209-6646 3209-6646, falar com Miguel ou pelo e-mail semuarfloripa @gmail.com.

Corais cantam a Páscoa O Coral Santa Cecília da Catedral realizará, no dia 23 de abril, quarta, às 20h, na Catedral Metropolitana, em Florianópolis, o A - Concer seu 29º CONESP CONESPA Concertto Espiritual da Páscoa Páscoa. O evento, lançado em 1986, contará novamente com a presença de dez corais da Grande Florianópolis. Durante o concerto, cada

coral apresentará duas músicas do seu repertório, preferencialmente pascal. No fim, o Grande Coro, acompanhado por um quarteto de metais e regido pelo Pe. Ney Brasil Pereira Pereira, regente do coral anfitrião, executará o “Aleluia” de Haendel, precedido do Hino da Campanha da Fraternidade deste ano.

Semana de Oração A Comissão Arquidiocesana para o Diálogo Ecumênico e InterReligioso – CADEIR, realizará no dia 03 de maio, o Seminário Arquidiocesano da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos – SOUC. O evento será realizado em duas regiões da Arquidiocese: na região sul, na Paróquia Sagrados Corações, em Barreiros, São José; na região norte, o evento será realizado na Paróquia São Sebastião, em Tijucas. Ambos os eventos serão realizados das 14h às 17h. A assessoria ficará por conta da equipe de coordenação da CADEIR. O encontro formativo será a oportunidade refletir sobre o tema da

SOUC de 2014: “Por acaso Cristo está dividido?” (1Cor 1,13). A partir do Seminário as lideranças irão organizar celebrações nas Paróquias. O evento é aberto a todas as lideranças, católicos e irmãos das diferentes igrejas. A Semana de Oração é celebrada entre a Ascensão do Senhor e a Solenidades de Pentecostes, que este ano ocorre de 1 a 8 de junho. Ao ler o tema deste ano, pensa-se imediatamente na trágica situação da cristandade dividida, porque a ruptura da Igreja, ainda existente, deve ser entendida como divisão do que por natureza é indivisível, ou seja, a unidade do Corpo de Cristo.


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Bíblia

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Jornal da Arquidiocese

Conhecendo o livro dos Salmos (69)

Salmo 94 (93): Apelo à justiça de Deus

Deus justiceiro!

1- Deus justiceiro, Senhor, / Deus justiceiro, manifesta-te! 2- Levanta-te, Juiz da terra, paga aos soberbos o que merecem. O salmo começa com o apelo direto ao Deus “justiceiro”, termo que, traduzindo literalmente do original, corresponderia a “vingador”, a quem compete a “vingança” contra os “soberbos”, dando-lhes a “paga” que merecem. É esse exatamente o clamor dos mártires no Apocalipse: “Senhor santo e verdadeiro, até quando tardarás em fazer justiça, vingando o nosso sangue...? (Ap 6,10). A propósito, e citando Dt 32,35, Paulo adverte contra a vingança pessoal: “ Caríssimos, não vos vingueis de ninguém, mas cedei o passo à ira de Deus, porquanto está escrito: ‘A mim pertence a vingança, eu retribuirei’, diz o Senhor”.

Até quando?

3- Até quando os ímpios, Senhor, / até quando os ímpios triunfarão? 4- Soltam palavras arrogantes, / gabam-se, esses malfeitores, 5- Esmagam teu povo, / oprimem tua herança, Senhor! 6- Matam a viúva e o estrangeiro, / massacram os órfãos. 7- Dizem: “O Senhor não vê, / o Deus de Jacó não repara!” “Até quando?” é a pergunta impaciente que se repete quatro vezes no início do Sl 13, e que é típica de uma situação calamitosa que parece não ter fim. Aqui, os “ímpios”, de que fala o salmista, parecem ter tomado conta da sociedade e cometem, impunes (!), os piores delitos. De fato, nos versículos 4 a 7 encontramos nada menos que sete desmandos cometidos por eles:

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Situado após o Sl 93, que exalta Deus como Rei, este salmo toma a forma de uma reclamação perante Deus como Juiz, com denúncia do delito e petição da pena merecida para os culpados, aqueles que, no país, exploram os pobres! Situação, evidentemente, não apenas “daquele tempo”, mas de hoje, aos nossos olhos... Note-se que, para a mentalidade bíblica e oriental antiga, são duas as funções principais do Rei: defender seu povo na guerra e administrar a justiça na paz: veja-se a “espada” e o “cetro” do salmo 45. Lembre-se também a argumentação de Abraão diante de Deus: “O juiz de toda a terra, não fará justiça?” (Gn 18,25). Neste salmo, trata-se claramente da justiça vindicativa, que não pode deixar impunes os malvados. soltam palavras arrogantes, e ainda gabam-se, esmagam o povo, oprimem a herança do Senhor... chegam até a matar a viúva e o imigrante, a massacrar os órfãos...E ainda comentam: Deus não está nem aí! Esta última atitude é o cúmulo da soberba e a autojustificativa de tudo o que fazem, aparentemente impunes. Por isso mesmo, o orante começa o salmo apelando para a justiça vindicativa de Deus, insistindo em que ela se manifeste quanto antes.

Insensatos, imbecis!

8- Compreendei, insensatos do povo, / imbecis, quando criareis juízo? 9- Quem plantou o ouvido não escuta? / Quem fez o olho não enxerga? 10- Quem educa os povos não repreende, / Ele, que ensina ao homem a sabedoria? 11- O Senhor sabe como são fúteis os pensamentos humanos! Com coragem profética, o salmista interpela agora os próprios “ímpios”, indignado com a blasfêmia que acabam de proferir, debochando da “inatividade” de Deus. E os taxa de “insensatos” e “imbecis”, “sem juízo”, porque incapazes de entender os caminhos do Senhor. E argumenta de modo irretorquível: não há de ouvir, Aquele que “plantou o ouvido”? não há de enxergar, Aquele que “fez o olho”? A seguir, apelando ao Deus “educador”, não mais ao “justiceiro”, o orante parece dar um giro positivo e saudável ao seu discurso, de certo modo contando com a eventualidade de uma conversão. Tanto assim, que o v. 11 expressa uma condescendência: “O Senhor sabe como são fúteis...”

Feliz aquele a quem educas

12- Feliz aquele a quem educas, Senhor, / a quem instruis pela tua Lei, 13- Para dar-lhe repouso nos dias maus, / até que se cave a fossa do ímpio! Temos aqui, em contraste com o que precede, uma bem-aventurança: a daquele que aceita a “educação” do Senhor, educação que não se realiza sem a “pedagogia do castigo”, ou seja, do sofrimento, pois “Deus corrige a quem Ele ama, e castiga a quem aceita como filho” (Hb 12,6, citando Pv 3,12). Entretanto, ainda além dessa “pedagogia do castigo”, temos a “instrução da Lei” (v. 12), que produz o “repouso”, a paciência perseverante” “nos dias maus”. E isso, “até que se cave a fossa do ímpio”, a ruína dos que, apesar de tudo, se obstinam no mal.

O Senhor não rejeita o seu povo

14- Porque o Senhor não rejeita seu povo, / não pode abandonar a sua herança; 15- Mas o julgamento voltará a ser conforme a justiça, / e hão de fruí-lo todos os retos de coração. O salmista retorna ao seu apelo à justiça de Deus, argumentando que Ele, pelo compromisso da Aliança, não pode rejeitar o seu povo, não pode abandonar a sua herança. É esta, aliás, a certeza expressa por Moisés, no Deuteronômio (Dt 9,26-29), e por Samuel, ao deixar o seu encargo de juiz (1Sm 12,22). Pelo contrário, o julgamento, que parece estar sendo benigno demais para com os opressores, “voltará a ser conforme a justiça”, beneficiando, como é justo, “todos os retos de coração”.

Quem se levantará?

16- Quem se levantará em meu favor contra os malfeitores? Quem ficará do meu lado contra os maus? Nesta altura, personificando seu próprio povo, o salmista imagina-se num tribunal, junto com perversos e malfeitores, um diante de muitos, aparentemente desamparado. Tanto assim que, mesmo esperando resposta positiva do Senhor, ele chega a fazer a pergunta que exprime esse desamparo: Quem se levantará em meu favor? Quem ficará do meu lado? Essas perguntas lembram, num outro sentido, as do Servo Sofredor em Isaías: “Quem vai demandar contra mim?... Quem será meu adversário?... Quem vai condenar-me?” (cf. Is 50,8-9)

No reino do silêncio

17- Se o Senhor não fosse o meu auxílio, / em breve eu habitaria no reino do silêncio. Expressando a gravidade do perigo, o salmista usa um tempo condicional irreal: “Se”... Não tivesse Deus vindo em seu auxílio, ele acabaria habitando “no reino do silêncio”, isto é, numa situação/ condição em que sua voz não seria mais ouvida nem por Deus nem pelos homens.

Tua graça, Senhor

18- Quando eu digo: “meu pé vacila”, / tua graça, Senhor, me sustenta. 19- Quando estou oprimido pela angústia, / teu conforto me consola. Mas não. A “graça” do Senhor sustenta o salmista, livrando-o da queda. Da mesma forma, o “conforto” do Senhor o consola, não deixando que a angústia o sufoque.

Aliança impossível

20- Pode ser teu aliado um tribunal iníquo, / que comete violências invocando a Lei? 21- Atentam contra a vida do justo / e condenam o sangue inocente. Novamente a inspiração profética faz o salmista interpelar o próprio Deus, negando qualquer possibilidade de “aliança” entre Ele e um “tribunal iníquo”, que chega ao ponto de “cometer violências invocando a Lei”. Foi o que fez “legalmente” a rainha Jezabel, fazendo condenar à morte o posseiro Nabot (1Rs 21), um dos muitos casos de “atentado” contra a vida do justo e de condenação do “sangue inocente”. Infelizmente, um dos campos mais corruptos da nossa sociedade continua a ser o da “justiça”, gerador de uma cultura da impunida-

de, em que os grandes tripudiam sobre os pequenos.

Veredito final

22- Mas o Senhor é minha defesa, / rocha do meu refúgio é meu Deus: 23- Ele fará recair sobre eles a sua malícia, / pela sua perfídia os destruirá. O Senhor, o nosso Deus, os destruirá! Apesar de tanta corrupção da “justiça” humana, a última palavra do salmista, falando em nome do seu povo, mas em primeira pessoa, é uma proclamação de fé na justiça de Deus. Reconhece nele a sua “defesa” e a “rocha do seu refúgio”. E declara, enfaticamente, que “a malícia dos ímpios” recairá sobre eles, e “a sua perfídia” os destruirá. Mais ainda, essa destruição dos ímpios, inexorável, é atribuída ao próprio Deus: “o Senhor, o nosso Deus, os destruirá”.

Justiça x Misericórdia

Em contraste flagrante com esse apelo à justiça vindicativa de Deus, o Senhor Jesus, no Evangelho, nos ensina a perdoar, amar os inimigos, não revidar aos malvados... (cf Mt 5,38-48 e Lc 6,27-36). Dando-nos este ensinamento, Ele está consciente de que propõe ultrapassar a letra da Lei, levando-a à perfeição: “Ouvistes o que foi dito... Eu, porém, vos digo...” Esse perdão, porém, não é “ilimitado”, pois supõe o arrependimento do ofensor. Em todo caso, com toda a dificuldade que temos de conciliar Justiça com Misericórdia, não há dúvida de que, como cristãos, temos de agir acreditando, firmemente, que é com o bem, com o perdão, que venceremos o mal. Pe. Ney Brasil Pereira Professor de Exegese Bíblica na Faculdade de Teologia de SC - FACASC email: ney.brasil@itesc.org.br

Para refletir: 1) Por que este salmo, diante da realidade do nosso país, nos toca tanto? 2) Por que o salmista interpela os ímpios como “insensatos” e “imbecis”? 3) Em que sentido é feliz, bemaventurado, aquele a quem Deus “educa”? 4) De que “aliança impossível” se trata, nos vv. 20-21? 5) O Senhor Jesus nos trouxe o evangelho da Misericórdia do Pai. Como conciliá-la com a Justiça, uma vez que Deus não pode deixar de ser justo?


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ALESC realiza sessão especial pela CF-2014 Entidades e pessoas que atuam na luta contra o tráfico humano foram homenageadas durante o evento Foto JA

A Assembleia Legislativa de Santa Catarina – ALESC, realizou, na noite de 17 de março, uma Sessão Especial alusiva à Campanha da Fraternidade de 2014, que tem como tema “Fraternidade e Tráfico Humano”. O evento foi uma proposta do deputado Padre Pedro Baldissera e reuniu lideranças católicas e várias entidades e pessoas que atuam no combate ao tráfico humano, algumas delas compondo a mesa no Plenário Osni Regis. Durante a solenidade, alguns representantes das entidades fizeram o uso da palavra. Dom Wilson TTadeu adeu Jönck Jönck, Arcebispo Metropolitano, lembrou que o tráfico humano se verifica em quatro modalidades: a exploração do trabalho escravo; o aliciamento de pessoas para exploração sexual; o tráfico de pessoas para venda de órgãos; e venda de crianças para a adoção. Disse que a Igreja e a sociedade se opõem a esta prática porque fere a dignidade humana. “Ninguém pode ser instrumentalizado por estruturas sociais, econômicas ou políticas. Somos convidados a envidar todo esforço para que nenhuma pessoa seja reduzida à condição de mercadoria”, afirmou o Arcebispo.

Evento reuniu lideranças da Igreja e que atuam pela causa Pe. Pedro Baldissera, proponente da Sessão, disse que a Campanha da Fraternidade é o momento apropriado para que, a cada ano, a sociedade reflita, organize e atue, de forma mais aprofundada, sobre temas que atingem todas as pessoas. Ele apresentou dados sobre situação das pessoas que sofrem desse mal no Estado, Brasil e mundo. E acrescentou: “Acredito que está doente uma sociedade cuja base de interesse é voltada quase exclusivamente ao lucro. E o melhor remédio para ela é semear a ca-

pacidade de olhar, a partir dos olhos dos nossos irmãos e irmãs, tudo que nos cerca”, acrescentou.

Homenagens

Ainda durante a solenidade, foram homenageadas 14 pessoas e/ ou entidades que se destacam pelos relevantes serviços prestados em favor da dignidade, da justiça e da segurança, na conscientização e no combate as diversas formas de violação dos direitos humanos. Entre elas, estava o nosso arcebispo Dom Wilson Tadeu Jönck e a Irmã Elisabete Perondi, da CRB.

Livro aborda o desaparecimento das pessoas Mortos sem sepultura – O “Mortos desaparecimento de pessoas e seus desdobramentos”: é o título do livro do major Marcus Roberto Claudino Claudino, da Polícia Militar de Santa Catarina. A obra, lançada no dia 18 de março, retrata o envolvimento do autor, coordenador do Programa SOS Desaparecidos, da Polícia Militar, com a dramática questão das pessoas desaparecidas no Estado. Segundo o major, seu interesse e aproximação com a história dessas pessoas resultou na fundação do “Grupo de Familiares e Amigos de Desaparecidos Catarinenses”. Com grande destaque na mídia, o movimento desencadeou uma série de ações, culminou na criação da Delegacia Especializada em Desaparecimentos e no convite para coordenar a criação do Programa SOS Desaparecidos, da

PM/SC, em 2012. Claudino destaca que o livro é fruto desse trabalho, que ao longo do tempo vem atingindo grandes resultados. “A obra reúne com vigor e clareza as informações pertinentes ao tema, traçando um roteiro seguro aos que vivem as an-

gústias pessoais do desaparecimento, orientando para os passos mais importantes na recuperação dos entes queridos”, explica. A obra apresenta uma série de estudos de casos, complementados por detalhadas explicações oferecendo ao leitor uma leitura preciosa, informativa e indispensável a uma ampla parcela de público. Major Marcus ressalta que o tema “desaparecidos”, em geral, não agrada aos ouvidos. “A ausência de uma pessoa preocupa, já o desaparecimento enlouquece”, frisou. Publicado pela PalavraCom Editora, o livro tem 380 páginas. Ele pode ser adquirido nas Livrarias www. Catarinense, com a editora (www. palavracom.com.br/ palavracom.com.br/) ou com o Grupo de Apoio aos Familiares dos Desaparecidos – GAFAD pelo e-mail ggafad@gmail.com ggafad@gmail.com.

Papa Francisco envia mensagem para a CF-2014 Por ocasião da abertura da Campanha da Fraternidade 2014, que aborda o tema “Fraternidade e Tráfico Humano” e o lema “É para a liberdade que Cristo nos libertou”, o papa Francisco enviou mensagem aos bispos da CNBB e a todos os fiéis das dioceses, paróquias e comunidades do Brasil. No texto, o papa afirma que o tráfico de pessoas é uma “uma chaga social”. “Não é possível ficar impassível, sabendo que existem seres humanos tratados como mercadoria! Pense-se em adoções de criança para remoção de órgãos, em mulheres enganadas e obrigadas a prostituir-se, em trabalhadores explorados, sem direitos

nem voz, etc. Isso é tráfico humano!”, destacou Francisco. Ao final da mensagem, Francisco concedeu bênção apostólica a todos os brasileiros desejando uma Quaresma de vida nova em Cristo.

Abaixo-assinado busca melhor estrutura para localizar os desaparecidos Circula pela internet e em alguns locais estão sendo coletadas assinaturas para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular pela Pessoa Desaparecida Desaparecida. A ideia é buscar junto aos poderes constituídos a criação de leis que determinem a uniformidade quanto às questões do desaparecimento de uma pessoa. Cada Estado, quando tem, administra precariamente a questão dos desaparecidos, por não ser crime e, por conta disso, não há delegacias especializadas. A mesma delegacia que registra um boletim de ocorrência para roubo, furto, assassinato, também é a mesma que registra o desaparecimento de uma pessoa; temos informações apenas do registro e muitas vezes a falta de continuidade no processo de investigação de um desaparecimento. O assunto cai no esquecimento. Hoje no Brasil não há estatísticas confiáveis e/ou atualizadas quanto aos desaparecidos; não temos um Cadastro nacional de pes-

soas desaparecidas, atualizado e/ ou confiável; não há delegacias especializadas de pessoas desaparecidas, principalmente em grandes centros urbanos (capitais), com estrutura para atendimento psicológico e apoio junto à estrutura pública (conselhos tutelares, hospitais, abrigos, IMLs etc); trabalhos de prevenção junto com a sociedade civil organizada (Ongs, associações, etc.). A ideia da criação do Projeto de Lei partiu de Sandra Moreno Moreno, mãe de Ana Paula Moreno Germano, desaparecida desde 2009. A filha saiu de casa para trabalhar e nunca mais foi vista. Sandra buscou de todas as formas o apoio das entidades governamentais para encontrá-la. Descobriu que o serviço não funciona. Então teve a ideia da criação do abaixo-assinado. Serão necessárias mais de um milhão de assinaturas. Você pode dar a sua contribuição acessando http://abaixoassinado brasil.com.br/ brasil.com.br/.


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Leigo assume direção de colégio católico Em 108 anos do Colégio Catarinense, é a primeira vez que um leigo dirige a instituição

Jornal da Arquidiocese Qual o desafio de ser o primeiro diretor-geral leigo em um colégio dos Jesuítas com 108 anos de história? Prof. Afonso - O desafio é o de continuidade, compromisso e responsabilidade com o legado histórico do Colégio Catarinense, a proposta inaciana de educação e as Leis de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). É uma alegria estarmos inseridos nesse contexto de contribuição, independentemente da função, pois essa é uma caminhada que a Companhia tem feito desde a Conferência de Santo Domingo, em 1992, quando, em suas conclusões, colocou o protagonismo dos cristãos leigos. Os leigos devem receber adequada formação para que possam executar com êxito a missão a eles confiada. Não faltam, em toda a Companhia, exemplos dessa profunda relação entre jesuítas e leigos (família inaciana). No

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Professor Afonso Luiz Silva é o novo Diretor do Colégio Catarinense. Ele está a frente da administração de uma das instituições de ensino mais tradicionais do Estado desde o dia 05 de fevereiro. É funcionário de carreira do Colégio, ex-aluno do ITESC e com forte identificação com os estudantes. Natural de Itajaí, Afonso é o caçula de sete irmãos. De origem humilde e família religiosa, ingressou no Seminário de Azambuja com dezessete anos. Cursou Estudos Sociais na antiga FEBE – Fundação Educacional de Brusque; Teologia no ITESC (Instituto Teológico de Santa Catarina) e Filosofia na UFSC; tem pós-graduação em História do Brasil, na UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí, e em Pedagogia Inaciana e Currículos – PUC/RJ - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Ele participou de movimentos eclesiais da juventude, foi catequista e, como seminarista, trabalhou em várias comunidades em Balneário Camboriú, Navegantes, Brusque, Florianópolis e São José. Trabalha há vinte e sete anos com os jesuítas no Colégio Catarinense.

Professor Afonso é ex-aluno do ITESC, educador e funcionário de carreira do Colégio Catarinense e tem forte identificação com os estudantes Colégio Catarinense, há mais de uma década, os leigos participam ativamente da Direção e da gestão da obra. JA - O que muda na administração do Colégio, tendo um leigo como diretor? Prof. Afonso - Como falei anteriormente, é uma continuidade. Não é uma ruptura; muito pelo contrário: a eleição de um leigo para o cargo de diretor em uma obra educativa dos jesuítas expressa adesão, encarnação e sintonia com a espiritualidade e o MAGIS inaciano. A administração do Colégio continuará centrada e respaldada nos princípios inacianos de uma educação embasada na excelência humana e acadêmica, a serviço da fé e promoção da justiça (CECJ, Nº 72, P. 28). Segundo Pe. Peter-Hans Kolvenbach (ex-Geral), em sua fala aos leigos em 03 de dezembro de 1999, no Colégio de Chamartin, Madrid, “[...] ao assumir a Direção de um centro ou a responsabilidade de uma administração, convidamo-vos a desenvolver vossa vocação de leigos na Igreja, colaborando, do modo inaciano e segundo essa espiritualidade, na missão de Cristo” (Colaboração com os Leigos na Missão – coleção CPAL, Ed. Loyola, p.26). Essa é a dimensão que a Companhia de Jesus vem construindo desde a sua fundação: cerca-se de leigos e trabalha com eles em prol da Missão.

JA - O senhor considera isso mais um avanço no protagonismo dos leigos, como vem pedindo a Igreja? Prof. Afonso - Com toda certeza, os leigos vêm assumindo e contribuindo sempre mais na missão da Igreja. A partir do Concílio Vaticano II, o conceito de cristão leigo, da sua vocação e missão na Igreja e no mundo, tem-se valorizado e enriquecido consideravelmente. O Concílio Vaticano II foi um marco nesse sentido, quando reconheceu, em vários dos seus documentos (Lumen Gentium, Apostolicam Actuositatem, Gaudium et Spes), a importância do papel dos leigos no trabalho de evangelização de toda a sociedade. Durante todos esses anos que trabalho no Colégio Catarinense, tenho acompanhado esse comprometimento da Companhia de Jesus em formar bem seus colaboradores, para que possam exercer proficuamente seu trabalho, em colaboração com os jesuítas, para o êxito da missão educativa e apostólica de suas obras. A Companhia de Jesus, mediante uma colaboração mais estreita e um verdadeiro companheirismo apostólico, vem fortalecendo essa colaboração e estreitando os laços de contribuição na missão e no enriquecimento da família inaciana através da espiritualidade e do trabalho entre jesuítas e leigos em prol da missão “Em tudo amar e Servir” (Santo Inácio de Loyola).

Jovens de Nova Trento fazem campanha de doação de sangue A Pastoral da Juventude de Nova Trento lançou, no dia 1º de março, a campanha “Doação que Salva Vidas”. Com o slogan “Se Ele deu tudo, você pode doar um pouco”, a campanha, que consiste na doação de sangue no período da quaresma, pretende reunir 40 jovens, que farão a doação em dois momentos: no dia 05 e 12 de abril, no HEMOSC de Blumenau, que só aceita grupos de 20 pessoas préagendados. A campanha é uma iniciativa da PJ paroquial. A paróquia não possuía uma articulação da juventude. Este ano teve início a reunião do grupo de jovens. “É a forma que pensamos para buscar movimentar a juventude e trazêla para participar da vida da Igreja”, disse Modesto Dalla Brida Brida, coordenador da PJ paroquial. Segundo ele, a ideia partiu de pesquisas, na internet, de iniciativas de outros grupos de jovens. “Pesquisando notícias sobre as PJ’s de outros estados, conheci a ação e achei interessante realizála em nosso município, visto que os neotrentinos tiveram a oportunidade de doar aqui somente uma vez” ressaltou. Estão sendo convidados jovens de 16 a 30 anos. Os menores devem ir acompanhados pelo seu responsável legal, que tam-

bém é convidado a doar. Segundo Modesto, 20 jovens já confirmaram a participação. O transporte já está garantido. Conseguiram com a Prefeitura. Terão apenas que pagar a diária do motorista. O dinheiro será conseguido com campanhas. A divulgação segue pelas redes sociais, nas celebrações da matriz, como também através de cartazes e panfletos. As doações serão realizadas na cidade de Blumenau e serão organizados dois grupos de 20 pessoas. A meta é reunir os jovens apenas da paróquia. “Queremos que nossa iniciativa incentive os jovens de outras comunidades a realizar o mesmo em suas regiões”, afirmou Modesto. Doar sangue é um gesto gratificante. Além de trazer satisfação pessoal, é uma atitude salva vidas. Cada vez que alguém decide ser doador, é mais uma vida que se renova. Doar é muito simples e seguro: ao doar sangue, você não se expõe a nenhum risco de contaminação. Todo material utilizado é descartável. O volume da coleta é de aproximadamente 450ml, representando em torno de 10% do total do sangue em um adulto, o que é rapidamente reposto pelo organismo. Doar não “afina”, nem “engrossa” o sangue, e também não exige mais doações.

São Paulo terá a primeira faculdade de Direito Canônico do Brasil A Congregação para a Educação Católica aprovou e erigiu, no dia 26 de fevereiro, a primeira Faculdade de Direito Canônico no Brasil “São Paulo Apóstolo”, na Arquidiocese de São Paulo. A Sé Apostólica elevou, desse modo, o Instituto de Direito Canônico “Padre Dr. Giuseppe Benito Pegoraro” à condição de Faculdade Eclesiástica de Direito Canônico, alterando o nome para “São Paulo Apóstolo”. A nova faculdade oferecerá cursos de mestrado e doutorado, como Instituição acadêmica eclesiástica autônoma, e será instalada em so-

lenidade no dia 7 de abril.A Congregação também aprovou os Estatutos da nova Faculdade, “ad quinquennium”, e nomeou seu GrãoChanceler, o arcebispo de São Paudeal Odilo P edr o Scherer Pedr edro Scherer. lo, car cardeal Em artigo, o cardeal Odilo Pedro Scherer, afirma que a criação da instituição é “motivo de especial satisfação e ação de graças a Deus”. Para o cardeal, a decisão “abre novos horizontes e possibilidades para a formação qualificada de leigos, sacerdotes, diáconos e religiosos no Direito Eclesiástico, para o serviço do povo de Deus”.


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Pastoral realiza formação em Liturgia Promovido pelo Setor Pastoral Litúrgica, formação reuniu lideranças de toda a Arquidiocese Foto JA

O Setor de Pastoral Litúrgica, da Comissão Arquidiocesana de Liturgia, realizou no dia 30 março, o Seminário Arquidiocesano de Liturgia. Na Paróquia São Judas Tadeu e São João Batista, na Ponte do Imaruim, em Palhoça, o evento reuniu 143 lideranças. O encontro teve início às 8h30, com a Liturgia das Horas. Em seguiar císio P edr o Vieira da, Pe. TTar arcísio Pedr edro Vieira, coordenador da Comissão de Liturgia, proferiu a palestra sobre a Liturgia da Palavra na Missa. Na sequência, Pe. Kelvin Konz Konz, assessor do Setor de Pastoral Litúrgica, presidiu a Celebração Eucarística, que contou com a presença do Pe. R evelino Seidler Re Seidler, coordenador arquidiocesano de Pastoral. A tarde, o Setor de Música e Canto Litúrgico fez ensaios de cantos com os participantes. Depois, Pe. Kelvin proferiu a palestra “Celebração da Palavra de Deus na ausência do presbítero”. No encerramento, os participantes puderam esclarecer suas dúvidas com a mediação de Regina Fátima Luz Schmitz, assessora do Setor de Pastoral Litúrgica.

Pe. Kelvin Konz, assessor do Setor, foi um dos palestrantes do encontro Segundo o Pe. Kelvin, o encontro foi formativo, para levar os participantes a adentrar o mistério de Deus na missa e na Celebração da Palavra. E prático para bem viver a Liturgia e para que ela tenha desdobramentos na nossa vida. “A Liturgia não é um fim em si mesma. É o cume e a fonte da vida cristã. Portanto, deve ser bem celebrada para gerar uma vida nova em nossas comunidades e fazer com que elas sejam instrumentos

do Reino de Deus”, disse. Márcio Lunardelli faz parte da equipe de liturgia da Paróquia N.Sra. do Rosário, em Enseada de Brito, Palhoça. Para ele, o encontro foi muito positivo, porque “há coisas que esquecemos e precisam relembrar, e outras que não sabíamos e aprendemos”. Segundo ele, isso valoriza e enriquece o trabalho que realizam na comunidade. “Passamos a ter mais segurança no que fazemos”, disse.

Akáthistos exalta Nossa Senhora A Catedral Metropolitana de Florianópolis, juntamente com o

Coral Santa Cecília Cecília, realizou dia 25 de abril, às 19h30, a tradiFoto JA

cional Celebração Mariana da Solenidade da Anunciação do Senhor, com o hino “AKÁTHISTOS”, em honra da Mãe de Deus. A celebração foi presidida pelo nosso arcebispo Dom Wilson Tadeu Jönck. Durante a celebração, nosso Arcebispo disse que a anunciação do anjo a Maria nos faz refletir sobre a ação de Deus em nós e sobre a nossa vocação pessoal. “Tudo o que faz o ser humano sofrer são consequência da ação do homem, quando nos esquecemos que somos criaturas de Deus. O ideal que devemos perseguir é fazer a vontade de Deus, a exemplo de Nossa Senhora”, disse.

Dom Manoel é transferido para o Paraná A Rádio Vaticano noticiou na manhã do dia 26 de março (quarta-feira), que o Santo Padre transferiu Dom Manoel João Francisco, bispo de Chapecó, em Santa Catarina, para a Diocese de Cornélio Procópio, no Paraná. Dom Manoel estava na diocese catarinense desde 1999, quando foi ordenado bispo. A posse deve ser realizada em dois meses. Até lá, ele permanece na Diocese de Chapecó como administrador diocesano. Dom Manoel assume a diocese no lugar de Dom Getúlio Teixeira Guimarães, que solicitou renúncia, em conformidade com o cânon 401.1 do Código de Direito Canônico, que determina que todo bispo deve pedir renúncia ao completar 75 anos de idade. Em carta destinada ao povo da Diocese de Chapecó, Dom Manoel pediu para que tenham fé, continuem unidos, deem continuidade ao trabalho que tem sido feito e que o perdoem pelos erros cometidos. “Peço perdão se eu não correspondi ao que me foi conce-

dido. Eu sou um ser humano como outro qualquer”, disse.

Biografia

Natural da comunidade Machados, que com a emancipação de Navegantes, em 1962, passou a fazer parte do novo município, nasceu no dia 05 de setembro de 1946. Quinto de dez filhos, ingressou na vida religiosa aos 13 anos, no extinto Pré-Seminário N.Sra. de Fátima, em Antônio Carlos. Realizou a formação filosófica e teológica no Paraná. Também lá formouse em Pedagoria, licenciando-se em Orientação Educacional. Em 08 de dezembro de 1973, foi ordenado presbítero. Nos seus 25 anos de padre, Dom Manoel trabalhou como vigário paroquial em Biguaçu, Rieti (Itália), Palhoça e Ribeirão da Ilha. Foi pároco na Coloninha (Florianópolis), Camboriú e Ponte do Imaruí (Palhoça). Foi orientador dos seminaristas, estudantes de Teologia, de 1978 a 1980. Professor de Teologia, no Instituto Teológico de Santa Catarina (ITESC), desde 1978 até 1998. Divulgação/JA

Após 15 anos em Chapecó, Dom Manoel vai para Cornélio Procópio


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Ação Social

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Campanha contra fome e pobreza Arquidiocese participa da campanha mundial que será desenvolvida em 200 países No dia 10 de dezembro de 2013, Dia Internacional dos Direitos Humanos, foi lançada a Campanha Mundial contra a Fome e a Pobreza. Motivada pelo Papa Francisco, a campanha está sendo coordenada pela Cáritas International, que tem presença em 200 países através de suas 164 entidades-membro. No Brasil, considerando que a desigualdade social é uma das principais causas da fome e da pobreza, a campanha tem como tema “Uma família humana, pão e justiça para todas as pessoas”. Segundo o IBGE, o Brasil é a sexta economia mais rica do mundo. No entanto, 16 milhões de brasileiros, 8,5 % da população do país, vivem em condições de pobreza extrema com renda de até R$ 70,00/mês. Os 20% mais ricos detém 63,8% da renda nacional, enquanto os 20% mais pobres acessam apenas 2,5% de toda riqueza produzida. Essa re-

EDITAL DE CONVOCAÇÃO Momento de Lançamento da Campanha em 10/12/2013 alidade coloca o Brasil com o terceiro pior índice do mundo em desigualdade entre pobres e ricos. A campanha se desenvolverá até dezembro de 2015, tendo como objetivos: 1) Sensibilizar a Igreja e sociedade sobre a fome, a pobreza e a desigualdade na Arquidiocese e estado de Santa Catarina; 2) Mobilizar a Igreja e sociedade para um diálogo sobre a pobreza e a desigualdade social a fim de colaborar para uma mudança efetiva da situação; 3) Evidenciar as ações da Igreja no enfrentamento da fome, pobreza e desigualdades sociais; 4) Promover um gesto concreto em favor dos pobres do Brasil e do Haiti. Na Arquidiocese foi constituído

um grupo de entidades que coordenará a campanha, juntamente com as pastorais sociais e a coordenação de pastoral. Dentre as atividades previstas, serão elaborados materiais escritos sobre a temática, realizados fóruns de debates virtuais e seminários, levantamento da realidade das localidades com maior índice de fome e pobreza, fortalecimento das iniciativas existentes de combate à fome e à pobreza, além de gestos concretos em favor dos empobrecidos da Arquidiocese, do Brasil e do Mundo. Nos próximos meses serão divulgadas as ações que serão realizadas na Arquidiocese. Mais informações na sede da ASA ou através do site www.asafloripa.org.br

42ª ASSEMBLEIA GERAL DA ASA A Presidente da Ação Social Arquidiocesana - ASA, no uso das suas atribuições, convoca todas as Entidades Membro e associados colaboradores para participarem da quadragésima segunda Assembleia Geral Ordinária Ordinária. Data: 26 de abril de 2014 (sábado); Horário: das 08:00 às 12 horas; Local: Salão da Paróquia Nossa Senhora do Rosário Rua Iano, 1745 – N. Sra do Rosário – São José (próximo ao IMETRO da Avenida das Torres)

ORDEM DO DIA: - Homologação de novas Entidades Membros e associados colaboradores (Ações Sociais Paroquiais); - Aprovação do relatório de atividades e da prestação de contas de 2013;

Ação Solidária Urgente! A Síria precisa de sua ajuda

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e a Cáritas Brasileira estão mobilizando toda a sociedade para um Gesto Concreto de solidariedade, jejum e orações pela Paz na Síria. Desde 2011 a Síria vem sofrendo uma situação de guerra civil, onde dos seus 23 milhões de habitantes, além de mais de 120 mil mortos, cerca de 6,5 milhões foram deslocados internamente e dois milhões se refugiaram em países vizinhos, conforme Carta da CNBB. Através da Cáritas, ações de assistência humanitária têm sido prestadas ao povo sírio que permanece no país e aos que se refugiaram na região ou que partem para outros continentes. A Arquidiocese de Florianópolis também está sendo destino para os refugiados da Síria, através da arti-

culação da Cáritas International e pela Rede Cáritas. Essa nova demanda social que nos chega, faz com que pensemos articuladamente: Cáritas Regional Santa Catarina, Ação Social Arquidiocesana – ASA, Pastoral do Migrante e Coordenação de Pastoral, as alternativas, estratégias para a assistência dos irmãos sírios e demais refugiados. Para o atendimento aos irmãos sírios que já estão presentes em nossa Arquidiocese, você poderá colaborar com a doação de roupas de cama e banho, produtos de higi-

ene e limpeza e alimentação. As doações poderão ser entregues da sede na ASA (Rua Esteves Junior, 447 – Centro – Florianópolis). Lembrando que aqueles que aqui chegaram estão encontrando diversas dificuldades de alimentação, moradia, vestuário, dificuldades em compreender a língua portuguesa e de organizar seus documentos para conseguirem trabalho digno. Doações financeiras poderão ser feitas diretamente para a Cáritas Brasileira através do depósito nas seguintes contas bancárias:

- Deliberação sobre a sustentabilidade da ASA; - Apresentação da Rede Permanente de Solidariedade; - Eleição e posse da Diretoria e Conselho Fiscal Triênio 2014-2017; - Informes Gerais. -------------------------------------------A Assembleia Geral instalar-se-á em primeira convocação com a maioria absoluta dos associados e em segunda convocação, meia hora depois, com qualquer número de associados presentes, e suas deliberações serão válidas quando aprovadas pela maioria simples dos associados presentes (art. 9º do Estatuto, parágrafo 1º). Florianópolis, 24 de março de 2014.

Cáritas Brasileira – CNP 19/000 1-1 6 CNPJJ 33.654.4 33.654.41 9/0001-1 1-16 Banco Banco do Brasil Bradesco Caixa Econômica

Agência 3475-4 0606-8 1041

Conta 29.596-5 3649-8 3.078-7

Operação 003

Para mais informações acesse www.caritas.org.br

Sandra Aparecida de Souza Schlichting Presidente da ASA


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Ampliada Estadual GBF e CEBs da CNBB Regional Sul4 Divulgação/JA

Caminhando para a Páscoa do Senhor “Convido cada um a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de deixar-se encontrar por Ele”, Papa Francisco

Membros da Ampliada Regional dos GRF e CEBs reuniram-se em Criciúma Nos dias 14 a 16 de março, a Ampliada Estadual reuniu-se em Criciúma, com o objetivo de refletir e avaliar o 13º Intereclesial das CEBs. Retomou-se o tema: Justiça e profecia a serviço da vida, e o lema: “CEBs romeiras do Reino no campo e na cidade”. Reafirmou-se também o planejamento de formação para 2014 e organizou-se em nível Regional o Interdiocesano dos GBF com o tema: Igreja e Missão: GBF/CEBs rede de comunidades, e o lema “A Alegria do Evangelho”. Depois do 13º Intereclesial, algumas palavras, expressões, situações, realidades lá vivenciadas, começam a “cair” no coração da gente de forma mais amadurecida, sem aquela euforia do momento celebrativo. Sentimos que é a hora certa para dar continuidade aos nossos trabalhos nas dioceses com mais vigor e ardor missionário, retomando os compromissos e as características fortes de Igreja “rede de comunidades”, que não podem faltar nas CEBs e nos GBF. Durante o 13º Intereclesial, os Regionais se reuniram nas Comunidades que os acolheram, e definiram alguns compromissos compromissos, que seriam linhas de ações para serem retomados e executados nas dioceses. Na Ampliada Estadual, retomamos esses compromissos assumidos como base

no processo de formação das CEBs/GBF, para serem colocados em prática nas dioceses, de acordo com a realidade de cada uma. 1. Reconstruir o “jeito” normal de ser Igreja Igreja:: a) recuperar algumas expressões na dimensão eclesial e social usadas pelas CEBs, que estão se “diluindo”. b) retomar a expressão: CEBs/ GBF formam Rede de Comunidades, o “jeito mais acertado de ser Igreja” (Pe. Luis Mosconi); 2. Fortalecer a dimensão social, profética e orante das CEBs CEBs:: Comprometer-se com o Reino de Deus, de justiça, amor e paz. E assumir com alegria o apelo do Papa Francisco, a “transformar o Evangelho em prática da vida”; 3. CEBs, comunhão ecle ecle-sial e mundo urbano: Fortalecer as CEBs/GBF no conjunto da Igreja e suas relações, focando os desafios atuais da realidade urbana e rural – nos dizia a Ir. Annette – ““A Igreja de Jesus é chamada de Caminho. Os primeiros cristãos eram conhecidos como seguidores do Caminho”: qual é a identidade das CEBs e dos GBF em nossas dioceses?

Características das CEBs

Essas características, fundamentadas pelos assessores do 13º

Intereclesial poderão nos ajudar para executarmos esses compromissos com vigor e ardor missionário. a) A centralidade da Palavra em todas as nossas ações; b) O seguimento do Jesus histórico; c) A fidelidade à maneira de ser CEBs (não confundir com pequenas comunidades ou grupos de movimentos); d) A permanente abertura ao outro, num verdadeiro ecumenismo; e) A irrenunciável opção pelos pobres; f) Celebrar mais criativamente a Eucaristia: comprometida com a vida do povo, dos pobres; g) Fidelidade ao método indutivo do ver, pensar, agir, avaliar e celebrar; h) Manter a comunidade como fermento do Evangelho no seu ambiente, comprometendo-se com ações profético-missionárias. Depois de refletirmos sobre os compromissos e as características, voltamos a perguntar: Nas nossas dioceses, qual é a identidade das CEBs/GBF? Ser romeiras do Reino de Deus! Não se separa romaria e missão. A vida é missão. A vida grita por missão. Nós, cristãos, devemos responder assumindo o nosso compromisso batismal, na vivência e no testemunho de vida do Cristo crucificado e ressuscitado que deu sua vida por amor, para nos resgatar de todo o tipo de injustiça e escravidão.

O Papa Francisco, em sua Exortação Apostólica, diz que “A Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus”. Os que se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Ele também nos faz um convite: “Quero, com esta Exortação, dirigir-me aos fiéis cristãos a fim de convidá-los para uma nova etapa evangelizadora marcada por esta alegria... Convido cada um, em qualquer lugar ou situação em que se encontre, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de deixar-se encontrar por Ele”. Esforçando-se por atender a esse convite, os animadores e membros dos GBF/CEBs, na vivência deste tempo quaresmal, através da prática semanal do encontro nas casas e nos encontros de formação e de espiritualidade, renovam suas vidas na escuta da Palavra de Deus, fazendo a experiência do encontro com Jesus Cristo. Com o coração cheio dessa experiência, através da conversão e do perdão, se reconciliam com Deus e com os irmãos e irmãs. Assumem o compromisso de anunciar com alegria o Evangelho, de ir ao encontro dos irmãos e irmãs necessitados e excluídos, de denunciar o tráfico humano e todas as injustiças sociais. Queremos, por isso, destacar alguns momentos marcan-

tes neste período quaresmal: 1- O Encontro Interparoquial – Paróquia de Azambuja e Paróquia de São Luiz GonzagaBrusque. Encontro de espiritualidade assessorado pela Ir Ir. Tereza Nascimento Nascimento, conduzindo os 95 animadores/as a uma reflexão profunda sobre a Quaresma como um caminho de conversão pessoal e comunitária, assumindo também o apelo da Campanha da Fraternidade, na preparação para a Páscoa do Senhor. 2- Encontro paroquial com animadores/as e lideranças da paróquia Divino Espirito Santo, Camboriú. Em torno de 200 lideranças participaram do encontro, promovido pela coordenação paroquial e pelo pároco. O tema: “Fraternidade e tráfico humano” e o lema “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1), foi abordado por dois assessores: Pe. Isaltino Dias falou sobre o apelo da Igreja do Brasil CNBB sobre o combate ao tráfico humano nas realidades do Ver, Julgar e Agir. O cus outro assessor, major Mar Marcus Roberto Claudino, coord. do Programa “SOS Desaparecidos”, trouxe o Ver da realidade do tráfico humano nas cidades da Arquidiocese e em Santa Catarina, com dados reais e registrados, e com depoimentos de mães que sofrem o desaparecimento de seus filhos e filhas. O apelo da Campanha da Fraternidade, também neste ano, enriquece nossa caminhada quaresmal e nos aponta um caminho concreto de conversão.


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Geral

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São Pedro de Alcântara:

Artigo

comunidade “pequena, e bela”

Reforma Política - A mudança novamente em nossas mãos

Além da imponente Matriz, um Santuário e uma grande Penitenciária

Ação pastoral

A Paróquia é formada por quatro comunidades essencialmente agrícolas. Todas distantes da matriz e com acesso por estrada de chão. O acesso das pessoas à paróquia é um desafio. Em muitas não há transporte público e nas que há, ele é extremamente precário. Como os jovens foram para os centros urbanos e os pais permaneceram na terra, os fins de semana costumam ser mais movimentados com a vinda deles para visitar. Isso impossibilita qualquer atividade principalmente aos domingos, quando as famílias estão reunidas. Apesar disso, o povo é bastante religioso e tradicional. As celebrações são bem participadas e há uma boa equipe de lideranças.

Plano de Pastoral

O foco é a Igreja nas Casas, católico evangelizando católico. O trabalho iniciou em novembro de 2013, com a formação de grupos para realizar visitas nas casas, onde fazem a bênção do lar e a leitura da Palavra de Deus. “Houve bons resultados. As pessoas foram convidadas a participar das celebrações e as missas ficaram

Foto JA

No dia 23 de abril São Pedro de Alcântara estará celebrando os 170 anos de criação da paróquia. A primeira colônia alemã do Brasil, que no mês anterior celebrou 185 anos de existência, é um município de apenas 4.704 habitantes, de acordo com o Censo de 2010, o menor município da Arquidiocese. A ela se aplica o slogan: “é pequena, e bela”. A proximidade da pacata cidade com os centros urbanos (35km de Florianópolis) traz mais dificuldades que benefícios. Os jovens aproveitam a proximidade para buscar neles melhores condições de vida. Nem o acesso fácil com asfalto ajuda no crescimento. Por conta do êxodo, muito foi perdido da cultura dos seus colonizadores. Mas a comunidade ainda busca reavivar a cultura local. Uma forma é a realização de festas. A Oktobertanz Oktobertanz, realizada em outubro, e a Stammptich Stammptich, realizada em novembro, são duas que buscam resgatar a cultura alemã.

A imponente Igreja Matriz destaca-se na pequena comunidade. Ela está no centro da cidade e simboliza a fé dos migrantes alemães mais participativas”, disse Pe. Jorge Gelatti Gelatti, o pároco. Os Grupos Bíblicos em Família são uma das forças da paróquia. Hoje há 25 grupos distribuídos entre as comunidades. Um número muito bom, dada a população da paróquia. Ainda estão sendo realizadas iniciativas para aumentar a participação nos grupos. O povo é tradicional e religioso, mas há a cultura de que ser católico é apenas participar das missas. Por isso, há uma carência de participação nas atividades pastorais. “Estamos buscando envolver as pessoas mais na Igreja. E aos poucos estão se envolvendo mais. É um processo lento, mas gradual”, disse Pe. Jorge.

Hospital

No passado, o Hospital de Santa TTeresa eresa era visto como uma coisa negativa. Isso, porque era conhecido como leprosário leprosário. Hoje presta um grande serviço à comunidade. Ele funciona como uma ala do Hospital Regional, onde os pacientes ficam se recuperando de cirurgias ou aguardando. A comunidade se beneficia com os atendimentos médicos especializados e pelo acesso facilitados aos moradores. A Igreja presta atendimento com duas missas semanais e a visita do padre aos doentes. Há ainda a presença das Irmãs Franciscanas de São José, que realizam os seus serviços na instituição desde a criação do hospital.

Santuário

O Santuário do Senhor Bom Jesus da Santa Cruz, criado pelo Arcebispo Dom Eusébio Scheid no ano santo de 2000, foi construído por Frei Ático Eising Eising, então Capelão de Santa Teresa. Nele Frei Ático quis fazer memória da abolição da escravatura, representada por um escravo liberto. É uma bela construção, com amplos espaços de acolhimento, no qual a paróquia poderia desenvolver a pastoral da peregrinação, tão de encontro à piedade popular.

Penitenciária

Jornal da Arquidiocese

O Complexo Penitenciário do Estado, ou Penitenciária de São Pedro de Alcântara, como é mais conhecido (melhor seria chamá-la Penit enciária de Santa TTereere“P enitenciária sa sa”), inaugurado em 2002, nunca foi bem aceito pela comunidade. Mas movimentou a região vizinha. Muitas pessoas que vieram para trabalhar na penitenciária adquiriram ou alugam imóveis próximos. Ocorre que o aumento da população não acompanhou o aumento dos serviços. O fato é que são 1.200 presos (25% da população da paróquia!), numa Penitenciária isolada, que deveriam ter merecido e merecem maior atenção da paróquia, simplesmente pela palavra de Jesus: Eu estava preso, e você veio me visitar (Mt 25,36). Os evangélicos lá estão indo desde o início. A Pastoral eresa Bar tini Carcerária, com Ir Ir.. TTeresa Bartini e Diác. Flávio Clasen Clasen, ressentese da falta de mais voluntários.

As grandes mudanças sociais que beneficiaram de fato o povo brasileiro no período recente de nossa historia, só ocorreram porque o próprio povo foi protagonista de tais mudanças. Não podemos esperar que mudanças sociais surjam das elites dominantes, pois são elas as principais beneficiadas pela atual estrutura social, política e econômica do país. Um dos principais problemas do Brasil atualmente é seu modelo político, que, assim como está, leva à corrupção, abuso do poder, descaso com o sofrimento da população, formação de quadrilhas, entre outros. São os representantes do povo que ao entrar nas esferas do poder, viram as costas para seus representados e se articulam com empresários e com ooutros setores da sociedade, que no modelo político vigente têm maior poder de barganha. Mas tudo isso pode mudar! No segundo semestre de 2013, a CNBB, e outras entidades da sociedade civil, elaboraram uma proposta de Reforma Política para o Congresso Nacional. Essa proposta foi assinada por 44 entidades, 130 deputados federais e foi entregue para o presidente da Câmara Federal, que reconheceu a importância da proposta, porém não a colocou em votação. Assim como a lei da Ficha Limpa, que obteve êxito enquanto Projeto de Lei de Iniciativa Popular, agora a CNBB e as outras entidades convocam todos os cidadãos e cidadãs para se apropriarem desse debate e se empenharem na coleta de assinaturas para aprovar este projeto que prevê uma mudança estrutural no sistema político brasileiro, contendo as seguintes proposições: - Proibição do financiamento de campanha por empresa e instauração do financiamento democrático de campanha; - Adoção do sistema eleitoral onde o voto é dado em listas pré-ordenadas, pelas quais o eleitor inicialmente vota no par-

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tido e posteriormente escolhe individualmente um dos nomes da lista; - Participação das mulheres nas listas mencionadas anteriormente; - Aprimoramento da democracia participativa; - Modificação da legislação para fortalecer os partidos, buscando que o mandato pertença ao partido e não ao mandatário. - Criação de instrumentos para inclusão de segmentos sub-representados, como é o caso dos afrodescendentes e indígenas; - Aprimoramento do acesso aos meios de comunicação social, garantido maior equilíbrio no pleito. Todas as pessoas que estão descontentes com o modelo político vigente podem contribuir com a sua mudança assi-

A CNBB e as outras entidades convocam todos os cidadãos e cidadãs para se apropriarem desse debate e se empenharem na coleta de assinaturas”.

nando o projeto de lei e buscando assinaturas de outras pessoas. O formulário para coleta de assinaturas e o texto do projeto de lei estão disponíveis no site: www .eleicoeslim pas.org.br pas.org.br. www.eleicoeslim .eleicoeslimpas.org.br Se todas as pessoas que foram para as ruas em junho de 2013 assinarem este projeto, teremos assinaturas suficientes para entregá-lo ao Congresso Nacional, como foi o caso da Lei da Ficha Limpa. Participe você também e ajude a mudar de verdade o Brasil. Fernando Anísio Batista Sociólogo/Coordenador daAção Social Arquidiocesana - ASA


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CEBs realizam a Caminhada dos Mártires Evento lembrou os homens e mulheres que morreram defendendo a Fé e os direitos humanos Foto JA

Mais de 120 lideranças da Arquidiocese e da Diocese de Blumenau estiveram reunidas na manhã do dia 23 de março (domingo) para participar da “Caminhada dos Santos Mártires e Profetas”. Esta é a terceira edição do evento, que é promovido pelos Grupos Bíblicos em Família - GBFs, e pelas Comunidades Eclesiais de Base - CEBs. Os participantes se reuniram no início da rua Major Costa, que dá acesso à comunidade Monte Serrat e iniciaram a caminhada, subindo cerca de um quilômetro até a igreja N.Sra. Aparecida, no Alto da Caieira. A caminhada iniciou por volta das 8h30min e foi conduzida pelo Pe Pe. Vilson Groh Groh. Os participantes levavam quadros com as imagens dos mártires. Ao longo da caminhada, foram realizadas nove paradas. Em cada uma delas foi refletido sobre um cenário bíblico. Também foram lidos textos com breve história dos mártires. Após cerca de uma hora e meia de caminhada, os participantes chegaram à igreja, no Alto da Caieira. Lá, realizou-se a Celebração Eucarística. Ao final da caminhada, Pe. Vilson disse que “começamos esta Caminhada como uma pe-

Na terceira edição, evento reuniu 81 participantes, monstrando o interesse das lideranças por formação

Evento lembrou as pessoas que morreram em favor do Reino quena nascente, que vai para o rio e dele para o mar. Queremos para os próximos anos envolver mais pessoas”. Para o próximo ano, a caminhada será realizada no dia 22 de março. A data é a mais próxima do dia 24 de março, que marca a data do assassinato de Dom Oscar Romero Romero, arcebispo de San Salvador, em El Salvador, país da América Central, um dos mártires mais lembrados. Os mártires, para a Igreja, são homens e mulheres que profetiza-

ram sem medo, preferindo morrer a renunciar à sua fé. Lutaram pela justiça, igualdade e liberdade de seu povo. A caminhada teve início quando a Arquidiocese de Florianópolis sediou o 11º Encontro Estadual das CEBs. Na oportunidade, Pe. Vilson disse que “a realização de uma caminhada anual deveria lembrar o que vivemos nos dias do Encontro”. E isso vem acontecendo. Mais fotos no site da Arquidiowww.arquifln.org.br cese (www.arquifln.org.br www.arquifln.org.br) clicar em “Álbum de Fotos”.

Diácono celebra 15 anos de ordenação A comunidade Imaculado Coração de Maria, em Rancho Queimado, pertencente à Paróquia de Angelina, celebrou, no dia 13 de março, os 15 anos de ordenação do Diácono Francisco Assis Schwinden Schwinden. Realizada na própria comunidade, a Celebração

Retiro reúne Coordenadores/as de Coroinhas

Eucarística festiva foi presidida pelo Frei Gentil de Lima Branco, OFM OFM, o pároco, e contou com ampla participação dos fiéis. Após, foi realizado um coquetel para os participantes. Natural de Santo Amaro da Imperatriz, diácono Francisco Divulgação/JA

Diácono Francisco (centro) foi homenageado pelos moradores de Rancho Queimado pelos serviços religiosos que realiza para a comunidade

mora em Rancho Queimado desde 1975, pouco tempo depois de se casar com Ivone, sua companheira para todos os momentos. Com ela, teve três filhos, um deles ordenado presbítero - o Pe. Leandro Schwinden Schwinden. O convite para ingressar na Escola Diaconal surgiu a partir do trabalho que ele e a esposa realizavam na comunidade. Ingressou na Escola Diaconal São Francisco de Assis com a nona turma, e foi ordenado no dia 13 de março de 1999. Adotou como lema de ordenação “Sim, Pai, eu vos dou graças porque assim foi do Vosso agrado”. Ele é o único diácono de Rancho Queimado, que não tem Pároco residente Durante a celebração e após, diácono Francisco foi homenageado pela comunidade. “Fico muito feliz por essa homenagem. É uma forma de reconhecimento pelo nosso trabalho”, disse.

A Pastoral dos Coroinhas da Arquidiocese realizou, nos dias 15 e 16 de março, o Retiro para Coordenadores de Coroinhas. Foi na Casa de Encontros e Retiros Divina Providência, em Florianópolis. Participaram da formação 81 coordenadores/as comarcais, paroquiais e de comunidades, representando 28 paróquias. O retiro foi assessorado pelo Pe. Alcides Albony Amaral, Amaral formador no Seminário de Azambuja, em Brusque. Ele refletiu sobre o tema “Ser discípulo e discípula de Cristo”, desenvolvendo a questão da vocação, especialmente o início do chamado. “Buscamos trabalhar na perspectiva de configurar o coração do seguidor com o coração de Cristo, tendo como base a carta aos Filipenses ‘Tende em vós os mesmos sentimentos que há em Cristo Jesus’”, disse Pe. Alcides. Para Irmã Clea Fuck Fuck, coordenadora arquidiocesana da Pastoral dos Coroinhas, a cada ano o Retiro tem trazido mais participantes, a ponto de nesta edição ter esgotado a capacidade da casa. “Isso demonstra a necessidade que as lideranças sentem de ter formação e um momento para se encontrarem”, disse. Segundo ela, o Retiro é uma oportunidade para trocarem expe-

riências e esclarecerem dúvidas. Irmã Clea acredita que a Pastoral dos Coroinhas contribui, e muito, para o despertar das vocações.

Aprofundando conhecimentos Rodrigo Dornbusch Ferro participou do retiro pela primeira vez. Ele coordena a Pastoral dos Coroinhas da Paróquia N.Sra. da Boa Viagem, em Florianópolis, e foi acompanhado por sua esposa e lideranças de três comunidades da Paróquia. “O Retiro contribuiu para o nosso trabalho como coordenadores. Traz um fortalecimento interno. Levaremos o que foi aprendido para as nossas outras lideranças”, disse. Já a jovem Diana Hilleshein Hilleshein, de 16 anos, da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Antônio Carlos, é experiente nos retiros. Participou de todas as edições. Ela foi coroinha e hoje colabora com a coordenação na Matriz. “No retiro aprofundamos nossos conhecimentos e esclarecemos as dúvidas. Tudo o que aprendemos é compartilhado com quem não pode vir”, informou. Mais fotos no site da Arquidiowww.arquifln.org.br cese (www.arquifln.org.br www.arquifln.org.br), clicar em “Álbum de fotos” fotos”. Foto JA

81 participantes representaram 28 paróquias da Arquidiocese


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Geral Papa Francisco

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Foto JA

avalia primeiro ano à frente da Igreja Um ano se passou desde aquele simples “boa noite” que comoveu o mundo. O arco de 12 meses, assim entendidos – não só para a vida da Igreja – custa para conter a grande quantidade de novidades e os muitos sinais profundos da inovação pastoral de Francisco Francisco. Estamos em uma salinha de Santa Marta Marta. Uma única janela dá para um pequeno pátio interno. O dia está belíssimo, primaveril. O papa sai de repente, quase de súbito, de uma porta, e tem um rosto relaxado, sorridente. Olha divertido para os muitos gravadores que a ansiedade de um jornalista colocou sobre a mesa. “Funcionam? Sim? Bom”. A reportagem é de Ferruccio De Bortoli Bortoli, publicada no jornal Corriere della Sera, Sera no dia 05 de março de 2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto Sbardelotto. O balanço de um ano? Não, os balanços não me agradam. “Eu os faço apenas a cada 15 dias, com o meu confessor.” Como é a sua relação com Bento XVI? O Papa Emérito não é uma estátua em um museu. É uma instituição. Não estávamos acostumados. Há sessenta ou setenta anos, o bispo emérito não existia. Veio depois do Concílio. Hoje, é uma instituição. A mesma coisa deve acontecer para o Papa Emérito. Bento XVI é o primeiro, e talvez haverá outros. Não sabemos. Ele é discreto, humilde, não quer perturbar [...] Alguns gostariam que ele se retirasse para uma abadia beneditina longe do Vaticano. Eu pensei nos

avós que, com a sua sabedoria, os seus conselhos, dão força à família e não merecem acabar em uma casa de repouso. O seu modo de governar a Igreja pareceu-nos isto: o senhor ouve todos e decide sozinho. Um pouco como o geral dos jesuítas. O papa é um homem sozinho? Sim e não. Eu entendo o que você quer me dizer. O papa não está sozinho no seu trabalho, porque está acompanhado e é aconselhado por muitos. E seria um homem sozinho se decidisse sem ouvir ou fingindo ouvir. Mas há um momento, quando se trata de decidir, de colocar uma assinatura, em que está sozinho apenas com o seu senso de responsabilidade. O senhor inovou, criticou algumas atitudes do clero, sacudiu a Cúria. A Igreja já mudou como o senhor gostaria há um ano? Em março passado, eu não tinha nenhum projeto de mudança da Igreja. Eu não esperava essa transferência de diocese, digamos assim. Comecei a governar tentando colocar em prática o que havia surgido no debate entre cardeais nas várias Congregações. No meu modo de agir, espero que o Senhor me dê a inspiração [...]. A ternura e a misericórdia são a essência da sua mensagem pastoral... E do Evangelho. É o centro do Evangelho. Caso contrário, não se entende Jesus Cristo Cristo, a ternura do Pai que o envia para nos ouvir,

O papa não está sozinho em seu trabalho de governar a Igreja. Seria um homem sozinho, se decidisse não ouvir”.

para nos curar, para nos salvar. Mas essa mensagem foi compreendida? O senhor disse que a franciscomania não vai durar muito tempo. Há algo na sua imagem pública que não lhe agrada? Eu gosto de estar entre as pessoas, junto com quem sofre, ir às paróquias. Não me agradam as interpretações ideológicas, uma certa mitologia do Papa Francisco Francisco. Quando se diz, por exemplo, que ele sai de noite do Vaticano para ir dar de comer aos sem-teto na Via Ottaviano. Isso nunca me veio à mente [...]. O papa é um homem que ri, chora, dorme tranquilo e tem amigos, como todos. Uma pessoa [...] normal.[...] Desagradaram-lhe aquelas acusações de marxismo, especialmente norte-americanas, depois da publicação da Evangelii Gaudium ? Gaudium? Nem um pouco. Nunca compartilhei a ideologia marxista, porque não é verdadeira, mas conhe-

Retalhos do Cotidiano “Mulher, eis aí teu filho” (Jo 19,26). Que mistério de amor: “Jesus, trocado por João. O Senhor, trocado pelo servo. O Mestre, trocado pelo discípulo. O Filho de Deus, trocado pelo filho de Zebedeu”! (S. Bernardo)

Páscoa É hora da Paixão e da Morte, mas também já é hora da Ressurreição. É a Páscoa! Cantemos o aleluia, porque Jesus vive para sempre e nos espera para viver com Ele pelos tempos infinitos. Votos de uma santa e feliz Páscoa!

Silêncio Preguiça Quem passa o tempo na preguiça, tá vivo, mas está morto!

O silêncio pode ser bom, mas também pode ser ruim. Há silêncios grávidos de amor e existem silêncios que contêm a morte; há

Santo Padre, o senhor diz “os pobres nos evangelizam”. A atenção à pobreza, a marca mais forte da sua mensagem pastoral, é confundida por alguns observadores como uma profissão de pauperismo. [...] O Evangelho condena o culto ao bem-estar. O pauperismo é uma das interpretações críticas. Média havia muitas Na Idade Média, correntes pauperistas. São Francisco teve a genialidade de colocar o tema da pobreza no caminho evangélico. Jesus diz que não se pode servir a dois senhores, Deus e a Riqueza. E, quando formos julgados no juízo final (Mateus 25), vai importar a nossa proximidade com a pobreza. A pobreza afasta da idolatria, abre as portas para a Providência.[...]. O que eu penso da pobreza eu bem expressei na Evangelii Gaudium [...] Gaudium.[...]

O tema da família é central na atividade do Conselho dos oito cardeais. Desde a exortação Familiaris consortio consortio,, de João Paulo II, muitas coisas mudaram. Dois sínodos estão sendo programados. [...] É um longo caminho que a Igreja deve fazer. Um processo desejado pelo Senhor. Três meses depois da minha eleição, foram submetidos a mim os temas para o Sínodo. Propôs-se discutir sobre qual era a contribuição de Jesus ao homem contemporâneo. Mas, no fim, com passagens graduais – que para mim foram sinais da vontade de Deus – escolheu-se discutir a família, que atravessa uma crise muito séria. É difícil formá-la. Os jovens se casam pouco. Há muitas famílias separadas, nas quais o projeto de vida comum fracassou. Os filhos sofrem muito. Devemos dar uma resposta. Mas, para isso, é preciso refletir muito profundamente.[...]. É à luz da reflexão profunda que poderão ser enfrentadas seriamente as situações particulares, mesmo a dos divorciados, com profundidade pastoral.[...] Como será promovido o papel das mulheres na Igreja? Aqui também a casuística não ajuda. É verdade que a mulher pode e deve estar mais presente nos lugares de decisão da Igreja Igreja. Mas eu chamaria isso de uma promoção de tipo funcional. Só assim não se faz um longo caminho. Ao contrário, é preciso pensar que a Igreja tem o artigo feminino “a”: é feminina desde as suas origens. O grande teólogo Urs Von Balthasar trabalhou muito sobre esse tema: o princípio mariano guia a Igreja ao lado do petrino. A Virgem Maria é mais importante do que qualquer bispo e qualquer apóstolo. O aprofundamento teologal está em andamento.[...]

Carlos Martendal Divulgação/JA

Filho

ci muitas pessoas boas que pro[...] fessavam o marxismo.[...]

Jornal da Arquidiocese

silêncios grávidos de compreensão e existem silêncios que escravizam. Há silêncio que fecunda, há silêncio que fala!

Grandeza Boa maneira de se tornar grande é fazer-se pequeno e servir: assim como se é, assim

com o que se tem. Doar e doarse, para chegar ao céu de mãos vazias.

Valor

Passarinhos

Valho, Senhor, a tua vida entregue na cruz. Valho muito. Sou precioso a teus olhos, tu me amas, me chamas pelo nome e dizes: ‘És meu!’. Que minha miséria sempre encontre tua misericórdia, que não demore o dia em que possa dizer: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”! (Gl 2,20)

Se eu fosse passarinho, veria a vida com olhos diferentes. Eles não enxergam tanta sujeira na cidade e raramente são vítimas do trânsito; não se preocupam com o dia de amanhã nem se estressam com os problemas. Voam sem querer ultrapassar e não se contentam com as coisas da terra, mas buscam as do alto!

Sede Quem tem sede de Deus, bebe sem pagar. E bebe tanto que, sa-

Pronto

ciado, a outros saciará com a mesma ‘bebida’.

Quem se considera pronto, nunca está pronto: está acabado!


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Legião de Maria promove a Festa da “Acies” Realizada em várias paróquias, na festa os legionários renovaram a sua fidelidade a Nossa Senhora Divulgação/JA

A Legião de Maria promoveu no dia 23 de março a festa da “Acies”. Realizado na Catedral de Florianópolis, o evento ocorre anualmente no dia 25 de março ou em outro dia conveniente. Os “legionários” se consagram, individual e coletivamente, a Nossa Senhora, numa cerimônia que tem o nome de “Acies”. Esta palavra latina, que significa um “exército em ordem de batalha”, designa com razão, a cerimônia, em que os legionários, como um só corpo, se reúnem para renovar a sua fidelidade a Maria, Rainha da Legião, e dela recebem a força e a bênção para mais um ano de combate contra o exército do mal. Com um roteiro próprio, a cerimônia inicia com Oração dirigida ao Espirito Santo, e o terço do Rosário, e uma Alocução proferida pelo Diretor Espiritual, Pe. Pedro Martendal Martendal. Seguem a consagração individual, as orações da

C onhecendo as Forças Vivas da Arquidiocese

Shalom Uma lanchonete que mudou a vida de muitos Espalhado pelo mundo, o Movimento promove a paz e tem como meta a evangelização dos jovens. Na Catedral, as legionárias renovaram a sua consagração Catena, Santa Missa, orações finais e o Hino da Legião de Maria. A Acies é também realizada em outras paróquias da Arquidiocese onde a Legião de Maria está organizada: Curiae “Imaculada Conceição”, em Capoeiras, no dia 9; “Rainha dos Apóstolos”, Estrei-

to, no dia 15; “Nossa Senhora da Boa Viagem” Saco dos Limões, dia 23; “Mãe dos Caminhantes”, Agronômica, se uniu ao Comitium “Immaculata”, Catedral, no dia 23, todas em Florianópolis, e “Medianeira de todas as Graças”, em Biguaçu, também no dia 23.

“Jogando pela vida” Mensagem da CNBB sobre a Copa do Mundo Direito humano de especial valor, o esporte é necessário a uma vida saudável e não deve ser negligenciado por nenhum povo. De todos os esportes, o brasileiro nutre reconhecida paixão pelo futebol. Explicam-se, assim, a expectativa e a alegria com que a maioria dos brasileiros aguarda a Copa do Mundo que será realizada em nosso país, pela segunda vez. Fiel à sua missão evangelizadora, a Igreja no Brasil acompanha, com presença amorosa, materna e solidária, esse grande evento que reunirá vários países e protagonizará a oportunidade de um congraçamento universal, “na alegria que o esporte pode trazer ao espírito humano, bem como os valores mais profundos que é capaz de nutrir”, como nos lembra o Papa Francisco. Os brasileiros, identificados por sua hospitalidade e alegria, saberão acolher aqueles que, de todas as partes do mundo, virão ao nosso país por ocasião da Copa. Nossos visitantes terão a oportunidade de conhecer a riqueza cultural que marca nossa terra, sua gente, sua arte, sua religiosidade, seu patrimônio histórico e sua extraordinária diversidade ambiental. A Copa se torna, portanto, ocasião para refletir com a sociedade sobre as relações pacíficas e culturais entre todos os povos, bem como sobre os aspectos sociais e econômicos que envolvem o esporte que é harmonia, desde que o dinheiro e o sucesso não prevaleçam como objeto final, conforme alerta o Papa Francisco. Lamentamos que, na preparação para a Copa, esse último aspecto tenha prevalecido sobre os demais, motivando manifestações populares que acertadamente reivindicam a soberania do país, o respeito aos direitos dos mais vulneráveis e efetivas políticas públicas que eliminem a miséria, estanquem a violência e garantam vida com dignidade para todos. Solidarizamo-nos com os que, por causa das obras da Copa, foram feridos em sua dignidade e visitados pela dor da perda de entes queridos. Não é possível aceitar que, por causa da Copa, famílias e comunidades inteiras tenham sido removidas para a construção de estádios e de outras obras estruturantes, numa clara violação do direito à moradia. Tampouco se pode admitir que a Copa aprofunde as desigualdades urbanas e a degradação ambiental e justifique a instauração progressiva de uma institucionalidade de exceção, mediante decretos,

medidas provisórias, portarias e resoluções. O sucesso da Copa do Mundo não se medirá pelos valores que injetará na economia local ou pelos lucros que proporcionará aos seus patrocinadores. Seu êxito estará na garantia de segurança para todos sem o uso da violência, no respeito ao direito às pacíficas manifestações de rua, na criação de mecanismos que impeçam o trabalho escravo, o tráfico humano e a exploração sexual, sobretudo, de pessoas socialmente vulneráveis, e combatam eficazmente o racismo e a violência. A sociedade brasileira é convidada a aderir ao projeto “Copa da Paz” e à Campanha “Jogando a favor da vida – denuncie o tráfico humano” humano”. Seu objetivo é contribuir para que a Copa do Mundo em nosso país seja lembrada como tempo de fortalecimento da cidadania. Por meio destas iniciativas, a Igreja se faz presente na vida política e social do país, cumprindo sua missão evangelizadora. Ao mesmo tempo, conclamamos as Dioceses, em cujo território estão localizadas as cidades-sede da Copa, a oferecerem especial atenção religiosa aos seus diocesanos e aos visitantes. O jogo vai começar e o Brasil se torna, nesse momento, um imenso campo, sem arquibancadas ou camarotes. Somos convocados para formar um único time, no qual todos seremos titulares para o jogo da vida que não admite espectadores. Avançando na mesma direção, marcaremos o gol da vitória sobre tudo que se opõe ao bem maior que Deus nos deu: a vida. Essa é a “coroa incorruptível” (1Cor 9,25) que buscamos e que queremos receber ao final da Copa. Então, seremos todos vencedores! Que a padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, nos agracie com sua bênção e proteção neste tempo de fraternidade e congraçamento entre os povos.

Um jovem de 21 anos com uma ideia um tanto inovadora, uma lanchonete para evangelizar. Assim foi o início da Comunidade Católica Shalom em 1982 na cidade de Fortaleza-CE. Com o objetivo de atrair o público jovem, o espaço possuía uma lanchonete, uma livraria e ao fundo a Capela, local onde era celebrada a Santa Missa e aconteciam os grupos de oração. Hoje, após 32 anos, a Lanchonete cresceu e se tornou uma frutuosa Comunidade missionária, fundada por Moyses Azevedo Filho (celibatário) e Emmir Nogueira (Casada). Ela está espalhada em mais de 20 países e com um número surpreendente de vocações. São mais de mil membros na Comunidade de vida, 4 mil membros da Comunidade de Aliança e milhares de pessoas participantes da obra. Formada por homens e mulheres, sejam eles celibatários, sacerdotes ou casados, o Shalom, como é conhecido, tem sua espiritualidade embasada no amor incondicional, “esponsal”, a Jesus Cristo e na vivência radical do Evangelho. O Amor Esponsal, que gera união à vontade divina, desabrocha e amadurece no cultivo da intimidade com Deus, fomentada em profunda vida de

oração pessoal e comunitária. Com uma vasta ação evangelizadora, a Comunidade possui incontáveis obras de evangelização: seu campo de atuação na Igreja não tem limites, além dos Centro de Evangelização, a instituição possui albergues, asilos, casas de recuperação para dependentes químicos, colégio, centros de espiritualidade etc. Na Arquidiocese, a Comunidade Shalom está localizada na região central de Florianópolis, onde tem um Centro de Evangelização. No dia 27 de março comemorou seus 10 anos de fundação, inicialmente em São José. Atualmente são 14 membros na Comunidade de Vida, 40 na Aliança e uma obra de aproximadamente 120 membros. Para conhecer mais sobre o carisma, os interessados podem participar dos encontros vocacionais. O primeiro acontece no próximo dia 06 de abril. Para saber mais, entre em contato com Maria Helena Secretária Vocacional, através do telefone (48) 3223-7801 ou pelo e-mail florianopolis@com shalom.org shalom.org. Jean Ricardo Membro da Comunidade de Aliança do Shalom Divulgação/JA

Cardeal Raymundo Damasceno Assis, Arcebispo de Aparecida - Presidente da CNBB Dom José Belisário da Silva, OFM, Arcebispo de São Luís do Maranhão Vice-Presidente da CNBB Dom Leonardo Ulrich Steiner Bispo Auxiliar de Brasília - Secretário Geral da CNBB

Moyses Azevedo Filho e Emmir Nogueira, fundadores da Comunidade Shalom, com o Papa Francisco.


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“Quem é o Homem do Sudário?” Exposição questiona e, por meio de várias pesquisas científicas, impressiona os visitantes Foto JA

“É uma verdadeira bênção termos recebido essa exposição. Quem não acredita, passa a rever os seus conceitos”. Esta é a impressão que Marcela Medeiros teve a visitar a exposição internacional “Quem é o homem do Sudário?”, em curso no Floripa Shopping, em Florianópolis, de 14 de março a 21 de abril. A exposição fica aberta ao público de segunda a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos, das 11h às 21h. De segunda a sextafeira, às 19h30, é realizada a Celebração Eucarística em uma capela montada no local, com padres convidados. Estima-se que uma média de mil pessoas visitem a exposição diariamente. A exposição é um evento científico, cultural e religioso que apresenta os estudos científicos realizados em torno do Santo Sudário, o tecido no qual Cristo teria sido envolto após a morte e que guarda suas marcas. Dentro de uma gruta que remete à antiga Jerusalém, os visitantes poderão conhecer por meio de painéis os detalhes que conferem autenticidade ao Sudário, um dos objetos mais estudados da

Jovens do Movimento Emaús recebem treinamento para monitorar as visitas. Em média, mais de mil pessoas visitam a exposição diariamente história da humanidade. Além de réplicas de elementos específicos como a coroa de espinhos e as moedas colocadas sob os olhos do “Homem do Sudário”, há também uma tumba com escultura em bronze em tamanho natural e um holograma em 3D, feito pelo cientista holandês Petrus Soons e produzido em laser. O Movimento Emaús é um dos parceiros do evento. Ele está presente com jovens capacitados que

monitoram as visitas. Os interessados podem realizar visitas guiadas. Também são aceitos grupos, mas é necessário realizar agendamento prévio pelo fone (48) 3331-7000. Para o Pe. Pedro José Koëhler a exposição é impactante. “Emociona e eleva o ser humano. Creio que vai ajudar muitas pessoas a terem uma conpreensão melhor dos sofrimentos suportados pelo ‘Homem do Sudário’”, disse.

Encontro nacional da Pastoral da Comunicação A Pastoral da Comunicação promove dos dias 24 a 27 de julho, o 4º Encontro Nacional da Pascom e o 2º Seminário Nacional de Jovens Comunicadores. Será no Santuário Nacional de Aparecida, em São Paulo, é a primeira vez que os dois eventos são realizados conjuntamente. O objetivo do encontro em conjunto é integrar atividades, palestras e evangelização. Com o tema “Comunicação, desafios e possibilidades para Evangelizar na era da cultura digital”, o encontro pre-

tende debater sobre a cultura gerada pelas novas tecnologias, que tanto influenciam os jovens. No total, serão três dias inteiros de seminários, palestras e momentos de formação. Também haverá uma noite cultural para os

participantes. As inscrições custam R$ 40,00 por pessoa. São esperados cerca de 700 participantes, sendo o público composto por bispos, presbíteros, diáconos, seminaristas e leigos. Mais informações no hotsite http://encontro nacionalpascom.cnbb.org.br/ A Arquidiocese de Florianópolis está se organizando para levar um grande número de participantes para o evento. Os interessados devem entrar em contato pelo fone 16-7 745 6-77 45, ou pelo e-mail (48) 96 961 olgateresinha@gmail.com olgateresinha@gmail.com.

Aprovado Diretório de Comunicação para a Igreja no Brasil Após mais de 13 anos de pesquisas, análises e práticas de comunicação vivenciadas nas dioceses, paróquias e comunidades, o Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aprovou no dia 13 de março, o Diretório de Comunicação para a Igreja no Brasil. O documento tem como principal objetivo motivar a Igreja para a reflexão sobre os aspectos da comunicação e sua importância na vida da comunidade eclesial. O Diretório será apresentado no 4º Encontro Nacional da Pascom, que será realizado de 24 a 27 de julho, em Aparecida (SP). Segundo Dom Raymundo Damasceno Assis Assis, cardeal arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da CNBB, o documento quer contribuir para fomentar a implementação da Cultura da Comunicação na Igreja do Brasil. “O Diretório de Comunicação sempre foi um desejo da Conferência e sua produção é fruto dos trabalhos da Comissão Episcopal Pas-

toral para a Comunicação”, destacou Dom Damasceno. O Diretório contou com a colaboração efetiva de pesquisadores, profissionais, agentes da Pastoral da Comunicação. O arcebispo de Campo Grande (MS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa Barbosa, ressalta que o Diretório é resultado da abertura da Igreja no Brasil para a comunicação. O Diretório é composto por dez capítulos, divididos em artigos que buscam apresentar diferentes aspectos do fenômeno comunicativo. Também traz um glossário de comunicação que contempla termos próprios da área, relacionados à vida eclesial e da Igreja. Dom Dimas destaca que a linguagem utilizada no Diretório quer atingir diferentes realidades pastorais, como uma proposta de estudo e reflexão. “O texto busca refletir um pouco sobre a comunicação da Igreja no Brasil, ao mesmo tempo indicando um futuro promissor nesta área”, disse. Divulgação/JA

Trabalho foi realizado por pesquisadores, profissionais e agentes de pastoral


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